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TURMAS: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO FISCAL, TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA


PERÍODO DO CURSO: 2º
DOCENTE: LUCIANA AMORIM

AULA 02:
INTRODUÇÃO AO DIREITO TRABALHISTA
E PREVIDENCIÁRIO
INTRODUÇÃO

Nesta aula analisaremos os conceitos de trabalho de Direito, Fato Econômico e Fato Social,
veremos se o ser humano sempre trabalhou, como surgiu o Direito do Trabalho e,
posteriormente e como consequência, o Direito Previdenciário.

Veremos também a evolução das Relações de Trabalho, passando pela escravidão, o


Feudalismo e as Corporações de Ofício, para chegar ao Trabalho Subordinado, na
Revolução Industrial.

Definiremos os princípios e fontes que servem de base e dão origem aos Direitos do
Trabalho e Previdenciário e a hierarquia das fontes, para finalmente verificarmos a
natureza jurídica tanto do Direito do Trabalho como do Previdenciário, se são públicos ou
privados e como operam suas prescrições.
OBJETIVO

Conhecer os Fundamentos, os Princípios e a Evolução


Histórica, até os dias de hoje, do Direito Trabalhista e
Previdenciário.

Demonstrar a natureza jurídica do Direito do Trabalho


e do Direito Previdenciário e Analisar a Ocorrência de
Prescrição.
TRABALHO, SEGURIDADE SOCIAL E DIREITO

Algumas definições são fundamentais para o entendimento desta matéria. Assim,


definiremos Trabalho, Seguridade Social e Direito.

TRABALHO:

Trabalho é todo esforço físico ou mental para


obter um resultado, em benefício próprio ou
de terceiro.

Com base nesta definição, indagamos: o ser


humano sempre trabalhou?
TRABALHO, SEGURIDADE SOCIAL E DIREITO

DIREITO:

Direito é o conjunto de princípios, normas e Instituição que regula alguma coisa no


convívio social. E o ser humano é um animal racional e gregário, que, por segurança e
instinto de preservação, vive em grupo ou em sociedade.

Assim, se o ser humano sempre trabalhou, esforçando-se ao menos para se alimentar,


podemos concluir que sempre existiu o Direito do Trabalho?

Se a resposta for não, indagamos: por que?


TRABALHO, SEGURIDADE SOCIAL E DIREITO

SEGURIDADE SOCIAL:

A solução está no fato econômico, isto é, se todos os insumos forem abundantes, se derem
para contemplar todos do grupo, não haverá conflito, não havendo necessidade de
regulamentação através do Direito.

Todavia, se os fatores forem raros ou insuficientes para atender a todos, haverá


necessidade de regular o seu uso pela sociedade ou pelos grupos através do Direito.
RELAÇÕES DO TRABALHO

As Relações do Trabalho tiveram suas raízes em três etapas antecedentes:

ESCRAVIDÃO: Havendo abundância de fatores econômicos e compatibilidade social, não


há conflito e prevalece a paz social, o trabalho é comunitário e seus frutos são partilhados.
No entanto, havendo algum fator raro, incompatibilidade social ou noção de propriedade,
surge o conflito. Mental ou numericamente, os mais fortes e organizados tendem a
dominar e subjugar os mais fracos ou dispersos.

Em um primeiro momento, os vencedores sacrificavam os vencidos. Posteriormente, os


vencedores passaram a escravizar os vencidos para usufruir de seu trabalho em serviços
exaustivos e sem nenhum tipo de remuneração.
RELAÇÕES DO TRABALHO

Assim, como estavam subjugados, os escravos passaram a ser tratados juridicamente


como bens de produção, sendo objeto de compra e venda, hipoteca, etc.

A escravidão era considerada justa e ética na Grécia, no Egito e em Roma. Na Idade Média,
eram escravizados os bárbaros e infiéis. Mais tarde, nas Américas, no período colonial,
índios e negros. Somente a Revolução Francesa proclamou a escravidão indigna, e em 1857
ela foi banida dos territórios dominados pela Inglaterra.

Obs.: Escravos libertos alugavam seus serviços, surgindo assim os primeiros assalariados.
RELAÇÕES DO TRABALHO

SERVIDÃO: Foi um tipo de Relação de Trabalho muito generalizado até a Idade Média, em
que o indivíduo, embora não tivesse a condição jurídica de escravo, não tinha liberdade,
sendo uma característica das sociedades feudais. Sua base legal estava na posse da terra
pelos senhores, que se tornavam possuidores de todos os direitos, inclusive sobre seus
habitantes, numa economia baseada na agricultura e pecuária.

Embora não fossem escravos, os servos estavam sujeitos a severas restrições, inclusive de
deslocamento. A eles eram assegurados os direitos de herança de animais, objetos
pessoais e o uso de pastos, mas o imposto sobre a herança cobrado pelos senhores
absorvia de forma abusiva os bens dos herdeiros.

Abaixo dos servos, haviam aqueles que haviam perdido o arado os animais e o direito do
uso do posto, e trocavam seus serviços por alimentação e habitação.

A Servidão começa a desaparecer no final da Idade Média.


RELAÇÕES DO TRABALHO

CORPORAÇÕES DE OFÍCIO: Iniciam a transição da economia


doméstica para a economia de consumo primário. A fuga do
homem do campo, onde o poder dos nobres era quase
absoluto, concentrou as populações nas cidades,
principalmente os que conseguiam se manter livres. A
identidade de profissão aproximou alguns homens, dando
origem às Corporações de Ofício.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Vários acontecimentos ou fatos tecnológicos, econômicos, jurídicos, políticos e sociais


ocorreram na Europa – principalmente na Inglaterra e na França - no espaço aproximado
de cem anos, entre o início dos séculos XVIII e XIX.
FATOS TECNOLÓGICOS

Destacam-se as invenções ou o desenvolvimento da máquina de fiar, a fundição do ferro


em aço, o tear mecânico, a máquina a vapor e dos navios. Primeiro houve a retração dos
empregos depois a expansão, porém com salários baixos, como ocorre na robotização, nos
dias de hoje.

FATOS ECONÔMICOS

Transformação da economia de consumo primário para a economia de consumo de


massa, com um vasto mercado necessitando de bens.
FATOS JURÍDICOS

Surgimento de contrato de trabalho subordinado: o homem livre do campo, fugindo do


absolutismo dos senhores feudais, só possuía para sobreviver e se alimentar a sua força de
trabalho; então, a vendia a quem se dispusesse a pagar por ela, que adquiria o direito de
determinar o que e como fazer. Esta condição, bem como a natureza alimentar do salário e
o poder de comando do empregador, foram fatos básicos na formação do Direito do
Trabalho e das Modernas Relações do Trabalho.

FATOS POLÍTICOS

A classe capitalista almeja o poder na sociedade e dentro da Doutrina Liberal, se


contrapondo ao absolutismo dos senhores feudais, prega que a liberdade com
fraternidade geraria a igualdade e que todos, através do voto, poderiam exercer o poder.
FATOS SOCIAIS

Os trabalhadores vindos do campo se aglomeram em favelas em torno das fábricas; o


sistema liberal e a grande exploração dos trabalhadores em um capitalismo selvagem, sem
qualquer visão social, os levava a condições de vida sub-humanas.

Ocorrendo cada vez mais oferta de mão de obra do que de emprego, os salários diminuem
e as condições de trabalho se precarizam.

Os trabalhadores, suas mulheres e filhos se dedicam a jornadas de até 12 horas diárias,


mas não conseguem condições dignas de sobrevivência. Neste momento percebem que há
algo injusto.
SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - DIREITO DO TRABALHO
CORPORAÇÕES DE OFÍCIO

As Corporações de Ofício eram compostas por três classes:


CORPORAÇÕES DE OFÍCIO

Por trabalharem juntos, e pelo fato de que, em casos de acidentes ou doenças, quem não
produzia não recebia e não tinha como se manter e a seus familiares, os que produziam,
solidários com os que estavam doentes, separavam espontaneamente parte de seus
rendimentos para ajudar no socorros aos desvalidos, surgindo as caixas de socorro mútuo
ou Mútuas, que foram o embrião da futura Seguridade e Previdência Social. E o Direito do
Trabalho?

Ele se origina com vários fatos a seguir informados, mas chamamos a atenção para os
fatos jurídicos, sociais e tecnológicos.
SAIBA MAIS

Princípios ou Fundamentos do Direito do Trabalho e Previdenciário.

Conceitualmente, princípios são as ideias fundamentais e estruturais que servem para


informar, normatizar e interpretar o Direito. Assim, os princípios do Direto Trabalhista, que
estudaremos primeiro, e do Previdenciário, que veremos depois, servirão de base para
tomada de decisões e planejamento, pois a legislação segue esses princípios.

• Princípios do Direito do Trabalho;


• Princípios do Direito Previdenciário.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO APLICÁVEIS AO DIREITO
TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIO

1. Razoabilidade da Conduta Jurídica.


2. Boa-fé nos contratos.
3. Intransferibilidade de direito maior que o possuído.
4. Não beneficiamento com a própria malícia.
5. Pactua Sunt Servanda – cumprir os contratos.
6. Não prejudicar a outrem pelo exercício do próprio direito.
7. Não há condenação sem defesa.
VEJAMOS AS ORIGENS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
FONTES E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO TRABALHISTA E
PREVIDENCIÁRIO

A natureza jurídica de um direito determina a qual dos dois grandes ramos do Direito -
Público ou Privado - ele pertence, e é de grande importância para entendermos a aplicação
do direito, iniciando pelas fontes.
DIREITO PÚBLICO

A definição básica do Direito Público é: Ramo do Direito em que a intervenção do Estado


na relação jurídica e na elaboração da norma é total.

Ex.: Direito Penal, Direito Constitucional, Direito Tributário e Direito Previdenciário.

Direito Privado: É aquele em que a autonomia das partes na relação jurídica é grande ou
total, embora sempre exista alguma intervenção do Estado para proteger a sociedade ou o
grupo abrangido.

Ex.: Direito Civil, Direito Comercial e Direito Trabalhista.


DIREITO PÚBLICO

Já o Direito Trabalhista é um ramo do Direito Privado, pois, uma vez respeitados os direitos
mínimos estabelecidos em Lei para proteger os trabalhadores de forma individual, as
partes (empregado e empregador) são livres para estabelecer ou contratar o que
quiserem.

De forma coletiva, envolvendo o Sindicato Laboral, a autonomia é muito maior, como


veremos ao tratar do Direito Coletivo.

Feitas estas explicações, passamos ao estudo das Fontes, abordando inicialmente as


Fontes gerais, em seguida as peculiaridades do Direito do Trabalho e posteriormente do
Previdenciário.

FONTES
A palavra Fonte significa origem, local onde nasce. Assim, neste contexto, Fonte é a força
criadora que dá origem ao Direito.
FONTES AUXILIARES: Os princípios gerais (previstos no Art. 8º da CLT) do Direito,
Jurisprudência, Analogia e Equidade.
FONTES MATERIAIS: Para existir um Direito são necessários os seguintes elementos:
a) Pessoas Físicas ou Jurídicas e Bens
b) Vínculos Jurídicos entre elas
c) Interesse ou valor que as pessoas ou a sociedade têm pelo vínculo de Norma ou Regra
para regular os vínculos jurídicos.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA: É a vontade das partes na relação jurídica.
FONTE FORMAL IMPERATIVA: São as regras de conduta ou normas (Leis) propriamente
ditas.
INTERNACIONAIS: Normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotadas pelo
brasil.
ESTATAIS: Constituição Federal, CLT, Decretos, Portarias.
Obs: O Direito Previdenciário, por ser público, sua fonte é somente a ESTATAL (Constituição
e Leis); as demais se aplicam ao direito do Trabalho.
MISTAS: Sentenças Normativas – Dissídio Coletivo feito pelo Tribunal do Trabalho (TRT).
PROFISSIONAIS: Acordos e Convenções Coletivas feitas por sindicatos e Empresas
(Acordos), Sindicatos Obreiro e Patronal (convenção Coletiva).
HIERARQUIA DAS FONTES ESTATAIS OU IMPERATIVAS

O conhecimento da hierarquia das Fontes Imperativas ou Estatais é muito importante para


decidirmos, entre várias normas ou leis, qual delas seguir. Assim, tanto no Direito do
Trabalho quanto no Direito Previdenciário, a seguinte ordem hierárquica Estatal deve ser
observada:
Para o Direito de Trabalho, após as Fontes Estatais, a seguinte hierarquia de Fontes
Imperativas deve ser observada:

7. FONTES MISTAS: Sentenças Normativas do TRT ou TST em Dissídios Coletivos.


8. FONTES PROFISSIONAIS: Acordos ou Convenções Coletivas de trabalho e Regulamento
de Empresas.

A Fonte Primária – a vontade das partes - fica como última fonte, porque uma das partes
(o empregado) é mais fraca que a outra (o empregador) e sua vontade pode ser
contaminada, coagida ou distorcida (Princípios da Proteção ao Economicamente mais
Fraco).

O Direito do Trabalho, dentro do Princípio da Proteção ao Economicamente mais Fraco,


tem a peculiaridade de, quando a norma for mais favorável no trabalhador, permitir a total
inversão da hierarquia das Leis. Assim, se um empregador quiser conceder um adicional
de 200% para a hora extra aos trabalhadores da empresa, embora a Constituição Federal
em seu artigo 7º determine 50% valerá o estipulado pelas partes, que é mais favorável ao
trabalhador.
PRESCRIÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS

A Prescrição tem por base a segurança jurídica, ou seja, uma ação para postular um direito
não pode ficar pendente para sempre. Assim, a Lei estabelece prazos para que as partes
envolvidas postulem seus direitos.

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