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RESUMO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM EM BRUMADINHO

No dia 25 de janeiro de 2019 a barragem Mina do Feijão de Brumadinho, rompeu


e despejou 12 milhões de metros cúbicos de lama na bacia do Rio Paraopeba,
tragando centenas de vidas. Até ontem, quina-feira, haviam sido contabilizados
248 mortos, e 22 pessoas ainda estão desaparecidas, de acordo com as equipes
que atuam no resgate de vítimas.
Só são contabilizados como vítimas de acidente de trabalho os funcionários da
Vale, incluindo os terceirizados. Entre os mortos encontrados também há
moradores, mas boa parte das pessoas ainda não encontradas é de funcionários da
mineradora.

O que aconteceu?
Para o especialista, essa situação só vai mudar quando três fatores forem
endurecidos e respeitados: fiscalização, prevenção e punição.
"Se não houver fiscalização dura e punição com prisão, as empresas vão
continuar pensando que não faz sentido investir em segurança porque nunca serão
punidas. Eu trabalho em cinco universidades e três cursinhos e nunca vi um fiscal
do trabalho. Tem locais que não têm tablados, extintores. Imagine em escolas
públicas. Se pegar fogo, todo mundo morre", afirmou.
Em casos de morte em acidente de trabalho, os especialistas dizem que tanto os
filhos quanto os cônjuges devem receber pensão. Os filhos deverão ter o benefício
até os 25 anos de idade, caso fizerem faculdade até essa idade. Se a vítima não
tiver filhos, seus pais podem receber o valor.
Há ainda a indenização com projeção de tempo de vida útil, calculada a partir da
idade e o quanto ainda poderia produzir até o fim natural de sua vida.
Causas do acidente

A principal linha de investigação é o acúmulo anormal de água e a falha no


sistema de drenagem. A PF afirma que chegou a esta conclusão a partir dos
depoimentos dos investigados e das perícias realizadas no local da tragédia.
Governo sabia desde 2015 que fiscalização de barragens beirava o "colapso"
"Uma das linhas de apuração aponta para a possibilidade de acúmulo de água e
saturação da barragem e para uma possível falha no sistema de drenagem como
eventuais causas de saturação da barragem e de seu consequente rompimento",
informou o órgão. A PF destacou ainda que, além dos crimes ambientais, estão
sendo investigados os crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e
homicídio.
O que é um acidente de trabalho?
De acordo com a lei trabalhista de 1991, é considerado acidente de trabalho
qualquer ato que traga dano a pessoas que tenham vínculo com o emprego. Eles
se dividem em três tipos.
Há o acidente típico, como o que ocorreu em Brumadinho, quando o funcionário
se machuca ou morre durante o trabalho. Existem também as doenças
ocupacionais, causadas pela atividade relacionada ao seu trabalho, como
tendinite, lesões na coluna e estresse.
Já o acidente de trajeto é aquele que acontece durante o deslocamento entre a casa
e o trabalho.
No caso de Brumadinho, além da ação trabalhista, deve haver um processo
tributário, administrativo e a Vale deve responder criminalmente por lesão
corporal e homicídio.
E o desastre de Brumadinho já soma novas vítimas fatais para essa triste
estatística.
Importante ressaltar que em caso de acidente de trabalho fatal, os herdeiros das
vítimas possuem direito a indenizações trabalhistas, que, via de regra, tem os
valores arbitrados de acordo com a gravidade, culpabilidade e o poder econômico
da empresa. Contudo, desde 11 de novembro de 2017, com a entrada em vigor da
reforma trabalhista, a nova lei passou a limitar as indenizações por danos morais a
50 (cinquenta) vezes o salário da vítima. Isto é, se o trabalhador recebia R$ 1 mil
a título de salário, a indenização por danos morais, em tese, não poderá
ultrapassar R$ 50 mil.
Esse tipo de indenização tem como objetivo, além de reparar minimamente a dor
dos familiares, disciplinar a empresa, ou seja, penalizar o empregador para que
tais fatos não se repitam.
A Vale, além de estar avaliada em dezenas de bilhões de reais, é reincidente, o
que, se não fosse a reforma trabalhista, certamente levaria as indenizações a um
patamar superior este limite imposto pela lei.
Vale ressaltar, que o teto em questão se aplica apenas aos processos trabalhistas,
que certamente serão movidos pelos familiares dos trabalhadores. Eventuais
indenizações devidas aos moradores atingidos não se limitam ao respectivo teto.
A Vale certamente responderá uma série de processos trabalhistas, cíveis e
criminais pelo desastre ocorrido em Brumadinho.

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