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CAOS: A CRIAÇAO DE UMA
NOVA CIÊNCIA?
As aplicações e implicações da Teoria do Caos
na Administração de Empresas

• Thomaz Wood Jr.


Engenheiro Químico pela UNICAMP, Mestre em
* PALAVRAS-CHAVE: Teoria do Caos, complexidade, Teoria
Sistêmica, modelagem, sistemas auto-organizados.
Administração de Empresas pela EAESP/FGV e
Profissional do Setor Fibras e Polímeros da Rhodia S.A.
* ABSTRACT: One of the most important developments in
the last decades has been the discovery and study of the so
* RESUMO: Um dos desenvolvimentos mais importantes called chaotic behavior in dynamic, non-linear systems. This
das últimas décadas foi a descoberta e estudo do chamado research summarises some theoretical and practical applica-
comportamento caótico de sistemas dinâmicos não lineares. tions of the Chaos Theory in various fields of the Business
Esta pesquisa procura sintetizar as principais aplicações da Administration. Studies related to Finances, Economyand
Teoria do Caos relacionadas a campos de estudos ligados à Management are treated. The principIes and ideas derived
Administração de Empresas. São sucessivamente tratados from the Chaos Theory are useful skills to enhance the kno-
estudos relacionados a Finanças, Economia e Gerenciamen- wledge of complex systems. These concepts are dose to those
to. Os princípios, idéias e conceitos tratados pela Teoria re- from Open Systems Theory, the Complexity Paradigm and
velam-se ferramentas úteis na evolução do conhecimento the Self-organized Systems. They represent an important
dos sistemas complexos. Relacionados aos desenvolvimentos shift of paradigm in the natural and social sciences: the over-
ligados à Teoria dos Sistemas, ao Paradigma da Complexi- come of the vision of the world deterministic and predictable,
dade e aos sistemas auto-organizados, os conceitos da Teoria subordinate to universal and controlled rules.
do Caos representam uma importante troca de paradigma
nas ciências sociais e naturais: a superação da visão de um * KEY WORDS: Chaos Theory, complexity, Open Systems
mundo determinista e previsível, sujeito a leis universais. Theory, modeling, self-organized systems.

94 Revistade Administraçãode Empresas São Paulo,33(4):94-105 Jul./Ago.1993


CAOS: A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CIÊNCIA?

APRESENTAÇÃO Arte de São Paulo, o MASP. De


outro lado, no mundo organiza-
Na Administração, quando cional, Caos passou a ser uma pa-
nos defrontamos com temas da lavra muito empregada e gerou
moda - e não têm sido poucos os pelo menos um grande best-seller
casos - somos em geral tomados - Prosperando no Caos, de Tom Pe-
por sentimentos ambíguos: de ters. Transformações e instabili-
um lado, nossos preconceitos ge- dades sem precedente sacudiam
rados e sedimentados ao longo as organizações e seus adminis-
de anos de exposição à explora- tradores. Surge, então, o terceiro
ção e vulgarização de temas cien- fenômeno, que é a crescente utili-
tíficos; de outro, uma certa atra- zação de imagens, metáforas e
ção pelo frescor das novidades e idéias ligadas às ciências naturais
a possibilidade de conseguir com para melhor compreender os fe-
elas novos insights sobre o nosso nômenos organizacionais.
objeto de estudo. Este é o caso da Bom, já é hora de definir mini-
Teoria do Caos. mamente o que é a Teoria do
Em grande escala, a partir dos Caos. Em contraposição à idéia
anos 80, a indústria editorial foi de ausência de ordem que intui-
acometida, e cometeu, dois booms mos, a Teoria do Caos está justa-
quase simultâneos. Ao mesmo . mente ligada à descoberta de pa-
tempo que a literatura de divul- drões e leis razoavelmente sim-
gação das conquistas científicas ples governando uma série de fe-
tomava novo impulso, um certo nômenos complexos. Mas não se
filão voltado para a questão orga- confunda esta existência de pa-
nizacional surgiu com grande drões com a possibilidade de
força. O primeiro fenômeno refle- previsão. Uma característica dos
tia o avanço das ciências básicas sistemas caóticos é que qualquer
e aplicadas e a afetação produzi- mínima alteração em uma das
da por estes avanços sobre o dia suas condições iniciais pode pro-
a dia das pessoas. Já o segundo vocar profundas mudanças de
fenômeno foi fruto da transfor- trajetória ou comportamento. Daí
mação da organização como ob- a imprevisibilidade.
jeto de estudo. Enquanto que, Por suas características, a Teo-
nos anos 30, organizar tinha o sentido de segmentar, ria do Caos complementa e é complementada por ou-
planejar, ordenar e controlar, nos anos 60 e 70 a orga- tras idéias como o Paradigma da Complexidade e a
nização já era vista como uma força-motriz da moder- Teoria Sistêmica. As três compõem uma nova forma
nidade e transformava-se, para desespero dos deter- de olhar para os sistemas complexos. Longe de serem
ministas, num "baú complexo" e pouco compreendi- campos estanques, têm fronteiras mal definidas e
do. Os gerentes, por sua vez, passaram a sentir-se co- grandes interfaces, compondo um novo arcabouço de
mo os habitantes de Tebas diante da Esfin$e. Feliz, ou idéias para o estudo de sistemas e organizações.
infelizmente, não faltaram candidatos a Edipo escre- Surgida no início dos anos 60, a Teoria do Caos co-
vendo livros. nheceu altos e baixos. "Felizmente as idéias não obedecem
A Teoria do Caos passa por estes dois fenômenos e a um toque de recolher ... a natureza do fenômeno emergente
é significativa de um terceiro. Surge, inicialmente, em força um retorno para recuperar fragmentos de idéias apa-
estudos e modelações matemáticas ligadas à meteoro- rentemente esquecidas ou cujos significados não fossem per-
logia, à biologia, à física e à química. Ganha espaço e ceptíveis à época de sua concepção" (ref. 063). O próprio
popularidade através da literatura de divulgação cien- corpo central da Teoria, no conjunto de suas aplica-
tífica, principalmente por sua característica de trans- ções nas ciências naturais, só se popularizou com o de-
disciplinaridade, sua capacidade de explicar eventos senvolvimento dos computadores. Paralelamente, a
tão distintos quanto a variação da temperatura am- globalização da economia, as instabilidades nos mer-
biente, o crescimento de populações de insetos ou o cados financeiros e o "parto forçado" de novas manei-
batimento cardíaco. Um de seus desenvolvimentos pa- ras de conceber a ação gerencial veio interagir com a
ralelos, de belo efeito plástico e forte apelo popular, as Teoria e produzir novos frutos.
superfícies fractais, foi, há algum tempo atrás, inclusi- Longe de ser suficiente para a compreensão da Teo-
ve objeto de uma exposição fotográfica no Museu de ria, a definição anterior é apenas um ponto de partida

© 1993, Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil. 95


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para o entendimento deste novo campo da ciência. O um marco de referência e a justificação para o que crê,
princípio norteador desta pesquisa é tentar montar um diz e faz. A própria definição do que seja progresso
retrato a partir de diferentes possibilidades de aplica- científico faz parte do paradigma. Por isso, discrepân-
ção em áreas ligadas à administração. O trabalho está cias entre paradigmas não podem ser resolvidas racio-
estruturado da seguinte forma: na introdução será fei- nalmente, requerem perspectiva divina. Kuhn vê a
ta uma breve discussão sobre a evolução do conheci- pesquisa formal como uma tentativa de impor à natu-
mento científico a partir das idéias de Thomas Kuhn. reza esquemas lógicos de interpretação. Parte-se do
Em seguida será traçado um histórico do surgimento pressuposto que uma comunidade científica sabe co-
da Teoria do Caos e discutida a questão da modelação; mo é o mundo. Para ele, ao contrário, o verdadeiro
as seções seguintes tratarão das diversas possibilida- progresso científico é descontínuo e só se produz
des de aplicação dos conceitos e idéias da Teoria a te- quando um paradigma é substituído por outro sem li-
mas relacionados a Finanças, Economia e Teorias Ge- gação com o primeiro. É a revolução. O processo de
renciais. Finalmente, como conclusão, será feita uma substituição de paradigma tem início quando já não se
síntese. consegue explicações satisfatórias para os fenômenos.
Cabe também mencionar algumas limitações e difi- Este sentimento de disfunção é essencial à crise. Então
culdades desta pesquisa. A primeira é a novidade do novas teorias surgem e vão influenciar trabalhos e
tema em sua associação a assuntos relacionados à Ad- competências já estabelecidos. Vale lembrar que estas
ministração. Isto não se reflete propriamente na quan- novas teorias são um conjunto de obras inacabadas
tidade de referências disponíveis, em número até ra- mescladas com boas idéias e, não raro, uma boa dose
zoável, mas no tipo de tratamento. A grande maioria de ingenuidade e até oportunismo. Estas novas idéias
destas referências tem caráter exploratório, terminan- vão proporcionar aos cientistas uma nova visão de
do freqüentemente com questões em aberto e indica- mundo. O processo de substituição se dá na mente de
ções de novos rumos de trabalho. Não existem, em ge- um ou poucos indivíduos, que geralmente estão pouco
ral, conclusões fechadas. Por outro lado, são quase re- comprometidos com as práticas anteriores e concen-
gra as visões críticas dos modos interpretativos e cog- trados em problemas que provocam crises. A continui-
nitivos atuais. Todas estas características, antes de se- dade deste processo e a consolidação do novo para-
rem vistas como virtudes ou defeitos, devem ser consi- digma requer certa dose de fé pois, além da resistência
deradas próprias de um campo ainda em gestação. A natural apresentada pela visão vigente, o novo para-
novidade do tema também dificulta o estabelecimento digma é, no nascedouro, ainda pouco consistente e in-
de visões contrapostas, que sempre podem enriquecer capaz de dar resposta a muitas questões.
o leitor com possibilidades alternativas de interpreta- As idéias de Kuhn constituem um pano de fundo
ção. A regra, nesta pesquisa, foi a simples contraposi- ideal para entender o choque e o salto proporcionados
ção da "visão caótica" à "visão determinista" usual. pela Teoria do Caos sobre áreas tão díspares quanto a
meteorologia e o mercado de ações, a neurologia e as
INTRODUÇÃO taxas de câmbio.

Na apresentação foi citado este "princípio de Lavoi- BORBOLETAS E SUPERCOMPUTADORES -


sier" das idéias que é o constante aflorar e submergir UMA BREVE HISTÓRIA DO CAOS
de conceitos em função de momentos e conjunturas.
Além da Teoria do Caos, um outro excelente exemplo Borman (ref. 044) define sistemas caóticos como
desta desobediência ao toque de recolher são as idéias aqueles que apresentam irregularidades e extrema
do físico Thomas Kuhn, expressas no livro História das sensibilidade às condições iniciais. Parecem completa-
Revoluções Científicas (ref. 008). Editado pela primeira mente randômicos, mas são essencialmente determi-
vez há mais de 20 anos, ele foi (re)descoberto recente- nistas. Isto é, podem ser descritos por equações mate-
mente por consultores e administradores preocupados máticas normalmente simples. Porém, se não se co-
com as mudanças nas organizações. Mas a razão de nhece as condições iniciais, é inviável prever o que vai
sua inclusão nesta introdução não é este paralelismo acontecer. E conhecer as condições iniciais é geralmen-
mas seu conteúdo, voltado para a compreensão dos te impossível.
movimentos impulsionadores e restritivos à adoção de Alguns autores classificam o nome Teoria do Caos
novos conceitos e idéias. de infeliz, pois caos significa justamente a ausência
Kuhn utiliza o conceito de paradigma para questio- de ordem. Na verdade, poderíamos melhor qualifi-
nar o enfoque tradicional de progresso científico. Den- cá-lo de provocativo, uma resposta a uma tendência
tro deste enfoque a ciência está em estado de evolução determinista da ciência. Ao mesmo tempo que a Teo-
contínua, gradual e linear. Cada cientista supõe implí- ria do Caos desvenda os mistérios do comportamen-
cita ou explicitamente que o paradigma no qual desen- to de certos sistemas gerados por equações simples
volve seu trabalho é válido e correto. Este lhe fornece e, por isso, intrinsecamente deterministas, destrói o

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CAOS: A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CIÊNCIA?

mito da previsibilidade e contro- mento de alimento. O modelo,


labilidade que nutre os pressu- comprovado na prática, revelava
postos e norteia os esforços da comportamentos complexos e ci-
ciência tradicional. clos regulares. Mitchell Feigen-
O mesmo Borman aponta a baum, um físico do Laboratório
primeira referência histórica do Nacional de Los Alamos, conse-
tema ao matemático francês [ules- guiu demonstrar que a fórmula de
Henri Poincaré (1854-1942), que May era genérica e poderia ser
notou a existência de comporta- aplicada a muitos fenômenos na
mentos mais complexos que os natureza.
simples movimentos periódicos. Outro nome importante no de-
Isto em pleno reinado da dinâmi- senvolvimento da Teoria do Caos
ca newtoniana. é o do pesquisador Benoit Man-
Um referencial importante na delbrot, da IBM. Seu trabalho foi
literatura de divulgação da Teoria voltado para a geometria fractal -
do Caos é sem dúvida o trabalho vide glossário -, que lida com ob-
de [ames Gleick (ref. 010). Jorna- jetos que têm como característica
lista do New York Times, Gleick comum a propriedade de, não im-
publicou em 1987 um livro que vi- porta quão ampliadas sejam suas
ria a tornar-se best-seller em todo o imagens, os novos detalhes apare-
mundo. O autor conta a história cerem na mesma escala da figura
do surgimento da Teoria do Caos anterior. O que chama a atenção
simultaneamente nos vários cam- nestas figuras, geradas em compu-
pos científicos, ressaltando esta tador a partir de fórmulas mate-
sua característica de interdiscipli- máticas, é a sua semelhança com
naridade espontânea. Ele descre- imagens encontradas na natureza
ve os primeiros passos da Teoria corno folhas de árvores, cristais,
como um misto de poesia e en- vales e montanhas.
cantamento. Explora de forma Todas estas descobertas coloca-
simpática o estereótipo do cientis- ram em cheque a ciência baseada
ta louco procurando respostas pa- em relações simples de causalida-
ra questões impossíveis como a de, que ignorava as regiões turbu-
dinâmica das quedas d'água e da lentas do mundo real, dando ori-
formação de nuvens. gem a um novo campo científico.
O primeiro e mais famoso mar- A Teoria do Caos, desde então,
co da Teoria está nos estudos do meteorologista Ed- vem rompendo fronteiras entre disciplinas, reunindo
ward Lorenz, do MIT. Trabalhando, no início da déca- pensadores de campos separados e revertendo a ten-
da de 60, sobre simulações, em computadores, de mo- dência de dissecação e compartimentagem da ciência.
delos de previsão de tempo, Lorenz, ao repetir uma
série de cálculos, inadvertidamente modificou o nú- MODELAR OU NÃO MODELAR, EIS A QUESTÃO
mero de casas decimais no programa. Após alguns
instantes, os gráficos gerados tomaram comportamen- Uma idéia central na Teoria do Caos é a da modela-
tos completamente diferentes dos anteriores. Compro- gem, a capacidade de um corpo de idéias de servir de
vou-se, assim, a enorme sensibilidade do sistema às ferramenta para a simulação e o estudo de sistemas.
condições iniciais. Esta descoberta colocou em cheque Simon (ref, 087) realizou urna interessante síntese
o princípio de causa e efeito, pelo qual estes dois even- sobre esta questão a partir das possibilidades abertas
tos seriam dependentes em magnitude. Como o siste- pela Teoria do Caos. O autor parte do princípio que o
ma montado por Lorenz era não linear, pequenas cau- mundo é mais complexo que qualquer modelo e que a
sas poderiam gerar grandes efeitos. Surgiu daí a popu- natureza é capaz de gerar comportamentos e dinâmi-
lar frase de que uma borboleta batendo asas no Brasil cas mais ricas que a capacidade de apreensão de con-
poderia provocar um tornado no Texas, em realidade juntos de equações. Mas isto, por si só, não inviabiliza
título de um trabalho de Lorenz. o uso de modelos. Quando os utilizamos, precisamos
Robert May (ref. 117), um biólogo da Princenton Uni- separar o essencial do dispensável para, assim, captu-
versity, descobriu, nos anos 70, um modelo matemático rar um quadro simplificado que permita inferências
simples para a dinâmica da população de insetos usan- razoavelmente seguras. A idéia é balancear a possibili-
do apenas duas variáveis: taxa de reprodução e supri- dade de simplificação com a utilidade relativa de um

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sistema simplificado. Mesmo um sistema muito com- nição das perguntas, para que os esforços sejam orien-
plexo pode ser modelado de forma que algumas con- tados para a procura das respostas certas. Resta ainda
clusões importantes possam ser tiradas. Simon crê um longo caminho a ser trilhado.
que, se a linearidade domina a cena da modelação, a
razão não é que a realidade dos sistemas possa ser re- POR UM PUNHADO DE DÓLARES - AS APLICAÇÕES
presentada por equações lineares, mas a limitada ca- FINANCEIRAS
pacidade de tratamento de sistemas não lineares. Em
realidade, poucos casos de sistemas não lineares po- O número de artigos sobre aplicações financeiras
dem ser tratados por computador mas, com condições baseadas na Teoria do Caos supera em muito o de to-
de contorno apropriadas, elas podem cobrir grande dos os outros temas. Os profissionais da área, não por
parte das situações. acaso, estão sempre a procura da pedra de toque da
Quando modelamos, se estamos interessados no fortuna e do sucesso. Também não por acaso, é nesta
comportamento dinâmico, existem três hipóteses: que- área que encontram-se as utilizações mais "pretensio-
remos ou prever o futuro a partir de condições iniciais, sas" ou "otimistas" da Teoria. Um bom número de
ou saber se existem posições estáveis de equilíbrio, ou consultores e analistas se encantou com as idéias rela-
verificar os resultados de intervenções voluntárias. cionadas à Teoria do Caos. Eles criaram e passaram a
Ao modelarmos um sistema, as seguintes questões vender pacotes de análise de ações e outros títulos ca-
precisam ser analisadas: pazes de nada mais nada menos que prever o futuro.
Mas, julgar o campo por estas distorções não seria
1. analisar em que grau precisamos de detalhes tem- justo.
. porais; O ponto central nos trabalhos relacionando Teoria
do Caos e Finanças é o seguinte: o evangelho que o
2. verificar em que nível o conhecimento dos passos mercado de ações segue padrões randômicos deve ser
temporais pode ser substituído por informações do questionado. Vale a pena fazer um breve retrospecto.
estado estacionário; Na década de 60, acadêmicos ligados à área de Finan-
ças, após árduas discussões, chegaram à conclusão que
3. averiguar a possibilidade de uso de propriedades as flutuações no mercado eram comandadas por pro-
hierárquicas dos sistemas para simplificar o modelo; cessos puramente randômicos. A partir daí, foi gerado
um grande número de modelos baseados na chamada
4. analisar a adequação de substituição de modelos "Hipótese de Mercado Eficiente", que se firma no aces-
numéricos por modelos simbólicos e vice-versa. so nivelado de informações aos agentes financeiros. O
crash da bolsa de 1987e outras instabilidades lançaram
Duas questões essenciais namodelação são a predi- dúvidas sobre este paradigma. Estudos recentes têm le-
ção e a prescrição. Elas refletem nosso grande fascínio vado em conta as relações não lineares entre as variá-
pela possibilidade de prever o futuro ou nele interferir veis financeiras e os complexos mecanismos de retroa-
conscientemente. A Teoria do Caos não apresenta so- limentação do sistema. Segundo estes estudos, as séries
luções para o problema da previsão mas mostra os li- temporais de valores de ações têm componentes tanto
mites à sua tratabilidade. Por outro lado, embora não deterministas - gerados por leis caóticas vindas da in-
auxilie o conhecimento dos passos de um sistema em fra-estrutura do mercado - quanto componentes ran-
detalhe, ajuda a separar os períodos de equilíbrio está- dômicos, ligados à constante chegada de informações
vel e instável. Já quando os modelos servem a uma es- aos agentes.
tratégia de intervenção, a questão desloca-se da previ- Hsieh (ref. 054) realizou estudo sobre a presença de
são para a prescrição. Também neste caso, nem sem- Caos e elementos de dinâmica não linear nos merca-
pre interessa a evolução contínua do sistema, e sim or- dos financeiros. O autor utilizou um rol de ferramen-
dens de grandeza relacionadas ao seu macrocompor- tas estatísticas concluindo que a hipótese de comporta-
tamento. Isto pode simplificar bastante os cálculos. mento randômico deve ser rejeitada. Por outro lado,
A Teoria do Caos tem demonstrado que sistemas de não se comprovou a existência de leis de Caos, embora
grande interesse e tão díspares como a economia ou o fossem identificados elementos de não linearidade.
cérebro humano são caóticos em sua essência. Esclare- Peters (ref. 060) estudou a existência de um atrator
cendo os mecanismos por trás destes comportamen- caótico - vide glossário - para o índice S&P 500, utili-
tos, ela ilumina a compreensão das suas dinâmicas. A zado nos Estados Unidos. O autor descobriu que o ín-
Teoria traz novas perspectivas para a modelação de dice tem ciclos não periódicos governados por estes
sistemas não lineares, que constituem regra no mundo atratores. As conclusões são as seguintes: primeiro, o
real. Embora por hora esta luz seja apenas uma nova mercado de ações tem ciclos e tendências; segundo,
maneira de olhar a realidade, este salto não pode ser uma pequena mudança num indicador pode levar a
menosprezado. O trabalho que se coloca é o da redefi- grandes impactos no mercado no futuro; e, terceiro,

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CAOS: A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CIÊNCIA?

quanto mais se avança no tempo, não. Na prática, porém, é difícil


menos confiáveis tornam-se as separar processos deterministas e
previsões. estocásticos devido a própria na-
Analisando o mercado de ações tureza dos dados econômicos.
e, em particular, também o índice O campo financeiro, com seus
S&P 500, Laing (ref. 057) conclui pesquisadores sérios, mas tam-
que o valor da Teoria do Caos não bém com seus oportunistas e céti-
é a capacidade de previsão, mas a cos, tem se mostrado um receptá-
possibilidade de melhor entender culo amigável à Teoria do Caos.
a complexidade do sistema. Savit Muitos desenvolvimentos mate-
(ref. 103), contrapondo-se parcial- máticos da Teoria podem ser cre-
mente a esta posição, acredita que ditados aos estudos voltados para
muitas seqüências de dados fi- o comportamento de ações e ou-
nanceiros podem ser melhor com- tros títulos financeiros. Mas, em-
preendidas com técnicas de análi- bora este desenvolvimento tenha
se não linear, inclusive Teoria do sido considerável, as respostas de-
Caos, e que estas técnicas podem sejadas pelos analistas financeiros
melhorar as previsões de curto não foram ainda geradas. A Teo-
prazo e as estratégias de análise ria do Caos, quando aplicada a es-
de investimento. te campo, revela-se muito mais
Larrain (ref. 058) analisa a evo- uma forma de colocar em cheque
lução dos preços de ações, ora as teorias existentes e lançar um
contínua, ora explosiva, e advoga novo olhar sobre a realidade que
que a questão maior para os teóri- uma ferramenta de previsão. Os
cos e matemáticos do Caos é de- esforços nesta direção, entretanto,
terminar se há um modelo parti- continuam.
cular pelo qual os sistemas diri-
gem-se à desordem e à turbulên- CAOS, KEYNESIANISMO E
cia. Ele considera que a dinâmica MONETARISMO
não linear em geral e a Teoria do
Caos, especificamente, são impor- Ao contrário do campo finan-
tantes para a análise financeira. As razões são as se- ceiro, onde as tentativas de aplicação da matemática
guintes: primeiro, mostram que os preços futuros de- do Caos são regra, as referências relacionadas às Ciên-
pendem tanto dos preços passados como de fatores cias Econômicas são mais voltadas aos aspectos con-
econômicos; segundo, colocam em cheque as premis- ceituais e à questão da nova forma de olhar para os
sas de comportamento randômico do mercado; tercei- sistemas complexos. Mirowski (ref. 079) e Routh (ref.
ro, a não linearidade praticamente descarta as previ- 102) fazem uma análise bastante crítica dos rumos
sões de longo prazo, embora admita as de curto prazo; atuais das Ciências Econômicas, utilizando algumas
e quarto, demonstram que, paradoxalmente, o merca- idéias básicas da Teoria do Caos como alternativa váli-
do segue para a desordem de forma ordenada. O au- da para uma reformulação conceitual. Curiosamente,
tor estudou o comportamento de títulos do tesouro Meller (ref. 111) segue a mesma trilha, ainda que não
norte-americano, concluindo que a idéia de Caos não é mencione a Teoria do Caos. A conclusão é que o apa-
a única resposta para a volatilidade dos mercados fi- rente movimento de reconceitualização e reformula-
nanceiros, mas também não pode ser descartada. O ção do papel da Economia e o campo representado pe-
trabalho sugere que, na prática, coexistem estruturas la Teoria do Caos são fenômenos paralelos, que ali-
não lineares - capazes de bifurcações periódicas e mentam-se da mesma fonte e, potencialmente, um do
comportamento violento - com estruturas macroeco- outro.
nômicas bem comportadas. Comecemos por Meller. Para o autor, num período
Blank (ref. 043) realizou estudo semelhante sobre o recente, muitos países têm enfrentado uma variada ga-
mercado de comodities. Para ele, os modelos lineares ma de problemas econômicos. Soluções diferentes,
não funcionam bem por não capturar a realidade das marcadas ora pelo monetarismo, ora pelo keynesianis-
interações e a natureza dos processos envolvidos. A mo, têm sido tentadas sem sucesso. O surgimento de
dinâmica não linear e a Teoria do Caos agregam valor modas e bruxos terminou por configurar uma situação
à compreensão destes processos. Com base no pressu- de crise e, por conseqüência, um convite à reflexão.
posto que ao menos parte do processo é não linear, Meller crê que a Economia não é um sistema unificado
analistas poderiam avaliar se existe determinismo ou e coerente de idéias, mas sim uma coleção de teorias e

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modelos. Ocorre que as correntes os modelos baseados no equilí-
hoje dominantes são fruto do co- brio e tentar avançar a com-
nhecimento científico do século preensão sobre as descontinui-
XIX,da lógica cartesiana, do racio- dades e as turbulências.
nalismo, da física newtoniana e do Completando o ciclo crítico,
operacionalismo. Os modelos eco- Fusfeld (ref. 073) considera a Eco-
nômicos existentes são abstratos e nomia moderna como uma gran-
em geral marcados por uma mate- de teologia naturalista que, ao
mática sofisticada. Mas é difícil re- mesmo tempo, explica o que é o
presentar algebricamente o com- mundo social e prova por que ele
portamento dos homens e de suas é bom; uma síntese de ciência po-
instituições. Meller pensa que o sitivista com valores normativos.
verdadeiro economista deve ser Para ele a visão de mundo racio-
também político, historiador e filó- nal e ordenado não pode mais ser
sofo. Ele considera absolutamente sustentada. O pressuposto de ho-
natural que existam diferenças en- mem como otimizador racional
tre diagnósticos e estratégias de desmorona, levando uma insus-
ação entre economistas. O objeto tentável micro-racionalidade a
da análise econômica são a sociedade e os agentes eco- uma macro-irracionalidade. Conseqüência: o equilíbrio
nômicos, que estão em constante mutação. Princípios Walrasiano cede vez ao Caos.
válidos num dado momento podem tornar-se anacrô- Butler (ref. 066) segue uma linha parcialmente simi-
nicos no momento seguinte. O autor posta-se contra o lar à de Routh. Ele acredita nas possibilidades da Teo-
uso das Ciências Econômicas para predição e controle ria do Caos para explicar comportamentos cíclicos e
e advoga que sua real função é entender e avaliar o erráticos na economia. Seu foco de atenção é voltado
contexto histórico e atual e apenas orientar previsões. para as possibilidades de uso da modelação dinâmica
Nada mais próximo da Teoria do Caos. na identificação de não linearidades e Caos. O autor
Mirowski segue a mesma trilha de Meller, agregan- discorre sobre as várias maneiras de modelar eventos
do informações sobre o trabalho de cientistas do Caos econômicos e suas limitações. Para ele, os economistas
como Mandelbrot, Grandmont e Brook. Também para estão caminhando no sentido de incluir o Caos nos
ele a Economia ainda guarda influências da física do seus modelos, mas há ainda pouca discussão sobre a
século XIX, influências que ajudaram a legitimar seu utilidade e realismo destes conceitos quando aplicados
discurso científico, mas que a tornaram tão limitada aos fenômenos econômicos.
quanto a própria física newtoniana. Mas, enquanto a Aczel e Josephy (ref. 042) estudaram as variações
física sofreu mudanças profundas, a Economia conti- das taxas de câmbio de cinco países, utilizando ele-
nuou evoluindo dentro do mesmo paradigma. O autor mentos da matemática do Caos. Eles procuraram ca-
considera que os economistas tendem a ver a Teoria racterizar, através de correlações de dimensão - que
do Caos apenas como uma matemática sofisticada, são parte da geometria fractal - o grau em que estas
sem atentar para a quebra de paradigma que ela re- taxas têm comportamento caótico. O estudo atestou a
presenta. O Caos torna a teoria neoclássica sem senti- utilidade prática deste recurso como detector de mu-
do. A teoria neoclássica existe para retratar o determi- danças em séries de tempo sem que se precise recorrer
nismo. A Teoria do Caos, por outro lado, revela uma ao uso de ferramentas econométricas.
simbiose entre fenômenos deterministas e aleatórios. Trabalhando sobre um modelo macroeconômico
Routh, também seguindo o caminho dos anteriores, com dois setores, Sterman (ref. 104) mostra como o
condena o determinismo inconcludente das Ciências processo decisório pode produzir Caos. Sua intenção
Econômicas por não considerar elementos essenciais última, entretanto, é demonstrar a viabilidade, utilida-
como comportamentos e história. Como Mirowski, de e até necessidade da incorporação dos conceitos de
Routh crê que os economistas procuravam a "verdade Caos à Teoria Econômica, especialmente nos processos
científica" e a certeza por que estas eram requisito da de otimização. Num mundo cujo espaço de adequação
ciência do século XIX.O autor também critica o con- contém muitos ótimos locais, uma regra decisória que
ceito de equilíbrio e cita Stuart Mill: "No lugar de or- produz Caos e que explore constantemente novos ca-
dem, igualdade, perfeita organização com postulados orto- minhos pode levar um sistema a evoluir mais rápido
doxos, o mundo comercial é ... de obscuridade, confusão, que uma estratégia decisória estável e incremental,
com perdas e destruição, e nem sempre o mais adequado so- Pode-se dizer que, por várias vias, muitos econo-
brevive". Problemas econômicos são marcados por mistas têm se aberto às idéias da Teoria do Caos. Os
mudanças, crescimento, retrocesso e flutuação. Routh modelos econômicos tradicionais retratam a economia
crê que o grande passo para a Economia é abandonar como essencialmente estável, somente flutuando em

100
CAOS: A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CIÊNCIA?

torno de alguns pontos de equilíbrio por causa de nha de Nonaka, ele cita exemplos de sistemas biológi-
eventos externos. Os novos modelos, entretanto, mos- cos auto-organizados explicando seu funcionamento.
tram a Economia como inerentemente variável, sensí- A analogia com sistemas organizacionais é óbvia. Na
vel a mudanças e difícil de controlar. Na análise eco- prática, estes sistemas têm uma capacidade tal de mu-
nômica, nem sempre as variáveis apresentam a mesma dança que não é mais possível falar em otimização ou
identidade ao longo do período considerado. Isto tor- em agentes de otimização. Eles são, em verdade, ca-
na a análise complicadíssima. De qualquer forma, a racterizados por uma novidade perpétua. Para o au-
possibilidade de compreensão dos ciclos econômicos tor, os gerentes acham que entendem as relações cau-
através dos conceitos de Caos podem vir a ser um sa-efeito na organização mas, de fato, as ligações entre
grande vetor de contribuição na superação dos impas- causa e efeito são muito complicadas e nem sempre
ses hoje vividos. possíveis de se demonstrar. Freedman crê que as cha-
ves de sucesso das novas organizações são a capacida-
UM NOVO GERENCIAMENTO CIENTíFICO? de de aprendizado e o pensamento sistêmico - a arte
de ver, através da complexidade, as estruturas e meca-
Vivemos, no campo dos modelos administrativos e nismos que geram mudanças. Assim como a Teoria do
gerenciais, um período de ruptura. E a maneira mais Caos ensina que pequenas mudanças podem causar
usual de caracterizar esta ruptura tem sido explorar o grandes efeitos, a Teoria Sistêmica mostra que uma
esgotamento do modelo taylorista-fordista e o apareci- pequena ação num ponto ótimo pode produzir melho-
mento de modelos de especialização flexível, baseados rias significativas.
em conceitos de sistemas abertos e cibernética. Neste Kiel (ref. 097), tomando por base o trabalho de Pri-
contexto de transformação permeada por crises de im- gogine e Stengers (ref. 006, 002) decreta a falência do
pacto econômico e social e por mudanças geopolíticas paradigma newtoniano, de um mundo de ordem e es-
globais, a Teoria do Caos também encontrou um cam- tabilidade, do qual a mudança não faz parte. Propõe,
po fértil. A idéia de complexidade e caos ambiental, em seu lugar, um novo paradigma, que englobe as ca-
impondo configurações internas igualmente instáveis racterísticas do mundo atual de mudança acelerada,
e caóticas, tem um apelo irresistível para as organiza- desordem, instabilidade e não equilíbrio. Prigogine,
ções assoladas por crises e procurando decifrá-las para prêmio Nobel de Química pelo estudo da termodinâ-
sobreviver. mica de sistemas afastados do equilíbrio, descobriu
Até o momento não é possível avaliar se seria este que estes sistemas alternam períodos de comporta-
um casamento de conveniência entre teoria e prática e mento previsível com outros de instabilidade. Nestes
se teria ele seus dias contados. Pode-se dizer, entretan- últimos, perturbações e flutuações, num contexto de
to, que esta união tem ajudado a superar a herança do relações não lineares, levam ao rompimento de sime-
Modelo do Gerenciamento Científico e a ilusão de trias e estados de equilíbrio, potencialmente conduzin-
equilíbrio e estabilidade como estado natural. do o sistema a patamares de organização mais eleva-
Para Nonaka (ref. 107) o Gerenciamento Científico- dos. Reafirma-se, mais uma vez, a premissa que insta-
com o ordenamento do trabalho via estudos de tem- bilidade e caos são essenciais à evolução.
pos e movimentos, divisão de tarefas e existência de Bygrave (ref. 092) mostra como o Caos fornece uma
hierarquias e cargos claros e bem definidos - é alicer- metáfora útil para a compreensão dos processos de cria-
çado na premissa do limite da capacidade humana pa- ção de novos empreendimentos. O autor disseca estes
ra processar informações. Os novos modelos, por ou- processos, concluindo que eles são marcados por turbu-
tro lado, enfatizam o papel do caos e da ambigüidade. lências e instabilidades. Ele aconselha que os estudantes
/!Só um sistema caótico pode adequar-se a um meio caótico de administração sejam acostumados a equações não li-
... Para uma organização se renovar, ela deve se considerar neares para desenvolver a intuição e fazer um contra-
em não equilíbrio o tempo todo". O autor explica como, ponto ao pensamento reducionista, linear e incremental
num sistema, os elementos flutuam, interagindo entre que permeia a maioria dos cursos de negócios.
si e sofrendo ciclos de feed-back. Os sistemas auto-orga- Priesmeyer e Baik (ref. 101) focaram sua atenção na
nizados criam ordem reagindo seletivamente às infor- observação de variáveis de performance de algumas
mações do meio ambiente. Nonaka estabelece algumas empresas e na possibilidade de identificação de ciclos
regras ou princípios de como uma organização pode caóticos fundados em não-linearidades. Os autores
criar, amplificar e administrar o caos. A mensagem é contrapõem estes ciclos, próprios das organizações e
clara: a renovação é uma questão de sobrevivência e seu meio ambiente, aos ciclos temporais - mês, trimes-
exige dissolução da ordem. É preciso, portanto, negar tre, ano - normalmente utilizados nos sistemas de pla-
modelos de equilíbrio e advogar o novo paradigma da nejamento, concluindo que o processo decisório pode
auto-organização. ser enriquecido com esta nova visão.
Freedman (ref. 031) propõe um Novo Gerenciamen- No conjunto, os autores que se aventuraram a estu-
to Científico, o Gerenciamento do Caos. Na mesma li- dar as implicações da Teoria do Caos nos modelos ge-

101
jJ~[J PESQUISA BIBLlOGRAFICA
renciais consideram que esta representa uma nova luz Foi construído, assim, um retrato, ainda parcial e
sobre fenômenos já de algum tempo observados mas propositadamente sem retoques, das aplicações e pos-
não se constitui, de forma alguma, numa teoria pron- sibilidades da Teoria do Caos relacionadas aos campos
ta. Muito pelo contrário, trata-se de um campo ainda ligados à Administração. Ao olhar este retrato, a pri-
em aberto e ávido por novas explorações. meira imagem que notamos é a da negação de toda a
pesada herança determinista e sua influência sobre
CONCLUSÃO nossas vidas e maneira de ver o mundo. E não é pou-
co. A Teoria do Caos coloca em cheque a própria pos-
Cabe agora realizar uma pequena síntese dos aspec- sibilidade da ciência de identificar ou formular leis, a
tos principais vistos ao longo deste texto. Na introdução ilusão de um mundo racional e controlável.
procurou-se mostrar como a Teoria do Caos pode signi- Não deve ser surpreendente que o conceito de Caos
ficar uma importante quebra de paradigma na evolução e suas idéias associadas estejam ganhando contorno e
do pensamento científico. Em seguida, foi abordada a status de campo científico. O surpreendente é que isto
questão da modelação. Enfocou-se as limitações dos só agora esteja acontecendo. Especialmente a partir do
modelos lineares estáticos - os mais comuns e utiliza- século XIX, a ciência tem sido marcada pela busca da
dos - e as possibilidades de uso de modelos não linea- compreensão algorítimica e da possibilidade de gene-
res dinâmicos - mais próximos ralização, pela compartimen-
da realidade - com condições tagem e pela superespeciali-
de contorno apropriadas. GLOSSÁRIO zação. Mas nem sempre foi
A seção seguinte tratou das * adaptado de Larraín (ref. 058) e Peters (ref, 060). assim. A racionalidade já foi
tentativas de aplicação de prin- outra, refletindo uma visão
cípios da Teoria do Caos em • Sistemas Deterministas: sistemas nos quais o de mundo muito diferente. A
Finanças. Viu-se como a mate- comportamento é determinado por uma equação ou
um conjunto de equações, envolvendo um pequeno
Teogonia de Hesíodo, por
mática do Caos tem atraído a grupo de variáveis. Sistemas deterministas são previ- exemplo, revela um mundo
atenção de analistas e acadêmi- síveis. onde os eventos são percebi-
cos sem, entretanto, ter ainda dos como manifestações divi-
gerado respostas a altura das • Sistemas Não Lineares Dinâmicos: sistemas
nos quais o comportamento pode ser traduzido por
nas. Foram os pioneiros da
expectativas existentes. Por ou- relações exponenciais. Eles podem evoluir de compor- revolução científica que dese-
tro lado, pode-se verificar a uti- tamentos deterministas bem definidos para resulta- jaram eliminar os componen-
lidade da Teoria no questiona- dos crescentemente complexos e irregulares. O adjeti- tes teológicos e religiosos que
mento dos modelos vigentes e vo dinâmico vem do fato do valor presente do siste-
ma ser uma transformação do valor passado. Sistemas
a ciência medieval havia co-
na compreensão da intrincada Caóticos são sempre não lineares dinâmicos. O inver- locado como centrais alguns
lógica dos mercados. so não é verdadeiro. séculos antes. Onde a ciência
Em seguida foram vistas as medieval acoplava à explica-
aplicações em Economia. No- • Caos, Sistemas Caóticos: termo relacionado a
comportamentos irregulares e complexos que apa- ção dos fenômenos idéias de
tamos como esta passa por rentam ser randômicos mas na verdade possuem propósito e valores morais, a
uma crise, resultante do cho- uma ordem matemática subjacente. Suas caracterís- nova ciência procurou desen-
que de seus pressupostos bási- ticas essenciais são as seguintes: comportamentos volver explicações observá-
cos com sua capacidade ins- parcialmente traduzidos por equações não lineares;
possibilidades de pequenos inputs gerarem grandes veis e verificáveis via causa e
trumental. A Teoria do Caos efeitos; existência de ciclos e padrões; e imprevísibí- efeito (ref. 073).
pode ser usada como rota pa- lídade, principalmente a médio e longo prazos. Mas muitos domínios, es-
ra o requestionamento destes pecialmente aqueles ligados
pressupostos. • Atrator: é o ponto ou nível ao qual um sistema
retoma quando os efeitos de perturbações externas à pesquisa social, vivem hoje
A última seção foi dedicada cessam. uma era de introspecção
aos Modelos Gerenciais. Mos- epistemológica, principal-
trou-se como vivemos num • Atrator Caótico: um sistema caótico converge mente pela frustração causa-
período de transição turbulen- para um conjunto de possíveis valores. Este conjunto
é infinito em número mas limitado em amplitudes. da pelo até então válido po-
ta, marcado pela superação Atratores caóticos são não periódicos. sitivismo aplicado à pesquisa
das premissas básicas do Mo- (ref. 070). Embora este pro-
delo de Gerenciamento Cientí- • Fractais: medem a irregularidade de linhas ou cesso ainda não tenha gera-
fico. Neste contexto, a Teoria curvas, planos e volumes. Uma linha reta tem dimen-
são 1.00, um quadrado 2.00 e um cubo 3.00. A linha do um paradigma alternati-
do Caos corre em paralelo costeira pode ter dimensões erttre 1.15 e 1.25; índices vo definitivo, uma crescente
com outras correntes de idéias do mercado de ações podem ter dimensões entre 1.30 ênfase em idéias sistêmicas -
na construção de novos mode- e 1.40. A Geometria Fractal tem aplicações práticas na e conceitos de Caos - é cons-
los para entender e gerenciar identificação de padrões deterministas em sistemas.
tatada implícita ou explicita-
as organizações. mente.

102
CAOS: A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CIÊNCIA?

Para Prigogine e Stengers (ref. 006) a metáfora usual textos teóricos. O percurso às vezes é superficial, às ve-
para a evolução da ciência é a da evolução das espécies, zes subterrâneo. Da intersecção de disciplinas surgem
uma arborescência de disciplinas cada vez mais diver- e ressurgem questões antes compartimentadas pela di-
sas e especializadas, um progresso irreversível e unidi- visão entre disciplinas. A história do conhecimento é
recional. Eles propõem no lugar desta imagem uma me- uma história dramática de ambições frustradas, idéias
táfora geológica, na qual a ordem das coisas é marcada que malogram, realizações desviadas do sentido que
mais por deslizamentos que por mutação. Questões deveriam perseguir, é também uma história de suces-
abandonadas ou negadas por uma disciplina passam si- sos inesperados, descobertas surpreendentes e casa-
lenciosamente a outras ou reaparecem em outros con- mentos felizes. É, enfim, uma história de CAOS.

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