Você está na página 1de 55

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – DOM ALBERTO

COSMETOLOGIA CAPILAR: DESENVOLVIMENTO


E PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS

SANTA CRUZ DO SUL - RS


SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................... 2
1.1 Anatomia funcional ............................................................................... 3
1.2 Estruturas responsáveis pelo formato dos fios ..................................... 5
2 CICLO CAPILAR ......................................................................................... 5
2.1 Anágena ............................................................................................... 5
2.2 Catágena .............................................................................................. 6
2.3 Telógena .............................................................................................. 7
2.4 Exógena e Kenógena ........................................................................... 8
3 COMPOSIÇÃO DA HASTE CAPILAR ........................................................ 8
3.1 Queratinas .......................................................................................... 10
4 PROPRIEDADES FÍSICAS DO CABELO ................................................. 11
5 TÉCNICAS DE COLORAÇÃO .................................................................. 13
6 ALISAMENTO E PERMANENTE .............................................................. 17
7 LED ........................................................................................................... 21
8 CUIDADADOS COM A HASTE CAPILAR ................................................ 27
9 IMPLICAÇÕES DOS TRATAMENTOS COSMÉTICOS NA HASTE
CAPILAR 35
10 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 52

1
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Mudanças na forma e cor dos cabelos têm sido, desde o início das
civilizações, um dos indicadores de beleza. A moda não se restringe às vestimentas,
mas expande-se aos cabelos, gerando uma busca incessante por uma aparência
diferenciada. O alisamento dos cabelos teve seu auge registrado em meados do ano
1900 com a técnica para alisamento de cabelos afroétnicos que utilizava vaselina
sólida e pente de metal quente a uma temperatura entre 150 e 260°C denominada
hot comb. Ao longo dos anos subsequentes, foram desenvolvidas substâncias
químicas que possibilitaram alisar ou enrolar os cabelos de forma permanente e
mais segura. Atualmente, observa-se uma tendência à busca pelos cabelos
extremamente lisos de modo definitivo.

Fonte: www.oextra.net

Dúvidas sobre a ação dos cosméticos capilares sobre a saúde do corpo e dos
cabelos são cada vez mais abordadas nas consultas dermatológicas. Somando-se a
isso o já tradicional uso de agentes que modificam a cor natural do cabelo ou
escondem os indesejáveis fios brancos, temos uma associação que pode realmente
ser perigosa para a saúde dos fios. A cada dia, aumentam as consultas médicas
2
para esclarecimento de quais técnicas e produtos químicos são mais indicados para
permitir que os cabelos sofram as alterações desejadas de seu aspecto natural e, ao
mesmo tempo, mantenham-se saudáveis e belos.

1.1 Anatomia funcional

O folículo que gera a haste a pele humana contém aproximadamente 5


milhões de folículos pilosos, com cerca de 100.000 folículos presentes no couro
cabeludo. Este número pode variar conforme a cor dos cabelos. A maioria dos pelos
se encontra em locais visíveis, com conotação psicossocial importante. Embora os
três tipos principais de folículos pilosos (lanugo, vellus e terminal) tenham diferenças
na sua estrutura e pigmentação, eles seguem os mesmos princípios de formação.

Fonte: www.fitocosmetic.com.br

3
Todo folículo piloso na fase anágena está totalmente formado e apresenta o
formato de uma taça de vinho invertida. No cálice, há uma estrutura semelhante ao
bulbo de cebola, denominada papila dérmica folicular, sendo este o local em que
células progenitoras se dispõem no centro de forma multicilíndrica, movendo-se para
a camada mais externa da haste capilar.
A presença de estruturas guias e planos de clivagem conduz este
crescimento direcionado. A bainha interna (BI) é uma camada cilíndrica e dura de
ceratinócitos diferenciados, que guia e guarda a haste capilar. A bainha de
companhia é um compartimento celular independente entre a bainha externa e a
interna e é uma peça chave na ancoragem da haste no folículo piloso.
Os compartimentos epiteliais do folículo piloso são compostos por oito
cilindros concêntricos: bainha externa, bainha de companhia, camada de Henle (BI),
camada de Huxley (BI), cutícula (BI), bem como a cutícula, o córtex e a medula da
haste capilar. A linhagem epidérmica de diferenciação é distinta em cada um desses
cilindros.
Três principais populações de células precursoras parecem originar a bainha
externa, interna e a haste. O bulge é a região na qual estão às células epidérmicas
progenitoras, daí se origina a bainha externa, enquanto aquelas que formam a BI e a
haste se depositam no germe folicular secundário na papila folicular.
O músculo eretor do pelo se insere no nível do bulge, local do principal sítio
de células progenitoras foliculares. O músculo está sob controle adrenérgico, e
contrações involuntárias em situações de estresse repentino, ansiedade, ou raiva
fazem com que ele se “levante”.

Fonte: www.glamforyou.wordpress.com
4
O folículo piloso apresenta um sistema de inervação autonômica, bem como
numerosas células de Merkel em torno do istmo, localizado entre a inserção do
músculo eretor do pelo e o infundíbulo da glândula sebácea. Os vasos sanguíneos
alcançam todo o folículo, através da bainha de tecido conjuntivo, e ainda se inserem
na papila dérmica folicular dos cabelos terminais.

1.2 Estruturas responsáveis pelo formato dos fios

Acreditava-se que o formato da BI era primariamente responsável pelo


formato do cabelo, mas, atualmente, se sabe que há diferenças entre as curvaturas
do cabelo liso e do crespo. Novos estudos foram realizados e mostraram que o
formato da haste capilar é programado pelo bulbo, particularmente pelo grau de
simetria/assimetria axial da matriz capilar. Foi demonstrado que no cabelo crespo
um dos lados da cutícula do cabelo se desenvolve primeiro, dando a este bulbo o
aspecto de taco de golfe; já no liso, o desenvolvimento é igual e reto.

2 CICLO CAPILAR

O ciclo capilar é tradicionalmente reconhecido por três fases: crescimento


(anágeno I-VI), regressão (catágeno I-VIII) e repouso (telógeno). Segue-se uma
sequência rítmica repetitiva de mudanças características na morfologia do folículo
que obedecem a uma organização sequencial geneticamente codificada.

2.1 Anágena

Na fase anágena, o cabelo está crescendo ativamente, e materiais são


depositados em sua haste pelas células da papila folicular. A duração desta fase é
determinada geneticamente e varia dependendo do sítio anatômico estudado. No

5
couro cabeludo, tem duração de 2 a 6 anos com taxa de crescimento de
aproximadamente 0,03 a 0,045 mm por dia, sendo a taxa de crescimento mais
acelerada nas mulheres. Aproximadamente 85- 90% de todos os cabelos estão
nesta fase de crescimento. Há pessoas que podem ter os cabelos bem compridos
porque têm uma fase anágena de longa duração. Entretanto, os indivíduos que
possuem uma fase anágena curta não conseguem que seus cabelos atinjam um
comprimento longo. Apesar de a cultura popular ensinar diversas fórmulas e
simpatias para fazer os cabelos ficarem mais longos, o comprimento máximo do
cabelo de cada indivíduo é geneticamente determinado e não sofre influência de
suplementação vitamínica ou tratamentos tópicos.

Fonte: www.chegadequeda.com.br

2.2 Catágena

A fase catágena é muito controlada. A apoptose e a diferenciação terminal


fazem a involução rápida do folículo, enquanto a fábrica real da haste capilar, o
bulbo, é desmontada quase completamente. A papila dérmica folicular não sofre
apoptose. Não obstante, esta se condensa, move-se para cima, e há um declínio no

6
número de núcleos dos fibroblastos, provavelmente pela migração de fibroblastos da
papila para a bainha de tecido conjuntivo proximal.
Os sinais mais precoces do término da fase anágena e da indução da
catágena são a retração dos dendritos dos melanócitos no folículo e a evidência
enzimática de que a melanogênese está sendo finalizada. A maioria dos melanócitos
do folículo sofre também apoptose. Os melanócitos destruídos no folículo são
repostos durante a próxima fase anágena, a partir do reservatório de células-tronco
melanocíticas no bulge e/ou dos melanócitos da bainha externa. A canície, então,
seria em grande parte uma manutenção insuficiente no folículo piloso de células-
tronco melanocíticas.
Durante a fase catágena, a papila folicular encolhe5 e sai, do saco epitelial, o
cabelo em “clava”. Este tem a característica de apresentar a ponta como uma
escova e a extremidade proximal despigmentada, uma vez que é gerada somente
após o final da melanogênese e da transferência dos melanossomas. Menos de 1%
dos cabelos está nesta fase de involução, que pode durar entre 2 e 3 semanas.

2.3 Telógena

No fim deste processo de involução, o folículo entra no seu “estágio de


repouso”, a fase telógena, devido à observação de que a atividade proliferativa e
bioquímica do folículo alcança seu nível mais baixo durante o ciclo do pelo nesta
fase. Entretanto, a telógena pode apresentar uma importância regulatória muito
maior para o folículo do que simplesmente o “repouso” implica, pois pode servir
como “um freio” à anágena.5 O cabelo fica em fase telógena por 3 meses, e
aproximadamente 10-15% dos fios de cabelo estão em repouso, refletindo uma
queda de 100-120 fios por dia normalmente.

7
2.4 Exógena e Kenógena

Existem duas outras fases recém-descritas na literatura: a exógena e a


kenógena. Na primeira, foi demonstrado que a exclusão da haste capilar é ativa,
altamente controlada, o que difere da fase telogênica a qual é normalmente
quiescente. Já a fase kenógena é um fenômeno novo no ciclo capilar, que
representa o folículo vazio entre o fim da fase telógena e a nova fase anágena. Pode
ser achado em pessoas normais, mas parece ser mais comum em indivíduos com
alopecia androgenética.

3 COMPOSIÇÃO DA HASTE CAPILAR

Fonte: www.clubedocabeloecia.com.br

A haste capilar é uma estrutura essencialmente lipoproteica e sem vida. O


cabelo terminal é composto por três camadas: cutícula, córtex e medula. A parte
mais externa é a cutícula que se constitui de células mortas achatadas, sobrepostas

8
umas às outras como telhas de um telhado. Tais células são denominadas escamas
e formam de cinco a dez camadas, cada uma com 350-450 nm de espessura. Cada
célula é revestida por uma membrana externa denominada epicutícula, rica em
cistina (aminoácido rico em enxofre) e ácidos graxos. A estrutura celular da cutícula
é composta por três grandes camadas: a camada-A externa, que contém a maior
quantidade de cistina (enxofre) e, portanto, é a mais resistente; a exocutícula, que
também contém cistina, e a endocutícula interna, que é virtualmente desprovida de
enxofre. Toda a unidade cuticular tem a propriedade de proteger o córtex de traumas
corriqueiros como os atos de pentear e lavar os cabelos, que são responsáveis por
certo grau de dano cuticular, principalmente nas porções mais distais do fio,
ocasionando a tricoptilose (fenda longitudinal da haste com aspecto de ponta “dupla”
ou partida).
Mais internamente, vem o córtex que constitui a área de maior massa da fibra
capilar. As células do córtex contêm no seu interior estruturas alongadas
denominadas macro e microfibrilas de queratina. As macrofibrilas contêm as
microfibrilas, que, por sua vez, contêm as protofibrilas. Estas últimas são compostas
por cadeias polipeptídicas em formato de a-hélice cuja estrutura e forma químicas
são mantidas por ligações entre os átomos de diferentes cadeias. Essas ligações
podem ter forças variáveis: fracas como as pontes de hidrogênio ou fortes como as
ligações iônicas ou pontes dissulfeto. Tais ligações químicas quando rompidas, em
caráter permanente ou temporário, possibilitam a mudança na forma física do pelo.
As células da haste do pelo têm arranjo estrutural helicoidal e são separadas
por um estreito espaço que contém um material proteico intercelular que as mantêm
coesas. Dividem-se em três camadas: ortocórtex, mesocórtex e paracórtex, em que
encontramos os polipeptídeos de queratina dispostos dois a dois, um ácido com um
básico, formando os protofilamentos, os quais são responsáveis pela capacidade da
queratina de ser estendida e estirada. A endocutícula é a camada mais interna da
cada célula da cutícula e consiste em proteínas amorfas. Esta é a área mais
vulnerável ao ataque de xampus, depósito de resíduos, a atritos e fraturas por
tração, ao ato de pentear ou ao tratamento químico.

9
3.1 Queratinas

São proteínas filamentosas que possuem uma estrutura de a-hélice central.


Quatro longas a-hélices separadas por três regiões não-helicoidais formam um
tetrâmero com dímeros idênticos dispostos antiparalelamente. Estes tetrâmeros
formam um protofilamento cujos pares formam uma protofibrila. A associação lateral
de quatro protofibrilas forma um filamento cilíndrico de queratina. Os cilindros de
queratina ficam dispersos em uma matriz lipoproteica.
Conclui-se que cabelos são estruturas formadas por unidades proteicas a-
helicoidais com o formato espiralado, cujos aminoácidos se ligam através de pontes
dissulfeto, de hidrogênio e ligações iônicas, conferindo-lhe ao mesmo tempo firmeza
e flexibilidade.
Cabelos são mais maleáveis e elásticos do que as unhas porque têm menor
quantidade de pontes dissulfeto presentes na queratina, sendo estas as principais
responsáveis pela sua forma helicoidal rígida. A queratina, com sua conformação
espacial típica e suas ligações químicas, é a principal responsável pela rigidez, força
e insolubilidade da fibra. Cada ponte dissulfeto é formada por duas moléculas de
enxofre ligadas uma a outra.

Fonte: www.isic.net.br
10
A queratina é incolor - A cor dos cabelos do couro cabeludo é dada pela
melanina do córtex e da medula, possivelmente oriunda dos melanócitos do bulbo
capilar, que compõem apenas 3% da massa do fio. Existem dois tipos de melanina
que irão determinar a cor natural dos cabelos: cinza, loiro, castanho, vermelho e
preto, dependendo da quantidade e a taxa de eumelanina (marrom e preta) e
feomelanina (amarela e vermelha). A melanina presente nos grânulos encontra-se
ligada a uma proteína referida como melanoproteína. Ambas as melaninas são
dependentes da quantidade de cisteína presente no melanócito.
A pigmentação do cabelo ocorre durante a fase anágena e é promovida pela
transferência de eumelanossomas ou feomelanossomas dos melanócitos presentes
na papila dérmica folicular. Esses melanócitos são diferentes dos presentes na
epiderme, possuem dendritos mais longos e a relação melanócitos/ceratinócitos
menor (1:1 – 1:4) que a da epiderme (1:25 – 1:40).
No centro da haste, está a medula formada por uma proteína conhecida como
tricohialina. A função da medula tem sido objeto de estudo, porém esta região não
tem participação conhecida nos procedimentos estéticos. Sabe-se, entretanto, que,
em pacientes mais velhos, as células da medula aparecem mais desidratadas e com
espaços cheios de ar, que substituem o local da medula.

4 PROPRIEDADES FÍSICAS DO CABELO

A resistência do cabelo é dada pelo córtex, porém uma cutícula intacta é


necessária para a proteção do interior da haste capilar. O cabelo na água, por sofrer
hidrólise, pode ser esticado em até 30% do seu tamanho sem sofrer nenhum dano.
A porosidade da haste capilar é de aproximadamente 20%, e o peso do
cabelo pode aumentar em 12-18% quando molhado. A absorção é muito rápida, com
uma taxa de 75% de absorção dentro dos primeiros 4 minutos.
A eletricidade estática preferencialmente afeta cabelos secos, pois são maus
condutores. Pode-se criar um problema estético, pois cada haste se repele dando o
aspecto “arrepiado” do cabelo. Este problema pode ser contornado, penteando o
cabelo sob condições de baixa temperatura ou aumentando a umidade capilar.

11
Cabelos caucasianos, asiáticos e afroétnicos têm a mesma composição
química, porém com algumas diferenças estruturais que conferem as suas
características visuais tão peculiares a cada tipo.
Os cabelos afroétnicos têm as moléculas de aminoácidos sulfurados
dispostas de modo diferente, conferindo-lhes aspecto espiralado com pontos de
constrição ao longo do fio, diâmetros variados ao longo da haste e forma elipsoide.
Oferecem menor resistência à fratura quando penteados, apresentam menor
lubrificação ao longo do fio e maior proporção cutícula/ córtex, o que lhes confere
menos massa. O fio é achatado em forma de fita, com crescimento paralelo ao couro
cabeludo.

Fonte: www.belezaesaude.com

Por tudo isso, é um cabelo mais difícil de desembaraçar e pentear. Os


cabelos asiáticos são os mais lisos e mantêm um diâmetro invariável ao longo da
haste. Têm a maior resistência à fratura quando penteados, maior lubrificação em
toda a extensão do fio e menor proporção cutícula/córtex (mais massa). No corte
transversal da haste, os fios são cilíndricos e crescem perpendicularmente ao couro
cabeludo, sendo desembaraçados com maior facilidade. Os fios de cabelo
caucasianos são intermediários em relação às características dos cabelos
afroétnicos e asiáticos, com grande variação entre os indivíduos.

12
5 TÉCNICAS DE COLORAÇÃO

Fonte: www.ts-moda.blogspot.com.br

A química depende do tipo de agente utilizado para a coloração. Os agentes


são geralmente classificados quanto à durabilidade da cor: gradual, temporária,
semipermanente e permanente. Existem pigmentos naturais e sintéticos. Entre os
naturais, o mais conhecido é a hena, a qual confere ao fio uma tonalidade vermelho-
alaranjada. A maioria das pessoas prefere utilizar pigmentos sintéticos que conferem
resultados mais previsíveis. É interessante a realização de teste de contato antes da
utilização de certos produtos, principalmente aqueles à base de derivados de
coaltar. Muitos trabalhos tentam verificar o potencial cancerígeno da utilização de
produtos para tingimento de cabelo, principalmente em relação ao câncer de bexiga
e hematológico. Entretanto, os trabalhos não confirmam tal relação e, até o
momento, os produtos são considerados seguros para a saúde por órgãos como
Food and Drug Administration (FDA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).

13
Fonte: www.blog.aneethun.com

Coloração gradativa: obtida por corantes metálicos como sais de chumbo,


bismuto ou prata. Visam apenas escurecer o tom natural do cabelo em tons
limitados de negro, marrom escuro ou cinza sendo mais procurados por homens
principalmente pela rapidez de seu uso (5 minutos). As partículas do metal parecem
reagir com os resíduos de cisteína da cutícula para formar metais sulfídicos, os quais
se depositam lentamente na haste, proporcionando a pigmentação gradual. As
desvantagens de seu uso estão no cheiro da reação química (enxofre) e na
irreversibilidade do processo. O cabelo tratado também não pode ser tingido com
outra técnica, pois irá partir-se.
Coloração temporária: proporcionada por corantes solúveis em água com
alto peso molecular, o que impede a penetração além da cutícula. Em geral, saem
na primeira lavagem, exceto se o cabelo foi danificado (encontra-se poroso) por
tratamentos químicos anteriores, o que ocasiona um efeito mais prolongado, pois a
penetração é mais profunda. A aplicação sobre fios previamente tingidos pode
ocasionar uma coloração de tons inesperados e indesejáveis. São disponibilizados
em xampus, géis, mousses e sprays. Raramente provocam dermatite de contato.

14
Fonte: www.dhgate.com

Coloração semipermanente: em geral, obtidas por henas sintéticas. São


substâncias de baixo peso molecular derivados do coaltar (diaminas, aminofenóis,
fenóis). Podem causar dermatite de contato. Difundem-se através do córtex,
permanecendo no fio por 4 a 6 semanas ou até oito lavagens com xampus.
Provocam pouco dano à haste capilar, porém o efeito no cabelo quimicamente
tratado pode ser imprevisível. Podem escurecer os fios em até três tons. Estão
disponíveis como loções e mousses. A aplicação é feita nos fios úmidos logo após o
xampu e leva cerca de 40 minutos após os quais o produto é enxaguado. Cabelos
danificados ou apenas retoques nas raízes necessitam de moléculas de diferentes
pesos moleculares para que a cor se mantenha uniforme.

Coloração permanente (oxidação): por meio de soluções alcalinas (pH 9 a


10) à base de amônia que penetram através da cutícula. Podem escurecer ou
clarear os fios sendo mais eficazes para os fios grisalhos ou brancos. O pigmento é
permanente não sendo removido jamais por lavagens. A raiz deve ser tingida a cada
4 ou 6 semanas. A utilização de uma nova coloração sobre o cabelo já tingido pode
danificar os fios. A coloração permanente resulta de uma reação de oxidação entre
paraminofenóis, metaminofenóis, fenilenodiaminas e peróxido de hidrogênio. Caso o
cabelo seja muito escuro e se queira atingir um tom muito mais claro, é necessária

15
uma despigmentação prévia com persulfato de amônio e potássio e peróxido de
hidrogênio. O pigmento definitivo é aplicado sobre os fios descoloridos. É
recomendado que procedimentos de alisamento ou permanente sejam realizados
pelo menos 2 semanas antes da coloração.

Fonte: www.belezaesaude.com

A diferença entre a coloração com tintura permanente ou semipermanente


(tonalizante) está somente na presença de amônia na primeira. A amônia atua
elevando o pH do fio, o que provoca seu intumescimento. Com isso, o produto
consegue penetrar profundamente através da cutícula, podendo chegar ao córtex.
Popularmente credita-se à amônia algum grau de toxicidade ao fio, fato que não é
verdadeiro, pois a amônia não é tóxica, apenas aumenta a penetração de
substâncias que são comuns aos dois tipos de tingimento. Portanto, também os
tonalizantes contêm resorcina, resorcinol, parafenilenodiaminas e paraminofenóis,
assim como as tinturas permanentes. Os dois diferem entre si pela presença ou
ausência da amônia, ou seja, maior ou menor pH de atuação.
Descoloração (luzes, mechas): refere-se à remoção parcial ou total da
melanina natural do cabelo. O cabelo ruivo é mais difícil de despigmentar do que o
castanho. O método mais comum envolve o uso de peróxido de hidrogênio a 12%
em base alcalina (amônia). Inicialmente, os grânulos de melanina são dissolvidos, e

16
o fio tende à cor marrom avermelhado. Em seguida, existe uma etapa de
descoloração mais lenta. O mecanismo de ação não é totalmente explicado, porém
acredita-se que a primeira fase envolva a destruição de diferentes ligações químicas
que mantêm as partículas dos pigmentos, enquanto que a segunda etapa parece
envolver a ruptura da estrutura polimérica da melanina. É dependente do tempo e de
difícil controle. Longos períodos de permanência como 1 a 2 horas podem danificar
intensamente os fios. O processo também destrói algumas pontes dissulfeto da
queratina, o que leva a um enfraquecimento do fio. Também ocorre dano à cutícula,
o que faz com que os cabelos fiquem porosos.

Fonte: www.skafe.com.br

6 ALISAMENTO E PERMANENTE

Alisamento

Consiste na quebra, temporária ou permanente, das ligações químicas que


mantêm a estrutura tridimensional da molécula de queratina em sua forma rígida
original. Estas são divididas em ligações fortes (pontes dissulfeto) e ligações fracas
(pontes de hidrogênio, forças de Van der Waals e ligações iônicas). As forças fracas
são quebradas no simples ato de molhar os cabelos. As ligações químicas mais

17
fracas resultam da atração de cargas positivas e negativas. Existem os alisamentos
temporários, que utilizam técnicas físico-químicas, como o secador e a piastra
(“chapinha”), e também a técnica do “hot comb”. Temporários, pois duram até a
próxima lavagem. Necessitam que os cabelos sejam previamente molhados, para
que ocorra a quebra das pontes de hidrogênio no processo de hidrólise da queratina,
permitindo, assim, a abertura temporária de sua estrutura helicoidal. Com isso, o fio
fica liso. A desidratação rápida com o secador mantém a forma lisa da haste. A
aplicação da prancha quente molda as células da cutícula (escamas), como se as
achatasse paralelamente à haste. O fio adquire aspecto liso e brilhante, por refletir
mais a luz incidente.

Fonte: www.corpoacorpo.uol.com.br

Os alisamentos definitivos visam romper as pontes dissulfeto da queratina.


Podem ser à base de hidróxido de sódio, lítio e potássio, hidróxido de guanidina
(hidróxido de cálcio mais carbonato de guanidina), bissulfitos e tioglicolato de
amônia ou etanolamina, que utilizam reações químicas de redução.

Hidróxidos

18
O hidróxido de sódio ou lítio e o hidróxido de guanidina (compõe-se de
carbonato de guanidina e hidróxido de cálcio) são os mais potentes e destinam-se,
em geral, aos cabelos afroétnicos. O primeiro é utilizado em concentrações que
variam de 5 a 10%, com pH de 10 a 14%, promovendo os resultados mais
dramáticos - e isso é o que mais danifica o cabelo. Já o hidróxido de guanidina é
menos potente que o hidróxido de sódio, mas, mesmo assim, ainda apresenta alto
potencial de danos à fibra. Ele age promovendo a quebra das pontes dissulfeto da
queratina, em um processo denominado “lantionização”, que é a substituição de um
terço dos aminoácidos de cistina por lantionina. O cabelo é composto por
aproximadamente 15% de cistina.4 Utiliza pH alcalino (entre 9 e 14), que causa
intumescimento da fibra e permite a abertura da camada exterior, a cutícula, para
que o alisante nela penetre e também na camada seguinte, o córtex. Após, aplica-se
uma substância que acidifica o pH, interrompendo o processo e voltando a fechar as
pontes dissulfeto no novo formato desejado do fio. Em geral, usam-se xampus
ácidos com esse fim (pH entre 4,5 e 6,0).

Fonte: www.belezaesaude.com

Tióis

O tioglicolato de amônio ou de etanolamina pertence à família dos “tióis” e é o


mais utilizado no Brasil. É bem menos potente do que o hidróxido de sódio e, em

19
geral, mais suave do que a guanidina. É o que tem o maior custo entre todos os
alisantes. Sua concentração depende do pH da solução de amônia. Se utilizarmos
uma solução de tioglicolato a 6% em pH 9,8, teremos o mesmo poder de ação de
uma solução a 10% em pH 9,35, porém a primeira solução é potencialmente mais
irritante e, em função da maior concentração de amônia, tem um odor muito mais
desagradável. Na maioria dos casos, utilizamos uma solução entre 7,5 e 11% em pH
entre 9-9,3. Pode-se aplicar esse produto no cabelo seco (preferencialmente) ou
úmido. A concentração deve ser escolhida de acordo com o tipo do cabelo.

Fonte: www.fiquediva.com.br

Atualmente, o tioglicolato é o mais procurado para alisamento de cabelos


caucasianos. Ele quebra as pontes dissulfeto dos aminoácidos de cistina, o que gera
a formação de duas cisteínas para cada cistina. Por meio desse processo, a
queratina sofre edema, tornando-se maleável para ser enrolada (permanente) ou
alisada. No permanente, utilizam-se rolos chamados “bigodins ou bobes” e, no
alisamento, secamse os fios com secador e, em seguida, aplica-se a prancha quente
para esticá-los. Um maior alisamento é obtido com a aplicação da prancha quente
em mechas bem finas. Após, os cabelos são lavados com água corrente e
neutraliza-se o tioglicolato com a aplicação de um agente oxidativo, em geral

20
contendo peróxido de hidrogênio. Então, o processo químico é interrompido, com os
fios sendo permanentemente mantidos no novo formato.
O processo completo pode durar até sete horas, caso o cabelo seja
pranchado em mechas finas. O chamado “relaxamento” é a aplicação do tioglicolato
sem o uso da prancha. O processo é mais rápido, porém o efeito liso é menos
dramático. Em cabelos quimicamente tratados, há de se proceder a uma aplicação
do tioglicolato em uma mecha teste antes do início do processo, a fim de se verificar
a resistência dos cabelos ao produto. A aplicação de coloração permanente ou
tonalizante pode ocorrer cerca de 15 dias após o alisamento.
Deve-se ter em mente que cabelos alisados tornam-se mais suscetíveis à
química, especialmente ao clareamento. O tioglicolato não é compatível com os
hidróxidos e a aplicação simultânea dos produtos sobre a mesma área acarretará na
tonsura do pelo.

7 LED

Fonte: www.adrianeboneck.com.br

LED é a sigla em inglês para Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz.
O LED é um diodo semicondutor (junção P-N) que, quando energizado, emite luz
visível. A luz é monocromática e é produzida pelas interações energéticas do
elétron. O processo de emissão de luz pela aplicação de uma fonte elétrica de
21
energia é denominado “eletroluminescência”. Em qualquer junção P-N polarizada
diretamente, dentro da estrutura, próximo à junção, ocorrem recombinações de
lacunas e elétrons.
Essa recombinação exige que a energia possuída por esse elétron, que até
então era livre, seja liberada, o que ocorre na forma de calor ou fótons de luz.
Existem técnicas do uso de tioglicolato associado à aplicação de LED nos cabelos já
submetidos à aplicação do alisante. A proposta é que a luz ajudaria na penetração
do tioglicolato, além de, por si só, gerar quebras nas pontes dissulfeto da queratina,
o que possibilitaria o uso de concentrações menores do alisante, com menos danos
ao fio e mais poder de alisamento. Na literatura médica, faltam estudos que
comprovem tal resultado e justifiquem cientificamente o uso da LED em conjunto
com o tioglicolato.

Formaldeídos

Fonte: www.cabeloecalvicie.com

O uso de formol para alisamento capilar tornou-se frequente, pois, além de


mais barato, é um processo rápido e que deixa os fios com brilho intenso. Na
verdade, o formol é o formaldeído em solução a 37%, cuja venda em farmácias é

22
proibida. A solução é empiricamente misturada à queratina líquida, que consiste em
aminoácidos carregados positivamente e ao creme condicionador.
O produto final é aplicado aos fios e espalhado com o auxílio de um pente.
Em seguida, utilizam-se secador e piastra. O formaldeído se liga às proteínas da
cutícula e aos aminoácidos hidrolizados da solução de queratina, formando um filme
endurecedor ao longo do fio, impermeabilizando-o e mantendo-o rígido e liso. O
efeito é o mesmo da calda da maçã do amor: por fora, lindo e brilhante, mas, por
dentro, desidratado e quebradiço. O fio torna-se suscetível à fratura, em
consequência dos traumas normais do dia a dia, como pentear e prender os
cabelos. O problema maior é que o formol é volátil e, depois de aquecido, uma maior
quantidade é inalada tanto por quem aplica como por quem se submete ao
tratamento.

Fonte: www.belezaesaude.com

O formol é permitido no mercado de cosméticos em concentração de até


0,2% como conservante e 5% como endurecedor de unhas (ANVISA - Legislação
em vigor: Formaldeído como conservante: Resolução RDC nº 162, de 11 de
setembro de 2001, e Formaldeído como endurecedor de unhas: Resolução RDC nº
215, de 25 de julho de 2005), mas seu uso como alisante não é permitido devido à
volatização. Recentemente, emitiuse uma nova resolução proibindo seu uso com

23
esse fim (ANVISA - Resolução RDC nº 36, de 17 de junho de 2009). Para atingir o
efeito alisante, o formaldeído deverá ser empregado em concentrações de 20 a
30%, o que é totalmente vetado.
O glutaraldeído é um dialdeído saturado, ligeiramente ácido em seu estado
natural, que vem sendo utilizado como alisante desde a proibição do formol. É um
líquido claro, encontrado em solução aquosa a 50%. Após ativação com bicarbonato
de sódio para tornar a solução alcalina, o líquido torna- se verde. No Brasil, após
diluição, é comercializado como esterilizante e desinfetante de uso hospitalar em
concentrações a 2%. O glutaraldeído (glutaral) é um conservante relativamente
comum em cosméticos, e pode ser usado em concentrações de até 0,2%. Sua
atividade se deve à alquilação de grupos sulfidrila, hidroxila, carboxila e amino,
alterando DNA, RNA e síntese de proteínas. A mutagenicidade do glutaraldeído é
extremamente similar àquela do formaldeído. A exposição por inalação ao
glutaraldeído e ao formaldeído resulta em danos aos tecidos do trato respiratório
superior. O glutaraldeído é de seis a oito vezes mais forte do que o formaldeído para
produzir ligações cruzadas na proteína do DNA e cerca de dez vezes mais intenso
do que o formaldeído na produção de danos teciduais no interior do nariz após a
inalação. A Internacional Agency for Research on Câncer (IARC) classifica a
substância no grupo 2A, ou seja, como provável carcinógeno humano. Já a New
Zealand Nurses Organization considera o glutaraldeído neurotóxico, levando à perda
de memória e à dificuldade de concentração, além de cansaço e fadiga.

Riscos dos formaldeídos

24
Fonte: www.odia.ig.com.br

O risco do formol em sua aplicação indevida é tanto maior quanto maiores a


concentração e a frequência do uso, e ocorre pela inalação dos gases e pelo contato
com a pele, sendo perigoso para profissionais que aplicam o produto e também para
usuários.
A inalação desse composto pode causar irritação nos olhos, nariz, mucosas e
trato respiratório superior. Em altas concentrações, pode causar bronquite,
pneumonia ou laringite.
Os sintomas mais frequentes no caso de inalação são fortes dores de cabeça,
tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema pulmonar. O contato
com o vapor ou com a solução pode deixar a pele esbranquiçada, áspera e causar
forte sensação de anestesia e necrose na pele superficial.
Longos períodos de exposição podem causar dermatite e hipersensibilidade,
rachaduras na pele (ressecamento) e ulcerações principalmente entre os dedos;
podem ainda causar conjuntivite.

25
O vapor de formaldeído irrita todas as partes do sistema respiratório superior
e também afeta os olhos. A maioria dos indivíduos pode detectar o formol em
concentrações tão baixas como 0,5 ppm e, à medida que for aumentando a
concentração até o atual limite de Exposição Máxima, a irritação é mais
pronunciada.
Medições das concentrações de formaldeído no ar em laboratórios de
anatomia no ar têm apontado níveis entre 0,07 e 2,94 ppm (partes por milhão). Em
ambientes nos quais se usa a substância, não pode haver mais do que 0,019 mg/m3
no ar e certamente após o aquecimento os níveis excedem esse limite.
A carcinogenicidade - avaliação do potencial cancerígeno - do formol foi
investigada por quatro instituições internacionais de pesquisa e o produto foi
classificado em 1995 pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC)
como carcinogênico para humanos (Grupo 1, julho 2004), tumorigênico e
teratogênico, por produzir efeitos na reprodução para humanos. A Agência de
Proteção Ambiental (EPA) e a Associação de Saúde e Segurança Ocupacional
(OSHA), dos Estados Unidos, consideram que o agente é suspeito de causar câncer
para humanos. O Programa Nacional de Toxicologia dos EUA (Fourth Annual Report
on Carcinogens) de 1984 considerou que o formaldeído é um agente cancerígeno
nas seguintes doses para ratos: via oral, 1.170 mg/kg; via dérmica, 350 mg/kg; e via
inalatória, 15 ppm/6 horas.
Os alisantes são produtos registrados como cosméticos de grau de risco 2
junto à ANVISA, ou seja, necessitam de registro para comercialização. Entretanto,
uma prática clandestina e atualmente considerada proibida é a adição de formol ou
mesmo glutaraldeído a esses produtos, visando ampliar a capacidade alisante. Para
saber se um produto é registrado como cosmético grau 2, basta acessar o site da
ANVISA.
Considerações finais sobre os alisantes

O fio, uma vez alisado pela aplicação de guanidina ou hidróxido de sódio, não
pode ser alisado novamente, pois há risco de se partir. Já quando é utilizado o
tioglicolato, recomenda- se que somente o fio novo seja alisado, porém, caso seja
utilizada uma concentração baixa, é necessária uma nova aplicação cuidadosa,

26
sempre testando uma mecha de cabelos antes do processo total. O cabelo alisado
só pode voltar a ser submetido a um processo de alisamento com a mesma
substância inicialmente usada. O alisamento deve ser feito pelo menos de duas a
quatro semanas antes da coloração.

Fonte: www.beleza.culturamix.com

A escova progressiva (sem formol) consiste na aplicação de tioglicolato a


cada quatro meses, aproximadamente, para um efeito alisante progressivo. Já a
“escova japonesa” é a aplicação do tioglicolato em alta concentração para um
alisamento rápido em apenas uma sessão. Os alisantes não devem ser aplicados
diretamente no couro cabeludo - para os mais potentes, como o hidróxido de sódio,
deve-se proteger a pele com aplicação prévia de óleos ou vaselina.

8 CUIDADADOS COM A HASTE CAPILAR

Xampus

Atualmente, o objetivo dos xampus não é somente a remoção de sebum,


suor, restos celulares, íons, ácidos graxos dos produtos de cabelo, partículas
metálicas oxidadas e impurezas do couro cabeludo, mas também de ajudar na
27
estética dos cabelos. Hoje, um xampu pode ter mais de trinta ingredientes em sua
fórmula, pois, além dos surfactantes, que são os agentes limpadores, existem os
agentes condicionantes para minimizar a agressão ao fio. Esses agentes podem ser
lipídios, ácidos carboxílicos, agentes catiônicos e silicones (dimeticona,
amodimeticona).

Fonte: www.sempremais.cc

O principal elemento de um xampu é o surfactante ou o detergente, que se


constitui de uma molécula com uma porção apolar ou hidrófoba, a qual se liga aos
lipídios do sebum e a outras impurezas, e uma porção polar ou hidrófila, que se liga
à água, permitindo a remoção e o enxágue do material desejado. Há quatro
categorias básicas de surfactantes: aniônico, catiônico, não iônico e anfotérioco.
Cada um desses grupos tem diferentes qualidades de limpeza do couro cabeludo e
condicionamento dos fios. Tipicamente, muitos surfactantes são combinados em
uma mesma fórmula para alcançar o resultado desejado.
Os surfactantes aniônicos, como o lauril sulfato de sódio e de amônio, laureto
sulfato de amônio e alfa-olefin sulfonato, são os mais utilizados comercialmente. São
excelentes para remover o sebum do couro cabeludo. Porém, não são bem aceitos
pelos consumidores, devido ao resultado não estético com fios opacos, pouco
maleáveis e difíceis de pentear. Para que se mantenha o poder limpador do xampu,

28
mas se minimize a retirada do sebum natural dos fios, muitas fórmulas adicionam
outros surfactantes ditos secundários como os não iônicos. Os surfactantes
catiônicos são utilizados em xampus para cabelos secos ou quimicamente tratados
devido a seu poder limitado de remover o sebum e por manter os cabelos macios e
maleáveis. O surfactante catiônico mais comum é o cloreto de cetil-trimetil amônio, o
qual forma íons carregados positivamente quando em solução aquosa e apresenta
propriedades de limpeza e poder espumante mais fraco do que os tensoativos
aniônicos. Devido a isso, é possível adicionar uma cadeia tipo coco ao surfactante
catiônico para permitir maior quantidade de espuma.

Fonte: www.revistaglamour.globo.com

Já os detergentes não iônicos são utilizados em combinação com os


aniônicos como limpadores secundários, uma vez que apresentam pequena
capacidade de limpar o couro cabeludo. Têm como objetivo suavizar o surfactante
aniônico. Alguns exemplos são PEG-80 laurato de sorbitano e
cocoanfocarboxiglicerinato.
A última categoria de surfactante é constituída por detergentes anfotéricos,
que são substâncias que apresentam tanto o polo negativo quanto o positivo. Isso
faz com que eles se comportem como detergente catiônico em pH baixo e como
aniônico em altos valores de pH. São exemplos cocodietanolamina, betaínas,
cocoamidopropilbetaína e cocoanfoacetato. Esse tipo de surfactante é usado em

29
xampus para bebês, uma vez que não irrita os olhos e também é indicado para
cabelos finos.

Fonte: www.abcfarma.org.br

Atualmente, existe uma forte propaganda negativa sobre a presença de sais


na fórmula de xampu. Os sais como o cloreto de sódio ou outro similar são
necessários para o controle da viscosidade. Caso não estejam em quantidade acima
do ideal, os sais não oferecem risco à saúde dos fios. Em quantidades muito
elevadas, são substâncias que, por terem carga elétrica positiva, competem com o
polímero pelo mesmo sítio de ligação, reduzindo o poder condicionante dos
produtos. No entanto, mesmo em quantidades altas, há também o benefício de
removerem os resíduos dos polímeros, quando estes se encontram depositados
entre as escamas.
Os xampus e os tratamentos químicos aumentam a carga eletrostática dos
fios (carga negativa), o que é compensado pela aplicação de creme rinse catiônico
(carga +). Isso gera acúmulo de resíduos na cutícula, particularmente na
endocutícula, na área da junção entre as camadas celulares, denominada complexo
da membrana celular. Tais resíduos aumentam a eletricidade estática do cabelo,
elevando as escamas e dando aos cabelos aspecto esvoaçante, difíceis de pentear
e aparência desagradável. Além disso, os ácidos graxos dos condicionadores e

30
xampus condicionantes se ligam ao cálcio e ao magnésio da água do chuveiro e se
depositam na fibra capilar. Por isso, é necessária a aplicação semanal de xampu
antirresíduo cujo surfactante de alto poder adstringente seja o lauril sulfato de
amônio.

Fonte: www.cabelosderainha.com.br

Condicionadores

São substâncias que visam desembaraçar, facilitar o penteado, reduzir a


agressão dos efeitos físicos e químicos aos quais os cabelos são submetidos
diariamente, como o simples ato de pentear, mantendo o aspecto cosmético do fio,
sua maciez e diminuindo o aspecto esvoaçado (efeito antifrizz). Os condicionadores
compõem-se de óleos vegetais e minerais, ceras, álcool de cadeia longa,
substâncias catiônicas (carregadas positivamente), triglicerídeos, ésteres, silicones e
ácidos graxos.
A intenção é a ligação dessas substâncias nos pontos agredidos na cutícula e
no córtex. As ligações e interações dos componentes dos cosméticos com a
queratina são influenciadas por carga elétrica do ingrediente, tamanho da molécula,
ponto isoelétrico do fio e pelos ingredientes previamente aderidos à cutícula. São
ingredientes comuns aos condicionadores cloreto de esteralcônio, cloreto de
cetrimônio, cloreto de dicetilamônio, polímero JR (poliquaternário 10), polímeros

31
quaternários, guar catiônico, acrilamida, metacrilato, polímeros neutros (copolímeros,
polivinil) e ácidos graxos (ácidos láurico, mirístico e palmítico).
Os ingredientes podem agir tanto na superfície do fio quanto na profundidade
do córtex. As substâncias que atuam na cutícula têm alto potencial de adsorção, que
significa uma forma de adesão ou revestimento, também denominado efeito filme.
Substâncias de peso molecular alto atuam mais na cutícula, enquanto as de peso
molecular baixo penetram até as camadas mais internas do fio.

Fonte: www.cmtemplates.com

Também existe influência do pH, pois substâncias de pH ácido atuam com


mais rapidez, com efeito desembaraçante, por diminuírem a carga eletrostática. Já
as substâncias alcalinas penetram mais no córtex e agem mais lentamente. As
primeiras são os condicionadores e outros produtos de ação rápida (1 a 3 minutos) e
as outras são as máscaras que necessitam de pelo menos 15 minutos de aplicação.
O condicionador ideal deve ter pH entre 4,1 e 4,9. Infelizmente não é obrigatória a
especificação do pH do produto nas embalagens.
Uma categoria muito difundida entre os agentes condicionantes são os
polímeros - substâncias encontradas nos xampus, condicionadores, cremes com e
sem enxágue, mousses e fluidos. Sua função é diminuir a carga eletrostática dos
fios e aumentar a substantividade do fio, formando um filme protetor.

32
Os polímeros ligam-se ao cabelo por três tipos de ligação (iônica e covalente,
pontes de hidrogênio e forças de atração de Van Der Waals) e são classificados em:
 Catiônicos: poliquaternário de amônio, dimetil amônio, cloreto de
estearalconium ou de cetrimonium.
 Mono e Polipeptídeos: hidrolisado de proteínas (aminoácidos),
polipeptídeos derivados do colágeno.
O tamanho e o peso molecular do polímero influenciam em sua absorção e
dispersão através da fibra capilar e sua ligação com a queratina. Os polímeros de
baixo peso molecular difundem-se no interior da fibra (PM de 10 mil a 250 mil),
enquanto os de alto peso molecular difundem-se na superfície da fibra (acima de
250 mil).

Fonte: www.lar-natural.com.br

Além disso, a carga elétrica dos fios permite maior ou menor ligação dos
polímeros. A maioria dos cosméticos capilares tem pH mais alcalino do que o pH do
fio, carregando-os negativamente e facilitando a ligação dos polímeros catiônicos.
Os polímeros catiônicos têm difícil remoção por xampus comuns (resíduos). Os
polipeptídeos ligam-se à fibra por terem muitos pontos iônicos e sítios de ligações
polares. São moléculas grandes e possuem áreas para ligações de Van Der Waals.
Já os monômeros de proteínas (metionina, tirosina, triptofano), quando em soluções
aquosas, têm peso molecular baixo e penetram no interior da fibra.

33
Fonte: www.cygnuscosmeticos.com.br

Atualmente, o agente mais utilizado como condicionador é o silicone. Os


silicones como ciclopentasiloxane, dimeticonol, dimeticona e amodimeticona têm
efeito filme e protegem o fio das altas temperaturas do secador e da prancha, pois
difundem o calor ao longo da fibra. Também refletem a luz, o que aumenta o brilho.
Os silicones auxiliam a achatar os queratinócitos anucleados da cutícula, o que faz
com que as escamas não desprendam umas das outras e ajuda a manter os cabelos
desembaraçados. Recentemente, o cuidado com o fio incluiu a utilização de filtros
solares. Eles foram inicialmente usados para a preservação dos produtos capilares
da ação da luz solar, mas hoje se sabe que esses filtros agem nos fios minimizando
a degradação do triptofano e a quebra das ligações das pontes dissulfídicas pelos
raios UVB através de sua absorção. Exemplos são incroquat UV 283, merquat e
escalol HP 610. Os filtros solares quaternizados como o cloreto de cinamidopropil
trimetil amônio e dimetilpabamidopropil laurdimonium tosylato têm carga elétrica
positiva, que se liga ao fio com carga elétrica negativa, formando um filme protetor
que o envolve. Todos esses produtos devem ser reaplicados quando os fios são
molhados.
Vale aqui ressaltar que a aplicação tópica de nutrientes, vitaminas, pró-
vitaminas, pantenol, dentre outros anunciados nos xampus e condicionadores não

34
altera em nada a estrutura do fio, não havendo qualquer comprovação científica de
benefício em sua utilização.

9 IMPLICAÇÕES DOS TRATAMENTOS COSMÉTICOS NA HASTE CAPILAR

A literatura médica apresenta alguns possíveis efeitos pósalisamento: fratura


da haste (em geral, no ponto da junção da parte previamente alisada com o cabelo
novo que está sendo quimicamente tratado ou mesmo na parte distal do cabelo),
alopecia cicatricial, síndrome da degeneração folicular (hot comb alopecia, cujo
nome tende a ser substituído), indução de eflúvio telógeno e um possível dano ao
folículo pilossebáceo.

Fonte: www.novoscortesdecabelo.com

Além disso, são frequentes as queimaduras de couro cabeludo que ocorrem


quando o produto é aplicado diretamente na pele. Os corantes permanentes que
utilizam oxidação com paradiamina são os maiores causadores de eczema de
contato. Os mais implicados na alergia são: p-fenilenodiamina, p-toluenodiamina e
cloro-fenilenidiamina. Também o formaldeído pode causar eczema de contato. O
quadro de eczema tem início na periferia do couro cabeludo e atrás das orelhas,
acompanhado de prurido no couro cabeludo. As lesões podem estender-se à face,

35
em especial à região periocular e às pálpebras. A p-fenilenodiamina pode induzir
asma em cabeleireiros.

Fonte: www.saude.consultaclick.com.br

Existe uma preocupação em relação ao uso sistemático dos produtos para


tingir os fios. Trabalhos que estudaram o potencial carcinogênico de diversos tipos
de corantes não consideraram as substâncias atualmente disponíveis no comércio
como de risco. A substância 2,4-diamino anisol foi retirada do mercado por se
relacionar à carcinogenicidade. Novos estudos sobre o potencial toxicológico dos
corantes para cabelos continuam em desenvolvimento, abrangendo populações
maiores e tempo de uso mais prolongado.
Os produtos químicos usados para alisamento, permanente ou coloração
tornam os fios ásperos, porosos e quebradiços, com menor resistência à tração,
devido à geração de íons negativamente carregados ao longo da molécula de
queratina. Também o xampu remove o excesso de gordura e o sebum natural
presente ao longo do fio. Pequenos traumas diários aos quais os fios estão sujeitos,
como o ato de penteá-los e escová-los, também geram a produção de íons
negativos na cutícula e no córtex, principalmente nos cabelos quimicamente
tratados.
Para minimizar esses efeitos, utilizam-se, após a lavagem, os agentes
condicionadores, os quais objetivam manter os cabelos maleáveis, fáceis de
pentear, brilhantes e sedosos. Os condicionadores reduzem a eletricidade estática e
36
o atrito entre os fios, desembaraçando-os devido ao fato de provocarem o depósito
de íons positivamene carregados dentro do fio, os quais se ligam aos íons
negativamente carregados, neutralizando-os. O atrito, então, é diminuído,
provocando um aumento na adesão das escamas da cutícula e, com isso, o fio
reflete mais a luz incidente e fica sedoso ao toque. Há vários tipos de
condicionadores: instantâneos, profundos (com enxágue) e “leave-in” (sem
enxágue). Importante assinalar que os componentes dos dois primeiros devem ser
resistentes ao enxágue subsequente.

Fonte: www.villacavassini.com

Durante a gravidez e a lactação, não se recomenda a utilização de qualquer


tipo de química capilar para tingimento, permanente ou alisamento, mesmo henna.
Não há unanimidade quanto à segurança no uso dessas técnicas e substâncias em
relação ao concepto, porém sabe-se que o risco é maior para os profissionais que
aplicam os produtos químicos sem o uso de luvas e máscaras, que conferem
proteção adequada. Há relatos de casos de neuroblastoma e alterações congênitas
cardiovasculares provocadas pela exposição da mãe às tinturas, tanto permanentes
como tonalizantes. Alguns autores consideram a henna mutagênica e capaz de
deixar resíduos no couro cabeludo.

BIBLIOGRAFIA

37
ALONSO L, Fuchs E. The hair cycle. J Cell Sci 2006;119(Pt 3):391-393

BLACKMORE-PRINCE C, Harlow SD, Gargiullo P, Lee MA, Savitz DA. Chemical


hair treatments and adverse pregnancy outcome among Black women in central
North Carolina. Am J Epidemiol 1999; 149(8):712-716.

BOLDUC C, Shapiro J. Hair care products: waving, straightening, conditioning, and


coloring. Clin Dermatol 2001; 19(4):431-436.

BOTCHKAREVA NV, Ahluwalia G, Shander D. Apoptosis in the hair follicle. J Invest


Dermatol 2006;126(2):258-264

BOUILLON C, Wilkinson J. The science of hair care. Taylor & Francis. 2 ed. 2005.

BOUILLON C. Shampoos and hair conditioners. Clin Dermatol 1988;6:83-92.

BULENGO-RANSBY SM, Bergfeld WF. Chemical and traumatic alopecia from


thioglycolate in a black woman: a case report with unusual clinical and histologic
findings. Cutis 1992;49(2):99-103

CALLENDER VD, McMichael AJ, Cohen GF. Medical and surgical therapies for
alopecias in black women. Dermatol Ther 2004; 17(2):164-176.

CANNELL DW. Permanent waving and hair straightening. Clin Dermatol 1988; 6(3):
71-82.

COTSARELIS G, Kaur P, Dhouailly D, Hengge U, Bickenbach J. Epithelial stem cells


in the skin: definition, markers, localization and functions. Exp Dermatol
1999;8(1):80-88

Courtois M, Loussouarn G, Hourseau S, Grollier JF. Periodicity in the growth and


shedding of hair. Br J Dermatol 1996;134(1):47-54

DAWBER R. Hair: its structure and response to cosmetic preparations. Clin Dermatol
1996; 14(1):105-112.

DE BERKER DAR, Messenger AG, Sinclair RD. Disorders of hair. In: Burns T,
Breathnach S, Cox N, Griffiths C (eds.). Rook´s textbook of dermatology. Oxford:
Blackwell publishing, 7. ed., 2004;4:63.01-120

38
DRAELOS ZD. “Hair Cosmetics”. In: Blume-Peytav U, Tosti A et al. Hair Growth and
Disorders. Springer. 1 ed. 2008; 25:499-512.

GUMMER CL. Cosmetics and hair loss. Clin Exp Dermatol 2002; 27(5):418- 421.

HALDER RM. Hair and scalp disorders in blacks. Cutis 1983;32(4):378-380

KELSH MA, Alexander DD, Kalmes RM, Buffler PA. Personal use of hair dyes and
risk of bladder cancer: a meta-analysis of epidemiologic data. Cancer Causes
Control 2008;19(6):549-558

KOUTROS S, Baris D, Bell E et al. Use of hair coloring products and risk of multiple
myeloma among US women. Occup Environ Med 2009;66(1):68-70

KRASTEVA M, Bons B, Ryan C, Gerberick GF. Consumer allergy to oxidative hair


coloring products: epidemiologic data in the literature. Dermatitis 2009;20(3):123-141

LANGBEIN L, Rogers MA, Praetzel S, Aoki N, Winter H, Schweizer J. A novel


epithelial keratin, hK6irs1, is expressed differentially in all layers of the inner root
sheath, including specialized huxley cells (Flügelzellen) of the human hair follicle. J
Invest Dermatol 2002;118(5):789-799

LEWIS RJ, Tatken RL. Registry of Toxic Effects of Chemical Substances. On-line Ed.
National Institute for Occupational Safety and Health. Cincinnati, OH. March 13,
1989.

LIN KK, Chudova D, Hatfield GW, Smyth P, Andersen B. Identification of hair cycle-
associated genes from time-course gene expression profile data by using replicate
variance. Proc Natl Acad Sci USA. 2004;101(45):15955-15960

LOUSSOUARN G, El Rawadi C, Genain G. Diversity of hair growth profiles. Int J


Dermatol 2005; 44[Suppl 1]:6-9

MASUNAGA A, Nakamura H, Katata T et al. Involvement of follicular stem cells in


forming not only the follicle but also the epidermis. Cell 2000;102(4):451-461

MECKLENBURG L, Tobin DJ, Müller-Röver S et al. Active hair growth (anagen) is


associated with angiogenesis. J Invest Dermatol 2000;114(5):909-916

39
MÜLLER-RÖVER S, Handjiski B, van der Veen C et al. A comprehensive guide for
the accurate classification of murine hair follicles in distinct hair cycle stages. J Invest
Dermatol 2001;117(1):3-15

NAGAHARA Y et al. Structure and performance of cationic assembly dispersed in


amphoteric surfactants solution as a xampu for hair damaged by coloring. J Oleo Sci
2007; 56(6):289-295.

NAGASE S, Satoh N, Nakamura K. Influence of internal structure of hair fiber on hair


appearance. II. Consideration of the visual perception mechanism of hair
appearance. J Cosmet Sci 2002;53(6):387-402

NAGASE S, Shibuichi S, Ando K, Kariya E, Satoh N. Influence of internal structures


of hair fiber on hair appearance. I. Light scattering from the porous structure of the
medulla of human hair. J Cosmet Sci 2002;53(2):89-100

NICHOLSON AG, Harland CC, Bull RH, Mortimer PS, Cook MG. Chemically induced
cosmetic alopecia. Br J Dermatol 1993; 128(5):537-541.

NISHIMURA EK, Granter SR, Fisher DE. Mechanisms of hair graying: incomplete
melanocyte stem cell maintenance in the niche. Science 2005;4;307(5710):720-724

OSAWA M, Egawa G, Mak SS et al. Molecular characterization of melanocyte stem


cells in their niche. Development 2005;132(24):5589-5599

OSHIMA H, Rochat A, Kedzia C, Kobayashi K, Barrandon Y. Morphogenesis and


renewal of hair follicles from adult multipotent stem cells. Cell 2001;26;104(2):233-
245

PAUS R, Peker S, Sundberg JP. Biology of hair and nails. In: Bologna JL, Jorizzo JL,
Rapini RP, editors. Dermatology. Mosby Elsevier, 2. ed. 2008;1:965-986

REBORA A, Guarrera M. Kenogen. A new phase of the hair cycle? Dermatology


2002; 205(2):108-110

ROBBINS CR. Chemical and physical behavior of human hair. Springer. 4 ed. 2002.

ROSSI A, Barbieri L, Pistola G, Bonaccorsi P, Calvieri S. Hair and nail structure and
function. J Appl Cosmetol 2003;21:1-8
40
SCOTT DA. Disorders of the hair and scalp in blacks. Dermatol Clin 1988; 6(3):387-
395.

SHAROV A, Tobin DJ, Sharova TY, Atoyan R, Botchkarev VA. Changes in different
melanocyte populations during hair follicle involution (catagen). J Invest Dermatol
2005;125(6):1259-1267

SINCLAIR RD, Banfield CC, Dawber RPR. Handbook of diseases of the hair and
scalp. Oxford: Blackwell Science 1999:3-26

STENN K. Exogen is an active, separately controlled phase of the hair growth cycle.
J Am Acad Dermatol 2005;52(2):374-375

SWEE W, Klontz KC, Lambert LA. A nationwide outbreak of alopecia associated with
the use of a hair-relaxing formulation. Arch Dermatol 2000;136(9):1104- 1108

THIBAUT S, Gaillard O, Bouhanna P, Cannell DW, Bernard BA. Human hair shape is
programmed from the bulb. Br J Dermat 2005;152:632-638

TOBIN DJ, Paus R. Graying: gerontobiology of the hair follicle pigmentary unit. Exp
Gerontol 2001;36(1):29-54. Erratum in: Mar; 36(3):591-2

TRÜEB RM. Hair loss. Praxis (Bern 1994) 2003; 92(36):1488-1496.

VOGT A, Mcelwee KJ, Blume-Peytavi U. Biology of the hair follicle. In: Blume-
Peytavi U, Tosti A, Whiting DA, Trüeb R (eds.). Hair growth and disorders. Berlin:
Springer 2008:1-23

WICKETT RR Permanent waving and straightening of hair. Cutis 1987; 39(6):496-


497.

Yano K, Brown LF, Detmar M. Control of hair growth and follicle size by VEGF-
mediated angiogenesis. J Clin Invest 2001;107(4):409-417

10 LEITURA COMPLEMENTAR

41
Tratamentos Estéticos para Seborréia Associados a Tratamentos
Dermatológicos

Autor: Ana Paula Rossato Idéia1, Danielle de Cássia2 .

RESUMO: Os cuidados com os cabelos são uma preocupação constante para os


seres humanos. Porém, a desestabilização das glândulas sebáceas e do couro
cabeludo acomete alterações como a seborréia. Este estudo tem por objetivo
mostrar a sinergia dos tratamentos estéticos associados aos tratamentos
dermatológicos para a melhora do quadro de seborreia capilar. Este trabalho é uma
revisão de literatura, utilizando base de dados e bibliotecas da área da saúde. Além
dos tratamentos dermatológicos para seborreia capilar, existem procedimentos
estéticos como a argiloterapia, aromaterapia, vapor de ozônio e alta frequência que
auxiliam na prevenção e no tratamento do mesmo. O tecnólogo em estética está
preparado para atuar em conjunto com o médico dermatologista. E com base em
seus conhecimentos, pode associar os procedimentos estéticos entre si e montar
protocolos capazes de promover uma sinergia visando cabelos saudáveis.
Palavras-chave: seborreia, argiloterapia, aromaterapia, eletroterapia.

INTRODUÇÃO

Os cuidados com os cabelos são uma preocupação constante para os seres


humanos. Em algumas culturas, o aspecto dos cabelos assinala diferenças
sociais ou profissionais, já em outras, atende a exigências religiosas ou até
mesmo a posicionamentos políticos. A forma e a aparência dos cabelos
demonstram diversas características como estilo, estado de saúde, o nível de
cuidados pessoais e a autoestima de cada indivíduo.
Em razão da estética ser valorizada pela sociedade, os cabelos têm um valor
indiscutível como ornamento pessoal, sendo necessário um tratamento

1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti


do Paraná (Curitiba, PR).
2 Tecnólogo em Estética, Prof. Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR).
42
adequado aos mesmos e ao couro cabeludo. A desestabilização das glândulas
sebáceas e do couro cabeludo acomete alterações como seborreia, caspa
(Pityriasis capitis) ou dermatite seborreica (Pityriasis steatoides).
A seborreia ou esteatorréia é o excesso de produção de sebo, uma afecção
que causa desconforto nos indivíduos, pois os cabelos ficam pesados e com
aparência de que não foram devidamente higienizados. Para o controle desta
produção são utilizados ativos dermatológicos antisseborreicos e procedimentos
estéticos aliados, como a argiloterapia, aromaterapia, vapor de ozônio e alta
frequência, pois estimulam a microcirculação do couro cabeludo e ajudam na
penetração dos ativos.
Este estudo tem por objetivo mostrar a sinergia dos tratamentos estéticos
associados aos tratamentos dermatológicos para a melhora do quadro de
seborreia capilar.

COURO CABELUDO

Todos os organismos possuem um envoltório, a pele, que serve para protegê-


los, delimitando sua forma e controlando a entrada e a saída de várias substâncias.
As funções da pele incluem proteção contra agressões físicas, químicas e
biológicas, proteção contra radiação danosa ultravioleta dos raios do sol, formação
da vitamina D, termorregulação e perda de água, secreção de ferormônios,
percepção e sensibilidade, e defesa imunológica.
O couro cabeludo estende-se dos arcos superciliares anteriormente até a
protuberância occipital externa e as linhas nucais superiores posteriormente. Na
lateral, continua inferiormente ao arco zigomático. É uma estrutura com múltiplas
camadas: a pele, tecido conjuntivo denso, camada aponeurótica, tecido conjuntivo
frouxo e pericrânio.
A pele do couro cabeludo é espessa, com reduzida concentração de
melanina, protegida pelos cabelos e, como as demais partes do corpo, é composta
pela epiderme, derme e hipoderme.
Algumas mudanças intrínsecas como alterações hormonais, doença de
imunodeficiência e hereditariedade, tanto quanto extrínsecas como estresse

43
emocional e físico, temperaturas baixas e proliferação de bactérias, podem causar
danos ao couro cabeludo e alterações nas glândulas sebáceas, provocando
irritações, ardências e coceiras, desencadeando afecções.

GLÂNDULAS SEBÁCEAS

As glândulas sebáceas encontram-se na derme e seus ductos desembocam


na parte superior do folículo piloso. Estas glândulas estão presentes em maior
número na face e no couro cabeludo.
São pequenas vesículas que secretam um conteúdo oleoso na superfície da
pele, com o objetivo de formar uma película conhecida como emulsão hidrolipídica
ou manto epicutâneo. A função dessa emulsão é manter a hidratação da pele,
protegê-la da ação de agentes físicos e climáticos e de alguns microorganismos,
pois seu pH não favorece a permanência desses agentes na pele, tendo ações
bactericida e fungistático.
As glândulas sebáceas estão sempre associadas a um pelo, como apêndices
do folículo piloso. São glândulas holócrinas que secretam uma substância composta
de ácidos graxos, colesterol e lipídios, mas conhecida como sebo.
Cada folículo piloso é provido de uma a seis glândulas sebáceas. Existe em
média 400/900 glândulas por cm2 e produzem o sebo, cuja função é impermeabilizar
o couro cabeludo e os cabelos deixando-os macios, flexíveis e brilhantes.
O funcionamento das glândulas depende de diversos fatores, principalmente
dos hormonais. A ação dos hormônios androgênios é fundamental para que haja
produção sebácea, mas se o estímulo for muito intenso ou a glândula for mais
sensível, a produção de sebo aumenta, assim como a oleosidade da pele. Outro
fator que pode modificar a atividade do folículo piloso e das glândulas sebáceas é o
estresse.

SEBORREIA
Seborreia ou esteatorreia é uma afecção provocada por fatores hormonais,
genéticos ou psíquicos. Apresenta aumento do fluxo sebáceo, tornando a pele
lipídica, eritematosa e espessa.

44
Os óstios foliculares apresentam-se dilatados e as áreas mais atingidas são a
face, o couro cabeludo e a parte superior do tronco. A temperatura mais elevada
facilita a secreção do sebo, mas não interfere em sua produção. Os alimentos não
têm ação sobre a secreção sebácea.
O nível de produção de sebo considerado excessivo caracteriza a seborreia.
Não apresenta descamação ou vermelhidão. É um fator predisponente para a
dermatite seborreica.
No couro cabeludo, o excesso de oleosidade pode desencadear alopecia, ou
seja, a queda dos cabelos. A seborreia pode estar presente ao nascimento ou
ocorrer já nos primeiros dias de vida, porém, é mais frequente na puberdade e na
idade adulta.

TRATAMENTOS DERMATOLÓGICOS

Para tratar a seborreia são prescritos; para uso tópico, xampus e loções com
ativos reguladores e antisseborreicos e para uso sistêmico, a isotretinoina e
bloqueadores hormonais de testosterona são indicados para casos mais
exuberantes.
Os princípios ativos mais frequentes nos xampus que tratam a seborreia são:
cetoconazol, zinco, derivados de alcatrão (coaltar), ácido salicílico e octopirox. As
loções costumam ter, principalmente, agentes antiinflamatórios, como os
corticosteroides e o ácido salicílico. Este último, também ajuda a reduzir a
descamação do couro cabeludo.
Outros ativos também são indicados para o controle da seborréia. Como as
algas marinhas, cetrimida, climbazol, enxofre líquido, enxofre precipitado, resorcina,
sulfacetamida sódica, sulfeto de selênio, fator antigordura, Phlorogine e piritionato de
zinco. Estes ativos são usados para diminuir o acúmulo sebáceo na superfície
cutânea e têm ações bacteriostática, fungicida, antimicótica, antisseborreica e
desengordurante, estimulante, adstringente, bactericida, antisséptica, queratolítica,
antipruriginosa, cicatrizante e reguladora da secreção sebácea.

45
Cabe ao dermatologista indicar os ativos ou suas combinações, que sejam
mais adequadas ao indivíduo, tendo em vista a ação específica de cada
componente.
Os xampus formulados devem ser aplicados nos cabelos molhados,
massagear suavemente, deixar agir por alguns minutos, enxaguar e repetir. A
aplicação pode ser realizada de duas a três vezes por semana e o período de uso é
recomendado pelo médico responsável.

TRATAMENTOS ESTÉTICOS

O passo determinante da absorção cutânea é a permeação através do estrato


córneo. Teoricamente, existem duas vias disponíveis para a penetração de
substâncias na pele: a via transepidérmica e via apêndices. A penetração de
substâncias pela via transepidérmica ocorre através de duas rotas: intracelular e
intercelular, sendo as mais potenciais. Contudo, em ambas as rotas de permeação,
a estrutura do estrato córneo obriga o fármaco a se difundir através das bicamadas
lipídicas intercelulares. No caso de permeação via apêndices, a passagem se dá
através dos folículos pilossebáceos e óstios.
Procedimentos estéticos que estimulam a circulação sanguínea são
realizados com a intenção de facilitar a permeação cutânea, promovendo uma ação
rápida dos ativos dermatológicos.

ARGILOTERAPIA

Argilas são rochas sedimentares constituídas por inúmeros minerais e em


diferentes proporções e estão associadas aos óxidos (composto binário de oxigênio
e outro elemento) que lhes confere várias tonalidades.
Existem dois tipos básicos de argila: a formada por alteração, classificada em
primária, é originada pela decomposição das rochas ao longo do tempo, possui
aspecto terroso e com granulações finas, e a formada por sedimentação,
classificada em secundária, é decorrente pelo transporte de partículas através das
chuvas e vento, tem um aspecto mais pastoso ou semelhante a lama. Apesar da

46
diferença na formação das argilas primárias e secundárias, suas ações não são
modificadas, sendo praticamente as mesmas.
As argilas são antiinflamatórias, refrescantes, analgésicas, cicatrizantes,
descongestionantes, desintoxicantes, antibióticas, bactericidas, antissépticas,
emolientes, fortalecem os órgãos internos e possuem ação lenitiva.
Os seus efeitos terapêuticos ocorrem devido à presença de oligoelementos
como silício, alumínio, cobre, enxofre, ferro, manganês, magnésio e zinco. Os
oligoelementos são metais ou metalóides, responsáveis pela catalisação das
reações químicas processadas, constantemente, nos seres vivos, como a formação
de enzimas, hormônios e vitaminas. Cada componente tem uma ação específica e
age para produzir ou estimular a produção de determinadas substâncias. O
responsável pela ação antisseborreica das argilas é o zinco.
A Argiloterapia ou geoterapia é o uso da terra no combate as enfermidades e
uma das mais importantes técnicas terapêuticas da medicina natural. Também é
usada como cosmético, não só para embelezamento, mas para tratar e prevenir
diversas alterações de pele e cabelo.
Em tratamentos capilares, utiliza-se a argila no couro cabeludo para controle
de seborréia e dermatite seborreica. O estímulo provocado pela argila na superfície
cutânea é capaz de produzir efeitos de mobilização de resíduos externos sobre a
pele, como os de glândulas sebáceas e sudoríparas, além de aumentar a nutrição
tópica e o fluxo sanguíneo, melhora a resistência a agentes patógenos.
Sendo a argila um notável absorvente, ela limpa e desengordura os tecidos,
ajuda a esfoliar, renovar e fortalecer o couro cabeludo. Pode ser usada como
máscara, compressas ou aplicada como xampu só no couro cabeludo, e mantida
por, no mínimo, meia hora. As argilas mais indicadas para o tratamento de afecções
capilares são as verdes e as brancas.
A argila verde é a mais completa entre as argilas terrosas por possuir maior
diversidade em elementos com um equilíbrio perfeito entre seus componentes,
sendo, inclusive, a mais rica em silício e alumínio. Combate edemas, é bactericida,
cicatrizante, lenitiva, adstringente, estimulante e tonificante. A argila branca é rica
em alumínio e oligoelementos, é indicada para o tratamento de peles sensíveis e

47
delicadas, pois absorve a oleosidade sem desidratar. Promove ação
descongestionante, esfoliante, revitalizadora e estimulante.
Aliar a argila com outros elementos terapêuticos, como os óleos essenciais,
proporciona uma ação ainda maior, pois ela absorve suas propriedades e as
repassa para a pele.

AROMATERAPIA

Os óleos essenciais, base de toda a aromaterapia, têm princípios ativos que


podem proporcionar bem-estar, relaxamento e ainda prevenir doenças. Esses
princípios ativos atuam sobre os sistemas linfático, imunológico, digestivo,
respiratório, cardiovascular e genitourinário. Atuam também em tratamentos de pele
e beleza, em forma de cosméticos.
É comprovada a eficácia dos óleos essenciais nas suas ações antissépticas,
cicatrizantes, antiinfecciosas e estimulantes do couro cabeludo. Estas ações serão
efetivas se os óleos forem corretamente extraídos e conservados. A forma de
tratamento dos óleos essenciais se dá através do sistema circulatório, pois eles
possuem moléculas pequenas o bastante que podem penetrar através da pele, e os
seus benefícios começam em aproximadamente trinta minutos. Para potencializar o
tratamento é possível fazer uma sinergia associando dois ou mais óleos.
A utilização dos óleos essenciais nos tratamentos capilares apresenta
respaldo cientifico, artigos publicados comprovam seus benefícios e resultados
positivos, porém é necessária a utilização correta dos óleos.
São indicados para o tratamento de seborréia capilar os óleos de bergamota,
por sua ação antisséptica; de cedro, pois é adstringente; de patchouli, com ação
cicatrizante, antisséptico, bactericida, fungicida, antiinflamatório e tônico; de sálvia,
sendo antisséptico, tônico, bactericida, adstringente, fungicida e antioxidante; e
verbena-limão que é antisséptico e controla a oleosidade quando usado em xampus.
A aromaterapia faz muito pouco para influenciar o estado do cabelo, já que o
mesmo é uma substância morta. Mas o que está ao alcance dos óleos essenciais é
melhorar a saúde do couro cabeludo, da qual depende a saúde do cabelo.

48
ELETROTERAPIA

A eletroterapia tem aplicações na saúde e na estética do corpo humano. Na


estética capilar seu papel principal é a higienização, umectação, nutrição e
estimulação do couro cabeludo.
O vapor de ozônio é indicado para seborréia ou sempre que se busque um
efeito bactericida e antisséptico sobre o couro cabeludo. Além desses efeitos, ele
aumenta a oxigenação celular. Contribui, ainda, para a hidratação e a emoliência da
camada córnea do couro cabeludo, o que facilitará a penetração dos ativos
ionizáveis. O aparelho deve ficar a uma distância de 30 cm da cabeça e deve agir
por dez minutos.
O gerador de alta frequência é um aparelho que trabalha correntes alternadas
e quando usado na superfície da pele provoca a formação de ozônio.
É utilizada na estética com tensão aproximada de 30 mil a 40 mil volts e uma
frequência de 150 a 200Khz, sendo um produto de corrente alternada de elevada
frequência e baixa intensidade. Seus efeitos fisiológicos variam em condições
térmicas, aumentando o metabolismo e, com isso, a oxigenação celular e a
eliminação de gás carbônico, e atuando como vasodilatador que estimula a
circulação periférica, como bactericida e antisséptico pela formação do ozônio. Ao
contato com o eletrodo, a pele promove um faiscamento que converte o oxigênio em
ozônio o qual, por sua instabilidade, tem propriedades germicidas.
O aparelho consiste em um gerador de alta frequência, bobina e diversos
eletrodos de vidro. Possui seis tipos diferentes de eletrodos, que variam de acordo
com a função a ser desempenhada. São eles: pente, fulgurador, standarts pequeno
e grande, forquilha e saturador.
Existem três técnicas de aplicação do aparelho de alta frequência: efluviação
ou aplicação direta do eletrodo sobre a pele realizando deslizamento; faiscamento
ou aplicação à distância, com eletrodo a milímetros da pele que produz uma grande
diferença de potencial entre este e a pele, tornando o ar um condutor de eletricidade;
e saturação ou aplicação indireta com eletrodo em forma de barra metálica, o qual a
pessoa tratada segura o porta-eletrodo e o eletrodo durante o tratamento.

49
A maioria das indicações do aparelho de alta frequência tem por base a ação
bactericida podendo ser utilizado na desinfecção após extração de eflorescências
acnéicas, desinfecção do couro cabeludo em casos de seborréia, foliculite, bem
como feridas abertas, psoríase (fechamento das lesões), afecções ungueais, entre
outras.
Para a aplicação de alta frequência no couro cabeludo é usado o eletrodo
pente e suas ações sobre a pele são: bactericida – elimina bactérias anaeróbicas,
fungicida – atua contra fungos, bacteriostático – diminui bactérias aeróbicas,
oxigenante – melhora a oxigenação tissular, hemostático – auxilia a cicatrização da
pele, térmica – ação vasodilatadora e hiperemiante com aumento do metabolismo
local.
METODOLOGIA

Esse trabalho consiste em uma revisão de literatura, utilizando base de dados


como scielo, pubmed, lilacs e google acadêmico e bibliotecas da área da saúde. As
referências pesquisadas variam de 1994 a 2011.
Para a pesquisa foi utilizado os seguintes descritos: seborréia, argiloterapia,
aromaterapia, alta frequência, vapor de ozônio, permeação cutânea, ativos
dermatológicos, cabelos, tratamentos capilares, anatomia e fisiologia do couro
cabeludo e glândulas sebáceas.

DISCUSSÃO

Além dos tratamentos dermatológicos para seborréia capilar, existem


procedimentos estéticos como a argiloterapia, aromaterapia, vapor de ozônio e alta
frequência que auxiliam na prevenção e no tratamento do mesmo. São
procedimentos que estimulam o fluxo sanguíneo, na intenção de levar nutrientes ao
folículo piloso ou acelerar o efeito medicamentoso, potencializando, desta forma, a
ação dos ativos farmacológicos e proporcionando uma melhora rápida no quadro da
afecção.
A pele representa uma importante barreira para a permeação de ativos
contidos em medicamentos de uso tópico e cosméticos. O extrato córneo é a

50
camada mais externa da pele, e é a principal barreira para a penetração de
medicamentos.
Com o objetivo de facilitar a permeação cutânea, vários métodos para
remover reversivelmente a resistência desta barreira têm sido utilizados, como a
esfoliação, que diminui a espessura do tecido e o aumento do fluxo sanguíneo, que
facilita a permeação dos ativos devido a vasodilatação.
Segundo Bonamigo, a circulação sanguínea oxigena o couro cabeludo e
consequentemente o bulbo capilar, levando assim os nutrientes e fármacos até a
raiz pela corrente sanguínea. Estudos mostram que tratamentos estéticos são
eficazes no controle de afecções como a seborréia, através de procedimentos que
fazem hiperemia e estimulação do bulbo capilar.
Conforme descrito por Limas e Duarte, a aplicação de argilas e outros
tratamentos estéticos provocam o aumento do fluxo sanguíneo e a esfoliação do
estrato córneo, assim os ativos entram em contato com mais facilidade ao folículo
piloso e estimulam o bulbo capilar.
Para Wichrowski, um dos fatores que alteram a penetração de ativos no
tecido cutâneo é o acúmulo de sebo. O mesmo afirma que para melhorar a 11
absorção, devem-se usar manobras técnicas como higienização, hidratação, calor e
alta frequência.
Gomes concorda que para haver uma maior absorção é necessário fazer a
higienização do couro cabeludo e afirma a importância do uso de substâncias com
ação adstringente e antisséptica, como argilas e óleos essenciais.
Cruz afirma que em uma pele íntegra, os óleos essenciais são absorvidos
através dos ductos das glândulas sebáceas e folículos pilosos, e através das células
que compõe a camada córnea. O teor de absorção de um óleo essencial varia entre
4 a 25%, entretanto quando é misturada a outro veículo, a absorção poderá ser
modificada, aumentando ou diminuindo, dependendo do poder de penetração do
veículo. Com a rápida absorção dos princípios ativos presentes nos óleos
essenciais, o estímulo do couro cabeludo é aumentado e consequentemente a
penetração dos fármacos é mais efetiva.
Segundo Borges, a utilização da alta frequência por eletrodos em forma de
pente nos tratamentos capilares tem importante ação como elemento ativador da

51
circulação sanguínea e vasodilatador do couro cabeludo, de forma a acentuar a
penetração dos produtos nutritivos pelo folículo pilossebáceo.
Conforme descrito por Wichrowski, o vapor de ozônio, além de provocar a
vasodilatação, contribui para a hidratação e emoliência da camada córnea do couro
cabeludo, o que facilita a penetração de ativos.

CONCLUSÃO

Os cabelos exercem um papel de extrema importância no ser humano, visto


ser considerado um fator de beleza, afeta sua autoestima quando está acometido
por afecções como a seborréia que compromete a saúde do couro cabeludo que
está diretamente ligado ao estado dos cabelos.
A associação de tratamentos estéticos para seborréia a tratamentos
dermatológicos produz um efeito mais eficaz na melhora do quadro e estimulam o
bem-estar do indivíduo.
O tecnólogo em estética está preparado para atuar em conjunto com o
médico dermatologista. E com base em seus conhecimentos, pode associar os
procedimentos estéticos entre si e montar protocolos capazes de promover uma
sinergia visando cabelos saudáveis.
Por fim, sugere-se que pesquisas de estudo de caso e elaboração de
protocolos sejam realizadas, com o intuito de enriquecer a área capilar na estética.

BIBLIOGRAFIA

AZULAY, R. D; AZULAY, D. R; ABULAFIA, L. A. Dermatologia Azulay. 5. ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
BARROS, L. A. Dicionário de dermatologia. São Paulo: Cultura Acadêmica,
2009.

52
BARROS, V. C. C., SANTOS, V. N. S., BORGES, F. S. Tratamento de
verruga ungueal causada por hpv com o uso do gerador de alta frequência: relato de
caso. Revista de Especialização em Fisioterapia. Minas Gerais, v. 1, n. 2,
out/nov/dez. 2007.
BATISTUZZO, J. A. de O; ITAYA, M; ETO, Y. Formulário médico
farmacêutico. 2. ed. São Paulo: Tecnopress, 2002.
BENTLEY, M. V. L. B. Desenvolvimento de produtos dermatológicos contendo
corticosteróides: Avaliação da liberação e penetração transcutânea por metodologia
in vitro. 1994. 155 f. Tese (Doutorado em Produção e controle farmacêuticos)-
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
BONAMIGO, R. R; REY, M. C. W. Tratamento da Alopécia Areata. Revista
Medigraphic Artemisa. Porto Alegre, 2006.
BORGES, F. dos S. Dermato-Funcional: Modalidades terapêuticas nas
disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
CLAUDINO, H. Argila Medicinal: Propriedades, benefícios e usos na saúde e
estética. São Paulo: Elevação, 2010.
CRUZ, M. G. F. de la. O uso dos óleos essenciais na acupuntura. 2006. 89 f.
Monografia (Pós-graduação em Acupuntura)-Universidade de Cuiabá, Mato Grosso,
2006.
DAVIS, P. Aromaterapia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
DRAKE, R. L; VOGL, W; MITCHELL, A. W. M. Gray’s, anatomia para
estudantes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
GOMES, A. L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional
cabeleireiro. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 1999.
IORIO, F. F; STASI, C. A. Eletroporação: Uma revisão. Revista Fisioterapia
Ser. N. 2, 2007.
JUNIOR, A. C. L. É outono para os meus cabelos: Historias de mulheres que
enfrentam a queda capilar. São Paulo: Mg editores, 2007.
JÚNIOR, A. C. L. Tem alguma coisa errada comigo...Como detectar, entender
e tratar a síndrome dos ovários policísticos. São Paulo: MG editores, 2004.
KEDE, M. P. V; SERRA, A; CEZIMBRA, M. Guia de beleza e juventude para
homens e mulheres. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2005.

53
LIMAS, J. R. de; DUARTE, R. A argiloterapia: uma nova alternativa para
tratamentos contra seborreia, dermatite seborreica e caspa. 2007. 17 f. Dissertação
(Graduação em Cosmetologia e Estética)- Universidade do Vale do Itajaí, Santa
Catarina, 2007.
MAIO, M. de. Tratado de Medicina Estética. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011. v.
1.
MEDEIROS, G. M. da S. de S. Geoterapia: teorias e mecanismos de ação.
Santa Catarina: Unisul, 2007.
MIEDES, W. R. Electroestética. Madri: Videocinco, 1999.
PAIVA, A. P. J. et al. Avaliação da utilização da alta frequência em
onicomicose podal: tratamento alternativo. Revista de Especialização em
Fisioterapia. v. 3, n. 1, 2009.
PERETTO, I. C. Argila: um santo remédio e outros tratamentos compatíveis.
São Paulo: Paulinaso, 1999.
RASTINE, R. C. P. B. A caspa e a dermatite seborreica do couro cabeludo e
seu tratamento tópico. 2007. 50 f. Monografia (Graduação em Farmácia)-Centro
Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2007.
SANTOS, B. M. V. dos. A cura pela argila. Rio de Janeiro: Terra viva.
SILVA, A. R. da. Tudo sobre aromaterapia: como usá-la para melhorar sua
saúde física, emocional e financeira. São Paulo: Roka, 1998.
SORIANO, M. C. D.; PEREZ, S. S.; BAQUÉS, M. I. C. Eletroestetica
profesional aplicada teoria y practica para utilización de corrientes em estetica. 3. ed.
Barcelona: Sorisa; 2000.
TAYLOR, W. A. Princípios e prática de fisioterapia. 4. ed. Porto Alegre:
ArtMed,1999.
WICHROWSKI, L. Terapia capilar – Uma abordagem complementar. Porto
Alegre: Alcance, 2007.

54

Você também pode gostar