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Escola Estadual Dr Rubens de Castro Pinto

Atividade Pedagógica Complementar DATA: 16/03/23


Professora: Evelin F. Salazar Disciplina: Eletiva

Educação midiática vai além da educação digital e tecnológica

O excesso de informação em nossa sociedade hiperconectada é, ao mesmo tempo,


uma oportunidade e um desafio. Uma oportunidade, pois amplia as possibilidades de
aprendizado autônomo e de acesso a informações que nos permitem tomar decisões e
exercer nossos direitos em uma sociedade democrática; e um desafio, pois a
multiplicidade de autores e intenções exige atenção redobrada para a natureza e a
confiabilidade das mensagens.
É por essa razão que ações de educação midiática, e não só de educação
tecnológica e digital, são urgentes. A educação midiática engloba o arsenal de estratégias
que precisamos ter para lidar de forma reflexiva e responsável com a abundância de
informação no mundo atual. Desenvolve, essencialmente, as habilidades para a leitura
crítica das informações e para a participação responsável na sociedade por meio das
mídias – ou seja, propõe um olhar mais reflexivo e consciente para o que fazemos
diariamente ao consumir informação ou entretenimento, comunicar-nos uns com os
outros e participar do diálogo da sociedade utilizando mídias.
O uso fortalecedor e bem direcionado das novas tecnologias, que vai além do
simples manuseio de equipamentos e plataformas, é igualmente importante e está
diretamente relacionado ao universo da educação midiática. Mas é preciso aprofundar
essa intersecção.
O melhor exemplo para isso está na educação básica. A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) reconhece que a escola precisa preparar o jovem para a cultura digital
– uma sociedade em que a tecnologia cada vez mais media as nossas relações sociais, de
aprendizado, de trabalho e de consumo. Mas, para isso, precisamos entender a presença
e o papel da tecnologia na educação sob duas formas distintas.
Ao explorarmos a tecnologia como ferramenta, tratamos do saber operacional para
utilizar computadores, dispositivos, aplicativos e ambientes que apoiam o aprendizado,
desenvolvendo a fluência digital que é essencial, inclusive, para participar do mundo do
trabalho. Utilizar a tecnologia como ferramenta criativa é também a possibilidade de
ampliar o aprendizado por meio da colaboração e da resolução de problemas, por
exemplo, pela robótica, programação ou design.
No entanto, a tecnologia é também linguagem, permitindo a comunicação e a
convivência social através das mídias, esse território onde nos encontramos,
conversamos, debatemos, investigamos, aprendemos, trabalhamos, publicamos e
participamos. Nesse sentido, a educação midiática torna-se essencial para lidar
criticamente com a cultura digital e suas implicações para a sociedade.
A fluência digital, ou seja, o domínio das ferramentas e práticas, é cada vez mais
necessária para a inclusão no universo do aprendizado e no mercado de trabalho. Ser
educado midiaticamente, por outro lado, é fator de equidade no acesso à informação com
confiança, na possibilidade de construção de conhecimento e na participação efetiva na
sociedade. É nesse sentido que afirmamos que a educação midiática é um direito dos
jovens – e de qualquer cidadão.
A mediação de educadores para o desenvolvimento dessas habilidades torna-se
mais urgente à medida que percebemos que os jovens da chamada “geração C” –
habituada a estar em sociedade criando, compartilhando, colaborando e se comunicando
no mundo digital – possuem habilidade no manejo dos ambientes e ferramentas, mas não
necessariamente o senso crítico para discernir se o que estão consumindo e disseminando
nesse ambiente é confiável, inclusivo ou respeitoso. Embora tenham cada vez mais
possibilidades de aprender de forma autônoma, é urgente garantirmos que isso seja feito
de forma segura e realmente proveitosa.
Na prática, isso requer a própria transformação das práticas pedagógicas,
buscando integrar a decodificação de mídias, a leitura reflexiva e a criação de narrativas
em todas as disciplinas curriculares, orientando de forma muito intencional o processo de
descoberta e produção de conteúdo, e exige um olhar tanto para os objetivos curriculares
como para os objetivos midiáticos a serem alcançados. Quanto mais educadores,
profissionais da educação, famílias, autoridades e tomadores de decisão se
conscientizarem disso, mais rápido poderemos agir para que a cidadania seja um valor
concreto na era da informação.
Autor: Mariana Ochs

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