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O EVANGELHO GLS

DE SÃO SEBASTIÃO

Por: A. ANGÉLICA

2º tratamento

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@sem_audio_nem_video
CAPÍTULO I : A VAGINA DE ADÃO

CENA 1. “EXT”. ATEMPORAL. “JARDIM DE ÉDEN”

No princípio havaia apenas a escuridão. Da ausência de luz,


vemos a cabeça da DEUSA TRAVETY sob uma luz azul e fria.
Chorando, sua lágrima escorre pelas suas bochechas e vemos a
gota brilhar. A gota cai.
Em seguida vemos DEUSA TRAVESTY sentada em um jardim
“alienígena”. Observando suas belas flores, criações suas. Com
o pé começa a desenhar formas da argila no chão. DEUSA
TRAVESTY agora está moldando uma figura no chão. Um corpo
humano barrento.
O corpo de barro se materializa em ADÃO. ADÃO não possui
umbigo nem mamilos. No pescoço tem guelras de peixe. Adão se
ergue e ainda sentado observa a natureza estranha do jardim.
Costelas de adão o rodeiam, assim como rosas, copos de leite e
espadas de São jorge. DEUSA fica em segundo plano observando
ADÃO.
SÃO SEBASTIÃO surge caminhando e para no canto do
enquadramento, como se assistindo a cena.
DEUSA TRAVESTY estende as mãos fazendo que um manto mágico
surja em ADÃO. No corpo de ADÃO há caracóis, sanguessugas e
lombrigas. Desenhos, tatuagens que aludem a símbolos desses
bichos.

SÃO SEBASTIÃO
Eu jamais onde estava,
Mas só quando ali me vi,
Sem nem saber como entrava,
Grandes coisas entendi.
Não direi o que senti.
Pois fiquei desconhecido.
Toda ciência transcendendo.

De paz e de devoção
era tal ciência perfeita
em profunda solidão
tão completamente aceita
em total segredo feita
balbuciei, agradecendo, toda ciência transcendendo.

E assim SÃO SEBASTIÃO desvanece aos poucos. ADÃO caga um osso.


Do osso DEUSA TRAVESTY gera LILITH. LILITH possui antenas de
mariposa e asas de fada. Sua pele é feita de escamas úmidas.

ADÃO e LILITH juntos embaixo um Pessegueiro. ADÃO estende a


mão buscando arrancar um lindo pêssego. Ao esticar o braço,
revela uma tatuagem de cobra reluzente. Ao arrancar o fruto,
o jardim começa a tremer. Chamas e fumaça irritam ADÃO e
LILITH.

Vemos o close de pés usando salto alto e esmagando flores,


frutos, galhos. Enquanto o mundo celestial entra em ruína.

ADÃO E LILITH lado a lado próximos mas assustados. A câmera se


afasta e eles estão em uma tela bordada porém ainda em
movimento. Aos poucos percebem suas “vergonhas”
CAPÍTULO II
Que seja em segredo

CENA 2. INT. Dia. Convento abandonado

MADRE DONINITRIX atravessa os corredores com um turíbulo com


incensos queimando. Até chegar ao altar improvisado.

MADRE DOMINITRIX
Antes de tornar-se santo, o ser passa por uma fase humana.
Então comete todos os pecados que os humanos cometem. Antes de
tornar-se um santo, é necessário que cometamos muitos erros e
pecados e que de alguma maneira fique marcado pra sempre.
"Todo santo tem um passado e todo pecador um futuro."

SÃO SEBASTIÃO aparece no alto da capelinha como uma estatua


que ganhou vida.

MADRE DOMINITRIX
Poderes de vidência ou cura não são mais necessários para
justificar a canonização, mas a graça e o sofrimento sim.
Esses sim…

SÃO SEBASTIÃO
É nas criaturas imperfeitas onde encontra-se toda a grandeza
de Deus. Jesus não morreu na cruz para salvar os santos senão
para redimir os pecadores… quando vejo pecadores sinto uma
enorme gratidão. Pois graças a elas Deus continua morrendo e
ressuscitando todos os dias.

MADRE DOMINITRIX
Oh São Sebastião! somos gratas por mais uma obra audiovisual
que acreditamos e botamos fé…
A MADRE DOMINITRIX olha para o chão como se estivesse
alucinando. Vemos ela própria deitada no chão coberta de cera
derretida e rodeada por velas.

MADRE DOMINITRIX COBERTA DE CERA E EM ÊXTASE

Grato por toda a dor e a delícia de sermos nós mesmos. Perdoai


pela falta de fé em nossa arte. Perdoai-nos para sempre por
existirmos.

A Fumaça do incenso se eleva até ofuscar toda a cena.

(CUT TO)
CENA 3. EXT. TERRENO ABANDONADO

Assim que a fumaça baixa, vemos SÃO SEBASTIÃO vestido como


soldado romano está no meio do frame. Ao seu lado esquerdo, .
Nele vemos o AMANTE CASTELHANO que fala espanhol. No lado
oposto AMANTE BRASILEIRO que só fala português.

Inserção do CAPÍTULO III: POR QUE CALAM NOSSO AMORES?

AMANTE BRASILEIRO
Nestes jardins - há vinte anos - andaram os nossos muitos
passos, e aqueles que então éramos se contemplaram nestes
lagos.
Se algum de nós avistasse o que seríamos com o tempo,
todos nós chorávamos, de mútua pena e susto imenso.
E assim nos separamos, suspirando dias futuros, e nenhum se
atrevia a desvelar seus próprios mundos.
E agora que separados vivemos o que foi vivido, com doce amor
choramos quem fomos nesse tempo antigo.
AMANTE CASTELHANO
Esta luz, este fuego que devora.
Esta paisaje gris que me rodea..
Este dolor por una sola ideia.
Esta angustia de cielo, mundo y hora.
Este llanto de sangre que decora
lira sin pulso ya, lúbrica tea
Este peso del mar que me golpea.
Este alacrán que por mi pecho mora.
Son guirnalda de amor, cama de herido,
donde sin sueño, sueño tu presencia
entre las ruinas de mi pecho hundido

SÃO SEBASTIÃO se aproxima do ouvido do AMANTE BRASILEIRO

SÃO SEBASTIÃO
Esta luz, este fogo que devora.
Esta paisagem gris que me rodeia.
Esta dor por fixar-me numa ideia.
Esta angústia de céu, de mundo, de hora.
(CONTINUA)
Enquanto traduz o poema vemos vários flashes das vários
elementos citados: uma vela, uma lacraia, ondas do mar.
Criando um efeito caleidoscópico.
(CONTINUA)

SÃO SEBASTIÃO
Este pranto de sangue que decora
lira já sem vigor, lúbrica teia.
Este peso do mar que me golpeia.
Esta lacraia que em meu peito mora.
São grinaldas de amor, cama de ferido, onde sem sonho, sonho
com tua presença, entre as ruínas do meu peito partido
(CONTINUA)
AMADO BRASILEIRO
E embora eu aja na maior prudência, me dá teu coração vale
estendido
com cicuta e paixão de amarga ciência.
(FADE OUT)
A TELA OBSCURECE.
No mesmo cenário, vemos GUARDAS ROMANOS saírem de uma
emboscada prendendo SÃO SEBASTIÃO em uma imagem borrada.
(FADE TO)
CENA 4. INT. NOITE. PALÁCIO DO IMPERADOR.

IMPERADOR ROMANO julga SÃO SEBASTIÃO com um “thumbs-down”.


(FADE TO)
CENA 5. EXT. DIA. RUÍNAS DE SÃO FRANCISCO
MADRE DOMINITRIX de pé segurando o choro. junto com ela, de
joelhos, OS AMANTES GAYS. Todo o cenário e a movimentação são
bidimensionais e teatrais. Ao fundo ANJOS pintam o cenário
onde SÃO SEBASTIÃO será morto.
MADRE DOMINITRIX
Condenado pela cega e vaidosa justiça dos homens. Perdoai,
Deusa das águas travesty da balada, eles não sabem o que
fazem. Mas matam todos os dias teus filhos. O pecado e o
perdão são inseparáveis!

SÃO SEBASTIÃO é amarrado em uma árvore. Canto Gregoriano


começa a tocar. Anjos performam como em Lipsync.

SÃO SEBASTIÃO
Vivo sem viver em mim
e a espera é tal sofrer
que morro por não morrer

Sem ânimo ou com ânimo


sem luz no escuro vivendo
pouco a pouco vou morrendo

mesmo se trevas padeço em minha vida mortal


nem tão crescido é meu mal
porque se de luz careço, tenho vida celestial

(Uma flecha atinge SÃO SEBASTIÃO)

SÃO SEBASTIÃO
O amor de tal vida
quanto mais cego vai vendo
pois a alma tem rendida
sem luz no escuro vivendo

Sangue escorrendo feito lágrimas nos olhos de SÃO SEBASTIÃO. E


mais uma flecha atinge SÃO SEBASTIÃO
(CONTINUA)
SÃO SEBASTIÃO
Tal obra faz esse amor que depois conheci
mal ou bem havendo em mim
ambos faz de um só sabor, transforma a alma
que em sua chama delicada,
a quem em mim está vivendo

Depressa, sem deixar nada…


(Última flechada atinge o corpo de SÃO SEBASTIÃO)
(CONTINUA)
Pouco a pouco ou morrendo

Assim que SÃO SEBASTIÃO desfalece o cobrem com um manto preto


de cetim. Junto uma placa “MESMO PROIBIDO ROGAI POR NÓS”.

FIM

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