Você está na página 1de 58

TENDÊNCIAS ATUAIS DA EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

ESPIRITO SANTO

0
A IMPORTÂNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO DE INCLUSÃO
ESCOLAR

Fonte: conteudo.imguol.com.br

Nossa sociedade recebe a cada dia um número maior de seres humanos que
precisam de uma organização pessoal, familiar e educacional. Os estudos apontam
que tem crescido nas escolas, o número de crianças que apresentam dificuldade de
aprendizagem de origem orgânica e secundária. Esse problema suscita a possibili-
dade do uso de recursos tecnológicos da informática como auxílio direto ou indireto
para as atividades tanto das Salas de Recursos, como também nas demais modalida-
des da Educação Especial.
São muitos os desafios em busca da melhoria da aprendizagem na educação
brasileira. Sabe-se que a Educação procura intercâmbio com outras áreas do saber
como a Medicina, Engenharia, Arte, Informática, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, Te-
rapia Educacional, Fisioterapia, dentre outras áreas do conhecimento.
A informática é um riquíssimo recurso aliado à construção do conhecimento. A
Educação é um campo rico em experiências de desenvolvimento e aprendizagem,
sendo a Informática uma área do conhecimento humano que pode contribuir de ma-
neira positiva para a Educação Especial. A questão é de que maneira apropriar-se da
Informática como mais um recurso disponível para o almejado “vencer obstáculos e
lacunas” e ter sucesso na aprendizagem. Sabe-se que a instituição educacional deve

1
ter base bem estruturada e para isso, necessita-se de profissionais especializados em
Educação, como também de profissionais habilitados de outras áreas e, que cada
profissional contribua com o seu melhor conhecimento local, conectado com o univer-
sal.
A tecnologia da informação e comunicação trouxe novas concepções através
de interações e reflexões profundas sobre a participação de cada indivíduo na forma-
ção da história contemporânea. A sociedade mundial tende a ser informatizada, o que
exige estudo e entendimento de sua linguagem tecnológica digital no meio educacio-
nal. A Educação deve ter conexão com a realidade, tanto a já registrada, como a pre-
sente. A História aponta que nas atividades das mais variadas sociedades, as ferra-
mentas, os instrumentos são importantes para o desenvolvimento do indivíduo, auxi-
liando-o a conhecer e a dominar o ambiente, de forma semiótica ou material, num
tempo e espaço, sendo desenvolvido segundo observações, pesquisa, habilidades,
criatividade, consciência e necessidades humanas. Cada artefato, ambiente, meio tec-
nológico desenvolvido por determinada sociedade traz vantagens e limites sobre ou-
tras tecnologias conhecidas. Nas últimas décadas, vários autores desenvolveram pes-
quisas relacionadas aos recursos da informática e desenvolvimento/aprendizagem
humana, tais como: TAYLOR (1980); MENDONÇA e RAMOS (1991); PIERE LÉVY
(1993); FERREIRA (1998); GRAVINA e SANTA ROSA (1998); CAMPOS, CUNHA e
SANTOS (1999); PAULA e REIS (1999); COSTA, OLIVEIRA e MOREIRA (2001); CO-
ELHO, FLEMING e LUZ (2002); MELO, SANTOS e SEGRE (2002) dentre outros.
Através dos tempos, o ser humano utiliza-se da extensão de seus sentidos para
aperfeiçoar suas atividades cotidianas em seu universo tecnológico através da pes-
quisa de ferramentas dentre outras atividades. Cada uma das técnicas inventadas
exige uma forma de registrar e representar o conhecimento em seu momento histó-
rico. A tecnologia é um fazer, tendo como propulsor o raciocínio e os sentidos. Flusser
(2002, p. 13) defende que as imagens técnicas produzidas por “...aparelhos fazem
parte de determinadas culturas, conferindo a estas certas características.” As novida-
des da tecnologia possuem forte vinculação com o desenvolvimento social, econômico
e cultural de certa época. Estudos apontam que a transmissão primitiva dos conheci-
mentos teve a sequência: oral – desenho - escrita. Já os computadores foram proje-
tados a partir dos registros escritos. Inicialmente o ser humano e o computador se

2
comunicavam por meio de códigos que precisavam ser digitados a cada novo co-
mando; posteriormente criaram-se as interfaces gráficas, baseadas em imagens. Os
pesquisadores desde a antiguidade buscam sempre desenvolver novas tecnologias,
almejando - melhorias.
Segundo Nascimento (1990, p. 2) acredita-se que a informática tenha seus pri-
mórdios nos povos do Egito, Mesopotâmia e China, que iniciaram os processos e re-
gistros de: contagem, medidas, análise, cálculos e escrita. Sabe-se que novas tecno-
logias podem gerar inovações nas relações de aprendizagem. Cada época constrói
seus pensamentos e conceitos, sendo hoje quase impossível pensar num mundo des-
vinculado da informática.
É possível nos conscientizar sobre o momento em que vivemos, encarando o
desafio da informática educacional de forma real, verificando quais tecnologias podem
ser acopladas à Educação tendo como meta a busca do desenvolvimento da apren-
dizagem. A tendência educacional contemporânea defende a implantação das tecno-
logias da informática na Educação, minimizando a diferença entre a escola pública e
a particular. Os computadores fazem parte do ensino/aprendizagem dos países de-
senvolvidos.
A utilização do computador estimula mudanças profundas na educação con-
temporânea. É hora dos profissionais da Educação estudar formas de construção do
conhecimento. O docente precisa estar ciente de que, aprimorar-se em conhecimen-
tos que integram sua atuação, faz parte de seu dever e também é seu direito como
profissional na Educação. O fenômeno informático provoca curiosidade, pesquisa,
deslumbramento e dúvidas; está alargando a percepção e a inteligência em códigos
digitais de linguagem computacional, reunindo em sistemas artificiais de intelecção,
abrindo caminhos antes nunca imaginados. Camargo e Bellini (1995, p. 10) apontam
que “O computador não melhora o ensino apenas por estar ali. A informatização de
uma escola só dará bons resultados se conduzida por professores que saibam exata-
mente o que querem”. É necessário estender a tecnologia educacional para além dos
suportes materiais. O docente deve conhecer e dominar os procedimentos da tecno-
logia que deseja colocar em ação, sendo o currículo, as disciplinas, tecnologias, etc.
Santos (2007, p. 6) salienta que a “... consciência do professor está condicio-
nada, primeiramente ao domínio do conteúdo e do método, além do conhecimento
sobre as possibilidades facilitadoras para a sua prática, permitindo assim operar as

3
tecnologias e operar sobre as tecnologias, superando a passividade pela atividade
criativa.” O uso da tecnologia na aprendizagem é mais do que objetos, ferramentas,
conhecimentos técnicos e conceituais, pois envolve postura afetiva, social, simbólica
e conceitual por parte do docente.
Nossa sociedade está a cada dia mais se relacionando com símbolos da lin-
guagem digital. Sabe-se que muitas pessoas sonharam com bibliotecas onde o saber
da humanidade fosse armazenado e compartilhado com sujeitos das mais diferentes
localidades. Vivemos esse tempo e devemos usufruir dessa nova facilidade de acesso
ao conhecimento real e virtual. Chauí (2004, p. 303) salienta que: “agora, com os sa-
télites e a informática, é o nosso cérebro ou nosso sistema nervoso central que, por
meio das novas máquinas, se expande sem limites, diminuindo distâncias espaciais e
intervalos temporais até abolir o espaço e o tempo.” O ser humano está se tornando
parte do corpo da alta tecnologia, com os órgãos dos sentidos e cérebro conectados
com o mundo, ou seja, o corpo como sujeito e objeto das novas tecnologias. A tecno-
logia da informática favorece a renovação que pode ser ao estudante a chance de
melhorar a conexão de informações e ampliar conhecimentos. As pesquisas apontam
que as tecnologias influenciam as pessoas, a Educação e a sociedade. A escola ao
diversificar as opções de aprendizagem tecnológica pode auxiliar a sociedade a de-
senvolver um ambiente cultural e também científico.
O mundo contemporâneo vive o momento de reflexões multimídia. Países po-
tenciais como a China, EUA e Canadá têm suas escolas conectadas à Internet. Madov
(2000, p. 35) destaca que “Israel, que tem uma das populações mais escolarizadas
do mundo, procura empresas de software que queiram testar produtos em suas salas
de aula.” Atualmente a computação traz possibilidades de desenvolvimento da apren-
dizagem, pois pode ser programada para atividades educacionais cada vez mais com-
plexas. Há um número elevado de pesquisa no campo da informática, e isso causa o
surgimento de novos programas praticamente a cada dia.
É necessário perceber que mesmo com toda a tecnologia de comunicação e
informática de que dispomos, faz-se necessário o desenvolvimento do ser humano. O
computador deve ser utilizado de forma estratégica para que possa desempenhar o
papel de desenvolver o indivíduo, dando alternativas para que escolha qual a via mais

4
adequada para o desenvolvimento e aprendizagem. A informática pode auxiliar a de-
senvolver a aprendizagem do estudante através de programas, os quais se dividem
em: tutoriais, exercícios, prática, jogos dentre outros componentes.
Camargo e Bellini (1995, p. 13) apontam para atividades e benefícios que po-
dem ser produzidas com a mediação do computador:
• Simulações: Estão entre os mais interessantes usos da informática na edu-
cação. Estes softwares permitem estudar conteúdos difíceis de demonstrar
com giz e palavras como (...) reações bioquímicas. Benefícios: as simula-
ções expandem o universo do aluno. Permitem o tratamento de conceitos
complexos abstratos.
• Apoio: Existem softwares (programas) que, embora não tenham sido de-
senvolvidos para a educação, podem ser úteis. São editores de texto (que
transformam os micros em máquinas de escrever muito mais versáteis) e
planilhas (para fazer tabelas e cálculos). Benefícios: permitem a elaboração
de relatórios e de textos.
• Jogos: Os jogos têm estreita ligação com o lazer e a descontração. Mas
podem ser muito instrutivos em sala de aula. Alguns jogos favorecem ativi-
dades multidisciplinares e permitem exercícios paralelos, pois vêm com
material de apoio para trabalho em sala. Benefícios: são muito motivadores
e servem para quebrar resistência às novas tecnologias.

Fonte: aeeclaudinha2013.blogspot.com.br

5
•. Logo: Especialmente criada para o ensino, o Logo é uma linguagem ma-
temática muito simples desenvolvida segundo preceitos do construtivismo.
Com esta linguagem, os alunos aprendem a desenvolver seus próprios pro-
gramas. O trabalho com o Logo exige o treinamento constante dos profes-
sores. Muitas escolas o abandonaram por outros softwares.
• Telemática: Um dos usos mais promissores da informática. Os sinais elé-
tricos do computador são transformados em sinais digitais e enviados à
distância – como um telefonema. (...) laboratório da Nasa, sem sair da es-
cola. Benefícios: troca de experiências, acesso a informações remotas.
• Enciclopédias: A informática mudou as enciclopédias. Especialmente as
que vêm gravadas em CD-ROM. Nelas, podem-se ver algumas imagens
que têm movimento ou comparar versões sonoras sobre um mesmo tema,
como ouvir um soneto de Shakespeare recitado por vários atores. Benefí-
cios: informações mais completas e atraentes do que as enciclopédias de
papel.
A informática possui a capacidade de mostrar como o estudante constrói rela-
cionamentos entre informações e conhecimentos; com o uso da Informática, a repre-
sentação simbólica é demonstrada através das práticas intencionais do educando.
Marques, Mattos e Taille (1986, p. 36) apontam que o computador pode ser uma fer-
ramenta importante “nas primeiras etapas da aprendizagem: perceber (...) conceitos
linguísticos, matemáticos, geográficos e muitos outros podem tornar-se mais ‘percep-
tíveis’. (...) Fica a cargo do professor que concebe o programa a engenhosidade de
aproveitar as características do recurso, concretizando visualmente conceitos e suas
relações para seus alunos.” O computador é para o ser humano criativo um amplifica-
dor da mente, dando suporte para as mais diferentes linguagens. Há várias propostas
de desenvolvimento e aprendizagem, por exemplo, quando o estudante procura atra-
vés da informática somar ou modificar suas ideias está manipulando informações,
construindo conceitos e ampliando seu conhecimento.
Quando o estudante, frente ao computador passa a querer interferir, busca so-
luções. Kalinke (2003, p. 56) descreve que “se o indivíduo é tomado por uma excitação
mental, então ele está pensando, raciocinando, desenvolvendo a sua capacidade
mental.” Então, pode-se deduzir que a informática pode ativar circuitos cerebrais. Mo-
raes (2005, p. s/n.º) acrescenta que “...não é possível ignorar os avanços tecnológicos.

6
Para produzir, entender, aprender e educar, é cada vez mais necessário conhecer a
linguagem digital.” Diariamente vê-se a transferência do conhecimento humano para
os suportes digitais. Num clicar do mouse acessamos imagens reais do universo, via
satélite. Um ambiente informatizado pode contribuir para desenvolver a comunicação,
a troca de ideias, opiniões, reflexões, num constante aprender e desenvolver apren-
dizagem.
Vivemos na sociedade em que o uso da Internet faz parte da interconexão pla-
netária, num tempo que apresenta espaço para organização de informações e conhe-
cimento. A Internet é uma ferramenta da Informática que traz informações atualizadas
de forma rápida, despertando o interesse do estudante. Pensar escrevendo é a grande
contribuição da informática para o desenvolvimento intelectual em intercâmbio cultural
e também na estimulação da capacidade de analisar e solucionar situações-proble-
mas.
Araújo (2007, p. 15) destaca que a internet tem despertado a atenção de lin-
guistas, pedagogos, psicólogos, sociólogos e antropólogos “preocupados em compre-
ender o fenômeno da comunicação digital”, uma nova visão de formas e linguagem,
até então inimaginável, por exemplo, escrita, conversa e imagem em tempo real.
Almeida (2005, p. 42) cita que “O uso de hipertexto rompe com as sequências
estáticas e lineares de caminho único, com início, meio e fim fixados previamente.”
Através das TIC’s, por exemplo, o autor de um texto disponibiliza possibilidades com-
putacionais que permite ao leitor: “(...) interligar as informações segundo seus interes-
ses e necessidades (...) navegando e construindo suas próprias sequências e rotas.”
O recurso do hipertexto “comparado” a um dicionário – mas sem uma ordem sequen-
cial rígida - oportuniza navegação mais atrativa na pesquisa, pois ao unir imagem,
animações, vídeos e sons, leva o estudante a assimilar o conteúdo de forma rápida,
lúdica, oportunizando a interação, valorizando o indivíduo e suas particularidades.
Tornaghi (2005, p. 168) aponta que “A ligação em rede mundial, por si só, já
indica que essas tecnologias reunidas – computadores e redes de comunicação – têm
grande potencial para a educação, seja ela a distância ou presencial.” Na Educação,
a Internet tem marcado presença desde que foi concebida, como inovação tecnoló-
gica, criando a difusão do conhecimento de forma democrática. Valente (2005, p. 27)
analisa: “A interação entre o aprendiz e o computador consiste na leitura da tela (ou
escuta da informação fornecida), no avanço na sequência de informação, na escolha

7
de informação e/ou na resposta de perguntas que são fornecidas ao sistema,” sendo
importante a intervenção dos recursos informáticos por parte do docente, dando opor-
tunidade para o processo educacional ser mais interativo, dinâmico.

A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR NA ESCOLA COMO FERRAMENTA DO


PROFESSOR EM SEU PROCESSO MEDIADOR NO PROCESSO DE CONSTRU-
ÇÃO DO CONHECIMENTO.

Fonte: playtable.com.br

Se adequadamente usado, torna-se um instrumento capaz de favorecer a re-


flexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com determinado conteúdo de uma
disciplina ou de um conjunto de disciplinas. A Internet mostra-se como um recurso
significativo para a aprendizagem, pois possibilita o acesso à informação em horários
mais adequados ao usuário. Na estrutura da internet pode-se enviar ao receptor novas
informações e, o usuário ao modificá-lo, passa a valorizar-se como autor, num direci-
onamento para a formação contínua. O computador viabiliza a comunicação de estu-
dantes de localidades diferentes. Sabe-se que um site educacional pode ser utilizado
por diversos usuários e cada um analisará conforme sua expectativa individual.

8
Para Heide e Stilborne, idem (2003, p. 42) a Internet auxilia no processo de
construção e produção de conhecimento nos quais os estudantes “podem explorar
ambientes, gerar perguntas e questões, colaborar com os outros e produzir conheci-
mento, em vez de recebê-lo passivamente.” A Internet proporciona que realidades
vividas em localidades e tempos diferentes sejam comparadas. O professor deve ori-
entar as atividades, auxiliar na organização, contextualização e reflexão sobre as in-
formações buscando ampliar o conhecimento do educando.
Almeida (2005, p. 42) aponta que “Descrever ideias com o uso das mídias digi-
tais cria um movimento entre o escritor e o texto que os aproxima, criando vínculos
que seduzem o leitor para ler, refletir, reescrever, atribuir significados, trocar informa-
ções e experiências, divulgar fatos do cotidiano, produzir histórias, criar hipertextos e
desenvolver projetos.”
Há no campo educacional a preocupação com a formação do ser humano e
reflexões sobre os impactos da tecnologia da informática sobre o meio social, pois é
uma tecnologia que onde se insere, modifica a vida. A interação do estudante com a
tecnologia modifica o próprio estudante. Na escola, a orientação e conscientização
podem auxiliar o educando a usufruir dos benefícios da informática, pois a Internet
pode apresentar finalidades pouco interessantes à Educação, por exemplo, infideli-
dade de algumas informações ou, pela quantidade de informações, o leitor se disper-
sar da essência do assunto proposto ou ter “achatamento” da capacidade intelectiva
diante de tanta informação, com efeitos como: canseira mental e/ou visual e esgota-
mento físico. O docente pode estabelecer critérios como - a indicação de links e sites
específicos. Para avaliar essa tecnologia é preciso embasamento das informações,
pois há possibilidades valiosas, como também vias desnecessárias, prejudiciais. É
imprescindível a interação entre a tecnologia e as pessoas para que se produza uma
aprendizagem dinâmica e eficaz.
Sabe-se que há limitações na máquina informatizada, pois não foi concebida
especificamente para uso educacional. Marques, Mattos e Taille (1986, p. 38) salien-
tam que pela sua programação os comandos computacionais foram gerados pela ma-
temática binária e por isso apresentam limitação de resposta “só pode lidar com infor-
mações precisas, não ambíguas, como sim e não ou certo e errado. Da mesma forma,
só pode devolver informações deste tipo.” Mas, sabemos que a informática é uma das

9
áreas do conhecimento humano que mais rapidamente se aperfeiçoa. Cabe ao pro-
fessor prever as possibilidades de lime, buscando maneiras de adaptar as respostas
à sua realidade educacional. Fazendo um paralelo entre a informática e o nosso cé-
rebro: a programação do computador é linear, mas a internet não é linear e mostra-se
incrivelmente flexível, permitindo a interação entre milhares de páginas com textos,
imagens e sons.

Fonte: www.bitmag.com.br

Para Gimeno (1998, p. 47) no ser humano não existe uma relação linear “Ao
contrário do modo de processar as rotinas por parte da máquina, entre o conhecimento
e a ação, no aluno intercalam-se complexos e contraditórios processos de tomada de
decisões, entre os quais aparece com especial relevância a forma de sentir, o rico e
complicado terreno das emoções, as tendências e as expectativas individuais e soci-
ais.” A Internet caracteriza-se no ambiente educativo como mais uma possibilidade de
aprendizagem e não como a única fonte de pesquisa. A escola como elemento da
sociedade deve proporcionar experiências e construção de conhecimento, prepa-
rando os estudantes para essa nova realidade que tem a informação e a comunicação
cada vez mais elaborada, sendo a capacidade de interpretação e de organização,
requisitos da sociedade global. Quanto a linguagem digital, Moraes (2005, p. s/n.º) cita
que “É nela que, hoje em dia, a informação é gerada, processada, armazenada e
transmitida. Queiramos ou não, o novo ‘idioma’ está mudando o modo de ver o mundo.
‘A tendência é que, mais rapidamente do que podemos imaginar, essa mudança atinja

10
a todos’.” A nova sociedade de conhecimento tem como suporte principal o desenvol-
vimento digital. O docente precisa refletir como os recursos da informática podem pro-
mover aprendizagem em sua realidade escolar.
Percebe-se que, muitas vezes há um descompasso entre o que aprendemos
na escola e o que necessitamos na vida. A educação brasileira precisa estar conec-
tada com o conhecimento universal e estar atento à mudança tecnológica mundial. Há
grande futuro na Educação que busca na informática recursos para o desenvolvimento
da aprendizagem. Vários pesquisadores preocupam-se com a lacuna que pode vir a
existir entre aqueles que dominam a informática e aqueles que não têm acesso. Ao
docente compete buscar conhecimentos, pois trabalha com seres humanos que pre-
cisam ser inseridos no diálogo entre escola e vida. Ao referir-se à informática educa-
cional, Freire citado por Camargo e Bellini (1995, p.11), salientou que “’ A tecnologia
é maravilhosa. Mas é preciso que ela chegue à escola pública, senão as diferenças
sociais vão se aprofundar.” Na educação contemporânea, busca-se que a parceria
com a informática transponha os limites do ensino convencional, rompendo paradig-
mas. A tecnologia da informática é um segmento que está em constante modificação
e atrai profissionais ligados à pesquisa, pois se mostra ao mesmo tempo: prática,
complexa e também em constante metamorfose.

RECEIO AS NOVAS TECNOLOGIAS

Em nossos dias há uma invasão de tecnologias em todas as áreas da vida


humana, levando o ser humano a pensar sobre sua própria condição humana e pro-
fissional. Há docentes que receiam as TIC e sentem-se despreparados para o manu-
seio do computador, porém precisam estar cientes que é um recurso poderoso no
processo educacional. Camargo e Bellini (1995, p.11) apontam que há situações em
que o estudante é iniciante na tecnologia informatizada, ou seja, envolveu-se pouco
com a máquina: “...esse primeiro contato é essencial para quebrar resistências. E por
isso, deve ser feito com cuidado. Ele pode marcar o início de um bom relacionamento
ou de uma antipatia incurável.” Em outras palavras não se deve obrigar o indivíduo a
trabalhar com o computador, mas em geral o estudante é atraído pelos recursos que
a informática proporciona. Mesmo que o estudante já tenha contato com o computa-
dor, há sempre o convite aberto para novos contatos com a Informática. Em geral, os

11
estudantes mostram-se receptivos iniciando a busca a novas alternativas que o com-
putador possa proporcionar, pois o virtual faz parte do campo da curiosidade.
Almeida (2005, p. 72) salienta que trabalhar com a Informática é “utilizá-la para
a representação, a articulação entre pensamentos, a realização de ações, o desen-
volvimento de reflexões que questionam constantemente as ações e as submetem a
uma avaliação contínua.” As tecnologias da informática levam o indivíduo a desenvol-
ver a imaginação, observação, criatividade, formar julgamento, pesquisa, classifica-
ção, leitura, análise de imagens, pensamento experimental e hipotético.
A tecnologia informatizada está disponível em inúmeros espaços e pode con-
tribuir para a eficácia da aprendizagem escolar e da vida prática. No computador po-
dem-se criar estruturas que oportunizem efeitos de simulação, levando o ser humano
a fazer experiências virtuais inviáveis no mundo real, possibilitando a verificação dos
resultados. O computador é uma das grandes invenções do ser humano e tem trans-
formado a vida do planeta. A informática na escola é um sonho que muitos estudantes
de algumas décadas atrás não conseguiram concretizar em sua experiência acadê-
mica. As TIC’s trazem em si a descoberta, e isso faz com que além do conhecimento
historicamente organizado pela instituição escolar, amplie-se a visão para a realidade
mundial do tempo em que se vive, abrindo novos significados.
Armstrong e Casement (2001, p. 197) alertam que muitas vezes os programas
de computador podem dar ao educando “a falsa ideia de seu relacionamento com o
mundo natural. (...) as crianças desenvolvem a impressão de que a natureza está
convenientemente na ponta de seus dedos e de que seus processos podem ser ma-
nipulados ou acelerados e servidos para elas...” É preciso perceber que os programas
trazem as percepções, padrões e julgamentos do projetista que construiu aquele sof-
tware. O docente que utiliza a informática deve preocupar-se com as possibilidades e
limitações da tecnologia, buscando desenvolver no estudante o processo crítico, ima-
ginativo, pesquisador, criativo num ambiente que leve a um processo contínuo, bus-
cando o desenvolvimento da aprendizagem.

12
Fonte: tic-marcelo.webnode.pt

A informática é um instrumento contemporâneo de aprendizagem que pode


ajudar na construção do conhecimento de muitas áreas, sendo também uma das lin-
guagens mais importantes para a inserção no mundo do trabalho. Com a utilização
das novas tecnologias, percebe-se que a matéria, o tempo e o espaço têm conotação
diferente de algumas décadas atrás. Através da tecnologia da informática, passado,
presente e futuro podem ser trabalhados ao mesmo tempo. As TIC’s abrem perspec-
tivas para o futuro, isso quer dizer crise de paradigmas sem precedentes na História.
Em nossos dias, a informática tem se desenvolvido na captação do real que se mostra
com roupagem de “pura” realidade (se não soubéssemos do subsídio técnico que dá
sustentação à imagem virtual), quanto também a imagem criada e gerada pelos pro-
fissionais da informática.
Santaella (1995, p.14) salienta que “... não apenas a vida é uma espécie de
linguagem, mas também todos os sistemas e formas de linguagem tendem a se com-
portar como sistemas vivos, ou seja, eles: reproduzem, se readaptam, se transformam
e se regeneram como coisas vivas.” Devemos criar ambientes modificadores com tec-
nologias que incitem as potencialidades do estudante, despertando atenção e dispo-
sição à aprendizagem. Não encontramos a aprendizagem pronta, é um processo
construído a cada momento.

13
Marques, Mattos e Taille (1986, p. 35) citam as vantagens da utilização do com-
putador:
• É um recurso audiovisual superior aos demais por ser interativo. (...) pode
solicitar e responder às intervenções do aluno, evitando que este perma-
neça passivo e, consequentemente, que se disperse para outros aspectos
não relevantes da situação;
• (...) possui a vantagem de poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno,
por exemplo, repetindo uma mesma explicação o número de vezes que o
aluno desejar, ou, esperando o tempo necessário por uma resposta do
aluno;
• (...) ao trabalhar com um determinado conteúdo, digamos, por exemplo,
fixação da ortografia de determinadas palavras, o aluno tem uma avaliação
imediata sobre aquelas que precisa exercitar mais para um completo domí-
nio do assunto.
Para muitas pessoas o computador é uma forma inovadora de representar o
conhecimento. Os computadores têm auxiliado no ato físico de escrever, bem como
na preparação de cópias, estimulando no planejamento, na organização do pensa-
mento e no estímulo à escrita e à leitura, porém não devem ser considerados como
instrumentos mágicos que vão resolver todos os problemas de aprendizagem. A tec-
nologia da informática auxilia a flexibilidade de ideias, o desenvolvimento do pensa-
mento, as linguagens, dando abertura a descobertas e possibilitando a utilização de
diversas vias na busca de um resultado final. O computador auxilia na mediação da
aprendizagem, trazendo à mostra os conhecimentos que o estudante já possui e sua
forma de perceber o mundo.
Lamiral citado por Castanheira (1986, p. 17) salienta a importância do compu-
tador no trabalho de recuperação acadêmica de estudantes: “... com dificuldades de
aprendizagem passaram a ter suas aulas reforçadas com programas educacionais
fora do horário escolar. ‘Isso desbloqueou essas crianças.’ O computador, (...) acom-
panha o ritmo de assimilação (...) Essa atividade apresenta outras vantagens. Todos
os erros dos alunos ficam registrados. De posse dessas informações, a professora
pode identificar os pontos de maior dificuldade...” O uso da tecnologia da informática
é uma forma de recompor, reavaliar, redirecionar ideias, conceitos transformando em
novos conhecimentos. O conhecimento em nossos dias desenvolveu-se em escala

14
geométrica e necessita de novos suportes como a informatização. A Revolução Digital
proporciona reflexões de como podemos utilizar as novas tecnologias para melhorar
a qualidade de vida dos seres humanos. Porém, destacamos: o ser humano precisa
preservar sua história real, sem ruptura com a vida. White (1993, p. 300) aconselha
que a criança “deve ser rodeada das condições mais favoráveis, tanto para o cresci-
mento físico como para o mental.” Sendo na maioria dos casos da realidade brasileira,
a escola - a provedora de conhecimento é sua responsabilidade oportunizar a apren-
dizagem e desenvolvimento integral do educando.

Fonte: danielagaraylassupertics.blogspot.com.br

O que precisamos entender é que a nova tecnologia é importante para a nossa


época e nos estrutura para um futuro educacional inimaginável. Sabe-se que a capa-
cidade de pensar é diferente do clique de um mouse e a capacidade da inteligência é
diferente do avanço tecnológico. Assim sendo, para o embasamento deste trabalho
científico, articulamos a pesquisa com estudos de pensadores como Piaget, Vygotsky
e Feuerstein, sendo que em cada abordagem há contribuições de natureza diferente,
mas que se unem num mesmo objetivo: conhecer o ser humano.

15
O ambiente computacional, visto através do estudo de VYGOTSKY contém o
ambiente de aprendizagem colaborativo - relacionado com a interação social. Oliveira
(1993, p. 57) referindo-se a VYGOTSKY salienta que “Aprendizagem é o processo
pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc., a partir
de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas, ou seja, envolve
interação social”, pois é o envolvimento do sujeito inteiro em seu emocional e social,
mesmo na aprendizagem puramente intelectual.
Segundo Passerino e Santarosa (2000, p. 8) o ambiente computacional: ... se
constituem em instrumentos de mediação, socialmente criados e dotados cultural-
mente de significados, constituindo verdadeiras ferramentas cognitivas que possibili-
tam o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos ao permitir-lhes não apenas interpretar
e organizar o conhecimento pessoal, mas interagir e trabalhar em grupo para resolu-
ção de problemas constituindo verdadeiras comunidades cognitivas e possibilitando
criar uma atmosfera de responsabilidade individual/social na resolução de tarefas
compartilhadas que envolvem pessoas mais experientes juntamente com pessoas
menos experientes dentro de um sistema social no qual a argumentação, atenção,
respeito, encontram-se presentes.
Os pesquisadores da teoria sócio histórica sustentam que a informática pode
complementar o ser humano, ao oferecer rapidez na resolução de situações-proble-
mas. Os procedimentos na utilização da informática visam interações, processos cri-
ativos próximos da realidade social. Apontam de que o computador regula a atividade
humana, põe em ação o ser humano, reorganizando o campo de ação, assumindo
similitude com a teoria de VIGOTSKY referente à linguagem. Na abordagem de
VYGOTSKY o desenvolvimento do indivíduo está intrinsecamente envolvido com a
aprendizagem, se o uso da tecnologia da informática propõe atividades com a lingua-
gem, envolvendo o histórico-social do indivíduo, esta é fonte de desenvolvimento do
indivíduo. Na estruturação do conhecimento, a análise das informações pode ser me-
diada pelo(a) docente, promovendo e transformando o processo de aprendizagem, o
que resulta em desenvolvimento. Então, os recursos tecnológicos da informática au-
xiliam na organização mental e na construção do conhecimento, o qual é elaborado
no cérebro e representado exteriormente através de signo, símbolo, notação, sinais
que podem mediar o meio material e também desenvolver as estruturas cognitivas,

16
ao mesmo tempo. Na interação através do computador muito potencial pode ser de-
senvolvido.

Fonte: www.cosasdeeducacion.es

Assim sendo, as tecnologias de informática na construção do conhecimento,


podem modificar o desenvolvimento, a forma de aprender. A utilização dos recursos
da informática, visto através da epistemologia de PIAGET pressupõe sujeito e objeto,
ou seja, que o estudante ao interagir com o computador através da construção e re-
construção do conhecimento, desenvolva suas estruturas mentais em atividades que
auxiliem a desenvolver raciocínios cada vez mais complexos. As utilizações dos re-
cursos da informática podem contribuir para a movimentação das estruturas operató-
rias de pensamento, na relação entre o concreto e o formal. Os defensores desta
abordagem propõem que o estudante programe o que fazer no computador, com isso
construindo seu conhecimento; que vá além das informações, dialogando com o pen-
samento, por vezes, objetivamente, ora subjetivamente.
O computador passa a ser uma máquina que proporciona ao estudante colocar
a situação problema, buscar estratégia, refletir sobre que caminho percorrer para ob-
tenção do resultado satisfatório, o que proporciona direito de decidir e agir, aumen-
tando a autoestima e desenvolvimento do senso de pesquisa e crítica. O ambiente

17
virtual deve oportunizar a interação entre sujeito e objeto, ou seja, para que ocorra o
desenvolvimento cognitivo é preciso que alguma característica do objeto desnorteie
as estruturas mentais do sujeito, gerando adaptações e a ampliação do desenvolvi-
mento cognitivo. Numa abordagem construtivista o docente deve saber encaminhar o
processo de aprendizagem e estar presente para mediar quando problemas possam
aparecer.
Santarosa (1996, p. 4) destaca aspectos teóricos da teoria de Piaget ao utilizar
a linguagem Logo em estudo com pessoas que apresentam dificuldades de aprendi-
zagem, estudo baseado nas pesquisas do matemático sul-africano Seymour PAPERT
apud TORNAGHI (2005, p. 167) que ao estudar PIAGET, defende de que os compu-
tadores “ampliam a inteligência dos seres humanos, ligados em rede permitem que as
inteligências trabalhem em cooperação” A ideia do LOGO imergiu quando PAPERT
estudou no centro de Epistemologia Genética com Jean PIAGET, no final dos anos
60 no Massachusetts Institute of Tecnology. PAPERT e Marvin MINSKY lideraram um
grupo de pesquisadores em informática educacional.
Oliveira (1999, p. 26) apud Fagundes (1994) com base nas pesquisas de PI-
AGET, busca comprovar que “... é na interação que se constrói o conhecimento. Essa
interação se dá entre o sujeito e os objetos de seu meio social: ele próprio, as outras
pessoas, o ambiente natural, físico, mental, simbólico, cultural... O conhecimento
avança na medida em que avança a tomada de consciência da ação sobre o ambiente
em que os sujeitos interatuam.” Ao simbolizar suas relações, construir sua identidade,
expressar seus pensamentos e sentimentos, desenvolve a autonomia.
Oliveira (1999, p. 156) salienta que:
• Ele trabalha com representações virtuais de forma coerente, mas extrema-
mente flexível, possibilitando a descoberta e criação de novas relações;
• Exige que o usuário tenha consciência do que quer, se organize e informe
de modo ordenado o que quer fazer, digitando corretamente;
• Dá um retorno extremamente rápido e objetivo do processo em construção,
favorecendo a autocorreção, a inserção da “desordem” na ordem global;
• Trabalha com uma disposição espacial das informações, que pode ser con-
trolada continuamente pela criança através de seu campo perceptivo visual,
apoiando o raciocínio lógico;

18
A diversidade de sujeitos implica em práticas de ensino/aprendizagem adap-
tada ao sujeito que apresenta dificuldades na aprendizagem. Na Educação, a infor-
mática pode ser um excelente agente na prevenção do fracasso escolar, trazendo
possíveis soluções.
Valente (2005, p.24) destaca que “o conhecimento é o que cada indivíduo cons-
trói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informa-
ção.” É o significado que atribuímos ao mundo e representamos em nosso cérebro
sobre a realidade que a nós interessa.

O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA FRENTE AS NOVAS TECNOLOGIAS

Fonte: www.maxximiza.com.br/

A Educação deve buscar aproximação com o que há de mais inovador nas


pesquisas: tanto internamente (trabalhar com suas estruturas mentais) como externa-
mente (ampliar e estender os sentidos do corpo). Litwin (1997, p. 9) sugere que “Na
hora de pensar inovações, é importante reconhecer a necessidade de criá-las nos
contextos educacionais específicos, a fim de que a sua implantação seja significativa.”

19
Em busca da aprendizagem eficaz, comportamentos perceptivos devem ser desen-
volvidos através das vias de acesso ao mundo exterior. O mais complexo mecanismo
existente no universo é o cérebro, sendo que para Stencel (2003, p. 3) “é milhares de
vezes mais potente do que o maior e mais desenvolvido computador do mundo.” O
cérebro é um dos órgãos que merece ser pesquisado pois está relacionado intrinse-
camente com o desenvolvimento, aprendizagem e tecnologias inovadoras.
O ensino/aprendizagem com mediação da docente, utilizando a informática
pode trabalhar a sinestesia, ou seja, vários sentidos interconectados ao mesmo
tempo, sendo que a Neurociência e a Psicopedagogia dão suporte, revelando que se
aprende melhor quando o cérebro é ativado por mais de um dos órgãos dos sentidos.
Para Morin (2000, p. 52) “A mente humana é uma criação que emerge e se afirma na
relação cérebro-cultura.” Neste caso, cérebro e a tecnologia da informática – tendo
como suporte os programas, acessórios e recursos da informática.
Parece possível pensar que os recursos da Informática fazem intercâmbios
com as funções básicas e geram desenvolvimento e aprendizagem, proporcionando
mudança, crescimento e ampliação do modo de atuar perante a vida, pois instiga a
curiosidade nas descobertas, o desenvolvimento do pensamento. Motivam o prazer
em saber, abrindo espaços para a aprendizagem, possibilitando a criação de novos
sistemas integrados de informações, gerando novos conhecimentos. Dão subsídios
para resgatar a vontade de iniciar, desenvolver e concluir a atividade, construindo o
conhecimento, transformando o indivíduo e a própria sociedade.
Brasil (2000, p. 12) salienta de que “os computadores possibilitam representar
e testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico,
ao mesmo tempo que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre
pessoas.” O profissional que atua em Educação Especial deve considerar o progresso
individual do seu aluno, dando abertura às potencialidades, fazendo nascer, desen-
volver; respeitando e permitindo a liberdade do pensamento, da aprendizagem e de-
senvolvimento.
A busca do sucesso na aprendizagem dos educandos deve ser a meta da Edu-
cação. ARENDT In PFDC (2004, p. 30) salienta que “A educação é também onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las [...] arrancar
de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para

20
nós,...” Informática na Educação Especial é ampliar o conceito de pluralidade de in-
tercâmbio entre saberes e experiências de diferentes profissionais interessados no
desenvolvimento do ensino/aprendizagem e a abertura de um amplo campo de obser-
vação para os mais diferentes desafios informáticos na prática, pois conhecimento
passa a ser de interconexão e muita pesquisa, ressignificando sua prática educacio-
nal.
Para Kenski (2007, p. 124) “na nova realidade tecnológica, o tempo da educa-
ção é o tempo da vida.” A construção do conhecimento e do saber deve ser visto com
lentes macroscópicas e microscópicas, promovendo a aprendizagem e instigando o
desejo de encontrar maneiras que levem ao conhecimento, através da conscientiza-
ção e organização num espaço escolar que inclua a todos, onde se criem oportunida-
des para novas opiniões e busca de novas soluções. Acredita-se que todo ser humano
têm potencial de aprendizagem a ser detectado, o qual pode se desenvolver através
do vínculo afetivo que se estabelece entre quem aprende, a tecnologia e quem está
realmente interessado em pesquisar e buscar desenvolver a aprendizagem.

Fonte: ticsetecnologiaeducacional.blogspot.com.br

21
BIBLIOGRAFIA

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia: clas-


sificação, estrutura e função nos seres vivos. São Paulo: Moderna, 2001. 466 p.

AMARAL, Ana Luiza Snoeck Neiva. Os quatro pilares do atendimento psicopedagó-


gico. Psicopedagogia, São Paulo, v. 19, n. 54, p. 66-69, abr. 2001.

ARAÚJO, Júlio César (org.) Internet & ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2007. 228 p.

BARBOSA, Laura Monte Serrat. A psicopedagogia no âmbito da instituição esco-


lar. Curitiba: Expoente, 2001. 384 p.

_________. Dificuldades com a aprendizagem um olhar clínico. Psicologia Brasil, n.


1, p. 20-21, 2003.

_________. O projeto de trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. 2. ed.


Curitiba: Mont, 1998. 120 p.

BARTOSZECK, Amauri Betini. Relevância de Neurociência na Educação: implica-


ções da pesquisa sobre o cérebro para o ensino. Curitiba: UFPR. Fev. 2007. p. 1-7.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e histó-
ria da cultura. (Obras escolhidas, v. 1). Trad. Sérgio Paulo Rovanet. São Paulo: Bra-
siliense, 1994. p. 164 -196.

BEYER, Hugo Otto. O fazer psicopedagógico: a abordagem de Reuven Feuerstein


a partir de Piaget e Vygotsky. Porto Alegre: 1996. 199 p.

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
Psicologias : uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

22
BRASIL. Ministério da Educação. Adaptações curriculares em ação: Declaração de
Salamanca - recomendações para a construção de uma escola inclusiva. Secretaria
de Educação Especial. (Unesco, 1994). Brasília: MEC, SEEP, 2002.

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Adaptações Curriculares em Ação: es-


tratégias para a educação de alunos com necessidades especiais. Brasília: MEC,
SEEP, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases n º 9394 de 20 de dezembro de 1996.


http://www.mec.gov.br/seesp/oquee.shtm

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. 130 p.

CAMARGO, Paulo de e BELLINI, Nilza. Computador – o que você precisa aprender


para ensinar com ele. São Paulo, Nova Escola. Ano X. nº 86. Ago. 1995. p. 8-12.

CASTANHEIRA, Joaquim. O Computador invade o 1º Grau. São Paulo, Nova Escola.


Ano I. nº 5. Ago. 1986. p. 12 -17.

CARVALHO, Alexandre Luís Trovon de, REIS, Lourisnei F. Matemática Interativa.


6ª. Série. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001. 319 p.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2004. 424 p.

CHEVALIER, Jean. Dicionário de símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, for-


mas, figuras, cores, números) 12ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

COSTA, Maria Luiza Andreza da Costa. Piaget e a intervenção psicopedagógica. Psi-


copedagogia, São Paulo, v. 16, n. 41, p. 32, out. 1997. Resenhado por Mirtes Firmino
Leal.

23
FEUERSTEIN, Reuven. Inteligência se aprende. Isto é. São Paulo, n. 1297, p. 5 – 7,
ago. 1994. Entrevista concedida a Gisele Vitória.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.


261 p.

FEUERSTEIN, Reuven. Inteligência se aprende. Isto é. São Paulo, n. 1297, p. 5 – 7,


ago. 1994. Entrevista concedida a Gisele Vitória.

FICHTNER, Nilo (org.). Prevenção Diagnóstico e tratamento dos transtornos


mentais da infância e adolescência: um enfoque desenvolvimental. Artes Médicas,
RS, 1997.

FONSECA, Vitor da. Aprender a aprender: a educabilidade cognitiva. Porto Alegre:


Artmed, 1998. 341 p.

FONTANA, Roseli; CRUZ, Maria Nazaré da. Psicologia e trabalho pedagógico. São
Paulo: Atual, 1997. 240 p. 91

FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: ensaios para uma futura filosofia da fo-
tografia. São Paulo: Hucitec, 1985 e Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002

24
ARTIGO PARA REFLEXÃO

DISPONÍVEL EM: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392000000200008&script=sci_art-


text

AUTOR: MARIA REGINA CAZZANIGA MACIEL


ACESSO EM: 08/06/2016

PORTADORES DE DEFICIÊNCIA - A QUESTÃO DA INCLUSÃO

Resumo:
A questão da inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais em todos os recursos
da sociedade ainda é muito incipiente no Brasil. Movimentos nacionais e internacionais têm buscado
um consenso para formatar uma política de inclusão de pessoas portadoras de deficiência na escola
regular.
Passos fundamentais devem ser dados para mudar o quadro de marginalização dessas pes-
soas, como: alteração da visão social; inclusão escolar; acatamento à legislação vigente; maiores ver-
bas para programas sociais; uso da mídia, da cibercultura e de novas tecnologias.
Cabe a todos os integrantes da sociedade lutar para que a inclusão social dessas pessoas seja
uma realidade brasileira no próximo milênio.

Palavras-chave: deficiência e exclusão social; educação e economia; política


educacional.

Hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência estão


sendo discriminadas nas comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado
de trabalho. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma
necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem.
A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os
portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pes-
soas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram alvo de atitudes
preconceituosas e ações impiedosas.
A literatura clássica e a história do homem refletem esse pensar discriminató-
rio, pois é mais fácil prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos
potenciais e capacidades de tais pessoas.

25
Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e
implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência ou
necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido
de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade
por parte desse segmento.
Movimentos nacionais e internacionais têm buscado o consenso para a for-
matação de uma política de integração e de educação inclusiva, sendo que o seu
ápice foi a Conferência Mundial de Educação Especial, que contou com a participação
de 88 países e 25 organizações internacionais, em assembleia geral, na cidade de
Salamanca, na Espanha, em junho de 1994.
Este evento teve como culminância a "Declaração de Salamanca", da qual
transcrevem-se, a seguir, pontos importantes, que devem servir de reflexão e mudan-
ças da realidade atual, tão discriminatória.
"Acreditamos e Proclamamos que:
- Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportu-
nidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
- Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades
de aprendizagem que são únicas;
- Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais
deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de
tais características e necessidades;
- Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à es-
cola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança,
capaz de satisfazer tais necessidades;
- Escolas regulares, que possuam tal orientação inclusiva, constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades
acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para to-
dos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e
aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema
educacional.
Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles:

26
- Atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de
seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as
crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais;
- Adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política,
matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes
razões para agir de outra forma;
- Desenvolvam projetos de demonstração e encorajem intercâmbios em paí-
ses que possuam experiências de escolarização inclusiva;
- Estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados para planeja-
mento, revisão e avaliação de provisão educacional para crianças e adultos com ne-
cessidades educacionais especiais;
- Encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades e organizações
de pessoas portadoras de deficiências nos processos de planejamento e tomada de
decisão concernentes à provisão de serviços para necessidades educacionais espe-
ciais;
- Invistam maiores esforços em estratégias de identificação e intervenção pre-
coces, bem como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva;
- Garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, programas de trei-
namento de professores, tanto em serviço como durante a formação, incluam a provi-
são de educação especial dentro das escolas inclusivas.
Nós também congregamos a comunidade internacional; em particular, nós
congregamos governos com programas de cooperação internacional, agências finan-
ciadoras internacionais, especialmente as responsáveis pela Conferência Mundial em
Educação para Todos, Unesco, Unicef, UNDP e o Banco Mundial:
- A endossar a perspectiva de escolarização inclusiva e apoiar o desenvolvi-
mento da educação especial como parte integrante de todos os programas educacio-
nais;
- As Nações Unidas e suas agências especializadas, em particular a ILO,
WHO, Unesco e Unicef;
- A reforçar seus estímulos de cooperação técnica, bem como reforçar suas
cooperações e redes de trabalho para um apoio mais eficaz à já expandida e integrada
provisão em educação especial;

27
- A reforçar sua colaboração com as entidades oficiais nacionais e intensificar
o envolvimento crescente delas no planejamento, implementação e avaliação de pro-
visão em educação especial que seja inclusiva;
- Unesco, enquanto a agência educacional das Nações Unidas;
- A assegurar que educação especial faça parte de toda discussão que lide
com educação para todos em vários foros;
- A mobilizar o apoio de organizações dos profissionais de ensino em ques-
tões relativas ao aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidades educacionais especiais;
- A estimular a comunidade acadêmica no sentido de fortalecer pesquisa, re-
des de trabalho e o estabelecimento de centros regionais de informação e documen-
tação e, da mesma forma, a servir de exemplo em tais atividades e na disseminação
dos resultados específicos e dos progressos alcançados em cada país no sentido de
realizar o que almeja a presente Declaração;
- A mobilizar Fundos através da criação (dentro de seu próximo Planejamento
a Médio Prazo 1996-2000) de um programa extensivo de escolas inclusivas e progra-
mas de apoio comunitário, que permitiriam o lançamento de projetos-piloto que de-
monstrassem novas formas de disseminação e o desenvolvimento de indicadores de
necessidade e de provisão de educação especial".
A inclusão escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, no entanto,
não resolve todos os problemas de marginalização dessas pessoas, pois o processo
de exclusão é anterior ao período de escolarização, iniciando-se no nascimento ou
exatamente no momento em aparece algum tipo de deficiência física ou mental, ad-
quirida ou hereditária, em algum membro da família. Isso ocorre em qualquer tipo de
constituição familiar, sejam as tradicionalmente estruturadas, sejam as produções in-
dependentes e congêneres e em todas as classes sociais, com um agravante para as
menos favorecidas.
O nascimento de um bebê com deficiência ou o aparecimento de qualquer
necessidade especial em algum membro da família altera consideravelmente a rotina
no lar. Os pais logo se perguntam: por quê? De quem é a culpa? Como agirei daqui
para frente? Como será o futuro de meu filho?

28
O imaginário, então, toma conta das atitudes desses pais ou responsáveis e
a dinâmica familiar fica fragilizada. Imediatamente instalam-se a insegurança, o com-
plexo de culpa, o medo do futuro, a rejeição e a revolta, uma vez que esses pais
percebem que, a partir da deficiência instalada, terão um longo e tortuoso caminho de
combate à discriminação e ao isolamento.
O quadro fica mais sério, tendo em vista que a tendência dos profissionais da
saúde é sempre ressaltar, no diagnóstico, os aspectos limitantes da deficiência, pois
invariavelmente são eles que primeiro são chamados para dar o diagnóstico conclu-
sivo. Os médicos raramente esclarecem ou informam, aos familiares de portadores de
deficiência, as possibilidades de desenvolvimento, as formas de superação das difi-
culdades, os locais de orientação familiar, os recursos de estimulação precoce, os
centros de educação e de terapia.
A esses familiares pede-se que aceitem uma realidade que não desejam e
que não é prevista, uma realidade em que os meios sociais e a mídia pouco abordam
e, quando o fazem, é de maneira superficial, às vezes preconceituosa e sem apresen-
tar os caminhos para a inclusão social.
Os pais ou responsáveis por portadores de deficiência, por sua vez, também
se tornam pessoas com necessidades especiais: eles precisam de orientação e prin-
cipalmente do acesso a grupos de apoio. Na verdade, são eles que intermediarão a
integração ou inclusão de seus filhos junto à comunidade.
Cada deficiência acaba acarretando um tipo de comportamento e suscitando
diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. As deficiências físicas, tais
como paralisias, ausência de visão ou de membros, causam imediatamente apreen-
são mais intensa por terem maior visibilidade. Já a deficiência mental e a auditiva, por
sua vez, são pouco percebidas inicialmente pelas pessoas, mas causam mais es-
tresse, à medida que se toma consciência da realidade das mesmas.
A falta de conhecimento da sociedade, em geral, faz com que a deficiência
seja considerada uma doença crônica, um peso ou um problema. O estigma da defi-
ciência é grave, transformando as pessoas cegas, surdas e com deficiências mentais
ou físicas em seres incapazes, indefesos, sem direitos, sempre deixados para o se-
gundo lugar na ordem das coisas. É necessário muito esforço para superar este es-
tigma.

29
Essa situação se intensifica junto aos mais carentes, pois a falta de recursos
econômicos diminui as chances de um atendimento de qualidade. Tem-se aí um agra-
vante: o potencial e as habilidades dessas pessoas são pouco valorizados nas suas
comunidades de origem, que, obviamente, possuem pouco esclarecimento a respeito
das deficiências. Onde estão as causas da exclusão dessas pessoas no Brasil?
No plano de governo, o que se vê são programas, propostas, projetos, leis e
decretos com lindas e sonoras siglas, que ficam, na maioria das vezes, só no papel.
Programas similares e simultâneos são lançados em duas ou três pastas, sem que
haja integração de objetivos e metas entre eles.
Muitas vezes acontecem ações paralelas entre o governo e a iniciativa pri-
vada, que ficam desintegradas, superpostas, sem consistência e dirigidas a pequenos
grupos, gastando verbas sem mudar o quadro de exclusão existente.
Essas ações não são permanentes, pois a cada mudança de governo são
interrompidas, esvaziadas, perdendo a continuidade e a abrangência, sendo que ou-
tras aparecem em seus lugares para "fixar" a plataforma de quem está no poder.
Nos estados e municípios, não existe uma política efetiva de inclusão que vi-
abilize planos integrados de urbanização, de acessibilidade, de saúde, educação, es-
porte, cultura, com metas e ações convergindo para a obtenção de um mesmo obje-
tivo: resguardar o direito dos portadores de deficiência.
As dificuldades são imensas para sensibilizar executivos de empresas priva-
das, técnicos de órgãos públicos e educadores sobre essa questão. Um sentimento
de omissão aparece, consciente ou inconscientemente, em técnicos, executivos e bu-
rocratas, quando necessitam decidir sobre o atendimento às necessidades dos porta-
dores de deficiência.
Essas reações preconceituosas, de omissão e descaso, já podem ser classi-
ficadas:
- Nos órgãos públicos, as solicitações e reivindicações de pessoas portadoras
de deficiência logo se transformam nos famosos processos "Ao-Ao", em que cotas
endereçadas "Ao" Dr. Fulano, "Ao" departamento tal e "Ao" setor de Sicrano só criam
volume, burocracia e não apontam para soluções, pois todos transferem o "problema"
para terceiros, eximindo-se, assim, da necessidade de propor alternativas de atendi-
mento. Nesses processos, quase todos se omitem de tomar decisões em benefício
dos portadores de deficiência;

30
- Na área de atendimento e serviços à população, a resposta mais frequente
é a "NTV" ¾ "não temos vaga";
- Há, também, a adoção, tão popular para as pessoas de baixa renda, do sis-
tema "ENFE" de atendimento, ou seja, "entre na fila de espera".
Por outro lado, a ideia de modelos únicos para todos, preestabelecidos, tem
excluído pessoas com necessidades especiais dos recursos da sociedade, como com-
provam as barreiras arquitetônicas, sociais e educacionais. No plano dos atendimen-
tos específicos, a realidade é a seguinte:
- Saúde: os locais de atendimentos na área de saúde são pequenos, superlo-
tados e sem infraestrutura. As políticas de prevenção, às vezes, ficam restritas a al-
gumas campanhas de vacinação e os programas de diagnóstico precoce são insufici-
entes. Os testes com aparelhos de última geração são destinados a poucos; as de
terapias e fisioterapias oferecem poucas vagas em relação à demanda; a obtenção
de próteses e órteses é difícil e as filas de espera são enormes para quem não tem
poder aquisitivo;
- Área social: os programas para as pessoas com alguma deficiência são, em
geral, os que possuem as menores verbas, não existe trabalho efetivo junto às comu-
nidades mais carentes e os grupos de orientação e atendimento estão sempre super-
lotados;
- Mercado de trabalho: poucos são os empregadores que se dispõem a ab-
sorver esse segmento. O portador de deficiência é o último a ser contratado e o pri-
meiro a ser demitido, sendo que sua faixa salarial é, em média, menor que a de seus
colegas de profissão;
- Nas áreas de lazer, esportes, cultura e transportes não existem projetos
abrangentes que atendam a todos os tipos de deficiência e, nas áreas de comércio,
indústria e serviços, a acessibilidade inexiste ou é inconsistente;
- Na educação também não é diferente, pois só as grandes cidades possuem
algum tipo de atendimento. A realidade tem mostrado que os ciclos do ensino funda-
mental, com sua passagem automática de ano, e a falta de formação de professores,
de recursos técnico-pedagógicos, de estímulo suplementar, de acompanhamento de
equipe multidisciplinar ¾ fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas
ocupacionais ¾, de salas e de professores de apoio deixam a questão da inclusão
escolar sem estrutura eficiente, bonita apenas na teoria.

31
Em nome da igualdade de atendimentos, muitos teóricos radicais defendem a
inclusão escolar de forma simplista: é só colocar esse aluno na classe comum e tudo
se resolve. Entretanto, suas teses não refletem a realidade de que as pessoas com
deficiência possuem necessidades educativas especiais e, assim, pouca contribuição
têm trazido para todos os envolvidos na questão. Também em nome da igualdade de
atendimentos, muitos deles negam veementemente as experiências positivas de es-
colas e de classes especiais, que souberam desenvolver o potencial de seus alunos
e, dessa forma, contribuíram para a sua inclusão junto à sociedade. Negar os traba-
lhos positivos do passado é esquecer que a construção do conhecimento está base-
ada no acúmulo de experiência adquirida.
Deve-se lembrar, sempre, que o princípio fundamental da sociedade inclusiva
é o de que todas as pessoas portadoras de deficiência devem ter suas necessidades
especiais atendidas. É no atendimento das diversidades que se encontra a democra-
cia. O que fazer diante deste quadro? O primeiro passo é conseguir a alteração da
visão social através:
- De um trabalho de sensibilização contínuo e permanente por parte de grupos
e instituições que já atingiram um grau efetivo de compromisso com a inclusão de
portadores de necessidades especiais junto à sociedade;
- Da capacitação de profissionais de todas as áreas para o atendimento das
pessoas com algum tipo de deficiência;
- Da elaboração de projetos que ampliem e inovem o atendimento dessa cli-
entela;
- Da divulgação da Declaração de Salamanca e outros documentos congêne-
res, da legislação, de informações e necessidades dos portadores de deficiência e da
importância de sua participação em todos os setores da sociedade.
A reestruturação das instituições não deve ser apenas uma tarefa técnica,
pois depende, acima de tudo, de mudanças de atitudes, de compromisso e disposição
dos indivíduos. O segundo passo no processo de inclusão social é o da inclusão es-
colar.
Ao entrarem para a escola, as crianças que possuem alguma necessidade
educativa especial terão que se integrar e participar obrigatoriamente de três estrutu-
ras distintas da dinâmica escolar: o ambiente de aprendizagem; a integração profes-
sor-aluno; e a interação aluno-aluno.

32
A partir da análise e adequação destas estruturas e do levantamento de alter-
nativas que favoreçam o desenvolvimento dos alunos, em geral, e dos portadores de
necessidades educativas especiais, em particular, é que a inclusão escolar deve ter
início. Assim, é necessário analisar se o ambiente de aprendizagem é favorecedor, se
existe oferta de recursos audiovisuais, se ocorreu a eliminação de barreiras arquitetô-
nicas, sonoras e visuais de todo o próprio escolar, se existem salas de apoio pedagó-
gico para estimulação e acompanhamento suplementar, se os currículos e estratégias
de ensino estão adequados à realidade dos alunos e se todos os que compõem a
comunidade escolar estão sensibilizados para atender o portador de deficiência com
respeito e consideração.
Para que haja a verdadeira integração professor-aluno, é necessário que o
professor da sala regular e os especialistas de educação das escolas tenham conhe-
cimento sobre o que é deficiência, quais são seus principais tipos, causas, caracterís-
ticas e as necessidades educativas de cada deficiência. O professor precisa, antes de
tudo, ter ampla visão desta área, que deve ser proveniente de sua formação acadê-
mica. Hoje, poucas escolas e universidades, que formam professores, abordam ade-
quadamente a questão da deficiência em seus currículos. Urge mudar essa realidade.
A atualização periódica também é indispensável, devendo ocorrer por meio de cursos,
seminários e formação em serviço.
É importante que os professores tomem ciência do diagnóstico e do prognós-
tico do aluno com necessidades educativas especiais, entrevistem pais ou responsá-
veis para conhecer todo o histórico de vida desse aluno, a fim de traçar estratégias
conjuntas de estimulação família-escola, peçam orientações e procurem profissio-
nais¾ como psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos ¾ que estejam atendendo ou
que já atenderam esses alunos, solicitando relatórios e avaliações, e pesquisem vá-
rias técnicas, métodos e estratégias de ensino, em que variáveis como o desenvolvi-
mento da linguagem, o desenvolvimento físico e sobretudo as experiências sociais
estejam presentes.
A integração professor-aluno só ocorre quando há uma visão despida de pre-
conceito, cabendo ao professor favorecer o contínuo desenvolvimento dos alunos com
necessidades educativas especiais. Não é tarefa fácil, mas é possível. Quando ocorre,
torna-se uma experiência inesquecível para ambos.

33
A interação aluno-aluno traz à tona as diferenças interpessoais, as realidades
e experiências distintas que os mesmos trazem do ambiente familiar, a forma como
eles lidam com o diferente, os preconceitos e a falta de paciência em aceitar o outro
como ele é. Todos os alunos das classes regulares devem receber orientações sobre
a questão da deficiência e as formas de convivência que respeitem as diferenças, o
que não é tarefa fácil, mas possível de ser realizada. Levar os alunos de classes re-
gulares a aceitarem e respeitarem os portadores de deficiência é um ato de cidadania.
Cabe a todos profissionais de escolas especiais, de classes especiais, de sa-
las de apoio a portadores de necessidades especiais, aos teóricos da educação inclu-
siva, aos profissionais das escolas regulares e às equipes multidisciplinares e de sa-
úde a função primordial da integração de ações, da otimização dos recursos e dos
atendimentos, da criação de canais de comunicação que considerem a questão da
inclusão social como prioritária e anterior à inclusão escolar.
O futuro é outra dimensão que também não pode ser esquecida, pois é pre-
ciso estar preparado para a rápida evolução tecnológica destes novos tempos, que
influencia e modifica o processo educativo e a nossa relação com a construção do
conhecimento.
Para a estimulação da pessoa com deficiência, a tecnologia da informação é
fundamental, pois a velocidade da renovação do saber e as formas interativas da cibe
cultura trazem uma nova expectativa de educação para essa clientela. É necessário,
portanto, criar serviços e propostas educativas abertas e flexíveis que atendam às
necessidades de mudanças.
A cibe cultura não só demonstra que a maior parte dos conhecimentos adqui-
ridos por uma pessoa no início de sua vida educacional estará ultrapassada ao final
de um certo tempo, como também aponta novas formas de habilitação e reabilitação
de pessoas com necessidades educativas especiais. Esse fenômeno de captação de
transformações constantes deve ser posto ao alcance das pessoas com necessidades
especiais.
O terceiro passo para a inclusão social de portadores de deficiência é a insti-
tuição de mecanismos fortalecedores desses direitos, tais como destinação de maio-
res verbas públicas para os projetos que atendam esse segmento e participação de
entidades de defesa de deficientes e para deficientes nos processos decisórios de
todas as áreas diretamente envolvidas no atendimento dessa população.

34
A mídia não pode ser esquecida, pois possui um papel fundamental na pro-
moção de atitudes positivas no sentido da inclusão de pessoas portadoras de defici-
ência na sociedade. A criação de equipes de mediação de sistemas e a presença
de ombudsmen junto aos conselhos de defesa da pessoa deficiente, que mostrem ao
governo, à sociedade e à mídia os acertos e desacertos da inclusão social e escolar
e seus prognósticos para curto, médio e longo prazos, devem ser consideradas.
A prática da desmarginalização de portadores de deficiência deve ser parte
integrante de planos nacionais de educação, que objetivem atingir educação para to-
dos. A inclusão social traz no seu bojo a equiparação de oportunidades, a mútua inte-
ração de pessoas com e sem deficiência e o pleno acesso aos recursos da sociedade.
Cabe lembrar que uma sociedade inclusiva tem o compromisso com as minorias e
não apenas com as pessoas portadoras de deficiência. A inclusão social é, na ver-
dade, uma medida de ordem econômica, uma vez que o portador de deficiência e
outras minorias tornam-se cidadãos produtivos, participantes, conscientes de seus di-
reitos e deveres, diminuindo, assim, os custos sociais. Dessa forma, lutar a favor da
inclusão social deve ser responsabilidade de cada um e de todos coletivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURKE, C. A special kind of hero. Nova York, Barron's, 1993.

BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais. Rio de Janeiro, Record, 1993.

PERKE, R. New life in the Neighborhood. United States, Paternon, 1980.

UNICEF, OMS, UNESCO. Medidas vitais. Brasília, Seguradoras, s/d.

All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Cre-
ative Commons Attribution License.

35
DISPONÍVEL EM: http://www.ipirangaeducacional.com.br/banco_arquivo/ipiranga_educaci-

nalc16cb62ccc4.pdf

AUTORES: Ana Carolina Farias dos Santos1


André Maia Pantoja 2
ACESSO EM: 08/06/2016

REFLEXÕES SOBRE A TECNOLOGIA ASSISTIVA NO ATENDIMENTO AO DEFI-


CIENTE FÍSICO*

RESUMO

Tecnologia Assistiva é um termo ainda recente no Brasil, que visa a utilização de uma gama
de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas
com deficiência e, consequentemente, promover qualidade de vida independente e inclusão. É notório
que ainda há muito tempo o que se fazer quando o assunto é acessibilidade e inclusão social por
intermédio dos deficientes físicos. No contexto escolar, este assunto também vem ganhando destaque,
pois se percebeu, atualmente, a necessidade de estruturar a escola, no contexto de edificação, e seu
corpo docente, professores, para melhor tratar o aluno com deficiência física. Desde pequenos recur-
sos, como um apoio para colocar papel em uma digitação ou algum recurso para o uso de uma caneta,
a tecnologia assistiva mostra que é possível ajudar o deficiente físico e, dando subsídios à escola no
trabalho educacional deste aluno. O trabalho apresenta como objetivo geral discutir como a tecnologia
assistiva vem auxiliando na inclusão educacional do deficiente físico. A tecnologia assistiva é um
grande apoio para educadores, no âmbito da inclusão social, pois dará subsídios para o acesso e faci-
litações para o aprendizado do aluno com deficiência física no âmbito escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia assistiva. Educação. Inclusão.

INTRODUÇÃO

O nascimento de um bebê com deficiência ou o aparecimento de qualquer ne-


cessidade especial em algum membro da família altera consideravelmente a rotina no
lar. Os pais logo se perguntam: por quê? De quem é a culpa? Como agirei daqui para
frente? Como será o futuro de meu filho? (MACIEL, 2000). Dentre muitas preocupa-
ções dos pais, como a saúde da criança e o futuro que esta enfrentará, sob olhares
preconceituosos, surge um cuidado com a educação desta. A Inclusão na escola re-
gular da pessoa com deficiência há muito vêm sido discutida e, apesar de contestada
36
por muitos que ainda defendem que a educação especial se estabeleça em ambiente
específico, tornou-se atualmente uma das principais tendências teóricas (SEABRA;
MENDES, 2009).
A escola, como espaço inclusivo, tem sido alvo de inúmeras reflexões e deba-
tes. A ideia da escola como espaço inclusivo nos remete às dimensões físicas e atitu-
dinais que permeiam a área escolar, onde diversos elementos como a arquitetura,
engenharia, transporte, acesso, experiências, conhecimentos, sentimentos, compor-
tamentos, valores dentre outros, coexistem formando estes lócus extremamente com-
plexo (CIDADE; FREITAS, 2000).
Araújo e Fernandes (2011, p.10) demonstram a importância da escola no con-
texto da inclusão: Quanto às escolas, estas têm o comprometimento de promover e
dispor tecnologias de apoio personalizadas às necessidades individuais de cada cri-
ança e/ou jovem com deficiências. Com o apoio das novas tecnologias, estes poderão
ter acesso às mesmas oportunidades educativas que os restantes colegas, desenvol-
vendo a sua autonomia e a expressão das suas capacidades. Novas realidades e
novos paradigmas emergem na sociedade humana, nos dias atuais. Uma sociedade
mais permeável à diversidade, questiona seus mecanismos de segregação e vislum-
bra novos caminhos de inclusão social da pessoa com deficiência. Este fato tem esti-
mulado e fomentado novas pesquisas, inclusive com a apropriação dos acelerados
avanços tecnológicos disponíveis na atualidade (GALVÃO FILHO, 2009).
Com a nova Lei de Diretrizes Básicas para a Educação, a inserção de crianças
com deficiências está garantida por lei no Brasil. Em muitos municípios essa proposta
vem se efetivando na última década. Em paralelo à legislação, muitas famílias de cri-
anças com deficiência também têm solicitado das escolas, de forma crescente, a in-
serção escolar (ROCHA; LUIZ; ZULIAN, 2003).
A inclusão do aluno com deficiência na escola regular tem sido considerada
como perspectiva de interesse no Brasil. Diante desse cenário é possível observar
umas 3 transformações gradual no contexto educacional dos alunos com deficiência
(ASSIS; MARTINEZ, 2011).
A expansão dos serviços educacionais para os alunos com deficiências junto
aos sistemas de ensino, associada à manutenção da hegemonia política e de atendi-
mento das organizações filantrópicas, marcou um período de crescimento de classes
especiais junto às escolas públicas, responsáveis pelo chamado “tratamento especial”

37
que a legislação previa para os alunos considerados excepcionais e para aqueles em
atraso escolar significativo, e de escolas especiais privadas (GLAT; FERREIRA,
2003).
Entretanto, Mendes (2006, p.15) afirma que: As mazelas da educação especial
brasileira, entretanto, não se limitam à falta de acesso. Os poucos alunos que têm tido
acesso não estão necessariamente recebendo uma educação apropriada, seja por
falta de profissionais qualificados ou mesmo pela falta generalizada de recursos. Além
da predominância de serviços que envolvem, desnecessariamente, a segregação es-
colar, há evidências que indicam um descaso do poder público, uma tendência de
privatização (considerando que a maioria das matrículas está concentrada na rede
privada, mais especificamente em instituições filantrópicas) e uma lenta evolução no
crescimento da oferta de matrículas, em comparação com a demanda existente.
Segundo Rocha e Miranda (2009), a sociedade, no seu cotidiano, precisa se
adaptar às necessidades das pessoas com deficiência, dividindo espaços com igual-
dade e, principalmente, com respeito e aceitação às diferenças.
As formas limitadas como as escolas e instituições ainda atuam, têm levado
grande parcela dos alunos à exclusão, principalmente das minorias - sejam elas soci-
ais, sexuais, de grupos étnicos ou de pessoas com deficiência. Entre a população
tradicionalmente referida para a Educação Especial encontram-se os alunos com de-
ficiências físicas, condição está definida no documento “Parâmetros Curriculares Na-
cionais – Adaptações Curriculares”, como “uma variedade de condições não sensori-
ais que afeta o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou
de fala e linguagem, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e
ortopédicas, ou ainda, de malformações” (SEABRA; MENDES, 2009).
Diante o contexto, Rocha e Miranda (2009, p. 12) afirmam que: A inclusão so-
cial como fator fundamental para equidade e desenvolvimento da sociedade brasileira,
atualmente, requer que os educadores estejam, permanentemente, informados sobre
os processos educacionais e necessidades especiais das pessoas com deficiência e
das possibilidades das tecnologias da informação e da comunicação estarem a ser-
viço da criação e aperfeiçoamento de tecnologias assistivas, proporcionando, à pes-
soa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através
da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades
de seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade. Neste

38
ínterim, diversos mecanismos vêm sendo utilizados no que concerne à inclusão de
deficientes físicos no contexto escolar, como é o caso da Tecnologia Assistiva.
Tecnologia Assistiva – TA é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo
o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habili-
dades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente, promover vida
independente e inclusão (BERSCH, 2008).
Segundo Lauand (2005), Tecnologia Assistiva é uma variedade de itens e re-
cursos que auxilia o indivíduo com deficiências, tais como softwares especiais, adap-
tações, rampas de acesso, barras de auxílio, dispositivos eletrônicos, dentre outros.
Bersch (2008, p.13) sobre a tecnologia assistiva enfatiza:
A Tecnologia Assistiva deve ser entendida como o “recurso do usuário” e não
como “recurso do profissional” ou de alguma área específica de atuação. Isto se jus-
tifica pelo fato de que ela serve à pessoa com deficiência que necessita desempenhar
funções do cotidiano de forma independente. Por exemplo uma bengala é da pessoa
cega ou que precisa apoio para a locomoção, a cadeira de rodas de quem possui uma
deficiência física, a lente servirá a quem tem baixa visão. Esta característica a dife-
rencia a TA de outras tecnologias como a médica (desenvolvida para avaliação e te-
rapêutica da saúde) ou a tecnologia educacional (projetada para favorecer o ensino e
aprendizagem).
Manzini (2005) destaca que os recursos de tecnologia assistiva estão muito
próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que
apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, pode-se chamar
de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar con-
forto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação
utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para
uma pessoa com deficiência.
Assim todo e qualquer recurso que pode propiciar à pessoa que tem uma de-
terminada deficiência autonomia suficiente para ser incluída socialmente, é tecnologia
assistiva, seja esse recurso um serviço, um procedimento, uma técnica, um equipa-
mento, dentre outros. Não se deve confundir com a tecnologia restauradora, aquela
que possibilita ao indivíduo recuperar algum movimento ou função no seu corpo que
havia perdido por alguma razão (ROCHA; CORTELAZZO, 2006)

39
. Milton Neto e Rollemberg (2006) enfatizam que, infelizmente, o uso de Tec-
nologias Assistivas no Brasil ainda é restrito, tanto para instrumentos de alta tecnolo-
gia, como para os menos sofisticados, os que auxiliam a realização das atividades do
dia-a-dia (higiene pessoal, alimentação, vestuário, manuseio de livros, manuseio de
telefones, escrita, etc.).
Na área educacional a Tecnologia Assistiva vem se tornando, cada vez mais,
um elo para abertura de novo horizonte nos processos de aprendizagem e desenvol-
vimento de alunos com deficiências até bastante severas. A aplicação da Tecnologia
Assistiva na educação vai além de simplesmente auxiliar o aluno a „fazer‟ tarefas pre-
tendidas. Nela, encontramos meios de o aluno „ser‟ e atuar de forma construtiva no
seu processo de desenvolvimento” (BERSCH, 2006, apud GALVÃO FILHO, 2009).
Entretanto, a ausência de uma política pública de incentivo ao desenvolvi-
mento e à produção de Tecnologia Assistiva no Brasil, contribui fortemente para que
a sociedade em geral desconheça o potencial dessa tecnologia para a autonomia de
idosos e de pessoas com deficiência e sua real contribuição para a melhoria da qua-
lidade de vida dessas pessoas (MILTON NETO; ROLLEMBERG, 2006).
Com a nova Lei de Diretrizes Básicas para a Educação, a inclusão de crianças
com deficiências está garantida por lei no Brasil. Em muitos municípios essa proposta
vem se efetivando na última década. Em paralelo à legislação, muitas famílias de cri-
anças com deficiência também têm solicitado das escolas, de forma crescente, a in-
serção escolar (ROCHA; LUIZ; ZULIAN, 2003).
Rocha; Luiz e Zulian (2003, p. 20), enfatizam as questões físicas de uma es-
cola, quanto ao tratamento do deficiente físico: Além das questões relativas à capaci-
tação do educador, deve-se lembrar de que a maioria dos espaços escolares conta
hoje com muitas barreiras arquitetônicas, falta de mobiliários adaptados, ausência de
equipamentos de ajuda e de materiais pedagógicos adequados para as diferentes di-
ficuldades (visuais, auditivas, cognitivas e motoras).
Esses fatores, apesar de não serem determinantes, também dificultam o
acesso pleno ao espaço regular de ensino. Em ambientes escolares excludentes, a
identidade normalmente é tida sempre como natural, generalizada e positiva em rela-
ção às demais, e sua definição provém do processo pelo qual o poder se manifesta
na escola, elegendo uma identidade específica através da qual as outras identidades
são avaliadas e hierarquizadas (RAPOLI, et al., 2010).

40
Lauand (2005, p. 25) observa que: Vários recursos de TA podem ser utilizados
pelos alunos com deficiência física no contexto escolar, dentre eles: dispositivos aces-
sórios computacionais especiais para viabilizar o acesso ao computador; recursos re-
lacionados à mobilidade para favorecer a locomoção; elementos sensoriais como re-
cursos de comunicação alternativa para favorecer ou substituir a fala; adaptações para
a vida diária para realização das atividades de autocuidado; mobiliário adequado para
proporcionar um melhor posicionamento no contexto escolar; adaptações pedagógi-
cas de recursos que promovem o acesso ao material de ensino e equipamentos adap-
tados como brinquedos, jogos e equipamentos ajustados para realização das diferen-
tes atividades pedagógicas. Diante de todo este contexto, percebe-se que há neces-
sidade das escolas atuarem em conjunto com as equipes de reabilitação que prestam
serviços na região, para a promoção educacional de crianças deficientes físicas.
O presente estudo visa discutir, através de bases bibliográficas consistentes,
como está ocorrendo o avanço ao deficiente físico no âmbito escolar e como a tecno-
logia assistiva está auxiliando no processo de inclusão social destes estudantes. Di-
ante do contexto, surgem as seguintes questões norteadoras: o que é tecnologia as-
sistiva? Como é que este mecanismo pode auxiliar estudantes deficientes físicos no
6 ambiente escolar? Como os profissionais de educação podem ajudar no desenvol-
vimento desta ideia? Como objetivo geral, o estudo apresenta: discutir como a tecno-
logia assistiva vem auxiliando na inclusão educacional do deficiente físico.
Para os objetivos específicos, busca-se: determinar conceitos do que é tecno-
logia assistiva; discutir quais aspectos da tecnologia assistiva podem ser difundidos
no ambiente escolar, enfatizando seus benefícios; discutir sobre barreiras arquitetôni-
cas para a inclusão do deficiente físico em contexto escolar. Num sentido amplo per-
cebe-se que a evolução tecnológica caminha na direção de tornar a vida mais fácil.
Sem a devida percepção, utilizam-se, constantemente ferramentas que foram
especialmente desenvolvidas para favorecer e simplificar as atividades do cotidiano,
como os talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones ce-
lulares, relógio, enfim, uma interminável lista de recursos, que já estão assimilados à
nossa rotina e, num senso geral, “são instrumentos que facilitam nosso desempenho
em funções pretendidas” (BERSCH, 2008, p. 23).

41
É necessário o entendimento de que, o que é fácil para pessoas sem deficiên-
cia, pode ser algo de extrema complexidade para quem tem tal. O educador, no ínte-
rim de incluir a todos os estudantes, deve ter subsídios para promover a socialização
de todos. Conhecer práticas como a tecnologia assistiva, o auxiliará na facilitação do
processo ensino aprendizagem na busca da inclusão do deficiente físico.

2 ASPECTOS GERAIS DO DEFICIÊNTE FÍSICO

A inclusão escolar de alunos com deficiência em escolas regulares é um direito


garantido Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.934/96), que
afirma a oferta da educação especial enquanto dever constitucional do Estado deve
ter início na Educação Infantil, na idade de zero a cinco anos. (BRASIL, 1996).
Deficiência que é entendida como uma manifestação corporal ou como a perda
de uma estrutura ou função do corpo, a incapacidade refere-se ao plano funcional,
desempenho individual e a desvantagem diz a respeito á condição social de prejuízo,
resultante da deficiência ou da incapacidade (DISCHINGER; MACHADO, 2006) A ex-
pressão “pessoa com deficiência” pode ser aplicada referindo-se a qualquer pessoa
que possua uma deficiência e que estão sob o amparo de uma determinada legislação
(BERSCH, 2008).
O termo deficiente para denominar pessoas com deficiência tem sido conside-
rado por algumas ONGs e cientistas sociais inadequado, pois leva consigo uma carga
negativa depreciativa da pessoa, fato que foi ao longo dos anos se tornando cada vez
mais rejeitado 7 pelos especialistas da área e em especial pelos próprios indivíduos
(SOUSA; TAVARES, 2001).
Segundo Nogueira (2008), na história da humanidade o deficiente sempre foi
vítima de segregação. No século XV crianças deformadas eram jogadas nos esgotos
da Roma Antiga, deixados em abrigos na Igreja isolados da humanidade. Na idade
Média que estes sujeito adquiriram um status Humano sendo assumidos pelas famí-
lias e pela Igreja. Na idade contemporânea o homem na sociedade passa ser conte-
údo central de questionamento, com base nesta compreensão, as atitudes com os
deficientes modificam, são oferecidas oportunidades educacionais e de integração so-
cial até chegar aos dias de hoje (SOUSA; TAVARES, 2001).

42
3 CONTEXTUALIZANDO A INCLUSÃO ESCOLAR

Da década de 80 em diante, há um movimento internacional, que congrega


pessoas com deficiências, profissionais e a sociedade civil de uma forma geral, que
propõe o redirecionamento dessa finalidade, introduzindo o conceito de inclusão social
(SASSAKI, 1997 apud ROCHA; LUIZ; ZULIAN, 2003).
Assim, a educação especial foi constituindo-se como um sistema paralelo ao
sistema educacional geral, até que, por motivos morais, lógicos, científicos, políticos,
econômicos e legais, surgiram as bases para uma proposta de unificação (MENDES,
2006). O interesse nas questões da interação social e as reflexões sobre a sua impor-
tância para o comportamento humano surgiram no século passado (CAMARGO;
BOSA, 2009).
Mendes (2006) afirma que o acesso à educação para pessoas com deficiên-
cias vai sendo muito lentamente conquistado, na medida em que se ampliaram as
oportunidades educacionais para a população em geral. Entretanto, tanto as classes
quanto as escolas especiais somente irão proliferar como modalidade alternativa às
instituições residenciais depois das duas guerras mundiais.
Historicamente a exclusão tem apresentado características comuns nos pro-
cessos de segregação e integração da pessoa com deficiência, as quais pressupõem
a seleção e naturalizam o fracasso escolar (GALVÃO FILHO, 2002).
A mudança de paradigma, quanto às pessoas com deficiências surgiu com as
adaptações de vários tipos de serviços, afirma Mendes (2006, p. 11): Um fator também
crucial que influenciou a mudança na filosofia de serviços nas décadas de 1960 e
1970 foi o custo elevado dos programas segregados, no contexto da crise mundial do
petróleo. Até então, apenas os países considerados desenvolvidos haviam criado um
sistema educacional paralelo para as pessoas com deficiências. A partir da década
de 1960, passou a ser também conveniente adotar a ideologia da integração pela
economia que elas representariam para os cofres públicos
Embora já se multipliquem os movimentos para transformar o modelo educa-
cional escolar no qual estamos imersos, predeterminados pelas aceleradas transfor-
mações que ocorrem nas sociedades e culturas e que o tornam mais evidentemente
estéril, esse modelo ainda é marcadamente caracterizado pela rigidez, pela padroni-
zação massificada, pela transmissão e memorização de informações (GALVÃO FI-
LHO, 2002).
43
Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e
implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência, vi-
sando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno
desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por intermédio desse
segmento (MACIEL, 2000)
Araújo e Fernandes (2011) afirmam que a escola dos nossos dias deve aceitar
e satisfazer as necessidades distintas dos alunos, adequando-se aos diferentes ritmos
de aprendizagem, às experiências e à relação da criança com o ambiente, através de
adequações pedagógicas e materiais, metodologias e estratégias diferenciadas e de
uma boa organização escolar. Todos os alunos aprendem melhor quando os profes-
sores respeitam as individualidades e ensinam de acordo com as suas diferenças.
Esta afirmação ganha uma relevância maior quando falamos em alunos com
necessidades educativas especiais (ARAÚJO; FERNANDES, 2011).
Maciel (2000, p.22), sobre o contexto da inclusão escolar, afirma que: A inclu-
são escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, no entanto, não resolve todos
os problemas de marginalização dessas pessoas, pois o processo de exclusão é an-
terior ao período de escolarização, iniciando-se no nascimento ou exatamente no mo-
mento em aparece algum tipo de deficiência física ou mental, adquirida ou hereditária,
em algum membro da família. Isso ocorre em qualquer tipo de constituição familiar,
sejam as tradicionalmente estruturadas, sejam as produções independentes e congê-
neres e em todas as classes sociais, com um agravante para as menos favorecidas.
De acordo com estudos desenvolvidos, é através de Instituições de ensino re-
gular que se deve combater as atitudes discriminatórias, propiciando condições para
o desenvolvimento de comunidades integradas, que é a base da construção da soci-
edade inclusiva e consequentemente obtenção de uma real educação para todos
(FORTES, 2005 apud ROCHA; MIRANDA, 2009).
A educação especial perpassa todos os níveis, etapas e demais modalidades
de ensino, sem substituí-los, oferecendo aos seus alunos serviços, recursos e estra-
tégias de acessibilidade ao ambiente e aos conhecimentos escolares. Nesse contexto,
deixa de ser um sistema paralelo de ensino, com níveis e etapas próprias (ROPOLI et
al., 2010).
Rocha e Miranda (2009) fizeram um apanhado sobre o que afirma a jurispru-
dência acerca do tema. Desde a Constituição Federal, que, em seus artigos 208 e 227

44
faz pressupostos da educação inclusiva; leis, como a LDB, a 7.853/89, que dispõe
sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, assegurando o pleno
exercício de seus direitos individuais e sociais e a 10.172/01 que aprova o Plano Na-
cional de Educação e estabelece objetivos e metas para a educação de pessoas com
deficiências; e alguns Decretos e Portarias federais.
Assim, para a inserção das pessoas com deficiência, faz-se necessário o
ajuste da comunidade, dos espaços, das leis, enfim, de toda a coletividade, nessa
direção. Há, portanto, nesse paradigma, a preconização imperativa do ajuste social
na direção da inclusão de todos, o foco deixa de ser o indivíduo e passa a ser o cole-
tivo (ROCHA; LUIZ; ZULIAN, 2003).
Zulian (2002) explicita que existe, no momento atual, um hiato entre a proposta
de inclusão das crianças com deficiência na rede regular de ensino e a formação dos
professores: Quando o professor tem alguma formação voltada para a educação da
criança com deficiência, essa capacitação está no âmbito da educação especial, ou
seja, ele é especializado em Deficiência intelectual, Visual, Auditiva, entre outras, e
não considera as diferentes possibilidades e dificuldades, independentemente da pa-
tologia.
O professor preparado para a inclusão deveria ser o professor capacitado para
diferentes estratégias pedagógicas, possíveis de serem aplicadas com diferentes alu-
nos, independentemente de a criança ser deficiente ou não (ZULIAN. 2002, p.15).
É importante que o professor tenha os conhecimentos básicos relativos ao seu
aluno como: tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina
ou gradativa, se é transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão pre-
judicadas. Implica, também, que esse educador conheça os diferentes aspectos do
desenvolvimento humano: biológico (físicos, sensoriais, neurológicos); cognitivo; mo-
tor; interação social e afetivo-emocional (CIDADE; FREITAS, 1997).
Daí há a necessidade de entendimento, por parte de educadores e demais do-
centes, de técnicas, como a tecnologia assistiva, e métodos que possam favorecer o
aluno deficiente físico no contexto escolar.

45
4 TECNOLOGIA ASSISTIVA AUXILIANDO A APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE
FÍSICO

Tecnologia Assistiva é uma expressão nova, que se refere a um conceito ainda


em pleno processo de construção e sistematização. A utilização de recursos de Tec-
nologia Assistiva, entretanto, remonta aos primórdios da história da humanidade ou
até mesmo da 10 pré-história. Qualquer pedaço de pau utilizado como uma bengala
improvisada, por exemplo, caracteriza o uso de um recurso de Tecnologia Assistiva
(GALVÃO FILHO, 2009). É uma variedade de itens e recursos que auxilia o indivíduo
com deficiências, tais como softwares especiais, adaptações, rampas de acesso, bar-
ras de auxílio, dispositivos eletrônicos, dentre outros (SEABRA; MENDES, 2009).
Ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos, firmada em
Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao demonstrar consonância com os postulados
produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência Mundial sobre Necessi-
dades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, o Brasil fez opção pela constru-
ção de um sistema educacional inclusivo (ROCHA; MIRANDA, 2009).
A Tecnologia Assistiva foi definida no Brasil, pelo Comitê de Ajudas Técnicas
(CAT), como sendo uma área de conhecimento de característica multidisciplinar que
compreende recursos, estratégias, metodologias, práticas e serviços com o objetivo
de promover a funcionalidade e participação de pessoas com incapacidades visando
autonomia, qualidade de vida e inclusão social (PELOSI; NUNES, 2009).
Milton Neto e Rollemberg (2006, p.19) demonstram que o Brasil possui inicia-
tivas da disseminação da Tecnologia Assistiva: O Ministério da Ciência e Tecnologia
– MCT, responsável pela condução das políticas nacionais em ciência, tecnologia e
inovação, encontra-se alinhado com essas preocupações. Por meio de sua Secretaria
de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social – SECIS, tem procurado estimular inici-
ativas que permitam a assimilação dos conhecimentos de ciência e tecnologia pelas
camadas de população mais desprovidas do Brasil, contribuindo assim, para a inclu-
são desse universo de pessoas no processo de desenvolvimento do país.
Alguns autores pesquisaram sobre a utilização da Tecnologia Assistiva no con-
texto escolar para alunos com deficiência física, dentre os estudos realizados existem
o de Alpino (2008) que implementou um programa de consultoria colaborativa para
alunos com deficiência física a partir de recursos de baixo custo destinados à adequa-
ção postural e à mobilidade (ASSIS; MARTINEZ, 2011).
46
Para Rocha e Cortelazzo (2006), as tecnologias assistivas se referem à funci-
onalidade da tecnologia que pode promover maior autonomia, qualidade de vida e
inclusão social, porque há comunicação, mobilidade, o controle de ambiente bem
como o desenvolvimento de habilidades para a aprendizagem e para o trabalho.
Essas novas tecnologias vêm sendo incorporadas em nossa cultura, caracte-
rizando-se cada vez como ferramentas indispensáveis na inclusão e integração de
pessoas com algum tipo de deficiência. A constatação é ainda mais evidente e verda-
deira quando se refere às pessoas com dificuldades na comunicação (oral e escrita),
na funcionalidade e locomoção (OLIVEIRA; GAROTTI; SÁ, 2008).
Alguns autores como Lauand (2005), Alves (2006), Bercsh (2006; 2008), Gal-
vão Filho (2009) e Assis (2010) têm defendido o uso de TA no contexto escolar a fim
de ampliar as habilidades funcionais dos alunos com deficiência e maximizar seu de-
sempenho. Assim as tecnologias não auxiliam os alunos apenas na sala da aula, mas
também durante a rotina escolar para promover uma maior autonomia na escola (AS-
SIS; MARTINEZ, 2011).
Rocha, Luiz e Zulian (2003, p.07) afirmam que: A introdução da tecnologia as-
sistiva adequada às necessidades advindas de diferentes incapacidades, tais como
engrossadores de lápis, giz de cera, suporte de livros, cadernos, lupas, dentre outras,
bem como a capacitação dos educadores para sua indicação e uso adequado pelos
alunos, também pode ter um caráter esclarecedor dos limites e alcances desse tipo
de aparato tecnológico na relação do aluno com o meio e com a aprendizagem.
Galvão Filho (2009) afirma que existe um número incontável de possibilidades,
de recursos simples e de baixo custo, que podem e devem ser disponibilizados nas
salas de aula inclusivas, conforme as necessidades específicas de cada aluno com
deficiências presente nessas salas, tais como: suportes para visualização de textos
ou livros (foto abaixo); fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas, e
inúmeras outras possibilidades.
É importante que os educadores conheçam e tenham noção dos limites e be-
nefícios da tecnologia assistiva. Como é afirmado anteriormente, ainda há muito o que
se descobrir quanto a este tipo de apoio pedagógico. Quanto mais detivermos ciência
desta tecnologia, mais o educador poderá auxiliar aquele aluno portador de deficiência
física.

47
Assis e Martinez (2011) enfatizam que diante então da escolarização dos alu-
nos com sequelas no contexto regular e das dificuldades vivenciadas por eles no con-
texto escolar, a utilização de TA é essencial para proporcionar a sua inclusão na es-
cola, fato incentivado pelas políticas públicas que preveem a sua implementação no
contexto escolar. Mas essa utilização das novas tecnologias na Educação deve apon-
tar para a formação de um indivíduo capaz de pensar por si próprio e produzir conhe-
cimento.
Essas tecnologias devem ser analisadas como ferramentas que estimulem o
indivíduo a pensar de forma independente, a pensar sobre sua forma de pensar e a
aprender a aprender (GALVÃO FILHO, 2002).
Bersch (2008) demonstra que a tecnologia assistiva pode trazer maior indepen-
dência motora à pessoa que apresenta deficiência física: A Tecnologia Assistiva deve
ser então entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade
funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra
impedida por circunstância de deficiência ou pelo envelhecimento.
Podemos então dizer que o objetivo maior da Tecnologia Assistiva é proporci-
onar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão so-
cial, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente,
habilidades de seu aprendizado e trabalho (BERSCH, 2008, p. 08).
Lauand (2005) defende a tecnologia assistiva como facilitadora da inclusão
escolar de alunos com necessidades especiais e considera que os recursos de com-
putadores na tecnologia assistiva é uma das áreas de maior crescimento nos últimos
anos tendo em vista que, especificamente no campo da Educação Especial, muitos
alunos beneficiariam em muito o seu aprendizado se lhes fossem proporcionados tais
recursos (SEABRA; MENDES, 2009)
. A Inclusão na escola regular da pessoa com deficiências há muito vêm sido
discutida e, apesar de contestada por muitos que ainda defendem que a educação
especial se estabeleça em ambiente específico, tornou-se atualmente uma das prin-
cipais tendências teóricas (SEABRA; MENDES, 2009)
. Entretanto, o professor deve procurar conhecer as dificuldades do aluno para
escolher a TA que melhor funcione como ferramenta mediadora para a diminuição das
barreiras impostas pela deficiência apresentada. É importante notar que há necessi-
dade de utilizar recursos humanos para subsidiar alunos e profissionais, em razão do

48
elevado índice de pessoas que desconhecem métodos eficazes de utilização dos re-
cursos tecnológicos de acessibilidade em curso (BERSCH, 2008).
Essa nova perspectiva de educação, que trabalha a incorporação das crianças
no ensino regular, reconhecendo a existência de múltiplas diferenças, provoca ques-
tionamentos sobre o papel do professor na construção de uma nova abordagem pe-
dagógica, que direcione o ensino à necessidade dos alunos (SMEHA; FERREIRA,
2008).

5 MÉTODO

Na busca de uma sociedade mais interativa nos deparamos com a acessibili-


dade um fator integrante do processo inclusivo constituindo um desafio a ser supe-
rado, pois são muitas dificuldades e barreiras encontradas no acesso e nas práticas
pedagógica dos professores (SOUSA; TAVARES, 2001, p. 37).
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, cons-
tituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os es-
tudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a parti de fontes bibliográficas. (GIL, 1999, p. 65).
Inúmeras são as monografias, dissertações e teses acerca do tema. Para o
desenvolvimento desta pesquisa, foi realizado um estudo de abordagem descritiva,
uma vez que tinha o objetivo de analisar o que havia sido produzido até o presente
momento sobre tecnologia assistiva em se tratando de deficientes físicos. A pesquisa
concentrou-se explicitamente em bibliografias do tipo artigos, resumos de congressos,
dissertações de mestrado, dentre outros materiais.
A literatura especializada (BERSCH, 2007; GALVÃO FILHO, 2009b; KENSKY,
2003; RAIÇA, 2008; MANZINI, 2005) evidencia a relevância da TA na escola, nome-
adamente de sua utilização no atendimento ao aluno com deficiência (RODRIGUES,
2013).
A bibliografia utilizada para definir conceitos e dados sobre o uso de tecnologia
assistiva para benefícios de deficientes físicos foi Assis e Martinez (2011); Rocha, Luiz
e Zulian (2003); Lauand (2005); Seabra e Mendes (2009); Cidade e Freitas (2000);
Manzini (2005); Bersch (2008); Camargo e Bosa (2009); Rocha e Miranda (2009) e
Aguiar, Carvalho, Morais e Orsati (2010).

49
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo apresenta um apanhado bibliográfico acerca de discussões sobre o


uso da tecnologia assistiva para pessoas com deficiência física no ambiente escolar.
É buscado a todo tempo neste trabalho associar a escola, foco para a solução da
problemática, correlacionando com os teóricos que pesquisaram a temática em ques-
tão. Ao longo dos séculos, a escola tem passado por transformações significativas na
tentativa de adequar-se às necessidades de uma sociedade cada vez mais diversifi-
cada. A pessoa com deficiência geralmente precisa de atendimento especializado,
seja para fins terapêuticos, como fisioterapia ou estimulação motora, seja para que
possa aprender a lidar com a deficiência e a desenvolver as potencialidades (GALVÃO
FILHO, 2009)
. Existe hoje uma grande preocupação em desenvolver um trabalho significativo
para as crianças com deficiência. Nossas escolas com certeza ainda precisam de mo-
dificações, de uma estrutura melhor, de profissionais capacitados e de um maior com-
prometimento dos governantes (SOUSA; TAVARES, 2001).
A educação inclusiva questiona a artificialidade das identidades normais e en-
tende as diferenças como resultantes da multiplicidade, e não da diversidade, como
comumente se proclama. Trata-se de uma educação que garante o direito à diferença
e não à diversidade, pois assegurar o direito à diversidade é continuar na mesma, ou
seja, é seguir reafirmando o idêntico (ROPOLI et al., 2010).
Smeha e Ferreira (2008) afirmam que, a partir do surgimento da Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação Nacional, Lei n°9.394/96 e do avanço das discussões
acerca do processo de inclusão, a atenção dada às crianças com deficiências teve
crescimento e impulsionou a busca de estratégias de ensino-aprendizagem diferenci-
adas e adequadas para se trabalhar com a questão da heterogeneidade no âmbito
escolar e educacional. A tecnologia assistiva, apesar de possuir essa terminologia,
que reporta a ideia de modernidade, pode trabalhar com objetos dos mais rudimenta-
res, tudo na busca da melhoria de algum tipo de atividade que venha ter o deficiente
físico.
O conceito de Tecnologia Assistiva diferencia-se de toda a tecnologia médica
ou de reabilitação, por referir-se a recursos ou procedimentos pessoais, que atendem
a necessidades diretas do usuário final, visando sua independência e autonomia. Já
os recursos médicos ou de reabilitação visam o diagnóstico ou tratamento na área da
50
saúde, sendo, portanto, recursos de trabalho dos profissionais dessa área (GALVÃO
FILHO, 2009).
Rocha e Miranda (2009) afirmam que a construção de uma educação inclusiva
requer uma reestruturação dos sistemas de ensino que devem organizar-se para es-
tabelecer respostas às necessidades educacionais de todos os alunos. Esse propósito
exige ações práticas e viáveis que tenham como perspectiva operacionalizar a inclu-
são social e escolar de todas as pessoas, independentemente de suas necessidades.
Por ser um problema cultural no Brasil, as discrepâncias entre recursos pedagógicos
para quem apresenta deficiência e os que não apresentam, são, ainda o grande en-
clave da disseminação da tecnologia assistiva no país.
Em muitos casos, a realidade não permite que se façam avanços em tecnolo-
gia assistiva. Rocha; Luiz e Zulian (2003) enfatizam que: Paralelamente à preparação
dos professores, dos equipamentos, dos materiais pedagógicos e dos espaços físicos,
há o fato de que a maioria das crianças com deficiência não conta com serviços de
saúde e de reabilitação. Muitos alunos não têm tratamentos básicos que facilitariam o
seu desenvolvimento e, portanto, o seu processo de aprendizagem formal. Neste mo-
mento, chega-se ao maior entrave social: a falta de assistência de saúde na rede pú-
blica para deficientes físicos.
A tecnologia assistiva escolar não abrange além dos muros da escola, portanto,
aquele aluno mais carente e que necessita destes serviços, não tem o acompanha-
mento necessário fora do ambiente escolar.
Galvão Filho (2002) assinala que, com muita frequência, a criança com alguma
deficiência, por suas próprias limitações motoras, cognitivas, sensoriais e/ou sociais,
agravadas por um tratamento paternalista não valorizador de suas potencialidades,
cresce com uma restrita interação com o meio e a realidade que a cerca. Muitas vezes,
se não for adequadamente estimulada, assume posições de passividade diante da
realidade e na solução de seus próprios problemas diários.
O que se observa, muitas das vezes, é que a criança com deficiência é total-
mente incapaz, ficando à mercê de um tratamento pouco estimulante, tanto de forma
motora, quanto cognitiva. Araújo e Fernandes (2011) afirmam que: A escola atual deve
aceitar e satisfazer as necessidades distintas dos alunos, adequando-se aos diferen-
tes ritmos de aprendizagem, às experiências e à relação da criança com o ambiente,

51
através de adequações pedagógicas e materiais, metodologias e estratégias diferen-
ciadas e de uma boa organização escolar. É notório atualmente que os alunos apren-
dem melhor quando o professor tem em consideração as características individuais,
visto que cada indivíduo tem pontos fortes, interesses, necessidades e estilos de
aprendizagens diferentes.
Rapoli et al. (2010) são objetivos em afirmar que os ambientes escolares in-
clusivos são fundamentados em uma concepção de identidade e diferenças, em que
as relações entre ambas não se ordenam em torno de oposições binárias (normal/es-
pecial, branco/negro, masculino/feminino, pobre/rico). Neles não se elege uma identi-
dade como norma privilegiada em relação às demais. Seguindo as ideias preconiza-
das por meio da Declaração de Salamanca, cabe salientar a necessidade de adequar
a proposta pedagógica às necessidades do aluno, propiciando-lhe oportunidade de
desenvolvimento, conforme suas potencialidades (SMEHA; FERREIRA, 2008).
Apesar de a legislação brasileira apontar para o direito do cidadão com defici-
ência da concessão dos recursos de tecnologia assistiva dos quais necessita, esta-
mos no início de um trabalho para o reconhecimento e estruturação desta área de
conhecimento no Brasil. Inicial também é o estágio de incentivos à pesquisa e à pro-
dução nacional de recursos de TA, que venham a atender a grande demanda repri-
mida existente, no entanto, passos importantes estão acontecendo nestes últimos
anos (BERSCH, 2008).
A sociedade, no seu cotidiano, precisa se adaptar às necessidades das pes-
soas com deficiência, dividindo espaços com igualdade e, principalmente, com res-
peito e aceitação às diferenças. As formas limitadas como as escolas e instituições
ainda atuam, têm levado grande parcela dos alunos à exclusão, principalmente das
minorias, sejam elas sociais, sexuais, de grupos étnicos ou de pessoas com deficiên-
cia. A base da inclusão consiste no conceito de que toda pessoa tem o direito básico
à educação e que esta deve levar em conta seus interesses, habilidades e necessi-
dades de aprendizagem (ROCHA; MIRANDA, 2009).
A educação das pessoas com deficiência física precisa ser repensada a partir
dessa contextualização como uma questão histórica, buscando superar uma leitura
abstrata da mesma. É preciso que consideremos o conjunto de características físicas
ao interagirmos com o indivíduo com deficiência física, que saibamos favorecer o seu

52
desenvolvimento humano, caso contrário, estaremos contribuindo para o desenvolvi-
mento da deficiência (RODRIGUES, 2013).
Os autores pesquisados neste estudo são categóricos ao afirmar que ainda há
muita carência em tecnologia assistiva, que estabeleça base plena para deficientes
físicos nos ambientes escolares do Brasil.

7 CONCLUSÃO

O respeito pelo direito à diferença é uma instância de qualquer sistema educa-


tivo. Ao se defender a escola como um espaço múltiplo, caminha-se no sentido da sua
reorganização, a fim de se alcançar uma “Escola de Todos”. Nesta, ambiciona-se que
sentimentos de tolerância, respeito e valorização pelas diferenças se expandam, al-
cançando-se a cultura de escola inclusiva, onde todos crescem, aprendem e encon-
tram respostas às suas necessidades individuais.
Cabe a todos os educadores criar condições na escola, para que os alunos se
sintam integrados e felizes, capazes de aprender e abrir novos horizontes através do
conhecimento. Numa era tecnológica, as condições têm obrigatoriamente que passar
pela introdução das novas tecnologias na rotina escolar de todas as crianças. Cabe à
escola transformar aquelas em auxiliares educativos, “interlocutores sempre disponí-
veis, desmistificados e humanizados” (ARAÚJO; FERNANDES, 2011).
O professor, ao utilizar a TA, passa a exercer domínio sobre ela, tanto em ter-
mos de valoração e conscientização, ou seja, se apropria do saber relativo a ela, por
que e para que utilizá-la, quanto em termos de entendimentos técnicos, assim como
usá-la de acordo com as suas características e de conhecimento pedagógico, como
integrá-las ao processo educativo, isto é, fazer educação contextualizada com as
questões sociais e suas contradições (LEITE, 2009).
Há dois aspectos a se ressaltar nos trabalhos que serviram de base para ela-
boração deste artigo de revisão: todos são veementes em afirmar que muito ainda tem
de ser feito pelos estudantes com deficiência física no ambiente escolar. Porém, a
tecnologia assistiva já apresenta mudanças significativas em algumas instituições de
ensino. Não basta somente criar rampas de acesso para cadeirantes ou instalar ba-
nheiros para deficientes físicos nas escolas. É preciso também que, no âmbito de sala

53
de aula, ocorra inclusão por intermédio, não somente do professor, mas também por
tecnologias que auxiliem o aluno deficiente em seu aprendizado
. A tecnologia assistiva parece ser uma boa alternativa para ajudar o estudante
deficiente físico nos pequenos detalhes (para pessoas sem deficiência), e evitar-lhe
transtornos, como a simples digitação de um texto. Entende-se que o aluno com defi-
ciência necessita de um tempo maior para determinados aprendizados, porém, o pro-
fessor deve proporcionar que ele avance no desenvolvimento dos talentos, das capa-
cidades que possuem, para verificar mudanças qualitativas em sua aprendizagem.
A TA, como relatado anteriormente, tem que ser adequada às especificidades
do aluno, não só para atender as questões da aprendizagem escolar, mas também a
participação ativa desse aluno na sociedade (RODRIGUES, 2013).
Entretanto, como relata Galvão Filho (2009), no Brasil, o processo de apropri-
ação e sistematização do conceito e classificação de Tecnologia Assistiva, é ainda
mais incipiente e recente. A expressão „Tecnologia Assistiva‟ com frequência é utili-
zada na língua portuguesa ao lado das expressões „Ajudas Técnicas‟ e „Tecnologia
de Apoio‟, na maioria das vezes como sinônimos, em outras, apontando diferenças
no sentido de cada uma delas. É necessário que haja uma real mudança de paradigma
no que concerne a instalações e tecnologias que abrangem não somente os alunos
sem deficiência, mas também os que apresentam deficiência física.

REFERÊNCIAS

ASSIS, C.P; MARTINEZ, C.M.S. A inclusão escolar e utilização de tecnologia assistiva


para alunos com sequelas de mielomeningocele: a opinião dos professores. Rev.
Educ. Espec. Santa Maria, v. 24, n. 39, p. 93-112, jan. /abr. 2011 Disponível em: Aces-
sado em 25/10/2013. BERSCH, R. Introdução à Tecnologia Assistiva. Centro Especi-
alizado em Desenvolvimento Infantil –

CEDI. Porto Alegre-RS, 2008. BRASIL. Casa Civil. Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional, LDB. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: CC, 1996.
Disponível em: Acesso em: 12 fev 2014.

54
CAMARGO, S.P.H.; BOSA, C.A. Competência social, inclusão escolar e autismo: re-
visão crítica da literatura. Revista Psicologia & Sociedade, 2009.

CIDADE, R.E. FREITAS, P.S. Educação física e inclusão: considerações para a prá-
tica pedagógica na escola. Revista Integração – MEC. Uberlândia-MG, 2000.

_________________________. Noções sobre Educação Física e Esporte para Pes-


soas Portadoras de deficiência. Uberlândia, 1997.

DISCHINGER, M; MACHADO, R. Desenvolvendo ações para criar espaços escolares


acessíveis. Revista da Educação Especial, Secretaria de Educação Especial. Brasília:
SEE, v.1, n.1, p.14-17, jul//2006.

GALVÃO FILHO, T. As novas tecnologias na escola e no mundo atual: fator de inclu-


são social do aluno com necessidades especiais? In: Anais do III Congresso Ibero-
Americano de Informática na Educação Especial, Fortaleza, MEC, 2009.

____________. A Tecnologia Assistiva: de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.; SO-


BRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação, comunicação, inclusão e interculturali-
dade. 1 ed. Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GLAT, R. FERREIRA, J.R. Panorama nacional da educação inclusiva no Brasil. Pa-


norama Nacional da Educação Inclusiva no Brasil, 2009.

LAUAND, G. B. A. Fontes de informação sobre tecnologia assistiva para favorecer a


inclusão escolar de alunos com deficiências físicas e múltiplas. 2005. 224 f. Tese
(Doutorado em Educação Especial) – Programa de Pós-Graduação em Educação Es-
pecial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005

55
LEITE, L.S Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. In:
POCHO Cláudia Lopes; AGUIAR Márcia de Medeiros; SAMPAIO Marisa Narcizio;
LEITE Lígia Silva (coord). 2. ed. revista e atualizada. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

MACIEL, M.R.C. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. Revista São


Paulo em Perspectiva. Nº 14. São Paulo-SP, 2000.

MANZINI, E. J. Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos adaptados.


In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: SEESP/MEC, p. 82-
86, 2005

MENDES, E.G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista


Brasileira de Educação, v. 11, n. 33 set./dez, 2006.

MILTON NETO, J.C. ROLLEMBERG, R.S. Tecnologias Assistivas e a Promoção da


Inclusão Social. Disponível em: Acessado em 10/11/2013. 19

NOGUEIRA, C. M. A história da deficiência: Tecendo a história da assistência à cri-


ança deficiente no Brasil. Rio de Janeiro: 2008. Disponível em: Acesso em: 11 fev.
2014.

OLIVEIRA, A.I.A; GAROTTI, M.F.; SÁ, N.M.C.M. Tecnologia de ensino e tecnologia


assistiva no ensino de crianças com paralisia cerebral. Revista Ciências & Cognição.
Vol. 13, 2008. PELOSI, M.B;

NUNES, L.R.O.P. Formação em serviço de profissionais da saúde na área de tecno-


logia assistiva: o papel do terapeuta ocupacional. Rev. Brás Crescimento Desenvolvi-
mento Humano. 2009.

ROCHA, C.A; CORTELAZZO, I.B.C. Necessidades Especiais, Docência e Tecnolo-


gias. I Fórum de Tecnologia e Inclusão. São Paulo-SP. 2006.

56
ROCHA, E.F; LUIZ, A; ZULIAN, M.A.R. Reflexões sobre as possíveis contribuições da
terapia ocupacional nos processos de inclusão escolar. Rev. Ter. Ocup. Univ. São
Paulo, v. 14, n. 2, p. 72-8, maio/ago. 2003.

ROCHA, T.B; MIRANDA, T.G. Acesso e permanência do aluno com deficiência na


instituição de ensino superior. Revista “Educação Especial”, v. 22, n. 34, p. 197-212,
maio/ago. 2009, Santa Maria Disponível em: Acessado em 25/10/2013.

RODRIGUES, M.E.N. Avaliação da tecnologia assistiva na sala de recursos multifun-


cionais: estudo de caso em Fortaleza – Ceará. Dissertação de Mestrado. Universidade
Federal do Ceará. Fortaleza-CE. 2013.

ROPOLI, E.A.; MANTOAN, M.T.E.; SANTOS, M.T.C.T.; MACHADO, R. A educação


especial na perspectiva da inclusão escolar a escola comum inclusiva. UFCE. Forta-
leza-Ce, 2010.

SEABRA, M; MENDES, E.G. Escolha dos recursos de alta tecnologia assistiva para a
inclusão escolar de crianças com paralisia cerebral. V Congresso Multidisciplinar de
Educação Especial. Londrina-PR, 2009.

SMEHA, L.N; FERREIRA, I.V. Prazer e sofrimento docente nos processos de inclusão
escolar. Revista “Educação Especial” n. 31, p. 37-48, 2008, Santa Maria. Disponível
em: Acessado em: 15/11/2013.

SOUSA, E.M.; TAVARES, H.M. Acessibilidade da criança com deficiência física na


escola. Revista Católica nº 04, vol. 02. PUC-CAMPINAS. 2001.

ZULIAN, M. A. R. Formação de professores da escola regular para receber a criança


portadora de necessidades motoras especiais. 2002. Dissertação (Mestrado) – Cam-
pinas, Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2002

57

Você também pode gostar