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Alimentos transgênicos, fazendo uma análise com a Lei n.º 8.

078/90
(Código de Defesa do Consumidor), no que se refere ao direito elementar da
informação e a liberdade de escolha.

TUTELA JURÍDICA DO CONSUMIDOR


Como forma de atribuição da relação jurídica com o consumidor, o Estado
passou a irromper, por meio da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990 (Código
de Defesa do Consumidor). Um dos princípios dessa relação é o da
Transparência, que permite ao consumidor deve ter consciência da obrigação
assumida ao adquirir um produto, mas também consiga saber quais as suas
características, qualidades, os fins a que se destina e os eventuais riscos que o
seu uso oferece, a fim de que possa optar por consumi-lo ou não.
Os direitos básicos dos consumidores são: (1) Direito à segurança:
proteção contra produtos perigosos . (2) Direito de ser informado: disponibilidade
das informações necessárias para pesar alternativas e proteção contra
alegações falsas e enganosas nas práticas de publicidade e rotulagem . (3)
Direito de escolha: disponibilidade de bens e serviços concorrentes que
oferecem alternativas em termos de preço, qualidade e serviço. (4) Direito de ser
escutado: garantia de que o governo tomará conhecimento pleno das
preocupações dos consumidores e atuará com simpatia e despacho por meio de
estatutos e procedimentos administrativos simples e rápidos .
Contudo, o comércio alimentos de origem transgênica, têm em sua
maioria a falta de uma rotulação para poder individualizá-los, negando ao
consumidor seus direitos à informação e à liberdade de escolha, implicando uma
irregularidade na oferta.
O art. 31 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que:

“A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar


informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre riscos que apresentam à saúde e segurança
dos consumidores”.
As informações das ofertas de produtos e ou serviços devem
estar corretas e claras. No entanto, para as ofertas de produtos transgênicos
essas informações devidas não têm sido observados.
O art. 8º do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária define
a publicidade como “toda atividade destinada a estimular o consumo de bens e
serviços, bem como promover instituições, conceitos e idéias”.
No § 3º do artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor informa que:
“Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço”.

LEI DE BIOSSEGURANÇA
As tecnológicas estão aperfeiçoando os organismos vivos no contexto
genética, havendo várias manifestações conta e à favor devido à segurança e
viabilidade desses aperfeiçoamentos. Existe uma série de dúvidas quantos aos
riscos vindos dessas experiências.
Os riscos dos organismos geneticamente modificados (OGMs) para os
seres humanos estão no desenvolvimento de alérgenos às culturas e a
toxicidade das culturas, mesmo que estudos também mostrem que essas
culturas têm benefícios, incluindo o aumento do valor nutricional nos alimentos.
Ficando evidente a biotecnologia em torno dessas discussões.
De acordo com Feltrin (2016), não se pode esquecer, nessa discussão,
os valores éticos e morais dentro do Estado Democrático de Direito, no qual o
dissídio decente da ideia democrática.
Sobre tais circunstancias, foi elaborada a Lei 11.105, de 24 de março de
2005, chamada de biossegurança, a qual:

Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição


Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de
Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de
Biossegurança – PNB[...] (LEI Nº 11.105).

Conforme Milaré, biossegurança “seria um conjunto de medidas para


garantir a vida em suas diferentes manifestações, como processo biológico e
como qualidade essencial à saúde humana e aos ecossistemas naturais”
(MILARÉ, 2007, p. 584)
Conforme Fogolin (2017), entre os fundamentos para a criação da lei de
Biossegurança há o da precaução e da prevenção. O conceito de precaução é
de grande relevância na regulamentação ambiental. O princípio da precaução
ganhou relevância nas últimas décadas com o surgimento dos 'novos riscos' da
tecnologia e do meio ambiente, geralmente caracterizados por conhecimento
científico limitado e incerto, natureza coletiva e involuntária e baixa probabilidade
de potencial ou mesmo irreversibilidade. A prevenção estabelece a natureza
racional do comportamento preventivo, entendido como comportamento para
reduzir o consumo, no contexto do gerenciamento dinâmico de riscos. Nos casos
de produtos transgênicos, de acordo com Milare (2007), são os mais evidentes
por causa dos riscos à saúde humana e ambiental.

O princípio da precaução surge como um mecanismo de proteção a


ser aplicado toda vez que uma avaliação científica objetiva apontar
motivos razoáveis e indicativos de que, dessa inovação, possam
decorrer efeitos potencialmente perigosos – para o ambiente, para
saúde das pessoas e dos animais - , incompatíveis como os padrões
de proteção que se buscam garantir. (MILARÉ, 2007, p.586)

Embora se afirme que a biotecnologia alimentar, pela melhoria da


produtividade das plantas e pelo desenvolvimento de alimentos básicos
enriquecidos com nutrientes, é a solução promissora para a desnutrição e a
escassez de alimentos, as evidências acumuladas ao longo de anos de
introdução desses produtos ao mercado não suportam totalmente essas
alegações. Os consumidores estão preocupados principalmente com os efeitos
de longo prazo para a saúde humana das culturas biotecnológicas, como
resistência a antibióticos, alergicidade, alterações nutricionais não naturais e
toxicidade. Além disso, as empresas de biotecnologia e seus cientistas afiliados
apresentam os alimentos GM como uma cultura ecológica.

Nesse debate, é possível observar opiniões de cientistas no sentido de


que a utilização da biotecnologia não importa em risco nenhum e,
paralelamente, outros qualificadores componentes da comunidade
científica advertindo sobre os perigos irreversíveis que ela pode
importar para a agricultura, seres humanos e ecossistemas. (MILARÉ,
2007, p. 586)
É afirmado excessivamente na mídia e através de suas publicações
científicas que as culturas GM contendo genes que expressam tolerância a
herbicidas e resistência a pragas levam à redução do uso de pesticidas e
herbicidas de amplo espectro. Além disso, eles professam que as culturas
geneticamente modificadas ajudam a diminuir as emissões globais de efeito
estufa, reduzindo as necessidades de aração (substituição de uso intensivo de
energia pela agricultura de plantio direto). Por outro lado, os ambientalistas
acreditam que a engenharia dos materiais genéticos pode transformar
profundamente o ecossistema global de todos os aspectos possíveis. (MILARÉ,
2007, p. 587)
Partindo desse ponto, existem preocupações com as conseqüências a
longo prazo da agricultura GM na biodiversidade, pois ela pode criar super-ervas
daninhas e super-pragas que podem perturbar o equilíbrio da natureza e causar
sérios riscos aos insetos benéficos (MILARÉ, 2007.p. 587).
Com a finalidade de assessorar e apoiar tecnicamente o governo Federal
a formular, atualizar e implementar a OGMs, foi criada a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), que entre outras atribuições, também
estabelece normas técnicas de segurança e pareceres para proteger a saúde da
população em geral, organismos vivos e o meio ambiente (FOGOLIN, 2017).
Neste contexto, todas as organizações responsáveis por produtos transgênicos,
para exercerem suas atividades, devem cumprir como exposto no art. 2º §4° da
Lei de Biossegurança:

§ 4º As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou


internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de
projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação
de Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio,
sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos
decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentação.
(FOGOLIN, 2017)

As organizações devem voltadas à biotecnologia devem seguir com


cautela todas as orientações da leis vigentes e evitem causar danos não
intencionais à saúde humana e ao meio ambiente.
Referências

FELTRIN, Daise Cristina . Os alimentos transgênicos e o direito à


informação assegurada ao consumidor. 2016. Disponível em:
<https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46899/os-alimentos-
transgenicos-e-o-direito-a-informacao-assegurada-ao-consumidor> . Acesso
em 27 set. 2019.

FOGOLIN, Joao Vitor. O s alimentos transgênicos sob a ótica da Lei de


Biossegurança e dos princípios ambientais. 2017. Disponível em: <
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50480/os-alimentos-
transgenicos-sob-a-otica-da-lei-de-biosseguranca-e-dos-principios-
ambientais>. Acesso em 27 set. 2019.

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em foco: doutrina,


jurisprudência e glossário. 5. ed. ref., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2007.

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