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Centro universitário das faculdades metropolitanas unidas

Gabriel Cremonezi Fabre

RA: 6808489

Atividade Prática Supervisionada

APS Direito das relações do trabalho

São Paulo

22/09/2021
O assunto tratado no texto “Combate ao trabalho forçado. Manual para
empregadores e empresas” apesar de parecer algo que não deveria ser mais
discutido no cenário atual, ainda é muito recorrente vermos situações de
trabalho forçado. Ainda que existam diversos dispositivos legais no mundo
inteiro, que condenam a prática deste crime, inclusive a Declaração dos
Direitos Humanos, diversas pessoas estão sujeitas ainda a este tipo de
trabalho.

De acordo com o texto, pobreza, discriminação e a pouca fiscalização


para evitar esse tipo de acontecimento, são as principais causas do aumento
de casos descobertos de trabalho forçado, as pessoas acabam se sujeitando a
esta situação por conta dos pontos expostos, principalmente a pobreza.

O significado de trabalho forçado de acordo com a convenção de


número 29 da OIT, trabalho forçado é: “todo trabalho ou serviço que for
extraído de qualquer sob ameaça de qualquer penalidade para o qual a referida
pessoa não tiver se oferecido voluntariamente.”, ou seja, aquela pessoa que
sofre algum tipo de penalização por se recusar a trabalhar, é considerado um
trabalhador forçado, penalização que pode ser violenta (ou até mesmo sexual),
podendo haver também a perda de emprego futuro ou até mesmo a perda de
direitos.

Um ponto levantado pelo texto, e que trata de um crime muito sério


também, além do trabalho forçado, é o de tráfico de pessoas, que acabam
muitas vezes resultando no trabalho forçado, e que de acordo com o Protocolo
de Palermo, o tráfico de pessoas é: “O recrutamento, transporte, transferência,
abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força, ou
outras formas de coerção, abdução, fraude, engano, abuso de poder ou
posição de vulnerabilidade, de dar ou receber pagamento ou benefício, para
que tenha o consentimento ou o controle sobre outra pessoa para exploração.”.
Como já foi dito, o tráfico humano, além de possivelmente resultar na
exploração do trabalho (trabalho forçado), este crime pode resultar em outros
tipos de exploração, como a sexual por exemplo, e por conta disso existem
diversas discussões acerca do assunto internacionalmente.
O texto confeccionado pela OIT traz à tona as principais modalidades de
trabalho forçado, como por exemplo o trabalho por dívida, em que a pessoa
acaba por oferecer seu trabalho para que sua dívida seja perdoada. Outro tipo
de trabalho forçado citado no texto, é em prisões, em que os presos são
obrigados a trabalhar sem a fiscalização do órgão público. Como dito no
parágrafo anterior, existe também aquele que ocorrem em decorrência do
tráfico de pessoas, em que as pessoas sofrem violências de todos os tipos.
Existe um tipo de trabalho forçado, que muitas pessoas desconhecem, que é o
de coerção de emprego, em que não é pago o salário, e se tem dívidas
induzidas.

A OIT também levanta um ponto importante, que são os locais mais


comuns de ser encontrado o trabalho forçado, sendo na agricultura, na
construção, na indústria têxtil, mineração, madeireiras, serviços de cuidados e
também na prostituição, onde geralmente se tem, em sua maioria, pessoas
mais “carentes”, que possuem pouco estudo, e que geralmente estão com
diversas dívidas, necessitando qualquer emprego. Com isso, essas pessoas
são facilmente seduzidas por empregadores, ou até mesmo traficantes de
pessoas, com uma oportunidade de trabalho fácil e com retorno quase que
imediato, fazendo com que essas pessoas caiam em um regime de trabalho
forçado, e que dificilmente tenham a oportunidade de saírem sem nenhum
prejuízo.

De acordo com os princípios do direito do trabalho, o empregado deve


ser livre para entrar e sair de um contrato de trabalho, voluntariamente, sem
que haja qualquer tipo de ameaça ou de pressão, se o contrato for firmado
sobre qualquer tipo de pressão ou ameaça, o trabalho passará a ser
considerado forçado, pois violou o direito do trabalhador escolher se firmaria ou
não o contrato.

Outro levantamento importante feito pelo texto, é o trabalho infantil,


formas de trabalho que eram comuns a centenas de anos atrás, em que
crianças eram tratadas como escravas, e expostas a condições degradantes.
Uma das consequências do trabalho forçado, é o trabalho infantil, e que por
incrível que pareça, esse tipo de trabalho ocorre através de agências privadas,
que fazem deste tipo de atividade algo muito lucrativo.
Como conclusão, “Combate ao trabalho forçado: manual para
empregadores e empresas” cita algumas maneiras de acabar com o trabalho
forçado, sugerindo que as empresas sempre busquem saber de onde vem os
produtos que seus fornecedores oferecem, e como são fabricados, fazendo
com que o trabalho forçado seja desincentivado. Outra ação que pode ser
adotada pelas empresas, é conscientizar a vulnerabilidade de imigrantes
ilegais, que podem acabar sendo vítimas do trabalho forçado.

Apesar de ser um regime de trabalho repudiado no mundo todo, o


trabalho forçado é muito comum, e é um assunto de extrema importância a ser
tratado não só por empresas, mas também por lideranças mundiais. As
pessoas que acabam por se submeter a este tipo de regime, em sua maioria
são pessoas com pouco estudo, com pouca orientação, e que estão precisando
de dinheiro, geralmente por conta de dívidas que não conseguem pagar, então
são facilmente seduzidas por essas “agências” com propostas de empregos
com retorno quase que imediato, dando esperanças aquela pessoa, porém,
quando ela se dá conta, não possui seus direitos trabalhistas e não podem sair
daquela situação. Como já dito anteriormente, além de praticar o trabalho
forçado, essas agências privadas cometem o tráfico humano, expondo as
pessoas à regimes análogos a escravidão, e são submetidas a diversos tipos
de violência, principalmente as sexuais.

“A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por


unanimidade, condenar por dano moral coletivo os proprietários de duas
fazendas localizadas na Rodovia Transamazônica no interior do Estado do Pará
(PA). Eles submetiam trabalhadores a situação degradante, análoga à
escravidão. Na decisão em que se deu provimento a recurso do Ministério
Público do Trabalho, fixou-se o valor da condenação em R$ 200 mil por
descumprimento de normas trabalhistas de saúde e higiene.

O processo judicial teve origem na denúncia de que 80 empregados


responsáveis pela derrubada de árvores e retirada de raízes para a formação de
pastagens ficavam alojados em barracos cobertos de palha e lona plástica no
meio da mata. Segundo a denúncia, feita por um dos empregados, as
necessidades fisiológicas eram realizadas a céu aberto, sem qualquer
privacidade, e a água para consumo era de má qualidade, retirada de córrego
nas proximidades do alojamento.

O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com sede em Belém (PA),


afastou a condenação por dano moral coletivo que havia sido imposta pela 1ª
Vara do Trabalho de Tucuruí (PA). Para o TRT, o descumprimento de regras
mínimas de saúde e higiene, por si só, não caracteriza “escravidão moderna”,
tampouco as más condições de trabalho possibilitam o reconhecimento de dano
moral. O Ministério Público recorreu ao TST.

A Sétima Turma decidiu pela condenação por dano moral coletivo.


Segundo os ministros, a jurisprudência do TST é no sentido de obrigar o
empregador a assegurar “condições mínimas de saúde, higiene e segurança aos
empregados onde quer que eles sejam levados para executar seu trabalho”.
Apesar de o TRT não haver identificado condições análogas às de escravo, o
próprio Tribunal Regional destacou o descumprimento de normas trabalhistas de
saúde e higiene.

Para os ministros, os proprietários das fazendas submeteram os


empregados a condições degradantes de trabalho.

(DA/GS)

Processo: RR-198000-50.2006.5.08.0110”
“Quatro empresas que atuavam em cadeia produtiva para a construção
de uma torre de telefonia no norte do Espírito Santo foram condenadas,
solidariamente, por submeter profissionais a condições análogas às de escravos.

As violações aos direitos trabalhistas ocorreram ao longo de uma situação


de cadeia produtiva, envolvendo quatro empresas: a primeira, empresa de
telefonia (com sede em Londrina/PR), contratou a segunda (com sede em São
Paulo/SP), para locação de uma área no distrito de Araguaia, no município de
Marechal Floriano.

Na sequência, a segunda empresa contratou a terceira (com sede em


Cuiabá/MT), para execução dos serviços de instalação, a qual, por sua vez,
subcontratou a quarta (com sede em Marituba/PA), que recrutou onze
trabalhadores no estado do Maranhão para a montagem da torre, em outubro de
2014.

Durante esse período, os empregados foram submetidos a condições


degradantes: não havia abrigo contra chuva, sol, vento e calor; local para as
refeições; instalações sanitárias, nem fornecimento regular de EPI.

Ao término do serviço, os trabalhadores não receberam salário e verbas


rescisórias, e ainda tiveram suas carteiras de trabalho retidas. Foram
abandonados à própria sorte, longe de suas famílias, sem garantia de
alimentação e moradia e impedidos de retornar às suas casas por não terem
dinheiro para comprar passagens de volta ao Maranhão, e em razão dos
empréstimos que foram obrigados a contrair para arcar com as despesas de
hospedagem e alimentação.

A sentença determinou que as empresas condenadas destinem o valor da


indenização reparatória aos danos morais coletivos (R$ 200 mil, à vista) ao
Hospital Padre Máximo, de Venda Nova do Imigrante, bem como o valor
correspondente ao arrendamento mensal da torre de telefonia de Araguaia, ao
longo de cinco anos.

De acordo com o juiz titular da VT de Venda Nova, Paulo Eduardo


Politano, o hospital foi escolhido por se tratar de instituição filantrópica, de
assistência aos doentes em geral, que presta relevantíssimos e reconhecidos
serviços a toda a região e a pessoas de outros locais do país quando
acidentados na BR 262.”

Bibliografia:

http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/fazendeiros-sao-
condenados-por-manter-trabalhadores-em-situacao-analoga-a-de-escravos

https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/31/Documentos/conven%C
3%A7%C3%A3o%20da%20OIT%20n.%2029.pdf
http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/OIT-Protocolo-de-
Palermo.pdf

https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_227292/lang--pt/index.htm

https://www.csjt.jus.br/web/csjt/noticias-dos-trts/-
/asset_publisher/q2Wd/content/trt-da-17-regiao-es-mantem-sentenca-que-
condenou-empresas-do-ramo-de-telefonia-por-trabalho-analogo-a-de-escravo

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