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Sumário:
1. Introdução
Que nos valha Clóvis Beviláqua, um íntegro: pessoa humana, cidadão e sábio.
O Direito - essencialmente o Direito do Trabalho - é um instrumento de humanismo, por sua causa
e finalidade.
Evolui quando os direitos já reconhecidos são estendidos a um maior número de pessoas naturais;
quando intensificam-se os direitos reconhecidos, e quando cresce sua efetividade.
Quando há mais liberdade, menos e menor desigualdade, e, normativamente falando, avolumam-se
os direitos constitucionalizados ou verticalizados.
O Direito do Trabalho evoluiu e está evoluindo, rápida e consideravelmente. Nascido por causa da
Primeira Revolução Industrial, tendo por centro irradiante a pessoa-trabalhadora, suas primeiras
normas protegeram os operários (industriais), para em seguida alcançarem trabalhadores de outros
setores da economia e até trabalhadores agrários e estatais, em notável é rápida expansão
horizontal subjetiva. A par disso, houve intensificação dos direitos trabalhistas reconhecidos e
assegurados.
Do ponto de vista técnico-normativo, primeiro foram as leis esparsas; seguiram-se-lhes a
sistematização, em consolidações e códigos, e, finalmente, em Constituições.
Assim foi em quase todo o espaço cultural no qual o nosso maltratado Brasil está inserido. Variável
no tempo e em grau, mas com inegável vocação cosmopolita e "universal".
- No processo histórico-jurídico, culminando com a verticalização constitucional, os primeiros
direitos declarados, proclamados e constitucionalizados foram os " individuais", que marcaram e
deram nome ao individualismo, que iria dominar até bem pouco, e concorrer dialeticamente para
declaração e proclamação dos direitos " sociais", entre os quais os trabalhistas são dos mais
típicos e importantes, pessoal e socialmente.
- Esses " direitos individuais" dos cidadãos (civis e políticos), abstrata e socialmente considerados
- sob as irreais concepções de liberdade puramente formal e de igualdade natural, começaram a
ser reconhecidos em leis esparsas, algumas célebres, como, p. ex., o "Edito de Turgot", de 1776 -
a primeira manifestação legislativa a favor da liberdade (formal) de trabalho tolhida pelas
corporações.
Para a verticalização desses " direitos individuais", contrários ao autoritarismo do Estado muito
concorreram: a Declaração de Williamburgh, de 12 de junho do mesmo ano de 1776, anterior à
independência norte-americana e impregnada de jusnaturalismo laico; o Bill of Rights de Virgínia,
que iria servir de base à Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de iniciativa de
Lafayette, aprovada, já iniciada a Revolução Francesa, pela Assembléia Constituinte, em
28.8.1789, e que viria a ser o Preâmbulo da Constituição de 3-14.9.1791; esta substituída, na
"fase do terror", pelas de 1793 e 1795.
Em síntese, a "Independência" do gigante do Norte e a "Queda da Bastilha", real e simbólica,
aconteceram mais ou menos ao mesmo tempo, nasceram com duas grandes revoluções
interligadas. Ambas propiciaram a ascenção da burguesia, a era individualista, a Primeira
Revolução Industrial, e esta, a " Questão Social", e, todas, a legislação trabalhista esparsa.
A verticalização dos " direitos individuais" só viria a ocorrer, no Brasil, com a Constituição do
Império (arts. 178 e 179), de 25.3.1824.
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tem-nas como impraticáveis, toda vez que podem afetar, ou afetam, seus interesses individuais.
Precisamente, por ser o egoísmo forma de afirmação individual e "virtude econômica", dificilmente
harmonizável com os interesses de outros e com os da maioria esmagadora.
2. Direito do Trabalho
O Título deve ser "Da Ordem Social e Econômica", mantida a conjunção mas indicado o primado do
"social".
Aberto com este artigo (atual 160): "A ordem nacional, social, política e econômica tem por
fundamento a pessoa humana e por finalidade a melhoria de suas condições de vida. Para tanto
ficam estabelecidas as seguintes normas instrumentais:
I - o desenvolvimento deve ser realizado para o progresso social, coordenada e simultaneamente;
II - a liberdade de iniciativa econômica deve coexistir com a valorização do trabalho humano,
consagrando-se a função social da propriedade e da empresa;
III - a inseparabilidade do capital e do trabalho na produção deve ser refletida na lei;
IV - qualquer abuso do poder econômico deve ser rigorosamente reprimido, seja qual for seu
autor, espécie ou grau".
O atual art. 165 assim ficaria: "Esta Constituição assegura a todos os trabalhadores os direitos e
garantias que menciona, além de outros que visem a melhoria de sua condição social:
I - salário-mínimo, para satisfação integral de suas necessidades e de seus dependentes;
II - subsídio familiar, por dependente;
III - proibição de diferença de remuneração e de critério para admissão, por causa de sexo, raça,
convicção política, crença religiosa, estado civil e de trabalho;
IV - remuneração por trabalho noturno superior à do diurno;
V - remuneração durante descanso e repouso, semanais, em feriados e anuais;
VI - remuneração à gestante e parturiente, sem prejuízo do emprego;
VII - jornada de trabalho normal máxima de oito horas, com descansos intermediários, salvo
exceções estritas e transitórias;
VIII - estabilidade no emprego;
IX - indenização por perda de emprego, às expensas do empregador, garantida por depósito
bancário;
X - integração na empresa, com participação na gestão e nos lucros, exceto na microempresa;
XI - proibição de mulheres e menores de dezoito anos trabalharem em condições insalubres ou
perigosas, e à noite, vedado qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo autorização
judicial;
XII - fixação de percentagem de empregados brasileiros em qualquer empresa, inclusive de seus
diretores;
XIII - higiene e segurança do trabalho;
XIV - previdência social, inclusive seguro contra infortúnio do trabalho, em todas as situações de
perda ou redução de capacidade de trabalho e ganho, definitivas ou temporárias; e de
desemprego;
XV - redução de custos para melhor aproveitamento de férias, e em unidades de convalescência e
recuperação;
XVI - aposentadoria integral para a mulher, aos trinta anos de trabalho; para o professor, após
trinta, e para a professora, após vinte e cinco de efetivo exercício docente.
Parágrafo único. Os direitos e garantias deste artigo, bem os que forem criados, serão efetivados
de acordo com a igualdade perante a lei, vedado tratamento desigual a empregado, em função do
empregador".
Em dispositivo separado, quanto à greve: "A participação ativa ou passiva em greve é lícita, salvo
excesso previsto em lei penal. Parágrafo único. Poderá o legislador ordinário diversificar a
regulamentação da greve, em função do interesse social".
Em outros, a negociação coletiva, a organização sindical e os direitos correspondentes: "A
negociação coletiva é obrigatória. Parágrafo único. É automático o efeito normativo da convenção
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