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Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto

“da Função Social do Arquitecto” um resumo


Octávio Lixa Filgueiras

Filgueiras inicialmente, remete-nos à descrição da natureza


humana, sociedade, e sistema em que vivemos. Como seres singulares
agimos egocentricamente dentro das regras da sociedade, procurando
servir o próximo apenas para obter os resultados provenientes dessa
acção que nos interessam. Isto, pode ser ampliado à escala da
sociedade, “ «casas de crédito» não se instituíram para fomentar a
riqueza de qualquer pessoa, ou da própria colectividade” (pág. 23).
Assim, Filgueiras concluí, que a sociedade humana funciona juntando o
útil ao agradável, e apenas isso a move. A luta “ética e responsabilidade
vs sistema motor da sociedade”, protagoniza a evolução do arquitecto
na história.

Na Idade Média, o arquitecto acentuava, pela mão da religião, a


estratificação social. Na igreja este organizava a planta não só pelo
significado religioso, mas também pela hierarquia social. A Igreja era a
convergência de várias infra-estruturas públicas actuais, centro cívico,
tribunal, local de reunião… ela era o único sítio possível de convergir as
várias castas e o sítio mais propício para as diferenciar. O arquitecto da
época “provinha das massas”, era um homem viajado consequente
sábio, a sua escalada social era excepção, apesar de ser mão da
separação dos estratos, Filgueiras concluí que este obteve com a justiça
a sua enorme projecção social na época.

Este arquitecto, “ainda não tem segredos a guardar”, era


despreocupado e trabalhava com ética. Mas o final do século XII, trouxe
a organização e pactos entre arquitectos. A partir desta época os
arquitectos a pouco e pouco, acórdão em não comunicar os seus
conhecimentos a outros, fazendo da arquitectura um segredo. Filgueiras
acha este momento a primeira queda de nível da classe.

Com a chegada do Renascimento a tentativa de juntar o sagrado e


o humano, o arquitecto sofreu uma mutação.

A arquitectura deixava de ser exclusiva da igreja e surgiu a


arquitectura civil, “a arquitectura dos banqueiros”. Nesta nova época,
houve um transporte de valores da arquitectura religiosa para a
arquitectura do poder, houve uma divinização do poder. Esta
individualização, trouxe o culto do nome e logo, trouxe a assinatura na
obra. A arte e arquitectura deixaram o anonimato e passaram a viver
com a assinatura. Isto trouxe uma queda no profissionalismo e a fama e
os trabalhos pagos passaram a ser a motivação dos arquitectos. A partir
deste momento, a assinatura trouxe também a responsabilidade, o
arquitecto deixara de desenvolver a sua actividade espontaneamente.

A individualização, trouxe uma mudança na arquitectura, o cliente


assumia o poder e domava o arquitecto, o ecletismo do renascimento
deixava de agradar aos banqueiros, e reclamavam mudança. A ascensão
de novas famílias comerciais na sociedade, trouxe novos clientes aos
arquitectos sedentos por se mostrar cultos. O arquitecto foi
manipulado. Este surge como um ornamentista, toda a criatividade é
sugada da arquitectura para a ornamentação. Surge o barroco, o
rococó, a funcionalidade é esquecida.

Contudo a Revolução Francesa trás ares de mudança, a crise


económica implicava processos simples e práticos para o funcionamento
da sociedade. Naquela altura surgiram tratados arquitectónicos onde
apareceram alguns dos elementos constituintes do funcionalismo
moderno.

Apesar disso, mais problemas para a classe dos arquitectos estavam


para vir, com a revolução surgiram, mais uma vez, novos-ricos, que
ajudaram a individualizar ainda mais a sociedade, a divindade estava-se
a tornar comum. Assim o snobismo primitivo aparece, desejoso de
esquecer o passado recente.

O revivalismo mais pastiche que outra coisa aparece, e o


arquitecto é outra vez usado pelo poder da forma mais humilhante.

Assim o século XIX é estagnação da arquitectura, satisfeita com o


passado e catalisadora da arqueologia, estagna na arte avança na
tecnologia.

Surge o comboio, este exigia estações, pontes, gares, “o fogo pega-


se à madeira, mas não ao ferro”. O ferro passa a ser produzido
industrialmente e uma nova técnica surge.

Esta nova técnica desconhecida dos arquitectos, fez surgir os


engenheiros, a classe volta a cair.
O século XIX é marcado pelas intervenções urbanísticas de
Haussmann, o rasgar de vias para a higienização da cidade, mobilidade
das tropas, bem-estar humano, aqui foram feitos grandes avanços na
forma de pensar a cidade.

Estas intervenções, trazem um novo papel ao arquitecto “Todo


arquitecto moderno es urbanista”, agora este cabe resolver os
problemas que Haussmann criou, a desumanização da cidade.

Deste problema surgiu o movimento moderno e às custas dos mais


baixos custos desta arquitectura surgiu um novo cliente para o
arquitecto, o poderoso anónimo, este cliente não quer construir um
palácio, nem não tão pouco rasgar uma avenida ou praça, ele quer
envolver todos os cidadãos na complexidade social e psicológica. Esta
nova responsabilidade dignificara a arquitectura e esta beneficiaria pela
primeira vez toda a sociedade.

Filgueiras acaba concluindo, que a missão do arquitecto é não


permitir que o orgulho da torre de Babel se repita, e o homem
finalmente poderá unificar-se em um só, sendo este acto da
responsabilidade do arquitecto actual. O monumento pode não ser
imortal, mas beleza da atitude da pessoa fica para sempre.

Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto

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