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Auriculoterapia chinesa com o uso de sementes no tratamento da


lombalgia aguda.

Rodrigo de Araújo Carminé1


rodrigo_carmine@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-Graduação em Acupuntura – Faculdade Ávila

Resumo
A dor lombar é uma queixa corriqueira nas sociedades modernas sendo umas das razões
mais comuns para aposentadoria por incapacidade total ou parcial, devido a isso, a coluna
vertebral deve receber uma maior atenção no que diz respeito à sua forma de utilização, pois
as lombalgias na sua maior parte são precipitadas pelas condições de determinadas
atividades que levam a assumir posturas inadequadas. Pautado nisso, o presente estudo teve
como objetivo destacar a eficácia da auriculoterapia com o uso de sementes no tratamento da
lombalgia aguda e fazer com que o estudo da acupuntura e a auriculoterapia identifique a
aplicabilidade do uso de semente no tratamento da dor lombar aguda. Esse estudo foi
elaborado com base em levantamentos bibliográficos realizados a partir de fontes científicas
publicadas no período de 1989 a 2010 tais como livros e artigos acessados através dos
portais Scielo, CAPES e Scribd. Os resultados encontrados com as pesquisas bibliográficas,
dentre as 55 obras observadas, vinte nove, entre livros e artigos científicos, foram
aproveitados no estudo. Constatou-se que a auriculoterapia é uma técnica indicada para
pacientes com dor lombar aguda, pois as inúmeras análises realizadas comprovam que este
tratamento acarreta a melhora do quadro álgico.
Palavras Chaves: Acupuntura; Auriculoterapia; Lombalgia

1. Introdução
A coluna vertebral possui duas funções contrárias, que são suas principais
características, que são a rigidez e a mobilidade. Mesmo a coluna lombar possuindo corpos
vertebrais maiores que aumentam a capacidade de sustentação de carga e bem adaptados para
a fixação dos grandes músculos do dorso, algumas pessoas acabam adquirindo a dor lombar
que é um mecanismo protetor e ocorrendo sempre que qualquer tecido for lesionado e é uma
queixa corriqueira nas sociedades modernas sendo umas das razões mais comuns para
aposentadoria por incapacidade total ou parcial, fazendo com que o indivíduo reaja ao
estímulo doloroso. A auriculoterapia é uma técnica ligada à acupuntura usada para os
tratamentos de saúde utilizando o pavilhão auricular, com isso aproveitando o reflexo que
essa técnica exerce sobre o sistema nervoso central. Dentre os processos, destaca-se o uso da
colocação de sementes, por ser um método menos traumático e doloroso para o indivíduo.
Neste procedimento são usados materiais esféricos, de superfície lisa, que realizam pressão
sobre os pontos auriculares. Nos dias atuais, os artifícios e estímulos que se utilizam sobre os
pontos auriculares para o tratamento das enfermidades continuam apresentando um extenso
desenvolvimento, onde o ingresso de novas técnicas adequa maior eficiência aos resultados.
1
Pós-Graduando em Acupuntura
2
Orientadora Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestranda em Aspectos Bioéticos e Jurídicos
da Saúde
2

Esse estudo tem como objetivo destacar a eficácia da auriculoterapia chinesa com o
uso de sementes no tratamento do paciente com o quadro de lombalgia aguda, e também
busca identificar a aplicabilidade do uso das sementes no tratamento do indivíduo com esse
tipo de patologia.

2. Revisão da literatura
A coluna vertebral possui duas funções contrárias, que são suas principais
características, que são a rigidez e a mobilidade. Esta sustentada pelo quadril servirá de base
para o crânio e de proteção à medula espinhal e se constitui em um tecido de alta
especialização e fragilidade, por onde passam todas as ordens motoras e sensitivas que irão da
periferia para o cérebro. Na medula espinhal estão acoplados 33 pares de feixes nervosos que
saem da região lateral da vértebra, no espaço formados pela união delas, para as inúmeras
regiões do corpo (COUTO, 1995 citado por PEQUINI, 2000).
A parte da coluna que protege a medula é formada por ossos chamados de vértebras que
totalizam 33 peças e estão divididas em quatro regiões: a cervical, que compreende o pescoço,
com sete vértebras e tem como fundamental função os movimentos de flexão e de rotação
lateral do pescoço; a torácica ou a dorsal que é compreendida pelo tórax com 12 vértebras e
possui pouca mobilidade; a lombar, situação na região do abdômen, com cinco vértebras tem
como função a aproximação do tronco ao chão e a região sacra com cinco vértebras fundidas
num só osso chamado de sacro e, por último, três ou quatro vértebras fundidas a esta região
do cóccix, ou seja, estas duas últimas formam a região sacrococcígea (KNOPLICK, 1982
citado por PEQUINI, 2000).

Figura 1 - Vértebra Lombar

A coluna lombar possui vértebras diferenciadas das outras regiões da coluna porque
seus corpos vertebrais são maiores e possui processos espinhosos resistentes e curtos. Esses
corpos vertebrais maiores aumentam a capacidade de sustentação de carga da coluna lombar
(KONIN, 2006).
Segundo Tortora e Grabowski, 2006, as vértebras lombares que vai da denominação
de L1 a L5 são as maiores e as mais fortes de toda a coluna e suas projeções são curtas e
espessas e os processos espinhosos são bem adaptados para a fixação dos grandes músculos
do dorso.
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A dor é um mecanismo protetor, ela ocorre sempre que qualquer tecido é lesionado,
fazendo com que o indivíduo reaja ao estímulo doloroso e pode ser classificada em dois tipos
principais que seria a dor aguda e a dor crônica. O sintoma da dor pode ser desencadeado por
vários estímulos e estão classificados em dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. Em
geral, uma dor rápida ou aguda é cometida por dois estímulos sendo eles o mecânico e o
térmico, enquanto que a dor crônica ou lenta pode ser desencadeada pelos três tipos de
estímulos (GUYTON e HALL, 2006).
As classificações da dor lombar possuem definições, hoje usadas comumente, tais
como a dor lombar temporária, que é um episódio no qual a dor na coluna está presente em
não mais que 90 dias consecutivos e não reincide por um período de observação de 12 meses,
a dor lombar aguda, que é a dor que não é recorrente ou crônica onde ocorre ataque imediato,
tem uma permanência de 0 a 3 meses, a dor subaguda é caracterizada pelo seu ataque lento e
com a duração semelhante a anterior e também possuí a dor crônica onde ocorre uma duração
mais longa que 03 meses, independentemente do ataque (COX, 2002).
A literatura traz a classificação quanto a sua localização e a distribuição das dores
lombares tais como a dor local, que seria a dor lombar inferior ou lombossacra (lumbago), a
dor irradiada é uma dor sentida geralmente da região inguinal ou da nádega ou na região da
coxa anterior, lateral ou posterior e em alguns casos pode ser distribuída mesmo abaixo do
joelho. Além dessas anteriores possuem também outros tipos de localização das dores que são
as dores radiculares, que é a dor distribuída ao longo do caminho da raiz nervosa espinal e é
causada por comprometimento direto do tecido nervoso e por último temos a ciatalgia que
literalmente significa “dor no quadril”, ou seja, era uma afecção local do nervo ciático na coxa
(COX, 2002).
A lombalgia e lombociatalgia aguda são definidas como as dores, tensões musculares
ou as rigidezes na região lombar, localizadas inferiormente a margem costal e superior às
pregas glúteas inferiores com ou sem dor na perna e há uma intolerância à atividade causada
pela dor lombar e, às vezes, com reflexos nas pernas, durando menos de 3 meses ou 12
semanas, com incidência em pacientes em torno de 25 anos de idade sendo que 90% desses
casos desaparecem em até 30 dias, com ou sem tratamento, seja ele, medicamentoso,
fisioterápico ou até mesmo com repouso. As causas mecânicas da dor lombar aguda incluem
disfunção musculoesquelética e de estruturas ligamentares. A dor pode se originar dos discos
e articulações intervertebrais, ligamentos e músculos. Em geral a lombalgia tem bom
prognóstico, se não estiver relacionada a causas secundárias, que são muito menos frequentes
(GARCIA FILHO, 2006; MENDES, 1999; ROSENTHAL, 1994; BOLNER, 2006).
A natureza física da dor aguda é um sinal de dano tissular real ou iminente que ocorre
no meio acometido e representa um sinal de disfunção biológica. Essa dor também pode se
originar de maneira psicológica podendo ser esclarecida dentro de uma ideia de experiência,
ambiente e em um contexto cultural de cada indivíduo acometido. Com a retirada da dor
aguda, ou seja, esse sintoma físico, o indivíduo acaba abolindo as reações psicológicas da dor
e a pessoa se sente adequada para regressar a seu modo de vida habitual (O´SULLIVAN e
SCHMITZ, 2010).
A lombalgia sempre tem sido uma queixa de grande importância para a humanidade.
Um levantamento estatístico realizado pelo Centro Nacional de Saúde Americano,
demonstrou que houve um crescimento de 14 vezes da população incapacitada pela dor
lombar no período entre 1970 a 1980, e isso se deve ao fato do aumento da frequência dessa
população, que possui esse tipo de queixa referida, nos consultórios pelo mundo. (NUNES,
1989; MIROUSKY e STABHOLTZ, 2003).
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As dores lombares provenientes de alterações musculoesqueléticas são as causas mais


comuns nas sociedades industrializadas e que acabam afetando cerca de 70% a 80% da
população adulta em algum instante da vida, sem a distinção de sexo, acarretando danos
preferencialmente em adultos jovens, em fase economicamente ativa, sendo assim o motivo
mais encontrado para uma aposentadoria por incapacidade parcial ou total, causando
patologias congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, tumorais e mecânico-
posturais (WOOD, 1998; GOIS, MACHADO e ROCHA, 2006).
Os aspectos das dores lombares podem ocorrer de várias formas sendo ela genética,
onde a dor lombar no período do crescimento já é uma previsão dessa algia quando adulto,
esforço repetitivo e seus derivados, trabalho físico pesado, posturas de trabalho estáticas,
inclinar-se e girar o tronco com frequência e vibrações, todos eles tem a idade como uma
importância certa dos riscos potenciais, além disso existe o aspecto da gravidez, o fumo, vôos
espaciais e outros (COX, 2002).
A principal indicação para a acupuntura no alívio da dor lombar é quando essa dor é
mecânica e quando ela é proveniente de pontos-gatilho miofasciais. Esses pontos poderão
ficar ativados através de uma sobrecarga muscular ou através de um trauma direto ou ainda e
com menos frequência ocorrer o pinçamento da raiz nervosa originada por um prolapso do
disco ou alterações espondilíticas como exemplos (BALDRY, 2008).
O tratamento médico existente para dores lombares agudas foi feito através de um
ensaio clínico randomizado que descobriu que o resultado do uso de esteróides epidurais
aumentou a proporção de pessoas que ficaram livres das dores, isso comparados com a
aplicação de lidocaína subcutânea, após três meses (BOLNER, 2006). Além do tratamento
médico indicado acima, há outras classes de medicamentos usados para tal finalidade como os
analgésicos, AINEs, mio relaxantes, opióides e antidepressivos (DUNCAN, SCHMIDT e
GIUGLIANI, 2006). Além disso, pelo fato de grande parte das dores serem recorrentes de
uma reação inflamatória provocada pela liberação de prostaglandinas e leucotrienos, os
corticosteroides estão sendo mais usados, esses tipos de drogas podem ser ministrada
oralmente, via intramuscular ou até mesmo via intratecal. Mesmo assim as injeções desse tipo
continuam sendo amplamente usada para a supressão da inflamação da raiz nervosa.
Atualmente, é administrada de forma invariável, sob o controle fluoroscópio (BALDRY,
2008).
As indicações para intervenção cirúrgica entre num consenso geral de opiniões em que
a discectomia lombar deve ser realizada naqueles casos em que acontece uma piora
significativa dos sintomas ao longo dos meses, juntamente com um aumento progressivo da
restrição da força para elevar a perna estendida e o desvio da coluna lombar para um lado e
outros tipos de indicações seria a dor deflagrada pela elevação da perna estendida
contralateral e também com uma perda das mudanças diurnas na elevação da perna estendida
do lado afetado. Com a ruptura parcial de disco, a mudança diurna com esse teste pode chegar
a 30º, mas quando a ruptura é completa. Isso não é mais observado e o prognóstico sem
cirurgia é ruim (BALDRY, 2008).
Embora o exame da coluna não sugira uma causa específica para a dor, vários sinais
físicos devem ser procurados porque eles ajudam a identificar os poucos pacientes que
precisam mais que o tratamento conservador. O exame físico inclui a observação do paciente
de pé, sentado, e deitado nas posições de supinação e pronação. A coluna também deve ser
examinada em repouso e em movimento de modo a observar posições ou movimentos que
exacerbem a dor e também ser realizada a palpação da coluna em que frequentemente não
fornece muitos dados para sugerir um diagnóstico. A dor no local induzida pela palpação de
uma vértebra pode sugerir osteomielite, em que seria uma associação incomum, fraturas do
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corpo vertebral ou expansão do espaço da medula óssea. Qualquer doença sistêmica que eleve
a perda mineral do osso e a substituição da medula óssea por células inflamatórias ou
neoplásicas faz com que enfraqueça o osso vertebral até o ponto em que fraturas possam
ocorrer espontaneamente ou com trauma mínimo. Medicações como os corticóides podem
levar a osteoporose intensa da coluna e resultar em fratura vertebral. Nesses casos a dor
intensa perdura por 3-4 meses e depois desaparece. Dor nos tecidos moles sobre o grande
trocanter é uma manifestação de bursite trocantérica. O exame do quadril deve fazer parte de
um exame completo já que alguns pacientes com artrite de quadril apresentam dor em região
glútea ou lombar. Nos casos de pacientes com dor em membro inferior associada à dor lombar
deve se proceder a um exame neurológico completo (CAVALCANTI, CANTINHO e
ASSAD, 2006).
No exame neurológico dos membros inferiores irá detectar pequenos déficits
produzidos por doença discal e déficits maiores acompanhando patologias como os tumores
de cauda eqüina. Fazer o paciente andar sobre os calcanhares e sobre os pododáctilos pode
rapidamente avaliar a integridade dos miótomos L5 S1. Um teste positivo da extensão do
membro inferior indica irritação da raiz nervosa. O examinador executa o teste elevando
passivamente o membro inferior no paciente na posição supina. O teste é positivo se produz
dor com o membro inferior elevado a 60º ou menos. Esse teste é particularmente sensível para
hérnias em L4-L5 ou L5-S1, mas pode ser falso negativo para hérnias acima desses níveis. O
teste da perna cruzada (também específico para hérnia de disco) consiste em elevar o membro
inferior como no teste anterior e é positivo quando essa elevação produz dor no lado oposto
ao do membro elevado. As hérnias de disco produzem déficits previsíveis para os níveis
afetados. Déficits de múltiplos níveis sugerem tumor de cauda eqüina, abscesso peridural ou
outro processo importante que exige avaliação e tratamento urgente (CAVALCANTI,
CANTINHO e ASSAD, 2006).
Diante do grande número de pessoas que sentem dores lombares, a fisioterapia auxilia
na redução ou eliminação das dores, podendo o paciente assim, voltar a fazer suas atividades
da vida diária. A importância do estudo, tratamento e a prevenção da dor lombar se justificam
pela sua alta prevalência na população e pelo expressivo impacto socioeconômico negativo
gerado pelos casos de incapacidade física temporária ou não (GREVE; AMATUZZI citado
por SATO e ROSAS 2007).
Os tratamentos conservadores trazem algo que pode ajudar a melhorar as dores
ocasionadas nos fatores já mencionados, um dos tratamentos pode ser passado como um
repouso a curto prazo seguido de mobilização ou seja, um repouso no leito absoluto nas duas
primeiras semanas seria o necessário e junto também com o aumento da mobilização e com
realização de um programa progressivo de exercícios (BALDRY, 2008).
O tratamento do aparelho locomotor por acupuntura é praticado desde a antiguidade
no mundo oriental, especialmente nos processos inflamatórios, no entanto, trabalhos sobre o
tratamento de lombalgias por acupuntura é escasso (SENNA, 2003 citado por SILVA,
BANDEIRA e BERALDO, 2005).
A acupuntura é um método da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) utilizada desde
2.000 a 3.000 anos anteriores a Cristo. No ocidente, a prática foi introduzida por missionários
jesuítas há aproximadamente 300 anos. Porém, foi a partir de 1970 que esta passou a ser
estudada, especialmente por seus efeitos analgésicos (PARRIS & SMITH, 2003; SANTOS &
MARTELETE, 2004; AMMENDOLIA et al.,2008 citado por TAFFAREL e FREITAS,
2009). Esta consiste na inserção de agulhas em pontos anatômicos específicos do corpo, com
o objetivo de produzir efeito terapêutico ou analgésico (LIN, 2006 citado por TAFFAREL e
FREITAS, 2009). A MTC baseia-se nas teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos (LUNA,
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2002; LIN, 2006 citado por TAFFAREL e FREITAS, 2009). Segundo seus conceitos, o
campo eletromagnético da vida (Qi) no organismo flui por todos os órgãos, e a comunicação
entre estes ocorre pelos meridianos. Alterações nesse fluxo manifestariam sintoma de
acúmulo (Yang – quente ativo) ou deficiência (Yin – frio, passivo) de energia. A colocação de
agulhas em pontos de Yin e Yang normaliza esse desequilíbrio (DRAEHMPAEL &
ZOHMANN, 1997; ULETT et al., 1998; LIN, 2006; POVOLNY, 2008 citado por
TAFFAREL e FREITAS, 2009).
Os chineses acreditam que todo o universo funcione por dois princípios, yin e yang, o
negativo e o positivo, e que tudo o que se vê exista em virtude da constante influência mútua
dessas duas forças, sejam seres animados ou inanimados (MANN, 1994 citado por
CHIQUETTI, 2004).
A polaridade yin/yang é base da filosofia, diagnóstico e terapêutica oriental. Quando
alguma pessoa é calma, temos referência do que é ser agitado. Se encontrarmos o calor é
porque conhecemos o frio. Todos nós temos nosso lado generoso e nosso lado avarento, duas
faces complementares, por vezes equilibradas, por vezes tendendo mais para um lado do que
para o outro. Tudo apresenta uma polaridade. Nada é só yin ou só yang. Nada é só positivo ou
negativo. Forças antagônicas são complementares e necessárias. No Su Wen, livro básico da
medicina chinesa, destaca-se os diagramas cuja tradução é a seguinte: “O céu é o acúmulo de
yang. A terra é o acúmulo de yin.” O fogo é yang e a água é yin. Yang é a agitação. Yin é a
serenidade. O céu e o sol são yang. A terra e a lua são yin. Dentro do yang tem yin. Dentro do
yin tem yang (CURVO, 1998 citado por CHIQUETTI 2004).
Os princípios do yin e yang estão presentes em todos os aspectos da teoria chinesa, são
utilizadas para explicar a estrutura orgânica do corpo humano, funções fisiológicas, leis
referentes a causas e evoluções das doenças. O corpo é um todo organizado, composto de
duas partes ligadas estruturalmente, porém opostas yin/yang, são eles os dois polos que
estabelecem os limites para os ciclos de mudança. A medicina chinesa baseia-se no equilíbrio
destas duas forças no corpo humano, a doença é vista como um rompimento desse equilíbrio.
As duas partes yin/yang do corpo devem estar em equilíbrio relativo para que se mantenham
normais as suas atividades fisiológicas, o equilíbrio é destruído por fatores de adoecimento,
podendo ocorrer o predomínio ou a falta de uma das duas partes, se transformando em
processos patológicos (COSTA, 2003 citado por CHIQUETTI, 2004).
Hipócrates, no século V a.C, fez uso da orelha para fins contraceptivos já o médico
português Zacutus Lusitanus, século XVII d.C. já fez o uso do membro para fins terapêuticos,
mas foi recentemente, na década de 50, que a orelha representava um feto de cabeça para
baixo, daí foi sendo estabelecido o homúnculo, o homem na orelha, localizando os órgãos,
vísceras e membros (SANTOS, 2010).
As costas são os locais em que todos os canais Yang fluem. Eles carregam energia
Yang e apresentam a função de proteger o organismo de fatores patógenos exteriores. A
natureza Yang é Exterior e protege. A natureza Yin é Interior e nutre. Assim, os canais
localizados nas costas pertencem ao Yang e podem ser utilizados tanto para revigorá-lo como
para fortalecer a nossa resistência aos fatores patógenos exteriores e, também, para eliminar
os fatores patogênicos que invadem o organismo. Para acupuntura a dor muscular nos
membros é quase decorrente em razão de uma retenção do elemento Umidade no espaço entre
a pele e o músculo. Essa dor é um sintoma comum na síndrome postural de cansaço
(MACIOCIA, 2007).
Os pontos da acupuntura tradicional chinesa localizam-se na linha medial no chamado
canal Du, e na região paravertebral, no chama canal da bexiga (BALDRY, 2008).
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A lombalgia, na ciência oriental, é atribuída ao clima frio e úmido. O início dos


sintomas pode ser insidioso, indicando que o frio é de dentro. Na lombalgia, sendo de caráter
a síndrome de frio consta-se na avaliação oriental a presença de alguns sintomas, como o
paciente não apresenta sede, nem vontade de ingerir líquidos, palidez facial, camada
superficial da língua lisa e esbranquiçada e pulso mais lento. Em relação ao diagnóstico para
detectar o excesso ou deficiência dos elementos são encontradas as características de
deficiência que indica fraqueza do organismo e de seu sistema de defesa ou desgaste,
decorrente de alguma doença prolongada, e o excesso, por sua vez, indica que há reação
vigorosa do organismo no decorrer da doença. As síndromes de deficiência e excesso também
indicam o tempo da doença, longa e curta, respectivamente (WEN, 1985 citado por SILVA,
BANDEIRA e BERALDO, 2005).
Um episódio de dor lombar aguda pode depois se tornar crônica, resultando em
rigidez além da dor. Uma debilidade crônica da energia do rim tende a produzir dor crônica,
especialmente na velhice. No tratamento por acupuntura, são usados alguns pontos sensíveis
locais no meridiano da bexiga com o objetivo de fortalecer o Xu do Rim Yin. A dor também
pode ser decorrente da estagnação do Qi e sangue. A ciência oriental tem o objetivo de
restabelecer a circulação de Qi e sangue, regulando o yin e o yang, eliminando a dor,
removendo a estase e relaxando o espasmo muscular (SENNA, 2003 citado por SILVA,
BANDEIRA e BERALDO, 2005).
A dor lombar apresenta-se como uma síndrome de deficiência de Yin e então há
excesso de Yang. Seus sinais e sintomas são: calor, rubor facial, boca seca, palmas e plantas
dos pés quentes, ansiedade, sudorese, obstipação, língua avermelhada. A síndrome de Yin-
Yang é a que incorpora em si todas as outras classificações, isso porque a síndrome Yin
corresponde às síndromes profundas de deficiência e frio, enquanto que a síndrome de Yang
compreende as síndromes superficiais de excesso e calor (WEN, 1985 citado por SILVA,
BANDEIRA e BERALDO, 2005).
Como normalmente existe uma etiologia misturada para os problemas ocasionados nas
costas, a importância dos fatores que contribuem deve ser investigada, não apenas para
ocorrer um tratamento eficaz, mas para que se possa também proporcionar conselhos
adequados sobre as mudanças necessárias no modo de vida do indivíduo. Os canais
envolvidos nos problemas direcionados as costas são os canais da Bexiga e o Vaso
Governador e, a uma menor incidência, os canais da Vesícula Biliar e Intestino Delgado. Os
principais sistemas de órgãos envolvidos são os Rins e, a um menor grau, o Fígado (ROSS,
2003).
A auriculoterapia é uma técnica ligada à acupuntura usada para os tratamentos de
saúde utilizando o pavilhão auricular, com isso aproveitando o reflexo que essa técnica exerce
sobre o sistema nervoso central. Quando associada com acupuntura é obtido um dinamismo
no processo de equilíbrio e cura das enfermidades físicas e mentais porque cada orelha possui
pontos reflexos que correspondem a todos os órgãos e funções do corpo (SOUZA, 2007).
A auriculoterapia trata disfunções e promove analgesia através do estímulo em pontos
reflexos situados na orelha externa ou no pavilhão auricular. A orelha é um dos vários
microssistemas do corpo humano, assim como as palmas das mãos, as plantas dos pés, o
crânio, as regiões laterais da coluna vertebral. De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa
– MTC – o pavilhão auricular possui mais de 200 pontos para tratamento em sua parte
anterior e posterior (REICHMANN, 2000 citada por CHIQUETTI, 2004).
Na auriculodiagnóstico os distúrbios pertinentes a um órgão ou suas funções irão
sofrer uma alteração na pigmentação na área auricular correspondente podendo apresentar
manchas, tubérculos, vascularizações, secura ou maior secreção sebácea, esses são sinais
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claros da existência de algum desequilíbrio onde há também o aumento extremo da


sensibilidade ao toque ou à aplicação de agulhas no ponto correspondente (SOUZA, 2007).
A prática da auriculoterapia se baseia em um método no qual utiliza o pavilhão
auricular para avaliação e tratamento das disfunções emocionais, orgânicas e dores em geral.
Dessa prática existe a auriculoterapia francesa e a chinesa. Esta existe pontos fisiológicos e
patológicos e o sistema nervoso, é um sistema flutuante, ou seja, os pontos não são fixos e só
se projetam se refletem na orelha quando há um distúrbio correspondente. Sendo assim, o
ponto do fígado só estará presente na orelha se houver um distúrbio ligado a ele. Na técnica
chinesa é levada em conta a influência dos meridianos que passam próximo a orelha, onde é
praticada habitualmente a tonificação e sedação (SANTOS 2010). Esse recurso utiliza-se do
estímulo de determinados pontos que se localizam no pavilhão auricular, para reequilibrar o
organismo. São feitos estímulos com pressão (esferas de ouro ou prata, sementes), com
pequenas agulhas em forma de espiral (chamadas agulhas semipermanentes), ou também
estímulos com raio laser ou outros aparelhos que provocam uma pequena descarga elétrica
sobre os pontos específicos (BONTEMPO, 1999 citada por CHIQUETTI, 2004).
Souza, 2007, explica que a orelha, segundo a medicina tradicional chinesa, seria o
local de chegada do Tong –Mo (ativa). Ela se comunicaria com os doze meridianos existentes
no nosso corpo da seguinte forma:
a) Diretamente com a vesícula biliar, triplo aquecedor, intestino delgado, intestino
grosso, coração e fígado;
b) Indiretamente com o meridiano da bexiga, rim, circulação sexo, pulmão, baço,
pâncreas e estômago.
Através dos meridianos principais e secundários chamados de King Lo, o Yin Yang
chega à aurícula e constitui um sistema de reunião da energia vital. A auriculoterapia influi
sobre cinco órgãos, seis vísceras e quatro membros da medicina chinesa, refletindo, assim, o
estado mórbido de todo corpo e acaba ocorrem a sensibilidade dos meridianos principais e
vice-versa. Assim quando os pontos relacionados à coluna lombar na aurícula se manifestam
dolorosos, o ponto B64 também estaria em desequilíbrio. Na auriculoterapia as regiões do
cérebro são sensibilizadas devido aos estímulos nervosos oferecidos pela terapia através da
abundância de inervação presentes no local. Os pontos presentes na superfície da orelha têm
relação direta com determinados pontos do cérebro. E esse está diretamente ligado pela rede
do sistema nervoso a determinados órgãos ou regiões do corpo, comandando suas respectivas
funções. A aplicação de um estímulo auricular, mesmo sendo débil, acelera uma série de
reflexos que provocam reações imediatas ou demoradas, temporárias ou permanentes,
passageiras ou definitivas, todas elas de natureza terapêutica. O efeito é praticamente
imediato. O estímulo leva o cérebro a agir sobre todos os órgãos, membros e suas funções,
equilibrando e harmonizando o organismo, provocando assim a eliminação dos males que o
afligem (SOUZA, 2001 citado por CHIQUETTI, 2004).
Método simples, a auriculoterapia permite, por sua facilidade de aplicações, agir
rápido e ser eficaz. Ela traz um auxílio sério a todas as outras terapêuticas. Por ser uma terapia
pouca custosa, ela apresenta a vantagem de poder ser praticada sem o auxílio de aparelhos
sofisticados. Com o conhecimento desta técnica o terapeuta poderá agir, aliviar e
frequentemente curar em qualquer situação (NOGIER, 1998).
Segundo Nogier, 1998, a prática da auriculoterapia pode ser indicada para diversos
problemas na vida de uma pessoa, entre eles podemos colocar em destaque os itens a seguir:
a) As Algias: A técnica age particularmente nas algias, é sua primeira indicação. Todas
as dores, quais quer que sejam, podem ser influenciadas, atenuadas, aliviadas e, as
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vezes, suprimidas pelo tratamento efetuado no orelha. Poderemos aliviar o doente, em


média rapidamente, conforme a importância de sua perturbação e conforme sua reação
diante da terapêutica;
b) A Urgência: A auriculoterapia pode prestar grandes serviços em todos os casos que
houver necessidade de um alívio rápido por parte do paciente;
c) Perturbações Psíquicas: As indicações dessa terapia não se limitam somente a dores.
A Auriculoterapia é aconselhada nos estados de sofrimento que se manifestam no
sistema nervoso central por crises de ansiedade ou de depressão. Assim, pode-se agir
sobre um grande número de perturbações funcionais que, aparentemente, não podem
ser melhoradas facilmente por nossos procedimentos clássicos (angústia, agorafobia,
obsessão, concentração intelectual insuficiente, dislexia, vertigens, gagueira, etc.);
d) Perturbações do sistema autônomo: Nesse caso a técnica age sobre as perturbações
funcionais viscerais, frequentemente penosas, relacionadas com perturbações do
sistema autônomo e que são pouco influenciadas pela terapêutica habitual. Nesses
casos, ela traz um suporte eficaz aos tratamentos medicamentosos, porque ela torna
paciente mais sensível aos medicamentos;
e) As intoxicações: Na auriculoterapia pode favorecer particularmente a abstinência em
muitas intoxicações (tabaco, medicamentos, drogas, etc.).
De acordo com Nogier, 1998, a terapêutica auricular também poderá ser
contraindicada para os seguintes casos:
a) Estado reacional anormal: É a mais importante que é feita por alguns estados devido
a problemas de ordem psicológica. Em uma auriculoterapia elementar, não se pode
tratar tais pacientes, que devem ser confiados absolutamente a um especialista;
b) Gravidade da doença: Devemos se preocupar com a importância da doença. Não se
deve tratar, sem precaução, algumas doenças, tais como, uma hipertensão grave,
arterite coronariana, úlcera gástrica, etc. Da mesma forma, um doente sob tratamento
com anticonvulsivo não deve ser privado de seus medicamentos ao ser tratado pela
auriculoterapia;
c) Neurolépticos fortes: A terapia não tem ação sobre os doentes tratados com
neurolépticos fortes. Esses medicamentos se constituem obstáculos reais à
auriculoterapia;
d) Mulher Grávida: É preciso evitar tratar inconsideradamente uma gestante. No caso
de um tratamento, é preciso limitar-se aos pontos autorizados;
e) Bloqueios vertebrais: A terapêutica auricular é ineficaz no tratamento dos bloqueios
vertebrais e particularmente no tratamento do bloqueio da primeira costela;
Ainda colocando em pauta os métodos para detecção de pontos patológicos, Santos,
2010, que esses métodos podem contribuir para sobressair no pavilhão auricular os pontos que
correspondam aos equilíbrios. A detecção visual pode ir a procura de pontos roxos ou pápulas
roxas com ou sem escamas ao redor que significa enfermidades ou inflamações agudas. Os
pontos esbranquiçados constituem uma disfunção e quando esses pontos vêm acompanhados
com uma protuberância sebácea fixa tem uma leitura que esteja ocorrendo uma inflamação
crônica. Em muitos casos, a detecção visual nos mostra a parte do corpo em desequilíbrio e
também podem surgir elevações, depressões e cordões.
De acordo com Souza, 2007, as técnicas de tratamento auricular imposta pelos antigos
mestres da acupuntura eram transmitidas aos seus discípulos privilegiados, razão pelo qual
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não consta nos manuais de acupuntura e não sendo, assim, divulgado para o conhecimento da
maioria dos profissionais desta área. Para auriculoterapia, um desses segredos era o uso de
três pontos, sempre iniciando qualquer tipo de programa da terapia. Esses três pontos
constituem a Auriculocibernética que é o chamado processo de tratamento que consiste na
aplicação dos seguintes pontos e necessariamente na ordem a seguir:
a) Shenmen: É o primeiro ponto utilizado para o início do tratamento, em que é
necessária uma aplicação profunda. Nas crises de dor, febre ou mal estar, aplica-se
em ambas as orelhas. Antes de qualquer outro ponto, o Shenmen precisa ser
estimulado fortemente, mesmo que o paciente se queixe de incômodo local. Esse
ponto será responsável para predispor o tronco e o córtex cerebral a receber e
decodificar os reflexos dos pontos que serão usados a seguir, provoca também, o
cérebro a produção de cargas de hormônios naturais, semelhante às endorfinas, que
aliviarão as dores e o mal estar do paciente, produzindo um efeito sedativo. Às
vezes o uso de um estímulo apenas nesse ponto faz com que elimine ou atenue a
enfermidade como nos casos de dores agudas na coluna e o excitação também
desse ponto dá o cérebro as condições ideais para decodificar, modular e
condicionar os reflexos que as agulhas seguintes provocarão na aurícula,
impedindo, com isso, que ocorram desequilíbrios que possam levar a novas
indisposições;
b) Rim: É o nome dado ao segundo ponto a ser estimulado na auriculoterapia em que
é usado para estimular a filtragem do sangue pelos rins, as funções do sistema
respiratório, o aumento das funções das glândulas endócrinas e as funções dos
órgãos excretores;
c) Simpático: Já o terceiro ponto a ser aplicado em qualquer tratamento auricular ele
fica responsável pela função de acelerar e regular as atividades do sistema
neurovegetativo, equilibrando as funções do sistema nervoso simpático e
parassimpático, provocando, assim, um equilíbrio geral no organismo, estimula,
também, as funções da medula óssea, agindo sobre o tecido ósseo através do
aumento no metabolismo do cálcio com isso equilibrando a formação e
regeneração do periósteo. Esse ponto quando tonificado provoca uma
vasodilatação tornando uma circulação mais ativa e quando sedado, para analgesia,
ocorre uma hemostasia nos locais de intervenção cirúrgica. E por último, tem uma
ação sobre os tecidos musculares provocando uma ação antiinflamatória,
resultando em um relaxamento ou tonificação das fibras do sistema musculo-
tendinoso.
Segundo Santos, 2010, na técnica auricular existem pontos que tem sua fisiologia
voltada para uma ação ampla no organismo e descritos abaixo como:
a) Ponto Zero: É o centro geométrico e fisiológico da orelha. Localizado num
entalhe ou chanfradura, na raiz da hélix, no ramo ascendente, facilmente sentido
com a unha. É um ponto doloroso em todas as enfermidades e deve ser usado
quando não existem pontos ou, ao contrário, quando existem muitos pontos;
b) Shenmen: Como dito anteriormente, mas agora em outras palavras, o Shenmen
possui uma ação tranquilizante, sedativa, hipnótica e um grande efeito sobre o
prurido. É um forte analgésico, qualquer que seja a origem da dor. Pode se dizer
então que é o ponto mais utilizado para analgesia. Ele consegue reduzir a febre,
neutraliza intoxicações, trata enfermidades inflamatórias, possui ação no fígado e
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por extensão nos processos alérgicos, é um dos pontos obrigatórios por ser um dos
que tem as maiores ações terapêuticas;
c) Supra Renais: Podendo ser chamado de ponto do atleta, ele sendo estimulado
tende a um aumento da energia geral. Trata a pressão arterial, trata hemorragias
(sangramento e coagulação) sendo, por conseguinte vasodilatador e vasoconstritor.
Indicado nas perturbações inflamatórias, alérgicas, reumáticas, trata os problemas
de pele, ação dores articulares. É um ponto importante nos distúrbios da
sexualidade;
d) Secreção Interna: É o ponto para a síntese hormonal. Todos os distúrbios
relacionados ao sistema endócrino, atuando nas disfunções ginecológicas, na
tensão pré-menstrual, nos processos circulatórios e alérgicos.
O Pavilhão auricular com seus relevos variados e anatomia peculiar o que faz com que
muitos ensinem a orelha como ter a semelhança de um feto de cabeça para baixo ou até
comparado a um funil revestido por partes cartilaginosas e carnudas. A teoria do feto, como
diz alguns autores que nasceu da semelhança da orelha com os órgãos do corpo, não tem
fundamento e nem deve ser usado como base no tratamento com a auriculoterapia. A relação
entre a aurículo e organismo baseia-se nos feixes e terminações nervosas contidas na orelha e
consequentemente a relação destas com o cérebro (SOUZA, 2007 e NOGIER, 1998).
Segundo Souza, 2007, cada orelha pode ser divida em 22 zonas anatômicas situadas na
região anterior e posterior da mesma e que cada um desses pavilhões existem 200 pontos,
totalizando 400 pontos na soma dos dois pavilhões auriculares.

Figura 2 - Vista anterior do pavilhão auricular

A anti-hélix ou antélice é uma emanação cartilaginosa que nasce, por duas raízes, da
região superior do pavilhão auricular. Essas duas raízes delimitam com a borda uma região
triangular que é denominada de fosseta triangular. E a antélice tira a concha de prumo, ao
descer, e termina em uma formação piriforme chamada de antítrago e faz parte da região
flutuante do pavilhão. Inervada por uma parte do terceiro ramo do trigêmeo, e não pode ser
comparado com a concha, que é dominada pelo parassimpático, mas essencialmente pelo
ortossimpático. Em seu nível encontra-se todo o sistema de relação: os membros, as
articulações, a coluna vertebral, as costelas, mas também o coração, cujas projeções reflexas
são mais importantes sobre a parte interna do pavilhão (NOGIER, 1998).
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Outras definições para os pontos auriculares relacionados à coluna lombar podem citar
o situado no espaço entre a borda do anti-hélix e a concha cimba, ao nível do ponto
relacionado ao abdômen. Esse ponto não só serve para a lombalgia aguda como também para
o tipo crônica, bem como outros tipos de patologia tais como a distensão dos músculos
dorsais, cólicas renais, ciatalgias, herpes zoster costal, espondilite anquilosante,
espôndiloartrose, hérnia discal, esclerose lateral amiotrófica e esclerose múltipla (SOUZA,
2007).
As vértebras lombares são mais difíceis de ubicar, já que não há locais de deflexão. A
única referência anatômica é a união da raiz ascendente com a raiz inferior da anti-hélix que
corresponde à 2ª vértebra sacra (NOGIER e BOUCINHAS, 2006).
Nos dias atuais, os artifícios e estímulos que se utilizam sobre os pontos auriculares
para o tratamento das enfermidades continuam apresentando um extenso desenvolvimento,
onde o ingresso de novas técnicas adequa maior eficiência aos resultados (GUIMARÃES e
BOUCINHAS, 2001 citado por BOHRER, 2005).

3. Materiais e Métodos
Esse estudo foi elaborado com base em levantamentos bibliográficos realizados a
partir de fontes científicas publicadas no período de 1989 a 2010 tais como livros e artigos
acessados através dos portais Scielo, CAPES e Scribd.

4. Resultados e Discussão
Dentre as 55 pesquisas encontradas, o estudo se aprofundou em aproximadamente 29,
aos quais pudemos observar a importância do profissional acupunturista a respeito do
conceito de lombalgia e domínio das técnicas da Auriculoterapia que se referem aos
diagnósticos e aplicações das técnicas inseridas no cenário clínico do atendimento e
tratamento aos portadores de lombalgia aguda. Através destas pesquisas, foi verificado que a
técnica auricular, que é um método não agressivo e controlável, é a bem aceita no tratamento
lombalgia aguda, possuindo, assim, bons resultados. Segundo alguns profissionais e
estudiosos afirmam que ocorre uma melhora psicossomática sobre a dor obtendo uma ação
analgésica cumulativa com a repetição do tratamento e assim alcançando resultados
satisfatórios e eficientes.
Há várias teorias sobre os mecanismos de ação da auriculoterapia. Dentre as mais
aceitas e conhecidas são: a nervosa e a fisiológica por intermédio do sistema reticular ativador
ascendente do tálamo, e a de equilíbrio do yin/yang da acupuntura através dos canais de
energia principais e colaterais. A orelha é rica em nervos e vasos sanguíneos. Os pontos
usados para tratamentos, presentes no pavilhão auricular, correspondem à união de níveis
energéticos e nódulos nervosos que, uma vez estimulados, devolve o equilíbrio orgânico
(BONTEMPO, 1999 citada por CHIQUETTI, 2004).
Estudos mostram que para se obtiver um diagnóstico auricular é necessário deitar o
paciente em decúbito dorsal e o terapeuta se posicionando atrás do paciente e posicionando as
duas orelhas com o polegar por cima e o indicador por baixo, apertando sempre com a mesma
pressão para colocar os pontos doloridos em evidência. Observa-se o aparecimento ou não do
“sinal de careta”. Com isso aplica-se no local dolorido um palpador com pressão constante de
150 ou 250 gramas e observa-se o sinal acima mencionado, e localizando o ponto dolorido
deve-se realizar a marcação do mesmo com um lápis dérmico. A detecção dos pontos feitas
através do palpador de pressão é considerada um método confiável em virtude que através de
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pesquisas, que os resultados do diagnóstico auricular por dor, palpador de pressão, e os da


detecção eletrônica são quase idênticos, porém diferem por ser a detecção pela dor mais
demorada e mais propensa a erros por fatores subjetivos principais do paciente que são a sua
sensibilidade e seu medo, enquanto a detecção eletrônica é mais fácil, rápida e clara
(NOGIER e BOUCINHAS, 2006).
Em se tratando das condições dolorosas encontradas, o palpador de pressão é
normalmente a ferramenta mais adequada para se achar os pontos auriculares que precisam de
tratamento e todos os pontos dolorosos localizados no pavilhão auricular devem ser tratados
(SANTOS, 2010).
Dentre os processos, destaca-se o uso da colocação de sementes, por ser um método
menos traumático e doloroso para o indivíduo. Neste procedimento são usados materiais
esféricos, de superfície lisa, que realizam pressão sobre os pontos auriculares. A permanência
das sementes inseridas no pavilhão auricular pode ocorrer por um período de 3 a 7 dias, sendo
que entre um atendimento e outro a orelha deverá ter um período de descanso de um dia,
evitando a acomodação dos pontos estimulados. A estimulação após a aplicação das sementes
deve ser realizada pelo próprio paciente, de três a cinco vezes por dia, auto massageando as
orelhas, o que gera uma maior participação e desempenho em relação à melhora do quadro
(GARCIA, 1999 citado por BOHRER, 2005).
Santos, 2010, menciona que a frequência das aplicações e a duração do tratamento
dependem sempre, entre outros fatores, do quadro que se tem na real situação. É tratada uma
orelha em cada sessão e alternam-se as orelhas, iniciando o tratamento pela orelha direita
numa pessoa destra e pela orelha esquerda numa pessoa canhota, já em um paciente
ambidestro o uso de qual orelha será ao gosto do acupunturista. Deixar as sementes por um
período superior a sete dias parece não trazer nenhuma vantagem terapêutica e, ao contrário,
alguns casos necessitam um tempo menor entre as aplicações.

5. Conclusão
A terapêutica deve ser entendida e respeitada pelo paciente, para que assim atinja os
melhores níveis de melhora e tenha uma melhor função da coluna lombar.
Embora, ainda existam outras formas de abordagem na medicina tradicional chinesa
de pacientes com quadro de dor lombar, a auriculoterapia têm se mostrado de grande valia e
eficácia na abordagem dos mesmos, restaurando a função articular normal e promovendo um
equilíbrio da função muscular.
A Auriculoterapia e a medicina chinesa tornam-se efetivas para avaliação e tratamento
destes indivíduos, reabilitando-os e trazendo em menor espaço de tempo para o convívio
laboral e social. Portanto torna-se necessário o profissional ficar atento às especificações de
conhecimentos necessários das técnicas de diagnóstico e aplicação exigidas para área de
tratamento da coluna e selecionar critérios de acordo com a situação do paciente de quais
dessas técnicas usarem e quando trocá-las ou então pará-las conforme o andamento do
tratamento do indivíduo. O relacionamento do uso da auriculoterapia para o tratamento de
indivíduos que possuem dor lombar aguda constatou- se que, como alternativa, é uma técnica
indicada para pacientes com dor lombar aguda, pois as inúmeras análises realizadas
comprovam que este tratamento acarreta a melhora do quadro álgico.
Sugerimos que mais estudos precisam ser realizados com o intuito de verificar os
efeitos mecânicos e neurofisiológicos da auriculoterapia nos tipos de pacientes mencionados
no trabalho.
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