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caso clínico?
Aline Mesquita
junho 28, 2023
9 Minutos de leitura
Isso é ilustrado pela questão da embriaguez , que em simultâneo é prevista pela CLT
como possibilidade de dispensa sem justa causa e como problema químico de viés
social que deve receber o devido tratamento.
É isso que faz com que questões ligadas ao alcoolismo e à apresentação do empregado
de forma embriagada para prestação de serviços seja tão controversa.
Continue lendo para entender como a aplicação da lei permanece limitada nesses casos
e pode trazer grandes problemas à empresa.
Art. 482 – Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
É verdade que a CLT prevê entre as possibilidades de aplicação da dispensa por justa
causa a embriaguez habitual em serviço.
Ao seguir esse caminho o trabalhador poderá ser afastado do trabalho pela Previdência
com concessão do auxílio-doença.
Caso o diagnóstico médico aponte que a embriaguez não se trata de alcoolismo, mas de
episódios individuais.
Aí sim a empresa pode operar a dispensa por justa causa do trabalhador que se
apresentar mais de uma vez embriagado para prestar serviços ou consumir bebidas
alcoólicas durante a prestação dos trabalhos.
Ressalta-se que mesmo a dispensa sem justa causa quando presente o alcoolismo é
vedada pelos tribunais atualmente.
É necessário muito cuidado e delicadeza ao tratar desse assunto que deve ser estudado
profundamente e dar prioridade para a tentativa de tratamento médico e de diagnóstico
de alcoolismo. Caso esse inexistir, a dispensa é possibilitada.
Sim, pode, mas desde que a perícia do INSS constate que não se trata de doença de
alcoolismo. Nesse caso, então, os episódios em que o trabalhador se apresentou
alcoolizado não se tratavam de doença, o que não impede a dispensa.
Isso demonstra a gradatividade da pena imposta pela empresa. Ou seja, uma boa
vontade da parte dela em resolver o problema de outras maneiras.
Não. Note que nesse caso se trata de uma doença. A embriaguez recorrente somente é
motivo para dispensa caso não seja uma sinalização do alcoolismo. Por isso é
importante encaminhar o trabalhador para o auxílio-doença do INSS.
A perícia pode dar uma resposta que indique se o caso se trata de doença ou não. Isso é
crucial para se analisar corretamente se cabe a dispensa por justa causa.
O alcoolismo é caracterizado como uma doença, e deve ser tratada, de acordo com as
normativas presentes no INSS. Contudo, ela precisa ser diagnosticada e tratada, bem
como qualquer outra doença.
Os tribunais têm entendido nos últimos anos que a embriaguez recorrente durante a
jornada de trabalho se ilustra como uma doença que afeta o empregado tanto em relação
às atividades laborais quanto seu desenvolvimento pessoal e social.
Mesmo sendo a reforma da CLT tão recente, datando de novembro de 2017, ela não
sofreu alterações em relação à possibilidade de uma empresa demitir um empregado que
se apresente constantemente em estado de embriaguez.
Nesse ponto se destaca que a embriaguez isolada não constitui um problema. É claro
que ela pode e deve ser punida com suspensão ou aplicação de advertência, mas ela não
é suficiente para gerar uma justa causa. Esse tipo de dispensa requer a repetição do erro
ou a incidência em outros também previstos pelo artigo 482 da CLT, exigindo-se
sucessivas faltas pelo trabalhador.
Ao mesmo tempo em que as empresas podem entender que seu direito de dispensa de
empregado que recorrentemente se apresenta em estado de embriaguez, os tribunais
estão apontando pelo contrário, o que causa insegurança jurídica e é muito grave.
Mas como comprovar isso? Uma boa forma de fazê-lo é com o uso de bafômetro.
Contudo, cuidado! Isso deve ocorrer somente mediante o estabelecimento de
regulamento interno e seja de conhecimento de todos os colaboradores.
Além disso, outro cuidado com relação ao bafômetro se refere ao uso dele. Não é
possível simplesmente impor que fulano ou ciclano o façam, em uma escolha objetiva.
Isso é um ato discriminatório.
Portanto, o bafômetro pode ser feito em todos ou, então, aleatoriamente, por meio de
sorteio. No caso em que se busca comprovar uma embriaguez no trabalho é importante
que o instrumento seja utilizado para todos.