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Junguiana

v.36-1, p.37-48

Expressões da sexualidade:
um olhar junguiano

Ana Lia B. Aufranc*

Resumo Palavras-chave
Até o início do século XX havia uma definição dessa história, no Brasil, são revistos a fim de nos Identidade
rígida do que era ser homem e do que era ser mul- situarmos no panorama atual. Ao despirmos os con- de gênero,
her, da masculinidade e da feminilidade. Atual- ceitos de anima e de animus de seu viés cultural e orientação
sexual,
mente as questões de identidade de gênero e de de padrões rígidos, podemos compreender que o
binarismo,
orientação sexual vão além do binarismo e config- arquetípico se expressa nas mais diferentes polar- anima e
uram uma sexualidade mais fluida que desafia a idades, no feminino e no masculino, na alma e no animus.
consciência coletiva. Nossa cultura judaico-cristã corpo, dentro e fora de nós e que a psique individu-
levou a uma sobrevalorização do masculino em det- al bem como a coletiva se transforma e desenvolve
rimento do feminino e às repressões daí decorrentes seu potencial criativo a partir da diferenciação e da
na história de nossa sexualidade. Alguns aspectos integração das diferentes polaridades. ■

* Psicóloga, analista junguiana pela SBPA-IAAP, supervisora


e coordenadora de seminários no Instituto de Formação de
Analistas da SBPA.
E-mail: <ana-lia@uol.com.br>

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No universo junguiano encontramos a ques- nais de comunicação com o inconsciente, que se


tão tão presente das polaridades: consciente e expressam fora e dentro de nós.
inconsciente. As polaridades básicas que con- Nossa cultura judaico-cristã associa o princí-
duzem à individuação, ao caminho de nos tor- pio masculino, solar, discriminativo, ativo, logos,
narmos, através do desenvolvimento da consci- espírito ao homem e o feminino, lunar, reflexivo,
ência, aquilo que somos em nossa totalidade. passivo, eros, matéria, à mulher. Há também,
Jung descreve a psique como sendo potencial- em nossa cultura, uma evidente repressão do fe-
mente criativa: não dependemos da repressão minino e da mulher. Vivemos em uma cultura pa-
dos instintos para desenvolver cultura. O arque- triarcal com uma sobrevalorização do masculino.
típico se expressa nas polaridades do espírito e Vejamos um pouco como isso se deu na
do instinto, da psique e da matéria, do feminino e história do Brasil. Ao desembarcar na Terras de
do masculino, na alma e no corpo. O arquetípico Santa Cruz, os portugueses ficaram incialmente
está ao mesmo tempo dentro e fora de nós, não impressionados com a beleza das índias que ca-
há lado de fora da psique coletiva. minhavam nuas pelas novas terras. Os primeiros
A meu ver, uma das grandes riquezas do pen- cronistas, como Pero Vaz de Caminha, as viam
samento junguiano encontra-se na conceituação como criaturas inocentes e puras, cuja beleza
dos arquétipos da anima e do animus. nua chamava a atenção (PARKER,1991).
Em que pesem as críticas em relação ao viés Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala,
cultural, que está muitas vezes presente na des- no capítulo “O Indígena na Formação da Família
crição dessa conceituação, é preciso lembrar a Brasileira”, diz:
sua originalidade. Jung, em Aion, ao descrever
esses conceitos, diz: “estou completamente O ambiente em que começou a vida bra-
consciente de estar discutindo um trabalho pio- sileira foi de quase intoxicação sexual.
neiro o que, por sua própria natureza, só pode O europeu saltava em terra escorregan-
ser provisório” (JUNG, 1981a, § 27). do em índia nua... muitos clérigos dei-
Se temos isto em mente, nos damos conta xaram-se contaminar pela devassidão.
da riqueza da descrição de que tanto o homem As mulheres eram as primeiras a se entre-
quanto a mulher trazem no seu inconsciente a gar aos brancos, as mais ardentes, indo
polaridade oposta àquela com a qual a consciên- esfregar-se nas pernas desses que supu-
cia se identifica. Estas polaridades opostas nos nham deuses. Davam-se ao europeu por
permeiam, nos fascinam, nos atraem, fazem com um pente ou um caco de espelho (FREYRE,
que nos apaixonemos. Busquemos no outro, no 1983, p. 93).
diferente, aquilo que nos completa, aquilo que
nos leva a novas transformações. Na medida, porém, em que os índios se mos-
As imagens anímicas surgem espontanea- traram antropófagos e resistiram à chegada dos
mente do inconsciente, fazem parte da função estrangeiros, passaram a ser associados ao de-
compensatória da relação consciente /incons- mônio. É claro que isso já vinha com a chancela
ciente. Assim, se pensarmos a anima e o animus da igreja católica. A grande função dos jesuítas,
não identificados a padrões rígidos, seriam con- em seu projeto de catequese, era a de reprimir e
trapartidas necessárias para a individuação, ca- censurar os corpos nus dos nativos. Era preciso

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que eles fossem urgentemente vestidos, afinal passam a ser normais a existência das chamadas
era inaceitável vê-los nus na missa e menos ain- “teúdas e manteúdas” e a de seus filhos bastar-
da cabia assistir, durante a celebração, à exci- dos. A iniciação sexual dos filhos dos senhores de
tação que as índias causavam nos portugueses. engenho, bem como o prazer destes, era vivido na
Na visão dos portugueses, o indígena era sombra social da senzala. A religião e o Estado ca-
um animal lascivo que vivia sem nenhum cons- minhavam juntos, o pecado era crime, atentado a
trangimento os seus desejos carnais. Para os jo- Deus e ao Rei. A Inquisição portuguesa teve início
vens colonos, era a própria imagem do paraíso, em 1536 e só se encerrou em 1821. O homosse-
libertos que estavam das repressões e restrições xual, chamado de sodomita, era julgado pelas
impostas à sexualidade pela cultura de origem. Ordenações Manuelinas com pena de morte na
De acordo com Freyre (1983, p. 101): “Era natural fogueira, confisco dos bens e infâmia de todos
a europeus surpreendidos por uma moral sexual os descendentes até a terceira geração. Embora
tão diversa da sua concluírem pela extrema lu- isso não tenha chegado a acontecer no Brasil, os
xúria dos indígenas; entretanto, dos dois povos, sodomitas que fossem acusados poderiam ser
o conquistador talvez fosse o mais luxurioso”. presos e enviados ao Santo Ofício de Lisboa. Iro-
Cabia aos missionários coibir os atos consi- nicamente, muitos haviam sido mandados pelo
derados libidinosos, como a poligamia e a sodo- Santo Ofício, em degredo, ao Brasil.
mia, hábitos naturais entre os índios habitantes Havia uma rede de comunicação bastante ex-
da nova terra. Entre os índios Tupinambá, por tensa entre a colônia e o Santo Ofício, além dos
exemplo, que ocupavam a maior parte da costa membros da igreja, pessoas da elite poderiam ser
brasileira naquela época, havia os Tibira, homens aceitas como representantes da Inquisição. Fazer
homossexuais e as Çacoimbeguira, as mulheres parte do quadro da Inquisição trazia status na co-
homossexuais; entre os Kadiweu havia os kudina lônia, além de privilégios como a isenção fiscal.
que eram homem-mulher e assim por diante entre Significava que tal pessoa era reconhecida como
as outras tribos nativas (FERNANDES, 2016). tendo “limpeza de sangue”, isto é, sem misturas
Esse projeto da igreja, ao mesmo tempo ca- de índios ou de negros. Cabia aos representantes
tequista e repressor, repetiu-se, possivelmente do Santo Ofício oficializar delações que seriam
de forma mais violenta, com a população negra, enviadas ao Tribunal de Lisboa. E, eventualmen-
pouco tempo depois, com o início do tráfico de te, oficiais da Inquisição visitavam o Brasil.
escravos em 1526. É interessante verificar que muito do que se
Às índias (no século XVI) e às negras (no século sabe da vida sexual daquela época constava
XVII) coube o papel de prostitutas e/ou amantes. dos registros minuciosos das denúncias e das
De acordo com o ditado popular da época: “bran- confissões. Havia dúvidas, por exemplo, do que
ca para casar, mulata para foder e negra para tra- se fazer com as delações de homossexualidade
balhar” (Del Priore, 2014, p. 46). As brancas de feminina. A penalidade para a homossexualida-
elite eram vendidas em casamento. de se referia à chamada sodomia completa, que
Para as autoridades religiosas, o ato sexual significava penetração anal. Mas como poderia
e qualquer atrativo feminino eram sinônimos de haver sodomia entre mulheres? Outra questão
tentação diabólica. À mulher cabia o papel de que suscitava dúvidas era se a sodomia pratica-
reprodutora, seu corpo era demonizado. O único da entre um homem e uma mulher também seria
aspecto do feminino aceito era a maternidade. A passível de pena.
virgindade, evidentemente, era obrigatória para O fato de não haver tribunais da Inquisição
o casamento. O adultério feminino era passível no Brasil trazia uma liberdade muito maior aos
de ser punido com a morte. Já as traições reali- habitantes da nova terra em comparação com a
zadas pelos homens eram tidas como naturais, e população de Portugal.

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Para a trilha sonora da peça de teatro Cala- porque o cérebro da mulher poderia ser domi-
bar, o Elogio da Traição, de 1973, Chico Buarque nado pelo útero. Na versão de um médico da
compôs um frevo “Não existe pecado ao sul do época, a excessiva voluptuosidade era de fácil
equador”. Essa frase o compositor encontrou diagnóstico: essas mulheres são péssimas do-
em uma nota de rodapé do livro Raízes do Bra- nas de casa (DEL PRIORE, 2014). Os remédios
sil, de seu pai Sérgio Buarque de Holanda. É uma eram os mesmos dos 200 anos anteriores: ba-
frase que faz parte do livro Histórias de Feitos nhos frios e caminhadas.
Recentemente Praticados no Brasil, do historia- A dissociação entre a virgem santa, mãe dos
dor holandês Caspar von Barlaeus, da corte de filhos e a prostituta com quem se pode viver o
Maurício de Nassau, em Pernambuco durante o prazer, tem ecos até hoje na psique coletiva.
século XVII. Neste, Barleus diz que é como se a O corpo e o prazer saem então da jurisdição re-
linha que divide o mundo em dois hemisférios ligiosa e passam para o campo da ciência, não
também dividisse a virtude do vício. mais pecado, mas sim doença. A homossexuali-
A partir do século XIX, a medicina passou dade deixa de ser pecado ou crime e passa a ser
a ocupar o espaço da religião na instrução de uma patologia degenerativa: falhas biológicas e
como deveria ser o relacionamento sexual. A psíquicas que colocam em risco a espécie huma-
nudez completa estava associada ao sexo no na. O homossexual não mais é preso em cárcere,
bordel, as relações deveriam ocorrer no escuro mas sim em clínicas e manicômios. No Brasil,
e com corpos cobertos. A ciência explicava que a homossexualidade saiu do código penal em
a ejaculação extraia o que haveria de mais puro 1830, mas as prisões continuaram a ocorrer sob
no sangue do homem: 30 gramas de sêmen cor- a justificativa de atentado ao pudor ou vadiagem.
responderiam à hemorragia de 1.200 gramas de Somente em 1973 a Associação Americana de
sangue, portanto não se aconselhava o desper- Psiquiatria deixou de considerar a homossexua-
dício. Nada de masturbação, e as relações de- lidade como sendo transtorno mental e a retirou
veriam ser rápidas visando a fecundação (DEL do Diagnostic and Statistical Manual Disorders
PRIORE, 2014). Entre 1840 e 1850, dois médicos (DMS). Mesmo assim continuou a constar como
franceses descobriram os mecanismos da ovula- doença mental no Classificação Internacional de
ção feminina; isto demonstrou, com clareza, que Doenças (CID) até 1990, quando a Organização
o orgasmo feminino era totalmente desnecessá- Mundial da Saúde (OMS) publicou a décima ver-
rio! (DEL PRIORE, 2014). são dessa classificação (CID-10). Essa versão só
O prazer nessa época era também vivido na entrou em vigor, para os países-membro das Na-
sombra social. Havia, no século XIX, no Rio de ções Unidas, em 1993 (OMS, s.d.).
Janeiro, três categorias de prostitutas: as aristo- Apenas em março de 1999, ou seja, há menos
cráticas ou de sobrado, que eram em geral fran- de 20 anos, o Conselho Federal de Psicologia edi-
cesas, mantidas por políticos ou fazendeiros e tou a Resolução nº 001/1999, que define que a
estavam associadas ao luxo no morar e no vestir; homossexualidade não é doença, nem distúrbio,
as de sobradinho, que eram mais pobres e traba- nem perversão. Nessa Resolução, os psicólogos
lhavam em hotéis, eram polacas ou mulatas; e são orientados a não exercer qualquer ação que
as da escória, mulheres que atendiam em case- favoreça a patologização de comportamentos
bres ou em fundos de barbearias. ou práticas homoeróticas e nem colaborar com
Já as mulheres honestas não deveriam sen- eventos e serviços que proponham tratamento e
tir prazer. A elas era reservado o papel de ser cura da homossexualidade (CONSELHO FEDERAL
boa mãe, submissa e doce. O instinto materno DE PSICOLOGIA, 1999).
deveria anular o instinto sexual. Caso contrário, As mulheres, por sua vez, tiveram a alforria ao
tratava-se de patologia, ninfomania ou histeria, próprio prazer a partir do lançamento da pílula

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anticoncepcional, que se deu nos EUA em 1960 formas variadas de neutralidade, ambiguidade,
e que chegou ao Brasil em 1962. Inicialmente multiplicidade e fluidez de gênero. Por exem-
pensada como forma de possibilitar o planeja- plo, um gênero não binário é o agênero que se
mento familiar, passa a ser usada por mulheres caracteriza basicamente pela ausência de gê-
solteiras, o que configura a revolução sexual. A nero ou o bigênero que se caracteriza pela vi-
sexualidade passa a poder ser vivida plenamen- vência de dois gêneros simultaneamente.
te, em sua dimensão do prazer, sem associação Já a orientação sexual tem a ver com a ex-
com a gravidez. A mulher passa a poder ser dona pressão da sexualidade, do desejo, da atração
de seu prazer e de seu corpo, como nunca tivera afetivo sexual. Nesse sentido, a orientação sexu-
a condição antes. al pode ser hetero, homo, bi ou pansexual, que
O início da liberdade sexual é vivido nessa seria a atração sexual ou amorosa entre pessoas
época, no Brasil e no mundo, junto a enormes independentemente do sexo ou da identidade
movimentos de transformações de costumes. de gênero.
Iniciam-se no Brasil, os primeiros movimen- Não raro hoje temos notícia de novas forma-
tos pelos direitos gays no final dos anos 1970. ções de casais e de famílias. No Equador, houve
Na ocasião, eram predominantemente formados recentemente o relato de um casal: ela, Diane
por homossexuais masculinos, mas logo as lés- (que nasceu Luis), e ele, Fernando (que nasceu
bicas passaram a participar. Nos anos 1990, os Maria). Ambos tomam hormônios, mas não fize-
travestis e transexuais aderiram e, no início de ram a cirurgia de redesignação sexual e tiveram
2000, os bissexuais. um filho. Logo, é o pai que deu à luz e amamenta.
Até o começo do século XX há uma definição É interessante ver imagens de homens barbados
rígida do que é ser homem e do que é ser mulher, amamentando (CRELLIN, 2017). Os transexuais
da masculinidade e da feminilidade. A homosse- podem ser heterossexuais, como é o caso do ca-
xualidade é vista, ainda nos anos 1970, dentro sal equatoriano. Mas podem também ser gays,
da perspectiva do masculino dominante e do lésbicas ou bissexuais tanto quanto as pessoas
feminino passivo. A bicha, como era chamado, cisgênero. Ou seja, por exemplo, alguém nas-
é o passivo; o homem que transa com a bicha cido mulher pode se identificar como homem e
não é, necessariamente, considerado homos- sentir atração por outro homem. Seria, então, um
sexual. Sapatão é a mulher que se exerce mas- homem trans homossexual.
culinamente, a parceira feminina, não. Ou seja, Na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
é homossexual o homem feminino e passivo ou São Paulo, os alunos podem solicitar o uso de
a mulher masculina e ativa. um nome social, o que significa começar o curso
O movimento GLS (gays, lésbicas e simpa- com um nome masculino e terminar com um fe-
tizantes) passa a ser LGBT: lésbicas, gays, bis- minino ou vice-versa. Recentemente, foi instituí-
sexuais, travestis, transexuais e em algumas do ali também, além dos banheiros para homens
regiões do Brasil o “T” inclui transgêneros (even- e para mulheres, o banheiro unissex.
tualmente é também acrescido o Q de queer). Há ainda uma comunidade que se autode-
Para além do sexo anatômico, homem e mu- nomina assexual. A assexualidade, segundo a
lher, há a questão da identidade de gênero e definição da própria comunidade, é diferente
da orientação sexual. A identidade de gênero do celibato, porque este seria uma escolha e
está ligada à maneira como a pessoa se auto- diferente do desejo sexual hipoativo, que seria
define. Nascer homem e sentir-se mulher ou patologia. Essa comunidade entende a asse-
nascer mulher, mas sentir-se homem, ou ser xualidade como sendo uma orientação sexual,
cisgênero, ou seja, identificado com o sexo de ou seja, não sentem atração sexual por outros
nascimento. A não binaridade de gênero inclui indivíduos, mas podem ser heterorromânticos,

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homorromânticos, birromânticos, panrromânti- Shiva e Shakti se separam, com o surgimento
cos ou arromânticos. da dualidade.
É claro que tudo isso é extremamente novo Maya, a magia de Shakti, dá a aparência de
para a consciência coletiva. Mas será que tudo finito ao infinito, de múltiplo ao que é uno, de
isso é realmente novo? destrutível ao que é eterno. Penetrando através
A maioria dos deuses cosmogônicos tem de Maya, é possível atingir o absoluto, ultrapas-
uma natureza bissexual. O hermafrodita é a sando as limitações e as dualidades, vivenciar o
imagem da união dos opostos. Está presente reconhecimento de ser parte do todo.
na indiferenciação inicial da totalidade, mas Com a integração de Shiva, o princípio mascu-
aponta, também, para a meta da individuação, lino, e de Shakti, o feminino, se atinge a percep-
o processo de desenvolvimento do Self de um ção de que somos unidade. Para isso há dois ca-
estado inconsciente para um estado conscien- minhos tântricos, ou seja, duas práticas: o Vama
te. Por isso, o lápis philosophorum, na alqui- Tantra, que entende que a energia masculina se
mia, está no início e no fim do processo. Os manifesta principalmente no homem e a femini-
opostos presentes em suas potencialidades na principalmente na mulher, daí a prática ritu-
alizada do ato sexual para uni-los; e a Dakshina
iniciais e em sua integração final.
Tantra, que entende que tanto o homem como
A separação dos opostos é a condição inicial
a mulher possuem os dois princípios, masculino
para o desenvolvimento da consciência, mas a
e feminino, e preconiza práticas que visam inte-
opus implica a integração dos opostos.
grar ambos em cada ser individualmente.
Hermes é o símbolo da prima matéria e seu
Junito Brandão (1991a), especialista em mito-
agente transformador. Muitas vezes, ele é re-
logia grega e latina, faz uma diferençiação inte-
tratado como hermafrodita, imagem que reflete
ressante entre o Hermafrodito e o Andrógino.
a natureza da divindade que é “Todo em Um”.
Segundo Ovídio, em Metamorfoses: Herma-
Hermes Trismegisto , ao revelar seus segredos a
frodito, filho de Hermes e Afrodite, era um jovem
Asclépio, diz:
belíssimo. A ninfa Sálmacis, ao vê-lo banhan-
do-se na sua fonte, apaixonada, o enlaçou for-
Deus não tem nome e possui todos os no-
temente e pediu aos deuses que jamais a sepa-
mes pois ele é ao mesmo tempo o Um e o rassem dele. Suas súplicas foram atendidas e os
Todo. Infinitamente repleto com a fecun- dois corpos foram fundidos em um só. Hermafro-
didade de ambos os sexos, ele continua- dito, ao perceber o que havia ocorrido, implora
mente faz nascer o que planeja criar [...] aos pais, no que é atendido, que todo aquele
(SINGER, 1990, p. 116). que se banhasse nas águas límpidas da fonte
de Sálmacis ficasse impotente. O Hermafrodito
O ser primordial, que engloba as polarida- estaria assim associado à simbiose e à esterili-
des, se torna, de acordo com Jung (1981a), com dade, representaria um movimento regressivo
o desenvolvimento da civilização, um símbolo do dois diferenciado para o um.
da união da personalidade, um símbolo do Self, Já os andróginos, em o Banquete de Platão,
da totalidade. de acordo com Aristófanes, eram seres esféri-
No hinduísmo, a fusão de Shakti e Shiva cos que incluíam os dois sexos e que foram se
é representada pela união sexual entre eles tornando audaciosos, a ponto de ameaçar os
ou por uma figura com dois sexos, metade deuses com suas tentativas de escalar o Olimpo.
feminina e metade masculina. Shiva e Shak- Zeus, face ao perigo, resolveu cortar o andrógino
ti unidos formam o absoluto não manifesto: em duas partes e encarregou Apolo de curar suas
Brahman. A criação do universo se dá quando feridas e virar seus rostos para o lado em que a

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separação havia sido feita. Assim eles poderiam quanto aos pajés, é provável que fossem
contemplar a marca dos cortes, o umbigo e, com daquele tipo de homens efeminados ou
isso, se tornariam mais humildes. Cada metade invertidos que a maior parte dos indígenas
tem procurado, desde então, a outra contrária da América antes respeitavam e temiam,
em um desejo intenso de se “re-unir” e foi assim do que desprezavam ou abominavam.
que teve origem o amor. A verdade, é que para as mãos de indiví-
É importante lembrar que, de acordo com o duos bissexuais ou bissexualizados pela
mito, inicialmente existiriam três sexos huma- idade, resvalam, em geral, os poderes e a
nos: o masculino, que provem de Hélio, o sol; função de místicos, de curandeiros, pajés
o feminino, que provem de Géia, a terra; e o e conselheiros, entre as várias tribos.
andrógino, que provém de Selene, a Lua, e que
compartilha de ambos os sexos. Outra questão Na mitologia afro-brasileira, que também
interessante é que existiriam também outras forma nossa cultura, temos Oxumarê, um orixá
duas fusões, que Zeus também separou, a de vidente e curador. De acordo com algumas ver-
mulher com mulher e a de homem com homem, sões, vive metade do ano como homem e a ou-
o que teria dado origem ao desejo homossexual tra metade, como mulher. Oxumarê está ligado
à imagem da serpente e à imagem do arco íris.
(BRANDÃO, 1997).
Oxumarê une com seu longo véu multicolorido,
O andrógino, ao contrário do hermafrodito,
o céu e a terra, fazendo assim a comunicação
estaria associado à fecundidade, à diferencia-
com os deuses. É o orixá ligado à força vital do
ção e à procura de reunião.
movimento, da transformação e da renovação
Na mitologia grega, a androginia, assim como
(GALLI, 2011; PRANDI, 2001). É uma figura com-
a mudança de sexo, é comum. Talvez a referên-
plexa que muito se assemelha à de Tirésias.
cia mais conhecida de mudança de sexo seja a
Voltando aos dias de hoje, o Brasil é o país
de Tirésias. Na adolescência, Tirésias, que havia
que, em números absolutos, mais registra assas-
nascido homem, ao ter que passar pelas provas
sinatos de travestis e transexuais. A expectativa
iniciáticas, subiu o monte Citerão no Pelopone-
de vida dos transgêneros é de 35 anos, de acordo
so. No caminho, viu duas cobras copulando; ele
com a Associação Nacional de Transexuais e Tra-
as separou e, segundo algumas versões, matou
vestis do Brasil (Antra, [2000]). Ou seja, menos
a fêmea. Naquele instante, ele se transformou da metade da expectativa de vida da população
em mulher. Como mulher se tornou sacerdotisa brasileira, que pelo Instituto Brasileiro de Geo-
de Hera, casou-se e teve filhos. Em outra ver- grafia e Estatística (IBGE) é de 75,8 anos (MARLI,
são, tornou-se uma prostituta famosa. Após sete 2017). No CID-10 (F64) ainda consta como trans-
anos como mulher, Tirésias, ao subir novamente torno de identidade sexual e no DSM-5 como dis-
o monte Citerão, encontrou a mesma cena ante- foria de gênero.
rior. Desta vez, matou a serpente macho e voltou No primeiro semestre de 2017 foi registrado,
a ser homem (Brandão, 1991b). no estado de São Paulo, um feminicídio a cada
Tirésias é uma figura complexa, mediador en- quatro dias. Sancionada em 2015, a Lei do Femi-
tre a humanidade e os deuses, homem e mulher, nicídio (BRASIL, 2015) transformou em hediondo
cego e vidente. o assassinato de mulheres motivado justamente
Voltando às terras brasílicas, temos que os por sua condição de ser mulher. São os casos de
pajés eram, via de regra, homossexuais, transe- violência doméstica e familiar e do menosprezo
xuais ou bissexuais. Gilberto Freyre (apud RO- ou discriminação à condição de mulher. Assim
DRIGUES; NOVAIS, 2013, p. 49), citando cronis- como o estupro, a motivação costuma estar liga-
tas do século XVI, diz: da a uma afirmação do poder do homem.

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A cidade de São Paulo registra sete casos de S. Paulo (17/07/1017): “nunca quis ser mulher
estupro por dia. Estima-se que apenas 10% das nem ocupar o lugar de mulher. Sou um homem
vítimas reportem o crime à polícia. Em pesqui- que apenas não respeitou os limites, que tran-
sa recente (outubro, 2017) da Thomson Reuters sita com liberdade entre uma ponta e outra do
Foundation, São Paulo é a megalópole mundial espectro” (CANÔNICO, 2017).
com maior potencial de risco de violência sexual Triz1, rapper paulista, em letra da música Ele-
para mulheres e se equipara a Nova Deli, na Ín- vação Mental, diz: “E para quem quer saber o
dia (BHALLA; MENDES, 2017). meu gênero é neutro. Cê não precisa entender,
Em uma cultura que privilegia o masculino só precisa ter respeito”.
e inferioriza o feminino, há ainda a primazia da Com a questão trans, tudo sai do “seu devido
heterossexualidade como sendo a forma normal lugar”, soa estranho, imprevisível. É fácil termos
e madura da sexualidade. A homossexualidade, a necessidade de encaixar o novo, que traz in-
embora tenha saído do rol das patologias e do segurança, no conhecido. Como se, ao existirem
crime, ainda está em processo de aceitação cul- apenas dois sexos anatômicos, só pudessem
tural. Já as questões trans são ainda muito novas existir também dois gêneros. Em um documen-
para a consciência coletiva. tário sobre Laerte2, que passou a se autodeno-
minar a Laerte, fica claro o preconceito inclusive
A Dinamarca foi o primeiro país, cuja lei en-
entre os próprios transexuais, “se você não fez
trou em vigor em janeiro de 2017, a retirar as
cirurgia, então você não é mulher”; é uma fala
identidades trans da lista de transtornos mentais
que Laerte escuta de mulheres trans.
(RUSSO, 2017). Em São Paulo, desde de 2010,
O novo traz uma sexualidade mais fluida,
o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medici-
para além do binarismo e das polarizações ra-
na da Universidade de São Paulo tem mantido
dicais de masculino e feminino. Para além, tam-
o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de
bém, das categorizações LGBT que, às vezes,
Gênero e Orientação Sexual.
parecem crescer em letras na tentativa de cate-
Eros é vida é transformação. A individuação
gorizar e enquadrar o novo.
não necessariamente significa adaptação social.
Podemos continuar a jogar pedra na Geni
Não somos responsáveis, em última instância,
(como na letra da música “Geni e o Zepelim”, de
pelo que somos na nossa identidade mais pro-
Chico Buarque de Holanda3), projetando o mal
funda, mas sim pelo que fazemos com isso.
no diferente, no novo, configurando assim a dis-
A anima e o animus, não identificados a pa- sociação e a esterilidade, ou podemos procurar
drões rígidos, seriam as contrapartidas necessá- seguir uma lei básica de Zeus a xenía.
rias à individuação. A integração das diferentes A xenía é o oposto da fobia. É a lei da hospita-
polaridades na procura do desenvolvimento do lidade, pela qual se deve receber o estrangeiro, o
que é próprio a cada um. diferente, o novo e oferecer-lhe comida, bebida,
Estaremos vivendo uma enorme indiferen- banho e abrigo. Nunca perguntar nada ao hóspe-
ciação? Ou então simplesmente, ao “saírem do de até que ele tenha saciado as suas necessida-
armário” os esqueletos reprimidos, vem chegan- des. Só no dia seguinte perguntar a que veio. ■
do à consciência coletiva a imensa riqueza das
possibilidades humanas. Vem se expressando Recebido em: 25/02/2018 Revisão:17/05/2018
toda a potencialidade contida simbolicamente
em uma relação erótica.
Ney Matogrosso, cantor que surgiu com o 1
https://www.letras.com.br/triz/elevacao-mental/
grupo Secos e Molhados em 1973, disse recen-
2
https://www.netflix.com/br/title/80142223
3
https://www.letras.mus.br>MPB>Chico Buarque>Geni e o
temente em uma entrevista ao jornal Folha de Zepelim

44 ■ Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analitica, 1º sem. 2018


Abstract

Expressions of sexuality: A jungian view


Until the beginning of the 20th century there are revised in order to situate ourselves in the
was a rigid definition of what it was to be a man current panorama. By undoing the concepts of
and what it was to be a woman, of masculinity anima and animus from their cultural bias and
and femininity. Currently issues of gender iden- rigid patterns, we can understand that the arche-
tity and sexual orientation go beyond binarism typal is expressed in the most different polarities,
and configure a more fluid sexuality that chal- in the feminine and masculine, in the soul and in
lenges the collective consciousness. Our Chris- the body, inside and outside of us and that the
tian Jewish culture led to an overvaluation of the individual psyche as well as the collective one is
masculine to the detriment of the feminine and to transformed and develops its creative potential,
the repressions that derive in the history of our starting from the differentiation and integration
sexuality. Some aspects of this history, in Brazil, of the different polarities. ■

Keywords: gender identity, sexual orientation, binarism, anima and animus.

Resumen

Expresiones de la sexualidad: una mirada junguiana


Hasta principios del siglo XX había una defin- pectos de esta historia, en Brasil, se revisan a
ición rígida de lo que era ser hombre y de lo que fin de situarnos en el panorama actual. Al de-
era ser mujer, de la masculinidad y de la femi- shacer los conceptos de anima y de animus de
nidad. Actualmente las cuestiones de identidad su sesgo cultural y de patrones rígidos, podemos
de género y de orientación sexual van más allá comprender que el arquetípico se expresa en las
del binarismo y configuran una sexualidad más más diferentes polaridades, en el femenino y en
fluida que desafía la conciencia colectiva. Nues- el masculino, en el alma y en el cuerpo, dentro y
tra cultura judía cristiana llevó a una sobreval- fuera de nosotros y que la psique individual así
orización de lo masculino en detrimento de lo como la colectiva se transforma y desarrolla su
femenino y a las represiones que se derivan en potencial creativo, a partir de la diferenciación y
la historia de nuestra sexualidad. Algunos as- de la integración de las diferentes polaridades. ■

Palabras clave: identidad de género, orientación sexual, binarismo, anima y animus.

Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analitica, 1º sem. 2018 ■ 45


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