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A CULTURA DIGITAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA - INVESTIGAÇÃO

SOBRE CONCEPÇÕES, PRÁTICAS E NECESSIDADES FORMATIVAS


Michelle Jordão Machado1
Adriana Justin Cerveira Kampff2

Eixo – Educação, Tecnologia e Comunicação


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

A utilização de tecnologias digitais está presente na sociedade contemporânea, com reflexos


na forma como as pessoas de comunicam, buscam informações e exercem seus trabalhos,
caracterizando a cultura digital na sociedade. Este artigo visa discutir sobre os impactos da
cultura digital na sociedade contemporânea e, consequentemente, seus reflexos nos processos
de ensinar e aprender. Traz para o diálogo, ainda, dados de uma pesquisa nacional sobre o uso
dos professores de tecnologias na educação, coordenada pelo Comitê Gestor de Internet no
Brasil. Como contribuição, apresenta os dados de uma pesquisa exploratória, realizada pelo
Grupo de Trabalho em Tecnologias Educacionais de uma Rede Privada de Educação Básica
de abrangência nacional, com 270 professores, investigando suas concepções e práticas
pedagógicas com tecnologias digitais no contexto da Rede. A coleta de dados deu-se a partir
da aplicação de questionários eletrônicos, no ano 2015. É possível afirmar que os professores,
em geral, encontram-se em nível de alfabetização tecnológica, conforme dimensão descrita no
documento de Padrões de Competência em TIC para Professores da UNESCO, utilizando
recursos administrativos para gestão acadêmica, ferramentas de pesquisa para suas aulas e
sugestões de pesquisa para os alunos, além de seleção de materiais para preparação e
ilustração de suas aulas. Os mesmos professores relatam como desafios os de utilizar as
tecnologias digitais para aprofundar conhecimentos e criar novas formas de interação e
produção de novos saberes, apontando para oportunidades formativas que considerem
metodologias e recursos que permitam partilha e cocriação. Nesse sentido, a formação
continuada dos docentes, visando a ampliação dos conhecimentos para o uso das tecnologias
será fator decisivo para que a escola passe a atuar como espaço dialógico em constante busca
de solução para os problemas cotidianos, como propulsora de conhecimento e promotora da
autoria e do aprender a aprender tanto de estudantes quanto dos professores.

1
Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília. É assessora das áreas de Educação
Básica e Superior da União Marista do Brasil - UMBRASIL. É professora e coordenadora de Cursos de Pós-
graduação Lato Sensu no Centro Universitário IESB.
2
Doutora em Informática na Educação e Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. É vice-diretora educacional do Colégio Marista Rosário, da Província Marista Brasil Sul-
Amazônia. É professora do Mestrado Profissional em Gestão Educacional e coordenadora pedagógica da
Educação a Distância da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos.

ISSN 2176-1396
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Palavras-chave: Tecnologias Digitais na Educação. Formação de Professores para o Uso de


Tecnologias Digitais.

Introdução

As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes das atividades cotidianas do
mundo contemporâneo, modificando as formas como as pessoas se relacionam e se
comunicam. No cenário educacional, que pretende desenvolver os sujeitos em sua
integralidade e prepará-los para o exercício pleno da cidadania, discutir sobre as tecnologias
digitais e utilizá-las para promover aprendizagem são questões fundamentais que devem ser
consideradas na formação de professores que atuam na Educação Básica, especialmente nos
processos de formação continuada.
Este artigo objetiva discutir sobre os impactos da cultura digital na sociedade
contemporânea e, consequentemente, seus reflexos nos processos de ensinar e aprender. Para
tanto, traz reflexões sobre cultura digital, formação de professores para o uso das tecnologias
digitais, dados de pesquisas brasileiras sobre tecnologias na educação e investigação das
práticas e percepções dos professores sobre o tema em uma rede privada de educação básica
de abrangência nacional. A partir do cruzamento dos estudos e pesquisas, são identificadas as
necessidades formativas.

Cultura Digital na Educação Básica: Desafios e Perspectivas

Com o advento da internet, a partir de 1992, um novo paradigma começa a surgir,


potencializando a comunicação instantânea entre muitos e para muitos. Essa comunicação
gerada pela internet tem sobrepujado os outros meios de comunicação de massa por seu poder
interativo, de trocas de experiências e de compartilhamento de resultados.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (IBGE, 2016), mais da
metade dos domicílios brasileiros passou a ter acesso à internet em 2014, significando que, 54,4%
da população com dez ou mais anos de idade acessaram a rede pelo menos uma vez, em um
período de três meses, sendo que, em 2013, esta parcela era de 49,4%. Em 2004, o acesso à
internet via microcomputador equivalia a 12,2% do total de domicílios; e a 42,1% deles, em
2014. Nesta pesquisa, chegou-se à conclusão que um dos aspectos que mais contribuíram para
o cenário, em 2014, foi o aumento de alternativas de dispositivos para acessar a Internet,
como celulares e tablets.
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Conforme Castells (2002, p. 311), a internet “não é apenas uma tecnologia: é o


instrumento tecnológico e a forma organizativa que distribui o poder da informação, a geração
de conhecimentos e a capacidade de ligar-se em rede em qualquer âmbito da atividade
humana”. A internet, nesse sentido, instaura uma nova economia, novas formas de
sociabilidade, participação social e intervenção política. Sua importância é tamanha que deu
início ao aparecimento de um novo espaço, intitulado de ciberespaço, que possibilita que cada
sujeito possa adicionar, retirar, cocriar e modificar conteúdos dessa estrutura; disparar
informações e não somente receber, uma vez que o polo da emissão está liberado para
coletivização dos saberes, construção colaborativa de conhecimento e de sociabilidade
(LEVY, 2010).
Para Lemos (2002, p. 131), esse lugar denominado ciberespaço é definido como um
“hipertexto mundial interativo, onde cada um pode adicionar, retirar e modificar partes dessa
estrutura temática, como um texto vivo, um organismo auto-organizante”. Nasce não só da
digitalização, da proliferação da informática e suas interfaces, mas da interconexão mundial
de computadores proporcionada pela internet. É um ambiente de circulação de discussões
plurais. Como tal, “não se tem controle centralizado, multiplicando-se de forma anárquica e
extensa, desordenadamente, a partir de conexões multidirecionais e diferenciadas, permitindo
agregações ponto a ponto e formando comunidades ordinárias” (Ibidem, p. 145). Suas
múltiplas possibilidades de linguagem e de interação oferecem uma velocidade acelerada de
informações, potencializam o ambiente digital com uma efervescência cultural e proporciona
um contexto de novidades, de emergências.
Imersos nesse ciberespaço, percebe-se que houve alteração da nossa maneira de
pensar, de sentir, de agir no mundo, de nos relacionarmos, de nos comunicarmos e de
construir conhecimentos, em um processo tão intenso, que muitas vezes não se percebem as
mudanças que ocorrem a cada dia. A evolução tecnológica altera os comportamentos das
pessoas. “A economia, a política e a divisão social do trabalho refletem os usos que os
homens fazem das tecnologias que estão na base do sistema produtivo, em diferentes épocas”
(KENSKI, 1998, p. 21).
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão profundamente articuladas
com esses novos sentidos que atribuímos ao mundo e acabam acelerando e produzindo
intensas mudanças sociais, bem como novas formas de conhecer. A Internet está diretamente
imbricada com as atuais transformações do mundo contemporâneo, por ter projetado esse
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novo espaço de aprendizagens, pensamentos, gênero de saber e, portanto, de uma nova


cultura, denominada de cibercultura (LEVY, 2000).
A cibercultura apresenta como características básicas: a possibilidade de
hipertextualidade, de interatividade, bem como da virtualidade, da não linearidade,
multivocalidade, tempo real e simulação, provocando mudanças intensas nos sentidos que as
crianças e jovens brasileiros percebem, sentem e agem em uma sociedade em que a
informação e conhecimento constituem fontes fundamentais de bem-estar e progresso,
ampliando o conceito de “cultura digital”.
Essa cultura digital, segundo Castells (2002), engloba habilidades para comunicar
coletivamente, em tempo real, no âmbito local até o global, inclusive de forma
descentralizada, gera uma grande expectativa no impacto significativo dos resultados
pedagógicos, contribuindo para melhorar a qualidade do processo de ensino e de
aprendizagem, a partir de um novo modo de interagir, de informar e de produzir
conhecimentos.
Para Iannome, Almeida e Valente (2015, p 59), temos a obrigação de preparar nossos
estudantes a viverem e desfrutarem da sociedade inserida na cultura digital. Portanto, faz-se
necessário auxiliá-lo no desenvolvimento de três grandes dimensões: “cognitiva, envolvendo
estratégias e processo de aprendizado, criatividade e pensamento crítico; intrapessoal,
relacionada com a capacidade de lidar com as emoções e moldar comportamentos para atingir
objetivos; e interpessoal, envolvendo a habilidade de expressar ideias, interpretar, dialogar e
responder aos estímulos de outras pessoas”.
Nesse contexto, as escolas de Educação Básica, que participam e dialogam com a
cultura digital, assumem um papel decisivo na formação de estudantes, pois podem
oportunizar múltiplos espaços de aprendizagem, não somente pela variedade de tecnologias e
mídias disponíveis, mas especialmente pelas possibilidades de encontros virtuais e de
interação, potencializando a cooperação e a produção colaborativa de conhecimento.
Nas escolas, as transformações significativas precisam ocorrer pela exigência de novas
formas de ensinar e de aprender. A educação demandada pela atual sociedade pressupõe
sujeitos ativos, empreendedores, que sejam protagonistas, interlocutores e participantes do
processo, estudantes que tenham sua visão própria sobre o mundo e que utilizem os recursos a
sua disposição para resolver problemas, tomar decisões e gerar novos conhecimentos.
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Novas Formas de Ensinar e Aprender Integradas à Cultura Digital

A tecnologia faz parte da vida cotidiana de forma cada vez mais intensa. Permitem a
ampliação do conceito de sala de aula, de espaço e tempo, de acesso à informação e de
comunicação.
Entre os desafios das instituições de ensino do mundo inteiro, segundo Demo (2006),
estão os de repensar seus modelos pedagógicos; como as pessoas aprendem; como os recursos
tecnológicos podem amplificar e aperfeiçoar o processo de ensino e de aprendizagem; como
motivar o aluno para entrar no jogo da aprendizagem; como se tornar um professor mediador
distante fisicamente e, como utilizar as tecnologias para aprender, ascender social e
culturalmente.
No entanto, sabe-se que a mera inserção do uso de novas tecnologias na educação não
implica a adoção de práticas pedagógicas inovadoras. As tecnologias potencializam a relação
conversacional, mas não são sozinhas conversacionais. A forma como as tecnologias são
utilizadas será um fator determinante para a qualificação dos processos de ensino e de
aprendizagem, que ocorrem em diferentes espaços e tempos, respeitando o ritmo de cada
estudante. Elas podem ser recursos articuladores do desenvolvimento da colaboração e da
autonomia dos sujeitos aprendentes no processo de construção do conhecimento, já que não
basta ter habilidade para utilizar as tecnologias e acessar o volume de informações
disponíveis, é necessário desenvolver o senso crítico e a capacidade de selecionar bem as
informações, para que possam transformá-las em conhecimento.
A mediação docente por meio das tecnologias tem como o maior desafio ultrapassar as
práticas instrucionistas, caracterizadas por práticas historicamente consolidadas diante de
conteúdos lineares e atividades reativas. Tais atitudes subutilizam as potencialidades no
processo comunicacional da Web, principalmente quando pensamos a rede como elemento
fortalecedor de culturas e conhecimentos, não como mero dispositivo de obtenção de
informação. A falta de uma inclusão digital docente traz para o cenário da cibercultura velhas
práticas de mediação da aprendizagem, muitas vezes até obsoletas para o presencial.
É preciso formar professores para utilizar as tecnologias digitais online como
potencializadoras da docência e da aprendizagem na educação, em que estudantes e
professores interagem na mediação, visando à construção cooperativa e colaborativa do
conhecimento. Navegar pelo ciberespaço não se limita à obtenção de dados, mas a estabelecer
uma rede de conversação, que provoque situações desafiadoras a partir de contextos da
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docência da educação básica, que instiguem a apropriação, a reflexão e a utilização com


criticidade das tecnologias disponíveis e a pertinente aliança da teoria proposta com a prática
vivenciada.
Para potencializar aos estudantes as competências requeridas para viver a cultura
digital, a UNESCO (2008, p. 5) propõem que a formação de professores seja baseada no
desenvolvimento de competências em seis componentes do sistema educacional – política e
visão, currículo e avaliação, pedagogia, TIC, organização e administração, desenvolvimento
profissional – em três abordagens/níveis – alfabetização em tecnologia, aprofundamento do
conhecimento e criação de conhecimentos. Com enfoque no desenvolvimento de
competências docentes em TIC, a abordagem transita de ferramentas básica, no nível de
alfabetização tecnológica, às ferramentas complexas, no nível de criação de conhecimento.
No nível de alfabetização tecnológica, o professor deve ter competências para
pesquisar e comunicar-se por meio de ferramentas virtuais, selecionando e produzindo
materiais para apoio às aulas e utilizando recursos digitais de gestão educacional, como
registros acadêmicos. No padrão de aprofundamento do conhecimento, o professor deve ter
competências para selecionar recursos digitais específicos para a sua disciplina, tais como
simuladores e visualizados de dados, além de ferramentas abertas para trabalhos em grupos,
com compartilhamento de informações e resolução conjunta de problemas complexos. Na
dimensão de criação de conhecimentos, as competências docentes estão relacionadas à criação
de possibilidades de interação e produção de conhecimentos, com a utilização de ferramentas
mais abrangentes para dinamização de comunidades colaborativas e geradoras de novos
conhecimentos.
Esses aspectos, no âmbito escolar, proporcionariam uma vivência digital docente em
diferentes níveis de conhecimento, visando influenciar os modos de sentir, de pensar e de agir
ao longo das práticas pedagógicas. É preciso ressignificar as experiências no contexto
educativo, pois as tecnologias estão inseridas e integradas à vida e às práticas cotidianas.

O Uso de Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação no Brasil

Em 2015, entre setembro e dezembro, o Centro Regional de Estudos para o


Desenvolvimento da Sociedade da Informação – CETIC, vinculado ao Comitê Gestor da
Internet no Brasil – CGI.br (CGI.BR, 2016), atuando de forma coordenada pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, realizou uma pesquisa
junto a 896 escolas urbanas brasileiras para coletar informações sobre o uso de Tecnologias
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da Informação e da Comunicação (TIC) no Brasil. As escolas foram selecionadas em uma


pesquisa amostral, de forma a conter uma representação equitativa das cinco regiões
geográficas brasileiras e proporcional entre públicas – municipais e estaduais – e privadas.
Em cada escola, foram entrevistados alunos, professores, coordenadores e diretores.
No que se refere a professores, foram entrevistados docentes de turmas de 4ª série ou 5º ano
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, além de professores de Língua Portuguesa e
Matemática de turmas de 8ª série ou 9º ano do Ensino Fundamental e de turmas de 2º ano do
Ensino Médio.
Entre os professores respondentes, 71% são mulheres e 29% são homens. De acordo
com a faixa etária, 15% possuem até 30 anos, 56% estão entre 31 e 45 anos e 29% possuem
mais de 46 anos de idade.
Em relação ao uso da Internet, 97% dos professores afirmam utilizá-la para pesquisar
recursos de apoio no planejamento ou execução de suas aulas. Entre os principais recursos
obtidos na Internet, 83% dos professores das escolas públicas e 82% dos professores das
escolas privadas destacam a localização de questões de prova; 55% dos docentes em geral
reportam o acesso a videoaulas. Os professores da rede pública buscam mais por planos de
aulas, com 54%, enquanto entre os respondentes da rede pública este percentual fica em 43%.
Em relação aos demais tipos de recursos disponíveis na questão, para marcação dos
professores respondentes, o maior percentual de busca se deu entre os professores da rede
privada do que da rede pública, sendo respectivamente: textos, 87% e 79%; imagens, figuras,
ilustrações ou fotos, 88% e 78%; notícias, 81% e 76%; filmes ou animações, 67% e 56%;
programas educacionais de computador, 49% e 45%; jogos, 50% e 41%; apresentações
prontas, 40% e 39%; podcasts, 18% e 14%.
Como fonte de informação para a preparação de aulas, a pesquisa demonstra que os
blogs de outros professores e os sites de revistas e jornais são utilizados por entre 65% a 70%
dos professores em geral. Os docentes das escolas públicas utilizam mais o Portal do
Professor do MEC (63%) do que os respondentes das escolas privadas (57%). Já os docentes
da rede privada utilizam mais os sites de escolas (72%) e sites de editoras (64%) do que os
profissionais da rede pública, que ficam com dez pontos percentuais a menos em cada um
desses itens. Enciclopédias digitais também são utilizadas para a preparação das aulas pela
metade dos docentes respondentes. Aproximadamente 25% dos professores apenas afirma
utilizar as redes sociais na preparação das aulas.
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Em relação ao que motiva o professor a buscar recursos na Internet, a maior parte dos
professores afirma que o faz por motivação própria: 94% dos professores de escolas públicas
e 97% dos que lecionam em escolas privadas. Mais de 60% dos professores também referem
que a motivação surge na interação com outros colegas, que apresentam recursos interessantes
e com os quais podem aprender. Como fonte de motivação, aproximadamente a metade dos
professores cita o Projeto Político Pedagógico, a Coordenação Pedagógica e os Alunos.
Quando perguntados sobre quais atividades realizam com os alunos, utilizando
computadores e/ou Internet, pouco mais da metade dos docentes dos diversos segmentos de
ensino afirmam que indicam fontes virtuais de pesquisa para trabalhos, individuais ou em
grupo, para pesquisa. Outra forma de utilização frequente, presente em cerca da metade das
respostas, trata-se de utilizar apresentações digitais como apoio às aulas expositivas. São
menos frequentes as atividades que demandam interação e criação por meio de dispositivos
digitais, girando por volta de 40% de incidência das marcações entre os respondentes.
Os dados apresentados na pesquisa TIC Educação 2015, realizada pelo CGI.br,
pretendem monitorar os avanços no uso de tecnologias digitais na educação e, dessa forma,
também oferecer subsídios para elaboração de políticas públicas de desenvolvimento desta
importante área para a cidadania global. Com um olhar na mesma direção, na sequência, será
apresentada a pesquisa realizada em uma rede privada de escolas no país que possui
instituições de educação básica em todas as regiões do país, buscando identificar concepções,
desafios e possibilidades para utilização de recursos digitais, bem como necessidades
formativas dos docentes.

O Uso de Tecnologias da Informação e da Comunicação na Rede Privada de Educação


Básica

O objetivo da pesquisa descrita nesta seção é identificar concepções e práticas dos


professores da Rede Privada de Educação Básica quanto ao uso de tecnologias digitais em
contextos educacionais. Desta forma, faz-se necessário identificar o perfil destes profissionais,
a compreensão destes acerca da temática, e ainda o uso que os mesmos fazem dos recursos
tecnológicos em sua prática pedagógica.
O instrumento foi aplicado pelo Grupo de Trabalho em Tecnologias Educacionais em
uma amostra das escolas da Rede, entre os meses de junho e julho de 2015. A pesquisa foi
realizada com professores de diversas áreas do conhecimento e segmentos da Educação
Básica, enviada por meio eletrônico, totalizando 54 perguntas objetivas e 6 discursivas.
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Porém, neste artigo, para atingirmos os objetivos pleiteados, utilizaremos apenas 4 questões
objetivas relacionados aos dados sociodemográficos e 4 questões discursivas voltadas para os
desafios, recursos utilizados e necessidades formativas para uso das tecnologias na sala de
aula. A amostra utilizada nesta pesquisa refere-se a 270 professores respondentes.

Dados Sociodemográficos

As idades informadas pelos professores foram agrupadas em quatro categorias e são


apresentadas da menor faixa etária para a maior. O primeiro grupo, com 84 professores até 30
anos, representa 31,11% dos respondentes da pesquisa. O maior grupo de professores
encontra-se na faixa entre 30 e 40 anos, representando 37,41%. Respondentes entre 40 e 50
anos de idade somam 68 professores e representam 25,19% do total. Por fim, o menor grupo
de professores da Rede está na faixa dos 50 aos 60 anos e representa 6,30%. Em relação ao
gênero dos respondentes, a maioria dos professores, 75,19% são mulheres e 24,81% são
homens. Os dados sociodemográficos encontrados entre os respondentes da Rede Privada
investigada são similares aos dados obtidos na pesquisa do CGI.br, apresentados na seção 4
neste artigo.
A maioria dos professores entrevistados (44,81%) são graduados em Pedagogia. A
segunda maior categoria é a de Linguagens e Códigos, com 22,22% dos professores
entrevistados, seguida por Ciências da Natureza com 14,07%, Ciências Humanas com 9,63%
e Matemática com 5,19%, respectivamente. Outras graduações, as quais não se enquadram
nas categorias acima listadas, somam 4,07%. Quanto ao nível de escolaridade, a maioria dos
professores, representando 76,67%, possuem especialização, seguido de 18,52%, com
mestrado e 2,96% com doutorado.

Uso de Tecnologias Digitais pelo Professores

Para investigar o uso de tecnologias digitais pelos professores da Rede, foram


realizadas questões abertas, que serão apresentadas na sequência. Para analisá-las, utilizou-se
a ferramenta Wordle, que, para cada questão, agrupa as palavras mais utilizadas pelos
professores em suas respostas e apresenta o resultado da análise por meio de uma
representação gráfica com as dez palavras mais citadas. A representação gráfica trata-se de
uma imagem formada por palavras, em que o tamanho da letra com que é escrita cada palavra
tem relação com a frequência em que esta palavra aparece nas repostas dos entrevistados.
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Os professores foram perguntados sobre suas concepções sobre tecnologias


educacionais. As palavras mais citadas em suas respostas encontram-se apresentadas no
gráfico 1.

Gráfico 1 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre o que entendem sobre
tecnologias educacionais

Fonte: Pesquisa realizada na Rede Privada de Educação Básica

De forma geral, os professores reportam que compreendem a tecnologia educacional


como recursos e ferramentas que utilizam em sala de aula para favorecer os processos de
ensino e aprendizagem, citando como exemplo o uso de computador, lousa interativa,
pesquisas e Internet.

As tecnologias digitais são meios/ferramentas que propiciam a mediação dos


processos de ensino e aprendizagens, porém, acredito que para utilizá-las o professor
precisa ter uma postura de professor-pesquisador. Quem adere a essas práticas, têm
maior sucesso nas suas aulas, com menores problemas de indisciplina e
desmotivação por parte dos alunos.

As tecnologias educacionais são todos os recursos que vão auxiliar na prática


pedagógica, tornando mais fácil o aprendizado e mais atrativo para o educando.
Computador, celular, tablet, TV, DVD, etc...

Tecnologia Educacional caracteriza-se como uma linguagem/ferramenta


interdisciplinar que pode ser utilizada no âmbito educacional a fim de proporcionar/
ampliar a mediação do processo de ensino e de aprendizagens.

Percebe-se que na concepção dos docentes pesquisados que a prática pedagógica


intermediada pelas tecnologias amplia a concepção da aula como um sistema complexo,
relacional, vivo, nutrido por diferentes fluxos de energia, matéria e informação que exige
capacidade de auto-eco-re-organização em relação às diferentes dimensões constitutivas do
ser humano e da vida que ali se manifesta.
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Nesse sentido, o processo educativo integrado às tecnologias digitais facilita a


motivação nos estudos, o desenvolvimento das habilidades e competências. Com o uso das
tecnologias digitais a aprendizagem se torna mais dinâmica, possibilitando ao educando ser o
construtor de seu conhecimento e fazer novas descobertas. Sendo assim, à medida que as
tecnologias vão sendo inseridas nos espaços educativos, existe uma maior possibilidade de
apropriação de novas formas de interação e produção de sentidos, proporcionando, inclusive,
a transformação das próprias tecnologias, dando espaço a novos letramentos e diferentes
maneiras de integração com e na cultura digital.
Os professores também foram convidados a informar quais os dois recursos
tecnológicos mais utilizados em sala de aula, listando a frequência de utilização e
justificando o uso. O gráfico 2 representa as palavras de maior incidência nas respostas a esta
pergunta.

Gráfico 2 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre quais os recursos mais
utilizados em sala de aula

Fonte: Pesquisa realizada na Rede Privada de Educação Básica

Ao analisarmos as respostas referentes aos dois recursos mais utilizados em sala de


aula pelos 270 respondentes, observa-se ainda uma grande incidência de tecnologias para
ilustração da aula, apoiando o professor em sua organização. Neste contexto, os professores
buscam ministrar suas aulas utilizando múltiplos recursos de apoio aos conteúdos a serem
trabalhados, como vídeos, computador e projetor para uso de slides, bem como as lousas
interativas. Além disso, o professor busca desenvolver pesquisas na Internet, de forma a
envolver os alunos em atividades de busca e seleção de informações. A partir destas respostas
é possível inferir que os professores estão no padrão inicial de competências em TIC, ou seja,
no nível de alfabetização tecnológica, conforme o documento de suporte da UNESCO
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(UNESCO, 2008), sendo necessário oportunizar, como Rede, espaços de formação continuada
em tecnologias que permitam usos mais complexos para aprofundamento e criação de
conhecimentos junto aos estudantes.
Percebe-se que o uso desses dispositivos está cada vez mais frequente dentro das salas
de aula, pois os artefatos digitais são vislumbrados como potencializadores de práticas
pedagógicas inovadoras que permitam aos aprendizes interações e coautorias na construção
do conhecimento e em seu próprio processo de aprendizagem, dinamizando os processos
pedagógicos, conforme os extratos:

Utilizo muito nas aulas apresentações (power point), com animações, pequenos
vídeos (youtube) educacionais. Seu uso se justifica por que o aluno pode ver o
fenômeno acontecendo de maneira virtual. Isso facilita o entendimento e sem dúvida
ajuda na construção das habilidades e competências.

Utilizo esses recursos digitais visto que as tecnologias propiciam um ambiente


lúdico para os alunos, em especial da Educação Infantil; e, também por esta
ferramenta possibilitar a ampliação do repertório e mediação do processo de ensino
e aprendizagens. Ainda, as tecnologias digitais possuem um caráter interdisciplinar
em que há possibilidade de desenvolver projetos que envolvam as distintas áreas do
conhecimento.

O gráfico 3 representa a frequência de palavras mais citadas nas respostas dos


docentes quanto aos “DESAFIOS DO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO PROCESSO
EDUCATIVO.

Gráfico 3 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre os desafios do uso das
tecnologias digitais no processo educativo

Fonte: Pesquisa realizada na Rede Privada de Educação Básica

Em relação aos desafios do uso das tecnologias digitais no processo educativo, os


professores respondentes trazem a preocupação de utilizar as tecnologias, especialmente a
Internet, para inovação e criação de novos conhecimentos. Reportam a necessidade de
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ampliar o acesso dos estudantes às redes digitais, de selecionar recursos que ampliem o
interesse e envolvimento dos estudantes dos percursos de aprendizagem e, especialmente, a
preocupação com as oportunidades de atualização e de formação continuada para o uso das
tecnologias nos processos de ensino e de aprendizagem. Com as tecnologias, tem-se a
potencialização de uma concepção mais voltada ao processo dialógico, exigindo abertura e
disponibilidade de aceitar o universo desconhecido, as emergências, estando sempre em
posição de renovação, conforme extratos retirados dos comentários dos respondentes ao
expressar as 5 palavras que retratam os desafios da docência quanto ao uso das tecnologias:

A prática pedagógica em conjunto com as tecnologias digitais é importante porque é


algo muito presente com os alunos, e isso facilita a motivação nos estudos, o
desenvolvimento das habilidades e competências se dá com maior facilidade e cabe
ao professor estar sempre atualizado com as novas tecnologias que estão surgindo.

Como uso das tecnologias digitais a aprendizagem se torna mais dinâmica,


possibilitando ao educando ser o construtor de seu conhecimento e fazer novas
descobertas.

Apesar de considerar importante a inserção das tecnologias no contexto educativo, os


professores revelam como desafio da utilização das tecnologias em sala de aula o rompimento
das práticas já conhecidas, por vezes, ancoradas pela abordagem tradicional, que tem uma
concepção de aula muito presa à figura do professor como transmissor de conhecimento.

Em sua maioria, os professores são resistentes às novas formas de trabalho, novas


ferramentas. Mas, a parte que adere a essas práticas tem maior sucesso nas suas
aulas, com menores problemas de indisciplina e desmotivação por parte dos alunos.

As tecnologias digitais desafiam as instituições a sair do ensino tradicional.... Nos


remete a transformar a lousa em momentos diferentes durante o processo
educativo... Sair do velho ensino para o novo uso da tecnologia traz motivação, sem
contar a facilidade para ilustrar imagens, fotos, vídeos...

Outra preocupação apresentada pelos docentes pesquisados refere-se à falta de


conhecimento para a inserção das tecnologias digitais nos processos educativos, justificando,
muitas vezes, a resistência a novas possibilidades de atuação pedagógica. O fato dos
professores entenderem que conhecem menos o mundo digital que os estudantes geram medo
na utilização dos artefatos digitais, conforme os seguintes relatos:

Muitos educadores estão despreparados para o mundo tecnológico, aonde nossos


educandos já vêm de uma cultura altamente tecnológica, enfrentar desafios como
celulares em sala de aula é muito difícil.

Nossos estudantes chegam com um domínio dessas novas tecnologias e o professor


ainda está defasado em relação a isso.
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Porém, é importante destacar que mesmo os estudantes mergulhados no mundo


tecnológico, sendo fluentes nas linguagens digitais, precisam de orientação para atuar de
forma ética e responsável em uma sociedade em rede, pautada pelas tecnologias. Não basta ter
conhecimento digital, é necessário saber selecionar de forma crítica as informações, visando
transformá-las em conhecimento.
Para tanto, essa situação pode ser vista como uma grande possibilidade de parceria
entre professor e estudante, permitindo uma postura ativa por parte do estudante, o que
possibilita o desenvolvimento da autonomia intelectual, a dimensão ética nos momentos de
interação e o registro. Nesse sentido, o estudante não é mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e
prestar contas. Ele cria, constrói, aumenta e, assim, se torna coautor. E os passos dessa autoria
conjunta podem facilitar a criação de novos caminhos e novos rumos para a construção de
aprendizagens, tornando a escola conectada aos novos sentidos, à cultura digital, por meio das
múltiplas possibilidades de rompimento com as barreiras de espaço e de tempo.
Cabe ressaltar ainda que os professores reconhecem que as tecnologias na Educação
Básica não são finalidades em si mesmas, mas meio para integrar a escola à sociedade, ao
currículo, potencializando uma aprendizagem permeada pela cultura digital experienciada por
estudantes e professores nos diferentes contextos fora da escola, conforme excerto:

O uso de tecnologias digitais na Educação não possui um fim em si mesmo. É tão


somente um meio, embora muito importante, que possibilita novas formas de
construção do conhecimento e de convocação à participação dos estudantes.

Foi perguntado ainda, aos professores, se eles acreditavam ser necessária a oferta de
cursos/metodologias de formação docente para o uso de tecnologias digitais em sala de aula.
A maioria dos professores, 87,41% dos respondentes, afirma que a oferta de
cursos/metodologia de formação docente para o uso de tecnologias digitais em sala de aula é
necessária. Entre estes respondentes, 86,02% justificou a necessidade de que estes cursos
ocorram.

Acredito que precisamos de formação para novos recursos e ferramentas para


construção e elaboração de aulas mais dinâmicas.

Acredito que devam ser oferecidos cursos que promovam aos docentes um maior
conhecimento das ferramentas digitais para o uso pedagógico. Outro exemplo, diz
respeito ao modo de usar os recursos que já temos em sala de aula de forma mais
significativa, ampliando o seu uso. E para finalizar, penso ser interessante
conhecermos de forma sistemática as necessidades e linha de raciocínio dos
nascidos na era digital.
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Acredito que o professor precisava ter mais formações sobre as tecnologias digitais
para que pudesse usar com mais frequência, inclusive em sala de aula, para que as
aulas sejam mais dinâmicas e não fiquem maçantes.

Constata-se que a necessidade de formação para a utilização das tecnologias em sala


de aula tem um caráter mais prático, voltado para como e o que fazer. Porém, apenas inserir
as tecnologias na sala de aula não garante práticas pedagógicas inovadoras. Ao contrário, ao
usar as tecnologias de forma tradicional impomos um modelo autoritário e discriminador em
que as estruturas de poder se consolidam. A proposta de formação para a inserção das
tecnologias no contexto educativo visa, para além do como fazer, a promoção de encontros, o
aprender a viver com a imensa possibilidade que nos oferece a tecnologia de comunicação
como uma experiência mais humana.

Considerações Finais

As tecnologias digitais estão presentes em diversas atividades humanas na sociedade


contemporânea. No contexto da educação, os processos de ensino e aprender também são
tensionados pela cultura digital, exigindo novas concepções e práticas dos professores, que
são desafiados a pensar sobre as tecnologias, seu potencial para a educação e formas de
incorporá-las.
A pesquisa descrita no presente artigo, realizada com 270 professores de uma Rede
Privada de Educação Básica de abrangência nacional, aponta para níveis básicos de utilização,
retratado nas falas que apontam para pesquisas de recursos e organização de materiais para
suas aulas, em geral de caráter ilustrativo. Com a análise nas respostas dos docentes
participantes, observa-se que estão no nível de alfabetização tecnológica, de acordo com os
Padrões de Competências em TIC para Professores (UNESCO, 2008).
A cultura digital aponta para possibilidades de ampliação de espaços de colaboração e
construção coletivas, oportunizando que surjam práticas pedagógicas inovadoras, por meio
recursos virtuais, localizados no ciberespaço (LEVY, 2000). Tais práticas dependem do
desenvolvimento de novas competências docentes, de aprofundamento e criação de
conhecimentos.
Os dados analisados apontam para necessidade de formação docente continuada, o que
é ratificado por 87,41% dos docentes respondentes da pesquisa na Rede Privada. À luz dos
referenciais e pesquisa nacional similar realizada pelo CETIC, analisando a pesquisa realizada
na Rede Privada, apresentam-se como oportunidades formativas:
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 Utilização do site da editora do material didático adotado, com recursos adicionais


para aprofundamento de conhecimentos com os estudantes, tais como textos,
vídeos e simuladores específicos para as áreas de conhecimento;
 Difusão dos ambientes virtuais de aprendizagem disponíveis nas escolas
integrantes da Rede Privada, oportunizando espaços de comunicação e cocriação
de conhecimentos em rede;
 Ampliação do repertório docente de práticas inovadoras e interativas, por meio de
espaços de discussão e partilha de experiências entre os docentes de novas formas
de ensinar e aprender.
A partir da pesquisa, cabe direcionar adequadamente os investimentos em formação
continuada dos docentes, para que a rede possa contribuir para a formação de estudantes
inseridos na cultura digital.

REFERÊNCIAS

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

CGI.BR. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas
brasileiras: TIC educação 2015 / Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. São
Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016.

DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias educacionais. Petrópolis, Rio de


Janeiro: Vozes, 2006.

IANNONE, Leila; ALMEIDA, Maria Elizabeth; VALENTE, Jose Armando. Pesquisa TIC
educação: da inclusão para a cultura digital. Padrões de Competências em TIC para
Professores. Brasília: UNESCO, 2008, p.55-90.

LEMOS, André. Cultura das redes: ciberensaios para o século XXI. Salvador: EDUFBA,
2002.

LEVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo:
Loyola, 2000.

______. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 2010.

KENSKI, Vani Moreira. Novas tecnologias, o redirecionamento do espaço e do tempo e os


impactos no trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n.8, p.110-125,
1998.

UNESCO. Padrões de Competências em TIC para Professores. Brasília: UNESCO, 2008.

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