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CONTEXTO HISTÓRICO

O termo “trabalho análogo ao de escravo” deriva do fato de que o trabalho escravo formal foi
abolido pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Até então, o Estado brasileiro tolerava a
propriedade de uma pessoa por outra não mais reconhecida pela legislação, o que se tornou
ilegal após essa data.

No Brasil, o entendimento do trabalho análogo ao escravo acontece a partir de quatro


modalidades (descritas abaixo) como promover condições degradantes de trabalho, fazer com
que as funções aconteçam de maneira forçada, condicionar jornadas exaustivas e gerar
trabalho no regime de servidão.

O governo federal brasileiro assumiu a existência do trabalho escravo contemporâneo perante


o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995. Assim, o Brasil se tornou uma
das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a ocorrência do problema em seu
território. De 1995 até 2021, mais de 57 mil trabalhadores foram libertados de situações
análogas a de escravidão em atividades nas zonas rural e urbana.

Em termos práticos, é possível afirmar que o trabalho escravo nunca foi abolido totalmente no
território nacional. Atualmente, apesar da grande quantidade de trabalhadores escravizados
no país, o Brasil é considerado internacionalmente um dos países mais avançados em esforços
governamentais e não governamentais para acabar com esse problema. "Apesar de o Brasil
registrar recentes avanços no combate à escravidão de forma definitiva, ainda há muitos
problemas que ainda precisam ser diagnosticados e erradicados, haja vista o grande número
de pessoas estimadas vivendo em condições sub-humanas de trabalho. O escravismo é
considerado internacionalmente uma violação grave aos direitos humanos, no sentido de
explorar e privar o ser humano do exercício de sua liberdade e ferir a sua dignidade."

O QUE É TRABALHO ANALOGO A ESCRAVIDÃO


Quando um trabalho é considerado semelhante à condição de escravatura isso
significa que ele compromete a saúde e bem estar do trabalhador na mesma medida
em que retira dele direitos humanos essenciais.
Existem dois fatores essenciais que influenciam na consideração dessa analogia à
escravidão: o primeiro se refere à lesão aos direitos humanos, enquanto o segundo se
vale do desrespeito às regras estipuladas nos artigos 5º e 7º da Constituição Federal,
que são, respectivamente, direitos fundamentais dos cidadãos e dos trabalhadores.
Não é apenas a ausência de liberdade que faz um trabalhador escravo, mas sim de
dignidade. Todo ser humano nasce igual em direito à mesma dignidade. E, portanto,
nascemos todos com os mesmos direitos fundamentais que, quando violados, nos
arrancam dessa condição e nos transformam em coisas, instrumentos descartáveis de
trabalho. Quando um trabalhador mantém sua liberdade, mas é excluído de condições
mínimas de dignidade, temos também caracterizado trabalho escravo.

Tipos de trabalhos análogos à escravidão:


Todas as quatro categorias geram danos relacionados com as regularidades
trabalhistas e também a dignidade do trabalhador.
Condições degradantes de trabalho: se encaixam nessa modalidade ações como o
não fornecimento de água potável ou em quantidade insuficiente, a falta de sanitários
ou em um número que não atenda a demanda dos trabalhadores, falta de alojamentos
adequados e a exposição a acidentes e doenças que podem ser provocadas, por
exemplo, pela ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Trabalho forçado: se encaixa nesta categoria atos como o de restringir a locomoção do
trabalhador, a retenção de documentos e não pagamento de salário, que pode fazer
com a vítima se sinta obrigada a permanecer no trabalho para receber.
Jornadas exaustivas: são as jornadas longas, mas também as que possam causar
danos físicos, psíquicos e emocionais ao trabalhador, impedindo que o organismo dele
se recupere no período de descanso.
Servidão por dívida: acontece principalmente por meio de descontos irregulares no
salário, com a cobrança sem combinação prévia por ferramentas, transporte e comida
vendida apenas no local de trabalho e por um valor acima do comum.
No Brasil, atualmente, a modalidade mais comum é a de situações degradantes de
trabalho.

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO


"Por não ser uma prática legalmente aceita em quase todo o mundo e ser condenada
por organismos internacionais, a escravização de pessoas pode ser resumida em um
ciclo que se repete na maioria dos casos. Esse ciclo possui seis etapas cíclicas e uma
única saída possível para que ele seja encerrado. Os tópicos a seguir explicam melhor
como o ciclo do trabalho escravo funciona:

Vulnerabilidade socioeconômica: As vítimas do trabalho escravo contemporâneo são


pessoas com baixa renda ou desempregadas, geralmente com pouca instrução, que
procuram uma saída para as condições precárias em que vivem. Muitas delas estão
nas zonas rurais ou em pequenas cidades.

Aliciamento e migração: Pessoas chamadas “gatos” são as responsáveis por aliciar as


pessoas em situações vulneráveis ao trabalho escravo. Como convencimento, os
gatos prometem uma boa remuneração e boas condições de trabalho. As pessoas
aliciadas são levadas para longe de seus locais de origem, muitas vezes até para
outros países. Essas pessoas acumulam, ao longo de sua trajetória, dívidas
impossíveis de serem quitadas com o ordenado que receberão dos patrões. A primeira
dívida é adquirida pela passagem que levará a pessoa até o seu local de trabalho.
Muitas das vítimas são crianças, e uma grande parcela, de crianças ou não, é
explorada sexualmente. Em muitos casos, a exploração sexual acontece sem sequer a
vítima saber que estava sendo levada para a prostituição.

Trabalho escravo: Ao chegarem a seus destinos, as vítimas deparam-se com as reais


condições a que serão submetidas. Condições degradantes de trabalho, alimentação e
alojamento; aquisição de dívidas, além da passagem, com ferramentas, alimentação,
alojamento; e a retenção dos documentos, até que as vítimas quitem as suas dívidas.
Junto a todas essas violações dos Direitos Humanos, vem a baixa remuneração, que
impossibilita que a dívida seja paga.

Fuga: Em geral, existem casos de pessoas que conseguem fugir dos locais de
trabalho e dos patrões criminosos que as escravizam. Essas pessoas colocam suas
próprias vidas em risco, pois há os criminosos ligados ao trabalho escravo e ao tráfico
de pessoas (os quais montam um arsenal) e vários capatazes para manterem as
vítimas sob controle. Se as vítimas que fogem conseguirem êxito, elas podem
denunciar a sua situação para as autoridades, o que nos leva ao próximo ponto do
ciclo.

Fiscalização e libertação: Ao receber uma denúncia, o Ministério Público do Trabalho,


o Ministério Público, as polícias ou qualquer autoridade estatal têm o dever de acatar a
denúncia e investigar aquilo que foi denunciado. Esse tipo de fiscalização é
importante, pois é o que leva à libertação das vítimas do trabalho escravo.

Pagamento de direitos: No Brasil, os criminosos responsáveis pela escravização de


pessoas podem sofrer até penas de reclusão. Além de qualquer punição legal, que
pode, inclusive, ser branda, os condenados devem realizar indenizações pela situação
gerada à vítima e pagamento de direitos trabalhistas retroativos, como salário mínimo
compatível com a jornada trabalhada e com o que estabelece a convenção trabalhista
que rege a função exercida. Também devem ser pagos direitos, como férias
remuneradas, adicional de férias, fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) e
décimo terceiro salário.

Vulnerabilidade socioeconômica: Infelizmente, muitas vítimas do trabalho escravo


retornam para as suas terras natais e para a situação de penúria em que se
encontravam no início do ciclo, ou seja: o desemprego, a baixa remuneração, a
miséria, a fome etc. No entanto, essa situação pode ser revertida com a atuação de
setores (governamentais ou não) que promovam a erradicação do trabalho escravo ou
a assistência às vítimas."

FONTES:
https://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/#:~:text=O%20termo
%20%E2%80%9Ctrabalho%20an%C3%A1logo%20ao,tornou%20ilegal%20ap
%C3%B3s%20essa%20data.

https://www2.unifap.br/radio/trabalho-escravo-entenda-essa-grave-violacao-dos-
direitos-humanos/#:~:text=O%20governo%20federal%20brasileiro%20assumiu,do
%20problema%20em%20seu%20territ%C3%B3rio.

https://brasilescola.uol.com.br/brasil/trabalho-escravo-no-brasil-atual.htm

https://brasilescola.uol.com.br/brasil/trabalho-escravo-no-brasil-atual.htm

https://www.oitchau.com.br/blog/trabalho-analogo-a-escravidao-entenda-o-que-e/

https://csb.org.br/destaques/trabalho-analogo-escravidao-o-que-e-como-reconhecer-e-
como-denunciar

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