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Legislação Trabalhista e

Previdenciária

Aula 1: Introdução ao Direito Trabalhista e


Previdenciário

INTRODUÇÃO
Nesta aula analisaremos os conceitos de trabalho de Direito, Fato Econômico e Fato Social, veremos se o ser humano
sempre trabalhou, como surgiu o Direito do Trabalho e, posteriormente e como consequência, o Direito Previdenciário.

Veremos também a evolução das Relações de Trabalho, passando pela escravidão, o Feudalismo e as Corporações de
Ofício, para chegar ao Trabalho Subordinado, na Revolução Industrial.

Definiremos os princípios e fontes que servem de base e dão origem aos Direitos do Trabalho e Previdenciário e a
hierarquia das fontes, para finalmente verificarmos a natureza jurídica tanto do Direito do Trabalho como do
Previdenciário, se são públicos ou privados e como operam suas prescrições.

OBJETIVOS

Conhecer os Fundamentos, os Princípios e a Evolução Histórica, até os dias de hoje, do Direito Trabalhista e
Previdenciário.

Demonstrar a natureza jurídica do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário e Analisar a Ocorrência de Prescrição.
Trabalho, Seguridade Social e Direito
Algumas definições são fundamentais para o entendimento desta matéria. Assim, definiremos Trabalho, Seguridade
Social e Direito.

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Trabalho
Trabalho é todo esforço físico ou mental para obter um resultado, em benefício próprio ou de terceiro.
Com base nesta definição, indagamos: o ser humano sempre trabalhou?

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Direito
Direito é o conjunto de princípios e normas e Instituição que regula alguma coisa no convívio social. E
o ser humano é um animal racional e gregário, que, por segurança e instinto de preservação, vive em
grupo ou em sociedade.
Assim, se o ser humano sempre trabalhou, esforçando-se ao menos para se alimentar, podemos
concluir que sempre existiu o Direito do Trabalho?
Se a resposta for não, indagamos: por que?

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Seguridade social
A solução está no fato econômico, isto é, se todos os insumos forem abundantes, se derem para
contemplar todos do grupo, não haverá conflito, não havendo necessidade de regulamentação através
do Direito.
Todavia, se os fatores forem raros ou insuficientes para atender a todos, haverá necessidade de
regular o seu uso pela sociedade ou pelos grupos através do Direito.

Comentário
, Assim, temos os três elementos necessários ao Direito do Trabalho, isto é: existia a vida em grupo,
existia algum fator raro e existia a necessidade de um esforço para obtê-lo.

Relações do Trabalho
As Relações do Trabalho tiveram suas raízes em três etapas antecedentes:
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Escravidão

Havendo abundância de fatores econômicos e compatibilidade social, não há conflito e


prevalece a paz social, o trabalho é comunitário e seus frutos são partilhados. No entanto,
havendo algum fator raro, incompatibilidade social ou noção de propriedade, surge o
conflito. Mental ou numericamente, os mais fortes e organizados tendem a dominar e
subjugar os mais fracos ou dispersos.

Em um primeiro momento, os vencedores sacrificavam os vencidos. Posteriormente, os


vencedores passaram a escravizar os vencidos para usufruir de seu trabalho em serviços
exaustivos e sem nenhum tipo de remuneração.

Assim, como estavam subjugados, os escravos passaram a ser tratados juridicamente


como bens de produção, sendo objeto de compra e venda, hipoteca, etc.

A escravidão era considerada justa e ética na Grécia, no Egito e em Roma. Na Idade Média,
eram escravizados os bárbaros e infiéis. Mais tarde, nas Américas, no período colonial,
índios e negros. Somente a Revolução Francesa proclamou a escravidão indigna, e em 1857
ela foi banida dos territórios dominados pela Inglaterra.

Obs.: Escravos libertos alugavam seus serviços, surgindo assim os primeiros assalariados.

Servidão

Foi um tipo de Relação de Trabalho muito generalizado até a Idade Média, em que o
indivíduo, embora não tivesse a condição jurídica de escravo, não tinha liberdade, sendo
uma característica das sociedades feudais. Sua base legal estava na posse da terra pelos
senhores, que se tornavam possuidores de todos os direitos, inclusive sobre seus
habitantes, numa economia baseada na agricultura e pecuária.

Embora não fossem escravos, os servos estavam sujeitos a severas restrições, inclusive de
deslocamento. A eles eram assegurados os direitos de herança de animais, objetos
pessoais e o uso de pastos, mas o imposto sobre a herança cobrado pelos senhores
absorvia de forma abusiva os bens dos herdeiros.

Abaixo dos servos, haviam aqueles que haviam perdido o arado os animais e o direito do
uso do posto, e trocavam seus serviços por alimentação e habitação.

A Servidão começa a desaparecer no final da Idade Média.

Corporações de Ofício

Iniciam a transição da economia doméstica para a economia de consumo primário. A fuga


do homem do campo, onde o poder dos nobres era quase absoluto, concentrou as
populações nas cidades, principalmente os que conseguiam se manter livres. A identidade
de profissão aproximou alguns homens, dando origem às Corporações de Ofício.

Revolução Industrial
Vários acontecimentos ou fatos tecnológicos, econômicos, jurídicos, políticos e sociais ocorreram na Europa –
principalmente na Inglaterra e na França - no espaço aproximado de cem anos, entre o início dos séculos XVIII e XIX.

Fatos tecnológicos

Destacam-se as invenções ou o desenvolvimento da máquina de fiar, a fundição do ferro em aço, o tear mecânico, a
máquina a vapor e dos navios. Primeiro houve a retração dos empregos depois a expansão, porém com salários
baixos, como ocorre na robotização, nos dias de hoje.
Fatos Econômicos

Transformação da economia de consumo primário para a economia de consumo de massa, com um vasto mercado
necessitando de bens.

Fatos Jurídicos

Surgimento de contrato de trabalho subordinado: o homem livre do campo, fugindo do absolutismo dos senhores
feudais, só possuía para sobreviver e se alimentar a sua força de trabalho; então, a vendia a quem se dispusesse a
pagar por ela, que adquiria o direito de determinar o que e como fazer. Esta condição, bem como a natureza alimentar
do salário e o poder de comando do empregador, foram fatos básicos na formação do Direito do Trabalho e das
Modernas Relações do Trabalho.

Fatos Políticos

A classe capitalista almeja o poder na sociedade e dentro da Doutrina Liberal, se contrapondo ao absolutismo dos
senhores feudais, prega que a liberdade com fraternidade geraria a igualdade e que todos, através do voto, poderiam
exercer o poder.

Fatos Sociais

Os trabalhadores vindos do campo se aglomeram em favelas em torno das fábricas; o sistema liberal e a grande
exploração dos trabalhadores em um capitalismo selvagem, sem qualquer visão social, os levava a condições de vida
sub-humanas.

Ocorrendo cada vez mais oferta de mão de obra do que de emprego, os salários diminuem e as condições de trabalho
se precarizam.

Os trabalhadores, suas mulheres e filhos se dedicam a jornadas de até 12 horas diárias, mas não conseguem
condições dignas de sobrevivência. Neste momento percebem que há algo injusto.

Saiba mais
, A decadência do Sistema Liberal se inicia com a percepção de que o choque entre o individual e o
coletivo punha em perigo a estabilidade social, gerando uma compensação jurídica com um sentido
mais justo de equilíbrio, deixando o individualismo em plano secundário e prevalecendo o interesse
social.

Surgimento da Previdência Social


DIREITO DO TRABALHO

Corporações de Ofício
As Corporações de Ofício eram compostas por três classes:

Fonte: https://ocultismopel.files.wordpress.com/2014/07/mestrecompanheiroaprndiz.jpg. Acesso em: 29 set.


2017.
ondemand_videoVídeo.

Por trabalharem juntos, e pelo fato de que, em casos de acidentes ou doenças, quem não produzia não recebia e não
tinha como se manter e a seus familiares, os que produziam, solidários com os que estavam doentes, separavam
espontaneamente parte de seus rendimentos para ajudar no socorros aos desvalidos, surgindo as caixas de socorro
mútuo ou Mútuas, que foram o embrião da futura Seguridade e Previdência Social. E o Direito do Trabalho?

Ele se origina com vários fatos a seguir informados, mas chamamos a atenção para os fatos jurídicos, sociais e
tecnológicos.

Saiba mais
, Princípios ou Fundamentos do Direito do Trabalho e Previdenciário.
Conceitualmente, princípios são as ideias fundamentais e estruturais que servem para informar,
normatizar e interpretar o Direito. Assim, os princípios do Direto Trabalhista, que estudaremos
primeiro, e do Previdenciário, que veremos depois, servirão de base para tomada de decisões e
planejamento, pois a legislação segue esses princípios.

Abaixo você encontra uma relação desses princípios:

• Princípios do Direito do Trabalho (galeria/aula1/docs/principios_direito_trabalho.pdf);


• Princípios do Direito Previdenciário (galeria/aula1/docs/principios_direito_previdenciario.pdf).

Princípios gerais de Direito aplicáveis ao Direito Trabalhista


e Previdenciário
1. Razoabilidade da Conduta Jurídica.
2. Boa fé nos contratos.
3. Intransferibilidade de direito maior que o possuído.
4. Não beneficiamento com a própria malícia.

5. Pactua Sunt Servanda – cumprir os contratos.


6. Não prejudicar a outrem pelo exercício do próprio direito.
7. Não há condenação sem defesa.

Vejamos as origens do Direito Previdenciário

A proteção social teve seu embrião na assistência familiar mútua ou recíproca. O Clã – Pais, Filhos,
Irmão e Parentes, por instinto de solidariedade e preservação do grupo familiar, providenciava
assistência para os desvalidos ou para aqueles que não pudessem mais trabalhar.

Com a evolução da sociedade, os grupos passaram a se agrupar em função do trabalho, como nas
Corporações de Ofício. As pessoas tendem, por um Instinto natural, a se agrupar, principalmente se
exercerem um mesmo ofício ou profissão, e este convívio desenvolve um espírito de solidariedade no
grupo. Como exemplo, podemos citar uma sala de aula, que é um dos grupos sociais em que
desenvolvemos esta solidariedade de nos preocupar uns com os outros.

Assim, a relação de trabalho, desde aquela época, gera atividades e importunos que mereciam
atenção especial dos trabalhadores.

Fontes e natureza jurídica do Direito


Trabalhista e Previdenciário
A natureza jurídica de um direito determina a qual dos dois grandes ramos do Direito - Público ou Privado - ele pertence,
e é de grande importância para entendermos a aplicação do direito, iniciando pelas fontes.
A definição básica do Direito Público é: Ramo do Direito em que a intervenção do Estado na relação jurídica e na
elaboração da norma é total.

Ex.: Direito Penal, Direito Constitucional, Direito Tributário e Direito Previdenciário.

Direito Privado: É aquele em que a autonomia das partes na relação jurídica é grande ou total, embora sempre exista
alguma intervenção do Estado para proteger a sociedade ou o grupo abrangido.

Ex.: Direito Civil, Direito Comercial e Direito Trabalhista.

Concluindo, temos que a natureza jurídica do Direito Previdenciário é de Direito Público, pois os particulares não
podem, por si próprios, criar benefícios ou contribuições com os quais a sociedade deve arcar.

Já o Direito Trabalhista é um ramo do Direito Privado, pois, uma vez respeitados os direitos mínimos estabelecidos em
Lei para proteger os trabalhadores de forma individual, as partes (empregado e empregador) são livres para
estabelecer ou contratar o que quiserem.

De forma coletiva, envolvendo o Sindicato Laboral, a autonomia é muito maior, como veremos ao tratar do Direito
Coletivo.
Feitas estas explicações, passamos ao estudo das Fontes, abordando inicialmente as Fontes gerais, em seguida as
peculiaridades do Direito do Trabalho e posteriormente do Previdenciário.

Fontes
A palavra Fonte significa origem, local onde nasce. Assim, neste contexto, Fonte é a força criadora que dá origem ao
Direito.

Fontes Auxiliares

Os princípios gerais (previstos no Art. 8º da CLT) do Direito, Jurisprudência, Analogia e


Equidade.

Fontes materiais

Para existir um Direito são necessários os seguintes elementos:


a) Pessoas Físicas ou Jurídicas e Bens
b) Vínculos Jurídicos entre elas
c) Interesse ou valor que as pessoas ou a sociedade têm pelo vínculo de Norma ou Regra
para regular os vínculos jurídicos.

Fonte Formal primária

É a vontade das partes na relação jurídica.

Fonte formal Imperativa

São as regras de conduta ou normas (Leis) propriamente ditas.

Internacionais
Normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotadas pelo brasil.

Estatais

Constituição Federal, CLT, Decretos, Portarias.


Obs: O Direito Previdenciário, por ser público, sua fonte é somente a ESTATAL (Constituição
e Leis); as demais se aplicam ao direito do Trabalho.

Mistas

Sentenças Normativas – Dissídio Coletivo feito pelo Tribunal do Trabalho (TRT).

Profissionais

Acordos e Convenções Coletivas feitas por sindicatos e Empresas (Acordos), Sindicatos


Obreiro e Patronal (convenção Coletiva).

Hierarquia das Fontes Estatais ou


Imperativas
O conhecimento da hierarquia das Fontes Imperativas ou Estatais é muito importante para decidirmos, entre várias
normas ou leis, qual delas seguir. Assim, tanto no Direito do Trabalho quanto no Direito Previdenciário, a seguinte
ordem hierárquica Estatal deve ser observada:

Atenção
, Para o Direito de Trabalho, após as Fontes Estatais, a seguinte hierarquia de Fontes Imperativas deve
ser observada:

7. FONTES MISTAS: Sentenças Normativas do TRT ou TST em Dissídios Coletivos.


8. FONTES PROFISSIONAIS: Acordos ou Convenções Coletivas de trabalho e Regulamento de
Empresas.

A Fonte Primária – a vontade das partes - fica como última fonte, porque uma das partes (o
empregado) é mais fraca que a outra (o empregador) e sua vontade pode ser contaminada, coagida
ou distorcida (Princípios da Proteção ao Economicamente mais Fraco).

O Direito do Trabalho, dentro do Princípio da Proteção ao Economicamente mais Fraco, tem a


peculiaridade de, quando a norma for mais favorável no trabalhador, permitir a total inversão da
hierarquia das Leis. Assim, se um empregador quiser conceder um adicional de 200% para a hora
extra aos trabalhadores da empresa, embora a Constituição Federal em seu artigo 7º determine 50%
valerá o estipulado pelas partes, que é mais favorável ao trabalhador.

Prescrição dos Direitos Trabalhistas e


Previdenciários
A Prescrição tem por base a segurança jurídica, ou seja, uma ação para postular um direito não pode ficar pendente
para sempre. Assim, a Lei estabelece prazos para que as partes envolvidas postulem seus direitos.

Direito Trabalhista Direito Previdenciário

• Prescreve em 5 anos a ação para postular os • Prescreve em 10 anos a possibilidade da Receita


créditos resultantes da relação de emprego até o cobrar as Contribuições Previdenciárias e da
limite de 2 anos após a extinção do contrato. Seguridade postular um benefício em juízo.

• Assim, um trabalhador que tenha uma diferença • Assim, as relações de trabalho, desde aquela época,
salarial poderá postular os 5 últimos anos. gera atividades e infortunos que mereciam atenção
especial dos trabalhadores.

• Se sair da empresa ele terá até 2 anos para ir a


Justiça; se não o fizer, não poderá mais fazê-lo.

EXERCÍCIOS
Leia atentamente as alternativas a seguir:

1. O Trabalho sempre existiu e o Direito do Trabalho também.


2. O Principio da Proteção ao Economicamente mais Fraco é fundamental para o Direito do Trabalho.
3. A solidariedade mútua é fundamental para o Direito Previdenciário.
4. Na hierarquia das Fontes do Direito do Trabalho, uma cláusula de um Contrato Individual, mais benéfica ao
trabalhador, pode se sobrepor a um preceito constitucional menos benéfico.
5. Quanto à natureza jurídica, o Direito do Trabalho é um ramo do Direito Público.

Agora marque a opção correta, sendo C para correto e E para errado.


1-E; 2-C; 3-E; 4-C; 5-C

1-C; 2-C; 3-C; 4-C; 5-C


1-E; 2-E; 3-E; 4-E; 5-E

1-E; 2-C; 3-C; 4-C; 5-E

1-E; 2-C; 3-C; 4-E; 5-E

Justificativa

Glossário

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