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151 A Lei de Yhwh PDF
151 A Lei de Yhwh PDF
DE
YHWH
(A Torá de Israel)
Israel)
Vítor Quinta
Nov.2005/Dez.2009
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
ÍNDICE
Página
Notas Prévias............................................................................................................... 4
1. Introdução............................................................................................................. 8
2. Compreender as divisões do A.T. (as Escrituras Hebraicas)......................... 17
3. A Lei escrita e as leis orais ............................................................................... 19
3.1 A Lei escrita .................................................................................................. 19
3.2 A lei oral ........................................................................................................ 27
4. Evidência da Lei de YHWH antes do Monte Sinai ........................................... 36
5. A “perenidade” ou “perpetuidade” da Lei escrita........................................... 39
6. Qual a diferença entre a Lei de Moisés e a Lei de YHWH?............................. 53
7. À Lei e ao Testemunho (Isaías 8:16, 20)........................................................... 54
7.1 A Lei.............................................................................................................. 54
7.2 O Testemunho .............................................................................................. 57
8. Yeshua e os Apóstolos viveram e ensinaram a Lei de YHWH. Os
“Nazarenos”............................................................................................................... 59
8.1 A questão do Sábado e o “sinal” de Deus sobre o Seu povo........................ 61
8.2 O exemplo da família carnal de Yeshua - Sua vida face à Lei de YHWH..... 68
8.3 Yeshua e a guarda do Sábado ..................................................................... 78
8.4 Os apóstolos viveram pela Lei de YHWH e ensinaram-na ........................... 80
8.5 A questão da circuncisão na carne entre judeus e gentios convertidos........ 81
8.6 O uso de filactérias ....................................................................................... 94
8.7 As franjas e o manto de oração .................................................................... 95
8.8 Paulo............................................................................................................. 98
8.9 Pedro .......................................................................................................... 108
8.10 A congregação dos “Nazarenos” ................................................................ 109
9. A “Boa Semente” e as parábolas de Yeshua................................................. 114
10. A dispersão do Reino do Norte (Israel/Efraim) e os gentios ........................ 119
11. O Novo Testamento confirma o A.T. (a Lei, os Profetas e os Escritos) ...... 126
12. As passagens “de difícil interpretação” de Pedro e de Paulo ..................... 130
13. Salvação pela Graça de YHWH ....................................................................... 207
14. O que nos dizem as Escrituras acerca da Lei ............................................... 213
14.1 O Sábado semanal e os Sábados anuais de YHWH .................................. 219
14.1.1 Introdução .................................................................................................. 219
14.1.2 O(s) Calendário(s)...................................................................................... 220
14.1.3 O(s) Sábado(s) santo(s)............................................................................. 224
14.2 As Luas Novas ............................................................................................ 225
14.3 O Calendário divino e as Sete Solenidades anuais de YHWH ................... 225
14.3.1 O Calendário de YHWH ............................................................................. 230
14.3.2 As sete solenidades anuais de YHWH....................................................... 232
15. No Milénio: de Sião (Jerusalém) sairá a Lei................................................... 275
16. Como devemos cumprir a Lei nos dias de hoje ............................................ 285
17. A Lei do Amor e da Liberdade ........................................................................ 294
18. Os argumentos do antinomianismo ............................................................... 296
19. Notas Finais...................................................................................................... 311
Bibliografia consultada:.......................................................................................... 313
ANEXO A – A Lei dos Dez Mandamentos.............................................................. 314
ANEXO B – Compilação da Lei de YHWH/Moisés ................................................ 317
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Eis a visão dos salvos na glória, os chamados, eleitos e fiéis de todos os povos,
nações, tribos e línguas, que, ao longo dos tempos, antes e depois do advento do
Cristo Yeshua (Jesus), O Rei vindouro, O Deus de toda a Terra, abraçaram o
Concerto de YHWH feito com o homem:
“Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos
de Deus e a fé em Jesus” – Apocalipse 14:12
“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça [com a
vinda do Rei Yeshua], e a estrela da alva [O Messias, Yeshua] apareça em
vossos corações” – 2.Pedro 1:19
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Notas Prévias
Aquele povo que YHWH vem separando para Si desde o princípio, aquele que
aceitou viver de acordo com a Sua Lei (os Seus mandamentos, os Seus juízos, os
Seus estatutos e os Seus testemunhos) expressa em toda a Bíblia, de Génesis a
Apocalipse e, particularmente no Pentateuco (os primeiros 5 livros da Bíblia, a
Torá de Israel), a qual lhe foi dada através de Moisés e depois confirmada pelos
profetas e pelo ensino do Messias Yeshua e dos Apóstolos.
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Mateus 5:18 – “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem,
nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”.
Embora muitos defendam que nos nossos dias não há uma certeza absoluta sobre a
forma de foneticamente pronunciarmos o Seu santo Nome, este aparece-nos
representado pelo tetragrama “YHWH”1, precisamente aquele que foi ocultado desde
1
De entre as muitas fontes consultadas podemos destacar a Enciclopedia Judaica, no Vol.7, pag. 679
que diz: A verdadeira pronúncia do Nome YHWH nunca foi perdida. Vários escritores gregos antigos da
Igreja Cristã testeficam que O Nome era pronunciado “YAHWEH”. Nota do autor: este santo Nome é o
“Eu Sou” pronunciado várias vezes pelo Messias Jesus (Heb.: Yahshua”, “salvação de Yah”)
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
tempos antigos pelos escribas e que, segundo a tradição dos homens foi várias vezes
contrariada por Yeshua, o Cristo, ao ponto de O acusarem de blasfémia (pois tal era
punido com a pena de morte). Este Nome só devia ser pronunciado uma vez por ano,
pelo sumo-sacerdote, no Templo, no Dia da Expiação, tal era a reserva que os
responsáveis religiosos da época colocavam na evocação do Nome do Senhor,
levando-os a substituirem YHWH por “Adonai” (Senhor), para que o povo não violasse
o mandamento da LEI que diz: “Não tomarás o Nome do Senhor [YHWH] teu Deus
em vão...”.
Sempre que nos deparamos com uma passagem bíblica que se refere ao Senhor (em
letra maiúscula) o autor desse livro estava a referir-se a YHWH. Porém, como
sabemos, e pelas razões já acima apontadas, os antigos escribas “ocultaram” o Santo
Nome de YHWH, substituindo-O pela designação “Adonai” que em hebraico significa
“Senhor”. Porém, fizeram-no com o cuidado de escreverem a palavra Senhor em letra
maiúscula para que se fizesse distinção Daquele que é O SENHOR dos Senhores.
Deste modo, tomámos a liberdade de repor o Santo Nome de YHWH em vez da
palavra SENHOR, sempre que ela nos aparece na reprodução das passagens
bíblicas.
Nos textos deste trabalho e sempre que nos referimos ao Filho, O Messias, chama-
mo-Lo pelo Seu nome natural em aramaico “Yeshua” (no hebraico: “Yehoshua”).
Porém, não substituímos o nome Jesus que se encontra publicado nas passagens
transcritas da Bíblia de João Ferreira de Almeida.
Uma outra questão muito importante para a compreensão deste trabalho provém de
uma necessidade que deve ser satisfeita, na medida do possível, por todo o que se
dedica ao estudo da Palavra de Deus e que se resume à procura do entendimento do
pensamento hebraico com base no qual as Escrituras e os Evangelhos nos foram
transmitidos pelos muitos servos de YHWH.
Para entendermos as Escrituras e os Evangelhos temos que ir mais além. Temos que,
hoje mesmo, passados pelo menos 20 séculos e mais, procurar desentranhar e
perceber o sentido verdadeiro dos textos que nos foram legados na base de um
pensamento e contexto hebraicos, procurando expurgar os condicionamentos que nos
foram impostos ao longo de séculos por um raciocínio de base ocidental e, por isso
mesmo, eivado de conceitos filosóficos de raiz greco-romanos e outros, procurando ir
mais além do simples entendimento superficial das Escrituras que, devido a esses
condicionamentos pode estar desprovido do seu verdadeiro significado, o qual nos foi
dado num contexto hebraico que por vezes não levamos em consideração. Este
aspecto é por demais importante pois, se não o fizermos, podemos ser conduzidos a
raciocínios e conclusões afastados do verdadeiro intento daqueles que nos
escreveram esses textos, podendo até desvirtuar o sentido que os autores
procuraram transmitir às gerações seguintes. Veja-se a confusão que ainda hoje
existe em relação a muitos dos trechos escritos pelo apóstolo Paulo, acerca dos quais
Pedro nos diz que alguns distorcem para sua própria perdição. Estas barreiras
linguísticas podem constituir ainda hoje um obstáculo a um correcto entendimento dos
Evangelhos que em nada se opõem às Escrituras antigas, o chamado Antigo
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Por último fica a nota que parte ou partes deste trabalho podem ser livremente
reproduzidos fazendo menção do autor do mesmo.
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2. Pedro 1:19
“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar
atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia
amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”.
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1. Introdução
Eclesiastes 12:13
“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.”
Ao longo deste trabalho propomo-nos responder com base nas Sagradas Escrituras a
questões que sempre se têm levantado no seio do chamado cristianismo e, ao
mesmo tempo, procurar esclarecer o verdadeiro significado de algumas passagens
que muitos distorcem para sua própria perdição como nos diz o Apóstolo Pedro.
Centrar-nos-emos em questões como:
Estas e outras questões que têm dividido o cristianismo através dos tempos irão ser
certamente respondidas através da Palavra de Deus neste trabalho.
Comecemos por identificar Quem É O Autor da Lei que foi entregue ao povo de Israel
através de Moisés: Êxodo 31:18 – “E YHWH deu a Moisés (quando acabou de falar
com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra,
escritas pelo dedo de Deus”. Mais adiante, afirmaremos que O Autor É YHWH, O
Verbo Divino, Aquele que se fez carne e habitou entre nós como homem. A Sua
Palavra diz-nos que Este Deus Eterno não muda. Este É O Deus que diz no Seu
mandamento: “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que
guardam os meus mandamentos” – Êxodo 20:6.
O Autor da Lei é-nos também revelado como sendo o próprio Deus YHWH quando
instruiu Moisés na montanha durante 40 dias e 40 noites: Levítico 26:46 – “Estes são
os estatutos, e os juízos, e as Leis que deu YHWH entre si e os filhos de Israel,
no monte Sinai, pela mão de Moisés”.
As palavras de YHWH dadas ao homem também através do Seu servo Josué são
estas também: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes medita nele dia
e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está
escrito” – Josué 1:8a, o que é concordante com as palavras de Salmos 1:1-2 –
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes tem o seu prazer na Lei de YHWH, e na sua Lei medita de
dia e de noite”.
Se queremos abordar uma questão doutrinal tão importante como é o caso da(s)
Lei(s) de YHWH, dadas ao Seu povo Israel através do Seu servo Moisés no Monte
Sinai, 50 dias após a libertação do povo do Egipto, mas já conhecidas e observadas
séculos antes de Moisés por tantos fiéis como Enoque, Noé, Abraão (Génesis 26:5),
Isaac e Jacob, Job e tantos outros, e mais tarde contidas nos primeiros cinco livros da
Bíblia, o Pentateuco (a Torá de Israel), temos que levar em conta que este conjunto
tem um sentido mais amplo do que apenas “Lei”, pois significa também “Ensino”,
“Instrução”, “Doutrina” – Strong’s Heb. #8451. A raiz desta palavra semito–hebraica e
aramaica, é “nemus” que significa “Civilizar”. Temos pois que fazê-lo não
exclusivamente numa óptica restrita mas, antes, num conceito mais amplo, que
incorpore o que o nosso Deus chama em muitas passagens das Escrituras Sagradas
(e.g. todo o Salmo 119) de:
• Os meus mandamentos
• Os meus juízos
• Os meus testemunhos
• Os meus decretos ou estatutos
• Os meus preceitos
Uma nota que vale a pena incluir na abertura deste trabalho prende-se com a
diferença entre duas expressões: 1) “Concerto” e 2) “Testamento”, aplicáveis tanto ao
Antigo como ao Novo. Na realidade, para facilidade de entendimento e por ser mais
usual, usamos as expressões “Antigo Testamento” e “Novo Testamento” quando, de
uma forma mais correcta deveríamos dizer “Antigo Concerto” (embora tivesse havido
mais do que um antes de Yeshua) e “Novo Concerto” ou “Concerto Renovado”,
porque na realidade o que YHWH fez com os homens foi “Concertos” e não
“Testamentos”.
Duma coisa podemos ter a certeza: a Lei de YHWH/Moisés não foi abolida!
Enquanto o Antigo Concerto tinha esta Lei como uma carta escrita em rolos de
pergaminho, o Concerto Renovado por Yeshua, o Cristo, veio escrevê-la nos nossos
corações pela acção do Consolador, O Espírito Santo, e promete escrevê-la no
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
coração de carne daqueles que viveram sob o governo de Cristo durante o Milénio –
Jeremias 31:33; Hebreus 8:10, porque uma só Lei existirá para o governo dos povos.
Mas não foram somente os chamados pais da igreja romana apóstata que se têm
oposto à vontade de Deus expressa na Lei. Esta oposição estendeu-se às filhas de
Roma (Roma, a que tem o espírito de Jezabel e que as suas filhas toleram como diz
em Apocalipse 2:20), as chamadas igrejas da Reforma, as chamadas igrejas
protestantes ou evangélicas, como veremos. Outros, como os crentes da Igreja
Adventista do 7º Dia, influenciados pelo ensino da sua “profetisa” Ellen White que
também se inspirou nos escritos dos reformadores, acreditam que a Lei de Deus se
circunscreve somente aos 10 Mandamentos. Eles ainda hoje ensinam que todos os
restantes preceitos, estatutos, juízos, testemunhos de Deus foram “pregados na cruz”
por Cristo. Porém, O Senhor YHWH, através do Seu servo Jeremias 31:35-36 diz-nos
que se as Suas ordenanças (como o Sol para o dia e a Lua e as estrelas para noite)
falharem diante Dele, assim Israel deixará de ser uma nação diante Dele, para
sempre. Ora, como sabemos pelas Escrituras, o Sol e a Lua ainda não passaram.
Hão-de passar um dia...quando YHWH criar novos céus e nova terra mas esse tempo
ainda não chegou. E Yeshua, O Messias, diz claramente: “nem um jota nem um til se
omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”, o que também ainda não sucedeu.
O Apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios diz-nos, ainda hoje: “...mas entendei qual
seja a vontade de YHWH” – Efésios 5:17. Para que tal seja possível, em toda a sua
profundidade, o crente dos nossos dias tem que ser re-educado na verdadeira
doutrina, nos fundamentos da fé consignados desde a antiguidade ao povo de Israel
(as veredas antigas de que fala o profeta em Jeremias 6:16), abandonando, até, os
conceitos herdados da filosofia e pensamentos greco-romanos nos quais crescemos
como gentios antes de abraçar o Concerto Renovado em Yeshua, O Cristo, e,
tentando recuperar o tempo perdido, abraçando o pensamento de raiz hebraica que
era o pensamento de Yeshua e dos Apóstolos.
Vamos procurar agora analisar o significado que todo este “Ensino” deve assumir nos
dias de hoje para os que querem fazer parte dos chamados filhos de Deus (ou povo
salvo), ou, por outras palavras, a Israel de Deus. Que importância prática deve este
conjunto de preceitos assumir na vida do cristão? É isso que tentaremos analisar
neste estudo. Para tal basear-nos-emos sempre na Palavra de Deus, a Bíblia
Sagrada, procurando analisar o contexto em que as mensagens nos são transmitidas.
Por outras palavras, temos que ser capazes de identificar que expressão de vontade
é esta do Altíssimo. Se este “caminho” ou estas “veredas antigas” ainda têm aplicação
nas nossas vidas ou se, pelo contrário, existirá algum ensinamento bíblico que no
todo ou em parte, não se aplique nas nossas vidas. Porque o povo se havia desviado
da verdade, YHWH apela em Jeremias 6:16 e 18:15 a que o Seu povo volte a andar
pelas “veredas antigas”, as Suas Leis, os Seus juízos e testemunhos, os Seus
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
mandamentos. Este apelo mantém-se até hoje e tem que estar guardado no coração
daqueles que são chamados, eLeitos e fiéis.
Há, porém, uma coisa que a Palavra de Deus nos assegura: Yeshua (o Ungido de
YHWH que antes de vir na carne como servo era O Verbo Divino, Aquele que deu ao
homem as suas Leis desde o princípio, O Pai da Eternidade – Isaías 9:6) não muda.
Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente, conforme nos diz em Hebreus 13:8.
Foi Ele, O Senhor YHWH, O Verbo Divino, que esteve com Israel no deserto e que
deu as Suas Leis a Moisés, confirmando por escrito uma Lei que já era conhecida
desde o princípio, oralmente transmitida de pais para filhos e que se tinha perdido
enquanto Israel esteve cativo no Egipto durante 430 anos – ver: Êxodo 13:21-22;
Deuteronómio 1:32-33; Juízes 2:1; Neemias 9:12; Salmos 99:7; Mateus 23:37;
1.Coríntios 10-2-4. Este mesmo que se fez carne e habitou entre nós: João 1:14.
O argumento dos insensatos é que Deus teve que enviar O Seu Filho Yeshua, O
Messias para os livrar dessa Lei. Este argumento faz algum sentido? Claro que não!
Reparemos no que nos é dito em Provérbios 1:7-9 – “O temor de YHWH é o
princípio do conhecimento; os loucos [os insensatos] desprezam a sabedoria e
a instrução [a Tua Lei, ó Altíssimo]. Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e
não deixes o ensinamento de tua mãe, porque serão como diadema gracioso em
tua cabeça, e colares ao teu pescoço”. Deus não mudou, nem a Sua Lei mudou. As
mesmas palavras de Salomão são depois repetidas em Provérbios 6:20-22.
Todos os servos do Senhor YHWH vieram confirmar toda a Sua vontade, expressa na
Sua Lei. Lembremos as palavras em Neemias 9:13-14: “E sobre o monte Sinai
desceste, e dos céus falaste com eles, e deste-lhes juízos rectos e Leis
verdadeiras, estatutos e mandamentos bons. E o teu santo sábado lhes fizeste
conhecer; e preceitos, estatutos e Lei lhes mandaste pelo ministério de Moisés,
teu servo”.
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Outra questão de grande importância e que urge afirmar logo no início deste estudo é
que a Lei de YHWH não foi dada somente a Israel, pois todos aqueles que se
chegaram (e chegam) ao Deus de Israel para O servir tornam-se israelitas ou parte da
Israel de Deus, sendo enxertados na boa oliveira que é Israel e cuja raiz é Cristo e,
devido a tal condição, devem obedecer a toda a vontade de Deus, pois passam a ser
filhos de Abraão pela fé – Gálatas 3:7.
Elas foram dadas para todo o homem, como nos diz em Eclesiastes 12:13: “De tudo
o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos;
porque isto é o dever de todo o homem”. Veja-se que perante a Lei de YHWH,
todo o homem fica inexcusável; até o rei, como podemos ler em Deuteronómio 17:18-
20 – “Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então
escreverá para si num livro, um traslado desta Lei, do original que está diante
dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida,
para que aprenda a temer a YHWH seu Deus, para guardar todas as palavras
desta Lei, e estes estatutos, para cumpri-los; para que o seu coração não se
levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a
direita nem para a esquerda; para que prolongue os seus dias no seu reino, ele
e seus filhos no meio de Israel”.
A teoria dispensacionalista é bem antiga e surge logo após a Igreja ter passado a ser
controlada por gentios, que tudo fizeram em desabono da raiz hebraica que a Igreja
sempre teve desde o princípio. Segundo eles, a “igreja” é a continuação de Israel no
propósito de Deus, que teria, por isso mesmo, retirado Israel do Seu plano de
salvação (baseados na antiga mentira católico-romana que os judeus mataram Cristo,
sabendo nós que ainda hoje há quem O mate – todos aqueles que O não aceitam ou
que combatem contra a verdade). O que está na origem deste erro é o diabólico
sentimento do anti-semitismo por parte de muitissimos que se dizem cristãos.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Israel, tudo isto apoiado pelo poder temporal a partir de Constantino no Sec. IV em
que a “igreja” de Roma fica casada com o poder temporal e passa de perseguida a
perseguidora.
Podíamos continuar com esta saga que ainda não terminou nem irá terminar até que
Cristo venha para reinar eternamente.
Mas a verdade bíblica é que Deus separou para Si um só povo (Israel), cuja missão
deveria ser a de levar a Lei do seu Deus aos outros povos e nações. Como sabemos,
Israel falhou nessa missão, por isso o castigo veio sobre esta nação. Porém, a
escolha de Deus manteve-se e manter-se-à até ao fim dos dias, pois Deus não
esqueceu as promessas feitas aos patriarcas – Deut. 29:13; 2.Sam. 7:24. O Messias
veio trazer a salvação (o Seu nome em hebraico é Yahshua e significa “Salvação de
YHWH”) a todos os que se encontravam longe, os filhos de Israel e a sua
dcescendência espalhada pelos quatro cantos da Terra e a todos os gentios que o
deixam de o ser logo que abraçam o concerto com Deus através de Yeshua e são
enxertados na boa oliveira – Salm. 65:5; Isa. 27:12; Zac. 6:15; Actos 2:39.
A Lei de YHWH foi sempre entendida como uma benção dada aos escolhidos de
Deus revelando a estes as virtudes de um caminho de piedade, afastados do mundo
do erro e da iniquidade (i.e. da trangressão da Lei).
O conceito de Lei de Deus é amplo. Pode parecer confuso mas, precisamente por
isso, devemos estabelecer a diferença entre mandamentos, juízos, testemunhos e
decretos ou estatutos estabelecidos por YHWH, de que tanto nos fala em todo o
Salmo 119. O seu conjunto é a Lei eterna:
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Conjunto de Leis morais e éticas (como p.ex. a chamada segunda metade dos
10 Mandamentos que inclui proibições como matar, roubar, cobiçar, adulterar,
etc.). Para além das contidas nas tábuas dos 10 M., os juízos de YHWH
ensinam a Sua justiça nas nossas relações com o nosso semelhante.
O Salmo 119 contém todos estes conceitos, ora aparecendo o louvor dos juízos de
YHWH, ou dos Seus estatutos, ou dos Seus testemunhos, ou dos Seus
mandamentos, ou referindo-se simplemente ao “caminho”, que sabemos ser Yeshua
(O caminho, A verdade e a Vida). O Salmo 119 é um hino de louvor e de graças por
Esse Caminho, por toda a Lei de YHWH/Moisés, na qual o homem sábio roga a Deus
por entendimento dos Seus desígnios e da Sua vontade para por ela andar todos os
dias da sua vida, esperando, ardentemente, a redenção em Cristo. Ao contrário do
homem sábio, o ímpio vive sem salvação: Salmo 119:155 – “A salvação está longe
dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos”. Esta mesma expressão (de
desgosto), encontramo-la nos seguintes versículos do Salmo 119:
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Yeshua, aceitando o Seu sangue redentor (como tendo pago o preço pelos nossos
pecados – Isaías 53:7-8), seja ele judeu, chinês, português, ou de qualquer outra
nação, raça ou língua. O ser mais o dever implica salvação por Yeshua, pois o ser
inspira, arrasta, acompanha e exige sempre o dever . É isto que nos é dito em
Apocalipse 14:12. Por outras palavras que a Bíblia nos ensina: a fé sem as obras (da
fé) é morta em si mesma.
A justificação por Cristo e a Lei de YHWH caminham juntas, pois O Cristo é a Lei viva
de YHWH. Porquê? Porque Ele é YHWH, Aquele Elohim que se fez carne e habitou
entre nós como nos diz o apóstolo João!
O Senhor YHWH não faz distinção de pessoas, mas procura em todos os povos
almas sinceras que O queiram amar e servir. Todos aqueles que tendo-se
arrependido da sua vã maneira de viver, abraçaram este Concerto eterno, e se
tornaram novas criaturas, procurando um caminho de santificação sem a qual
ninguém verá O Senhor, são chamados “filhos de Deus”.
Este Concerto eterno veio-nos através de Israel (lembremos que a salvação vem dos
judeus – Yeshua era judeu). E israelitas são todos aqueles que abraçam o Concerto
eterno através de Yeshua. Estes são a Igreja Santa, a Israel de Deus, aquela que é
designada como a Esposa do Cordeiro, a Nova Jerusalém. Todos estes tornam-se
herdeiros da promessa feita a Abraão. Lembremos: há um só rebanho e Um só
Salvador, Rei de todos.
Sempre que nos referimos neste trabalho à Lei de YHWH, fazemo-lo realçando a sua
importância para o homem e designando-a com letra grande (Lei). O termo Lei
engloba ainda, no nosso conceito, muito mais do que os 10 Mandamentos, uma vez
que nela está incluído todo o ensino de YHWH para o Seu povo (o Israel de Deus), o
que não a restringe aos decálogo, mas incorpora outras instruções da Sua vontade,
como seja, por exemplo, a Lei dos alimentos puros e impuros, as Suas santas
convocações ou Solenidades – os Seus Sábados anuais, etc.. Esta é a Lei escrita,
dada por YHWH a Israel através de Moisés seu servo. Pelo contrário, quando nos
referimos às leis que os homens criaram pela tradição e ensino destes e às quais
Yeshua se opôs várias vezes, chamando hipócritas (e até raça de víboras e
condutores cegos – os tais que coavam um mosquito mas engoliam um camelo) aos
escribas e fariseus de todos os tempos, à lei oral, a essa referimo-la com letra
pequena (lei).
Por último e para que melhor se possa interpretar algumas das passagens bíblicas
transcritas neste trabalho, optámos por introduzir em letra azul o significado de partes
desses textos.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Salmo 119:1-4
“Bem-aventurados os rectos em seus caminhos, que andam na lei de
YHWH. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que
o buscam com todo o coração. E não praticam iniquidade, mas andam
nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que
diligentemente os observássemos”
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Será ainda útil compreendermos como eram divididas as Escrituras Hebraicas, uma
vez que estamos frequentemente a depararmos com expressões do tipo:
• Os livros da Lei
• Os profetas
• Os escritos
Este grupo de 5 livros inclui “estatutos”, tais como a Lei dos 10 Mandamentos,
relatos da feitura do Concerto entre Deus e o homem, histórias, História,
discursos, genealogias, detalhes de censos, notas de viagens, relatos de
milagres e trechos sobre a construção do tabernáculo.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Se quisermos ir mais além do que nos foi legado no chamado Antigo Testamento
também podemos dividir o chamado Novo Testamento em quatro grupos adicionais (o
que com as três divisões do AT perfaz 7 grupos em toda a Bíblia):
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
“Mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da
minha palavra” – Isaías 66:2b
Salmo 118:8
Sobre a Lei de YHWH/Moisés, transcrita nos primeiros cinco livros da Bíblia, não resta
qualquer dúvida quer sobre a sua importância para todos nós como guia/ensino feito
por YHWH para o Seu povo, Israel, em todos os tempos, que nos revela a Sua justiça
(o conceito de justiça de Deus deriva do cumprimento de toda a Sua Lei –
mandamentos e preceitos, como nos é ensinado em Deuteronómio 4:8; 6:25; de notar
que a palavra “justiça” em hebraico escreve-se da mesma maneira que “justificação”,
pelo que podemos concluir que, em muitas passagens têm o mesmo siginificado;
esse mesmo conceito estende-se ao próprio Filho do Altíssimo como o expoente
máximo da Justiça de YHWH), conforme nos diz em Lucas 1:6 acerca de Zacarias e
Isabel: “E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos
os mandamentos e preceitos do Senhor”.
Leiamos, o que nos é dito no livro de Isaías 51:4-8 – “Atendei-me, povo meu e
nação minha [Israel], inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e
o meu juízo farei repousar para a luz dos povos. Perto está a minha justiça
[Yeshua/Lei], vem saindo a minha salvação [Yeshua], e os meus braços julgarão
os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão. Levantai os
vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus
desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus
moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para
sempre, e a minha justiça [Lei] não será abolida. Ouvi-me, vós que conheceis a
justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos
homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias. Porque a traça os roerá como a
roupa, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça durará para sempre,
e a minha salvação de geração em geração”. Que palavras tão sublimes acerca da
Salvação de YAH (Yeshua) e da Sua justiça.
Vítor Quinta 19
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
A justiça de Deus exerce-se não só perante YHWH como perante o homem. Podemos
traduzir essa justiça não só pelas obras da fé mas também pela obediência em amor
a Deus e amor ao nosso próximo. Os Nazarenos amavam tanto O Messias Yeshua
que expressavam esse amor através da obediência aos preceitos que Ele, enquanto
Legislador, tinha dado a Israel. Sabemos que este Yeshua haveria de ser (e ainda é)
uma pedra de tropeço, uma pedra que seria de escândalo para muitos. Enquanto
homem, Yeshua foi um fiel e obediente cumpridor da Lei que Ele, enquanto Verbo
Divino tinha dado a Israel. Ele é o nosso santuário mas, simultaneamente, pedra de
tropeço e de escândalo (Isaías 8:14).
Isto é tanto mais evidente quanto Epifanius, (in “Panarion”) no Séc. IV, declara que
“os nazarenos eram fiéis cumpridores da Lei, tal como os da Casa de Judá, com
excepção que aceitavam Yeshua como O Messias há muito anunciado”. Esta é a
chamada “seita dos Nazarenos” à qual ligaram o Apóstolo Paulo – Actos 24:5.
Percebemos, deste modo e por estas palavras, que “ser justo” aos olhos de Deus ou
praticar a Sua justiça é:
• andar sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos de YHWH, i.e.
na Sua Lei, na Torá – Deuteronómio 4:5-6;
• seguir o exemplo de Yeshua e dos Seus apóstolos, fugindo do mal,
guardando-nos da corrupção deste mundo, procurando ter a mente de Cristo e
andar como Ele andou;
• viver na esperança (certeza de fé) de uma redenção eterna que Cristo trará
pessoalmente, em breve;
• vivermos de acordo com toda a vontade de Deus – “aqui está a paciência dos
santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de
Jesus” – Apocalipse 14:12; porque esta constitui, para todos os efeitos, a
fórmula da salvação para o homem; este prémio – a salvação por Yeshua –
será dado a todos aqueles que, em qualquer tempo, nação, raça ou língua se
entregou a YHWH e abraçou o Seu concerto através de Yeshua, o Messias.
“Andar” nos caminhos do Senhor YHWH é praticar a Sua vontade nas nossas vidas,
não sendo somente ouvintes mas praticantes. Tomemos o exemplo de alguns reis de
Israel que andaram nos caminhos do Senhor com fidelidade:
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Toda a Palavra de Deus, a Bíblia no seu todo (AT + NT), está centrada na Lei de
YHWH dada através de Moisés, cujo fim (propósito, objectivo) era Cristo. A Lei escrita
é o alicerce deste grande edifício que é a Palavra de Deus. Falando do edifício
construído sobre a Rocha (Lei de YHWH/Cristo), lembremos as palavras de Yeshua
em Mateus 7:24-27: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as
pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que
ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua
queda”. Aquele pois que não baseia a sua vida nos ensinamentos de Deus, na Sua
Palavra (Cristo), na Sua Lei, é como um homem insensato.
A Lei é o ponto de partida, a instrução directa de YHWH ao Seu povo. De tal maneira
assim é que todos os profetas, Yeshua e os apóstolos fazem constantes referências à
Vítor Quinta 21
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Lei de Deus. Todos eles viveram de acordo com todos os estatutos, juízos,
testemunhos e mandamentos de Deus, i.e. a Sua Lei escrita. Esta é o centro de todo
o ensino bíblico como iremos ver neste trabalho. São esses mesmos preceitos que o
povo de Israel prometeu cumprir mas em relação aos quais se desviou. Tomemos
como exemplo alguns excertos de passagens que estão em Neemias nas quais o
profeta lamenta o desvio de Israel:
• 9:13 – “E sobre o monte Sinai desceste, e dos céus falaste com eles, e
deste-lhes juízos retos e Leis verdadeiras, estatutos e mandamentos
bons”.
• 9:16 – “Porém eles e nossos pais se houveram soberbamente, e
endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos”.
• 9:29 – “E testificaste contra eles, para que voltassem para a tua Lei;
porém eles se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus
mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais o homem
que os cumprir viverá; viraram o ombro, endureceram a sua cerviz, e não
quiseram ouvir”.
• 9:34 – “E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e
os nossos pais não guardaram a tua Lei, e não deram ouvidos aos teus
mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles”.
• 10:29 – “Firmemente aderiram a seus irmãos os mais nobres dentre eles,
e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de
Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que
guardariam e cumpririam todos os mandamentos de YHWH nossO
Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos”.
Os profetas que falaram em Nome de Deus, passaram a sua vida a chamar o povo de
Israel ao arrependimento para regressarem à Torá (pecado2 é iniquidade e
transgressão da Lei, como nos diz em 1.João 3:4). João Baptista, Cristo e todos os
apóstolos (incluindo Paulo) fazem exactamente o mesmo, bem como a Igreja dos
primeiros séculos que em tudo obedeciam à Lei de Deus: Actos 15:21 – “Porque
Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada
sábado é lido nas sinagogas”. Não só nas sinagogas dominadas pelos fariseus
como nas que depois foram fundadas pelos que seguiam a Yeshua (como o Messias
há muito anunciado), após terem sido expulsos.
2
Existem principalmente dois tipos de pecado: 1) o da ignorância (quando o crente pratica coisas
contrárias à vontade de Deus porque ainda não a conhece) e 2) o da rebeldia. O crente, depois de
conhecer a Verdade fica indesculpável se a rejeitar. Passa então para um pecado de grande gravidade
aos olhos de Deus porque rejeita a vontade do Deus Altíssimo. Depois de conhecer a Verdade não se
pode continuar a praticar actos que antes praticava quando era ignorante.
Vítor Quinta 22
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
A leitura e estudo da Lei foi sempre uma prática comum desde tempos imemoriais,
não só nas congregações dos primeiros séculos da era Cristã como em muitas outras
hoje em dia – eis o exemplo de Paulo: Actos 13:15-16a – “E, depois da lição da Lei
e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos,
se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai. E, levantando-se
Paulo, e pedindo silêncio com a mão, disse...”. Eis prova inequívoca que a Lei era
lida, estudada e observada entre as comunidades cristãs dos primeiros tempos, na
chamada Igreja dos Nazarenos.
A Lei é o texto fundamental das Escrituras pois foi o primeiro a ser dado e serve de
base a toda a revelação posterior de Deus aos homens. Esta revelação é progressiva,
daí o papel dos profetas e de todo o Novo Testamento que surge como um
comentário à Lei, bem como a revelação do próprio Senhor Yeshua. Sem um bom
entendimento da Lei como que é podemos ter um bom entendimento das restantes
partes da Bíblia? Como é que podemos entender adequadamente sequer aquilo que
Cristo veio fazer por nós?
Nos Profetas já vamos sabendo muito mais pormenores mas ainda assim há muitas
coisas em aberto – mistérios. Essa revelação atinge o seu expoente máximo com
Cristo e os escritos dos apóstolos (NT). É aqui que essa revelação se enche (o
mesmo sentido de ‘pleroo’) e mesmo assim há muitas coisas que permanecem
ocultas até à segunda vinda de Cristo. Não esquecer que a Torá era e é uma sombra
das coisas futuras por isso é impossível entendê-la adequadamente sem ser à luz de
toda a revelação posterior de Deus (Profetas e NT) mas por outro lado é
practicamente impossível entender o NT sem ser à luz do que vem de trás. Exemplo
simples: se não fosse a Torá que sentido é que faríamos daquilo que João Baptista
disse acerca de Cristo ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
E, no entanto, qual era o fundamento dos profetas e dos apóstolos que os seguiram?
Em que é que assentam as palavras destes obreiros do Senhor? Na Lei (Torá) claro –
no fundamento! Cristo como pedra de esquina é o nosso fundamento e o centro da
nossa pregação. Porém, onde é que aprendemos Dele? Na Lei, com o complemento
da revelação dada aos profetas e aos apóstolos. O centro da mensagem de Cristo era
a Lei. O que é o sermão da montanha e o apelo ao arrependimento? O que é que Ele
próprio disse perante Pilatos? João 18:37 – “Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és
rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso
vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da
verdade ouve a minha voz”.
De resto, toda a gente sabe que a verdade dói. Às vezes dói no mais íntimo de cada
um porque vem abalar as nossas convicções ou ideias pré-estabelecidas. Vem abalar
tudo aquilo que antes assumíamos como “verdade” mas que o não era. Quando a
Palavra de Deus nos diz em Apocalipse 1:16 – “e da sua boca saía uma aguda
espada de dois fios”, perguntamos: que espada é esta? A resposta a esta questão
Vítor Quinta 23
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
é-nos dada em Hebreus 4:12 – “Porque a palavra de Deus [a Lei – Cristo] é viva e
eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração”. Esta espada é a Verdade da Palavra de
Deus que pode abalar as nossas convicções mais enraizadas mas que, ao mesmo
tempo, produz salvação nos nossos corações. É a espada da repreensão de YHWH
que os santos aceitam mas os rebeldes rejeitam.
É caso para perguntar: então a verdade é a Torá de Israel ou é Cristo? Tanto faz, pois
Cristo é a Torá viva. Aliás “verdade”, “caminho” e “vida” também são sinónimos de
Torá, Lei de YHWH, da mesma maneira que significam O Messias. O que Cristo está
a dizer é: “Eu sou a Torá viva; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Cristo é
indissociável da Torá e a Torá do Cristo! O propósito primário da Torá é revelar o
Messias: Romanos 10:4 – “Porque o fim [propósito, objectivo, alvo, meta] da Lei é
Cristo para justiça de todo aquele que crê”. Por tudo isto, ao darmos primazia à
Torá estamos a dar primazia a Cristo e vice-versa. É impossível ter um sem ter o
outro pois Cristo é a Torá viva, e a Torá por seu lado testifica de Cristo. Andam de
mãos dadas. Na realidade, a Torá é a chave (os fundamentos - Salmos 11:3) para
entendermos todas as Escrituras, os Profetas, os Salmos, os Evangelhos sinópticos e
as palavras de Cristo e as cartas dos Apóstolos.
Não podemos nem devemos continuar a caminhar num caminho eivado de erros
doutrinais introduzidos ao longo de quase 2.000 anos por aqueles que sempre se
opuseram à fé de raiz hebraica (que hoje não compreendemos inteiramente, tantas
têm sido as apostasias e heresias que foram introduzidas e que chegaram até nós).
Vamos compreender melhor o que acabámos de dizer, não esquecendo que Ele
próprio enquanto Verbo Divino, era O Legislador: Lucas 24:27, 44-45 – “E,
começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se
achava em todas as Escrituras”... “E disse-lhes: São estas as palavras que vos
disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-
lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”. YHWH é O Deus
Único, O Legislador, O Redentor de Israel, O Juiz Supremo: Tiago 4:12a – “Há um só
legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir”.
Vítor Quinta 24
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Sinai durante 40 dias e 40 noites (Levítico 26:46). O próprio Verbo Divino falando
acerca daquele Messias que haveria de vir diz em Salmos 40:7-8 – “Então disse: Eis
aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua
vontade, ó Deus meu; sim, a tua Lei está dentro do meu coração”.
Poderá alguém dizer: “eu pensava que tinha que seguir a Cristo, somente?”. Mas
como poderemos seguir a Cristo se não andarmos como Ele andou, em obediência a
todos os preceitos do Pai? Se na realidade estivermos a seguir a Cristo estaremos a
seguir todos os preceitos que YHWH nos legou através dos Seus profetas. Em todo o
Seu ensino, Yeshua confrontou os ensinos dos falsos mestres do seu tempo e de
todos os tempos. Ele foi mais além do que estava escrito na letra da Lei, revelando-
nos o seu verdadeiro significado – e.g. Mateus 5:21-22. Yeshua veio dar o verdadeiro
significado da Lei de YHWH/Moisés sem nunca a contrariar ou anular.
Tal como Yeshua disse em: João 14:6 – “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Yeshua está a dizer-nos que Ele é a
personificação da própria Lei, o próprio Legislador, pois:
• O caminho é também a Lei de YHWH – Deuteronómio 5:33; 6:7; 9:12b; 11:28;
13:5; 31:29; Juízes 2:17; 2.Samuel 22:31; 1.Reis 2:4; 8:25, 36; 2.Reis 21:22;
22:2; 2.Crónicas 6:16, 27; Job 23:11; Salmos 18:30; 25:8-9; 27:11; 37:23, 34;
67:2; 77:13; 86:11; 101:2; 119:9, 14, 27, 30, 32-33, 37, 104; Provérbios 4:11;
8:20; 9:6; 10:17, 29; 15:24; 21:16; 23:19; Isaías 30:21; 48:17; 59:8; 62:10;
Jeremias 5:4-5; 6:16; 7:23; 21:8; 32:39; Ezequiel 18:25, 29; 33:17; Malaquias
2:8; Mateus 21:32; 22:16; Marcos 12:14; Lucas 1:79; 20:21; Actos 18:25-26;
19:9, 23; 2; 24:22.Pedro 2:2, 21.
• A verdade é também a Lei de YHWH – Salmo 119:142; Malaquias 2:6; João
17:17. Uma vez que o papel do Espírito Santo é fazer-nos andar em toda a
verdade (João 16:13) então fará todo o sentido o ensino de Ezequiel 36:27.
• A vida é também a Lei de YHWH – quando O Senhor fala da Sua Lei a Israel
vem depois propor-lhe dois caminhos: a vida e a morte. A vida para os que
andarem na Sua Lei; mas a morte para os rebeldes e desobedientes –
Deuteronómio 30:15-16; 19-20; 32:46-47. Falando da sabedoria de Deus, o
livro de Provérbios fala-nos da Sua Lei como vida: Provérbios 3:17-18; 21-24;
Eclesiastes 7:12. Provérbios fala-nos ainda da instrução de YHWH (i.e. da Sua
Lei) como vida: Provérbios 4:13; 20-23; 6:23; 8:33-36; 10:17; 12:28; 16:22;
19:23.
Malaquias 4:4
Mas, como devemos encarar o impacto e a confusão que perdura até aos nossos dias
causados pelos escritos de alguns apóstolos (particularmente Paulo), quando,
aparentemente, pela letra, parece indicar que a “Lei” e as “obras da Lei” já não
interessam para os que estão em Cristo? Estará Paulo a falar da Lei eterna, da Lei de
YHWH/Moisés? Ou estará antes a falar de outra “lei” baseada na tradição dos
Vítor Quinta 25
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
homens, acerca da qual também Cristo entrou em choque com os escribas e fariseus
do seu tempo? Mais adiante analisaremos estes aspectos.
É evidente que tanto Yeshua como os apóstolos apontaram os erros aos escribas e
fariseus porque estes se estribavam no ensino e na tradição dos homens, i.e. na lei
oral faricaisa, por eles construída através dos tempos e que não constituam mais do
que interpretação pessoais de rabinos à própria Lei eterna de YHWH. E foi aqui que
muitos caíram e distorceram a intenção de Deus. A importância que os fariseus
davam à lei oral (tal como o judaísmo continua a fazer nos dias de hoje) era de tão
grande importância, que chegavam a colocá-la à frente da própria Lei do Senhor
YHWH. Vamos pois ver alguns aspectos que ajudam a compreender esta lei oral.
Vítor Quinta 26
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
2.Coríntios 4:2-4
Do ponto de vista histórico, convém recordar que a Lei de Moisés (do Heb.:Torá, que
significa “ensino”, “instrução”) ao tempo de Yeshua, se apoiava em duas grandes
escolas ou correntes interpretativas da Lei escrita, lideradas por dois iminentes rabis:
Hilel e Shammai.
Vítor Quinta 27
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
E é também neste Talmude que O Cristo de há 2.000 anos não é reconhecido como
“O Ungido” ou “O Cordeiro de Deus”!
Será motivo para perguntar: porque razão se opunha Yeshua ao ensino dos fariseus?
A resposta é simples, pois, como iremos ver, a lei oral não são mais do que preceitos
feitos pelo homem, criando as suas interpretações e tradições, muitas das quais se
opõem à Lei escrita por YHWH/Moisés. Precisamente porque o homem veio
“acrescentar” ou “diminuir” e, por vezes, “alterar” a seu gosto, os preceitos de YHWH.
Precisamente porque esse ensino era dos homens e não de Deus.
Que a chamada Torá oral superou em respeito e valor a própria Torá mosaica é
confirmado por todos os testemunhos históricos e pelos estudiosos da questão. Na
Mishnah lê-se: "Maior obrigação se aplica à (observância) das palavras dos escribas
do que às palavras da Lei (escrita)" (Mishnah, Sanhedrim, XI, 3). Não é pois de
espantar que Yeshua tenha condenado o ensino dos homens.
A respeito da Torá escrita e da Torá oral diz G.G. Scholem: "De acordo com o uso
comum nas fontes talmúdicas, a "Torá escrita" é o texto do Pentateuco. A Torá oral é
a soma total de tudo o que foi dito por eruditos ou sábios a título de explicação deste
corpus escrito, pelos comentadores talmúdicos da Lei e por todos os demais que
interpretaram o texto. A Torá oral é a tradição da Congregação de Israel, ela
desempenha o papel necessário de completar a Torá escrita e torná-la mais concreta.
De acordo com a tradição rabínica, Moisés recebeu, ao mesmo tempo, ambas as
Torás, no monte Sinai, e tudo quanto um erudito subsequente encontra na Torá ou
legitimamente dela deduz, já estava incluído nesta tradição oral fornecida a Moisés.
Assim, no judaísmo rabínico, as duas Torás são uma só. A tradição oral e a palavra
escrita completam-se mutuamente, uma não é possível sem a outra" (G.G. Scholem,
A cabala e seu simbolismo, Perspectiva, São Paulo, 1978, p.61) (in:
www.monfort.org.br). Diga-se porém que este site veicula ensinos católico-romanos.
Isto é o que dizem os homens. Porém, O Senhor Yeshua veio dizer coisa bem
diferente desta, pois Ele, O Legislador, veio dar a correcta interpretação da Lei eterna,
santa, justa e boa, a mesma que Ele escreve já hoje no coração dos fiéis e escreverá
no futuro quando Ele vier reinar sobre todas as nações...”de Sião sairá a Lei”.
Um pouco de História: a lei oral foi sendo transmitida de geração em geração e só foi
compilada entre os anos 70 d.C. e 200 d.C. Desta compilação nasceu o “Talmude”
(na forma da “Mishna” ou Talmude primitivo, e dos escritos complementares
“Tosefta”). Mais tarde ainda, foi-lhe adicionado a “Gemara” (comentários rabínicos)
que foi escrita entre os anos 200 e 500 d.C. Depois do ano 500 d.C. todos estes
escritos foram compilados numa única obra: o Talmude Enciclopédico que contém
5.894 páginas, havendo ainda outros escritos posteriores que são igualmente
considerados parte desta obra. Apesar de tudo, existem ainda dois Talmudes algo
diferentes entre si: o Talmude de Jerusalém e o Talmude de Babilónia (este contém o
ensino dos rabinos que ficaram em Babilónia ao tempo de Esdras e Neemias, e que
não regressaram a Jerusalém para a reconstrução do Templo, o segundo. Há quem
considere que o Talmude de Babilónia é o mais importante, porque em caso de
dúvida é o ensino deste que prevalece entre a comunidade judaica ortodoxa).
Como sabemos, Cristo condenou este ensino e tradição dos homens por ser
contrária, em muitos aspectos, à própria Lei de YHWH/Moisés. Essa condenação
Vítor Quinta 28
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
ainda hoje deve ser aceite. Basta para tal lembrar uma passagem que se encontra
escrita no Talmude (Erubin 21b – edição Soncino) que diz: “meu filho, sê mais
cuidadoso na observação das palavras dos escribas do que nas palavras da Torá”.
Quando um livro como o Talmude que pode até conter muitos ensinos bons, vem
declarar palavras deste tipo é fácil fazer a nossa escolha como crentes: Actos 5:29 –
“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a
Deus do que aos homens”.
Um exemplo muito claro nos dias de hoje é precisamente o dos Karaítas, judeus que
não se regem pelo ensino do Talmude mas aceitam unicamente o que está escrito na
Lei de YHWH/Moisés e no resto do Antigo Testamento, não aceitando, porém, o
Messias de há 2.000 como o Ungido de YHWH. Este é um grupo que é odiado e
perseguido pelo Judaísmo.
Neste estudo vamos ver que Yeshua não veio isentar o homem do cumprimento da
Lei, cumprimento que é devido pelo amor a Deus e pela obediência à Sua vontade,
mas, antes, como servo, e pelo Seu exemplo, Ele veio cumpri-la (obedecer-lhe) e dar-
lhe o verdadeiro sentido que os responsáveis de Israel haviam distorcido ao longo do
tempo.
Como cristãos aceitamos toda a Bíblia como a Palavra inspirada por YHWH, do
Génesis ao Apocalipse. Rejeitarmos ainda que seja uma só parte da Bíblia (por
exemplo parte do Antigo Testamento) será mutilar a Palavra de YHWH, pois o Novo
Testamento em tudo completa o Antigo e dele depende para que se possa entender
todo o intento de Deus.
Também acreditamos que a Lei por si só não salva (se assim fosse seria inútil o
sacrifício de Cristo), mas ela é necessária para a nossa vida como manifestação da
nossa obediência à vontade de Deus e para que nos vá bem e aos nossos filhos,
como nos ensina a Palavra de Deus. A graça de Deus e a fé de Yeshua (com as
obras da fé) é salvífica, quando consubstanciada na aceitação do sangue precioso e
redentor de Yeshua, i.e. a nossa esperança da glória, andando, ao mesmo tempo, na
Sua Lei, no Caminho (também sinónimo do próprio Cristo).
Lembramos que a graça de Deus é a misericórdia e perdão que Deus derrama sobre
os Seus filhos, os que Lhe são obedientes, os chamados, eleitos e fiéis (os que
abraçaram o Concerto com Ele através do sangue do Seu Filho), como se demonstra
pela visão dos mártires/salvos na glória que nos é dada em Apoc. 12:17 e 14:12,
como de resto já o era sobre os fiéis no Antigo Concerto, e.g. Noé: Génesis 6:8 –
“Noé, porém, achou graça aos olhos de YHWH”. Não se compreenderia, nem se
poderia aceitar, que Deus pudesse derramar a Sua graça sobre aqueles que não são
obedientes aos Seus preceitos, aos Seus juízos, aos Seus mandamentos e aos Seus
testemunhos, i.e. à Sua Lei. Os filhos da desobediência serão castigados à luz dessa
mesma Lei. A graça que salva tem que estar intimamente ligada à fé, à humildade e à
obediência à vontade e à justiça de Deus: Salmo 119:172 – “A minha língua falará
da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justiça”.
Ainda do ponto de vista histórico, lembremos que a lei oral só podia ser ensinada e
interpretada pelos instruídos, os “iluminados”, o que desde logo criava uma verdadeira
barreira entre esta elite e o povo. É claro que essa classe sacerdotal se aproveitava
desse ascendente para socialmente e não só, adquirir posição e domínio sobre o
Vítor Quinta 29
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Veja-se também a oposição de Pedro em Actos 15:10-11 – “Agora, pois, por que
tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo [preceitos e
tradições dos homens – a lei oral] que nem nossos pais nem nós pudemos
suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo,
como eles também”. Oposta a estes preceitos e tradição dos homens temos a Lei da
liberdade, que é Cristo: Mateus 11:30 – “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo
é leve”. Esta é a Lei do amor de Yeshua que já deve estar gravada nos nossos
corações, para por ela vivermos, com fé. Paulo reafirma o mesmo princípio em
Gálatas. 5:1 – “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou [do
pecado] e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão [da carne, do
pecado]” (i.e. das leis dos homens e das suas tradições).
Este “jugo da servidão” de que nos fala o Livro de Actos não é, de forma alguma, a
Lei do Eterno (porque essa é suave e leve como disse Yeshua). Essa Lei do Eterno é
aquela que Ele deu ao Seu povo, desde o princípio, tal como nos diz em
Deuteronómio 30:10-14 – “Quando deres ouvidos à voz de YHWH teu Deus,
guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da
Lei, quando te converteres a YHWH teu Deus com todo o teu coração, e com
toda a tua alma [tal como também nos ensinou Yeshua]. Porque este
mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de
ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do
mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e
no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de
ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires”. Ir contra esta Palavra e
ensino é entrar num caminho que descarta todo o ensino hebraico que nos foi e será
transmitido pelO Senhor YHWH. Comparemos esta passagem com o que nos é dito
em 1.João 5:2-3 – “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando
amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de
Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são
pesados”. Porquê? Porque o Seu fardo é suave e leve.
Apesar da evidência, vemos que mesmo no ensino dos que já então se haviam
convertido a Cristo ainda apareciam resquícios dos preceitos dos homens – da lei
oral, farisaica que, em muitas circunstâncias colocava o ensino dos homens à frente
do ensino do Eterno. O que nos é relatado em Actos 21:17-24 (1º Concílio de
Jerusalém) vem revelar que alguns ainda estavam demasiado influenciados pelas
tradições e preceitos dos homens, levando a que os restantes apóstolos pedissem a
Paulo para que confirmasse que não era verdade que tivesse andado ensinando que
já não era preciso guardar a LEI de YHWH/Moisés, precisamente ele que era um
devoto servidor do Altíssimo. Paulo desmentiu esses rumores, confirmando que ele
próprio guardava a Lei, fazendo até um voto de nazireu e indo ao Templo a sacrificar.
Yeshua foi implacável com o ensino dos escribas e fariseus, chegando a chamar-lhes
hipócritas e condutores cegos. Lemos as Suas palavras em João 5:44-47 – “Como
podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que
vem só de Deus? Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um
que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em
Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos
seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” Porquê? Porque todas as
Escrituras apontavam para O Salvador Yeshua que haveria de vir para “recuperar o
que se havia perdido” – Lucas 19:10.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Yeshua condenou vivamente o ensino dos escribas e fariseus (ou dos que ainda hoje
se colocam debaixo desse ensino e tradições humanas, muitas delas eivadas de
erros e, até, de desobediência à Verdade). Também Paulo condena o ensino dos
homens que os afasta da Lei de YHWH/Moisés: Colossenses 2:20-23 – “Se, pois,
estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo [i.e. dos homens],
por que vos carregam ainda de ordenanças [humanas], como se vivesseis no
mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas
todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; a quais
têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária,
humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a
satisfação da carne”. Agora atentemos para as palavras do versículo seguinte:
Colossenses 3:1-2 – “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas
que são de cima [a Lei dada por YHWH a Moisés, a esperança do reino eterno
por Cristo], onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que
são de cima [Lei, vontade de YHWH, pátria celestial], e não nas que são da terra
[preceitos e doutrinas de homens]”. Enquanto nos deixarmos conduzir pelos
preceitos e doutrinas dos homens, sejam elas baseadas nos ensinamentos rabínicos
ou noutros, não estamos a dar espaço para que a verdade de Deus se manifeste nos
nossos corações.
Yeshua diz-nos em Mateus 5:20 – “Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos
céus”. Como podemos entender estas palavras de Yeshua? Já sabemos que os
escribas e fariseus davam mais importância aos seus próprios preceitos e tradições, à
sua lei oral, que à verdade da Lei de Deus. Qual era a justiça daqueles homens senão
aquela que eles próprios haviam criado para seu benefício? Deste modo eles
anulavam a justiça de Deus que a Lei traduz. Yeshua critica-os por colocarem fardos
sobre os outros com os preceitos por eles criados, fardos esses que eles não estavam
dispostos a levar nem com um só dedo. Yeshua advertiu-nos contra a hipocrisia
destes homens, ontém como hoje! Assim não será difícil compreender estas palavras
de Yeshua.
Agora que de forma breve pudemos fazer a distinção entre a Lei de YHWH/Moisés, a
Lei escrita, eterna, e a lei oral (preceitos e tradições dos homens), vamos ver como
esse conjunto de preceitos humanos se encontra dividido no Talmude e noutros
escritos judaicos:
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Depois desta breve explicação acerca da lei oral, a dos homens, poderemos
compreender melhor as palavras de Yeshua e dos apóstolos (incluindo Paulo), bem
como as palavras dos profetas. Veja-se o que nos relata Mateus 15:1-14 – “Então
chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por
que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as
mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que
transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque
Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai
ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à
mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa
honrar nem a seu pai nem a sua mãe, e assim invalidastes, pela vossa tradição,
o mandamento de Deus.
Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se
aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu
coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que
são preceitos dos homens.
E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: O que contamina o
homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que
contamina o homem. Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-
lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? Ele,
porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou,
será arrancada. Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro
cego, ambos cairão na cova”.
Na realidade, estes responsáveis religiosos regiam-se pelas leis e preceitos que eles
próprios criaram – a lei oral, humana, atribuindo a si próprios uma autoridade que na
realidade não possuiam aos olhos de Deus: Romanos 10:1-4 – “Irmãos, o bom
desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque
lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.
Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua
própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus [i.e. a Sua Lei eterna].
Porque o fim [propósito, objectivo] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele
que crê”.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Eis assim, de forma resumida, a explicação que nos pareceu essencial ser dada para
que possamos estudar, com cuidado e reverência, a Palavra de Deus, de forma a
podermos separar o que é divino, eterno (e que provém de Deus, a Sua LEI), daquilo
que é dos homens e das suas tradições.
Para além de Abraão ter crido nO Senhor pela fé e isso lhe ter sido imputado como
justiça, há um outro aspecto que adquire particular importância para este trabalho.
Diz-nos a Palavra de Deus em Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à
minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e
as minhas Leis”. Esta passagem reforça o nosso entendimento que as Leis de
YHWH eram conhecidas desde o princípio da Criação, muito tempo antes da Lei
escrita ter sido dada a Israel através de Moisés no Monte Sinai, razão pela qual
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Abraão e outros servos do Deus Altíssimo já viviam por elas. Por isso YHWH chamou
e separou para Si um povo: Israel. Isto reforça a nossa certeza que Abraão obedeceu
e praticou as Leis de YHWH pela fé. E ele não teve somente fé. Ele obedeceu ao seu
Criador. Poderíamos pois nós hoje viver somente pela fé sem as obras da fé (ver
Tiago 2 e Efésios 2:10)? Claro que não, pois a fé implica uma prática de obediência e
humildade.
Tal como outros homens fiéis a Deus na antiguidade, Enoque, Noé e tantos mais,
também Abraão sentiu o chamamento de YHWH e andou segundo as Suas Leis. A
mesma Lei que foi compilada por Moisés após ter permanecido na presença do
Senhor no Monte Sinai durante 40 dias e 40 noites aprendendo Dele as Suas
instruções, ao ponto dele declarar a Israel: Deuteronómio 4:8 – “E que nação há tão
grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta Lei que hoje
ponho perante vós? Leis pelas quais todo o Israel devia viver e ensinar os seus
filhos e os filhos dos seus filhos, como se lê no versículo 9.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
O estudo bíblico leva-nos a concluir que a Lei de YHWH foi transmitida ao homem
desde o princípio da Criação sob a forma de mandamentos, juízos, testemunhos e
estatutos vários. Antes do homem pecar, O Senhor habitava com o homem,
ensinando-o a andar nos Seus caminhos, na Sua vontade, até ao dia que o homem
se viu privado da Sua presença por Lhe ter desobedecido.
Para além deste claro mandamento, existem inúmeras passagens bíblicas que nos
revelam a existência de uma Lei transmitida ao homem, de pai para filho, de geração
em geração, mesmo antes do Dilúvio. Exemplo: Judas 1:14 – “E destes profetizou
também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo O Senhor
com milhares de seus santos”. É evidente que o apóstolo Judas tem reconhecida
autoridade para citar o que seria aceite no seu tempo como um escrito inspirado como
é o de Enoque. Se esse escrito não existisse (e pensa-se que ainda hoje está
preservado e pode ser encontrado na Internet) ele não teria autoridade para o referir
na sua carta.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
tenhamos dúvidas que “andar” com O Senhor ou nos Seus caminhos significa:
fazer a sua vontade, ser perfeito, ser justo, como também nos diz em Lucas
1:5-6 a respeito de Zacarias e sua mulher Isabel.
• Este é o mesmo conselho que Paulo dá a Timóteo em 2.Timóteo 3:15-17 – “E
que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras [a Lei, os profetas
e os Salmos], que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há
em Cristo Jesus [pois todos eles apontavam para o Cristo]. Toda a
Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Vemos
com grande clareza que a instrução de Paulo a Timóteo confirma que andar
nas Leis de Deus (dadas a Moisés e aos profetas) é atingirmos a mesma
perfeição que YHWH tinha pretendido de Abraão.
• O contrário de não “andar” nos caminhos do Senhor YHWH vem-nos referido
em Provérbios 5:22-23 – “Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o
prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido. Ele morrerá,
porque desavisadamente andou, e pelo excesso da sua loucura se
perderá”. Loucura perante Deus é o homem seguir o seu próprio conselho e
caminhos, ignorando os conselhos Dele, a Sua instrução, a Sua Lei. Não nos
restem dúvidas, loucura perante Deus é não andar segundo a vontade de Deus
expressa em todos os Seus preceitos. Essa loucura terá sempre um mau
resultado naquele que optar por esta via.
• O Livro de Jasher (lembremos que embora o Livro de Jasher ou Iasher não
faça parte do cânone bíblico ele aparece citado em Josué 10:13 e em
2.Samuel 1:18, o que comprova a sua autenticidade histórica e espiritual) em
12:42 comprova a obediência de Abraão: “Abrão serviu O Senhor seu Deus
todos os dias da sua vida e andou nos Seus caminhos e guardou a Sua Lei”.
Mais tarde, no mesmo livro, encontramos Abraão a recordar a seu filho Isaac
as instruções de Deus, elaborando sobre o que se deve considerar como Lei:
“Ele [YHWH] disse-me [Abraão], a ti e à tua semente darei estas terras, e eles
herdá-las-ão quando guardarem os Meus mandamentos, os Meus estatutos e
os Meus juízos que eu te ordenei, e que lhes ordeno a eles” – Jasher 26:24.
• Reparemos que a divisão da Lei que é feita nesta passagem do Livro de
Jasher é a mesma que compõe a Lei de YHWH que Moisés escreveu em
Deuteronómio 4:13-14: mandamentos, estatutos e juízos.
• Ainda no Livro de Jasher, Abraão continua a instruir Isaac: “Assim, meu filho,
escuta a minha voz e guarda os mandamentos do Senhor teu Deus...para que
te vá bem a ti e a teus filhos para sempre...ensina pois os teus filhos e a
semente dos teus filhos a instrução do Senhor e os Seus mandamentos” –
Jasher 26:25-27.
• Evidências adicionais podem ser encontradas no Livro de Jasher, capítulos 3,
34 e 35 reportadas ao tempo de Enoque, bem como em Génesis 7:2-3,
provando que Noé conhecia a forma de separar os animais limpos dos impuros
antes de os encerrar na arca.
• Embora as Leis de YHWH ainda não estivessem escritas em tábuas de pedra,
elas estavam obviamente escritas na mente e no coração de Abraão
(precisamente onde o nosso Deus sempre pretendeu que elas estivessem
gravadas – na mente e no coração como nos é ensinado em Deuteronómio) e
ele transmitiu-as verbalmente à sua descendência, em temor.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Conforme acima procurámos demonstrar, a Lei de YHWH foi dada ao homem desde o
princípio da Criação, embora ela só nos tenha sido dada na forma escrita pela mão de
Moisés e inspiração de YHWH no Monte Sinai. Lembremos que para além das duas
tábuas de pedra contendo os 10 Mandamentos, escritos pelo dedo de Deus, Moisés
esteve 40 dias e 40 noites no Monte Sinai na presença de YHWH a receber a Sua
instrução, a Sua Lei, a Torá de Israel, a que Moisés deixaria escrita. Os
mandamentos, juízos e estatutos do Senhor existiam antes da libertação do povo de
Israel do Egipto. Também é muito claro que tais juízos, estatutos, testemunhos e
mandamentos não foram abolidos por Cristo. Este, como servo fiel e obediente (e, ao
mesmo tempo como Legislador), veio cumprir, i.e. obedecer a todos os mandamentos
que Ele próprio, enquanto Verbo Divino tinha dado ao povo.
As únicas alterações que foram introduzidas na Lei eterna de Deus foram as que
derivaram da morte do Cordeiro de Deus, pois deixou de ser necessário continuar a
sacrificar animais e outras ofertas queimadas no Templo, pois o verdadeiro e único
sacrifício já havia sido realizado por Este Cordeiro. De igual modo, cessou também o
sacerdócio levítico porque um melhor sacerdócio nos foi revelado por Cristo, o
sacerdócio eterno, como Sumo-Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque.
Vítor Quinta 38
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Oséias 8:1, 12
“1. Põe a trombeta à tua boca. Ele virá como a águia contra a casa de
YHWH, porque transgrediram a minha aliança, e se rebelaram contra a
minha lei… 12. Escrevi para eles as grandezas da minha Lei, mas isso
foi para eles como coisa estranha”.
As palavras de YHWH dadas através do profeta Oséias são tremendas para a maioria
dos homens. Na realidade, através do Seu profeta, YHWH acusa o Seu povo,
digamos antes, toda a humanidade, dizendo-lhe que esta vive divorciada das
palavras, do ensino, da instrução e da doutrina do seu Criador. Diz a Palavra do
Senhor, que o homem honra mais a criatura do que O Criador que é Bendito
eternamente. Por isso a humanidade irá pagar uma factura muito pesada. Porém,
como o povo costuma dizer: “Deus não dorme”. O que O Senhor disse se cumprirá,
como nos diz em Isaías 55:11 – “Assim será a minha palavra, que sair da minha
boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará
naquilo para que a enviei”.
Esta Palavra não contém somente ensino, instrução; também contém advertência e
diz-nos que o castigo para a desobediência e rebeldia3 será grande. Se a humanidade
não atentar para a Palavra de YHWH e não se arrepender dos seus próprios
caminhos, sofrerá duro castigo...eterno.
Entre muitos outros avisos que YHWH nos faz, lembremos o que se encontra em
Apocalipse 2:4 – quando escreve à Igreja que está em Éfeso: “Tenho, porém, contra
ti que deixaste o teu primeiro amor”. Este “primeiro amor” é a Lei dada a Israel
através de Moisés, Seu servo. Deus condena todos os que deixaram a Sua Lei. Pois,
ao deixarem a Sua Lei deixaram Cristo, a Palavra, a Lei viva. Se não houver Lei não
pode haver pecado, uma vez que pecado é a transgressão da Lei, é iniquidade.
Apontemos agora para um aspecto particular que percorre toda a Palavra de Deus, de
Génesis a Apocalipse e sobre o qual devemos meditar:
3
Veja-se o que se passou com Saul (1.Samuel 15:23), onde o profeta de Deus associa a rebeldia ao
pecado da feitiçaria, e o porfiar (teimar, obstinação) é comparado a iniquidade e idolatria.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
O conceito de unidade, ainda que seja uma unidade composta (heb.: echad) perpassa
por toda a Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo alerta-nos para que não nos deixemos contaminar pelas filosofias
de homens vãos – Colossenses 2:8: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça
presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos
homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. Eis um
primeiro alerta para que não andemos após as filosofias e as tradições dos homens
que não conduzem a Cristo (a Yeshua, que significa “Salvação de YHWH”, “Salvação
de Yah”). Celebremos o louvor a Yah com a palavra Hallelujah.
Sem a Lei de YHWH o homem não está na Verdade, nem na Sua Justiça, nem no
Caminho, nem no Amor, nem na Vida, nem na Luz que nos foram reveladas no Seu
Filho, em Yeshua, O Messias, que é Ele mesmo a Lei viva. O que não tem O Filho
está morto em seus pecados: 1.João 5:12 – “Quem tem o Filho tem a vida; quem
não tem o Filho de Deus não tem a vida”.
Uma das mais nefastas filosofias humanas teve origem logo nos primeiros séculos
pós Yeshua (de resto o próprio Senhor Yeshua, os apóstolos João e Paulo deixaram-
nos vários alertas acerca dos lobos devoradores que haveriam de se introduzir na
Igreja após a sua partida, alguns dos quais haveriam de se constituir como anti-
Cristos ao apostatarem da fé – Mateus 7:15; 1.João 2:18; Actos 20:29), naquela
corrente filosófica que hoje é chamada de antinomianismo (i.e. os que são contrários
à Lei do Altíssimo).
Esta filosofia humana permite identificar aquele que é contra a Lei de Deus, dada ao
povo de Israel através do Seu profeta Moisés, pois eles erradamente defendem que
esta Lei é só para os judeus ou que a mesma foi abolida por Cristo; este ensino
errado ou filosofia humana satânica tem origem na apostasia dos primeiros séculos
pós Yeshua, principalmente através dos escritos dos chamados “pais da igreja”, tais
como Inácio de Antioquia, Marcion – sec. II, Justino, o Mártir, João Crisóstomo,
Cipriano, Agostinho, Tertuliano, Ireneu, Orígenes, Valentino, Clemente de Alexandria,
Eusébio e tantos outros depois deles que se basearam nos seus escritos contrários à
vocação hebraica (ou que “cheirasse” a hebraico), perpetuando assim as heresias e
apostasias destes primeiros séculos até aos dias de hoje. Estes “pais da igreja”,
foram, na realidade, os lobos devoradores que a Palavra nos disse que viriram, pois
desviaram-se da sã doutrina de Yeshua e dos Seus apóstolos. Estes, eivados do
saber carnal da filosofia grega (Platão Aristóteles, etc.) são os que, sob pretexto de
combater as ideias “judaizantes” instilaram o erro no seio da Igreja, levando muitos a
apostatar da fé e a rejeitar o ensino e o exemplo de Cristo e dos próprios apóstolos e,
bem assim, daqueles que seguiram a Cristo (os chamados da seita dos “Nazarenos”).
Vítor Quinta 40
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Todos conhecemos bem estas palavras de Yeshua. Mas será que as estamos a
aplicar a nós próprios? No nosso caso particular, cada um de nós identifica-se com o
homem prudente ou com o homem insensato? Cada um responda por si mesmo, em
consciência.
Mais, em Salmo 111:7-8 – “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros
todos os seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são
feitos em verdade e rectidão”. E, ainda em Salmo 119:44 – “Assim observarei de
continuo a tua Lei para sempre e eternamente. E andarei em liberdade; pois
busco os teus preceitos”. Os insensatos pretendem ensinar o contrário do que está
escrito nesta Santa Palavra dizendo que Cristo veio anular a Lei eterna,...pregá-la na
cruz...ou que Ele cumpriu tudo por nós.
Para além das passagens que já mencionámos, vamos recolher das Sagradas
Escrituras, e a título meramente exemplificativo, algumas outras que nos demonstram
que a Lei de Deus, a Sua vontade, permanece para sempre e é mandatória para
todos os que abraçam o concerto com YHWH:
Vítor Quinta 41
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Êxodo:
12:14 – “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa a YHWH; nas
vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”. Este dia em particular
refere-se à celebração da Páscoa aos 14 de Abib ou Nissan à tarde.
31:16 – “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas
gerações por aliança perpétua”. O mesmo Sábado de descanso que foi constituído
como um sinal entre YHWH e o Seu povo, para sempre, desde a Criação.
Levítico 16:29 – “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez
do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem
o estrangeiro que peregrina entre vós”. Esta é a solenidade do Dia da Expiação,
que os filhos de Deus devem celebrar por “estatuto perpétuo”. Não só esta solenidade
mas todas as restantes instituídas por YHWH, ao tempo por Ele determinado, são
solenidades santas para todo o Israel (incluindo para os estrangeiros que nele
peregrinassem – Números 15:15): A Páscoa, a Semana dos Pães Asmos (que inclui
ainda a Festa das Primícias), o Pentecostes, o Dia da Expiação e a Festa dos
Tabernáculos e o Oitavo Grande Dia – que incluem os 7 Sábados anuais. Todas
estas solenidades têm um grande significado para o povo de Deus, pois nelas estão
contidas todo o plano de YHWH para a humanidade (ex. a Festa dos Tabernáculos
será celebrada durante o Milénio – Zacarias 14:16-19; Isaías 2:3; 66:22-23).
Deuteronómio:
4:1-2 – “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino,
para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que YHWH
Deus de vossos pais vos dá. Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela [instrução que os escribas e fariseus e outros mais não
cumpriram], para que guardeis os mandamentos de YHWH vosso Deus, que eu
vos mando”.
5:29 – “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e
guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes
fosse a eles e a seus filhos para sempre”.
6:24 – “E YHWH nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que
temêssemos a YHWH nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos
guardar em vida, como no dia de hoje”.
12:28 – “Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te
suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que for
bom e recto aos olhos de YHWH teu Deus”.
29:29 – “As coisas encobertas pertencem a YHWH nosso Deus, porém as
reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta Lei”.
Salmos:
33:11 – “O conselho de YHWH permanece para sempre; os intentos do seu
coração de geração em geração”.
111:7-8 – “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus
mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade
e retidão”.
111:10a – “O temor de YHWH é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm
todos os que cumprem os seus mandamentos”.
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Malaquias 4:4 – “Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em
Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos”.
“E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”, conforme nos diz
Paulo em Romanos 7:12. E qual é a posição de Paulo a respeito da perenidade da Lei
de YHWH/Moisés? A resposta encontramo-la em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois,
a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Na realidade,
Paulo está a ensinar-nos que é pela fé e pela graça de Deus que em nós é derramada
que “estabelecemos a Lei” nos nossos corações e vivemos por ela.
O Senhor Yeshua ensinou-nos que “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” – Mateus 4:4 e Lucas 4:4.
• A Lei foi dada oralmente ao homem desde a sua criação, a Adão, pois se não
houvesse Lei (instrução/ensino/vontade de YHWH) o homem não poderia ser
condenado pois ninguém pode ser condenado a não ser que uma Lei disponha
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Vítor Quinta 44
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Que significam estas palavras? Será que os céus e a terra já passaram? Pois
se ainda não passaram, também a Lei de YHWH não passou!
• A Lei permanecerá em vigor até que todo o plano de Deus seja cumprido, até
que o último inimigo seja destruído – a morte. Então, após tudo estar
aperfeiçoado e vir a Nova Jerusalém e serem criados novos céus e nova terra,
só então, não será mais necessária a Lei como a conhecemos porque tudo
estará então como era antes do pecado ter entrado no mundo.
• O argumento de que a graça tendo vindo sobre os filhos de Deus os isenta de
guardar a vontade de Deus no seu coração e viver por ela, é antigo, porém
errado. Ele teve a sua origem nos chamados “pais da igreja” e reafirmou-se no
período da Reforma, através do ensino das igrejas protestantes contrárias a
todo o ensinamento de raiz hebraica. Estão normalmente associadas ao ensino
trinitário da igreja romana e das suas filhas evangélicas.
• Se porventura houvesse ainda qualquer réstea de dúvida a respeito da
validade da Lei de YHWH para Yeshua, tiremo-la com a profecia que se
encontra em Salmo 40:7-8 (falando Daquele que havia de vir, i.e. O Messias) –
“Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro [da Lei] de mim está escrito.
Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua Lei está dentro
do meu coração”. O Senhor Yeshua viveu pela Lei, pela vontade do Pai,
executando toda a Sua vontade. Se assim não fosse Ele não poderia ser O
Cordeiro de Deus.
• As próprias Leis do Senhor YHWH voltarão a estar escritas, gravadas, no
coração dos homens que viverem durante o Milénio do Reino de Cristo sobre
toda a Terra, conforme nos diz em Hebreus 8:10 e 10:16; Ezequiel 36:24-27 e
Jeremias 31:31-34, tal como Deus sempre pretendeu que assim fosse, desde o
princípio.
Podemos assim extrair uma conclusão no mínimo curiosa, que nos permite expôr a
mentira dos que dizem que os filhos de Deus não têm que obedecer aos
mandamentos, estatutos e juízos de Deus, à Lei de Deus, porque Cristo tudo terá
cumprido (agora estamos debaixo da graça somente, segundo eles ensinam), pois:
• Desde a Criação até Moisés, YHWH deu preceitos aos homens que estes
violaram; por isso foram castigados (lembremos o Dilúvio como exemplo);
• De Moisés até Cristo a Lei esteve em vigor, pois o Verbo deu a Torá a Israel
através de Moisés;
• Segundo os que são contrários à Lei, da primeira vinda de Cristo até à
segunda, a Lei deixa de estar em vigor (porque Yeshua “cumpriu tudo por nós”
= doutrina do engano);
• Porém, a Lei voltará a estar em vigor durante o Reinado de Cristo de mil anos,
como nos diz a Palavra de Deus.
Então em que ficamos? Porque razão temos aqui um estranho hiato de cerca de
2.000 anos (entre as duas presenças físicas de Cristo sobre a Terra) em que,
segundo o ensino da mentira, a Lei não está em vigor? Este é o ensino dos falsos
adoradores, pois como já vimos, a multidão que se há-de salvar será composta por
aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse
12:17 e 14:12. Eis aqui o contra-senso dos que rejeitam a Lei do Senhor e o Seu
ensino para o homem em todos os tempos, como se durante os últimos 2.000 anos a
Lei de Deus não fosse válida. Foram 2.000 anos de imposição de falsas doutrinas e
Vítor Quinta 45
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
rejeição do ensinamento de raiz hebraica. Não admira pois que estejamos hoje
perante um conjunto vasto de doutrinas ditas “cristãs”, mas que não são mais do que
um simulacro da doutrina verdadeira, tantas têm sido as distorções nela introduzidas.
• Seria YHWH coerente se, tendo sido Ele próprio O Legislador, e tendo
cumprido a Lei na pessoa de Seu Filho Yeshua, O Verbo Divino que se fez
carne, viesse depois abolir essa mesma Lei, para voltar a (re)instituí-la durante
o Milénio?
• Se Yeshua é a Lei em Si mesmo, será que Ele veio abolir-Se a Si próprio?
• Se temos que viver com Yeshua nos nossos corações como não viveremos
com a Lei gravada nos nossos corações, uma vez que Ele é a Lei viva?
• Se Ele era O Único que poderia, com autoridade, ter abolido a Lei e não o fez,
porque razão vêm os indoutos e inconstantes torcer as Escrituras para dizer
que a Lei dada a Moisés deixou de estar em vigor a partir de Cristo?
• Onde está escrito que essa Lei divina foi abolida?
São certamente perguntas que aqueles que dizem que “a Lei foi pregada na cruz” (ou
que foi abolida) não têm capacidade de responder à luz das Sagradas Escrituras. Os
que tal ensinam conduzem os que os seguem para as trevas eternas. Referindo-se à
Sua Lei, à Sua herança, O Senhor pergunta através de Jeremias 12:9-11: “A minha
herança é para mim ave de rapina de várias cores. Andam as aves de rapina
contra ela [a minha Lei] em redor. Vinde, pois, ajuntai todos os animais do
campo, trazei-os para a devorarem. Muitos pastores [falsos] destruíram a minha
vinha, pisaram o meu campo; tornaram em desolado deserto o meu campo
desejado. Em desolação a puseram, e clama a mim na sua desolação; e toda a
terra está desolada, porquanto não há ninguém que tome isso a sério”.
Alguns, porém, não dizem que a Lei foi abolida, mas que é opcional. Como se o amor
e o sacrifício do Messias estivessem a ser minimizados. Ele que é O Legislador e O
Juíz de toda a terra e que veio magnificar a Lei que Ele próprio deu aos homens.
Verdadeiramente estes pastores embruteceram-se, pois não conseguem discernir a
Luz que é Cristo e o que Ele significa como nossa salvação. Eles limitam-se a
promover as ideias blasfemas que nos chegaram através do chamado “cristianismo”
Católico-Romano dos Concílios de Niceia e de Trento, ou dos Coptas, ou dos
“cristãos ortodoxos” orientais, ou de muitas congregações evangélicas (filhas de
Roma) ou até de alguns pastores auto-intitulados como do movimento Messiânico.
Vítor Quinta 46
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Eis onde o homem pode ficar a conhecer a vontade de YHWH: Génesis 26:5, Levítico
26:3, Números 15:39-40, Deuteronómio 11:1, 11:13, 11:26-28, 13:4-18, 15:5, 26:17,
27:10, 28, 30:8-10, Josué 22:5, 1.Samuel 12:14-15, 1.Reis 3:14, 8:61, 2. Reiss 17:13,
2 Crónicas 24:20, Neemias 1:5-9, Salmo 119:60, Daniel 9:4, João 14:21, 15:10, Actos
17:30, 1.Coríntios 7:19, 1.João 2:3, 3:22, 3:24, 5:3, 2.João 1:6, Apocalipse 3:2-3, entre
muitas mais passagens bíblicas. Muito do ensino do Senhor Yeshua não foi mais do
que confirmação ou ampliação para o verdadeiro sentido espiritual da Lei, dos
profetas e dos Salmos. Não dizia Ele com alguma frequência também: “Está escrito”?
Vamos referir um exemplo concreto que se encontra em Esdras 10:3 e que reflecte o
temor que devemos ter à vontade de YHWH, aos seus mandamentos: “Agora, pois,
façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres
[estrangeiras e idólatras com quem eles se haviam casado contrariando a
vontade de Deus, a Sua Lei], e os que delas são nascidos, conforme ao
conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-
se conforme a Lei”. Será que este Deus que deu esta ordem a Israel na antiguidade
não é o mesmo Deus de hoje? Será que Ele daria hoje uma ordem diferente desta?
Porque razão haveríamos de nos estribar no nosso próprio entendimento e não no
que a Sua Palavra nos aconselha? Esta mesma Palavra diz-nos que Ele não muda.
A Lei de YHWH começou desde cedo a ser combatida pelos apóstatas e heréticos,
apontando-a como preceitos judaizantes e apelidando de legalistas os que a ela
obedeciam. Assim tem sido através dos séculos. Esta guerra espiritual desencadeada
por Satanás e seus seguidores tem assentado no pilar do engano que é a doutrina da
igreja apóstata de Roma e das suas filhas, as igrejas evangélicas que dela sairam e
que para lá estão a voltar devido ao movimento ecuménico. Por isso o diabo moveu
guerra, desde o princípio, aos discípulos de Cristo que tinham por missão ir e ensinar
os povos, nações e línguas a guardar tudo o que o Mestre lhes tinha mandado, i.e. a
Lei de YHWH – Apocalipse 12:17: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer
guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de
Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.
Vítor Quinta 47
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Provérbios 28:9
“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a Lei, até a sua oração será
abominável”
Uma das passagens que, até hoje, ainda perturba os crentes, resulta de uma
tradução incorrecta, em que o tradutor acrescenta da sua autoria uma palavra que
não está no original (a mesma que nas vossas Bíblias, tradução de João Ferreira de
Almeida, se encontra escrita em itálico). Vejamos o que diz Lucas 16:16-17 – “A Lei e
os profetas “duraram” até João [o Batista]; desde então é anunciado o reino de
Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. E é mais fácil passar o
céu e a terra do que cair um til da Lei”.
A palavra “duraram” (em itálico) não consta dos textos originais. Ora o tradutor
entendeu que a frase faria melhor sentido se lhe acrescentasse a palavra “duraram”.
O propósito de acrescentar ou retirar algo à Palavra de Deus é condenado pelo
4
No grego: “Anomia”.
Vítor Quinta 48
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
próprio Deus que diz em Deuteronómio 4:2 e 12:32 – “Não acrescentareis à palavra
que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos de
YHWH vosso Deus, que eu vos mando... Tudo o que eu te ordeno, observarás
para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás”. Porém, o homem tem-se
esquecido deste e de outros preceitos de Deus.
O versículo 16 não nos diz que a autoridade da Lei e dos profetas existiram até ao
momento em que apareceu em cena o “anjo” que preparou o caminho do Cordeiro:
João, o Batista. Pelo contrário, diz-nos que “até João existiram a Lei e os profetas”
para anunciarem a vinda do Reino de Deus, dando a sua visão profética do que
estava para vir. Porém, em aditamento a estes testemunhos antigos, veio João, o
Batista, e depois Yeshua e os Seus apóstolos, para anunciarem a proximidade do
Reino ou, até, que o Reino de Deus estava entre nós: ver verso 31; João 5:46;
Romanos 3:21, como também nos é dito em Mateus 3:1-2 por João e depois por
Yeshua em Mateus 4:17; Marcos 1:15, tendo como resultado que todos fazem força
para entrar no Reino dos céus: Mateus 11:12. Se na realidade a Lei e os profetas
tivessem vigorado só até João, o Batista, onde caberiam então os ensinamentos de
Yeshua e dos Seus apóstolos que são, todos eles, posteriores a João, o Batista?
Como se vê é fácil desmontar este erro.
Vítor Quinta 49
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
• A fé não veio abolir qualquer parte da Torá ou mesmo o seu todo: Mateus 5:17-
20; 7:12; Tiago 2:10; Romanos 2:13.
• Na parábola do trigo e do joio5 (Mateus 13:37-43), Yeshua manifesta a
condenação dos que violam a Lei de YHWH (os que cometem iniquidade ou
“Anomia”, termo que é usado com frequência por Ele: e.g. Mateus 23:27-28 e
24:11-13).
• Guardar a Torá é parte integrante da fé que conduzirá o crente à vida eterna:
Mateus 19:17; Apocalipse 12:17; 14:12; 22:14.
• O crente permanece debaixo do amor de Yeshua se guardar os preceitos da
Torá: João 14:15-23, da mesma forma que Ele permaneceu no amor do Pai por
guardar toda a Sua vontade, a Sua Torá: João 15:9-10; Hebreus 2:17-18 (como
fiel Sumo-Sacerdote); 4:15; 8:10; 10:16.
• A fé no Salvador Yeshua não nos liberta de guardarmos os preceitos da Torá
(que Ele também guardou em obediência ao Pai), antes a estabelece:
Romanos 3:31.
• A Torá é, em si mesma a “liberdade” e o padrão de conduta/vida perante a qual
seremos julgados: Tiago 1:22-25.
• Não esquecer que a palavra “justo” quer dizer: “os que observam as leis divinas
nas suas vidas” (o que pratica a justiça) – Lucas 1:5-6; Daniel 12:3. Estes são
os que “ouvem”, “crêem” e “obedecem” (praticam).
5
Infelizmente, o joio também está misturado com o trigo no seio das igrejas dos nossos dias. Esse joio
vive no convencimento de que está “salvo”. E porque é que alguns são joio? R: porque não se querem
submeter à vontade do Altíssimo. Alguns andam no Evangelho há muitos anos mas nunca se
converteram (o seu coração continua incircunciso) e não querem aprender a Verdade. Andam
coxeando uma vida inteira: aceitam umas partes da Lei de Deus e rejeitam outras…
Vítor Quinta 50
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Se, na realidade cremos que Este Yeshua era YHWH na carne, então como devemos
interpretar as Suas palavras quando Ele nos diz em João 14:15, 21; 15:10: “Se me
amais, guardai os meus mandamentos…Aquele que tem os meus mandamentos
e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai,
e eu o amarei, e me manifestarei a ele... Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os
Vítor Quinta 51
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”. Tão simples para uns.
Porém tão complicado para outros.
Toda a obediência à Torá tem que derivar de um coração circuncidado pela fé. E.g.
alguma vez Yeshua invalidou o preceito de Deus para que os varões fossem
circuncidados na carne? Não! Ele que tinha poder para o fazer não o fez, pois a
circuncisão da carne é o resultado de um coração circuncidado primeiramente na fé,
tal como aconteceu com Abraão, Tito, Timóteo, etc., pois trata-se ainda hoje de um
“sinal” do Concerto celebrado entre Israel e O seu Deus. Isto era válido antes da
morte e ressurreição do Cristo, como o continuou a ser depois da salvação que Ele
nos veio trazer através do Seu sangue. O Seu sacrifício não anulou a obediência,
bem pelo contrário, esse sacrifício é bem o expoente máximo da obediência à
vontade do Pai, obediência essa que deve estar sempre presente nos nossos actos.
6
Dizemos “interrompido” porquanto o mesmo sacerdócio levítico voltará a exercer as suas funções no
3º Templo (haverá sacrifícios, de novo, durante o Milénio), conforme nos diz nos capítulos 40 a 44 do
livro de Ezequiel.
Vítor Quinta 52
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Depois da Leitura das Escrituras não nos pode restar qualquer dúvida sobre a
unicidade da Lei de YHWH/Moisés. Da mesma forma sabemos que esta Lei se
destinava a todo o Israel, mesmo para os estrangeiros que se chegassem ao Deus de
Israel para O servir. Já o mesmo se diz para todos os gentios que se tenham
convertido ao Senhor Yeshua e se tenham tornado parte da Israel de Deus, o povo
salvo.
Job 22:22
Vítor Quinta 53
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Na realidade o que foi pregado na cruz foi a declaração de que a nossa dívida foi
saldada pelo sangue do Messias (a nossa “Nota de Culpa”); Ele sofreu a penalidade
no nosso lugar; o castigo que nos estava reservado pelos nossos pecados e rebeldia
foi pago por Ele, desde que exista arrependimento verdadeiro da nossa parte. Pois,
se não houver arrependimento em nós e verdadeira conversão, essa dívida ainda
está por liquidar, i.e. não foi paga por Ele. Neste caso, ao não aceitarmos o sangue
redentor do Cordeiro de Deus sofreremos a condenação eterna, pois Ele só morreu
por aqueles que O aceitam como Salvador das suas vidas.
Mas, voltando ao tema central destas passagens de Isaías, vamos tentar perceber
estas tão importantes questões da Lei e do Testemunho acerca das quais O Deus
Altíssimo diz que se ambos não estiverem presentes nas nossas mentes (corações) e
prática de vida, não estaremos em condições de ter luz (verdade) em nós. Noutras
traduções, mesmo as de João F. de Almeida diz assim: “se eles não falarem segundo
esta palavra, nunca lhes raiará a alva”.
7.1 A Lei
Então, se pela fé nos arrogamos pertencer a esta Israel que provém de Deus, a qual é
somente um remanescente dos que foram gerados na carne, uma vez que estes
foram gerados no Espírito Santo pelo arrependimento e pela aceitação de Yeshua, O
Cristo como seu Salvador pessoal, também os preceitos que Deus instituiu por
estatuto perpétuo para este povo é para serem guardados nos nossos corações e
cumpridos nas nossas vidas…hoje!
A atestar a importância deste modo de viver, lembremos que o caminho que Deus nos
propõe passa pela nossa santificação, sem a qual não poderemos chegar a Deus –
Hebreus 12:14. Ora, santificarmo-nos é separarmo-nos para Deus, vivendo de acordo
Vítor Quinta 54
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
com todos os Seus preceitos, ou seja, praticando actos de justiça. Estes são o reflexo
da fé que tem que abundar nos nossos corações.
Toda esta maneira de viver terá como resultado a aquisição da salvação e vida eterna
por Cristo Yeshua por todos os que com fidelidade e obediência O querem servir, tal
como o apóstolo Paulo disse a respeito do caminho que manifestou em Gálatas 2:20
– “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em
mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me
amou, e se entregou a si mesmo por mim”. E, ainda, em 2.Timóteo 4:8 – “Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual O Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda”. Ora, Paulo foi um bom exemplo de fidelidade e obediência aos caminhos do
Senhor, andando em todos os preceitos da Lei dada através de Moisés. O mesmo
Paulo que nos deixou escrito, para além de qualquer dúvida em:
• Romanos 7:12 – “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e
bom”.
• Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma,
antes estabelecemos a lei”.
• Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de
Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”.
Paulo (o apóstolo que muitos consideram os seus escritos como controversos) diz-nos
em Actos 28:23 – “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com
ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e
procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos
profetas, desde a manhã até à tarde”.
É essa mesma Lei (instrução ou ensino) que, conjuntamente com a fé nas promessas
e no sangue de Yeshua (o testemunho de Yeshua), nos hão-de conduzir ao Reino
dos céus, que nos está preparado desde a fundação do mundo: Apocalipse 12:17 diz-
nos: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da
sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho
de Jesus Cristo”. Cá está: “os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o
testemunho de Jesus Cristo.” Não tenhamos quaisquer dúvidas que o homem viverá
por toda a palavra que sai da boca de Deus, conforme Yeshua respondeu a Satanás
quando foi tentado no deserto – Mateus 4:4; Lucas 4:4.
Por isso mesmo, desde sempre a vontade de Deus expressa nos Seus
mandamentos, estatutos, juízos, testemunhos foi exaltada (magnificada) pelos
grandes servos de Deus e, por fim, cumprida e magnificada pelo Filho e pelos Seus
discípulos e por todos os que creram depois deles. Veja-se Salmo 1:1-2 – “Bem-
aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se
detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei de YHWH, e na sua lei medita de dia e de noite”.
Vítor Quinta 55
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Todo o livro de Salmos está cheio da glorificação aos preceitos dados por YHWH ao
Seu povo, ao povo que se há-de libertar da lei do pecado e da morte, ou lei da carne,
para servir a Deus em espírito e em verdade, i.e. na Sua Lei divina, a da Vida.
Bastaria ler todo o Salmo 119 para nos apercebermos da importância da vontade de
Deus expressa através da exaltação dos Seus mandamentos, juízos, estatutos e
testemunhos para nós.
“Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” perguntou um certo doutor da Lei a
Yeshua para O tentar; ao que O Mestre respondeu: “Que está escrito na lei? Como
lês tu? Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao
teu próximo como a ti mesmo. Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e
viverás” – Lucas 10:26-28. Ora, amar a Deus sobre todas as coisas e com todas as
nossas forças e entendimento é andar em todos os Seus preceitos, é reverenciá-Lo
andando em fé, obediência e humildade perante a Sua majestade, poder e vontade.
Na parábola que Yeshua nos deixou sobre o homem rico e o pobre Lázaro (Lucas
16:19-31), usando a “figura” de Abraão no discurso, este diz ao homem rico – vers.
29-31: “Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele:
Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles,
arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos
profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. Quão
justas são as palavras do Justo. Muitos dos responsáveis religiosos dos nossos dias
também não querem ouvir a Moisés e aos profetas. Os preceitos de Deus que estes
servos de Deus nos transmitiram serão as mesmas que estarão gravadas no coração
de todos os que serão súbditos no Reino Milenar de Yeshua, O Cristo – Hebreus
8:10; 10:16, confirmando a profecia de Jeremias 31:33.
Amar a Cristo é andar nos Seus caminhos, no Caminho que Ele próprio nos ensinou
enquanto Verbo Divino: João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus
mandamentos”, tal como Ele andou em todos os preceitos do Pai. Nestas palavras
de Yeshua podemos aprender também que, para além da obediência que lhes são
inerentes, o amor gera obediência e a obediência gera fé (fidelidade), conhecimento e
compreensão da vontade de Deus. Veja-se a ordem natural destas coisas
Vítor Quinta 56
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
acontecerem nas vidas dos que se querem chegar a YHWH para O servir e com Ele
viver eternamente através do sangue do Seu Filho Yeshua.
Esta é somente uma breve abordagem deste tema. Sobre ele poderíamos escrever
livros, sempre em defesa de todos os preceitos das Leis de Deus para a vida do
homem, mesmo num sentido mais amplo: “o homem viverá de toda a palavra que sai
da boca de Deus”.
7.2 O Testemunho
Nada melhor do que apontar as palavras de Yeshua para podermos entender o que
foi o Seu testemunho. Em João 18:37, ao responder a Pilatos Ele diz: “Tu dizes que
eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”.
Quando Yeshua nos diz que veio dar testemunho da verdade, a que verdade se
refere Ele? Pilatos também Lhe fez a mesma pergunta: “O que é a verdade?”
Ele está a referir-se a Si próprio, pois Ele é O Caminho, A Verdade e A Vida. Mas, a
Palavra de Deus também nos diz no Salmo 119:142 – “A tua justiça é uma justiça
eterna, e a tua lei é a verdade”. Veja-se assim a simbiose que existe entre Yeshua e
a Lei, que era Ele, a Lei viva. João 17:17 também nos diz: “A tua palavra é a
verdade”. Vemos assim esclarecida a questão sobre a Verdade: Lei/Cristo.
Veja-se ainda claramente esta simbiose descrita nas palavras de Paulo em Romanos
10:1-4 – “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é
para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas
não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus [a Lei de
YHWH/Moisés], e procurando estabelecer a sua própria justiça [as leis e
tradições dos homens], não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim
[propósito, objectivo] da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. O
Salmo 119:152, 160 também expressa esta verdade eterna: “Acerca dos teus
testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre. A tua
palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para
sempre”.
Mas, como já antes vimos, Apocalipse 12:17 e 14:12 diz-nos que o remanescente de
Israel (os fiéis) são os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho e
a fé de Yeshua. Ora, como também vimos, esse testemunho é a própria Lei eterna do
Deus YHWH, O Pai, vivida e magnificada pelo Filho. Daí a concordância com as
Vítor Quinta 57
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
palavras do profeta em Isaías 8:16 – “Liga o testemunho [de Yeshua], sela a lei [do
Pai] entre os meus discípulos”.
Salmos 119:79 – “Voltem-se para mim [O Messias, a Lei] os que te temem [a Ti,
Senhor YHWH], e aqueles que têm conhecido os teus testemunhos [a Lei, a
Verdade, O Messias]”.
Olhemos agora para as instruções de Yeshua a um homem que tinha acabado de ser
curado por Ele: Mateus 8:4 – “Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém,
mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou,
para lhes servir de testemunho.” Por outras palavras, Yeshua estava a ensinar a
cumprir a Lei do Pai mandando aquele homem ao Templo a cumprir o que a Lei de
YHWH/Moisés determinava para aquela situação.
Nós próprios, hoje, damos o mesmo testemunho que os antigos quando guardamos
no nosso coração e andamos segundo a justiça de Deus (a Sua Lei eterna) e
demonstramos a nossa fé nas promessas de salvação pelo sangue de Yeshua.
É esse mesmo “espírito de profecia” de Yeshua que nos revela a Verdade através do
Espírito Santo.
Os testemunhos de YHWH revelam ainda os Seus dias santificados (o que tem a ver
com a Sua Lei): as sete solenidades de YHWH nas datas por Ele marcadas: Páscoa,
Semana dos Pães Asmos (que inclui a Festa das Primícias), Pentecostes, Trombetas,
Dia da Expiação, Semana dos Tabernáculos e Oitavo Grande Dia. Estas
“testemunhas” expressam o plano de salvação instituído por YHWH para o homem e
permanecem como um “farol” no meio das trevas, apontando invariavelmente para a
segunda vinda do Messias e para o Seu reino milenar e eterno. Quando os filhos de
Deus guardam o Sábado e celebram as santas festas do Senhor por Ele apontadas
como “as Minhas solenidades” em Levítico 23, transformam-se em “luzes” para o
mundo, face às trevas que os rodeiam. Transformam-se em testemunhas vivas (vós
sois as minhas testemunhas – Isaías 43:10, 12; 44.8).
Vítor Quinta 58
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Provérbios 3:1
1. João 2:6 ensina-nos: “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como
Ele andou”. O que querem dizer estas palavras senão que Yeshua andou segundo
todos os preceitos de Seu Pai, a Lei dada a Moisés?
Os judeus reconheciam que estavam perante um homem bom (João 7:12). E o que
significa ser “um homem bom” aos olhos dos judeus seus contemporâneos? Ainda
hoje, entre os judeus, um homem bom é o que anda de acordo com a Lei/Torá dada
por Deus a Moisés. Os critérios não mudaram a este respeito.
As palavras de Yeshua a respeito da Lei não podem ser mais eloquentes: “não vim
abrogar, mas cumprir”, “nem um jota, nem um til se omitirá da Lei sem que tudo esteja
cumprido”...“o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar”.
Será preciso dizer mais do que isto? Mesmo assim os homens não entendem devido
à dureza dos seus corações. Em quem vamos então confiar?
Agora atentemos em particular nas palavras de Yeshua que estão em João 15:10 –
“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do
mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e
permaneço no seu amor”. Yeshua declara, de forma categórica, que Ele guardou os
mandamentos do Pai. E foram somente os que se encontram expressos de forma
resumida nos 10 Mandamentos? Não seriam todas as palavras que saiem da boca de
Deus? Claro que sim, porque “porque todo o homem viverá de toda a palavra que sai
da boca de Deus”. Ele é o nosso exemplo em tudo. Por isso a sua fidelidade e
entrega são manifestas. Por isso devemos “andar como Ele andou”, em obediência e
fidelidade a todos os mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos de YHWH, ainda
que alguns desses preceitos possam não ser entendidos por nós em toda a sua
profundidade, mas Cristo, quando vier, nos fará saber todas as coisas.
Atentemos nas palavras que Yeshua usou quando orou ao Pai: João 17:6, 8, 14 e 17
– “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu
mos deste, e guardaram a tua palavra [i.e. os preceitos de YHWH, a Sua Lei]…
Porque lhes dei as palavras que tu me deste [a Tua Lei]; e eles as receberam, e
Vítor Quinta 59
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste... Dei-
lhes a tua palavra [a Tua Lei], e o mundo os odiou, porque não são do mundo,
assim como eu não sou do mundo… Santifica-os na tua verdade [a Tua Lei]; a
tua palavra [a Tua Lei] é a verdade”. Como podemos não compreender o sentido
destas palavras do Mestre?
Diz-nos em João 10:35 que a Escritura não pode ser anulada. O Único que tinha
autoridade para anular a Lei ou modificá-la não o fez. Yeshua veio dar-nos o
verdadeiro sentido da Lei dada a Moisés (“misericórdia quero e não sacrifício”),
condenando o mau uso que dela era feito e também os acréscimos ou omissões que
lhe foram introduzidos pelo homem ao longo dos tempos através das suas leis orais e
tradições.
O Apóstolo João procura elucidar-nos também em 1.João 2:1, 3-6: “Meus filhinhos,
estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um
Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo... E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu
conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está Nele
verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos Nele”. Ele
Yeshua, O Verbo divino, YHWH na carne, foi quem nos deu a Lei. Yeshua advertiu:
“nem todo o que diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai que está nos céus”.
A partir daqui será fácil compreender que o homem sem a Lei de YHWH no seu
coração está afastado do Cristo/YHWH. O “cristianismo” dos nossos dias ao afastar-
se da Lei está a afastar-se do Cristo/YHWH. Como pode o homem pretender seguir
um caminho de santificação sem a Lei de YHWH no seu coração, esses preceitos que
são vida? Esse homem está votado ao maior fracasso da sua vida! Infelizmente,
multidões deixam-se levar pelas doutrinas erradas de homens fraudulentos –
2.Coríntios 11:13.
Através dos tempos as sociedades humanas criaram para si cânones legais para
reger as relações entre as pessoas e até entre as nações. No início dos tempos essas
leis humanas baseavam-se muito na Lei de YHWH que era transmitida de pais para
filhos. Ainda hoje muitos destes princípios divinos se encontram reflectidos em muitos
preceitos humanos (e.g. “Não matarás”). Porém, existe uma diferença fundamental
entre a Lei de YHWH e as leis dos homens: a Lei dada por Deus não muda (tal como
Ele não muda), é boa, é justa, é eterna, ao passo que as leis dos homens têm um
período de vigência muito curta. A Lei de Deus preenche todas as necessidades do
homem no que respeito ao amor, ao respeito mútuo e para com Deus, à ordem cívica,
aos negócios, ao culto divino, etc., etc. O homem voltará a viver de acordo com esta
Lei quando Cristo reinar sobre todas as nações. Nesse tempo futuro toda a rebeldia
será destronada.
Concretizar-se-à aquele pedido feito por Yeshua ao Pai e expresso na oração que nos
foi ensinada (Pai Nosso): “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade [expressa na
Lei de YHWH], assim na terra como no céu”. Até lá, os filhos de Deus já hoje
devem guardar esta Lei nas tábuas dos seus corações e viver em harmonia com toda
a vontade de Deus. Eles têm que viver como se já não vivessem neste mundo, tal
como Yeshua disse na oração que dirigiu ao Pai: “Não são do mundo, como eu do
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
mundo não sou” – João 17:16. Ora, se não somos do mundo como deveremos
então viver? Deixando-nos guiar pela santa, justa e boa Lei de YHWH, em obediência
e humildade perante a vontade Daquele que nos chamou para um caminho perfeito e
de vida (eterna) por Seu Filho Yeshua.
Lembremos que o profeta Oséias disse que o povo de Deus era destruído por falta de
conhecimento e pela rejeição desse mesmo conhecimento, i.e. a Lei de YHWH. Esta
grave falta foi-lhes apontada por se terem esquecido e desviado da Lei de YHWH: “O
meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste
o conhecimento [a minha Lei], também eu te rejeitarei, para que não sejas
sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da Lei do teu Deus, também
eu me esquecerei de teus filhos” – Oséias 4:6.
Uma das principais pedras de tropeço na Lei tem sido o Sábado santo, instituído para
o homem pelo próprio Senhor YHWH, desde a Criação. Este dia é um sinal entre Si e
o Seu povo. Conforme lemos em Êxodo 31:17 – “Entre mim e os filhos de Israel
será um sinal para sempre; porque em seis dias fez YHWH os céus e a terra, e
ao sétimo dia descansou, e restaurou-se”.
Não pensemos que foi somente a igreja apóstata de Roma que cumpriu, no todo ou
em parte, esta profecia de Daniel. Também o Sinédrio no ano de 359 d.C. decidiu
mudar os tempos ao abandonar o calendário divino cujas datas das Solenidades são
determinadas por Deus através dos sinais celestes (as Luas Novas) e sinais terrestres
(o estado de maturação da cevada nos campos à volta de Jerusalém) e instituir
através do sumo-sacerdote de então, Hillel II, o calendário rabínico com base em
cálculos matemáticos babilónicos. E não se ficaram pelo abandono dos sinais de
Deus para a marcação das Suas Solenidades nas datas por Ele apontadas, também
deturparam a Lei em muitíssimos pontos, o que levou O Senhor Yeshua e Paulo a
acusá-los deste grave delito (o Talmude encontra-se cheio de interpretações que são
contrárias à Lei de YHWH/Moisés).
No entanto, toda a Palavra de Deus faz menção do Sábado como dia santificado por
Deus para o homem e, particularmente para o Seu povo, Israel: Êxodo 31:16 –
“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações
por aliança perpétua” (ver também Levítico 24:8). A apostasia do homem tem vindo
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Vão ao ponto de dizer (e esse será talvez o seu maior alvo) que o Sábado não tem
qualquer significado para os filhos de Deus. Para isso servem-se do Domingo, o
primeiro dia da semana (em ingês “sun-day”, dia do sol) como sendo o “Shabbat” dos
cristãos, quando sabemos que este dia era um dia dedicado a um deus pagão, o deus
sol, dia no qual cultuavam os pagãos adoradores do sol e cujo culto foi trazido para
dentro de uma igreja que já havia apostatado da verdade para andar segundo as
fábulas dos homens (e de Satanás que a conduz).
Embora já antes do Concílio de Niceia (ano 325 d.C.) houvesse sinais de alguns
bispos que tinham abandonado o Sábado santo, o 7º dia, e o tinham trocado pelo “dia
da adoração do sol”, dia pagão dedicado a um deus imaginado pelo homem,
adoração que já vinha de Babilónia e de outros povos pagãos (e.g. egípcios), foi
sobretudo a partir daquele ano e do decreto do Imperador Constantino que o
movimento para a instituição do Domingo começou a ganhar consistência e força. No
entanto, a sua oficialização como o Shabbat do Senhor pela igreja apóstata só se
concretizou no ano de 791 no Concílio de Friuli, em Itália.
Que mentira e que apostasia tão grande. Em tudo estes bispos adulteraram a Lei
santa de Deus porque se opunham a tudo que lhes cheirasse ao culto seguido pelos
judeus. Esqueceram-se que a Palavra de Deus nos ensina que “a salvação vem dos
judeus”, pois Cristo e todo o fundamento são de origem hebraica. Aqui estão as raizes
da verdade de Deus. Esta mentira ganhou adeptos, e chegou até aos nossos dias
com enorme força e poder que lhe é dada pelo pai da mentira: Satanás; aí temos,
então, a Igreja Católica Romana e as suas filhas evangélicas a defender o Domingo
como o dia santificado por Deus. Erro, atrás de erro. E quando um cego conduz outro
cego, ambos caiem na cova, não é assim?
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Para justificar a sua posição doutrinal (na falta de evidência escritural que apoie tal
doutrina), vêm estes apóstolos do engano defender o Domingo dizendo que a Igreja
(Roma) tem autoridade para introduzir estas alterações à Lei de Deus, confirmando
assim a profecia de que tal haveria de suceder – Daniel 7:25.
Perante argumentos tão néscios à luz dos preceitos divinos, só se pode responder
com a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, acerca do significado do dia do Senhor em
todos os tempos para a verdadeira Igreja de Cristo. Vejamos apenas algumas
passagens:
• Tanto Yeshua (que não veio abrogar a Lei, mas cumpri-la, dar-lhe consistência no
amor com que nos amou primeiro) quanto os apóstolos observaram este
mandamento, o 4º da Lei dos 10 Mandamentos.
Na realidade toda a heresia que pretende anular o Sábado santo de Deus representa
o pleno cumprimento de duas profecias que dizem que o homem apóstata cuidaria em
mudar os tempos e a Lei (Daniel 7:25) e que no seio da Igreja apareceriam lobos
devoradores, o que se veio a verificar imediatamente após o desaparecimento dos
apóstolos.
O dia do Sábado pode ter morrido na cultura de massas dos nossos dias, mas ele não
pode morrer para os verdadeiros cristãos, o povo santo, a Israel de Deus, aqueles
que querem fazer a Sua vontade (os que guardam os mandamentos de Deus e têm a
fé de Yeshua – Apocalipse 12:17 e 14:12), precisamente porque o Sábado é um sinal
de Deus nas suas vidas. Ele constitui o sinal entre a Israel de Deus e o Seu Senhor.
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O tema não se esgota nesta breve abordagem do conteúdo bíblico. Desde o primeiro
ao último livro da Bíblia que Deus manifesta a toda a humanidade que o 7º dia é o
Sábado do Senhor, o dia que Deus santificou para o homem nele repousar e estar
ainda mais próximo Dele. Da nossa parte é um sinal de obediência e de amor para
com a vontade do Criador.
Inácio, bispo em Antioquia foi dos primeiros “lobos devoradores” acerca dos quais
Paulo nos alertou. Rebelando-se e usurpando a autoridade do Concílio de Jerusalém,
ele foi dos primeiros a advogar a mudança do Sábado santo para o primeiro dia da
semana, o Domingo, dia dedicado desde tempos antigos (muitos antes da primeira
vinda de Yeshua) à adoração de uma divindade pagã: o chamado “deus-sol”, Tamuz
na Bíblia – Ezequiel 8:14. Advogou ainda que já não era necessária guardar os
preceitos da Lei dada por YHWH a Moisés (a Torá), numa posição claramente
antagónica aos ensinos de raiz hebraica. A sua acção nefasta fez-se sentir a partir do
2º século, i.e. imediatamente após a morte dos Apóstolos, embora ele tenha iniciado o
seu bispado a partir do ano 98 d.C. Escreveu inúmeras cartas às igrejas do Médio
Oriente procurando arrastá-las na apostasia. Estes ensinos foram porém retomados
pela igreja romana que também procurou, desde o princípio (a partir de Constantino
no século IV), afastar a influência do ensino hebraico oriundo de Jerusalém.
Temos assim que a instituição do Domingo não representa outra coisa senão uma
mistificação humana e diabólica, um culto pagão antigo que foi transportado até aos
nossos dias, uma adulteração da Palavra de Deus. Esta Santa Palavra só nos aponta
um dia santificado por Deus: o 7º. dia, o Sábado do Senhor YHWH. Mantenhamo-nos
pois fiéis ao Sábado como o sinal instituido por Deus para o homem, entre Deus e o
seu povo – Ezequiel 20:10-11.
O Sábado continua hoje a tipificar o período de descanso que irá decorrer na vida da
humanidade no repouso de Deus, (Hebreus 4:1-10) e que continuará a ser observado
mesmo após a segunda vinda de Cristo, durante o Milénio sobre toda a Terra (Isaías
66:22-23). Tal como Ele descansou no 7º dia e o santificou, assim será no 7º Milénio,
no Reino de Cristo sobre toda a Terra, porque, para Deus, um dia são como mil anos.
Daí a similitude que existe no plano de Deus entre o tempo do governo do homem
sobre a Terra (6 dias, correspondendo a 6.000 anos) e o 7º dia, o Sábado santo de
descanso, equivalente ao 7º milénio do governo de Cristo sobre toda a Terra, o tempo
do refrigério: Actos 3:19.
“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-
as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos”
– Deuteronómio 11:18. Estas palavras referem-se a toda a Lei de YHWH.
P.: O que é que Deus pretendeu imprimir nos nossos corações desde o início e
colocar como selo ou sinal nas nossas mãos e fronte?
R.: A Sua Lei eterna e os Seus Sábados, como o Seu selo ou o Seu sinal/marca.
De acordo com o dicionário, um selo é uma peça feita em cera ou noutro material (e.g.
gravado em lacre) que é colocado num documento e que lhe confere uma garantia de
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Por outras palavras, o Selo de Deus, representa o Seu Nome, a Sua assinatura, o
Seu selo de propriedade, o sinal que Ele coloca nas frontes dos Seus seguidores,
ratificando a Sua vontade, por estatuto perpétuo.
Porém, o Espírito de Deus no crente não é o selo de Deus, mas antes, é através do
Espírito Santo que nós somos selados. Vamos agora ver alguns aspectos essenciais:
“E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos, para que a
Lei de YHWH esteja em tua boca” – Êxodo 13:9.
“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus
sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para
que saibais que eu sou YHWH, que vos santifica” – Êxodo 31:13.
“Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro que
entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós,
assim será o peregrino perante YHWH. Uma mesma Lei e um mesmo direito
haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco” – Números 15:15-
16.
Estes textos não deixam qualquer margem para dúvida que a Lei de Deus e, por
inerência, os Seus Sábados, constituem o sinal que Ele coloca nas mentes dos Seus
seguidores, tanto judeus quanto gentios convertidos, i.e. a Israel de Deus.
Consequentemente, quando uma pessoa retém na sua mente e no seu coração os
Sábados do Senhor (os semanais e os anuais) para os celebrar e honrar, essa
pessoa está a declarar ao mundo que YHWH, O Senhor Todo Poderoso, Deus de
Israel, é o seu Pai, o seu Deus.
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“E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem a YHWH, para o servirem, e para
amarem o nome de YHWH, e para serem seus servos, todos os que guardarem o
sábado, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança...” – Isaías 56.6.
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Deu-nos igualmente palavras de conforto quando nos diz que o Seu fardo é leve,
referindo-se à obediência aos preceitos divinos: Mateus 11:29-30 – “Tomai sobre
vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o
meu fardo é leve”. Isto diz Ele referindo-se à Sua Lei, às veredas antigas de que nos
fala Jeremias 6:16. Amar a Cristo é andar nos Seus caminhos, no Caminho que Ele
próprio nos ensinou enquanto Verbo Divino: João 14:15 – “Se me amais, guardai os
meus mandamentos”. Nestas palavras de Yeshua podemos aprender também que,
para além da obediência que lhes são inerentes, o amor gera obediência e a
obediência gera fé, conhecimento e compreensão da vontade de Deus. Como disse
alguém: “se estamos dispostos a morrer por Ele, também devemos estar dispostos a
viver por Ele”. Aquele mandamento é depois repetido em João 14:21 e 15:10
revelando que Yeshua, como Filho obediente, andou em todos os preceitos do Pai.
Quem nos diz estas palavras de salvação é O Filho do Deus Altíssimo, O Senhor
Yeshua que, na Sua condição anterior como Verbo Divino e como Legislador, foi o
mesmo que nos deu as Suas Leis através de Moisés, no Monte Sinai. Este mesmo
Verbo Divino, YHWH, Aquele que será chamado “o Deus de toda a terra” (Isaías 54:5)
e que voltará a escrever as Suas Leis no coração de todos os que viverem debaixo do
Seu governo durante o Reino Milenar, como nos diz em Jeremias 31:33; Hebreus
8:10 e 10:16.
As festividades apontadas por Deus foram todas adulteradas pelo homem, sob a
influência da rebeldia de Satanás. Também já Jeroboão tinha tentado fazer o mesmo,
o que levou ao castigo de Israel (1.Reis 12). As Escrituras revelam-nos que esta
grande besta (ou poder do fim dos séculos) opor-se-à a Deus e perseguirá os santos
do Altíssimo até ao fim.
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As datas indicadas por Deus para as Festas do Senhor foram alteradas por este
poder (e igreja apóstata) para datas em que se celebravam as festividades em honra
de deuses pagãos. Estes são festivais de “outros deuses” que Deus não aceita.
Devemos porém lembrar as palavras dirigidas por Deus a Daniel: “E ele disse: Vai,
Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios
procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios
entenderão” – Daniel 12:9-10.
Este é então o tempo da nossa vida para nos purificarmos como pessoas que
queremos fazer parte do reino de Cristo – “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e
quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é
santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” – Apocalipse 22:11-12, e como
Igreja de Cristo, Israel de Deus – “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe
glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.
E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o
linho fino são as justiças dos santos” – Apocalipse 19:7-8.
Veja-se que no serviço religioso do Dia da Expiação (Yom Kippur) o rabino ao orar
pede que “possamos ser selados”. Somente os que branquearem os seus vestidos no
sangue do Cordeiro estarão selados e poderão entrar no Tabernáculo de Deus com
os homens. A Festa dos Tabernáculos fala-nos do Esposo e da Noiva de Cristo; fala-
nos do Reino Milenar de Yeshua sobre toda a Terra. Aquela Igreja fiel que com Ele se
desposará para toda a eternidade, no 8º dia apontado por Deus (que prefigura a
entrada no 8º Milénio depois da Criação), quando forem criados novos céus e nova
terra e onde não haverá mais morte (o último inimigo a ser aniquilado pelo
Cordeiro/Rei Eterno). Encontramos a referência de irmos do Dia da Expiação até aos
Tabernáculos em Joel 2:15-16.
Não esqueçamos que os gentios convertidos a Cristo deixam de ser gentios passando
a estar enxertados em Israel, na boa oliveira, a que dá fruto para a vida eterna,
passando a fazer parte da Comunidade de Israel, como povo de Deus: “Que naquele
tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às
alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora
em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo
chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um”. –
Efésios 2:12-14a. Assim, por Cristo, fomos reconciliados com Deus e enxertados na
Israel de Deus.
8.2 O exemplo da família carnal de Yeshua - Sua vida face à Lei de YHWH
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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Este era o anunciado pelos profetas desde o princípio, e acerca do qual Moisés disse
que YHWH levantaria de entre o Seu povo um profeta como ele, ao qual o povo devia
escutar (Deuteronómio 18:15; Actos 3:22). Esta profecia aparece-nos confirmada pelo
Pai durante o batismo do Filho nas águas do Jordão, quando estas palavras foram
pronunciadas: Mateus 17:5 – “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo;
escutai-o”.
É neste contexto que a Palavra de Deus aconselha os Filhos de Deus, como santos e
eleitos (escolhidos), a:
• terem a mente de Cristo (1.Coríntios 2:16), e
• a andarem como Ele andou (1.João 2:3-6).
Ora se o NossO Senhor Yeshua é o exemplo de todos os que se afirmam como Filhos
de Deus, e se em tudo O devemos seguir nas nossas vidas, então não hesitemos em
afirmar que (sendo Ele O Senhor dos Senhores e o REI dos Reis, Aquele que virá e
que reinará para sempre) deve ser Nele, na Sua Palavra, que deveremos ir buscar a
inspiração para vivermos as nossas vidas de acordo com a vontade de Deus.
Vítor Quinta 69
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Esta introdução tem como propósito enquadrar o exemplo de vida do próprio Senhor
Yeshua como modelo de todos os que querem segui-Lo. Como diz Paulo em
Filipenses 3:14 – “Prossigo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus”. E, para que não haja dúvidas, olhemos ainda para a prática
da família carnal e da família espiritual do Senhor Yeshua, os apóstolos e todos os
que celebram o Concerto de Deus com os homens através Dele.
Ora, estas apostasias tiveram e têem como objectivo invalidar a Lei (2.Timóteo 4:3-5)
e, muito particularmente, o dia santificado por Deus – o 7º. dia, o Sábado Santo. Na
realidade o homem prefere viver na anarquia (grego: anomos, a+nomos = “sem”
“Lei”). Lembremos que o anti-Cristo irá defender essa mesma doutrina –
2.Tessalonicenses 2:3; 7-9. Tanto a epístola de Pedro (a 2ª) como a de Judas se
dedicam a combater esta doutrina apóstata...pois estes falsos mestres desviaram-se
do santo (sagrado) mandamento que lhes foi dado – 2.Pedro 2:18-21. Os escritos de
Judas também apontam para o erro destes falsos ensinadores Judas 1:4, 14-18. Na
realidade, podemos dizer que o “cristianismo” dos nossos dias é uma doutrina
anárquica porque os seus ensinadores conduzem os que neles confiam para um
cristianismo sem Cristo, para um cristianismo sem Lei.
YHWH é Deus de disciplina e de ordem. Como podemos sequer pensar que O Eterno
que dizimou povos inteiros porque não quiseram conhecer e andar segundo a Sua
vontade (a Sua Lei), devido ao seu coração idólatra, tenha decidido, de repente,
instalar a anarquia no mundo? Deus não muda! Deus não altera as regras a meio do
jogo! A graça de Deus não invalida a obediência dos Seus filhos. Bem pelo contrário,
preserva-a. A presença do Espírito Santo no coração dos Seus filhos leva-os a que
sejam mais obedientes, porque mais conhecedores da Sua vontade. Como é possível
pensar que O Deus YHWH que nos deu a Sua Lei possa derramar a Sua graça
(perdão imerecido, benevolência, misericórdia) sobre os que são desobedientes e
rebeldes e não querem andar segundo o Seu conselho? Se analisarmos os textos
bíblicos veremos que a graça de Deus sempre foi derramada (superabundou)
naqueles que eram obedientes e fiéis.
Vítor Quinta 70
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Este é O Senhor que ensinou os Seus apóstolos acerca da Sua Lei e lhes abriu o
entendimento para entenderem o que Dele se dizia nas Escrituras: Lucas 24:44-45 –
“E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco:
Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de
Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para
compreenderem as Escrituras”. Sem um cuidadoso entendimento escritural, tanto
os discípulos de Yeshua como nós hoje, não poderemos compreender a extensão do
conhecimento de Deus que nos é transmitido nas Escrituras. Para isso precisamos do
Espírito Santo.
Uma vez que Yeshua é o nosso Salvador, Deus Eterno e exemplo, vamos então
compreender a forma como Ele e os seus familiares viveram.
Não o podemos fazer sem levar em conta que Yeshua era da descendência de David,
da tribo de Judá. Yeshua foi em tudo um homem judeu que desde a sua meninice foi
educado nos preceitos da Lei, no seio da sua família carnal mas obediente, assim
como a sua família carnal e espiritual também o eram: todos judeus. Não só eles mas
igualmente a multidão dos primeiros cristãos que compuseram a Igreja de Jerusalém
eram judeus na sua quase totalidade. Daí não ser de esperar outra atitude que não
fosse o cumprimento da Lei e, em particular o cumprimento do 4º mandamento da Lei
de Deus – a guarda do Sábado.
Olhemos então para o conteúdo bíblico e vejamos que nenhum homem como Ele
melhor cumpriu integralmente a Lei que Ele próprio, como Verbo, como Legislador,
tinha dado ao homem. No Sermão do Monte Yeshua não veio ensinar uma nova
doutrina mas, antes, ensinar o verdadeiro significado do que constitui a Lei, os
ensinamentos dos Profetas e dos Escritos do Antigo Testamento. O Concerto
Renovado por Cristo é todo ele baseado nos que nos foi e é transmitido pelo Antigo,
no que é completado com o sangue da promessa.
Como se pode ver, desde o princípio a Sua família terrena cuidou em cumprir a Lei:
Vítor Quinta 71
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Os seus pais terrenos, José e Maria, cumpriram com tudo o que a Lei estipulava:
Lucas 2:39 – “E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a Lei do Senhor,
voltaram à Galiléia, para a sua cidade de Nazaré”.
Também seu primo João (o Batista) era tido em Israel como um homem justo e santo
(Marcos 6:20), zeloso na verdade e no serviço a Deus, tal como seus pais Zacarias
(sacerdote no Templo) e Isabel também o foram: Lucas 1:6. Diz a Palavra: “E eram
ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e
preceitos do Senhor”, isto é, andando sem repreensão na Lei de YHWH.
Temos assim, de forma inquestionável que toda a família terrena de Yeshua era
temente a Deus e observadora da Sua vontade, cumprindo a Lei. De resto, naquele
tempo, os que violassem a Lei podiam ser mortos por isso mesmo, conforme se pode
constatar em várias passagens. Lembremos o caso da mulher adúltera que é trazida
perante Yeshua – João 8:3-5, e com quem Yeshua revelou grande misericórdia, como
de resto revelou e continua a revelar com todo aquele que se quer chegar a Deus
para O servir em verdade e amor, arrependo-se da sua vida passada.
Vítor Quinta 72
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Só fazendo parte desta aliança que YHWH fez com Israel é que podemos ser
considerados filhos de Deus, parte do Seu povo santo, enxertados na boa oliveira que
é Israel. Esta aliança, impõe, como é óbvio, que o crente seja cumpridor da vontade
de Deus, i.e. da Sua Lei.
O Eterno Deus chamou-nos para ser Seu povo, fazermos parte da Israel de Deus
(tendo-nos enxertado no lugar dos ramos que descreram na Sua promessa: O
Messias), dando-nos a Vida que está em Seu Filho e essa Vida vem-nos pelo sangue
redentor do Seu Filho e por guardarmos os Seus mandamentos, a Sua Lei, tal como
foi proposto ao homem em Deuteronómio 30:15-20. Não viveremos se dissermos que
temos a fé de Yeshua e não guardarmos a Sua vontade, tal como Ele guardou toda a
vontade do Seu Pai. A Lei sem O Filho não faz sentido; da mesma maneira que O
Filho sem a Lei também não tem sentido, porque O Filho é a Lei e vice-versa.
Yeshua é muito claro a respeito da Sua família espiritual. Bem aventurados são pois
todos os que ouvem a Lei de YHWH e a guardam nos seus corações e a põem em
prática nas suas vidas!!! Tal como o povo de Israel se comprometeu a observar a Lei
– Êxodo 24:7.
De entre as muitas curas que Yeshua realizou podemos destacar aquela em que Ele
instrui o leproso que beneficiou da cura para que fosse ao Templo e cumprisse o que
a Lei de Moisés mandava: Mateus 8:4 – “Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas
a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés
determinou, para lhes servir de testemunho”. Os fariseus, seus adversários,
também reconheceram que Ele ensinava a Lei de Seu Pai: Mateus 22:16 – “E
enviaram-lhe os seus discípulos [os discípulos dos fariseus], com os
herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o
caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a
aparência dos homens”.
Em certo momento, um certo doutor da Lei questiona Yeshua como haveria de fazer
para herdar a vida eterna. Eis a resposta de Yeshua: Lucas 10:26-28 – “E ele lhe
disse: Que está escrito na Lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças, e de todo o teu entendimento [Deuteronómio 6:5], e ao teu próximo
como a ti mesmo [Levítico 19:18]. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e
viverás”. Esta resposta é em tudo idêntica à resposta que Yeshua deu a um escriba
Vítor Quinta 73
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
que lhe perguntou qual era o grande mandamento na Lei – Mateus 22:36-40. Como
se vê acima pelas passagens que apontamos, o doutor da Lei limitou-se a repetir
textos que se encontram na Lei de YHWH/Moisés.
Yeshua falou sempre com a autoridade própria do Legislador que era. Por isso o
confronto com os escribas e fariseus não poderia deixar de acontecer. Yeshua não
encaixava o Seu discurso na tradição e ensino dos homens. As suas acções pareciam
até contrariar as disposições da Lei. Daí o conflito:
• Yeshua praticou no Sábado muitos actos que levaram os judeus a pensar que
Ele estava a violar a Lei do Sábado
• Ele fez afirmações que O tornavam igual ao Pai, ofendendo assim a
compreensão dos judeus sobre a existência de Um ÚnicO Senhor (“Elohim”)
• Ele levou alguns a abandoná-Lo quando lhes disse que tinham que comer a
Sua carne e beber o Seu sangue (“Duro é este discurso! Quem o pode
suportar?” disseram esses)
• Os judeus esperavam um rei terreno que os libertasse do jugo romano, mas
Ele apresentou-se como humilde servo
• Ele reclamou ser O Messias; contudo o povo conhecia as Suas origens
terrenas e não acreditaram Nele
• O Seu sermão do Monte foi muito “diferente” da forma como eles entendiam a
Lei de YHWH/Moisés
• Ele ensinou-os que o Reino de Deus deveria estar no coração deles, quando
eles esperavam um reino literal e visível, o governo de YHWH sobre a terra
• Eles estavam confusos pois Ele parecia não obedecer à Lei de Moisés (pelo
menos como eles pensavam que Ele deveria obedecer-lhe) nem corresponder
às suas expectativas. O povo achava que a Sua doutrina era tão subversiva
(vinho novo) face ao que tinham sido ensinados que até esperavam que Ele
concordasse com o apedrejamento da mulher adúltera como mandava a Torá
de Israel – nova surpresa.
Muitos mais exemplos poderiam ser dados sobre a “novidade” do ensino de Yeshua e
sobre a sua diferença face ao ensino dos homens. Para onde quer que olhemos Ele
demoliu os estereotipos e preconceitos deles. Não estranhemos pois que Ele tenha
sido rejeitado e até considerado blasfemo. Hoje é fácil vermos estas coisas. Porém
como reagiríamos se tivessemos vivido no Seu tempo e escutado as Suas palavras,
precisamente quando estávamos também submetidos às leis e preceitos dos
homens? Seríamos como aqueles que O rejeitaram? Apesar do conhecimento ter
aumentado, muitos ainda há que, hoje, O continuam a rejeitar...mesmo quando Ele
afirma peremptoriamente que “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas:
não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e
a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja
cumprido” – Mateus 5:17-18. Yeshua chorou pelos do Seu tempo – Lucas 19:41-42
porque eles não podiam compreender estas coisas. Mas muitos continuam hoje a
tropeçar na pedra de esquina e nas veredas antigas. E será assim até que Ele venha
de novo para estabelecer o Seu Reino Eterno.
No seu livro “Our hands are stained with blood” (“As nossas mãos estão manchadas
de sangue”), o autor Michael L. Brown, pag.82, referindo-se à igreja dita “cristã”, mas
apóstata e diabólica que perseguiu, matou, roubou, torturou e procurou aniquilar o
Vítor Quinta 74
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
povo de Deus através dos séculos, às centenas de milhares e lhe infligiu as mais
terríveis injustiças (basta lembrar a Inquisição) pergunta com ironia: “que pensaríamos
de um candidato presidencial que assegurasse aos seus eleitores que ele iria cumprir
os requisitos e alcançar os objectivos especificados na Constituição do País (a Lei
suprema) e nunca abolir as leis do País e, após pouco tempo no exercício do cargo,
tivesse mergulhado o País na completa anarquia? Seria isto cumprir a Constituição ou
aboli-la? É exactamente o que se passa com a Lei de YHWH. Se Jesus em vez de a
cumprir a tivesse abolido, seria então mentiroso e, por isso mesmo, não poderia ser o
Filho de Deus”. À escala humana este exemplo é perfeitamente ilustrativo.
Porém Yeshua ensinou e viveu pela Lei de Deus: Mateus 19:17 – “E ele disse-lhe:
Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres,
porém, entrar na vida, guarda os mandamentos”. Pelas palavras de Yeshua
podemos saber que para entrar na vida, no Reino dos Céus, o filho de Deus tem que
guardar os Seus mandamentos, a Sua vontade. Não podemos herdar a vida eterna se
não vivermos de “toda a palavra que sai da boca de Deus”. Não basta ter fé, porque
esta prova-se pelas obras de obediência (Tiago diz-nos que a fé sem as obras é
morta…).
Provérbios 7:1-3
Como já antes apontámos, Yeshua era YHWH na carne (João 1:14), feito homem, O
mesmo YHWH que retirou Israel da terra do Egipto com mão forte e a quem deu a
Sua Lei escrita através de Moisés seu servo. Yeshua era a personificação da própria
Lei de YHWH e o Seu Nome é “Logos”, a “Palavra de Deus” – Apocalipse 19:13.
Vítor Quinta 75
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Tendo sido Ele o autor da Lei, Ele só poderia ser o seu consumador, pois se Ele não
ensinasse e vivesse de acordo com essa Lei (para mais como judeu que era), Ele não
reuniria todas as condições para ser O Messias, a Salvação de YHWH
(Yeshua/Yahshua).
Quando o apóstolo João nos fala deste Homem, O Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo, O Verbo que se fez carne e habitou entre nós, tem implícito o
retrato que Dele nos é dado em Isaías 9:6 – “Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu
nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz”. Este Deus Maravilhoso que amou a Sua criação e que, sacrificando-se a Si
próprio não abdicou dela por amor, venceu Satanás pela Sua entrega total. Pelo Seu
sangue e sacrifício, justificou aqueles que se arrependerem dos seus maus caminhos
e que O querem servir eternamente sendo-Lhe fiéis até ao fim – Apocalipse 2:10.
O Senhor Yeshua é a Luz que veio alumiar todas as nações do mundo e o único
mediador entre Deus e o homem: (Isaías 42:6; 49:6; 51:4; 60:1-3; Mateus 5:14-16;
João 1:4-5).
Se o homem não caminhar na luz verdadeira que é Yeshua/a Torá, então estará a
permanecer nas trevas, i.e. na confusão doutrinal que Satanás e os seus servos
instituiram.
Vítor Quinta 76
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Salmo 119:9-12
Porém, ensina-nos a Palavra de Deus, que a Sua Lei (estatutos, testemunhos, juízos
e mandamentos) não é dirigida unicamente ao homem como indivíduo, mas para toda
a comunidade, para todas as nações. Assim será no Reino Milenar de Yeshua. De
Sião (Jerusalém) sairá a Lei para todas as nações. Toda a rebeldia será então
erradicada de sobre a face da Terra. Veja-se o que desde sempre YHWH pretendeu
para o homem: Ezequiel 44:23-24 – “E a meu povo ensinarão a distinguir entre o
santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro. E, quando houver
disputa, eles assistirão a ela para a julgarem; pelos meus juízos as julgarão; e
as minhas Leis e os meus estatutos guardarão em todas as minhas solenidades,
e santificarão os meus sábados”.
Ainda o que YHWH nos diz através de Esdras 7:25 – “E tu, Esdras, conforme a
sabedoria do teu Deus [a Sua Lei], que possues, nomeia magistrados e juízes,
que julguem a todo o povo que está dalém do rio, a todos os que sabem as Leis
do teu Deus; e ao que não as sabe, lhe ensinarás”. Reparemos nestas palavras e
nas que estão em Provérbios 3 e que falam da sabedoria de Deus: Provérbios 3:18 –
“[a sabedoria, a Lei de YHWH]7 É árvore de vida para os que dela tomam, e são
bem-aventurados todos os que a retêm”. Bastariam estas poucas palavras para
podermos entender o Caminho da Verdade, que é Cristo e a importância da Lei de
Seu Pai, YHWH para as nossas vidas. Não nos deixemos pois levar por todo o vento
de doutrina que aparece por aí a contrariar estas verdades - Efésios 4:14.
A Torá de Israel não é um compêndio fastidioso de leis e preceitos que tenha sido
dado ao homem de forma a espartilhá-lo. Nem são para serem aplicados na nossa
vida de forma legalista mas sim de forma espiritual, através do amor que tem que
estar no nosso coração – amor a Deus e amor ao próximo. É um conjunto harmonioso
para que o homem viva em liberdade (não pecando), e pela qual todo o homem será
julgado, Tiago 2:12 - “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados
pela lei da liberdade”.
7
De resto existe uma completa identidade entre a sabedoria de YHWH, a Sua Palavra (O Verbo) e a
Sua Lei – leia-se Provérbios cap. 8 e 9.
Vítor Quinta 77
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Pode o Sábado santo ser qualquer dia que o homem escolha para descansar ou deve
ser precisamente aquele que O Deus Criador apontou, o 7º dia da semana? A
resposta é óbvia. Apesar de ser escritural, o chamado “cristianismo” passou a adoptar
o Domingo, o 1º dia da semana em oposição ao Sábado, o 7º dia.
iii) em Lucas 4:16 – “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num
dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se
para ler”.
iv) em Lucas 4:31 – “E desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os
ensinava nos sábados”.
Mais, sabendo que Yeshua guardava os Sábados (pois sendo judeu e O Filho de
Deus procedia de acordo com a vontade do Pai que santificou aquele dia e não
outro), importa ainda saber como é que Ele guardava os Sábados.
Sabemos que Yeshua foi imensamente criticado não por não guardar o Sábado, mas
pela forma como o observava, conforme se pode ler em Lucas 6:1-11, João 7:22-24 e
João 9:16. Porém, lendo a Palavra de Deus vemos que Yeshua dedicava este dia a
estar mais próximo do Pai e do seu semelhante através de actos de ensino, de cura e
de amor. Esta é a forma como nós, seus seguidores, devemos guardar o Sábado
Santo de Deus.
8
“Pleroo” no grego. Esta palavra “cumprir” significa dar à Lei “pleno significado”, “encher por completo”,
“engrandecer”, “dar-lhe maior ênfase”, i.e. vivê-la como deve ser vivida, em obediência e fé
Vítor Quinta 78
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Eis assim o verdadeiro significado que Yeshua nos transmitiu acerca do Sábado: que
é um dia particularmente consagrado ao serviço de Deus, rendendo-Lhe culto e
fazendo bem aos olhos de Deus e do homem. Cristo viveu o amor pelo Sábado tal
como Ele, na qualidade de Verbo Divino no-lo transmitiu através de Isaías 58:13.
De resto, esse significado já tinha sido dado ao homem através do profeta Isaías:
Isto era o que Deus esperava do homem desde o princípio, quando, após a Sua
Criação, descansou no sétimo dia e o santificou. De notar ainda que de tudo o que foi
criado por Deus só o Sábado foi santificado. Por isso mesmo, esse dia tem um
particular significado para Deus e para todos os que, através dos tempos, se sujeitam
à Sua vontade. Esse dia tem sido e continuará a ser um sinal entre Deus e o Seu
povo.
Vítor Quinta 79
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
que essa “luz” [a Sua Lei] resplandeça diante dos homens e estes vejam as
vossas/nossas boas obras e glorifiquem a vosso/nosso Pai que está nos céus.
Yeshua não foi pregado no madeiro porque alguma vez tenha ensinado que já não
era preciso guardar a Lei de YHWH (que Ele próprio deu a Moisés enquanto Verbo
Divino), mas Ele foi condenado à morte porque aos olhos dos religiosos da sua época
Ele se fazia igual a Deus (O “Eu Sou”), João 8:24, 28, 58-59; 13:19, sendo por isso
mesmo apontado como blasfemo.
A começar por Yeshua, não só na sua qualidade de judeus mas igualmente por serem
fiéis aos ensinamentos de YHWH/Moisés e de Yeshua, todos os apóstolos viveram e
ensinaram de acordo com a Lei. A este respeito existem inúmeros testemunhos que
podemos encontrar na Sua Palavra. A Sua mensagem continuou a estar centrada em
Yeshua, o Messias Salvador, apelando sempre ao arrependimento, i.e. a que o povo
voltasse para o bom caminho (a Torá, o ensino de Deus), para as veredas antigas –
Jeremias 6:16.
Vítor Quinta 80
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Todo o ensino acerca da circuncisão na carne não impediu que se tenham levantado
dúvidas entre os que compunham a Igreja em Jerusalém, envolvendo Pedro, Tiago,
Paulo e os demais obreiros, no que respeitava à obra que Paulo e outros discípulos
andaram fazendo entre os gentios no seu ministério de evangelização, em particular
no que à circuncisão da carne dizia respeito, uma vez que a circuncisão do coração
nunca foi questionada por ser, tal como a circuncisão na carne, um sinal de
obediência desde os tempos de Abraão, sinal esse que traduzia o arrependimento e a
conversão da pessoa, e que se consumava num acto de obediência e de fé.
Estas dúvidas têm sido objecto de longos debates desde então, levando alguns a
afirmar não ser mais necessária a circuncisão da carne para os gentios convertidos.
Cá estamos, de novo, perante os argumentos de alguns que tentam defender que
esta disposição da Lei não se aplica para os dias de hoje fora da nação judaica.
Vamos ver se assim é.
Neste contexto vale a pena perguntar: não somos nós Israel? Não se tornam israelitas
todos os gentios convertidos que abraçam a fé de Abraão através de Cristo, sendo
por isso herdeiros da promessa? Em Gálatas 3:29 diz-nos: “E, se sois de Cristo,
então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”.
Sabemos que sim, pois é a Palavra de Deus que o diz. Estes sim, são também
verdadeiros israelitas porque estão no espírito da fé, sendo por isso herdeiros da
promessa feita a Abraão, e não somente aqueles que sendo descendência pelo
sangue também são herdeiros se estiverem na mesma fé.
Vítor Quinta 81
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
A esta mesma Lei aludiu O Senhor Yeshua, O Cristo, em João 7:22-23, sem contudo
a anular.
Este preceito dado por Deus a Abraão veio a estender-se a toda a sua descendência
(por mandamento divino), tendo tido igualmente reflexo nos costumes dos povos,
mesmo naqueles que não eram herdeiros da promessa dada a Abraão. Israel deveria
ter sido uma luz para as nações, ensinando-as na Lei de YHWH. Sabemos que esse
propósito não foi alcançado. Não quer dizer porém que parte dessa luz não tenha sido
transmitida e bem recebida por outros povos com os quais Israel se relacionou ao
longo do tempo ou por onde os seus filhos foram disseminados. Vejamos exemplos
bem concretos no que respeita à prática da circuncisão dos varões:
A grande crítica de YHWH tanto ao Seu povo (Israel) como a todas as outras nações
é que são povos incircunsisos de coração, isto porque não têm a Lei de YHWH no
seu coração – Jeremias 9:26b. Este continua ainda hoje a ser um grande problema a
nível pessoal e que nos leva a perguntar:
Vítor Quinta 82
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Mas, poder-se-à perguntar ainda: será que o homem que resiste ao mandamento de
Deus tem o seu coração verdadeiramente circuncidado? Certamente que não.
Tal como o Sábado é uma marca/sinal de Deus colocada no Seu povo, (na sua
mente/coração) também a circuncisão no coração e na carne o deverão ser!
Vítor Quinta 83
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
É evidente que os apóstolos foram ensinados por Yeshua de forma espiritual, e por
isso mesmo de forma bem diferente daquela que era ensinada segundo a lei oral,
representativa dos preceitos e tradições dos homens e que era ensinada nas escolas
rabínicas. Paulo também assim acreditava nestes preceitos rabínicos antes da sua
conversão na estrada para Damasco. Yeshua ensinou aos Seus apóstolos, e ensina-
nos ainda hoje, que a salvação nos vem pela fé (dom gratuito de Deus) a qual se
traduz pela obediência e pelo amor aos mandamentos de YHWH. A obediência
determina a benção, a graça ou misericórdia de Deus para com os filhos que são
obedientes à Sua vontade. As obras que daí resultam são obras da fé (“para que as
obras os sigam” – Apocalipse 14:13).
Se a salvação nos adviesse das nossas próprias justiças (boas obras sem fé, ou seja,
a doutrina da circuncisão como primeiro passo), então Cristo não nos aproveitaria
para nada como diz Paulo aos Gálatas 5:1-2.
Vamos agora analisar o que se passou no Concílio de Jerusalém e que nos é relatado
em Actos 15:1, 5: “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim
os irmãos: Se não vos circuncidardes [primeiro] conforme o uso de Moisés [tal
como Moisés era ensinado pelos fariseus], não podeis salvar-vos... Alguns,
porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era
mister circuncidá-los [primeiro] e [depois] mandar-lhes que guardassem a Lei
de Moisés”. Eis então o grande embate entre a abordagem legalista que ainda
estava enraizada no coração de alguns crentes fariseus (pois tinham sido educados
na crença que a salvação vinha pelas obras da Lei) e o ensino de Cristo de que a
salvação vem primeiro pela fé e depois pelas obras da fé, em amor e obediência aos
preceitos de Deus.
Estas duas abordagens são contrastantes, por isso uma delas tem que estar errada.
Qual? A única resposta possível é que a errada era (e é) a dos fariseus que ainda
permaneciam no ensinamento dos homens (na lei oral, no Talmude rabínico). Senão,
tomemos como exemplo o comportamento de Pedro quando instruído pelo Espírito
Santo, não hesitou em dar o batismo a Cornélio e aos da sua casa em primeiro lugar.
Este foi o batismo da fé, do arrependimento, da circuncisão do coração, o que depois
conduz o homem ao conhecimento da verdade de Deus contida em todos os
mandamentos, juízos e estatutos de YHWH contidos na Sua LEI eterna (a Torá) e que
depois os conduz à circuncisão na carne. Cornélio e os homens da sua casa não
estavam ainda circuncidados na carne, mas isso não foi impedimento a que fossem
batisados e recebessem o batismo do Espírito Santo.
Os apóstolos tiveram pois que reconciliar o ensino da Torá que requer a circuncisão
física para todos os Israelitas com o padrão dos profetas, que determina que somente
os que estiverem circuncidados na carne e no coração poderão entrar em Jerusalém
e no espaço do Templo que será erigido no Milénio de Cristo, como nos é ensinado
em:
Vítor Quinta 84
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Deste modo, o que Tiago propõe com base na Lei, nos Profetas e no ensino de Cristo
é uma abordagem contrária à dos fariseus:
Quando escreve estas coisas às igrejas, Tiago está a referir-se especificamente “às
doze tribos que andam dispersas”, i.e. às duas casas de Israel (Tiago 1:1),
Efraim/Israel e Judá. Ao absterem-se destas quatro abominações, os que se tinham
convertido e se chegavam à mesa no dia de Sábado para o celebrar, não estariam a
profanar a mesma mesa disposta diante de YHWH. Para além dos Sábados
semanais, eles estariam em condições de celebrar os restantes dias das solenidades
de Deus, com excepção da sua participação na celebração da Páscoa, para a qual já
teriam que estar circuncidados tanto no coração como na carne.
Mas, porque razão é que havia esta excepção em relação à participação na Páscoa
por parte dos novos convertidos se não estivessem circuncidados na carne? YHWH
Vítor Quinta 85
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
sendo omnisciente conhece todas as coisas desde o princípio. Por isso Ele sabia que
Efraim tinha sido já dispersado entre as nações e, embora tivesse entretanto perdido
a sua identidade como filho de Israel, ele seria recuperado num tempo futuro, como
tem vindo a ser ao longo dos séculos. Ele sabia também que, à medida que
Efraim/Israel fosse voltando à casa de seu Pai Celestial, qual filho pródigo, alguns não
o fariam com o mesmo voluntarismo que outros.
Uma das coisas mais difíceis de aceitar acerca do culto Israelita é que o povo do
Concerto com YHWH representa uma pequena fracção da humanidade. Ao ser
espalhado entre as nações, Efraim/Israel não deixou de ser a semente de Israel,
tendo a sua salvação chegado também através da mesma semente em Yeshua; mas,
esta fé obriga a muito mais do que somente acreditar e ficar por aí! Porque acreditar
que Deus existe até os demónios crêem e estremecem (Tiago 1:22 e 2:19).
Sabemos pelas Escrituras que não somos salvos pelas obras da carne mas sim pela
fé que produz obras dignas de arrependimento, obras da fé que trabalham através do
amor a Deus. Sabemos também que teremos que prestar contas de tudo o que
fizermos ou dissermos. Seremos julgados por essas mesmas obras, quer as que
realizámos quer as que poderíamos ter realizado e não o fizémos. Disso nos fala a
parábola dos talentos e muitas outras. Fé genuína obra a obediência genuína.
Mas, então porque razão não poderá celebrar a Páscoa todo aquele que não estiver
circuncidado na carne? Bastará ler o que dispõe Êxodo 12:48-50. Israel sempre foi, é
e será o povo do Concerto. Um dos sinais desse Concerto é precisamente a
circuncisão da carne (após a circuncisão do coração). Não é uma sem a outra. Aquele
que se quer identificar como um filho de YHWH, um filho de Israel, deve ter as duas
circuncisões, primeiro a do coração e depois a da carne, como consequência da
primeira.
Ezequiel 44:9 vem-nos dizer quais são aqueles que poderão ter acesso ao Templo de
YHWH em Jerusalém no Milénio: “Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Nenhum
estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu
santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel”.
Destas palavras de YHWH podemos retirar duas conclusões:
Vítor Quinta 86
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Quando confrontamos as palavras de Pedro com a posição legalista dos fariseus que
se tinham convertido e que ensinavam a salvação pelas obras, podemos entender o
verdadeiro significado das palavras de Paulo em Gálatas 5:1-2, 7-8 – “Estai, pois,
firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos
debaixo do jugo da servidão [da Lei oral, dos costumes e tradições dos homens,
a que Cristo também se opôs]. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos
deixardes circuncidar [segundo os ritualismos criados pelo homem], Cristo de
nada vos aproveitará... Corríeis bem; quem vos impediu, para que não
obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou
[Yeshua, O Messias]”.
As questões levantadas por estes fariseus crentes que traziam consigo uma pesada
bagagem do farisaísmo tradicional, ritualista, exterior, pode traduzir-se em dois
pontos:
Relativamente à questão da alínea i), ela não é nem nunca foi verdade, uma vez que
só pelo cumprimento da Lei ninguém adquire a salvação. O próprio Abraão foi
circuncidado apenas com a idade de 90 anos, décadas depois de ter sido justificado
pela fé. Para os fariseus, no entanto, era algo de indiscutível, pois apoiava-se na
tradição rabínica, tal como, por exemplo, as “39 minuciosas restrições sobre o
Sábado”, as “abluções” ou lavagens rituais, “as tradições dos anciãos”, etc. É contra
estes preceitos impostos pela tradição dos homens e ensinados no Talmude (as leis
orais) que Yeshua e Paulo falam. Paulo não fala contra a circuncisão da carne mas
contra a doutrina dos fariseus que ainda estavam agarrados a preceitos baseados no
legalismo judaico. Pelo contrário, Paulo fala a favor da circuncisão em Romanos 3:1-2
– “Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita,
em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram
confiadas”. Para muitos estas palavras são um choque. E choque maior ainda
quando se comprova que Paulo circuncidou a Timóteo na carne (porque este já era
circuncidado de coração) após o Concílio de Jerusalém para cumprir a Lei de YHWH.
A questão mais marcante é que Paulo circuncidou a Timóteo na carne após receber
as instruções emanadas do Concílio de Jerusalém (Actos 15). Confirme-se este
aspecto importante em Actos 16:3-4. Paulo encetou uma viagem para difundir entre
as igrejas da Ásia as decisões tomadas em Jerusalém pelo Concílio. Fez-se
acompanhar por Timóteo nessa viagem. E, depois do Concílio, Paulo circuncidou a
Timóteo na carne porque a fé deste varão já estava amplamente comprovada através
de inúmeros testemunhos: Actos 16:1-2. Logo, Timóteo já estava circuncidado no
coração quando foi circuncidado na carne por Paulo. Sabemos que Paulo, depois de
se justificar perante o Conselho da Igreja em Jerusalém, e de ter acatado todas as
decisões ali tomadas encetou uma viagem para as divulgar entre os crentes da Ásia,
fazendo-se acompanhar por Timóteo. Ainda restam algumas dúvidas sobre o sentido
que devemos dar às decisões tomadas pelos pilares da Igreja em Jerusalém neste
Vítor Quinta 87
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
primeiro Concílio? Será que ao circuncidar Timóteo tempo depois do Concílio Paulo
estaria a desobedecer? A resposta é óbvia: NÃO!
Mas, o exemplo de Timóteo não é único. Vejamos o que nos diz Paulo em Gálatas 2:3
quando fala da circuncisão de Tito: “Mas nem ainda Tito, que estava comigo,
sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”. Numa primeira leitura podemos
pensar que Paulo está a dizer que Tito, sendo grego e da fé, não era circuncidado.
Porém, uma segunda ou terceira leitura, mais cuidada, revela-nos outra coisa
completamente oposta, pois no versículo seguinte ele diz: “E isto por causa dos
falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa
liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão [debaixo
dos preceitos da lei oral, da tradição dos fariseus]”.
O que Paulo verdadeiramente nos diz nestas passagens é que Tito era, na realidade,
circuncidado na carne, não por ter sido a isso constrangido ou ter-se deixado
constranger pelos ensinamentos daqueles falsos irmãos que se intrometeram para
expiar a sua liberdade em Cristo e para o tentarem pôr debaixo da servidão das leis
dos homens, mas, porque estando antes convertido à fé de Yeshua (tendo o seu
coração circuncidado), deixou-se depois guiar pela obediência aos preceitos de
YHWH, circuncidando-se então na carne. Entende-se assim que as palavras de Paulo
vão no sentido de dizer: “Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi
constrangido a circuncidar-se [mas circuncidou-se depois para agradar ao
Senhor, pela fé e pela obediência]”. Tito deixou-se circuncidar em plena liberdade e
não por ter sido compelido a obedecer a qualquer lei humana.
Estas questões sobre a circuncisão voltarão a ser aprofundadas mais adiante neste
trabalho, quando fizermos a análise dos textos de Paulo, em especial na carta aos
Gálatas.
Gálatas 5:1-20 é um dos trechos que são usados para tentar demonstrar que Yeshua
veio “pregar a Lei na cruz” e que a circuncisão na carne foi abolida para sempre. Mas,
será isso que Paulo nos diz ou será que as suas palavras são usadas por aqueles
que são contra a Lei e para tal fim as distorcem a seu belo prazer?
Se olharmos para o texto de Gálatas 5:1-2 acima, pode parecer, à primeira vista, que
Cristo não aproveita para nada aquele que é circuncidado na carne. Ora a Lei
mandava que todo o prepúcio do varão de Israel fosse circuncidado aos oito dias de
vida, o que certamente poderia levar a supor que esses não teriam acesso à salvação
por Cristo, o que, como sabemos, é um grande disparate pois excluiria todos os
homens de Israel. Por isso não podemos adoptar esta linha de raciocínio. De acordo
com a sua própria confissão, Paulo era fariseu, filho de fariseu (Actos 23:6), sendo,
devido a essa mesma condição, circuncidado, tal como Yeshua o foi e todos os Seus
Vítor Quinta 88
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
discípulos. Como é pois possível que Cristo não aproveite a alguém que seja
circuncidado na carne ou que se venha a deixar circuncidar na carne? Não faz
qualquer sentido, pois Paulo estaria a excluir-se a si próprio dessa salvação e
também aqueles que o próprio Paulo circuncidou.
Este “jugo da servidão” não é outro senão o que era imposto pelas leis e tradições
dos homens de que nos fala Actos 15:10, aquelas que os responsáveis religiosos
impunham sobre o povo mas cujos responsáveis não estavam dispostos a carregar
nem com um dedo: Mateus 23:4 – “Pois atam fardos pesados e difíceis de
suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo
querem movê-los”. Este “jugo da servidão” nunca o seria pela Lei de YHWH, pois
essa é a Lei perfeita da Liberdade (libertação do pecado, libertação da lei da carne),
uma vez que a Lei de YHWH é, eterna, perfeita, justa e boa. Esta Lei da liberdade é a
mesma que Cristo cumpriu afirmando: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é
leve” – Mateus 11:30. Vejam como a Lei de YHWH (leve) contrasta com os preceitos
e tradições dos homens (pesados).
Por outras palavras: os fariseus convertidos, mas ainda “agarrados” aos preceitos dos
homens, ensinavam que os gentios convertidos tinham primeiro que se tornar “judeus”
segundo esses errados preceitos de gerações de rabis, para só depois poderem ser
seguidores de Cristo. Ora Yeshua diz-nos exactamente o oposto deles pois diz-nos:
“vinde como estais”, apontando-lhes que eles transgrediam a Lei com as suas
tradições humanas: Mateus 15:3 e 6. Depois do arrependimento vem o Espírito Santo
consolidar e expandir a nossa fé e o conhecimento da Verdade, do Caminho, e da
Vida (A Lei/Yeshua).
Relativamente à questão na alínea ii) esta era também uma verdade absoluta para os
fariseus. Apesar da Torá apenas mandar que se cortasse o prepúcio, a Torá oral
farisaica estabelecia um conjunto de regras que tinham de ser cumpridas no acto de
cortar o prepúcio, de tal forma que se esses preceitos não fossem seguidos à letra, a
circuncisão era considerada inválida e um circuncidado seria por eles considerado
incircunciso. É relativamente a este ponto que muitas das discussões bíblicas em
torno da circuncisão se centram. Esta questão faz lembrar o conceito de comida
“Kosher” (alimentos limpos) que é muito mais estrito e rigoroso na tradição talmúdica
(rabínica) do que a Torá da alimentação alguma vez foi, e que estipula para além das
carnes próprias para consumo a forma como os animais devem ser mortos, as
características das lâminas, que só um rabi o pode fazer, etc. Tudo isto é extra-
bíblico.
O que o Conselho dos Apóstolos e Anciãos da Igreja de Jerusalém vêm propôr aos
que deixaram de ser gentios e se converteram ao Senhor é que, no imediato, isto é,
numa primeira fase da sua conversão (uma vez que não estavam familiarizados com
a Torá de Israel), se desviassem da idolatria, da prostituição, do que é sufocado e de
Vítor Quinta 89
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
comer sangue (os 4 requisitos básicos para que pudessem ser admitidos numa
sinagoga). Tudo isto para começo de instrução, uma vez que, pela sua permanência
nas sinagogas eles aprenderiam, em cada Sábado, com o tempo, a Lei de
YHWH/Moisés, dado que esta era ali lida e ensinada todos os Sábados. Com o tempo
também estes aprenderiam a guardar a Lei do Senhor nos seus corações e a viver
por ela.
Curioso é agora analisar a lógica e os argumentos de alguns que dizem que só estes
quatro preceitos eram requeridos aos novos convertidos nO Senhor Yeshua. Não são
estes quatro preceitos parte integrante da Lei de YHWH/Moisés – Levítico Cap. 17, 18
e 20? Porquê então ficarmos só por estes quatro preceitos da Lei e não acatar os
restantes? Por acaso também ficámos isentos de guardar o Sábado, ou podemos
roubar e adulterar, ou devemos comer de toda a espécie de alimentos ou só daqueles
que Deus criou para os fiéis, etc., etc.? Não nos podemos esquecer que é desejo
manifesto de YHWH criar para Si um povo santo (separado), um povo que tenha toda
a Sua Lei gravada nos corações – Êxodo 19:5-6, tal como acontecerá nos tempos
vindouros do governo de Cristo sobre todas as nações da terra: Isaías 2:1-3; Jeremias
31:31-33; Hebreus 8:10; 10:16. Este é o Novo Concerto ou Concerto Renovado em
Cristo.
Mas, uma vez que a palavra de Deus não volta para trás vazia (Isaías 55:11) nem Ele
muda, então o que é que teve que mudar? A Sua Palavra ou o povo que Ele tinha
chamado mas que falhou na obediência a essa Palavra? É óbvio que tendo Israel
falhado no propósito para o qual YHWH o chamou (ser um povo que caminhasse na
Lei de YHWH e que se tornasse numa “luz” para as outras nações), então YHWH foi
buscar a todas as nações aqueles que O querem servir em verdade e justiça, i.e.
andando na Sua “luz”, na Sua Lei, enxertando-os na Sua Israel: Romanos 9:4 – “Que
são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a Lei, e
o culto, e as promessas”. Dúvidas?
Por isso o verdadeiro israelita é aquele que o é de coração circuncidado (como o pai
Abraão primeiro se circuncidou pela fé no seu coração e depois se circuncidou na
carne do seu prepúcio em obediência à instrução divina) e que anda nos caminhos do
Senhor e que depois, pela mesma fé e por temor e obediência, se deixa circuncidar
na carne e não aquele que o é pela descendência. A Lei não mudou, mas o povo,
esse teve que mudar. O problema não estava na Lei mas sim nos ramos da oliveira
que tiveram que ser cortados devido à sua descrença para outros serem enxertados
no seu lugar. Este povo santo, esta Israel de Deus, será uma multidão a qual nenhum
homem poderá contar, “de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas” – Apocalipse
7:9; 19:1. Estes foram os que se libertaram do lei do pecado e da morte, porque
morreram em Cristo, para por Ele viverem.
Agora reparemos que a idolatria é algo que ofende O Senhor YHWH. Tal como a
mulher que adultera e provoca o zelo, o ciúme do seu marido, assim é O Senhor
YHWH para com aqueles que O provocam ao zelo quando andam nos caminhos da
idolatria e da desobediência, i.e. fora da sua presença – Provérbios 6:34; Isaías 54:5;
Jeremias 3:20; Ezequiel 16:32. Apesar dos desvios e das prostituições de Israel (leia-
se idolatria e desobediência) O Senhor voltará a ser chamado “O marido” desta
nação: Oséias 2:16. Mas, esta nação, este povo salvo, esta Israel de Deus será um
povo santo e obediente à Sua Lei, precisamente os que guardam os Seus
mandamentos e andam na fé de Yeshua.
Vítor Quinta 90
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Guardar o Concerto de YHWH, a Sua Lei = Nação Santa, tal como nos diz em
1.Pedro 2:9 – “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o
povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou
[Yeshua] das trevas para a sua maravilhosa luz [a Sua Lei, a Verdade]”.
Já no Capítulo 21 do mesmo livro de Actos é-nos relatado que Paulo estava a ser
vítima de boatos ou mentiras acerca da sua obra nO Senhor entre os gentios: Actos
21:20-21 – “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe [a Paulo]:
Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são
zeladores da Lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os
judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não
devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da Lei”.
Uma vez posto perante esta falsidade, Paulo segue o conselho de Tiago e dos
demais anciãos, faz um voto de nazireu (segundo a Lei) e sacrifica no Templo ao
Senhor (segundo a Lei) para calar a voz dos que mentiam: vers. 23-24, 26 e 27a –
“Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto [de
nazireu]. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos
para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que
foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a
Lei... Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no
templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da
purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta. E quando os
sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, vendo-o no templo...”.
A questão da circuncisão parece ter sido ultrapassada uma vez que eles escreveram
às igrejas fora de Jerusalém: Actos 15:28-29 – “Na verdade pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas
necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do
sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se
vos guardardes. Bem vos vá. Este ensino aparece de novo confirmado em Actos
21:25 – “Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e
achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se
sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição”. Se
conjugarmos estas duas passagens podemos concluir que para os novos convertidos
poderem entrar na sinagoga, onde lhes era lido Moisés todos os Sábados, só lhes
eram exigidas estas coisas: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e
do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição”, mantendo-se, porém, o estatuto
de Deus que todo o macho deve ter o seu coração circuncidado, pela fé, e, como obra
da fé e da obediência, também a carne do seu prepúcio.
De forma a que não restem quaisquer dúvidas sobre este ensinamento bíblico, uma
das distinções que YHWH deu ao povo de Israel, desde o princípio, foi a circuncisão
da carne. O sinal do concerto que Deus fez com Abraão é a circuncisão – Génesis
17:11; ora um crente no Messias é um herdeiro da promessa feita a Abraão, Gálatas
3:29. Aquele pois que não se circuncida não faz parte deste concerto, não tendo, por
isso, parte na comunidade de Israel: Efésios 2:12 – “Que naquele tempo estáveis
sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da
promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. Se lermos de seguida o
vers. 13, vemos, porém, que podemos chegar “perto” dessa mesma comunidade pelo
Vítor Quinta 91
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
sangue do Cristo: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já
pelo sangue de Cristo chegastes perto”. “Chegar perto” não é estar plenamente
integrado. É serem-nos oferecidas as condições de fé para podermos fazer o resto do
caminho pela nossa compreensão da vontade de Deus e pela nossa obediência ao
preceito divino. Vejam a importância que este aspecto da Lei de YHWH/Moisés pode
ter ainda hoje para um crente sincero que não conheça a Lei e o significado da
circuncisão no coração e na carne.
Mas, voltamos a afirmar, não é a estrita obediência à Torá de Israel que nos salva,
mas sim a graça de Deus que nos vem pela fé no Messias e pela obediência aos
preceitos que YHWH deu aos homens. É também evidente que a circuncisão na
carne aponta para uma mais excelente que é a circuncisão do coração pela fé em
Jesus, a qual deve manifestar-se em nós antes da circuncisão da carne (a não ser
que procuremos cumprir a vontade do preceito divino nos nossos filhos varões após o
seu nascimento, ao 8º dia de vida): Colossenses 2:11 – “No qual também estais
circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos
pecados da carne, a circuncisão de Cristo”. Ora é a fé que nos leva a praticar boas
obras e sem fé é impossível agradar a Deus. E, o conceito de boa obra deriva da
aplicação da própria Lei às nossas vidas, andando em temor nos caminhos do
Senhor, e isso implica também a circuncisão, pois se andarmos no amor e na fé de
Cristo andaremos também em obediência à Lei de YHWH.
No Milénio, o tabernáculo de David voltará a ser re-erguido como nos diz em Amós
9:11. E que tabernáculo é este senão o que nos é ensinado que Ele voltará a juntar
na Sua segunda vinda, para sempre, as duas casas de Israel e a Sua Lei será
ensinada a todas as nações – Ezequiel 37:24? (A profecia refere-se a David
significando O Rei Eterno, O Messias, O Deus de toda a terra).
Assim, Paulo e outros foram enviados como emissários para transmitir a resolução do
concílio de Jerusalém. Que resolução foi essa? Que para ser admitido numa sinagoga
um gentio convertido teria de observar pelo menos estas quatro condições de vida (o
Vítor Quinta 92
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
que implicava, desde logo, uma transformação da forma de viver de muitos dos
gentios convertidos) sendo que, a partir daí aprenderiam nas sinagogas o resto da
Torá pois era lá que ela era lida e explicada todos os Sábados. Esta foi a resolução
do Concílio e é isto que nós vemos Paulo e outros a divulgar aos gentios que
abraçaram o Concerto com YHWH através do sangue do Seu Filho.
A circuncisão faz parte integrante da Torá e sabemos que nem um jota nem um til foi
retirado dela. Ora se nem um jota nem um til foram apagados, muito menos o
mandamento que simboliza o concerto Abraâmico que veio pela fé em YHWH. Se
Paulo alguma vez falou contra a circuncisão é-nos mais fácil considerar Paulo em erro
do que considerar a circuncisão abolida pois esta foi instituída pelo próprio YHWH
com um carácter eterno, o que foi confirmado pelo próprio Cristo – no fundo o próprio
YHWH. Se Paulo declarasse o contrário disto seria um herege. Ora ele declara e
demonstra na sua própria vida a obediência à Lei de seus pais.
Para afirmar a validade da Torá nos nossos dias costumamos dizer que não faz
sentido que a Torá fosse válida antigamente, que o deixasse de o ser por um período
de tempo de cerca de 2.000 anos, para voltar a sê-lo novamente no Reino Milenar de
YHWH. Não faz sentido não é? Pois o mesmo se aplica à circuncisão que faz parte
integrante da Torá: Ezequiel 44:9 – “Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Nenhum
estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu
santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel.
Esta determinação revela, com clareza, desde logo, que todo o Israelita continuará a
ser circuncidado no Reino Milenar de Yeshua para poder entrar no santuário de
YHWH, em Jerusalém.
O tema da circuncisão da carne voltará a ser abordado um pouco mais adiante neste
trabalho, quando estudarmos algumas das passagens de mais difícil interpretação
escritas por Paulo.
Vítor Quinta 93
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
Este aspecto, ainda hoje observado por muitos filhos de Judá mais ortodoxos e
recomendado pelo ensino secular de muitos rabis da antiguidade, leva-nos a fazer
uma breve referência sobre o requisito do seu uso nos dias de hoje, particularmente
entre os gentios convertidos a Cristo e que já hoje fazem parte da Israel de Deus.
Em primeiro lugar o que são as filactérias e qual o propósito com que eram e são
usadas?
Quando O Senhor nos diz em Deuteronómio 6:5 – “Amarás, pois, a YHWH teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”, diz logo
de seguida no vers.6: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu
coração”. É aqui, no coração do homem (na sua mente, segundo o conceito hebraico
para coração), que estas palavras devem estar gravadas para sempre. Se aqui
estiverem, ensinamo-las aos nossos filhos e estes aos seus filhos (vers.7: “E as
ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te e levantando-te” – o mesmo nos diz em Joel 1:3), para que
andem em temor perante O Senhor YHWH.
Nos versículos 8 e 9, O Senhor diz para as pormos por sinal na nossa mão (i.e. em
todas as nossas acções e trabalhos), por frontal entre os nossos olhos (na nossa
mente) e nos umbrais das nossas casas e nas nossas portas (em todo o nosso corpo,
o nosso tabernáculo). Terão estas palavras um significado físico, tal como Israel
sempre fez, mas depois não cumpriu, ou devemos considerar o seu ensino como
espiritual: ter a Lei do Senhor verdadeiramente gravada nos nossos corações,
guardando os seus preceitos, retendo-a na nossa mente? É aqui que YHWH quer que
a Sua Lei esteja gravada, tal como Ele o fará depois da Sua vinda – Ele porá a Sua
Lei nos nossos corações – Jeremias 31:31-33; Hebreus 8:10; 10:16, precisamente
onde ela já hoje deve estar gravada para guiar todos os nossos passos.
O Senhor Yeshua ensina-nos a não usarmos de vãs repetições nas nossas orações
como fazem os gentios. Daí que, se as filactérias são para nos lembrarmos de
9
Phylacteria, do grego, significa: protecção, estação ou posto, guarnição, amuleto. Estes significados,
no grego, não expressam o sentido espiritual que o povo judeu sempre atribuiu ao seu uso.
10
Ao contrário do termo phylacteria (no grego), a palavra tefillin expressa, tanto no aramaico como no
hebreu um sentido espiritual profundo, uma vez que deriva da palavra tfl cujo significado é “oração”.
Vítor Quinta 94
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
orações tipo (recitação), pensamos que não necessitamos delas, pois as orações ao
Senhor devem nascer de forma expontânea e sincera do que vai no nosso coração.
Embora Yeshua fosse judeu e Mestre (Rabi), será que Ele usava filactérias? Não
identificamos qualquer passagem na Bíblia que nos leve a crer que Ele as usasse.
Bastava-lhe ter todos os preceitos do Pai no Seu coração/mente e viver por eles, tal
como nós hoje devemos fazer.
De resto, não encontramos qualquer mandamento bíblico que indique que devemos
usar filactérias para nos recordarmos dos preceitos do Deus Altíssimo. Já o mesmo
não se pode dizer das franjas nos nossos vestidos (“tzitzit”), como iremos analisar de
seguida.
Deuteronómio 8:11
O que são estas franjas? São bandas ou tiras de cordão entrançadas com um fio azul
(do heb.: “tzitzit11”) que emergem nos quatro cantos do manto de oração (do heb.:
“tallit12”) ou que são usadas sobre o vestuário pelos filhos de Israel quando cultuam e
oram a YHWH, e que levam o homem a lembrar-se de todos os mandamentos de
YHWH, o símbolo vísivel da Torá dada por YHWH. Segundo o preceito divino, o
manto de oração não pode ser considerado como tal se não tiver nos seus quatro
cantos as franjas com um cordão azul. Trata-se assim de um sinal exterior que aponta
para o registo dos preceitos e da vontade de Deus que devem estar sempre gravados
no interior do homem.
11
Números 15:38-40; Deuteronómio 22:12; Mateus 23:5; Lucas 8:44.
12
O tallit tinha que ser tecido numa só peça, não aceitando quaisquer costuras ou emendas. Era usado
para cobrir a cabeça quando oravam. A Palavra de Deus faz a analogia desta atitude (cobrir a cabeça
para orar – Deuteronómio 22:12) com a instrução para que o crente entre no seu quarto e ore a YHWH
– Isaías 26:20 e Mateus 6:6.
Vítor Quinta 95
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
(“Tallit”) (“Tzitzit”)
Este manto de oração tinha ainda que obedecer a dois outros requisitos impostos pelo
próprio Senhor YHWH: i) deveria ser feito de um único tipo de tecido, não sendo de
admitir mistura (Levítico 19:19; Deuteronómio 22:11) e, ii) por não admitir mistura de
tecidos teria que ser tecido num pano só, isto é, não poderia ter costuras.
Vejamos o que a este respeito, e de forma figurativa, aparece nos escritos antigos: “à
sombra das tuas asas” – Rute 2:12; Salmos 17:8; 36:7; 61:4; 63:7; 91:4, “e cura trará
nas suas asas” – Malaquias 4:2. O conceito de “asas” deriva de quando o homem que
o usava abria os braços parecendo que tinha umas asas como um pássaro – Isaías
8:8. Este é o mesmo manto, salpicado de sangue, que nos é mostrado por João em
Apocalipse 19;11, 13 e 16, quando O Eterno se revelar de novo para governar sobre
toda a terra para todo o sempre, esmagando toda a rebeldia que existe neste mundo
satânico. O sangue que tingirá o seu “tallit” será o sangue dos Seus adversários, o
qual será derramado pelo Leão da tribo de Judá, O Rei Eterno como nos é ensinado
Vítor Quinta 96
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
em: Isaías 63:1-4 – “Quem é este, que vem de Edom, de Bozra [terra de Esaú,
inimigo de Israel], com vestes [manto, “tallit”] tintas; este que é glorioso em sua
vestidura [“tallit”], que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça,
poderoso para salvar. Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas roupas
como as daquele que pisa no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos
ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e
o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura.
Porque o dia da vingança estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é
chegado”. Podemos também discernir que o “tallit” com que O Eterno se mostrará ao
mundo na Sua glória e poder, representa a própria Lei que será ensinada a todos os
povos, a qual será gravada nos corações de todos durante o Milénio (é pena que essa
Lei não esteja já hoje gravada nos corações de muitos que se dizem seguidores do
Cristo).
O Senhor Yeshua, como judeu que era, usava um manto com franjas, um “tallit”? A
Palavra de Deus diz-nos que sim. Cremos que Yeshua, como judeu, usava o traje
típico de um judeu da sua época13, colocando um “tallit” sobre os seus vestidos, o que
implicava o uso das franjas no seu manto de oração – Mateus 9:20, 14:36; Marcos
6:56; Lucas 8:44. Este era o manto com que Yeshua se cobria para orar ao Pai, como
qualquer outro israelita, e no qual alguns de entre a multidão tocaram com fé para
sararem das suas enfermidades. Por isso Ele trouxe “cura nas suas asas” – Salmo
103:3, como foi o caso da mulher que padeceu de um fluxo de sangue durante doze
anos e saiu curada (pela sua fé) ao tocar nas orlas/franjas do vestido de Yeshua.
Tempos virão (no Reino Milenar) em que os povos concorrerão a Jerusalém para
aprender a Lei do Senhor, conforme nos diz em Zacarias 8:20-23 – “...Assim diz
YHWH dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas
as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu [“tallit”],
dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco...”.
13
A nossa convicção advem-nos da passagem que está em Lucas 4:29-30 em que nos é narrado que os da
sinagoga buscavam matá-lo, mas Ele “passando pelo meio deles, retirou-se”. Esta narrativa mostra-nos que, em
termos físicos, Jesus não se distinguia dos seus contemporâneos, passando por isso facilmente despercebido
entre a multidão (excepto quando pregava a Palavra de Deus ou fazia maravilhas).
Vítor Quinta 97
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
será chamado grande no reino dos céus” – Mateus 5:19. Sim, porque a Lei de
YHWH/Moisés não se resume exclusivamente à Lei dos 10 Mandamentos.
Como é que aceitaremos cumprir o amor a Deus se ignorarmos a Sua vontade que se
encontra expressa em todos os Seus estatutos, juízos, testemunhos e mandamentos
e nas palavras dos profetas? Não será que muitos crêem, agem e ensinam contra os
mandamentos quando confundem o privilégio de já não estarmos debaixo da
condenação da Lei pelo sangue de Cristo, como uma licença para desobedecermos
ao estatuído por Deus? É evidente que eles pensam que a graça de Deus lhes
concede essa liberdade. Mas estão errados. Não nos esqueçamos das palavras de
Paulo em Romanos 3:31.
Haveria muito mais a dizer sobre o significado espiritual e simbólico do “tallit” e dos
“tzitzit”. O importante é compreendermos que o uso de “tzitzit” é um mandamento do
Senhor para todas as gerações de Israel, em cuja nação nós dizemos, e bem, ter sido
enxertados, e que foi seguido pelo próprio Senhor Yeshua – Números 15:38-40. A
Torá de Israel manda que escutemos O Messias (Deuteronómio 18:15) e Yeshua
manda que sigamos a Torá (Mateus 5:19). Deste modo não nos alongaremos mais
sobre este tema.
Salmo 94:12
8.8 Paulo
Muito já foi antes dito sobre a importância que a Lei de YHWH/Moisés tinha para
Paulo na sua vida. Ele foi um obediente servo do Deus Altíssimo, O Senhor que deu a
Lei a todos. Como já antes demonstrámos, Paulo era um profundo conhecedor e
respeitador tanto da Lei de YHWH/Moisés quanto da lei oral baseada no ensino e na
tradição dos rabis, conhecimento que lhe adveio por, sendo fariseu, ter sido educado
aos pés de Gamaliel. Infelizmente os homens continuam a confundir nos escritos de
Paulo a palavra “Lei” que nuns casos se aplica à Lei de Deus e noutros à lei dos
homens, a lei oral (incorporada no Talmude), porque não enquadram essas
passagens no seu contexto próprio.
Já fomos igualmente advertidos acerca das distorções intencionais ou não que muitos
fizeram das suas palavras, quer pelos judaizantes (os que queriam impôr as leis orais
e tradições dos homens, e as obras que elas exigiam aos fiéis) quer pelos indoutos e
Vítor Quinta 98
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
inconstantes que ainda hoje abundam e que foram “beber” a sua sabedoria aos que,
nos tempos antigos, procuravam arredar a Lei de YHWH/Moisés do coração dos
homens. No diálogo que YHWH manteve com Job, Ele pergunta: “Porventura o
contender contra o Todo-Poderoso é sabedoria?” – Job 40:2.
A má compreensão dos escritos de Paulo (Pedro alerta para este facto em 2.Pedro
3:15-16) tem conduzido muitos à aceitação da iniquidade nos seus corações e nos
seus actos. Como sabemos, iniquidade é pecado, é transgressão da Lei de YHWH
como nos diz o apóstolo João. Isto também acontece porque eles recusam o amor
pela Verdade (Salmo 119:142), o amor pela Lei de YHWH. A consciência destes não
está suficientemente treinada na verdade para que possam rejeitar o ensino da
mentira que o Adversário lhes oferece numa bandeja. Muitos deixam-se levar por
“meias verdades” mas, uma “meia-verdade” é uma mentira. O “Manual do Legislador”
(a Bíblia) é uma ferramenta pouco utilizada por alguns.
Paulo (o apóstolo que muitos consideram os seus escritos como controversos) diz-nos
em Actos 28:23 – “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com
ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e
procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela Lei de Moisés como pelos
profetas, desde a manhã até à tarde”. Porque é que os que procuram distorcer as
palavras de Paulo se “agarram” a algumas passagens que eles não sabem discernir e
esquecem outras e também o exemplo de vida do próprio Paulo?
Muitos dos falsos ensinamentos que por aí proliferam e que colocam o pensamento e
ensino de Paulo contra a Lei de YHWH/Moisés têm a ver com as falsas doutrinas
originadas nos chamados “pais da igreja” dos primeiros séculos pós Yeshua e que
Vítor Quinta 99
A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)
não foram mais do que falsos mestres que procuraram falar contra os ensinamentos
herdados da Igreja de Jerusalém, directamente do Cristo e dos Apóstolos, tal como
Marcion que defendeu somente os escritos do chamado Novo Testamento,
promovendo a proibição do ensino do Antigo Testamento (da Lei, dos escritos e dos
profetas). Eles escreveram contra tudo o que cheirasse a pensamento hebraico, o
que, por conseguinte, incluia a Lei de YHWH/Moisés, dando assim origem a muitas
heresias e à apostasia da verdade. Estes escritos vieram mais tarde a dar origem à
mudança do Sábado para o Domingo, bem como à “Teologia do Dispensacionalismo”
do romanismo que pretende que a “igreja” veio substituir Israel e que as promessas
de Deus feitas a Israel transitaram para a “igreja” após a vinda de Cristo, ficando
Israel sem direito a tais promessas, o que sabemos ser uma mentira satânica se
analisarmos a Bíblia.
Outro aspecto importante que não podemos deixar de levar em conta é que todos
estes movimentos religiosos (dos períodos da Reforma e da Contra-Reforma) tinham
pouco a ver com a religião pura em si mesma e muito mais a ver com a luta de poder
político e interesses materiais que lhes estavam subjacentes. O contexto da época é
facilmente explicável também pelo facto de muitas das heresias e apostasias saídas
de Roma e das suas filhas evangélicas se haverem produzido no período chamado de
“idade das trevas”, em que Roma era senhora absoluta de toda a Europa e de outras
partes do mundo. Foi o período profetizado por YHWH através dos Seus profetas em
que a “grande prostituta” reinou durante 1.260 anos (de 538 a 1798). Nesse período,
para além da adulteração e perseguição da verdade, perseguiu, roubou e matou
milhões de almas que não se quiseram submeter-se aos ditames infames dos
“papas”. Utilizou organizações altamente eficientes para esse fim diabólico, de que
são exemplos a chamada “santa inquisição”, os jesuítas e outras. Por isso a verdade
de Deus sofreu e continua a sofrer, porque muitos dos ensinamentos que ainda hoje
são dados como “verdades” não passam de mistificações. Por isso a condenação
desta igreja apóstata está há muito anunciada em Apocalipse, nos Capítulos 17 e 18.
Aqueles que se esquecem ou rejeitam a Lei de YHWH/Moisés acabam por dar mais
importância aos escritos de Paulo que às próprias Escrituras Sagradas e às palavras
de Yeshua, escritos esses que nos chegaram com alguns erros de tradução ou que
são lidas fora do contexto e do espírito com que Paulo as escreveu.
São de difícil interpretação? Sim, também Pedro o reconhece. Porém, Pedro alerta
que alguns, deliberadamente, torcem os escritos de Paulo para sua própria perdição.
Porquê? Porque nunca houve da parte de Paulo qualquer intenção de ir contra a Lei
de Deus. Bem pelo contrário, ele reafirmou toda a validade e perenidade da Lei para
os fiéis. Essa afirmação mostrou-a ele por palavras e por actos. Atentemos no
conselho que ele dá em 1.Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir
em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído
para toda a boa obra”. Ora Torá significa “ensino”, “instrução”. Daí que seja
importante que compreendamos os escritos de Paulo à luz das Escrituras e não estas
à luz dos escritos de Paulo.
Tenhamos ainda em consideração que muitas das cartas de Paulo apresentam o seu
entendimento pessoal em resposta a questões específicas e locais levantadas pelas
igrejas e que aconteciam nessas congregações (Éfeso, Corinto, Galácia, etc.) mas,
acerca das quais sabemos muito pouco ou quase nada pois não possuímos as cartas
que deram origem às respostas de Paulo. As suas respostas foram dadas num
determinado contexto que, por vezes, não descortinamos.
Como já antes também afirmámos e reforçamos, as obras da Lei, só por si, não
podem salvar o homem. Desde logo a esperança do homem não pode ser colocada
na sua capacidade de cumprir integralmente a vontade de Deus, pois certamente
falharia (embora Yeshua tenha feito a prova que ao homem é possível cumprir
integralmente a Lei do Pai). Mas, por outro lado, afastar a Lei das nossas vidas é
igualmente colocarmo-nos fora do plano de redenção para o homem que prevê que o
homem tem de andar nos caminhos do Senhor em sinceridade. Como entender então
este dilema?
Onde é que está escrito na Palavra de Deus que o homem poderá assegurar vida
plena fora da vontade de Deus? Bem pelo contrário. Tomemos somente dois
exemplos:
Como vemos, não é a transgressão da Lei (iniquidade) que nos pode fazer chegar
mais perto de Deus. Bem pelo contrário! Outro exemplo: de que maneira nos fala
Paulo acerca de Ananias, após o seu encontro com Yeshua na estrada para
14
Notemos que o significado da palavra “mandamentos” vai muito para além dos chamados 10
Mandamentos, porque abarca não só aqueles mandamentos, mas igualmente, os juízos, estatutos,
testemunhos e toda a palavra que sai da boca de YHWH.
Damasco? “E um certo Ananias, homem piedoso conforme a Lei, que tinha bom
testemunho de todos os judeus que ali moravam…” – Actos 22:12. Ora, este Ananias,
devido à sua condição de homem obediente à Lei de YHWH e que tinha a fé de
Yeshua (como nos diz em Apocalipse 14:12), foi escolhido por YHWH para ensinar
Paulo na Verdade do Cristo. Que grande cumprimento que Paulo dá a Ananias! E,
note-se, Paulo conhecia muito bem a salvação pela graça!!!
Paulo também andou errado, antes de Cristo se lhe ter revelado na estrada para
Damasco. Também ele cria que devia viver pelas obras da lei dos homens para
chegar à perfeição que Deus esperava dele. Mas, a partir do momento em que se
converteu numa nova criatura, ele mudou radicalmente. Ele passou a reputar todo o
seu passado e conhecimento antigo como lixo, como nos diz em Romanos 7:6: “Mas
agora temos sido libertados da Lei [da salvação pelas obras da Lei; mesmo da
Lei oral dos homens], tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos;
para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. O
caminho da santificação de que nos fala Hebreus 12:14 não passa por rejeitar a Lei
santa, justa e boa de YHWH!!! Bem pelo contrário. Se compreendermos bem a
mensagem de Paulo em 2.Coríntios 7:1, veremos que o apóstolo nos fala do
aperfeiçoamento na Lei de YHWH nas nossas vidas quando nos fala de santificação:
“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a
imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação [a Lei de YHWH
como regra de vida] no temor de Deus”. Sigamos pois o exemplo de Paulo, tal
como ele seguiu o exemplo do Cristo – 1. Coríntios 11:1: “Sede meus imitadores,
como também eu de Cristo”.
Depois destas explicações, vale a pena agora referir o alerta que Paulo nos faz em
1.Timóteo 4:1-3 – “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos
apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demónios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada
a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ordenando a abstinência
dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade
[a Lei de YHWH], a fim de usarem deles com ações de graças”. Tudo isto
observamos nos nossos dias. Mesmo perante estas evidências ainda há quem ponha
Nas suas várias viagens Paulo trabalhou arduamente (ele foi comparado ao atleta
cristão, que corre para o alvo, para o prémio, que é Cristo e a vida eterna) para levar
o conhecimento do Cristo e da Lei de YHWH/Moisés às várias comunidades judaicas
espalhadas pelo mundo de então. A confusão dos indoutos e inconstantes como lhes
chama Pedro em 2.Pedro 3:15-16 provém, como já explicámos, da utilização do termo
“Lei” nalgumas das suas epístolas, referindo-se claramente à lei oral farisaica e não à
Lei de Moisés (porque esta ele ensinava). No versículo 15, Pedro chama a Paulo de
“nosso amado irmão”. Ora se Paulo tivesse rejeitado a Lei de YHWH/Moisés como é
que Pedro lhe chamaria de “amado irmão”? Lucas, o autor do Evangelho de Lucas e
dos Actos dos Apóstolos viajou com Paulo e deu testemunho em muitas sinagogas
onde Paulo disputava sobre a Lei com os rabis locais, revelando Yeshua nas antigas
Escrituras. Lucas deixou registada a conversão de Paulo na estrada para Damasco,
quando O Senhor Yeshua o chamou para o apostolado. Será que YHWH não sabia
quem estava a chamar? Será que estava a chamar alguém que não era um sincero
observador da Sua Lei? As palavras de YHWH respondem a esta questão em: Actos
9:15 – “Disse-lhe, porém, O Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso
escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de
Israel”.
Falando a respeito da circuncisão Paulo faz uma pergunta e deixa-nos uma afirmação
categórica: Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma,
antes estabelecemos a Lei”. Na realidade, estes indoutos e inconstantes não só
torcem as palavras de Paulo para acomodar as suas ideias pré-concebidas, como
distorcem as Escrituras em muitos outros preceitos e doutrinas da Lei, se isso lhes
convier à defesa dos seus pontos de vista, de que não querem abdicar.
Paulo queixa-se destes em Romanos 3:8 – “E por que não dizemos (como somos
blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que
venham bens? A condenação desses é justa”. Esta passagem não tem dificuldade
em ser interpretada. Reparemos que Paulo reconhece que alguns o caluniam
colocando palavras na boca dele, palavras que ele não pronunciou. Por isso são
condenáveis os que tal fazem. Estes vão contra a Lei, como também reconhece Tiago
4:11-12 – “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e
julga a seu irmão, fala mal da Lei, e julga a Lei; e, se tu julgas a Lei, já não és
observador da Lei, mas juiz. Há só um legislador [YHWH/Yeshua] que pode
salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” Ele, Yeshua é
simultaneamente O Legislador e O Juíz: Tiago 5:9 – “Irmãos, não vos queixeis uns
contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta”.
Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus,
mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”.
Os que ouvem mas não praticam a Lei de YHWH...não são justos!!! Ora, se não são
justos, isto é, se não andam no Caminho, não farão parte do reino de Deus. Se
ouvem a Lei e não a praticam nas suas vidas é porque ainda não está gravada nos
seus corações. Lembremos aqui, uma vez mais, que os salvos serão os que
“guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12.
De resto, o apóstolo Paulo é muito claro quando nos diz em 1.Coríntios 7:19: “A
circuncisão é nada [Judaísmo] e a incircuncisão nada é [gentios], mas, sim, a
observância dos mandamentos de Deus”. Paulo fala tanto aos da “circuncisão”
(Judaísmo) como aos da “incircuncisão” (gentios) fazendo-lhes ver que o que importa
é a observância dos mandamentos de Deus. Esta observância é o produto da
obediência que vem pela fé e pelas obras da fé e do amor a Deus. Será que aqueles
que dizem que os escritos de Paulo apontam o fim da Lei estão certos? Não! Estão
errados. Paulo foi sempre um servo obediente à Torá do Senhor – Actos 24:14 –
“Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita [dos
Nazarenos, i.e. os que seguiam a Cristo e guardavam a Lei de Moisés], assim
sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos
profetas”. Depois desta declaração ainda podem subsistir dúvidas sobre a real
prática de vida do apóstolo Paulo? Não! Não podem.
Ao escrever a Timóteo, Paulo tem estas palavras para este seu aluno: 2.Timóteo
3:15-16 – “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras [noutra
tradução diz: “sabes as sagradas letras], que podem fazer-te sábio para a
salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir
em justiça”. Paulo textualmente diz a Timóteo que “todas as sagradas Escrituras o
podem fazer sábio para a salvação”. Não podemos ter dúvidas que as Escrituras que
Paulo apontava a Timóteo eram a Bíblica antiga, o chamado Antigo Testamento: a
Lei, os Profetas e os Escritos, precisamente aqueles que Cristo disse que não veio
abolir e que apontam para O Salvador dos que a Ele se entregam com sinceridade de
coração.
conseguirmos provar a partir de lá, é falsa. Este crivo funcionou para os apóstolos
logo também é válido para nós. E todos os Escritos do NT (inclusivé Paulo) têm de ser
entendidos à luz do AT e nunca o contrário.
Vamos ler apenas alguns dos testemunhos de Paulo enquanto zelador e cumpridor da
Lei de YHWH/Moisés retirados da própria Palavra de Deus:
Curiosamente, Paulo vai buscar o exemplo dos gentios que não têm a Lei mas que,
naturalmente, em seus corações (pois os preceitos da Lei divina são inatos ao homem
que depois acaba por os abandonar conscientemente) observam muitos dos preceitos
da Lei nas suas vidas: Romanos 2:14-15 – “Porque, quando os gentios, que não
têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si
mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações,
testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os”.
Certamente que está amplamente demonstrado que Paulo (bem como os restantes
apóstolos de Yeshua) viveram de acordo com a Lei de YHWH/Moisés. Estão errados
os que dizem que Paulo condenou esta Lei escrita. Paulo abandonou, isso sim, os
ensinos e tradições dos homens, as leis orais, faisaicas, considerando as obras que
delas derivavam como “esterco”/”refugo” – Filipenses 3:8. Após ter conhecido a Cristo
abraçou-O no seu coração mas, manteve-se fiel à Lei que esse mesmo Cristo
enquanto Verbo Divino lhe deu para cumprir, a ele e a todos os filhos de Deus.
8.9 Pedro
Pedro é também exemplar nas suas palavras: 2.Pedro 1:16-21 – “Porque não vos
fizemos saber a virtude e a vinda de nossO Senhor Jesus Cristo, seguindo
fábulas artificialmente compostas [pelos homens]; mas nós mesmos vimos a
sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da
magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em
quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós
com ele no monte santo; e temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem
fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o
dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo
primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem
algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.
Pedro diz que foi testemunha ocular do ministério do Messias. Em seguida diz que por
causa desse testemunho a palavra profética ainda está mais firme nele, mas depois
notem o que ele diz: para depositarmos confiança no seu testemunho? Não! Mas
antes nas palavras dos profetas!
Provérbios 4:1-2
Não poderíamos terminar este capítulo sem abordar o tema dos “Nazarenos” que nos
vem citado na Bíblia. Quem eram estes crentes e como viviam? É o que
procuraremos analisar de seguida.
Que seita religiosa era (ou é) esta que apareceu em Israel após a partida de Cristo, e
que seguia os ensinamentos do Mestre e a Lei de YHWH/Moisés, e que nos aparece
na Bíblia designada por “seita15 dos Nazarenos”, como nos é dito em Actos 24:5-6 –
“Temos achado que este homem [Paulo] é uma peste, e promotor de sedições
entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos
nazarenos; o qual intentou também profanar o templo; e nós o prendemos, e
conforme a nossa lei o quisemos julgar”? Veja-se que o apóstolo Paulo era
acusado de ser o principal defensor desta “seita” e que aqueles que o prenderam o
quiseram julgar “conforme a nossa lei”, i.e., conforme às leis criadas pelos homens.
Vamos procurar identificar então esta “seita” cristã através das doutrinas que eles
seguiam, tendo por base os ensinamentos do Mestre, O Senhor Yeshua. Socorrer-
nos-emos ainda de alguns documentos históricos que falam dela.
A História diz-nos que, por volta do ano 70 (precisamente o ano em que Jerusalém foi
destruída juntamente com o Templo pelo exército romano comandado pelo General
Tito), desta congregação dos Nazarenos veio a separar-se um grupo, designado por
Ebionitas17, os quais negavam o nascimento de Yeshua através de uma virgem, bem
como a divindade de Yeshua, embora ambos os grupos continuassem a ser
apelidados de “Minim” (um acrónimo de “Maanimim Yahshua Notzri”, que significa:
“Os crentes em Y’shua, O Nazareno”). Ambas as seitas eram apontadas como
heréticas pelo Judaísmo rabínico. Tanto mais que este rejeitava, liminarmente, a
divindade de Yeshua.
Algumas das polémicas que surgiram mais tarde acerca destes grupos, tiveram
origem nos escritos dos historiadores da Igreja dos primeiros séculos (ver também 18).
Jerónimo é um deles. Outros poderiam ser igualmente referidos. É curioso apontar
que, como era de esperar, estes seguidores de Cristo eram apelidados de heréticos
pelos fariseus tradicionalistas, i.e. precisamente por aqueles que seguiam os
15
“Seita” - não podemos deixar de notar o tom depreciativo que os responsáveis religiosos que
prenderam Paulo usaram para apontarem a Congregação dos Nazarenos, precisamente os que
seguiam a Jesus de Nazaré
16
O Dictionary de Targumim, Talmud Babli, Yerushalami e Literatura Midrashic, Marcus Jastrow
17
“Os pobres”
18
http://en.wikipedia.org/wiki/Ebionites
preceitos dos homens que tanto Yeshua como Paulo e os restantes apóstolos
condenaram, dando mais importância aos preceitos dos homens do que aos preceitos
de Deus, chegando assim a transgredir a Lei de Deus para cumprir as tradições
humanas – Marcos 7:9.
Jerónimo escreveu acerca desta “seita” dos Nazarenos: “[os seus seguidores] são
habitualmente chamados de “Nazarenos”; eles crêem, que o Messias, Filho de Deus,
nasceu da virgem Maria [Miryam], e têm-no como O que sofreu às ordens de Pôncio
Pilatos e subiu ao céu, no qual também acreditamos"(19). Interessante, este relato
histórico, não é? Embora tenhamos reservas acerca dos conceitos doutrinais que
estão por detrás dos escritos dos chamados “pais da Igreja” dos primeiros séculos,
dos quais Jerónimo é um deles, principalmente quando começam por marginalizar a
raiz hebraica de todo o ensino bíblico (deixando-se antes levar pelos ensinos da
filosofia grega), não podemos ignorar que o seu testemunho histórico pode e deve ser
tido em conta, pois este tipo de relatos não pretendem fazer juízos de valor sobre os
aspectos de doutrina…que, entretanto, muitos deles distorceram, como sabemos.
Era de crentes como estes, seguidores da Lei de Deus como regra de conduta para
as suas vidas e que esperavam a vinda dO Libertador, que Paulo falava quando nos
deixou escrito em Actos 21:20 – “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e
disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e
todos são zeladores da Lei”. De resto, não só aqueles, mas também o nosso irmão
Paulo era um praticante da Lei de Deus na sua vida, como deu disso inúmeros
testemunhos. Por isso, Paulo é apontado como o principal defensor desta “seita” que
vivia pela Lei de YHWH/Moisés e seguia a Cristo pela fé.
Mas, que diremos? Era somente Paulo que era zelador da Lei de seus pais? Não o
eram também todos os restantes apóstolos de Yeshua? Claro que sim. Quanto
teremos a ganhar em bênçãos de Deus se andarmos fielmente nos Seus preceitos?
Estes preceitos são as “veredas da vida”, “veredas da rectidão” e as “veredas dos
justos” como nos é dito em – Provérbios 2:11-20.
Na realidade, esta “seita” dos Nazarenos insistia em seguir as Leis dadas por YHWH
a Israel através de Moisés, ao mesmo tempo que aceitavam Yeshua (Y’shua) como O
Salvador há muito profetizado, e Nele esperavam a sua redenção…tal como nós,
hoje! Eles, tal como nós, também esperavam o eminente regresso de Yeshua para
estabelecer o Seu reino eterno.
19
Carta 75 de Jerónimo a Agostinho
Não há pois aqui nenhuma novidade histórica ou doutrinal, pois é isso mesmo que as
Escrituras e os Evangelhos nos revelam como princípio da salvação pela fé e pela
graça aos filhos que andam em obediência perante O Deus Todo-Poderoso e que
esperam a sua redenção através do sangue precioso do Filho. Relembremos estes
ensinamentos de vida:
Aprecie-se toda a grandeza da Lei de YHWH espelhada nos cânticos do Salmo 119!
O Filho de Deus, Senhor Yeshua, andou segundo todos os preceitos que Ele próprio,
enquanto Verbo divino (YHWH), nos transmitiu através dos escritos de Moisés,
magnificando-os através da Sua obediência. Mas, como é que se “magnifica” alguma
coisa?
• Não é enaltecendo-a?
• Não é ampliando-a?
• Não é glorificando-a?
• Não é reconhecendo-lhe grandeza, esplendor, sumptuosidade?
• Não é louvando essa coisa como excelente?
Foi exactamente isto que Yeshua fez em relação à Lei de Seu Pai. São estes os
significados da palavra que muitos pastores fazem questão de empregar quando
dizem que Yeshua veio magnificar a Lei. Ora, se a magnificou é porque a tinha por
excelente e, como Filho obediente, aplicou todos esses preceitos na Sua vida, tal
como nós devemos fazer também, pois Ele é o nosso exemplo em tudo.
Na realidade, esta “seita” aceitou que Yeshua veio magnificar a Lei pondo-a em
prática na Sua vida, i.e. veio revelar aos homens o verdadeiro significado da Lei dada
por YHWH a Israel através do Seu servo Moisés. Através do amor que Ele mostrou
pelo seu semelhante, Ele veio colocar a Lei do Pai como um farol, um guia para a vida
daquele que quer alcançar as bênçãos de Deus. Ele, O Único Legislador, Aquele que
tinha poder para alterar a Lei e os estatutos divinos não o fez! Porquê? Porque foi O
Legislador mesmo que estabeleceu que esses preceitos foram dados ao povo com
carácter de perpetuidade.
Era pois nestes caminhos e preceitos (ou veredas antigas – Jeremias 18:15) que os
membros da “seita” dos Nazarenos andavam, pois eles, tal como Paulo também,
seguiam as Leis divinas dadas a seus pais, ao mesmo tempo que abraçaram o
concerto com YHWH através do Seu Filho Yeshua.
Veja-se agora que os lobos cruéis e devoradores que tanto Yeshua como Paulo nos
haviam avisado que haveriam de entrar dentro da Igreja para espalhar o rebanho,
surgiram com toda a força de Satanás após o desaparecimento dos apóstolos, tal
como havíamos sido alertados que haveria de suceder. Eles vieram para distorcer a
verdade e as palavras de Yeshua e de Paulo: Mateus 7:15 – “Acautelai-vos, porém,
dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores”. Os sucessores desses falsos profetas
continuam hoje a obra que eles começaram após a partida dos apóstolos.
Em Actos 20:29-30 também nos é dito: “Porque eu sei isto que, depois da minha
partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E
que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas,
para atraírem os discípulos após si”. Se isto aconteceu há cerca de 20 séculos
atrás, como estará então o panorama da pureza doutrinal dos ensinamentos de
Yeshua e dos apóstolos nos nossos dias? Muito distorcidos, como sabemos, pois a
cristandade de hoje esqueceu o exemplo de Yeshua e dos apóstolos e aquilo que a
“seita” dos Nazarenos sabia e praticava: i) andar segundo todos os mandamentos de
Deus e ii) ter a sua fé centrada nas promessas de salvação pelo sangue do Cristo.
Os judeus da sinagoga de Bereia foram examinar nas Escrituras tudo aquilo que
Paulo lhes anunciava acerca do Cristo. Foram prudentes e avisados, para não serem
enganados. Certamente alguns aceitaram o ensinamento de Paulo e outros
Vamos ver outros aspectos de grande importância para a compreensão das doutrinas
que os nossos irmãos do primeiro século seguiam, incluindo alguns em que o próprio
apóstolo Paulo esteve envolvido, conforme o relato dos Evangelhos:
Consideremos então que esta seita dos “Nazarenos” era composta principalmente por
judeus, que se tornaram crentes na salvação por Yeshua e que, tal como Ele,
guardavam os preceitos da Torá como forma de vida.
Com a queda de Jerusalém e do Templo no ano 70 d.C. estes crentes foram, na sua
grande maioria espalhados, pela fuga ou pelo cativeiro. Existem relatos que apontam
para que uma parte importante desta “seita” fugiu antes dos exércitos rodearem
Jerusalém (lembremos o aviso de Yeshua aos Seus fiéis, em Lucas 21:20-24
…”quando vires Jerusalém cercada de exércitos…fujam”). Um dos grupos que
fugiu para que os seus membros não fossem mortos ou levados cativos, refugiou-se
em Pella, a leste do Rio Jordão (actual Jordânia).
Foi a partir destes acontecimentos que a relevância judaica do seu modo de vida,
como seguidores da Lei de Deus dada por Moisés e da sua fé no Messias Redentor
foi progressivamente diminuindo à medida que crescia a importância do pensamento
de base filosófica grega, estranha, portanto, aos ensinamentos dos preceitos dados
pelo Altíssimo ao Seu povo Israel. A mentira e a distorção foram-se
institucionalizando, com maior relevo a partir do século IV e das orientações dadas
pelo Concílio de Nicéia, no ano 325, que congregou cerca de 300 bispos sob os
auspícios do pagão Imperador Constantino. Foi principalmente a partir deste concílio
romano que se passou a rejeitar ou mesmo a perseguir tudo o que tivesse parecença
com qualquer fundamento ou pensamento hebraico, passando a apelidar-se de
“judaizante” todo e qualquer ensino que procurasse levar os crentes ao conhecimento
e prática das “veredas antigas”, i.e. das Leis, estatutos, juízos mandamentos e
testemunhos de YHWH. Ainda hoje sofremos o efeito de tal influência satânica.
Quando Yeshua pregou a Palavra, ainda não existiam o que hoje são designados por
escritos apostólicos, pois os próprios apóstolos ainda eram discípulos, i.e. alunos do
Mestre. Yeshua, em todo o Seu ministério ensinou a Lei de Seu Pai (a mesma que
Ele deu desde o princípio enquanto Verbo Divino – “A Palavra”, e que depois
transmitiu através de Moisés), dando-lhe o significado que ela sempre deveria ter tido
entre o povo de Israel. Infelizmente, como já tivemos oportunidade de referir, esse
significado foi sendo distorcido ao longo dos séculos por muitos homens, em
particular os eclesiásticos que se dedicavam ao estudo da mesma e que dela
retiravam as suas interpretações pessoais.
Chamamos a particular atenção para três das parábolas que Yeshua nos deixou: a do
“Semeador”, a do “Trigo e do Joio” e a do “céu e do inferno”, parábolas essas que,
para além do ensino que O Senhor Yeshua deixou expresso, é delas que nos vamos
ocupar um pouco neste capítulo do trabalho.
Como sabemos, a sua pregação teve grande oposição por parte da classe
eclesiástica estabelecida no Seu tempo – escribas e fariseus, pois as suas palavras
condenavam a prática dessa classe não por seguirem a Lei do Altíssimo mas, antes,
por terem adulterado essa mesma Lei ensinando preceitos dos homens que, em
muitos casos “invalidam” a vontade de Deus. Daí que não seja surpresa ver que é
esta mesma classe que, como instrumento de Satanás, O perseguiu e acusou
injustamente, acabando por O levar à pior das mortes, a que causava o maior
sofrimento, pendurado no madeiro.
E qual é a Sua resposta perante a encarniçada perseguição que lhe foi movida?
Encontramo-la em João 5:39-47: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter
nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; e não quereis vir a mim
para terdes vida. Eu não recebo glória dos homens; mas bem vos conheço, que
não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me
aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós
crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de
Deus? Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos
acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em Moisés,
creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus
escritos, como crereis nas minhas palavras?” Como todas as palavras
pronunciadas por Yeshua, estas palavras são eloquentes. Sendo “A Palavra” na carne
e também a Lei viva, Yeshua diz-nos tudo na justa medida. Ele afirma claramente que
aqueles que se Lhe opunham não acreditavam nos escritos (ensinamentos) de
Moisés, embora estes Dele testificassem.
de YHWH) e a semente pervertida ou joio, aquela que Satanás espalhou entre a “boa
semente” procurando confundi-la, abafá-la e pervertê-la.
A “boa semente” é a que dá fruto para a vida eterna, enquanto que a semente
adulterada conduz à morte eterna. O mundo, como nos diz nestas parábolas é a
seara que um dia os anjos de YHWH hão-de ceifar (e a seara já está madura para a
ceifa nestes últimos dias em que vivemos), separando o bom fruto, aquele que resulta
da boa semente, daquela que não dá fruto ou cujo fruto não é conforme à vontade de
Deus, o qual tem por origem uma semente adulterada, precisamente aquela que foi
semeada por Satanás e pelos seus anjos decaídos.
É talvez como comparar a semente genuína e natural dos frutos criados por Deus
com as que foram “geneticamente modificadas” em laboratório. As primeiras nunca
podem ser iguais às segundas, embora à vista desarmada não se consiga
estabelecer a diferença entre elas. Para conhecermos uma e outra temos que
dissecá-las e analisá-las em profundidade. Por analogia, a boa semente dada por
Deus (i.e. a Sua Palavra) tem que ser entendida com o auxílio do próprio Espírito
Santo para que não sejamos confundidos aceitando uma semente alterada pelo
homem/Satanás.
Como se disse, a “boa semente” é a Palavra que foi dada aos homens desde o
princípio – os mandamentos, os juízos, os testemunhos, os estatutos, e toda a palavra
que sai da boca de Deus – nestas parábolas equiparada ao trigo genuíno, que nuns
produz a 30, noutros a 60 e ainda noutros a 100, conforme os campos onde é
semeada (os corações dos homens). O joio, por sua vez, é a semente adulterada que
foi semeada por Satanás nos corações dos homens. Eis pois a origem desta luta
milenar que culminará na destruição do joio. O joio será queimado no forno ardente
da ira divina.
Podemos assim ver a confirmação dos preceitos da Torá nas parábolas de Yeshua e
nos escritos de Paulo.
Lamentavelmente, muitos dos que se dizem cristãos ainda não acordaram para estes
ensinos e, pior ainda, resistem-lhes, não sendo ainda capazes de discernir as coisas
que Deus santificou (a boa semente) daquelas que estão contaminadas por Satanás
(a semente falsa). A boa semente produz bom fruto (a vida eterna) e a má produz
mau fruto (a morte eterna).
A boa semente, a Torá dada a Israel não pode nem deve ser misturada com a
semente contaminada pelas filosofias do homem (em última análise por Satanás).
Esta última semente é falsa por estar contaminada pela iniquidade que, como
sabemos é pecado e transgressão da Lei de YHWH. Os frutos dessa mistura não
serão aceites pelo Deus Eterno.
Salmo 119:73
Estas duas sementes opõem-se (veja-se o que se passou com Abel e Caim ou com
Jacob e Esaú)! Como podemos pois aventurar-nos a misturar a boa semente (de
pensamento hebraico) com a semente corrompida pela filosofia grega que prevalece
nos corações de muitos cristãos dos nossos dias e esperar que Deus aceite essa
situação? Ele instrui-nos para sermos santos como Ele é santo, para não nos
misturarmos, e diz ainda: “Sai dela povo meu”.
Somente a boa semente tem que estar em nós para o que O Espírito Santo de Deus
possa fazer morada em nós. Se nos deixarmos possuir pela semente adulterada, O
Espírito de Deus não pode habitar no nosso coração, pois Deus não pactua com o
engano. Se assim for, não podemos ser santos. Ao misturar as sementes, Satanás
procura que o Espírito Santo não habite em nós. A “palavra” semeada pelo enganador
das nações é uma mistura de algumas verdades divinas com outras rotundamente
falsas, pois esta é a forma que ele encontrou para melhor confundir o homem,
levando-o a crer numa proposta de salvação que não é aquela que sempre esteve
presente através de Yeshua, O Messias. Tenhamos pois muito cuidado connosco e
com a semente que albergamos no nosso coração.
Como todas as palavras de Yeshua também podemos dizer: quão justas são estas
palavras. Muitos dos responsáveis religiosos dos nossos dias também não querem
ouvir a Moisés e aos profetas. As Leis de Deus que estes servos de Deus nos
transmitiram serão as mesmas que estarão gravadas no coração de todos os que
serão súbditos no Reino Milenar de Yeshua, O Cristo – Hebreus 8:10; 10:16,
confirmando a profecia de Jeremias 31:33. E será por estas mesmas Leis eternas que
foram dadas ao homem como instrução para a vida que o homem há-de ser julgado.
Mal estará o homem que hoje rejeita viver pela instrução de YHWH.
Sabemos assim, com segurança, que a salvação dos fiéis passa pela observância
dos preceitos de Deus dados através de Moisés e dos profetas (obediência como
preceito e modo de viver) e pela fé nas promessas de Yeshua e no Seu sangue
redentor (Apocalipse 14:12).
Comecemos por lembrar que sendo YHWH O Senhor Deus Todo-Poderoso, é Aquele
que tem presciência para nos mostrar o fim antes que este venha a acontecer (desde
o princípio), como nos diz em Isaías 46:9-10: “Lembrai-vos das coisas passadas
desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro
semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade
as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e
farei toda a minha vontade”.
Ora é este mesmo Deus YHWH que desde o início anunciou as coisas que haveriam
de suceder a Israel, seu povo. Apesar dos erros e desvios deste povo, o mesmo Deus
nunca abandonou Israel por amor das promessas que fez aos Seus servos, os
patriarcas. O anúncio destes acontecimentos futuros (que hoje já são históricos)
começa com a promessa a Abraão, sendo depois confirmada a Isaac e a Jacob
(Israel). As promessas de Deus a Israel são depois novamente confirmadas na
benção de Jacob/Israel aos dois filhos de José, Manassés e Efraim, a de que este
povo se multiplicaria e se transformaria numa multidão de nações e encheria toda a
terra. Veja-se, por exemplo, a promessa de YHWH a Jacob em Génesis 28:14-15 –
“E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e
ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas
todas as famílias da terra; e eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer
que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja
cumprido o que te tenho falado”. Estas palavras do Altíssimo destroem quaisquer
teorias humanas dispensacionalistas!
Será que o sol, a lua e as estrelas já deixaram de dar a sua luz? Ou terá já o homem
sido capaz de medir os céus lá em cima? Ou os fundamentos da terra? Se nada disto
ainda sucedeu, nem irá suceder, então é sinal que a promessa de YHWH se mantém
com a Casa de Israel.
Sabemos que Deus fez promessas de bençãos a Israel se este povo andasse nos
seus caminhos. Porém, Israel foi desobediente – 2.Crónicas 33:8 – “E nunca mais
removerei o pé de Israel da terra que destinei a vossos pais; contanto que
tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes ordenei, conforme a toda a Lei, e
estatutos, e juízos, dados pela mão de Moisés”. Deus cumpriria a Sua promessa
se o Seu povo andasse segundo a Sua vontade, mas não andou. Por isso foram
espalhados entre as nações gentias onde os seus descendentes perderam a sua
identidade hebraica e o conhecimento da Lei de YHWH.
O pecado de Salomão fez com que, após a sua morte, o reino fosse dividido em dois:
o Reino do Norte que agregava dez tribos – Ruben, Efraim e Manassés (filhos
de José), Simeão, Zebulom, Issacar, Gad, Dan, Naftali e Asher, e
o Reino do Sul que agregava Judá e Benjamim, já que Levi era uma tribo
sacerdotal que não contava na herança da terra.
Este Reino do Norte (as chamadas “10 tribos perdidas da Casa de Israel”), é
igualmente designada na Bíblia como Casa de Israel ou Efraim. É esta casa que
tendo voltado as costas a YHWH foi espalhada entre as nações, dando,
simultaneamente, cumprimento a uma das profecias do Senhor: os descendentes de
Abraão seriam como o pó da terra, a areia do mar ou as estrelas do céu que não se
poderiam contar; tornando-se gentios aos olhos de Deus e dos seus irmãos do Reino
do Sul.
Vale a pena fazer aqui uma pequena ressalva: nem todo o povo do Reino do Norte foi
levado cativo pelos Assírios e espalhado entre as nações, pois houve um
remanescente que ficou na terra de Israel. Segundo a política de conquista dos
Assírios, de forma a eliminar a possibilidade de revoltas futuras, uma pequena parte
era deixada (normalmente os artesãos e também os oficiais administrativos que se
ocupavam de fazer funcionar a máquina do Estado) e misturada com povos de outras
nações que eram trazidos para a terra conquistada. Da miscigenação que veio a
resultar entre os recém chegados e os que ficaram da Casa de Israel ou Efraim
resultou um povo que ficou conhecido na Bíblia como os Samaritanos. Com o tempo,
os recém chegados acabaram por adoptar o culto a YHWH segundo os ritos que
existiam em Israel antes da conquista dos Assírios.
Por estas coisas, O Senhor os expulsou da terra que havia dado a seus pais – Oséias
13:9; 14:1: “Para a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, a saber, contra o
teu ajudador... Converte-te, ó Israel, a YHWH teu Deus; porque pelos teus
pecados tens caído”. Por isso Deus entregou-os nas mãos dos seus inimigos
assírios e abandonou-os temporariamente aos cultos idólatras dos povos gentios para
onde foram espalhados pelos quatro cantos da Terra. Eles perderam a sua identidade
como israelitas e perderam o conhecimento da Lei do Altíssimo, tendo-se tornado,
também gentios ao aceitarem viver como os outros povos (gentio é o que não tem
nem conhece a Lei de YHWH/Moisés) – Ezequiel 4:13: “E disse YHWH: Assim
comerão os filhos de Israel o seu pão imundo, entre os gentios para onde os
lançarei”. Não fora a promessa dada aos patriarcas e há muito que Israel teria
desaparecido. Ainda hoje YHWH chama a Casa de Efraim a voltar para YHWH com
choro e arrependimento de coração. Convertei-vos diz O Senhor YHWH.
Deus porém, apesar de haver dito que aquele povo era “não povo” para Si (“Lo-ami”)
– Oséias 1:9, (Leiamos os capítulos 1 e 2 de Oséias para melhor compreensão) disse
que voltaria a apiedar-se deles e que os traria de novo à sua terra, aos montes de
Israel: Zacarias 10:6-12; 13:9. Essa promessa foi manifestada por Deus desde muito
cedo: Deuteronómio 30:2-6 – “E te converteres a YHWH teu Deus, e deres ouvidos
à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o
teu coração, e com toda a tua alma, então YHWH teu Deus te fará voltar do teu
cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações
entre as quais te espalhou YHWH teu Deus. Ainda que os teus desterrados
estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará YHWH teu Deus, e te
tomará dali; e YHWH teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a
possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais. E YHWH teu
Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares
a YHWH teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”.
Grande parte deste povo rebelde, este “Lo-ami”, ainda hoje continua a rejeitar a Lei de
YHWH, a achá-la “coisa estranha” – Oséias 8:12: “Escrevi-lhe as grandezas da
minha Lei, porém essas são estimadas como coisa estranha”.
O cumprimento dessa profecia será ainda mais manifesto quando esse Rei Eterno
vier para reinar sobre todas as nações e estiver entronado em Jerusalém, a cidade do
Grande Rei. O Senhor YHWH os fará regressar à terra de seus pais e os congregará
desde os quatro cantos da Terra – Isaías 11:11-12; Ezequiel 34:11-16. Este será o
maior êxodo que a História alguma vez registou, excedendo em número e grandeza o
êxodo da saída do povo de Israel do Egipto. Muitíssimas mais passagens atestam
esta verdade bíblica. Porém dispensamo-nos de as enumerar por este não ser o tema
central deste trabalho.
O Concerto Renovado em Yeshua, O Messias, foi feito com Israel e não com os
gentios: Jeremias 31:31; João 4:22; 10:16; Actos 3:25; Mateus 15:21-27; Hebreus 8:7-
8. Razão pela qual todo o gentio que se converte a Cristo tem que ser enxertado na
boa oliveira que é Israel e cuja raiz é Cristo para poder ser participante da seiva da
mesma: João 10:16; Oséias 1:8-10; Romanos 9:24-26; 11:17-21. Tanto os do Antigo
Concerto como os do Concerto Renovado em Cristo são a Israel de Deus, aqueles
acerca dos quais a Palavra de Deus já deles falava, os que são chamados pelo Seu
Nome e co-herdeiros com Abraão e com Cristo: Êxodo 22:31; Números 6:31;
2.Crónicas 7:14; 1.Samuel 2:24; Isaías 43:7; Gálatas 3:14, 29; 4:28; Romanos 4:9-12,
16-17; Efésios 2:11-13; 3:6.
Será que Paulo se contradiz em Gálatas 5:2-4? Vejamos as suas palavras: “Eis que
eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos
aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que
está obrigado a guardar toda a Lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos
justificais pela Lei; da graça tendes caído”. A parte sublinhada é muito importante
pois este discurso destinava-se àqueles que defendiam que para o homem se salvar
era necessário que se deixasse primeiro circuncidar na carne, isto é, deveriam
primeiro cumprir as “obras da Lei”, “as tradições dos homens”, que defendiam até que
se a circuncisão não fosse realizada segundo o ritual que o homem tinha instituído
não teria valor. Ora Cristo veio ensinar-nos precisamente o contrário: primeiro o
homem deixa que o seu coração seja circuncidado na Verdade (crer Nele para
arrependimento) e só então, depois, se deve deixar circuncidar na carne (obedecendo
pela fé).
Estas palavras são confirmadas por Ele próprio quando instrui os Seus discípulos da
seguinte forma: Mateus 10:6 – “ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
As palavras dos discípulos voltam a pôr a tónica “nos que estão longe”, referindo-se
aos irmãos perdidos das 10 tribos do Reino do Norte: Actos 2:39 – “Porque a
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe,
a tantos quantos Deus nossO Senhor chamar”. O próprio apóstolo Pedro também
escreve para uma das comunidades de Israel, a de Babilónia, onde pregou a Cristo, e
que não regressou no tempo de Esdras e Neemias (no fim do cativeiro de 70 anos em
Babilónia): 1.Pedro 5:13.
Reparem, porém, que a promessa não é somente para estes. Através do sangue de
Cristo, a salvação chegou a todos os homens, “a todos quantos Deus nossO Senhor
chamar”. Não há dúvida que somente Deus conhece os corações dos homens e qual
é a semente de Abraão espalhado pelo mundo, mesmo entre os que se tornaram
gentios. E Deus diz na Sua Palavra que Ele quer que todos os homens se salvem e
venham ao conhecimento da verdade (já sabemos que “verdade” é sinónimo de
Yeshua e de Lei) – 1.Timóteo 2:4.
Torna-se assim claro que a salvação por Yeshua está ao alcance de qualquer pessoa
que, com sinceridade de coração se queira arrepender e humilhar-se debaixo da
potente mão de Deus. Ele não faz acepção de pessoas, mas escolhe entre todos os
povos aqueles que obram o que é justo aos Seus olhos, Lucas 1:6; Actos 10:34-35,
os que vivem segundo a Lei de YHWH e têm a fé de Yeshua (Apocalipse 12:17 e
14:12).
São inúmeras as passagens que nos falam do retorno da Casa de Israel à terra que O
Senhor prometeu aos seus pais, pois O Senhor nunca abandonou Israel. Lembremos
apenas algumas:
Deuteronómio 10:12 ensina-nos: “Agora, pois, ó Israel, que é que YHWH teu Deus
pede de ti, senão que temas a YHWH teu Deus, que andes em todos os seus
caminhos, e o ames, e sirvas a YHWH teu Deus com todo o teu coração e com
toda a tua alma, que guardes os mandamentos de YHWH, e os seus estatutos,
que hoje te ordeno, para o teu bem?”
Oséias 14:9
Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para
que as saiba? Porque os caminhos de YHWH [a Sua Lei] são rectos, e
os justos [os que vivem pela Torá] andarão neles, mas os
transgressores neles cairão.
Com o advento de Cristo, a Lei de YHWH/Moisés não foi abrogada ou abolida, mas
antes transformada nos aspectos que implicavam os sacrifícios de animais pelas
razões já explicadas aqui várias vezes. Mas, como sabemos que o Templo voltará a
ser reconstruído em Jerusalém como centro de adoração ao Rei Eterno, dizemos que
o sacerdócio levita “foi interrompido”, porque ele voltará a ser reinstituído no Milénio. A
Lei de YHWH estará então universalmente escrita nas tábuas do coração de todos
aqueles que viverem nesse tempo debaixo do governo do Eterno, O Rei Yeshua,
Filho de David: Romanos 7:6; 2.Coríntios 3:1-3; Hebreus 8:8-10. As Escrituras
revelam-nos que essa era a intenção original de YHWH: Êxodo 13:9; Deuteronómio
6:6-9; 11:18; Jeremias 31:31.
Será que quando chegar o tempo de todos terem a Lei do Senhor nas suas mentes e
nos seus corações (i.e. amando a YHWH e a Sua vontade) essa mesma Lei não será
integralmente cumprida na vida deles? Claro que o será. O Senhor sempre pretendeu
que assim fosse em todos os tempos. Só que a rebeldia do homem e a acção de
Satanás impediu que tal acontecesse. Só os que se deixam dominar pelo Adversário
podem continuar a defender que a Lei eterna não é para ser guardada já hoje. O
Senhor nunca pretendeu que a Sua Lei fosse cumprida de forma forçada, mas de
forma voluntária, por amor. Voltamos assim a Paulo em Romanos 3:31 – “Anulamos,
pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei” (não nos
cansamos de apontar esta passagem). Assim, quando no Milénio essa Lei estiver
gravada nos corações de todos, para que por ela vivam num reino de paz, amor e
equidade (já sem a presença de Satanás e dos seus anjos demoníacos) então o
homem terá plena liberdade de ver como poderia ter vivido em harmonia desde o
princípio, se não deixasse que a rebeldia e desobediência de Satanás tomasse conta
do seu coração.
Estes falsos ensinadores têm ainda uma grande responsabilidade, pois o Juiz irá
requerer das suas mãos o sangue daqueles que eles confundiram e que conduziram
para o erro: Ezequiel 3:18-19; 33:8-9; Actos 20:26-27; Hebreus 13:17. Estes são os
condutores cegos, os atalaias que adormeceram e que não avisaram o povo do
castigo eterno. Estão a afastar esse povo dos preceitos de YHWH. Todo o ser
humano terá que prestar contas a Deus, terá que comparecer diante do tribunal de
Cristo, o Juíz Supremo. Quando esse momento chegar não poderemos desculpar-nos
dizendo que fomos mal conduzidos ou induzidos ao erro ou que confiámos no pastor
A ou B, pois cada um de nós deveria ter assumido a atitude dos crentes de Bereia
que foram às Escrituras confirmar se era verdade tudo o que Paulo lhes ensinava
acerca da Lei, das profecias sobre O Cristo Yeshua e da vida eterna.
E que dizer do que Yeshua nos aponta em Mateus 6:33? “Mas, buscai primeiro o
reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
Quando Yeshua nos diz para buscarmos o reino de Deus e a sua justiça, que quer ele
dizer com a palavra “justiça” aqui aplicada? A justiça de Deus é-nos revelada em
Cristo e em toda a Lei que YHWH deu ao homem para por ela viver. Veja-se o que
nos é dito em Provérbios 2:1-9. A justiça que vem da Lei não se opõe à justiça que
vem pela fé, antes esta leva a praticarmos a primeira. O apóstolo Paulo refere esta
questão em Filipenses 4:9 – “E seja achado nele [em Yeshua, O Cristo], não tendo
a minha justiça que vem da Lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a
justiça que vem de Deus pela fé”. Ora, o pensamento e prática de Paulo são
consistentes, pois o mesmo Paulo também diz aos Romanos 3:31 – “Anulamos,
pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”.
Não nos podem restar dúvidas: a LEI de YHWH/Moisés é para ser ouvida, guardada
no coração e praticada tanto pelos crentes do Século XXI como o era pelo povo que a
recebeu no sopé do Monte Sinai.
Provérbios 4:4, 13
Este mesmo servo de Deus tem estas palavras em Gálatas 1:8-10 – “Mas, ainda que
nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já
vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que
já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus?
Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não
seria servo de Cristo”. Não nos deixemos pois enganar por doutrinas ou filosofias
dos homens em que não está a verdade, mas agarremo-nos à santa Palavra de Deus
que nos é revelada pelo Espírito Santo do Altíssimo. Não nos deixemos arrastar para
um “evangelho” frouxo ou incompleto em que não está o Espírito Santo mas que é
agradável aos ouvidos do homem. A Palavra é viva. É como uma espada de dois
gumes que deve penetrar até ao íntimo do homem e, se necessário for, feri-lo, para
que se arrependa e volte ao caminho traçado por Deus.
Como já tivemos oportunidade de afirmar neste trabalho, os que ainda hoje rejeitam o
“ensino” ou “instrução” de YHWH, i.e. a Sua Lei, estão influenciados pelo ensino dos
chamados “pais da igreja” que mais não foram do que eclesiásticos da igreja de Roma
que pregaram contra tudo o que “cheirasse” a ensino hebraico. Essas doutrinas
erradas procuraram sempre, ao longo dos séculos, destruir a verdade e enraizar a
mentira no coração dos homens, fazendo assim o trabalho de Satanás. Entre estes
podemos desde logo mencionar Justino, o Mártir e Marcion, entre muitos mais que
nos dispensamos de voltar a referir.
Justino, o Mártir, nasceu na Palestina Síria de pais pagãos e viveu entre c.99 e c.165
A.D. Nos seus estudos de filosofia foi fortemente influenciado pelas correntes
filosóficas gregas dos Estóicos e de Platão. Ao converter-se ao cristianismo procurou
fazer “a ponte” entre os princípios da filosofia grega e os cristãos. Manteve uma
disputa com o rabi judeu Tryphon, defendendo que o Concerto Renovado por Cristo
veio abolir o Antigo Concerto feito por Deus com Israel através de Moisés,
introduzindo a lógica que uma nova lei anula uma anterior sobre um determinado
assunto, como se a Lei de Deus tivesse o mesmo efeito que as humanas que
necessitam de constantes correcções ao longo do tempo ou lhe pudessem ser
comparadas. A Lei de Deus é eterna, enquanto as leis dos homens carecem de
constantes alterações ou nunca chegam a entrar em vigor (i.e. ficam na “prateleira”).
O ensino de Justino propagou-se e manteve-se até aos dias de hoje com a sua clara
marca anti-semita. Por força desse posicionamento anti-Israel, ele defendeu o
Domingo como o dia do Senhor, a Sexta-Feira “santa” e a ressurreição de Cristo no
Domingo (Capítulo LXVII da sua 1ª Apologia), o que contraria as palavras de Cristo e
a profecia que Ele estaria 3 dias e 3 noites no seio da terra (porque morrer numa
Sexta-Feira e ressuscitar num Domingo não cumpre o tempo da profecia), o sinal do
profeta Jonas que permaneceu esse tempo no seio do grande peixe. Nesse mesmo
texto, curiosamente, ele assume que o Domingo é o dia dedicado ao sol, pelo que
mistura um culto pagão com o dia santo de YHWH. Os homens continuam ainda hoje
a persistir no mesmo erro.
De tal forma este ensino errado e anti-Israelita prevaleceu e se reforçou através dos
séculos pelos esforços de Roma e mais tarde também ppor algumas das igrejas
saídas da Reforma (algumas das chamadas igrejas protestantes ou evangélicas que
são “filhas” da grande prostituta), que hoje temos um manancial de doutrinas erradas
na chamada “cristandade” dos nossos dias: uma falsa Páscoa, um falso “sábado” - o
Domingo, desprezo pelas Festas e Solenidades instituídas por Deus, etc., etc..
Ora o ensino de algumas igrejas evangélicas (as tais que são filhas de Roma e à qual
estão a voltar através do movimento ecuménico), foi beber às heresias antigas de
Justino, Marcion e outros chamados “pais da igreja” que apostataram da verdade de
Cristo e dos apóstolos. Daí haver hoje tantas igrejas que continuam a combater a Lei
de Deus, dizendo que essa Lei foi pregada na “cruz” por Yeshua. Muitas delas
agarram-se a alguns escritos de Paulo que são de mais difícil interpretação,
sobretudo quando lidos fora do contexto e do significado hebraico que elas
comportam. Só conhecendo esse contexto e pensamento hebraico podemos
compreender o pensamento de Paulo e o seu verdadeiro significado. Lembremos,
uma vez mais, que Paulo um judeu fariseu foi fiel à Lei de seus pais, declarando
ainda: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus” –
Romanos 7:22.
Como sabemos, os escritos de Paulo têm suscitado fortes controvérsias através dos
tempos dada a forma como ele se expressa nas suas cartas. O apóstolo Pedro
adverte para a dificuldade dos escritos de Paulo que “os indoutos e inconstantes
torcem para sua própria perdição” pois não têm o Espírito Santo de Deus que lhes
permita conciliar esses escritos com os ensinamentos antigos, as veredas antigas, os
preceitos dados por YHWH a Israel – Jeremias 6:16. Jeremias 3:22a contém este
apelo de Deus para o homem: “Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas
rebeliões”. Poderíamos mencionar muitos mais chamamentos de Deus que o homem
não quer escutar.
Esses ensinamentos antigos, essas veredas são as que nos foram transmitidas por
Deus através de Moisés e de todos os seus profetas: Salmos 78:1-10 – “Escutai a
minha Lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca.
Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade. Os quais
temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos
aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores de YHWH, assim como
a sua força e as maravilhas que fez. Porque ele estabeleceu um testemunho em
Jacób, e pôs uma Lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem
conhecer a seus filhos; para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que
nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos; para que
pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus,
mas guardassem os seus mandamentos. E não fossem como seus pais,
geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo
espírito não foi fiel a Deus. Os filhos de Efraim [a Israel, o Reino do Norte, que
se prostituiu com outros deuses que não eram deuses e que foi espalhada entre
as nações, pelos quatro cantos da terra], armados e trazendo arcos, viraram as
costas no dia da peleja. Não guardaram a aliança de Deus20, e recusaram andar
na sua Lei”. Infelizmente, esta Efraim/Israel ainda hoje se comporta de maneira a não
querer escutar a Lei de YHWH e muito menos a viver por ela.
O conselho de YHWH para o Seu povo, a Israel de Deus, permanece até que O
Messias venha de novo para então gravar a Sua Lei eterna no coração de todos.
Mesmo antes do Cristo vir, todos aqueles que abraçaram o concerto com YHWH
através do Seu Filho Yeshua têm já que ser a carta escrita de Cristo: 2.Coríntios 3:2-3
– “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por
todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo,
não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração [...onde Deus
sempre pretendeu que a Sua Lei estivesse escrita desde o princípio, e como o
fará no Reino Milenar de Cristo]”.
Até que O Cristo venha para reinar eternamente, permanece o chamamento de Deus:
Provérbios 4:1-7 – “Ouvi, filhos, a instrução do pai [YHWH], e estai atentos para
conhecerdes a prudência. Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha Lei.
Porque eu era filho tenro na companhia de meu pai, e único diante de minha
mãe. E ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras;
guarda os meus mandamentos, e vive. Adquire sabedoria, adquire inteligência,
e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não a abandones
e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá. A sabedoria [a Lei de YHWH] é a
coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possues na
aquisição de entendimento”.
Vamos agora analisar as passagens mais difíceis à luz das Sagradas Escrituras.
20
A mesma “aliança eterna” de que fala o profeta em Isaías 24:5 – “Na verdade a terra está
contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos,
e quebrado a aliança eterna”.
pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia tão contínua?
Persiste no engano, não quer voltar. Eu escutei e ouvi; não falam o que é recto,
ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se
desvia na sua carreira, como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.
Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou
e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não
conhece o juízo de YHWH. Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei de
YHWH está connosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos
escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que
rejeitaram a palavra de YHWH; que sabedoria, pois, têm eles?”
Eis que o erro se vem mantendo e até agravando através dos séculos, sem que os
homens se arrependam, tendo chegado até aos nossos dias sob a capa de uma
verdade misturada com o erro, precisamente a mais enganadora. A este respeito já
falámos dos chamados “pais da igreja” que estão na origem de muitas falsas
interpretações e adulterações da Palavra de YHWH – e.g. Marcion, que viveu no que
é hoje o território da Turquia e que rejeitou as Escrituras hebraicas e o Deus do Antigo
Testamento devido aos Seus julgamentos e à Sua estrita Lei (entenda-se também
como a “porta estreita” de que nos fala Yeshua) ou tudo o que lhe cheirasse a
“corrupções judaicas”, pois ele defendeu que a Lei se opunha à graça, ideia que
vingou até hoje e se mantém em muitos segmentos do cristianismo.
Sabendo que as suas palavras poderiam ser torcidas por muitos, Paulo esforça-se
nas suas cartas por demonstrar que a Lei de YHWH/Moisés permanecia como fonte
de verdade eterna e de modelo de vida em justiça para o que crê.
Mateus 5:17-19 – repetimos estas palavras de Cristo por serem tão claras e
esclarecedoras: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim ab-
rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido.
Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e
assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele,
porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”.
Como podemos acrescentar ou retirar alguma coisa a estas palavras? Será que Paulo
contraditou ou anulou as palavras Daquele que ele dizia servir e amar, Yeshua? De
maneira nenhuma, como era hábito ele expressar-se! Yeshua deixou-nos aqui um
aviso muito sério aos que dizem que a Sua Lei deixou de estar em vigor para a Israel
de Deus, que somos todos os que abraçaram o Concerto com o Pai através do Filho.
Lembremos ainda as palavras Dele em Mateus 13:41.
Há que compreender que os conceitos “graça de Deus” e “fé” não são exclusivos do
chamado Novo Testamento. Eles sempre existiram e estiveram presentes na vida dos
que serviam a Deus. Vejamos alguns exemplos muito claros e sua ligação entre os
ensinamentos do Antigo Testamento e do Concerto Renovado em Cristo:
O Senhor Yeshua na Sua vinda gloriosa restaurará todas as coisas, começando pelo
coração dos homens: 1.Coríntios 3:16-17; 6:16, 19-20; Efésios 2:21-22; 3:17;
Apocalipse 21:3. Através destas passagens somos ensinados que O Senhor habitará
com o homem (o homem regenerado e convertido à Sua vontade) porque as Suas
Leis estarão na mente e no coração dos homens. O chamado Novo Testamento
confirma tudo o que o Antigo já tinha ensinado. Tal como O Senhor habitava e falava
com Adão no Jardim do Éden antes deste desobedecer, assim será na eternidade. A
partir da desobediência de Adão o homem ficou separado do seu Criador. Mas, antes
da eternidade chegar, O Senhor reinará durante 1.000 anos para restaurar todas as
coisas que o governo de Satanás e dos homens perverteu. Porém, já hoje, os
convertidos devem viver no amor, na fé e na obediência à Lei de YHWH, porque a
Sua Palavra nos diz que somos o Templo de Deus. Ora no Templo de Deus (que
somos nós) não pode haver rebeldia porque senão continuaremos separados do amor
de Deus que está em Cristo Yeshua. Se a rebeldia permanecer em nós, não podemos
receber a presença do Espírito Santo e, por isso mesmo, não pode a graça de Deus
ser sobre nós derramada. É aqui, neste templo de santidade que nós, os crentes,
temos que adorar a Deus, andando na verdade, em obediência, fé e humildade.
Rendendo-Lhe contínuos sacrifícios através da nossa entrega, da oração, de um
coração contrito e de uma vida santificada: Salmos 51:16-17; João 4:21-24; Romanos
12:1; Hebreus 12:14; 13:15-16.
Mateus 15:11 – “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o
que sai da boca, isso é o que contamina o homem”.
Esta passagem tem sido usada por muitos para combater uma das partes integrantes
da Lei de YHWH/Moisés, a que respeita aos alimentos puros que YHWH preparou
para os fiéis e os que Ele aponta como impuros e que estão contidos em Levítico 11,
Ao lerem este trecho bíblico muitos crentes poderão ser levados a pensar que Yeshua
declarou todo o tipo de comida como bom para os filhos de Deus. Tal não pode ser o
caso, pois Yeshua disse-nos também que Ele não veio abolir a Lei e que dela não
cairia nem um jota ou um til sem que tudo fosse cumprido (Mateus 5:17-18). Para
além de que a Lei é eterna, santa, justa e boa, nada se lhe devendo acrescentar nem
retirar, como sabemos.
Neste texto Yeshua está a responder aos escribas e fariseus que acusavam os
discípulos de comerem pão sem lavarem as mãos, desrespeitando a tradição dos
anciãos (Mateus 15:2). O esclarecimento de Yeshua podemo-lo encontrar nos
versículos 16 a 20: “Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender?
Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é
lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o
homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que
contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem”.
Estas palavras de Cristo não invalidam a Lei em nada – os alimentos puros continuam
a ser aqueles que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade –
1.Timóteo 4:3.
Estas disposições da Lei tinham tal importância para os apóstolos, que Pedro diz-nos,
por palavras suas, após a visão de um grande vaso contendo animais imundos e da
ordem que recebera para os matar e comer (que sabemos ser uma alegoria a que ele
não considerasse imundos aqueles a quem, de entre os gentios, Deus tinha
santificado), o seguinte: “De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma
comum e imunda” – Actos 10:14; 11:5-16.
Lucas 16:16-17
21
Esta matéria está estudada com maior detalhe e publicada na Revista Compreender, nº. 22, de
2005, sob o título “A Lei de Deus e alimentação do crente”.
22
A palavra “duraram” não se encontra nos textos originais, tendo sido adicionada pelo tradutor para
“dar sentido à frase”, tal como ele a entendia. Porém, em vez de ajudar a compreender a passagem
veio alterar profundamente o verdadeiro sentido, sendo causa ainda de grande controvérsia nos dias
de hoje.
É comum ouvir alguns referirem o versículo 16 para afirmarem o conceito que a Lei de
YHWH terminou a sua validade em João (o Batista), dizendo “Não diz o Novo
Testamento que a Lei e os profetas duraram até Cristo?”. Ora, antes de mais, se
assim fosse, todas as palavras de Cristo a respeito do ensino da Lei ficariam sem
valor, uma vez que Cristo só iniciou o Seu ministério depois do batismo de João. E, o
que é mais curioso, é que estes se “agarram” somente ao versículo 16 deixando de
fora o que nos é dito no versículo 17.
Ora, o profeta João Batista era de tão grande humildade que ele próprio disse que
não era sequer digno de desatar as correias das alparcas que Cristo calçava, quanto
mais invalidar qualquer que fosse dos preceitos instituídos por YHWH. Vamos então
analisar melhor o que nos quis dizer Lucas no versículo 16.
Se estudarmos com mais atenção o que nos diz o versículo 16 verificamos que Lucas
nos diz que “a Lei e os profetas” eram as únicas fontes de referência até João, o
Batista. Depois dele, e através de Cristo e dos Seus apóstolos, começou a ser
anunciado o reino de YHWH, porque esse reino estava entre nós na pessoa do
Messias, O Ungido de YHWH. “A Lei e os profetas” eram as únicas Escrituras que
existiam até àquela data. Sabemos e já o demonstrámos que Cristo veio revelar à
humanidade o verdadeiro sentido e espírito da Lei, os quais se revelaram muito
diferentes do entendimento que os homens e os principais religiosos da época tinham
e ensinavam. Daí o choque entre Cristo e os fariseus e escribas. Cristo revelou e
magnificou a verdadeira Lei de YHWH enquanto os fariseus e escribas ensinavam os
preceitos dos homens que alteravam substancialmente a palavra e o espírito da Lei.
O Novo Testamento, tal como hoje o conhecemos, não foi integrado no canône bíblico
senão 150 a 200 anos depois do período apostólico. Para além disso, esta passagem
do livro de Lucas nunca poderia significar que a Lei tinha tido validade somente até
João Batista, uma vez que a ela são feitas mais 185 referências nos escritos do Novo
Testamento.
Lucas 22:19-20
“E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o
meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo
testamento no meu sangue, que é derramado por vós”.
Esta cerimónia ainda hoje é ensinada como sendo uma “novidade” introduzida por
Yeshua à cerimónia pascal que O Senhor mandou Israel celebrar por todas as
gerações desde a primeira vez que a celebrou nas horas que antecederam a sua
saída do Egipto. Porém, se analisarmos a Palavra de Deus veremos que não é bem
assim. Tal como o cordeiro que era sacrificado por ocasião da Páscoa hebraica e que
apontava para o Verdadeiro Cordeiro, Yeshua, Ele limitou-se a apontar os símbolos
que integravam a refeição, o pão e o vinho, como símbolos de Si próprio, o Seu corpo
e o Seu sangue respectivamente.
Mas, o que muitos parecem ignorar é que O Senhor Yeshua, como judeu que era,
limitou-se a cumprir os preceitos da Lei de Moisés que Ele próprio deu a Israel
enquanto Verbo Divino e que se encontram em Lucas 22:8 – “E mandou a Pedro e a
João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos”. Yeshua instruiu os
Seus discípulos para comerem “a Páscoa ordenada a Israel”. A refeição pascal que
inclui pão não levedado e vinho foi assim ordenada para sempre a Israel em Êxodo
12:2-24.
Porém, a ceia que Yeshua tomou com os Seus discípulos antes de padecer não era
ainda a Páscoa judaica (pois sendo Ele O Cordeiro de Deus ainda não tinha sido
morto), pois essa só era celebrada na noite seguinte, quando o cordeiro assado com
ervas amargas e morto na véspera estava pronto para ser consumido. Essa ceia
pascal em que se comia o cordeiro já era celebrada no dia 15 de Abib, i.e. no primeiro
dia da semana dos Pães Asmos, um dos Sábados anuais instituídos por YHWH. O
Cordeiro de Deus foi morto no Gólgota à mesma hora que os cordeiros eram
sacrificados no Templo para serem comidos na noite seguinte.
João 1:17
“Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus
Cristo”.
Alguns pensam que, de alguma forma, este versículo diminui Moisés e o papel que
Deus lhe confiou, mas tal não é o caso. Moisés foi um homem como qualquer de nós
e que, por isso mesmo, não pode ser comparado à manifestação da Divindade que
estava em Yeshua – A Palavra, O Verbo Divino que se fez carne e habitou entre nós.
João reconhece e engrandece também o papel de Moisés como servo do Deus
Altíssimo. Nem esta passagem diminui a importância da Lei como ensino do Eterno
Deus ao compará-la com a “graça” e a “verdade” que nos vieram através de Yeshua.
Yeshua veio “engrandecer”, “magnificar” a Lei do Pai, pois Ele era a própria Lei viva.
Ele veio dar-nos o verdadeiro sentido da Lei – o sentido com que Deus amou a Sua
criatura ao ponto de se entregar a Si Próprio para a salvar das garras do inimigo.
“Graça” e “Verdade” são atributos de Deus que nos são revelados por Yeshua mas
que foram, desde a criação da humanidade, um caminho único que Deus pretendeu
para o homem e que estiveram sempre expressos nos Seus preceitos. “Graça”,
“Verdade” e “Lei”: tudo provindo do Deus Único – a Fonte da própria Vida, como
expressão suprema do que Ele verdadeiramente É. Por isso Ele deseja que sejamos
santos como Ele É Santo.
Se Yeshua, como homem (Filho) foi um fiel cumpridor da Lei como poderíamos
entender que esta expressão, isolada, poderia, em si mesma, ditar a anulação do
Sábado ou de qualquer outro preceito da Lei? Só na cabeça de alguns que ainda
andam em trevas.
A atestar o que aqui fica dito, relacionemos esta passagem com as que estão em:
• João 5:45, onde Yeshua responde: “Não cuideis que eu vos hei de acusar para
com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais”
• Êxodo 20:8-11, 4º Mandamento da Lei eterna, referindo, precisamente, ao
único dia em que Deus descansou de toda a Sua criação, abençoando e
santificando aquele dia
• Analisemos a acção de Paulo em Actos 28:23 – “…e procurava persuadi-los à
fé em Jesus, tanto pela Lei de Moisés como pelos profetas…”
• O mesmo Paulo, de novo, em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé?
De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”
• Na realidade, os homens hão-de ser julgados pela “Lei perfeita da liberdade” a
qual nos foi proposta por Deus para que andemos por ela, a Sua vontade,
como nos diz em Tiago 1:25 – “Aquele, porém, que atenta bem para a Lei
perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas
fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” Ao homem foi
dado escolher entre dois caminhos: a vida (andando em obediência na Lei do
Senhor e vivendo na fé e esperança da vida eterna pelo sacrifício de Yeshua)
ou a morte (quando o homem escolhe os seus próprios caminhos e não quer
andar segundo a vontade de Deus – Deuteronómio 30;19; Provérbios 14:12 e
16:25)
• A mesmíssima Lei que há-de ser gravada no corações de todos os que viverem
debaixo do governo de Cristo durante o Milénio: Hebreus 8:10; 10:16-17;
Jeremias 31:33.
• Exactamente a mesma Lei que é o elo de ligação entre todos os povos, tribos,
nações e línguas que serviram (e servem) a Deus em sinceridade e obediência,
esperando a sua redenção para “o dia da eternidade”, como se pode ver em
Apocalipse 3:8; 12:17; 14:12
Actos 23:2-5
“Mas o Sumo-Sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele [Paulo]
que o ferissem na boca. Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede
branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a Lei, e contra a
Lei me mandas ferir? E os que ali estavam disseram: Injurias o Sumo-Sacerdote
de Deus? E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o Sumo-Sacerdote; porque
está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo”.
Este episódio na vida de Paulo é interessante porque nos revela o quanto Paulo
obedecia à Lei que se encontra escrita em Êxodo 22:28 – “A Deus não amaldiçoarás,
e o príncipe dentre o teu povo não maldirás”. Percebe-se assim a preocupação de
Paulo.
Romanos 2:12-13
“Porque todos os que sem Lei pecaram, sem Lei também perecerão; e todos os
que sob a Lei pecaram, pela Lei serão julgados. Porque os que ouvem a Lei não
são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”.
Os que ouvem mas não praticam a Lei de YHWH...não são justos!!! Ora, se não são
justos, isto é, se não andam no Caminho, não farão parte do reino de Deus. Se
ouvem a Lei e não a praticam nas suas vidas é porque a Lei de YHWH ainda não está
gravada nos seus corações. Lembremos aqui, uma vez mais, que os salvos serão os
que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12.
Lembremos ainda o que nos é dito acerca de Zacarias e sua mulher Isabel em Lucas
1:5-6, para compreendermos como o próprio Deus aceita e vê a justiça dos homens.
O próprio Senhor Yeshua, quando vier para reinar dirá a alguns: “Nunca vos conheci,
vós os que praticais a iniquidade”.
Romanos 3:20, 28
“Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da Lei, porque
pela Lei vem o conhecimento do pecado... Concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé sem as obras da Lei”.
Os comentários que se seguem devem ser cruzados com os que produzimos mais
adiante na explicação de Gálatas 2:15-16.
À primeira vista até podemos ser levados a pensar que Paulo se contradiz em relação
ao que acabou de dizer no versículo 13 (“os que praticam a Lei hão-de ser
justificados”). Mas, como já se encontra demonstrado em vários pontos deste
trabalho, Paulo manteve uma luta constante com os fariseus os quais defendiam as
“obras da Lei” segundo o ensino e tradição dos homens e como processo para a
salvação do homem, luta essa que também foi travada por Yeshua. Está dito mas
volta-se a repetir: não são as obras da Lei que salvam, mas sim o sangue de Cristo!
Mas, é pela fé e pela obediência que somos levados a executar a vontade de Deus
expressa nos Seus Mandamentos, Estatutos, Juízos e Testemunhos, na Torá. E,
como diz Tiago, se essa fé não tiver obras, essa fé é morta.
13, aceitando que a graça (perdão imerecido ou misericórdia de Deus) nos há-de
conduzir a Cristo e à Sua salvação.
Esta é uma questão que não pode estar em dúvida nos nossos corações. A Igreja de
Roma ensina os seus fiéis que são as boas obras que salvam, quando a Palavra de
Deus nos ensina que somente pelas suas obras nenhum homem se salvaria.
Pergunta-se: as obras que O Messias praticou não foram realizadas segundo a Lei?
Claro que o foram, pois se Ele não cumprisse tudo o que Dele estava escrito não
poderia ser O Messias, O Salvador da humanidade há muito aguardado e profetizado.
Mas não o foram “debaixo da Lei”, porque Yeshua não tinha pecado; logo não estava
“debaixo da Lei”. Como judeu que era, não cumpriu Ele a Lei? Claro que sim! E Ele é
o nosso exemplo em tudo para que andemos como Ele andou, em obediência ao Pai.
Ele andou na “Lei perfeita da liberdade”, possibilitando que nos libertássemos do
pecado. Ora a Lei só pode condenar aqueles que quiserem permanecer no pecado,
na desobediência, na iniquidade (transgressão da Lei de YHWH/Moisés).
Isto é indisputável. A obediência vem pelo amor com que Deus nos amou e pela fé
que Ele nos transmite nas Suas palavras. As (boas) obras terão que ser as obras da
fé, do amor e da justiça se tão somente reconhecermos que temos uma dívida eterna
para com Aquele que nos amou e nos perdoou através de Yeshua e do sangue que
Ele derramou por todos os que se Lhe querem entregar, em obediência, como
criaturas renascidas na verdade de Deus.
Ao citarmos a passagem que está em Tiago 2:10 acima reproduzida não queremos
deixar de realçar que a mesma não deve ser usada, como alguns o fazem, para
dizermos: “como vemos é impossível guardar toda a Lei”. Esta passagem deve ser
lida no contexto em que Tiago a escreveu, i.e. lendo desde o verso 1 ao 10, para
então podermos compreender que o apóstolo nos está a falar daqueles que erram ao
fazerem acepção de pessoas, dando mais consideração a uns que a outros, quando,
na realidade, todos somos parte do mesmo edifício que é a Israel de Deus.
pronuncia as palavras que estão em Tiago 2:10. Mais uma razão para
compreendermos que necessitamos do nosso Salvador Yeshua como Advogado junto
do Pai, pois, por vezes, ainda “tropeçamos” nalgum mandamento do Senhor. O
próprio Sumo-Sacerdote também tinha que fazer sacrifícios no Templo pelos seus
próprios pecados, apesar de conhecer a Torá como ninguém e ser ungido por YHWH
para desempenhar esse cargo.
Um dos grandes exemplos que nos permite entender o contexto das palavras do
apóstolo em Tiago 2:1-10 é o que podemos extrair da conversação entre Yeshua e o
homem que se queria salvar e que dizia que guardava todos os mandamentos desde
a sua juventude. É quando Yeshua lhe diz para ele vender todos os seus bens (e ele
era rico) e distribui-los pelos pobres que podemos compreender que,
verdadeiramente, este homem não estava a cumprir a Torá, no que ela tem de
espiritual, pois ele estava a negligenciar o seu semelhante mais pobre – Lucas 18:18-
25.
A Torá, no seu todo, é espiritual como nos ensina também Paulo. Ela selou o
Concerto entre YHWH e Israel. Por isso, por vezes, violamos este Concerto quando,
segundo as palavras de Tiago, fazemos acepção de pessoas, elevando umas e
rebaixando outras. A Palavra de Deus ensina-nos que Ele não faz acepção de
pessoas, mas olha para os corações dos homens. Yeshua vai mais longe neste
preceito quando diz para amarmos até os nossos inimigos, pois este é o Espírito da
Lei de YHWH: Lucas 6:32-36; João 13:35.
O que nos resta então? Resta-nos Cristo e a fé nas Suas palavras (essa sim que
salva e que, por sua vez, nos leva às obras da fé, às obras de justiça, às obras da Lei
– Isaías 8:16, 20; Efésios 2:8; João 15:5; Tiago 2:17, 21, 24; Apocalipse 14:12); resta-
nos a graça e o perdão de Deus pela aceitação do sacrifício do Seu Filho como acto
redentor das nossas almas (a justificação pelo Seu sangue redentor), que nos vêm
através Dele!!! Sem Yeshua, O Messias, nada podemos fazer, como Ele nos diz em
João 15:5.
Mas, vamos equacionar várias perguntas que nos ajudarão a raciocinar e a tirar as
conclusões correctas:
• Sendo salvos pela graça e pela fé, deveremos guardar a Lei depois de
estarmos salvos pelo batismo do arrependimento e da fé? Claro que sim. Se os
nossos pecados passados nos são perdoados no acto do batismo do
arrependimento, voltaremos conscientemente a pecar, a desobedecer? A
resposta vem mais abaixo em Romanos 3:31.
• Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes
estabelecemos a Lei”. Será que Paulo se contradiz a si próprio? Não! Como ele
diz: “De maneira nenhuma...antes estabelecemos a Lei”.
• Ele volta ainda a perguntar: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado,
para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o
pecado, como viveremos ainda nele?” – Romanos 6:1-2. Ora, como sabemos,
é a Lei que nos revela o pecado.
• Ou, ainda, Romanos 6:14-15 – “Porque o pecado não terá domínio sobre vós,
pois não estais debaixo da Lei [porque já morremos para o pecado], mas
debaixo da graça. Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei,
mas debaixo da graça? De modo nenhum”. O mesmo nos é dito por Paulo por
outras palavras em Romanos 7:4 – “Assim, meus irmãos, também vós estais
mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que
ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. E o “dar
fruto” tem muito que se lhe diga, pois “dar fruto” é revelar a nossa fé através
das boas obras em que a Lei expressa a vontade do Eterno. Também sabemos
que pecado é iniquidade, é transgressão da Lei e os iníquos não herdarão o
reino dos céus. O problema não está na Lei, mas sim no homem, cuja carne é
inclinação para o mal e para a manifestação do seu “eu”. Paulo viu que a Lei é
santa, e o mandamento santo, justo e bom – Romanos 7:12!
Vejamos mais passagens no chamado Novo Testamento que nos revelam que, como
santos, temos necessidade de produzir “obras dignas de arrependimento” – Actos
26:20:
O pior que pode acontecer aos gentios convertidos é olharem somente para o ensino
que lhes advem do estudo do chamado Novo Testamento ignorando que todo este
ensino vem confirmar o que se encontra no Antigo, a Lei, os profetas e os Salmos.
Ficam desenquadrados do pensamento hebraico que vem detrás, sendo, por vezes,
presa fácil de alguns que dizem que a Lei “foi pregada na cruz por Cristo”. Por isso,
quando lêem os Evangelhos são facilmente confundidos, pois tanto Cristo como Paulo
e os restantes apóstolos falam do que vem detrás, pois essa era a Bíblia que existia
no seu tempo, a qual não foi abolida. Se queremos andar como Yeshua andou e ter a
mente de Cristo, então devemos aplicar o nosso coração a conhecer a “instrução”, o
“ensino” de YHWH, que é a Sua Lei eterna. Senão, vejamos o que nos é ensinado
sobre a forma como Yeshua andou:
Assim, toda a doutrina que hoje é ensinada tem que ser estudada (filtrada) à luz do
ensinamento da Torá dada a Israel.
Paulo demonstra, de seguida, que tal não passava de uma calúnia que alguns lhe
moviam. Para tal, ele próprio fez ali um voto de nazireu (Números 6:13-21), tendo ido
ao Templo, conforme à Lei, oferecer sacrifícios ao Senhor (Actos 21:22-27),
declarando, ainda, que ele mesmo era cumpridor da Lei de YHWH/Moisés (Actos
21:24), dando testemunho disso mesmo através de “obras da Lei”:
O respeito que Paulo tinha pela Lei de YHWH/Moisés pode ser ainda avaliado através
de alguns excertos das suas palavras:
• “Mas ele, em sua defesa, disse: Eu não pequei em coisa alguma contra a Lei
dos judeus, nem contra o templo, nem contra César”. – Actos 25:8
• “Homens irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos
paternos” – Actos 28:17
• “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. – Romanos 7:12
• “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a
Lei”. – Romanos 3:31. Aqui Paulo diz-nos que a fé em Yeshua não anula a Lei,
o que é coerente, pois Yeshua que é a Palavra, é a própria Lei viva que Ele
magnificou através do seu ensino e do seu modo de vida como judeu.
De tudo o que já aqui foi dito podemos concluir que para serem aceites aos olhos de
Deus, as “obras da Lei” terão que ser as obras de um espírito entregue ao Senhor em
amor, fé e obediência; terão que ser obras da fé, aquelas que são feitas por um
coração humilde e temente a Deus, tal como Cristo foi: Miquéias 6:8 – “Ele te
declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que O Senhor requer de ti, senão que
pratiques a justiça [obediência à Lei], e ames a benevolência, e andes humildemente
com o teu Deus?”. “A um coração contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmo 51:17.
O contrário destas, são as obras que não são aceites pelO Senhor, pois:
Romanos 4:5
“Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a
graça, mas segundo a dívida”.
Esta passagem tem que ser lida no contexto em que a mesma foi escrita, pois senão
pareceria que Deus justifica os que não trabalham na Sua seara, o que seria
contradizer as próprias Escrituras. Que quer então Paulo dizer-nos?
Em Génesis 15:6 diz que Abraão creu nO Senhor e foi-lhe isso imputado por justiça.
Vemos que Abraão creu, pela fé, nas palavras de YHWH. Mas em Génesis 26:5 diz
que YHWH deu promessa a Abraão porque este “obedeceu à minha voz, e guardou o
meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”. O salário é
pois devido ao que trabalha e não ao que não trabalha, ao que obedece e não ao
desobediente. Ora Abraão recebeu o favor de Deus não porque tivesse trabalhado
mas porque creu. Voltamos a ler a passagem, desta vez no seu contexto: Romanos
4:3-5 – “Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado
como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão
segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê
naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
Para melhor entendermos estas palavras vamos ler também o que está em Tiago
2:17-24 – “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá
alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e
eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes
bem. Também os demónios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu
saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi
justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês
que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E
cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como
justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas
obras, e não somente pela fé”.
Romanos 5:19-20
Importa começar por enquadrar esta passagem de grande significado, escrita na carta
aos Romanos, pois é a partir destas palavras que muitos “constroem” toda uma
doutrina contra a Lei, como se Paulo pretendesse contradizer a Cristo e pretendesse
dizer que a Lei foi anulada porque a graça superabundou. Tal não pode ser assim
entendido pois Paulo nada ensinou contra a Lei ou contra os ensinamentos de
Yeshua. A ofensa só pode abundar naqueles que rejeitam a Lei. Mas, aos que se
arrependem, a graça de Deus superabunda para cobrir o pecado, ou seja, a nossa
transgressão da Lei. Porém, tal só pode acontecer quando existe arrependimento
sincero.
Reparemos ainda no que nos é dito em Hebreus 12:8 – “Mas, se estais sem disciplina
[i.e. sem Lei], da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não
filhos”. Dúvidas?
O grande problema do homem é dar este salto: da carne para o Espírito (nascer de
novo); da morte para a vida, que é Cristo. É o que Paulo diz acerca de si próprio,
quando ainda em determinada fase da sua vida ainda considerava que estava na
carne e não no Espírito: Romanos 7:9 – “E eu, nalgum tempo, vivia sem Lei, mas,
vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri [ele morreu para o pecado]”. Ele
complementa esta ideia falando (reparemos que ele fala no passado) daqueles que
também se converteram a Cristo Romanos 6:17-18 – “Mas graças a Deus que, tendo
sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça [da Lei de YHWH]”.
Isto é, deixaram a carne e as suas concupiscências e passaram a viver no Espírito
vivificador de Deus.
Este conceito de “nascer de novo” é também explicado a Nicodemos por Yeshua, que
chega a perguntar-lhe: João 3:7-10 – “...Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”
Vemos assim que a Lei serve várias funções e objectivos: i) serve de aio para nos
conduzir ao Messias e, ii) serve para nos revelar o pecado. Tal como aconteceu aos
exemplos de fé dos antigos que nos são relatados em Hebreus 11, ao lermos também
os escritos de Paulo em todo o capítulo 4 de Romanos constatamos que Paulo se
esforça por ensinar que os antigos também foram salvos pela fé, tal como nós hoje
(Habacuque 2:4). Haverá pois alguma diferença entre o crente que viveu nos tempos
antes da primeira vinda de Cristo (mas que já esperavam a Sua salvação por Aquele
que haveria de vir) e aqueles que vivem nos tempos presentes? Não! Todos estes
vivem pela fé, pelo amor a Deus, debaixo da Sua graça e em obediência aos Seus
estatutos, juízos, testemunhos e mandamentos.
Romanos 6:14
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei
[porque já morremos para o pecado], mas debaixo da graça”.
Mais uma vez temos que analisar o contexto destas palavras, pois se o não fizermos
poderemos estar a tirar conclusões erradas.
Paulo diz-nos que se vivermos pelo Espírito, i.e. nO Senhor Yeshua, então,
seguramente, não precisamos da Lei porque estaremos a cumprir a Lei como Ele a
cumpriu. Convém que cada um, no seu íntimo, reconheça que só após se ter
Se vivermos a nossa vida com a vontade de Deus gravada nos nossos corações –
Jeremias 31:33, então teremos realmente nascido de novo. Teremos a força do
Espírito Santo connosco e só então seremos capazes de vencer o pecado.
Conseguiremos então viver de “toda a palavra que sai da boca de Deus”. Lembremos
isto: “os Seus mandamentos não são pesados”.
Mas, como definiremos então o conceito “debaixo da Lei”? Sabendo o que significa o
texto original: “hupo nomon”. Será que “debaixo da Lei” é indicativo de que é
necessário cumprir algum legalismo da Lei ou antes significa que está sujeito às
maldições e à condenação eterna que a própria Lei contém se não formos humildes e
obedientes aos preceitos de Deus? Lembremos as palavras de Deus no Capítulo 30
de Deuteronómio (a benção e a maldição).
Vamos dar ênfase ao contexto do versículo seguinte – Romanos 6:15: “Pois quê?
Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo
nenhum”. Neste contexto não podemos concluir que o termo “debaixo da Lei”
represente a própria Lei de YHWH/Moisés, mas antes a penalidade que nos seria
aplicada (a morte eterna), entretanto expiada por Yeshua no Calvário. Se morrermos
em Cristo estamos mortos para o pecado, por isso faz todo o sentido o ensino de
Romanos 7:4 – “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo
de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim
de que demos fruto para Deus”.
• Para a parte que ensina a amar a Deus sobre todas as coisas, de coração?
• Para a parte que ensina que devemos amar o próximo como a nós mesmos?
• Para a parte que fala do trabalho redentor de Yeshua?
• Para as partes que nos ensinam que a Lei é espiritual e eterna, e o
mandamento, santo, justo e bom como nos diz Paulo? (Tiago 2:8 chama-lhe “a
Lei real”, porque esta é a Lei do Rei Eterno!)
• Para o ensino que nos diz que guardar os mandamentos de Deus é dever de
todo o homem – Eclesiastes 12:13?
• Para as partes em que David enaltece a Lei em todo o Salmo 119, em como a
devemos guardar no nosso coração? Ou regozijarmo-nos nela? Ou meditar
nela de dia e de noite? Ou esperarmos na Sua Palavra? Ou que lhe devemos
Tenhamos pois muito cuidado com o ensino daqueles que são falsos ensinadores e
nos querem afastar dos “caminhos da verdade” – Salmos 51:13. Estes são “os
caminhos da eternidade”: Lembremos o cântico dos remidos do Senhor YHWH, já no
Reino: Apocalipse 15:3 – “E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o
cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor
Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos [a Tua Lei], ó Rei
dos santos”, o que concorda em absoluto com a passagem que está em Apocalipse
14:12.
Romanos 6:23
Aqueles que estão “debaixo da Lei” ainda não nasceram de novo, estando por isso
sujeitos à maldição e à condenação previstas na Lei, em oposição aos que “estão
debaixo da graça” e se regeneraram espiritualmente em Cristo, o que implica procurar
andar como Ele andou, em obediência a todos os preceitos que YHWH nos dá na Sua
Lei. Se Ele como homem o fez, nós como renascidos pelo Seu Espírito Santo
devemos procurar servir a Deus da mesma maneira, em humildade, amor, fé e
obediência.
Romanos 7:4
“Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de
Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a
fim de que demos fruto para Deus”.
Para que lei é que o cristão está morto, senão para a lei da carne, a lei do pecado? A
partir do momento em que somos “de outro”, i.e. de Cristo, então estamos mortos
para a Lei porque já não vivemos pecando. A este respeito quais foram as palavras
de Paulo? “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em
mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me
amou, e se entregou a si mesmo por mim” – Gálatas 2:20.
Esta distinção é feita entre o “viver na carne e nas suas paixões” que conduzem à
morte, e o viver no Espírito Santo de Deus que conduz à vida eterna. A Lei é
espiritual – Romanos 7:14a. Por isso os filhos de Deus têm que ser também
espirituais, abandonando o pecado e a servidão da carne. Devem viver como Paulo
ensinou: “mortos para o pecado” e “estar crucificados com Cristo” – Gálatas 2:20. Se
não adquirirmos a “natureza divina” não podemos estar mortos para o pecado. Sem a
ajuda de Cristo não conseguiremos viver como Ele viveu, em obediência à vontade do
Pai, expressa na Sua Lei! Se O amamos, amamos também os Seus Mandamentos e
vivemos por eles, tal como Yeshua viveu em unidade com o Pai (echad) – João 14:15;
15:10. Em 1.João 2:17 é-nos dito que “o mundo passa e a sua concupiscência, mas
aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”, e, como sabemos, fazer
a vontade Deus é andar segundo a Sua Lei eterna!
Passaremos então a viver com a Lei da liberdade no nosso coração, a Lei do amor,
da fé, da obediência. Liberdade de quê? Liberdade do pecado que está na carne pois
passamos a ser espirituais e não carnais, colocando sempre a vontade de YHWH à
frente de tudo nas nossas vidas. Esta é a mesma Lei a que Yeshua e os apóstolos
obedeceram de coração, andando em obediência, em graça e em amor perante o Pai.
O chamado cristianismo dos nossos dias vê a obediência à Lei como uma maldição,
enquanto a própria Lei diz que a maldição é para os que desobedecem à vontade de
YHWH. Diz-nos Yeshua que o homem viverá “de toda a palavra que sai da boca de
Deus” e não só de pão. Seja Deus sempre verdadeiro: Romanos 3:3-4 – “Pois quê?
Se alguns foram incrédulos [parte de Israel], a sua incredulidade aniquilará a
Deuteronómio 28:15
Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz de YHWH teu Deus, para
não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus
estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas
maldições, e te alcançarão.
Pensar que devemos estar mortos para a Lei eterna de Deus é um erro, pois
estaríamos a contradizer as palavras de Cristo que estão em Mateus 5:17-19, bem
como a advertência de Paulo contida em Romanos 3:31. Na realidade, não podemos
estar mortos para a vontade de Deus, para os Seus preceitos e princípios éticos e
morais dados para todo o ser humano, mas sim mortos para o pecado, para a
desobediência.
Ora os que advogam que devemos estar mortos para a Lei enganam-se, pois querem
fazer-nos crer que a Lei no seu todo é uma “servidão”, o que não é o caso como já
vimos; antes é a “Lei da liberdade”. O que a Lei de YHWH/Moisés sempre pretendeu
foi separar para YHWH um povo santo, separado do resto do mundo, do mundo do
pecado. O que Paulo aqui afirma é que o pecado assume um ascendente sobre os
descrentes através da sua desobediência à Lei e que, se nos tivermos regenerado,
nascido de novo por Cristo, então estamos libertos do pecado, que é a transgressão
da Lei. Quando Paulo nos diz “tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos”,
significa que nos libertámos do pecado (da lei da carne) que nos trazia a condenação
eterna pela separação de Deus. Esta libertação só foi possível pelo sacrifício de
Yeshua e pela Sua ressurreição (o que veio confirmar as Suas promessas).
Mas, após a conversão fomos libertados das penalidades que o pecado acarreta, pois
Ele levou sobre Si as nossas iniquidades...lembram-se ? (Isaías 53:4, 12)
Paulo completa a sua admoestação pela passagem que está em Romanos 7:7a: “Que
diremos pois? É a Lei pecado? De modo nenhum”. Quando o mesmo Paulo nos diz
em Gálatas 3:13a: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por
nós”, está-nos também a dizer que Cristo nos libertou “da maldição”, isto é, “das
penalidades que a desobediência à Lei acarretam”, isto é, “da morte eterna”. Ele
libertou-nos da sentença de morte que pendia sobre as nossas cabeças como
transgressores, como iníquos. Porque Ele cobriu os nossos pecados através do Seu
sangue, já não seremos entregues à destruição no lago de fogo que é a segunda
morte. Porém, apesar dos nossos pecados terem sido cobertos por Cristo, não vamos
desobedecer à Lei que nos foi entregue pelo nosso Pai celestial, a mesma Lei eterna,
justa e boa que prevalecerá durante o reinado de Cristo, no Milénio.
Não podemos “ter morrido para a Lei”, nem para as verdades eternas que
estabelecem a Sua justiça, os Seus princípios morais, a Sua graça e o Seu amor.
Morremos sim para o pecado, para cumprirmos a Lei tal como Yeshua fez, tal como
nos dizem as Escrituras em 1.João 2:4-6: “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não
guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer
que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado;
nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve
andar como ele andou”. O que diz que honra espiritualmente a Lei mas não a põe em
prática na sua vida, é mentiroso. Ou será que ainda estamos mortos para as verdades
de YHWH?
Quando Paulo escreve que “fomos libertados da Lei” estará ele a dar indicações aos
fiéis que estão livres para a transgredir? De maneira nenhuma! Porque se dessemos
esta interpretação às palavras de Paulo estaríamos a dizer que poderíamos mentir,
roubar, adulterar, maldizer, adorar outros deuses, celebrar a YHWH fora das datas
solenes que Ele mesmo escolheu, ou comer coisas imundas, etc., etc. Por isso
devemos entender este ensinamento de Paulo como estando libertos das penalidades
que antes caíam sobre nós, porque nos entregámos a Cristo e porque Ele expiou os
nossos pecados no Calvário através do Seu sangue. Devemos então voltar a ler a
passagem completa que está em Romanos 7:1-7 não procurando interpretar um
versículo fora do seu contexto. Compreendamos logo desde o versículo 1: “Não
sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a Lei), que a Lei tem domínio sobre
o homem por todo o tempo que vive?” Serão necessários mais esclarecimentos?
Não pretendamos pois interpretar as palavras de Paulo fora do contexto ou até torcer
as suas palavras, como muitos fazem para sua própria perdição, como forma de
“invalidar” a eterna Lei de YHWH.
Lembremos a passagem que está em Apocalipse 21:8: “Mas, quanto aos tímidos, e
aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos
feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde
com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”. Por viverem em iniquidade, a estes
está-lhes reservada a penalidade prevista na Lei – a morte eterna. Esta revelação de
Yeshua confirma em absoluto as palavras inspiradas que estão no Salmo 119:142: “A
tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Lei é a verdade”.
Eclesiastes 3:14 diz-nos: “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente [o
mesmo se deve dizer da Sua Lei]; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve
tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele”.
Agora uma questão muito importante: será que “o amor” e “a graça” só vieram com
Cristo? A resposta é “não”, pois esse amor e essa graça foram sempre características
do Deus Eterno. O amor e a graça estavam presentes desde a fundação do mundo
quando o Cordeiro de Deus foi morto – Apocalipse 13:8: “...do Cordeiro que foi morto
desde a fundação do mundo”. Estavam também presentes quando o povo de Israel foi
libertado do Egipto ou até quando o Eterno deu a Sua Lei a Israel. O amor, a graça e
a misericórdia também estiveram presentes quando YHWH fez as Suas promessas
aos patriarcas de Israel.
• P.: Será que O Cristo veio abolir a Lei de YHWH/Moisés, i.e. “cravou a Lei
na cruz”?
R.: a) Não, a Lei de YHWH/Moisés foi integralmente cumprida por Yeshua,
como judeu que era; se esta obediência não fosse revelada na Sua vida,
Ele não poderia ser o Messias, O Ungido de Deus; além disso, Ele
declarou textualmente que “nem um jota ou um till se omitiriam da Lei
sem que tudo fosse cumprido”. Disse ainda mais, aquele que cumprir a
Lei e assim ensinar, será chamado grande no reino dos céus – Mateus
5:17-19.
b) Porém, afirmamos também que, como Sumo-Sacerdote da Ordem de
Melquisideque, Ele veio interromper a Lei do sacrifício de animais e da
oferta de manjares (até porque o Templo foi destruído uma geração
depois Dele cumprir a Sua missão), assim como interrompeu o
sacerdócio levítico, por um melhor e eterno sacerdócio – o Seu,
(Hebreus 7:11-12, 19, 21, 24-28).
• P.: Ao convertermo-nos a Cristo ficamos livres da Lei ou das suas
penalidades (morte eterna)?
R.: Somente ficamos livres das suas penalidades se, com sinceridade,
nascermos como novas criaturas e andarmos em novidade de vida; Ele
assegura-nos que, nessa condição, passámos da morte para a vida (que
é Cristo) – João 5:24…”ainda que esteja morto, viverá”.
Romanos 7:5-13
“Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela
Lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora
temos sido libertados da Lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos
retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.
Que diremos pois? É a Lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o
pecado senão pela Lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a Lei
não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a Lei
estava morto o pecado. E eu, nalgum tempo, vivia sem Lei, mas, vindo o
mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que era para vida,
achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, me enganou, e por ele me matou. E assim a Lei é santa, e o
mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo
nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte
pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente
maligno”.
a) Vers. 5:
• P.: Quando é que no homem se suscitam paixões pecaminosas, que são
identificadas pela Lei como pecado? R.: Quando este está na carne, i.e.
quando ainda não se converteu a Cristo e, por isso mesmo, ainda não está
circuncidado de coração e regenerado pelo sangue de Yeshua; nestas
condições a sua salvação torna-se difícil.
• P.: O que leva o homem a produzir frutos para a morte? R.: As paixões
pecaminosas, não a Lei! A Lei limita-se a apontar o pecado.
• P.: Como actua a Lei na vida dos que andam na carne quando são
confrontados com os preceitos de YHWH expressos na Lei? R.: A Lei
mostra-nos o nosso pecado e, ao mesmo tempo, aponta-nos o caminho da
vida e da obediência.
b) Vers. 6:
• P.: Este versículo diz somente que a razão pela qual fomos “libertados da
Lei” (dos pecados da carne em que estavam os nossos membros) é porque
c) Vers. 8:
• P.: O que é que produz em nós desejos maus, o pecado ou a Lei? R.: Esta
é a prova que é pecado que gera desejos maus em nós e não a Lei (tal
como dissemos acima)
• P.: De que forma é que o pecado gera desejos maus numa pessoa que não
nasceu de novo (i.e. que está na carne)? Será através da Lei? R.: Embora a
Lei revele o que é pecado, é a desobediência da carne que gera o próprio
pecado; é o facto dessa pessoa permanecer na carne que a leva para os
frutos da carne, contrariando a Lei que é espiritual. Ora os frutos do pecado
geram a morte (eterna).
• P.: Qual é a relação básica que se estabelece entre a Lei e o pecado? R.: O
pecado torna-se visível ou evidencia-se na sua máxima manifestação
quando a Lei de YHWH está presente, i.e. quando a Lei revela o pecado,
pois se não houvesse LEI não se poderia apontar o pecado pois não
haveria transgressão.
d) Vers. 9:
• P.: Quando e em que circunstâncias é que a Lei produz o efeito de reavivar
o pecado na pessoa? R.: Quando uma pessoa não convertida tenta
obedecer à Lei. Devemos lembrar-nos que a Lei de YHWH era “a Lei da
terra”. Ela encerra em si todos os aspectos da vida de qualquer filho de
Israel. Ele era ensinado na Lei desde a sua meninice. Sabemos que tanto
os santos que viveram antes de Cristo como os que viveram e vivem depois
da Sua primeira vinda tiveram que se regenerar pelo Espírito. Não esperava
Yeshua que Nicodemos soubesse que lhe era necessário nascer de novo,
da água e do Espírito?
• P.: Quais são as consequências do vivermos na carne, no pecado? R.: A
morte eterna.
e) Vers. 10:
• Ao retirarmos este versículo do seu contexto poderíamos promover a ideia
que “a Lei trouxe a morte” aos que a aplicam na sua vida. Se seguíssemos
este raciocínio poderíamos também dizer que Yeshua nos veio isentar da
Lei porque ela traz a morte aos que a seguirem. Nada de mais errado.
Porém, sabemos que não é a Lei que nos traz a morte mas a morte vem
como resultado da penalidade, da sentença que recairá sobre todos os
desobedientes, e a penalidade é a morte (eterna). A morte eterna é
consequência do pecado e não da Lei, como nos diz em Romanos 5:12;
6:23.
• P.: Qual é um dos grandes propósitos da Lei? R.: Trazer vida aos que
guardam os mandamentos de YHWH. Isto é o que todo o Livro de
Deuteronómio nos ensina. Não podemos ler este livro da Lei e deixar de
chegar à conclusão que os preceitos nele contidos implicam obediência
para termos vida; a obediência origina as bençãos de Deus. A obediência é
o veículo para alcançarmos vida abundante, não a servidão. De onde é que
podemos concluir que o servirmos a YHWH através da Sua Lei é servidão?
Não da Lei! Lembremos que Cristo (a Lei em Si mesmo) andou em
obediência a todos os preceitos de Seu Pai e disse-nos que não a veio
abolir! Foi ainda mais além quando disse que aquele que violar um dos
mais pequenos mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o
menor no reino dos céus...
• P.: Que outro efeito pode ter o mandamento? R.: Morte. Tal como já foi
antes explicado, a Lei não causa directamente a morte, mas revela a
penalidade, a condenação. O que causa a morte é a desobediência, a
rebeldia e a consumação do pecado. O pecado torna-se visível porque a Lei
o revela. Só nessa perspectiva é que podemos dizer que a Lei “causa” a
morte, pois o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23a). Mas, muito
mais importante é retermos que a Lei pode produzir vida (naqueles que
através do arrependimento e regeneração foram separados do pecado), ao
mesmo tempo que produz morte nos outros, naqueles que preferem
continuar a viver como escravos do pecado. Nestas passagens Paulo vem
dizer-nos que qualquer ser humano se relaciona com a Lei de duas
maneiras possíveis, dependendo de estar ou não separado do pecado.
Apesar de todas estas explicações que não deverão ter deixado qualquer
margem para dúvidas sobre a necessidade da Lei de YHWH no nosso coração
e na nossa vida, resta ainda uma pergunta: “como podemos harmonizar o texto
de Romanos 7:10 (“E o mandamento que era para vida, achei eu que me era
para morte”) com o ensino de Romanos 5:12 e 6:23, (“porque o salário do
pecado é a morte...”), sabendo que Paulo e a Bíblia não se contradizem? A
resposta é fácil se, uma vez mais, levarmos em conta o contexto de Romanos
7:10, pois o contexto diz-nos que a causa da morte é o pecado:
f) Vers. 11:
• P.: Será que o pecado actua sózinho causando a morte? R.: Não, ele é
contraposto com a Lei, pois é a Lei que revela e condena o pecado. E é o
pecado que traz consigo a morte.
• P.: O que leva a pessoa ao engano e à morte? R.: O pecado consumado,
sem arrependimento (Satanás induz a pessoa para cometer pecado, para
ser desobediente. Mas tal só depende da própria pessoa ouvir o enganador
ou ouvir a Deus).
g) Vers. 12:
• P.: Dado que a Lei pode potenciar o pecado nos que andam na carne e não
querem nascer de novo para Cristo, porventura está ela defeituosa para os
outros, i.e. para os crentes, para aqueles que já morreram em Cristo? R.: É
evidente que não. A Lei é santa. A obediência em amor a cada
mandamento separa-nos da carne e, por isso mesmo, santifica-nos,
conduz-nos para uma vida em Cristo. Cada mandamento é justo. Todo o
mandamento é bom, como Paulo ensina. Paulo não poderia ser mais claro.
Sim, na realidade cada mandamento atinge o propósito específico de nos
revelar onde está o pecado, mantendo a sua utilidade como padrão da
justiça de Deus. No vers.14 Paulo diz-nos que a Lei é espiritual (pois ela
emanou de YHWH). Sendo assim, ela é eterna, justa e boa para todos os
homens em todos os tempos. A Lei de YHWH não é somente para os
judeus, porque ela existe antes de YHWH ter chamado a Abraão, pois este
já a conhecia e andava nos caminhos do Senhor.
• Sendo espiritual, a Lei não pode ser uma entidade de forma carnal, nem ser
aplicada nas nossas vidas de forma legalista para alcançarmos favor do
Senhor. Ela tem que estar gravada no nosso coração e comandar
instintivamente todos os actos da nossa vida, revelando o amor com que
Deus nos amou através do sacrifício de Yeshua. Ela não pode servir para
outros fins para os quais não foi instituída – 1.Timóteo 1:8.
h) Vers. 13:
• P.: O que é que produz a morte? R.: O pecado, que encontra a sua máxima
expressão quando é identificado em presença da Lei. A Lei aponta-o ao
homem para que este se liberte dele e da morte.
Em conclusão podemos dizer que Paulo descreve-nos como a Lei funciona numa
pessoa que não está convertida e que ainda vive na escravidão do pecado, porque o
seu “velho homem” ainda está bastante presente e “aberto” a cometer pecado. Paulo
aborda estas questões ao longo dos capítulos 5 a 8 de Romanos. Podemos também
analisar outras passagens relacionadas com o “velho homem” que não se converte
em: Romanos 6:4-8.
Assim, a Lei gera vida na pessoa que se chega a YHWH e que não mais quer viver no
pecado, na carne, mas sim no Espírito. Para estes, a Lei de YHWH passa a estar
gravada nos seus corações e torna-se um código de conduta para as suas vidas
(Romanos 7:7, 10, 12-14, 16, 22), tal como acontecerá durante o Milénio em que O
Rei Eterno gravará todos os Seus preceitos no coração dos Seus filhos...para sempre.
De resto, Satanás não estará presente nesse período para continuar a perturbar e
confundir os filhos de Deus. As cartas de Paulo evidenciam a nossa morte para o
pecado em Romanos 6:2, 6-7, 11, 14, 17-18, 20, 22; 7:6; 8:3, bem como a nossa
ressurreição para andarmos em novidade de vida em Romanos 6:4-5, 8, 11, 13; 8:2,
10.
Tomai alento e ficai esclarecidos: nestes últimos dias O Senhor YHWH está a
restaurar a verdade da Sua Lei para que não andemos mais em ingorância ou para
que não sejamos mais levados em redor por todo o vento de doutrina.
“E, se faço o que não quero, consinto com a Lei [de YHWH], que é boa... Porque,
segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo nos meus
membros outra Lei [a Lei da carne], que batalha contra a Lei do meu
entendimento [a de YHWH], e me prende debaixo da Lei do pecado que está nos
meus membros”.
Este é o combate que todos travamos também. Através das palavras de Paulo
apercebemo-nos (tal como se passa também connosco) que, no nosso entendimento
queremos honrar e viver pela Lei de Deus; porém, nos nossos membros (i.e. na nossa
carne) temos uma lei que combate contra a Lei de Deus:
O chamado cristianismo tem sido levado pelo engano de Satanás e dos seus servos
(pelos tais lobos devoradores que se introduziram bem cedo na Igreja). Estes
movimentos religiosos que se querem colocar fora da Lei ou que dizem que já não
estamos sujeitos à Lei de Deus, estão a rejeitar a Sua vontade, pois a Sua Lei é o
padrão pelo qual todos os homens deviam espiritualmente viver, pois toda ela é o
padrão da Sua justiça (Lucas 1:6). Ela é luz e verdade.
Romanos 8:2-4
Como já antes dissemos, Paulo era um erudito que utilizava uma linguagem que, por
vezes, era de difícil compreensão. Muitos interpretam esta passagem como
significando que: “uma vez que o homem não conseguia guardar a Lei, então Deus
enviou Cristo para o fazer por nós”. E que, assim, “o requisito de justiça que a Lei
impõe pode ser cumprido através da nossa fé no Filho de Deus”.
A ideia que a Lei pode justificar alguém é uma heresia, tal como Paulo nos diz na
carta aos Gálatas. Como sabemos, só o sangue de Yeshua que injustamente morreu
no nosso lugar nos pode justificar e limpar dos nossos pecados. Não importa se
somos uma pessoa santa que foi justificada através do novo ou do antigo concerto.
Todos somos justificados pela fé tal como o foi o nosso pai Abraão.
A ideia que o cumprimento da Lei era de tal modo difícil que Yeshua teve que a vir
cumprir por nós é também uma leitura errada das Escrituras. Ele foi homem como
nós. E se Ele provou que poderia obedecer a todos os mandamentos e preceitos de
Seu Pai, também nós o podemos e devemos fazer, porque este é o dever de todo o
homem como nos diz Eclesiastes 12:13. Uma vez mais podemos perguntar: vamos
crer no ensino dos homens ou no ensino de YHWH? Deuteronómio 30:11-14 –
“Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está
longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-
lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar,
para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça
ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca,
e no teu coração, para a cumprires”. O problema não está numa Lei quie alguns vêem
como de difícil cumprimento, mas antes num homem desobediente e cheio de
pecados e que inventa desculpas para se “auto-justificar” dos desvios à vontade de
Deus.
A questão coloca-se assim de forma muito simples e clara: A Lei não nos pode remir
ou salvar porque todos fomos pecadores e vendidos debaixo do pecado (Romanos
caps. 1 e 2). A imputação da justiça foi sempre uma questão de fé (lembremos
Abraão) e não de uma estrita obediência legalista (Romanos caps. 3 e 4). Embora a
morte venha reinando ao longo da história da humanidade, YHWH, revelou o Seu
amor pela Sua criatura, providenciou redenção e paz pela graça através da fé dos que
crerem (Romanos cap. 5). Por outras palavras, a Lei foi dada para benefício de todos
os que crerem. Se não nos convertermos primeiro a Cristo não podemos andar
segundo a Lei espiritual, eterna, santa, justa e boa. Cristo é o centro de todo o plano
de Deus para os que se querem salvar, pois Ele é O Princípio e O Fim, O Primeiro e
O Derradeiro; Ele é tudo em todos. Então, livres da “lei da carne” podemos enfim
abraçar o concerto com YHWH através do Seu Filho, andando, depois disso, em
todos os Seus preceitos.
Esta “lei do pecado e da morte” de que nos fala a passagem em estudo não é a Lei de
YHWH/Moisés, senão a daqueles que vivendo na carne estão debaixo do pecado e
da morte e não conhecem, ou não querem conhecer, a Lei espiritual, pois não querem
transformar as suas vidas para passarem a viver no Espírito. Esta afirmação confirma-
se através da origem, no grego, “tou nomou teis hamartias kai tou thanatou”. Trata-se,
portanto, de uma distorção do Adversário.
Em Romanos 8:2, Paulo coloca um grande contraste entre a Lei espiritual, da vida (do
amor, da justiça, da obediência, da fidelidade, etc. que está nos corações daqueles
que são guiados pelo Espírito de Deus), em Cristo, e a lei da carne, terrena, que é do
pecado e, por conseguinte da morte.
Os que estão na carne e não querem seguir os preceitos de YHWH, a Sua Lei eterna,
são por conseguintes rebeldes e, por isso, merecem as penalidades que a própria Lei
estabelece, a completa separação de Deus e a morte eterna.
Porém, a primeira Lei de que Paulo fala neste versículo, “a Lei do Espírito de vida, em
Cristo Yeshua”, (“ho nomos pneumatos teis zoes”) é a Lei da vida eterna e eterna
comunhão com o próprio YHWH, a qual resulta na benção de possuirmos o Espírito
Santo de Deus através do sacrifício de Yeshua, o nosso Salvador.
Romanos 8:2 não nos diz, de forma alguma, que a Lei de YHWH/Moisés seja “a Lei
do pecado e da morte”. Retirar deste versículo uma conclusão diferente desta chega a
ser heresia, pois não tem qualquer suporte bíblico.
Agora em Romanos 8:3 – “Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava
enferma pela carne [sacrifício de animais], Deus, enviando o seu Filho em
semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne”,
reafirmamos o que já antes dissemos: A salvação não pode ser alcançada através da
observância dos mandamentos da Lei. Daí que fosse necessário que YHWH enviasse
o Seu Filho para morrer pelos nossos pecados, de forma a que (Romanos 8:4): “Para
que a justiça da Lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito”.
Agora reparemos neste pormenor importante: é o Espírito Santo que nos leva a
conhecer a Lei de YHWH e nos leva a caminhar nela. Tal será manifesto no Reino de
Cristo, durante o Milénio: Ezequiel 36:26-27 – “E dar-vos-ei um coração novo, e
porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de
pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e
farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os
observeis”, e em Ezequiel 37:24 – “E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos
eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus
estatutos, e os observarão”,como também nos é ensinado em Jeremias 31:31 e
Hebreus 8:10; 10:16. A Lei do Senhor tem que estar gravada, já hoje, no coração dos
filhos de Deus para que vivam por ela, no amor, na obediência e na fé, porque a Lei é
espiritual, tal como O seu Autor é Espírito. Todos conhecemos esta passagem: Deus
é Espírito e importa que aqueles que O adoram, O adorem em Espírito e em verdade,
i.e. na Sua Lei. Este Espírito é o mesmo que nos fala em João 16:13a – “Mas,
quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade”. E,
sabemos ainda que toda a Lei é a verdade – Salmo 119:142; Malaquias 2:6. Daí que
antes tenhamos dito que só compreenderemos a totalidade do intento do nosso Deus
quando Ele vier para reinar e nos fazer saber todas as coisas. Até lá, prossigamos em
estudar a Sua Palavra, buscando andar, o melhor possível nos Seus preceitos.
O que qualquer de nós não podia fazer ou aperfeiçoar na carne, Yeshua fê-lo em nós,
ao aperfeiçoar a Sua Lei nos nossos corações, dando-lhe o verdadeiro significado
levando sobre si as nossas iniquidades. Assim, o Espírito de Yeshua nos nossos
corações leva-nos a viver de acordo com todos os Seus preceitos, tal como Ele viveu
como Filho perante O Pai, porquanto, se na realidade já vivemos Nele, então o nosso
espírito está verdadeiramente aperfeiçoado na Sua vontade, i.e., na Sua Lei e esta já
está escrita “nas tábuas do nosso coração” (conforme Provérbios 3:3; 7:3; Jeremias
31:33 e Hebreus 10:16).
Romanos 10:2-5
“Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus [nas obras e preceitos
de homens], mas não com entendimento [porque lhes falta Cristo]. Porquanto,
não conhecendo a justiça de Deus [Cristo], e procurando estabelecer a sua
própria justiça [pelas tradições dos homens, pelos rituais], não se sujeitaram à
justiça de Deus [a Cristo]. Porque o fim [propósito, objectivo] da Lei é Cristo
para justiça de todo aquele que crê. Ora Moisés descreve a justiça que é pela
Lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas”.
Ainda hoje muitos judeus continuam a ser zelosos da Lei, através de obras, que,
como sabemos, não podem salvar o homem. Porém, continuam sem Cristo, Aquele
cujo sangue os pode salvar. Não nos compete a nós condenar a sua cegueira. Para
isso eles têm o mesmo Juiz que todos nós. A única coisa que nos compete fazer é
pregar-lhes a Cristo, tal como Paulo fez quando disputava aos Sábados nas
sinagogas da Ásia (aos “estrangeiros” como escreveu Pedro – 1.Pedro 1:1-5. Mesmo
hoje, muitas das “ovelhas perdidas da Casa de Israel” para as quais Yeshua veio,
continuam perdidas, não tendo ainda encontrado o seu Pastor.
Daí que seja fácil de entender que a expressão “o fim da Lei” signifique “o propósito
da Lei” ou “o objectivo da Lei”. Esta conclusão pode facilmente ser retirada do próprio
significado da palavra grega usada neste versículo para a palavra “fim” – “telos”, que
mais propriamente significa “o fim com o qual se relacionam as coisas, o objectivo, o
propósito dessas mesmas coisas”. Significa simplesmente “o alvo a atingir”. O
significado da palavra “saka” (“fim” em aramaico) é “propósito”, “meta”.
Nem sequer é admíssivel qualquer outro entendimento à luz de outras passagens que
já estudámos (pois a Bíblia não se contradiz). Nem sequer é possível argumentar que
Yeshua fez tudo por nós e que, por isso mesmo, acabou com a necessidade de
sermos justos (exercitar a justiça de Deus pela obediência aos Seus preceitos) face
aos preceitos da Lei de YHWH/Moisés.
Como já antes explicámos, na realidade, a nossa justiça não nos advém de sermos
zelosos obervadores da Lei mas, a santidade, (sermos separados para o serviço do
Senhor), essa, advem-nos por guardarmos os Seus mandamentos: “aqui está a
paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a
fé de Jesus” – Apocalipse 14:12. Ou ainda, Isaías 8:16, 20: “Liga o testemunho, sela a
LEI entre os meus discípulos” – Quem é que pronuncia estas palavras para que Isaías
as escrevesse para os fiéis de todos os tempos? Resposta: YHWH, O Verbo Divino
que se fez carne e habitou entre nós como Filho do Altíssimo; “À Lei e ao testemunho!
Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Este tema
encontra-se mais desenvolvido neste trabalho num capítulo a ele dedicado.
Infelizmente, não é assim que a salvação por Cristo Yeshua é hoje ensinada em
muitas congregações no chamado mundo cristão pois, em nome de um Cristo
Salvador, tentam anular a vontade que Ele próprio como Verbo, como Legislador
expressou na Sua Lei. Por isso muitos poucos têm consciência que os mandamentos
de Deus apontam ao homem o seu pecado, tornando-o algo vago e indistinto – “Ai
dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz
trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! – Isaías 5:20.
Não existe qualquer nexo bíblico que apoie o ensino de alguns (enganadores) que
dizem: “uma vez que estamos em Cristo, estamos livres de obeceder à Lei de
YHWH”. Que grande erro, pois Yeshua, O Messias era O Legislador, era a própria Lei
na forma humana e Ele próprio foi um obediente servo do Pai. Yeshua e Lei de
YHWH são sinónimos. Voltamos à questão já repetida aqui várias vezes: “nem um
jota nem um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”. Pelo que sabemos,
nem tudo ainda foi cumprido no plano de Deus para a humanidade.
Romanos 14:5-6
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um
esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia,
para O Senhor o faz e o que não faz caso do dia para O Senhor o não faz. O que
come, para O Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para O
Senhor não come, e dá graças a Deus”.
Baseados neste texto os ensinadores do erro vêm dizer que no Novo Testamento
todos os dias são iguais. Que os israelitas salvos não se deverão prender como o
Sábado “judeu”.
Durante 2.000 anos o sentido destas passagens tem sido adulterado, por vezes
propositadamente, de forma a desencorajar os crentes em manter uma identidade
hebraica. A verdade chocante é que estas passagens não se referem sequer à
guarda do Sábado ou de qualquer outro dia porque Paulo era um zeloso cumpridor da
Lei e dos Sábados santos do Senhor, tanto os semanais como os anuais.
Para enquadrarmos o sentido destes dois versículos devemos começar a ler a partir
do versículo 1 do capítulo 14 (o contexto), para então podermos concluir que o que
nos é proposto é uma reflexão sobre os hábitos de comer e de jejuar. O Apóstolo
Paulo diz-nos para não julgarmos o irmão nos seus hábitos de comer. Porém, ele
próprio era um obediente judeu, cumpridor da Lei. Por isso não podemos ficar por
aqui, mas ensinar os irmãos na forma como convém comer, i.e. observando os
conselhos e juízos de Deus para os fiéis contidos em Levítico cap. 11, juízos que nos
são reafirmados em Isaías 66:17 em relação ao que come carne de porco ou que
podemos retirar também da experiência da visão de Pedro. Ensinar o contrário disto é
manter uma visão carnal e não espiritual do ensino da Lei de YHWH.
De resto, assumir que Paulo estaria, ainda que de forma indirecta, a pôr em causa a
guarda do Sábado santo é pura e simplesmente distorcer as suas palavras, quando
ele, como já demonstrámos, era um fiel e obediente servidor do Deus Altíssimo, da
Lei de seus pais e um imitador de Cristo. Além de que não teria autoridade para o
fazer; se o fizesse estaríamos perante um falso profeta, o que ele não era.
Romanos 14:14
“Eu sei, e estou certo nO Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma
imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda”.
Para alguns, os que não querem aceitar o ensino de Deus nas Suas Leis da dietética,
que se encontram em Levítico, em que O Senhor distingue os alimentos limpos que
Ele criou para os fiéis, a leitura desta passagem parece indicar que é lícito ao crente
comer de tudo, tanto o limpo como o imundo. Estes rejeitam o “ensino”, a “instrução”
de Deus, a Sua Lei, e preferem caminhar na desobediência, encontrando nestas
palavras a justificação para a sua própria rebeldia.
Mas, para o crente que antes quer seguir o conselho de YHWH contido em Levítico e
viver na obediência, as palavras desta passagem deverão ser entendidas como:
“nenhum alimento expressamente proibido por Deus é impuro”, pois se não
entendermos assim estaremos a violar alguns dos preceitos da Lei, estaremos a
praticar a “iniquidade” (transgressão da Lei). Sabemos (já o demonstrámos inúmeras
vezes e vamos continuar a fazê-lo) que Paulo não falou contra a Lei. Antes a ensinou
e viveu por ela. Que cada homem escolha por si e veja onde está a verdade.
Um dos problemas pelo qual alguns textos de Gálatas são tão mal interpretados é
porque nos são transmitidos de forma muito sintética, enquanto o mesmo
ensinamento se encontra muito mais desenvolvido na carta de Paulo aos Romanos,
tornando, por isso, mais fácil a compreensão do seu pensamento e ensino.
Um outro motivo existe para a má interpretação das palavras de Paulo, o qual já foi
apontado neste trabalho, o da nossa pesada herança cultural e religiosa que nos foi
inculcada durante séculos por uma igreja apóstata e pelas suas filhas que basearam
sempre os seus ensinamentos nos de sacerdotes anti-semitas, os chamados “pais da
igreja”, tais como:
• Marcion um herético que disse que Yahweh não era O Pai de Yeshua, entre
outras coisas ainda piores,
• Justino, o Mártir que disse que “a Lei dada em Horebe era só para os Judeus”,
mas que o “Novo Testamento” era universal”; “que a nova Lei substitui a antiga,
não havendo mais lugar à Lei, nem mandamento, nem ordenança”,
É debaixo destas heresias e apostasia que o ensino chegou aos nossos dias,
baseado em doutrinas corrompidas por homens diabólicos que ainda hoje projectam
essas distorções (para sua própria perdição) nas mentes dos que não querem
conhecer a verdade revelada nas Escrituras e nos Evangelhos.
Não é pois de estranhar que Martinho Lutero (1483-1546) e outros reformistas tenham
sido também afectados por estas doutrinas. Isto apesar de Lutero se ter rebelado
contra Roma, devido ao luxo, ostentação de riqueza e corrupção generalizada que
reinava na corte papal do seu tempo, mais do que pelas doutrinas que dali advinham,
uma vez que também ele se revelou fora da verdade, tendo adoptado uma postura
totalmente anti-semita (advogando também que as sinagogas deviam ser queimadas)
e anti-Lei de YHWH. Escreveu o livro “A respeito dos judeus e das suas mentiras”,
publicado em 1542, incitando príncipes e governadores do seu tempo a escorraçar as
colónias judaicas que tivessem na sua jurisdição, para que lhes fossem retiradas as
Bíblias, e para que, sob pena de morte, fossem proibidos de louvar a Deus, dar-Lhe
graças, orar-Lhe, pronunciar O Seu Santo Nome e ensinar as suas doutrinas. Que
rico “reformador”!
Provérbios 8:33-36
Vemos bem que, após a morte dos Apóstolos, o diabo entrou facilmente dentro da
igreja utilisando homens corruptos que rejeitaram por completo todo o ensinamento,
• A Páscoa:
O ensino de que a Páscoa é uma festa que celebra a libertação “dos judeus” da
escravatura do Egipto. Será este porém, só este o verdadeiro significado da
Páscoa? Consideremos somente isto:
A Páscoa não é uma festa Judaica. Levítico 23 diz-nos que é uma solenidade
de YHWH para todo o Israel (as 12 tribos e seus descendentes), bem como
todas as restantes solenidades ali apontadas são solenidades de YHWH para o
Seu povo - Israel.
É verdade que a Páscoa comemora a libertação de Israel do Egipto. Mas será
só isso que esta solenidade comemora? Não nos ensinam as Escrituras que o
Egipto é uma representação do mundo pagão? Não significará portanto que
esta libertação é uma imagem da libertação verdadeira que haveria de ser
operada em cada crente que abraça o concerto com YHWH através de Cristo,
sendo assim libertado do “Egipto” espiritual a que estava subjugado, o “Egipto”
da escravidão da lei da carne e do pecado?
De forma profética, não disse João Batista que Yeshua era O Cordeiro de Deus
(O Cordeiro Pascal) como também Paulo nos diz que Cristo é a nossa Páscoa
(1.Coríntios 5:7), Aquele que tira os pecados do mundo (e não somente dos
judeus)?
Não foi a libertação dos Israelitas do anjo da morte que veio sobre os
primogénitos uma imagem da nossa libertação da segunda morte? E não nos é
prometida a libertação da segunda morte através do Cordeiro da Páscoa, O
Messias?
Por último, não ensinam as Escrituras que a Páscoa do Senhor é para ser
celebrada aos 14 de Abib/Nissan à tarde? Porque razão então o mundo a
celebra noutra data que não a que Deus instituiu? R.: Porque o diabo misturou
o erro com a verdade e o homem prefere este estado de coisas e não o que
YHWH quer; o diabo faz que o homem celebre uma data pagã em honra da
“deusa-mãe” Ishtar de Babilónia (cujo “marido” era Tammuz-o deus sol) e não a
Páscoa verdadeira.
• As orações pelos mortos
• A cobrança de indulgências que “garantem” o perdão dos pecados
• A crença no purgatório
• As confissões auriculares e as penitências
• A divisão da igreja entre sacerdotes e laicos
Por todas estas prostituições da verdade (esta mulher tem na sua mão um cálice
cheio da imundícia das suas prostituições), YHWH reserva-lhes um castigo tremendo,
já há muito traçado em Apocalipse cap. 17 e 18.
Podemos ver assim como a realidade escritural nos foi sendo servida de forma
obscura e diabolicamente distorcida através dos séculos. Porém, a Páscoa por Cristo
tem o mesmo significado para o crente em Cristo, seja judeu ou não judeu. E,
contudo, muitos deixam-se levar por estes erros doutrinais históricos que o diabo
lançou no mundo (no Egipto espiritual) para confundir os crentes desviando-os da
Verdade escritural que são as Solenidades anuais de YHWH que nos foram dadas em
Levítico 23.
Se tivermos verdadeira consciência do erro que nos é proposto por uma casta de
religiosos apóstatas (a mentira de tanto repetida assume foros de verdade)
poderemos melhor compreender as palavras de Paulo em 1.Coríntios 15:54-57 – “E,
quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se
revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua
vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças
a Deus que nos dá a vitória por nossO Senhor Jesus Cristo”. P.: Como é que
entendemos agora o sublinhado “a força do pecado é a Lei”? R.: Quando morremos
em Cristo somos libertados da Lei pela nossa morte para o pecado. Senão, somos os
mais miseráveis dos homens. Mas, graças a Deus, Ele dá-nos a vitória por nossO
Senhor Yeshua.
Romanos 15:4
“Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que
pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.
Embora esta passagem não seja de forma alguma controversa, o texto de Paulo vem
dizer aos fiéis que estavam em Roma que as Escrituras (a Bíblia hebraica à época de
Paulo e dos Apóstolos), i.e. “o que dantes foi escrito”…”para nosso ensino foi escrito”.
O que é que dantes foi escrito para nosso ensino senão a Lei de YHWH/Moisés, os
Salmos e os escritos dos profetas, aos quais faremos bem em atender e guardar no
nosso coração? Não, como já foi inúmeras vezes afirmado, que a Lei fosse perfeita e
permitisse a salvação do homem através da sua observância (uma vez que todo o
ensino apontava para Cristo), pois só o sangue redentor de Yeshua nos pode salvar,
pela fé e confiança nas Suas promessas.
Porém, é através da fé que o servo do Deus Altíssimo leva à prática na sua vida toda
a vontade de Deus (expressa nas Suas Leis, estatutos, mandamentos, testemunhos e
juízos), demonstrando assim a sua obediência, através da qual a graça de Deus é
derramada sobre ele. Só pela obediência (reverência/temor, fé, humildade e aceitação
da Sua vontade) pode o homem crente obter as bênçãos de Deus. Estas bênçãos (a
Sua graça) nunca poderão ser derramadas sobre aqueles que se rebelam com a
vontade de Deus, não a aceitando na prática das suas vidas. A Lei de Deus é eterna
e eterna a Sua justiça.
1.Coríntios 9:9-11
“Porque na Lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o
grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós?
Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com
esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se
nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as
carnais?”
Esta passagem explica-se a si própria. A razão pela qual a incluímos neste trabalho
deve-se unicamente ao facto de Paulo ensinar os crentes em Corinto e a nós hoje
também que devemos ter em consideração todos aqueles que, na Igreja, trabalham
na seara do Senhor. Paulo torna a abordar esta questão em 1.Timóteo 2:17-18.
Paulo explica-nos assim o sentido que a Lei de YHWH/Moisés quer dar à passagem
que está em Deuteronómio 25:4 a qual, se explicada de forma espiritual, não tem
necessariamente a ver com qualquer preocupação de Deus sobre a forma como a
boca dos bois era atada ou não enquanto moíam o grão. O Senhor Yeshua dá-nos
também a mesma ideia acerca dos que trabalham na Igreja: Lucas 10:7, quando diz:
“digno é o obreiro de seu salário”.
2.Coríntios 3:3
“Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e
escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de
pedra, mas nas tábuas de carne do coração”.
Alguns crentes, ainda pouco esclarecidos sobre o papel e importância da Lei de Deus
para as suas vidas, no tempo actual, ainda ficam perturbados quando lêem alguns
versículos e, a partir deles, isoladamente, procuram fazer uma “doutrina” que não tem
consistência quando se buscam outras passagens afins. O versículo acima contido na
carta de Paulo aos Coríntios é um desses casos. Como já antes afirmámos, devemos
procurar ver o contexto das palavras que nos são ditas e, ao mesmo tempo relacioná-
las com outras passagens que tratam do mesmo tema a fim de não sermos levados a
conclusões erradas. Vejamos este caso:
• As tábuas de pedra – como é sabido, elas foram escritas pela mão de YHWH
e, só por isso, o seu ensino é eterno, como eterno é Aquele que deu este
ensinamento de vida ao homem: Êxodo 24:12; 31:18; 34:1; Deuteronómio 9:10-
11. O Salmo 119:142 diz-nos que “a tua Lei é a verdade”, assim como Yeshua
também nos disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”, pelo que sabemos,
por analogia, que Yeshua é a Lei viva.
• As tábuas (de carne) do coração – desde sempre Deus pediu ao homem que
Lhe desse o seu coração para aí escrever as Suas Leis eternas; Ele também
pediu ao homem que gravasse as Suas palavras, ensinamentos,
mandamentos, juízos, mandamentos e estatutos no seu coração para que
vivessem por eles: Provérbios 3:3; 7:3, tal como Yeshua fará quando vier como
Rei para reinar sobre todas as nações da terra durante o Milénio: Jeremias
31:33-34; Hebreus 8:10; 10:16, confirmando assim o que nos é dito pelo
profeta Ezequiel em 11:19-20; 36:26. O problema é que o homem não quer
acordar e viver de acordo com os preceitos divinos e prefere escolher os seus
próprios caminhos, dizendo mesmo que Yeshua “cumpriu tudo por ele”, ou que
“a Lei foi pregada na cruz por Cristo”, quando Este nos disse que não veio
abrogar a Lei mas cumpri-la: Mateus 5:17-19.
Ou seja, O Único que tinha autoridade para revogar a Lei do Pai não o fez (a não ser
na componente do sacerdócio levita e do sacrifício de animais e de ofertas e
manjares), mas o homem serve-se de alguns escritos de Paulo que podem ser de
mais difícil interpretação para dizerem que já não é preciso guardar a Lei. Pelo
contrário, Yeshua obedeceu em tudo, de forma humilde e obediente. E Ele deve ser o
nosso exemplo de conduta se quisermos ter a vida em nós mesmos.
A Lei só serve para condenação dos desobedientes e não daqueles que andam
segundo a vontade de Deus (como Yeshua e os apóstolos andaram). Como podemos
pôr em causa um mandamento de Deus quando O Senhor Yeshua não o fez? Teria
Paulo autoridade para o fazer? Não! Como podemos então colocar em causa este
ensinamento através da errónea interpretação de homens que não compreendem o
pensamento hebraico e os ensinamentos de Yeshua e dos apóstolos? Por isso Pedro
nos alerta com estas palavras em 2.Pedro 3:15-16 – “E tende por salvação a
longanimidade de nossO Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as
suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e
inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”.
2.Coríntios 3:14-16
“Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está
por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até
hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas,
quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará”.
Da mesma maneira que Paulo refere nesta carta aos Coríntios que os sentidos de
muitos foram endurecidos (ver também 2.Coríntios 4:3), ele diz-nos que o véu está
por levantar no coração desses na lição do velho testamento. E, depois diz: “o qual foi
por Cristo abolido”.
Pergunta-se:
• O que é que foi abolido por Cristo? Terá sido o velho testamento? O terá sido
o véu?
Responde-se:
• Certamente que o que foi abolido por Cristo não foi o velho testamento,
embora Ele tenha renovado através do Seu sangue o Concerto que Deus
havia feito com a Sua Israel. O que foi abolido por Cristo foi o véu que no
velho testamento Dele falava. Porque muitos dos que ainda hoje lêem e
estudam o velho testamento continuam a não ver O Cristo nas palavras de
Moisés, por exemplo.
Aqui se fala de velho testamento (ou velho concerto, contracto, pacto, aliança) que
YHWH celebrou com Israel no Monte Sinai quando lhes deu as Suas Leis. Já em
Hebreus 8:13 também nos é dito: “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora,
o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”. É preciso que
compreendamos as palavras de Paulo e do autor de Hebreus de uma vez por todas,
pois nunca o velho testamento ou concerto foi abolido, uma vez que “o novo concerto”
não está limitado no tempo (e.g. marcado pelas eras antes e pós Cristo). Este “novo
concerto” não ocorre ou se torna válido somente após a primeira vinda de Yeshua.
Retenhamos isto: “O Novo Concerto” esteve válido desde o princípio para todos
aqueles que vivem com a Lei de YHWH gravada nas tábuas dos seus corações e com
a sua fé e esperança na promessa de redenção através do Filho de Deus, mesmo
para aqueles que viveram antes da Sua vinda. “O Novo Concerto” são as leis de Deus
gravadas nas tábuas de carne dos corações da humanidade e não mais gravadas em
tábuas de pedra, como o foram no Sinai: Jeremias 31:31-33; Ezequiel 11:17-20;
Hebreus 8:10; 10:16.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Gálatas 2:15-16
“Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo
que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo,
temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em
Cristo, e não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne
será justificada”.
Uma vez mais, Paulo declara-nos que a salvação não vem pelas obras da Lei (no
grego: “ergon nomou”), mas que somos justificados pela fé (gr.: dikaiothomen el
pisteos”). Uma vez mais perguntamos: não devem as nossas obras serem obras de
justiça, obras que são o espelho da nossa fé? Porque, como Tiago nos diz, “a fé sem
as obras é morta em si mesma”. Exemplo: o fazer distinção de pessoas – Tiago 2:8-
10: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a Lei real [a Lei do Rei Eterno]:
Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de
pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela Lei como transgressores. Porque
qualquer que guardar toda a Lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de
todos”.
É evidente que Cristo, mesmo não tendo sombra de pecado, em tudo foi perfeito no
cumprimento da Lei que Ele próprio deu ao Seu servo Moisés e, por isso, obedeceu
integralmente em tudo, tal como Ele quer que sejamos perfeitos como Ele foi: Mateus
5:48; 1.Coríntios 2:6; Filipenses 3:15; Colossenses 2:10, 4:12; 2.Timóteo 3:17; Tiago
1:4. É também evidente que nenhum homem que tenha vivido antes ou depois Dele
tenha sido capaz de cumprir integralmente todos os preceitos da Lei, pelo menos no
grau de perfeição de que Ele foi capaz. Se assim fosse a Palavra de Deus não diria
que não há um justo sequer entre os homens. Mas, a graça de Deus superabundou
em nós através de Cristo para que por Ele, i.e. pelo seu sangue, pudessemos ser
justificados.
Retenhamos isto: Yeshua, sendo O Legislador e a própria Lei viva, centrou-se sempre
em cumprir toda a vontade do Pai, enquanto os discípulos e todos os que vieram
depois Dele se devem centrar em Cristo para chegar ao Pai – Colossenses 3:17. A fé
do crente dos dias de hoje não pode estar centrada senão em Cristo. Através Dele
(do Seu Espírito) virão a graça de Deus e a natural obediência (traduzida em obras da
fé) a todos os preceitos de YHWH, à Sua Lei.
Paulo usa aquela frase para destruir um falso método de justificação do homem
perante Deus – o das obras da Lei, pois sabemos que as nossas obras nunca nos
poderiam justificar. A fé e o sangue de Cristo é que nos justificam, se andarmos
também em obediência aos Seus mandamentos.
Gálatas 2:18-19
“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí [ou abandonei, i.e. as leis e
preceitos dos homens], constituo-me a mim mesmo transgressor [da Lei de
YHWH]. Porque eu, pela Lei [de YHWH], estou morto para a lei [dos homens],
para viver para Deus”.
Esta passagem de Paulo ensina-nos que ele próprio se considerava morto para a lei
dos homens (a que era baseado na lei oral, no ensino e nas tradições dos homens e
que Cristo também condenou sempre que estas leis se opunham à Lei eterna de
YHWH) para estar vivo para a verdadeira Lei, a de YHWH/Moisés – Actos 21:21-24.
Gálatas 3:10-11
“Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei [que esperam salvar-se através
das obras, sem Cristo e também dos preceitos criados pelo homem] estão
debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei [de YHWH],
para fazê-las. E é evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus,
porque o justo viverá da fé23”.
Cá estamos de novo perante uma passagem cuja interpretação pode ser retirada de
tudo o que já ficou dito para trás. Uma primeira leitura fora do contexto do
pensamento hebraico do primeiro século tem levado muitos erradamente a pensar
que “se realizarmos as obras dos mandamentos da Lei de YHWH/Moisés estaremos
debaixo da maldição”. É errado. A razão para esta maldição residiria no facto de
ninguém ser capaz de cumprir integralmente tudo o que os preceitos da Lei requerem
de nós. O que conduz imediatamente à conclusão que é oferecida em Gálatas 3:13
abaixo.
Nesta passagem Paulo faz uma clara referência aos que, sem terem Cristo como a
esperança da redenção das suas vidas, procuram alcançar essa redenção através
das obras da Lei. Não que não devam fazer as obras da Lei (obras de justiça, de
obediência, de fidelidade), mas o seu coração ainda não aceitou O Cristo Salvador de
há 2.000 anos atrás. Além disso, muitos destes ainda estavam eivados do sentido de
obediência aos preceitos da lei oral e não da Lei de YHWH. Paulo está a dizer-nos
que todos aqueles que se submetem às leis e costumes dos homens estão
claramente em rebeldia, em violação da Lei de YHWH, i.e. praticam a iniquidade pois
submetem-se à autoridade humana e não à divina.
Por outro lado, esperar que a sua redenção seja obtida pelas obras é uma esperança
vã, pois só em Cristo e no sangue do Seu sacrifício podemos encontrar essa
esperança de salvação. Porém, uma vez que aceitámos Cristo como o nosso
Salvador, andemos como Ele andou, i.e. em obediência a todos os preceitos do Pai, a
Sua Lei. A fé em Cristo tem que andar “casada” com a obediência à vontade de Deus,
à Sua Lei eterna. A fé impele-nos à obediência e à fidelidade aos Seus preceitos. Tal
como Ele é fiel em todos os Seus caminhos (Salmo 89:1-2) também os Seus filhos
devem revelar a mesma fidelidade à Sua vontade. Os que assim procedem são filhos
da Luz, como nos diz em Efésios 5:8.
Yahweh pagará a cada um segundo a sua fidelidade, como nos diz em 1.Samuel
26:23a – “YHWH, porém, pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade”. Praticar a
justiça que Deus espera de nós é andar nos Seus caminhos eternos, na Sua Lei.
Como já antes explicámos, o termo “obras da Lei” refere-se, sem sombra de dúvida,
às regras e preceitos impostos pela lei oral, impostos portanto pelas tradições,
customes e preceitos humanos. Cristo preveniu os seus discípulos (e previne-nos a
23
Conforme Habacuque 2:4 e Romanos 1:17
nós também) contra este tipo de ensinamentos errados, aquilo a que Ele chama de
fermento dos escribas e fariseus – Mateus 16:11-12; 15:3 e 6. Nem todas as
interpretações rabínicas antigas eram más ou estavam erradas em si mesmas.
Porém, muitas outras foram acrescentadas para simplesmente sustentarem a
autoridade dos doutores da “Lei” não se baseando no ensino da verdade, a qual
deriva de uma usurpação da instrução que está em Deuteronómio 17:9-12.
Então, que devemos fazer? Temos que estudar a Palavra no seu contexto, baseado
no legado que nos foi transmitido pelos servos de Deus, os profetas, e mais
recentemente pelos ensinamentos de Yeshua, O Messias (a Lei viva) e dos Seus
apóstolos, e não nos ensinamentos e tradições dos homens.
Gálatas 3:13
Gálatas 3:23-25
“Mas, antes que a fé viesse [ao nosso coração], estávamos guardados debaixo
da Lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar [a partir do
momento que aceitámos Yeshua como nosso Salvador pessoal]. De maneira
que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé
fóssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio
[mas passámos a estar debaixo de Cristo, O Senhor da Lei, Aquele que a
magnificou]”.
Aqui temos mais uma passagem que tem servido de suporte aos que são anti-Lei de
YHWH/Moisés (antinomianismo), os que dizem: “como vêem, a Lei não é para os
nossos dias”. Já o afirmámos inúmeras vezes que é tão errado fundar uma doutrina
com base num ou em dois versículos, isolando-os, como e é igualmente errado retirá-
los fora do contexto e de pensamento hebraico que lhes deram origem.
Vamos fazer aqui uma pequena reflexão acerca do significado da palavra “lei”. A
palavra grega “nomos”, a partir da qual se traduziu para a palavra “Lei” tem uma
variedade de aplicações em passagens do chamado Novo Testamento, significando
também:
1. qualquer lei;
2. a Lei de Yahshua/Yeshua, O Cristo (Nome do nosso Salvador em hebraico e
que foi transliterado para o grego como “Ieosus” e daí para “Yeshua”; de notar
que em hebraico este Nome contém o Santo Nome de YHWH: YAH,
significando “Salvação de YAH”, ao passo que no grego significa “Salvação”);
3. todo o Antigo Testamento, incluindo os Salmos e os Escritos dos Profetas;
4. o Pentateuco ou a Torá de Israel (os primeiros cinco livros da Bíblia);
5. o Concerto Moisaico, incluindo as leis sacrificiais e cerimoniais;
6. as Leis de YHWH contendo os Seus mandamentos, estatutos, testemunhos e
juízos.
Alguns que ensinam que as Leis de YHWH não têm hoje aplicação na vida dos
crentes cingem-se particularmente aos pontos 4 a 6 com base em textos extraídos da
carta de Paulo aos Gálatas. Eles centram a sua atenção nalguns destes textos
deixando de lado outros, do mesmo autor ou de outros apóstolos, inclusivé as
palavras de Cristo. Ora esta é uma postura hipócrita, própria daqueles que torcem as
Escrituras para sua própria perdição e com grave prejuízo para aqueles que lhes dão
ouvidos.
Para além das anotações que introduzimos a azul na passagem de Gálatas 3:23-25,
analisemos, em particular, a parte que diz: “Mas, depois que veio a fé…” Que quer
isto dizer? Que, pelo facto de passarmos a viver pela fé nas promessas e no sangue
de Yeshua, quando O aceitamos, nos devemos divorciar ou deixar de praticar a
vontade do Pai em que O próprio Senhor Yeshua andou? A resposta é NÃO!!! Um
redondo e grande NÃO! Porquê? Porque é essa mesma fé que nos deve levar a
realizar as boas obras (“E sede cumpridores da palavra [da Minha Lei], e não somente
ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” – Tiago 1:22), como já antes
explicámos. Só que os homens cujo espírito ainda não discerniu estas verdades,
torcem a Palavra…
Ora, é este mesmo Paulo que, mais atrás, nos versículos 16-17 e 19-21 nos vem dizer
de que Lei fala: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não
diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua
descendência, que é Cristo. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente
confirmada por Deus em Cristo, a Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não
a invalida, de forma a abolir a promessa24... Logo, para que é a Lei? Foi ordenada por
causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido
feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. Ora, o medianeiro não o é de
um só, mas Deus é um. Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma
sorte; porque, se fosse dada uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade,
teria sido pela Lei”. Vamos então analisar o contexto e não somente o texto isolado.
Paulo fala-nos das promessas dadas a Abraão para de seguida as contrastar com “a
Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois”. Ele continua no versículo 19 “Logo,
para que é a Lei?” Ela foi ordenada por causa das nossas transgressões 430 anos
após as promessas feitas a Abraão. Daí que somente o que foi acrescentado no
Monte Sinai tenha sido posto de lado quando a fé veio por Cristo. E o que é que foi
acrescentado no Monte Sinai senão a Lei do sacerdócio levita dado a Aarão e a seus
filhos e o sacrifício dos animais que começou na noite que antecedeu a libertação do
povo de Israel do Egipto e que ficou conhecida como a primeira Páscoa?
Já antes tivemos ocasião de expôr estas razões quando afirmámos que o que foi
posto (temporariamente) de lado com o sacrifício de Cristo tenha sido o sacerdócio
levita e a leis cerimoniais do sacrifício dos animais, porque um maior e melhor
Sacerdócio nos foi dado em Cristo (nosso Sumo-Sacerdote celestial) e porque o
verdadeiro Cordeiro de Deus se ofereceu uma vez pelos nossos pecados – Cristo a
nossa Páscoa. Por outras palavras: nada mais foi retirado da Lei de YHWH a não ser
estes dois aspectos e pelas razões já explicadas.
A grande maioria dos que se dizem cristãos desconhecem que a Lei de YHWH, em
particular os Seus mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos existem desde a
fundação do mundo. Embora não existam hoje evidências ou provas indisputáveis de
que as mesmas estivessem então escritas, homens pré-diluvianos conheciam-na e
viviam por ela e a mesma era oralmente transmitida de pais para filhos, de geração
em geração, desde Adão, como YHWH ordenou ao Seu povo em Deuteronómio 4:9;
6:7, 11:19: Abel, Enoque (Judas 1:14 faz referência ao Livro de Enoque), Noé...e,
posteriormente outros também, de entre os quais destacamos Abraão. Em todas as
gerações houve homens fiéis à Lei de YHWH.
Gálatas 4:4-5
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei [pois o sangue dos
animais não os podia salvar] a fim de recebermos a adoção de filhos”.
Não temos quaisquer dúvidas que a plenitude dos tempos se revelou no próprio Deus
na carne (Yeshua). Ele nasceu sob a Lei.
24
Notemos: nem a Lei invalida a Aliança nem a Aliança invalida a Lei, nem qualquer delas anula a
promessa que Deus fez a Abraão!
Não resta igualmente qualquer dúvida que a Palavra nos ensina que Yeshua veio
revelar-nos a profundidade da Lei do Pai e dar-lhe o seu verdadeiro significado, em
tudo sendo um obediente cumpridor.
Podemos dizer então que Ele veio, na realidade, “remir os que estavam debaixo da
Lei”, tanto dos ensinos errados dos homens como da Lei do sacrifício dos animais.
Gálatas 4:21-26
“Dizei-me, os que quereis estar debaixo da Lei, não ouvis vós a Lei? Porque
está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.
Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre,
por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas
alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora,
esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora
existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a
qual é mãe de todos nós”.
Não restem quaisquer dúvidas: aquele que segue a Cristo, pela fé, deve andar em
obediência a todos os preceitos de Deus Altíssimo, Senhor YHWH! E, como nos diz a
Palavra: “guardar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus”. Não nos iludamos,
pois fora desta maneira de viver podemos soçobrar perante o inimigo.
Paulo falava para os do seu tempo advertindo-os que eles não se salvariam pela
estrita observância dos preceitos da Lei (nem da Lei de YHWH/Moisés nem das leis
dos homens). Porque mesmo antes do Cristo se manifestar, ao homem já era pedida
a fé na promessa feita a Abraão. Todos os grandes servos de Deus do passado
viveram pela fé: como exemplo, lembremos as palavras de Job, em Job 19:25. Estar
“debaixo da Lei” deve ser visto somente na perspectiva em que já aceitámos Cristo
como O nosso Salvador e que, por isso mesmo, procuramos depois servi-Lo em
obediência aos Seus preceitos eternos.
“Querem pôr-nos debaixo da maldição da Lei” – esta é a resposta que muitas vezes
ouvimos de alguns cristãos quando lhes falamos da necessidade de, em espírito de
Já antes foi dito que não somos salvos pela observação estrita dos preceitos da Lei
mas sim pela fé e pela graça de YHWH, a qual nos leva a andar em obediência a
todos os Seus preceitos. Porém, também já dissemos e reafirmamos que se não
procurarmos andar como Cristo andou, em humildade, obediência e amor a todos os
preceitos de YHWH, O Pai, não faremos parte desse povo que Ele vem separando
para Si, a Israel de Deus. Esse povo será constituído pelos que guardam os
mandamentos de Deus e têm a fé (testemunho) de Jesus. Esse povo vem sendo
formado através dos tempos por todos os que são fiéis à Sua Palavra, à Sua vontade.
Esse é o denominador comum que une todos os seres humanos que se Lhe
entregaram e que estão a ser separados de todos os povos, raças, nações, tribos e
línguas e que com Ele habitarão eternamente.
Sabemos que a Lei condena e é pela Lei que o pecado/iniquidade nos é revelado.
Assim ela é maldita e instrumento de condenação para os desobedientes, mas uma
bênção para os que são obedientes. Toda a desobediência é pecado, ensina-nos a
Palavra de Deus. É essa desobediência e rebeldia que será sancionada pela Lei.
Todos seremos julgados pela Lei da liberdade. Essa mesma liberdade com que fomos
libertados do erro e do pecado por Cristo, para andarmos em temor perante YHWH
(como Yeshua, como homem, também andou).
Somos aceites como filhos perante Deus pela fé. Porém, não havendo fé não pode
haver espírito de obediência e fidelidade. Desde logo, não poderá haver
derramamento da graça de Deus se não houver fé, amor, obediência e humildade.
Esta santa filiação alcança-se pela retribuição do amor com que YHWH nos amou
primeiro, o qual tem que ser extensível ao nosso semelhante pela fidelidade aos
princípios intemporais estabelecidos por Deus para os homens de todos os tempos.
Tomemos como exemplo as Leis da dietética ordenadas por Deus para o Seu povo.
Só quando nascemos de novo pela fé é que estamos em condições de compreender
o propósito de Deus e abandonar todos os hábitos alimentares do velho homem que
vivia nas trevas do engano deste mundo. YHWH determinou quais os alimentos
limpos e quais os impuros para que o Seu povo fosse feliz e saudável, e também,
através da aceitação dessa vontade, revelasse a obediência que é própria de servos
fiéis. O mesmo acontece com outros aspectos da Lei. Todos os preceitos de Deus
têm a sua aplicação física, material e a sua componente espiritual. Neste segundo
aspecto destacamos a obediência. Qual pois deve ser a nossa atitude ou resposta
perante o que YHWH nos deixou escrito na Sua Lei?
Como vemos e já antes demonstrámos, este raciocínio cai pela base por várias
razões: i) porque a Lei de YHWH/Moisés é a Lei de Cristo, ii) porque Cristo é a própria
Lei, iii) porque tanto Cristo como os Seus discípulos obedeceram a esta mesma Lei,
iv) porque esta Lei é eterna e Cristo a gravará no coração daqueles que viverem
durante o Seu Reino Milenar.
Comecemos por reparar na frase inicial deste trecho bíblico: “Dizei-me, os que quereis
estar debaixo da Lei, não ouvis vós a Lei?”. Sabendo que o princípio básico da Torá
de Israel é O Nome (Shema) que se encontra em Deuteronómio 6:4 – “Ouve, Israel,
YHWH nosso Deus é o único YHWH, então, as palavras de Paulo fazem todo o
sentido. Por outras palavras: “aqueles de vocês que querem obedecer à Torá de
Israel e se colocam debaixo da autoridade da Lei dos homens (que significa “debaixo
da Lei”), não querem ouvir e obedecer à Lei eterna tal como ficou estabelecido no
juramento de sangue celebrado entre YHWH e Israel em Êxodo 24:7-8, o qual foi
restabelecido pelo Messias em Lucas 8:19-21”?
Paulo compara o escarnecimento de Israel pela Lei de Deus no Monte Sinai (ao
instituir leis humanas que contrariam a Lei divina e ao fazer um bezerro de ouro a que
chamou de seu deus – Êxodo 32:5-8) às que Agar fez também perante O Senhor
(Génesis cap. 16 a 21). As situações de rebeldia e desprezo pela vontade de Deus
(Isaías 29:13) têm-se multiplicado com consequências terríveis para este povo. A
estes escribas e fariseus, que são os precursores da classe rabínica que hoje
sustenta o Judaísmo que não conhece a Cristo, Paulo compara-os a escravos como
Agar o foi e a idólatras como o foram seus pais, pois não aceitam a verdade de
YHWH. De seguida, Paulo vem ensinar que aqueles que são da verdade, da Torá da
vida e que aceitam e cumprem a Lei de YHWH/Moisés são os que são da Jerusalém
dos céus, o que comprova o que diz em Apocalipse 14:12.
Por último, podemos compreender melhor esta questão quando lemos o que nos é
dito em Efésios 2:14-22: “Porque Ele [Yeshua, o Cristo] é a nossa paz, o qual de
ambos os povos [Efraim/Israel que se tornou gentio e Judá e todos os que aceitarem
o Deus de Israel para salvação, sendo, por isso mesmo, enxertados nesta Jerusalém
dos céus] fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua
carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em
ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela
cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E,
vindo, Ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;
porque por Ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não
sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de
Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [Cristo/a Lei
viva], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem
ajustado, cresce para templo santo nO Senhor. No qual também vós juntamente sois
edificados para morada de Deus em Espírito”.
Ora, sabendo que o fundamento dos apóstolos e dos profetas é Cristo (O Verbo, a Lei
viva), O qual cumpriu, em obediência, todos os preceitos de Seu Pai, onde deve então
estar também a nossa obediência? Na aceitação e cumprimento das disposições
dadas por YHWH (a Sua Lei) ou na sua rejeição e incumprimento? A resposta é
óbvia.
Gálatas 5:1-4
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a
colocar-vos debaixo do jugo da servidão [da lei oral, dos preceitos dos homens,
do pecado]. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar
[segundo os preceitos farisaicos], Cristo de nada vos aproveitará. E de novo
protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar
toda a Lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei
[aqueles que esperavam que o cumprimento da Lei sem Cristo lhes pudesse
assegurar a salvação, o que é um erro]; da graça tendes caído”.
Parte da análise deste texto já foi antes realizada quando abordámos a questão da
circuncisão na carne. Porém, há que analisar estas passagens em maior detalhe.
Relembremos e retenhamos que Yeshua, Paulo e todos os restantes discípulos eram
homens circuncidados assim como o eram também todos os que pertenciam à
congregação de Jerusalém, a Igreja dos Nazarenos ou os que estavam na Diáspora.
Como já antes explicámos, o “jugo da servidão” era aquele que era imposto pelas leis
e tradições dos homens e não pela Lei de YHWH, a Lei perfeita da Liberdade de que
nos fala o apóstolo Tiago. Paulo criticava aqueles que ensinavam que eram
justificados (salvos) por guardarem a Lei. Paulo não nos está a dizer que é errado
guardar os preceitos divinos ou ser fisicamente circuncidado quando esse seja um
acto de fé. A salvação vem pela fé no sangue de Yeshua, vindo depois disso a
obediência, de forma voluntária, de coração, por amor a YHWH e à Sua vontade.
Também não podemos tomar estas passagens fora do contexto das restantes em que
elas estão inseridas. Para compreendermos o contexto veja-se a explicação que se
apresenta de seguida para as passagens que estão em Gálatas 5:5-11a,
particularmente o versículo 11a que diz textualmente: “Eu, porém, irmãos, se prego
ainda a circuncisão [como sinal de obediência pela fé], por que sou, pois,
perseguido?” Numa primeira leitura também parece que Paulo está a ser perseguido
por ensinar a circuncisão da carne como essencial para a justificação (salvação). Não
é assim. Será que ele não está antes a ser perseguido por se opôr ao ensino da
salvação pelas obras? Como se prova, as passagens não devem ser analisadas de
forma isolada do contexto em que são escritas. Elas fazem parte de um todo.
De novo, a premissa a que muitos facilmente chegam (os que se opõem à Lei) é esta:
“se nunca recebestes a circuncisão física, mas crestes em Cristo, então, pela Lei de
Cristo, não deves circuncidar a carne do teu prepúcio, pois se o fizeres, estarás a
colocar-te debaixo da Lei da qual fostes libertado, afastando-te assim de Cristo,
porquanto, na verdade, sereis salvos pela graça e não pela Lei. Assim, não deixes
que ninguém te diga que deves guardar a Lei do AT e que te deves deixar
circuncidar”. Será isto que Paulo nos transmite nesta passagem?
Isto faz-nos regressar à questão com a qual Paulo foi confrontado quando se reuniu
com os responsáveis da Igreja em Jerusalém: Actos 21:21 – “E já acerca de ti foram
informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-
se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o
costume da Lei”. Já vimos, porém, que Paulo refutou estas falsas acusações e fez
questão de demonstrar que era um obediente servo de Deus, andando e ensinando
outros a andar em todos os preceitos da Lei de YHWH/Moisés, dando numerosos
exemplos de obediência, tendo até sacrificado no Templo e circuncidado Timóteo.
A tal ponto Paulo revelou a sua oposição aos “dogmas” da lei oral, farisaica, que os
fariseus intentaram matá-lo: Actos 23:12-14, mas, não o tendo conseguido,
castigaram-no com açoites: 2.Coríntios 11:24 (em quatro ocasiões ele recebeu 39
açoites de cada vez, o que correspondia a um dos preceitos da lei oral). Ele sujeitou-
se a ser vergastado a fim de que continuasse a ter acesso às sinagogas e a poder
pregar a Cristo. Ao aplicarem-lhe estes castigos corporais ficou comprovada a
natureza daqueles que o odiavam. Aqueles que diziam que Paulo não ensinava “a
Lei” faziam-no na perspectiva da lei oral e não da Lei do Altíssimo. Daí Paulo ter
seguido o conselho dos anciãos da Igreja em Jerusalém e ter demonstrado que,
também ele, era um obediente seguidor da Lei de YHWH/Moisés.
Por preceito divino Abraão foi circuncidado (depois de ter sido justificado pela fé) e fez
circuncidar todos os varões nascidos na sua casa, bem como aqueles que foram
comprados por dinheiro mas que também serviam na sua casa – Génesis 17:9-14.
Considerando que toda a descendência de Abraão, incluindo os que se tornaram
gentios das nações, ao abraçar a fé de Abraão se tornam filhos da promessa
(Romanos 9:8; Gálatas 4:28), então fácil é concluir e aceitar que todos os varões,
após a circuncisão do coração (conversão com o batismo da fé) devem circuncidar a
carne do seu prepúcio se seus pais não lho houverem já feito durante a infância.
Se assim está disposto na Lei de YHWH, porque razão invocam hoje muitos cristãos
que a circuncisão é só para os judeus? Faz lembrar os argumentos desses mesmos
que dizem que a Lei também é só para os judeus! E porque razão é que este preceito
divino (que também é uma marca ou um selo de Deus para com o Seu povo) está
hoje posto de lado, mesmo entre aqueles que dizem ter a fé de Yeshua? Não foi O
Messias circuncidado ao 8º dia em cumprimento da Lei por parte de Seus pais? Não
foram igualmente João, o Batista e todos os filhos de Israel circuncidados ao 8º dia de
vida (Lucas 1:59-60)? Será que cremos que as palavras de Paulo em Gálatas 5:2-4
vêm anular o preceito divino que nos é dado em Génesis 17:9-14? Será que a
circuncisão na carne para os judeus e convertidos a Yeshua foi transformada e
reduzida somente à circuncisão do coração? Ou ao batismo das águas? Onde é que
podemos encontrar tal ensinamento na Bíblia? Para compreender tudo isto temos que
considerar o ensino hebraico do tempo de Yeshua, dos apóstolos e de Paulo.
Se atentarmos para:
• Actos 5:1 – “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os
irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis
salvar-vos”, e
• Actos 5:5 – “Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se
levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que
guardassem a Lei de Moisés”,
veremos que: i) a circuncisão nunca foi um mandamento de Deus dado através de
Moisés, mas sim, muito antes deste, dado através de Abraão, e ii) que os fariseus
procuravam que os gentios convertidos fossem circuncidados segundo os preceitos
farisaicos (“halacha” ou lei oral) e não segundo o preceito divino. Muitos ensinavam
que se a circuncisão não obedecesse aos rituais que os homens criaram a mesma
não era válida. Lembremos também que para os judeus ortodoxos, a lei oral
(farisaica, rabínica, contida no Talmude) veio substituir a Lei escrita dada por YHWH
através de Moisés. Esta lei oral, talmúdica, apresenta inúmeros suplementos à Lei de
YHWH no Talmude Babilónico: Shabbat 133a, 135a, 137a, acrescido de Yevamot
48a/b e muitas contradições com a Lei de YHWH, também.
25
Paulo foi discípulo de Gamaliel, neto de Hilel
Assim, o nosso esforço deve ser orientado para procurar entender o verdadeiro
sentido destas palavras, para o que será também necessário compreender um pouco
do que eram os preceitos rabínicos que imperavam ao tempo de Paulo. Se
aplicássemos somente uma interpretação textual só poderíamos concluir que Paulo
se contradizia em relação a outros textos seus. O que não é verdade pois Paulo tinha
o Espírito Santo.
Vamos ver de seguida que Paulo não estava a condenar a prática da circuncisão na
carne como resultado da circuncisão do coração, pois se assim fosse não teria
circuncidado Timóteo após o Concílio de Jerusalém (Actos 16:3-4). Ele estava era
contra a doutrina dos judeus que, dizendo-se de Cristo, ensinavam que o
cumprimento da Lei (segundo os preceitos e tradições dos homens) era indispensável
para a salvação aos Gálatas que se haviam convertido, o que sabemos ser uma
doutrina errada que os “judaizantes” procuravam impôr no espírito da lei oral
(Filipenses 3:2-3). Paulo estava a dizer-nos que os da verdadeira circuncisão são os
que se gloriam em Cristo (por analogia, todos os que se dizem judeus e não se
gloriam em Cristo não são da verdadeira circuncisão! – Romanos 2:28-29; 9:6-13); ele
estava contra o uso impróprio da circuncisão por parte dos judeus. Se na realidade, a
circuncisão na carne salvasse só por si, o homem não precisava de Cristo. E é isto
que Paulo nos diz nos versículos acima transcritos. Mas, como dizemos, o homem
Os Gálatas corriam o risco de estar a seguir um caminho que Cristo condenou e que a
Lei de YHWH/Moisés não ensina, afastando-se assim da Verdade (vers. 7: “Corríeis
bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?”). Por este motivo Paulo
viu-se na necessidade de lhes escrever para repor a Verdade.
E, uma vez que guardemos como tesouro no nosso coração que somos parte da
Israel verdadeira (a nossa verdadeira identidade, aquela que os nossos pais
perderam por se terem afastado de Deus), então estamos em condições de melhor
entender e praticar a Lei de YHWH/Moisés.
Para “rematarmos” este tema poderíamos ainda perguntar aos que estão contra a
circuncisão na carne como resposta à circuncisão do coração: “será que todo o varão
que deixe que a carne do seu prepúcio seja cortada assume consequências eternas
desse acto”. Perguntamos ainda: “será que a salvação por Cristo passa a estar
vedada a todos os que se deixam circuncidar na carne?” Então e os bebés que são
circuncidados ao 8º dia de vida? Cristo fica-lhes vedado? Em tudo isto pergunta-se:
onde está a inteligência do homem? Porque é que alguns torcem a verdade e as
palavras de Paulo? Não será para sua própria condenação, como diz Pedro?
Gálatas 5:5-11a
Estas palavras de Paulo vêm na sequência das que analisámos em Gálatas 5:1-4
acima, sendo agora mais fácil compreendê-las. Senão vejamos:
Circuncidado ou não, o crente entra na salvação por Cristo pela fé. E é esta mesma fé
(tal como se passou com Timóteo) que depois o leva ao acto (de fé) de aceitar o sinal
da circuncisão na carne do seu prepúcio, como acto de obediência pela fé. A chave é
a fé. Por isso Paulo não fala contra a circuncisão (como acto de fé) mas sim contra
esse acto como um ritual de entrada no judaísmo farisaico como meio de alcançar a
graça aos olhos de Deus (portanto, fora de Cristo). Para estes, Cristo para nada
aproveita, como diz Paulo. Todos os apóstolos de Yeshua pregaram a salvação pelo
arrependimento do coração e pela fé nas promessas de Deus/Yeshua, e Paulo não foi
excepção. É por isso que não fazia qualquer sentido circuncidar na carne ao neófito
na fé, sem que a sua fé estivesse verdadeiramente consolidada, como aconteceu com
Timóteo (Colossenses 2:11).
Gálatas 5:18
“Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da Lei [debaixo da
condenação da Lei]”.
Meus amigos: se somos guiados pelo Espírito (Santo) estamos na Verdade, estamos
em Cristo e no caminho da salvação. Andamos em obediência a YHWH e à Sua
vontade!
Não que esta passagem deva algum esclarecimento especial, uma vez que não a
devemos ler fora do contexto onde ela vem inserida: vers. 19 a 25 – “Porque as obras
Lendo o versículo 18 no seu contexto, temos que o cruzar com o versículo 23: “Contra
estas coisas não há Lei”. Quais coisas? As nefastas, que nos são indicadas nos
versículos 19 a 21, pelas quais os homens não herdarão o reino de Deus, ou as que
edificam no Espírito, precisamente as que nos são referidas no versículo 22: “Mas o
fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,
mansidão, temperança”? Claro que são as referidas no versículo 22, pois quem age
daquele modo para tem a Lei a condená-lo. Podemos então compreender, no seu
contexto, o que quis Paulo dizer aos Gálatas: “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais debaixo da Lei”, precisamente porque já não andamos em rebeldia (nas obras
da carne) mas em temor e obediência (nas obras da fé). Assim, para os que andam
em temor, fé e amor, para estes já não é precisa a Lei porque já vivem em
obediência.
Efésios 2:14-16
A “parede de separação” apontava como exemplo para o muro que cercava o Templo
em Jerusalém, no qual estava inscrito “barreira limite”, que marcava a fronteira para
além da qual o estrangeiro não podia entrar no espaço interior do Templo, porque não
se ter ainda convertido ao Deus de Israel e estar circuncidado. Aquele que
transgredisse sujeitava-se à pena de morte. Esta fronteira marcava também o limite
para o pátio das mulheres. Este é o muro ou barreira de que fala Paulo ter sido
derrubada pelo sacrifício de Cristo (como figura). Será interessante ver que nada na
Lei indica ter sido mandatória a sua construção, uma vez que YHWH sempre ordenou
que o estrangeiro devia ser tratado da mesma maneira que o natural da terra uma vez
que Israel também já tinha sido estrangeiro no Egipto – Êxodo 23:9. Todo o
estrangeiro que se chegasse ao Deus de Israel para O servir devia ser tratado como
um dos naturais da terra. O muro foi assim erigido por mandamento dos homens.
Vamos ilustrar:
• Quando Pedro diz em Actos 10:28a – “Vós bem sabeis que não é lícito a um
homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros”, devemos compreender
que a expressão “não é lícito” advinha das leis dos homens, pela lei oral, e não
que o evangelho de Cristo é salvação tanto para o judeu como para o grego,
i.e. para todos os povos que abraçarem o concerto com YHWH por Yeshua.
• Apesar do muro de separação do Templo e da inimizade entre os dois povos
terem sido destruídos por Yeshua, pode ainda haver alguns outros factores que
persistem em manter a divisão nos nossos dias: i) o entendimento de Judá de
que pertence a um povo escolhido por Deus criando assim um sentimento de
superioridade sobre os de fora, ii) o sentimento de inveja dos gentios por verem
que Deus escolheu Israel como Seu povo, iii) o ressentimento dos gentios face
ao orgulho de Judá, iv) a imcompreensão de parte a parte que é explorada pelo
“adversário”.
Após a morte de Cristo, logo seguida da destruição do Templo no ano 70, Israel ficou
sem local de adoração, tendo como consequência terem sido interrompidas i) a
intervenção sacerdotal levita e ii) os sacrifícios dos animais. Porém, Deus sempre
intentou que o homem Lhe rendesse culto no mais íntimo, no seu interior, no seu
coração, local onde devia estar a Sua Lei espiritual, tanto gravada como vivida. Esse
foi sempre o intento do Senhor. Essa intenção de Deus não foi abandonada. Veja-se
o que nos ensina o Concerto Renovado (N.T.) em João 4:21-24; 1.Coríntios 3:16-17;
6:19-20; 2.Coríntios 6:16; Efésios 2:21-22; 3:17; Apocalipse 21:3. Compreendemos
assim que o N.T. confirma o A.T.
Quando se executava um homem era uso colocar-se uma nota ou uma cédula de que
nos fala Colossenses 2:13-14, indicando os crimes de que era acusado, os quais
constituiam um certificado de dívida (Grego: “cheirographon”) perante Deus e perante
a sociedade. Essa cédula era cravada no madeiro onde o homem acabava por
expirar. Veja-se o exemplo em Yeshua – João 19:19-24. Torna-se assim óbvio que
não podia ser a Lei eterna, santa, justa e boa que foi cravada no madeiro em que
Yeshua expirou, porque Ele disse-nos que nem um jota ou um til seria retirado da Lei
sem que tudo seja cumprido! O que na realidade ficou cravado no madeiro foram os
pecados dos que se convertem a Ele (Ele resgatou o nosso certificado de dívida), pois
Ele levou sobre Si as nossas iniquidades como nos diz em Isaías 53:4, 12. Nunca
poderia ter sido a Lei perfeita da liberdade, eterna, santa, justa e boa que voltará a ser
gravada nos corações dos que viverem durante o Milénio. Como é que a Lei dada por
YHWH ao homem e que nos aparece resumida em dois mandamentos básicos: “amor
a Deus” e “amor ao próximo”, poderia ter sido “cravada no madeiro” ou “anulada” pelo
próprio Legislador, O Senhor Yeshua? Confundam-se pois os falsos ensinadores e
seja sempre Deus verdadeiro.
Ele foi acusado e condenado injustamente pelos homens como “blasfemo” porque se
chamou Deus a Si próprio, pois Ele era, é e será Deus eternamente, O Senhor
YHWH! Ele pronunciou as palavras “EU SOU O QUE SOU”, YHWH, esse Nome
glorioso que, segundo a tradição dos homens só deveria ser pronunciado uma vez no
ano, no Dia da Expiação, pelo Sumo-Sacerdote no Templo. Por isso, antes de O
matarem, O tentaram apedrejar várias vezes para O matar. A cédula que cravaram no
madeiro dizia “YESHUA NAZARENO, O REI DOS JUDEUS”, frase que na língua
hebraica se escrevia através das iniciais “YHWH”. Este era um sinal bem claro. Quem
é que estava a ser pregado no madeiro e injustamente condenado pelos pecadores
senão O Próprio Deus YHWH? Os fariseus bem protestaram junto de Pilatos
pretendendo que este mandasse alterar a tabuleta, mas este respondeu-lhes: “O que
escrevi, escrevi”. E assim ficou o testemunho que Aquele que ali estava a ser
sacrificado era O Rei da Glória, O Ungido de YHWH, O Cordeiro de Deus, era O
próprio YHWH na carne (O Emanuel, Deus connosco).
Paulo não nos está a dizer que O Messias aboliu a Lei (o que iria contra a Palavra de
Deus). Antes, ele diz-nos que o que foi abolido foram as doutrinas que antes
separavam os gentios dos judeus. E, como sabemos, essas doutrinas eram doutrinas
humanas e não de Deus, pois todas as Escrituras falam daqueles que sendo gentios
e se chegam ao Deus de Israel para O servir passam a ser israelitas pois são
enxertados na boa oliveira que é Israel Romanos 11:17, 19, passando a viver pela fé
de Abraão, sendo também filhos de Abraão pela fé (Gálatas 3:7), tal como aconteceu
a todos os povos que sairam conjuntamente com Israel do Egipto. Já fomos gentios
mas agora pertencemos à Israel de YHWH – Efésios 3:6.
Tal como já antes dissemos também, pensar que a inimizade era constituída pela Lei
de Moisés e que ela foi cravada na cruz por Cristo é um erro em que incorrem muitos
dos errados ensinadores das Escrituras, pois tal é contrariado pelas palavras do
próprio Cristo: “não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas... até que o céu e a
terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido” –
Mateus 5:17-18.
Colossences 2:13-14
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne,
vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo
riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma
maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”.
Voltamos a perguntar: então o que é que foi pregado por Cristo no “madeiro”? A que
cédula se refere Paulo? Paulo usa neste texto o termo grego “cheirographom”, o qual
pode ser traduzido por “documento manuscrito”, “cédula”, “título de dívida”.
Notemos que a palavra “Lei” não é uma única vez citada em toda a epístola dirigida
“aos Colossenses”, pelo que esta citação, se referente à Lei, estaria fora do contexto.
Acresce o facto muito importante, de se saber que a palavra grega usada
(cheirographom) indicava o “registo manuscrito das faltas ou ofensas” ou “um
certificado de pecados cometidos”, nunca uma Lei (nomos). A palavra grega para
ordenança é “dogma”, significando lei ou doutrina humanas. A expressão “tirou do
meio de nós” dá ainda mais força a essa interpretação. Nos tribunais da época o
“documento acusador” era colocado no meio da AssembLeia. Foi esse que Cristo veio
tirar.
É desta passagem que é retirada a conclusão errada que Yeshua veio “pregar a Lei
na cruz”, tentando com esta falsa conclusão argumentar que a Lei foi anulada pelo
sacrifício de Cristo. Relembremos as palavras de YHWH em Isaías 8:16, 20: “Liga o
testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos... À Lei e ao testemunho! Se eles não
falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Que palavras tão
maravilhosas que fazem cair pela base a mentira contra a Lei de YHWH!!!
Se toda a Lei (Torá de Israel) tivesse sido anulada por Cristo tal disposição teria que
estar escrita para nós, sem qualquer margem para dúvida. Ora isso não acontece.
Mais, se a Torá tivesse sido anulada (só porque era seguida por Israel), então
também os Dez Mandamentos que fazem parte da Torá teriam sido anulados. E,
como claramento se vê, este argumento cai pela base.
Como é que a Lei (incluindo os Dez Mandamentos) nos poderia, de alguma maneira,
ser contrária? Sem a Lei não reconheceríamos o pecado, a iniquidade (iniquidade =
transgressão da Lei) e o homem andaria sem disciplina.
O que foi cravado na cruz ou no madeiro por Cristo foi a certidão ou título de dívida
que todos nós tínhamos para com Deus desde a transgressão de Adão e pelos
nossos pecados pessoais. Ao saldar essa dívida através do Seu sangue, Ele abriu-
nos a porta da graça de Deus, se andarmos em fé e obediência. O que estava contra
nós não eram (nem são) os preceitos eternos de Deus contidos na Sua Lei mas,
“Portanto, ninguém [i.e. nenhum pagão] vos julgue pelo comer, ou pelo beber,
ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são
sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.
Esta recomendação de Paulo não era endereçada aos crentes, quer estes fossem
judeus da sinagoga que estava em Colossos quer fossem gentios convertidos ao
Senhor, pois esses conheciam e eram ensinados na Lei. Esta advertência era para
que os crentes não dessem importância às críticas dos de fora, os pagãos, que não
compreendiam (tal como hoje...) porque razão os fiéis eram observadores de
preceitos de dietética, das luas novas que marcam o calendário religioso de Israel ou
das solenidades que YHWH criara para o Seu povo, incluindo os Sábados.
Este discurso não faria qualquer sentido se fosse dirigido aos convertidos e que eram
ensinados na Lei, pois era como se Paulo lhes estivesse a dizer que os preceitos de
YHWH a respeito do comer animais limpos ou impuros fosse irrelevante (o que
contraria as disposições da Lei em Levítico 11) ou que os dias que YHWH aponta
para o Seu povo, como as Suas solenidades (Levítico 23:2), incluindo não só os
Sábados anuais mas também os Sábados semanais, não fossem importantes.
Reparemos na palavra “Portanto”, que significa “em consequência do que vos foi dito”
– cá está de novo o contexto a dever ser levado em consideração. Uma vez que a
dívida pelos nossos pecados quando ainda dávamos ouvidos às doutrinas de homens
foi paga por Yeshua no madeiro do sacrifício, não deixemos então que estes homens
(os enganadores), nos julgem acerca dos dias festivos, dos Sábados ou do comer ou
do beber através das suas tradições pagãs. Se alguns colocam tanta reserva na parte
que diz “acerca do comer ou do beber”, é porque ignoram deliberadamente “os
Sábados”. Será que Paulo também questionava o Sábado para o povo de Deus. De
maneira nenhuma, como diria o próprio Paulo.
Atentemos pois uma vez mais para o contexto. A partir dos versículos 4, 8 e 18
podemos constatar que os crentes de Colossos estavam a ser julgados pelos
enganadores (ou pelos não convertidos a Cristo) em relação a tudo o que vem
relatado no versículo 16. Eles tentavam impôr doutrinas de homens, ou dogmas, aos
crentes de Colossos, tal como ainda hoje pretendem fazer distorcendo as Escrituras
para sua própria perdição (e daqueles que neles confiarem).
Por esta esta breve compilação podemos compreender a loucura dos homens que
querem moldar Deus à sua maneira de ver as coisas e não estão para se moldar à
vontade do Deus Eterno. Cuidado com as vãs subtilezas e ensinos dos que dizem
que “a Lei ficou cravada no madeiro por Yeshua”. Eis o engano de Satanás e de
homens mentirosos. Durante séculos a maioria do chamado “cristianismo” foi
ensinado que Paulo dizia aos crentes que os dias santificados por YHWH tinham
acabado. Erro sobre erro! O homem que se deixa guiar por este caminho tortuoso
certamente não alcançará a misericórdia de Deus. Porque cada ser humano tem a
responsabilidade de estudar a Palavra de Deus, orar e pedir sabedoria e
entendimento e procurar o caminho verdadeiro que conduz à salvação por Cristo. É
como diz em Lucas 11:9-10 – “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca
acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á”. É pois tempo de encontrarmos a “Luz”/Cristo.
Pela análise do contexto destas passagens acabamos por ter a prova que os crentes
de Colossos seguiam os preceitos da Lei, os preceitos dietéticos, incluindo também a
celebração das solenidades instituídas por YHWH, as Suas Festividades pois, se
assim não fosse, eles não seriam criticados pelos Gnósticos. A carta de Paulo é uma
resposta àqueles que criticavam a forma como a Igreja ali observava os preceitos de
Deus em obediência. Por isso Paulo os pressiona para que não se deixem julgar
pelos não crentes, para que não abdiquem do caminho certo.
Mesmo quando Paulo nos diz que estas coisas são imagens das coisas futuras
porventura ele diz que foram abolidas? Temos que entender estas passagens nos
seus contextos. Devemos ter muito cuidado na forma de as interpretar. De resto, é
muito comum nos escritos de Paulo que este se refira especificamente aos judeus ou
aos gentios quando lhes quer apontar algum erro, o que não sucede neste texto por
ele se referir aos gentios não convertidos que criticavam as opções dos que estavam
convertidos.
Quando Paulo nos diz que estas coisas são sombras das coisas futuras está a
ensinar-nos a verdade, pois elas já hoje apontam para coisas muito mais grandiosas
que acontecerão com a vinda de Cristo – e.g. o Sábado de descanso semanal aponta
para o Dia do Senhor, o descanso milenar ou o tempo de refrigério, o 7º Milénio sob o
governo de Cristo na Terra, quando Ele restaurar as duas casas (Judá e
Efraim/Israel); a nossa vida presente é uma sombra da vida que há-de vir com Cristo,
a vida eterna, quando formos revestidos da Sua glória e da imortalidade. Mas, o facto
de elas hoje serem uma sombra do que há-de vir não quer dizer que as ignoremos ou
ponhamos de lado por não terem significado ou não serem importantes para a nossa
santificação. Bem pelo contrário!
as quais, embora sendo sombras das coisas futuras já hoje devemos guardar no
nosso coração e pôr em prática nas nossas vidas, pois já as compreendemos.
Socorramo-nos, uma vez mais, das palavras de Paulo, em 1.Timóteo 4:1-3 – “Mas o
Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios; pela hipocrisia de
homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o
casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e
para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com acções de graças”.
Não nos deixemos enganar “pelo que parece”. Porque muitos vão atrás deste tipo de
linguagem de Paulo para distorcerem a verdade, coisa que Paulo não fez nem teve
intenção. Os que torcem a verdade para sua própria perdição são aqueles que
baseados nesta (e noutras passagens) vêm dizer que é indiferente o dia que
escolhemos para descansar segundo o mandamento (o que leva muitos a aceitar o
Domingo como o “dia do Senhor”), ou que não é importante aceitar os dias das
solenidades instituídas por Deus ou não nos preocuparmos sobre o que comemos ou
bebemos ou sobre o significado das Suas luas novas para a marcação das Suas
Solenidades. Isto é linguagem satânica porque contraria a vontade de Deus e leva
muitos a andar em caminhos da iniquidade. Em oposição a estes a Palavra de Deus é
muito clara sobre aquilo que O Senhor espera dos Seus fiéis: fé nas Suas palavras e
obediência em amor.
Colossenses 2:20-22
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que
vos carregam ainda de ordenanças [do grego: “dogmas” = preceitos dos
homens], como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não
manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e
doutrinas dos homens”.
Será que podemos considerar a Lei eterna (Salmo 119:89), santa, justa e boa como
“rudimentos do mundo”? A resposta é claramente NÃO! Rudimentos do mundo são os
preceitos e doutrinas dos homens como diz logo no versículo 22, pois estão
destinados a desaparecer. A palavra grega usada para preceitos dos homens é
“dogma” (Colossenses 2:20, Luas 2:1, Actos 17:7 e Efésios 2:15), enquanto a palavra
grega usada para Leis, preceitos ou ordenanças de Deus é “dikaioma” (Lucas 1:6 e
Hebreus 9:1, 10). Vemos assim o quanto uma tradução incorrecta pode induzir em
erro o pensamento daqueles que não se querem estribar no ensino da verdade
através do pensamento hebraico, buscando as veredas antigas de que nos fala a
Palavra em Jeremias 6:16 e 18:15.
Podemos agora perguntar: o que é que ficou pregado no madeiro onde Cristo foi
sacrificado? Resposta: não foi o certificado de dívida de Yeshua, porque Esse morreu
sem pecado. Foi antes o nosso certificado de dívida pelos nossos pecados e por
seguirmos ainda os preceitos dos homens, os rudimentos do mundo que não
aproveitam para nada, duvidando da eficácia da Palavra de Deus nos nossos
corações. Enquanto este coração não estiver circuncidado e entregue a Deus há
pouca esperança de redenção, pois estaremos a adorar a Deus em vão (Marcos 7:7-
8).
Como judeu que era, que não negou as suas origens nem a Lei dos seus pais (Actos
22:3), e zeloso cumpridor da Lei, Paulo fala para os recém convertidos a quem os
judeus, que seguiam as tradições dos homens e a Lei oral farisaica, pretendiam impôr
preceitos que a própria Lei de Deus não impõe, pois eram ordenanças, preceitos e
doutrinas dos homens, como diz na passagem acima e também em Tito 1:14 – “Não
dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se
desviam da verdade”.
Não nos podemos esquecer que Paulo fala para uma população (Colossenses) onde
as correntes filosóficas gregas, gnósticas e também a corrente farisaica com as suas
tradições humanas pretendiam impôr aos recém convertidos muitas regras que não
passavam de preceitos de homens (tal como hoje muitos o fazem). Paulo não falava
de nenhum preceito divino, dado na Lei, mas sim de preceitos talmúdicos ainda hoje
seguidos pelo Judaísmo que mais não são que preceitos de homens que, em muitos
aspectos são contrários à Verdade.
Tal como Paulo escreveu a Timóteo, a Lei, os Escritos e os Profetas são inspirados
por YHWH – 2.Timóteo 3:14-17, revelando o carácter do Deus Único e Eterno.
Perante este episódio, pergunta-se: Não era Ananias um servo do Deus Altíssimo,
homem piedoso conforme a Lei? Resposta: Sim! E Paulo não foi entregue aos seus
cuidados pelo próprio Senhor Yeshua? Resposta: Sim! Não tinha este Ananias aceite
Cristo, permanecendo na Lei? Resposta: Sim! A missão que Paulo aqui recebeu foi a
de levar o conhecimento da Lei de YHWH e a fé de Yeshua aos gentios, às
comunidades de Israel que andavam dispersas em Corinto, em Colossos, na actual
Espanha, em Roma, etc., e a todos os que se convertessem ao Deus de Israel. Os
exemplos que confirmam este entendimento abundam na Palavra de Deus.
Gálatas 3:9-14
“De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Todos
aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição; porque está
escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão
escritas no livro da Lei, para fazê-las. E é evidente que pela Lei ninguém será
justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a Lei não é da fé;
mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da
maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo
aquele que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse
aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do
Espírito”.
Este tema está mais que explicado em muitas anteriores passagens. Também esta
deve ser lida no seu contexto e ser cruzada com outras passagens bíblicas para que
dela possamos retirar o seu verdadeiro significado.
1. “os que são da fé são benditos com o crente Abraão” – pois, pela fé, nas
promessas de Deus, tal como Abraão, tornamo-nos filhos da promessa dada a
Abraão (Efésios 2:12; Gálatas 3:29) e co-herdeiros com Cristo, pois embora o
patriarca Abraão tenha sido justificado pela fé ele também já era obediente à
Lei de YHWH. A justificação pela fé não estava, de forma alguma arredada da
obediência revelada por ele ao ser fiel cumpridor de toda a Lei de YHWH,
conforme nos diz em Génesis 26:5: “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz,
e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas
Leis” e ao obedecer à voz de YHWH quando lhe pediu para imolar o seu único
filho Isaac (um tipo do próprio Filho de Deus).
2. “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição” –
esta passagem é bem clara pois diz-nos que aqueles que esperam alcançar a
salvação pelo cumprimento da Lei sem que no seu coração resida a fé nas
promessas de Cristo e da Sua salvação, estão condenados (são malditos) pois
basta tropeçar num só ponto da Lei para ser culpado de todos. Ora ninguém (a
não ser O Senhor Yeshua) se encontra em condições de cumprir integralmente
tal obrigação. De resto, esperar alcançar a salvação pelo cumprimento da Lei
(pelas obras) é negar o sacrifício do próprio Cristo e o poder do Seu sangue,
pois se o homem se pudesse salvar pela estrita observância da Lei não teria
sido necessário que Cristo morresse no nosso lugar – “Cristo fez-se maldição
por nós”.
Mas, como já foi dito e repetido neste trabalho, a graça de Deus só pode abundar
onde houver esperança, fé e obediência baseada nas promessas de YHWH e do Seu
Cristo. E isso implica também obediência a toda a Sua vontade expressa na Sua
santa Lei eterna e imutável.
É nesta simbiose de graça, fé, humildade e obediência à Palavra de Deus que reside
a salvação do homem. Lembremos o que nos é dito na Torá do Senhor, em
Deuteronómio 27:26: “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta Lei, não as
cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”.
Como claramente vemos, O Senhor YHWH sempre esperou obediência do Seu povo,
em todos os tempos, mesmo após a vinda do Seu Filho, NossO Senhor Yeshua, O
Messias.
Gálatas 3:10
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as
coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”.
Depois das análises do conteúdo de outras passagens escritas por Paulo e já aqui
inseridas, não nos restam quaisquer dúvidas que o apóstolo nunca poderia estar a
condenar a Lei de YHWH, mas antes aqueles que andavam em erro, ensinando e
esperando que por cumprirem escrupulosamente a Lei de YHWH poderiam, só por
esse meio, serem salvos. Eles deixavam a salvação de Cristo fora das suas vidas,
ficando dependentes das suas própias capacidades para serem salvos…pelas obras.
Ora Yeshua diz-nos de forma muito clara que “sem Mim nada podereis fazer” – João
15:5.
Tal ensino é errado como o demonstrou Paulo inúmeras vezes, corroborando o que
ele mesmo nos diz logo no versículo seguinte, o 11: “E é evidente que pela lei
ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”. Como já o
dissemos vezes suficientes, as obras são geradas pela fé e pelo amor e temor
(reverência) a Deus e aos Seus preceitos, pois a fé sem obras é morta como nos
ensina Tiago, e como diz o mesmo Paulo em Gálatas 2:16 – “Sabendo que o homem
não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido
em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei;
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.”
Quando no versículo 10 ele diz: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas
as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”, Paulo está a reproduzir o
que foi dito a Israel em Deuteronómio 27:26 – “Maldito aquele que não confirmar as
palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.” Paulo limita a fazer
uma citação do que foi escrito no livro da Lei.
Gálatas 3:24-29
“De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que,
pela fé, fôssemos justificados. Mas, depois que a fé veio, já não estamos
debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes baptizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.
Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem
fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então,
sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa”.
Sabemos que a nossa “justificação” não vem do cumprimento da Lei mas, pela nossa
fé e pela graça divina, através do sangue de Cristo. No entanto, o facto de estarmos
sem a “opressão” do “pedagogo”, não justifica que vamos contra os seus
ensinamentos. Se nós conhecemos o pecado pela Lei, sabemos também que quem
vive em Espírito tem que procurar obedecer à Lei de Deus – Gálatas 5.19-25.
A Lei perdeu para o cristão o seu papel judicial, no entanto, permanece o seu papel
educativo, necessário à nossa santificação. Não notarmos a diferença entre
Justificação e Santificação é um dos erros de interpretação das epístolas paulinas.
Por isso muitos lutam hoje “contra a Lei de Deus”, quando deviam estar preocupados
em lutar contra o pecado.
Paulo não se contradiz a si próprio, pois em Romanos 7:12 ele diz-nos: “E assim a Lei
é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. Que Lei, senão a mesma Lei dada a
Moisés por YHWH? De resto, toda a Lei é um “sinal” entre YHWH e o Seu povo –
Deuteronómio 6:4-8. Este “sinal” (que inclui a guarda do Sábado) é a marca de YHWH
no Seu povo, que se opõe à marca de Satanás, e do seu anti-Cristo!
Provérbios 23:12
Gálatas 5.18
Se já somos espirituais já não estamos debaixo da Lei. Será assim tão difícil de
compreender estas palavras de Paulo? Vamos ver que não.
A Lei encaminha-nos para a reconciliação com Deus através de Cristo – “Porque o fim
[propósito] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” – Romanos 10:4. O
significado da expressão “fim da Lei” é: “”objectivo da Lei”, “propósito da Lei”. Sendo
espiritual, ela mostra-nos onde ainda erramos, onde ainda transgredimos a Sua
vontade, mostra-nos o pecado para arrependimento – Romanos 7:13-14.
Aquelas palavras de Paulo não determinam o acabar com a Lei dada por Deus ao
homem, mas apontam, isso sim, a finalidade, o propósito com que foi dada: para que
o homem viva por ela, segundo o exemplo deixado por Cristo. No Milénio O Senhor
YHWH fará que essas Leis, testemunhos, estatutos estejam escritos no coração do
homem – Hebreus 8:10-13.
Foi exactamente isso que se passou no deserto do Sinai, quando Israel começou a
conspirar contra Deus e contra o Seu profeta Moisés (um tipo de Cristo) – Êxodo 16:2-
8, obrigando O Senhor a perguntar: “Então disse YHWH a Moisés: Até quando
recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas Leis?”.
Importante: reparemos que esta palavra de Deus foi dita pouco depois do povo de
Israel ter atravessado o Mar Vermelho a pé enxuto e antes da Lei lhe ter sido dada no
Monte Sinai. Temos assim, uma vez mais, a certeza da existência de mandamentos e
Leis dadas por Deus ao homem antes das duas tábuas da Lei serem escritas pelo
próprio dedo de Deus em tábuas de pedra. Estes eram os mandamentos e Leis que
Abraão e muitos outros já guardavam desde o princípio da Criação de Deus: Génesis
26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os
A Lei de Deus deve ser observada pela fé, e as obras da Lei devem ser obras que
reflectem essa mesma fé, como nos diz o Apóstolo Tiago. Israel falhou neste
propósito porque tentou justificar-se pelas obras e não pela fé nas promessas – “Mas
Israel, que buscava a Lei da justiça, não chegou à Lei da justiça. Por quê? Porque
não foi pela fé, mas como que pelas obras da Lei; tropeçaram na pedra de tropeço
[Yeshua, O Prometido, O Ungido de Deus]” – Romanos 9:31-32.
Hebreus 8:13
“Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se
envelhece, perto está de acabar”.
Os que postulam o erro dizem, com base nesta passagem, que a Nova Aliança por
Cristo veio invalidar a Antiga Aliança pela Lei, pois esta foi “cravada na cruz” por
Cristo. Este assunto foi já objecto de amplo estudo nas páginas que precedem.
Porém, convém analisarmos esta passagem para que não restem quaisquer dúvidas
no espírito do crente.
Uma vez mais afirmamos que a verdadeira compreensão destas palavras devem ser
retiradas do contexto em que estão inseridas. Um texto retirado do seu contexto não é
mais do que um pretexto como dizem alguns autores (e têm razão). Se isolarmos este
versículo podemos também ser conduzidos ao erro de pensarmos que a Lei eterna de
YHWH, a mesma que Jesus declarou que veio cumprir e que dela não seria retirado
nem um jota ou um til sem que tudo fosse cumprido (completado). Ora, sabemos que
o autor de Hebreus não tinha autoridade para contradizer o que o próprio Senhor
Yeshua ensinou.
Quando o autor da carta aos Hebreus escreveu aquela passagem, o Templo ainda
estava de pé no Monte Moriá e ainda se celebravam sacrifícios de animais. Este só
viria a ser destruído no ano 70 d.C. pelas tropas romanas comandadas por Tito. O
autor profetizou que este sistema de sacrifício iria desaparecer (tal como Yeshua
também havia profetizado em relação ao Templo, dizendo que não ficaria pedra sobre
pedra), o que veio a acontecer uma geração depois de Cristo partir.
Se o autor da carta aos Hebreus entendesse que era a Lei eterna de Deus que estava
a ser substituída, então ele seria o menor no reino dos céus – Mateus 5:19. O Deus
Eterno nunca admitirá que um homem que ensina contra a Sua Lei (que ensina a
iniquidade, portanto) entre nas bodas do Cordeiro, i.e. aceda à Salvação por Cristo.
Os que tal ensinam são falsos profetas. Naquele Dia eles dirão ao Senhor: “Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos
demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”
– Mateus 7:22-23.
Sofonias 2:3
“Buscai a YHWH, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por
obra o seu juízo [que andam segundo a Lei de YHWH]; buscai a justiça
[Cristo/A Lei viva], buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos
no dia da ira de YHWH”
Intimamente ligada à salvação do homem fiel, anda a sua obediência e fidelidade aos
preceitos de YHWH, à sua fé nas promessas e no sangue regenerador do Filho,
nosso Salvador. É através desta fidelidade e obediência à vontade de YHWH nas
nossas vidas que todos podemos obter o derramamento da graça de Deus nos
nossos corações (ao apóstolo Paulo foi-lhe dito: “a minha graça te basta”).
À luz do ensinamento das Escrituras, torna-se por demais evidente que a graça de
Deus só pode ser derramada sobre os que O querem servir em amor e verdade…e
em obediência e humildade. Seria impensável imaginar que o homem continuasse a
ser rebelde de coração, resistente à verdade e, apesar dessa sua contenção para
com Deus, pudesse obter a Sua graça.
A graça de Deus, i.e., a Sua misericórdia, o Seu perdão e amor para os que se
arrependem e abraçam o Concerto com Deus através de Cristo, revela-nos que
devemos renunciar ao pecado e viver no tempo de vida que Deus nos concede de
forma justa e santa, aguardando, com paciência, a redenção por Yeshua, o Rei
Eterno que virá governar todas as nações da Terra – Tito 2:11-13: “Porque a graça
de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-
nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos
neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada
esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus
Cristo”. Se lermos o versículo 10 veremos ainda que nós, os que cremos, devemos
ser o “ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador”.
Sejamos pois esse “ornamento” revelando-o na nossa vivência diária, na nossa fé,
nas obras dessa mesma fé e na obediência à Sua vontade. Deus resiste aos
soberbos e dá graça aos humildes de coração. A graça de Deus é o produto do
Espírito de Cristo nos nossos corações, Ele que, também, era humilde de coração e
obediente em tudo à vontade do Pai.
Os profetas que falaram acerca Daquele que havia de vir tinham absoluta certeza de
fé nas promessas e nas palavras de Deus. Tal como hoje, qualquer um de nós deve
ter uma fé igual à que eles demonstraram em toda a sua vida. O patriarca Abraão é
um dos grandes expoentes da fé que nos ficaram como exemplo. 1.Pedro 1:7-11:
“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e
é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus
Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas
crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; alcançando o fim da vossa
fé, a salvação das vossas almas. Da qual salvação inquiriram e trataram
diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada,
indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava
neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam
de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Tal como os que viveram antes de
Cristo, também nós hoje vivemos pela fé do relato do que nos foi deixado por Deus
através dos profetas antes Dele e pelas palavras do Messias e dos Seus apóstolos.
Outros grandes exemplos de fé podem ser encontrados em Romanos 11.
Agora, analisemos com cuidado o ensino que nos é dado no versículo 7: “Porquanto
a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus,
nem, em verdade, o pode ser”. E porque razão não podem estes que vivem
segundo a carne estar sujeitos à Lei de Deus? Porque, como já vimos, a Lei é
espiritual e estes ainda estão na carne; por isso se manifestam em oposição a Deus e
à Sua Lei eterna, boa e santa que é espiritual e ainda não está gravada nos seus
corações. Vemos assim que os que se opõem à Lei ainda não se converteram, ainda
estão na carne e o espírito que os guia não é o Espírito de Deus. O argumento que a
graça eliminou a Lei e a obediência aos preceitos de Deus, é o argumento de um
coração ainda não convertido.
Provérbios 23:26
Não esqueçamos que sendo a Lei espiritual, ela aponta para coisas espirituais,
algumas das quais ainda não nos foi dado conhecer em toda a sua plenitude. Mas,
quando Cristo vier Ele nos esclarecerá – Ele é o Legislador. Ele é O Mediador e o
propósito da Lei. Muitas destas coisas são a sombra das coisas que estão para vir.
Então, desde logo, devem ter uma extraordinária importância para os filhos de Deus
que querem andar na Sua presença com sinceridade de coração.
O nosso coração não pode questionar “se” guardamos a Lei, mas sim “como” a
devemos guardar e se, em cada dia que passa, nos aperfeiçoamos no seu
conhecimento, como Deus quer que os Seus filhos façam. O papel do Espírito Santo
de Deus é escrever a Sua Lei no coração dos Seus filhos, ajudando-os a santificarem-
se: “sede santos porque Eu Sou santo” disse O Senhor. O Espírito Santo repousa e
habita no coração dos que entregaram o seu caminho ao Senhor YHWH. É Ele que
nos ensina no caminho da verdade. É Ele também que nos encaminha para a
obediência: Romanos 8:2 – “Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus,
me livrou da Lei do pecado e da morte”, e 8:6b – “...mas a inclinação do Espírito
é vida e paz”.
Lembremos que nada será tirado da Lei sem que todo o plano de Deus esteja
cumprido, nomeadamente a restauração da Lei no coração dos homens durante o
Milénio (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:26-27; Hebreus 8:10). Daí que Ele restaurará
todos os preceitos dados ao homem desde o princípio – as Suas luas novas (Isaías
66:23), as Suas Solenidades – a Festa dos Tabernáculos (Zacarias 14:16-19), etc. Se
Ele irá requerer essas obrigações durante o Milénio, como não o exige já hoje,
também, aos que dizem ser Seus filhos?
Daí que, como Paulo nos ensina, tenhamos que viver em nós a vida que Cristo viveu
e permanecer mortos para o pecado: Gálatas 2:20-21: “Já estou crucificado com
Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na
carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei,
segue-se que Cristo morreu debalde”. Através da Lei, morremos para a Lei (i.e.
não vivemos mais em pecado, mas sim em obediência) para viver na fé de Yeshua –
Gálatas 2:19: “Porque eu, pela Lei, estou morto para a Lei, para viver para Deus”.
Porém, não anulamos a graça de Deus ao guardar a Lei. Bem pelo contrário.
Guardamos a Lei no nosso coração e vivemos segundo a instrução de Deus porque o
Espírito de Deus nos guia na Sua luz (“a tua LEI é luz para os meus caminhos”; “dá-
me filho meu o teu coração e os teus olhos observem os meus caminhos”).
A apostasia dos últimos dias estará centrada sobre a guarda da Lei de Deus.
Naqueles dias em que se manifestará “o homem do pecado”, aquele que é sem Lei e,
por isso mesmo, contra a Lei de Deus, que agirá sob o poder de Satanás. Esse é o
mesmo mistério que já operava no tempo de Paulo, quando ele diz: “Porque já o
mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio
seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem O Senhor desfará pelo
assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja
vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios
de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não
receberam o amor da verdade para se salvarem” – 2.Tessalonicenses 2:7-10.
Agora reparemos nos versículos 11 e 12: “E por isso Deus lhes enviará a operação
do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não
creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade [na transgressão da Lei do
Altíssimoi]”. Como já atrás ficou dito, iniquidade é pecado, é transgressão da Lei de
Deus. Por isso o esforço de Satanás tem sido sempre dirigido para a adulteração da
Lei de Deus, para a sua negação e para a falsificação dos dias santificados por Deus,
os quais a maioria da humanidade hoje aceita. Por isso a maioria da humanidade está
no erro.
Muitos desses erros derivam duma falsa interpretação das palavras do apóstolo Paulo
nas suas cartas aos Gálatas, aos Colossenses e à igreja de Éfeso. O amor à verdade
é também uma marca dos eleitos de Deus. Somente alguns poucos serão eleitos nos
dias difíceis da Igreja de Laodiceia – os que se revelarem fiéis, conforme nos diz em
Apocalispe 17:14.
Conclusões:
• A graça de Deus só pode abundar nos corações obedientes à Sua Lei: “aqui
estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus”
(Apocalipse 14:12). Os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em
Yeshua são os que sofrem a perseguição do dragão (o diabo), Apocalipse
12:17.
• A graça de Deus é que nos salva (Actos 15:11a; Efésios 2:5, 8), pela fé e pela
obediência em Yeshua. Ora se o cristão é salvo pela graça de Deus porque
deve então guardar a Lei de Deus e viver por ela? Resposta: porque “graça de
Deus” significa o Seu perdão por Yeshua e porque a Lei emana da própria
natureza santa de Deus, pelo que também devemos adquirir a natureza divina
– 2.Pedro 1:4. E, tal como Ele é santo também nós o devemos ser, porque
essa é a Sua vontade. “Anda em minha presença e sê perfeito” disse O Senhor
a Abraão, tal como nos hoje a nós (Génesis 17:1; Deuteronómio 18:13; Mateus
5:48). Esse tipo de perfeição que YHWH pediu a Abraão traduziu-se na sua
obediência a todos os preceitos do Altíssimo – Génesis 26:5.
• Quando nos é dito em Efésios 2:8 – “Porque pela graça sois salvos, por meio
da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” devemos entender que a graça
de Deus só pode ser derramada sobre os que são fiéis à Sua Palavra; pois fé
Sabemos que os que vivem ou procuram viver de acordo com a Lei de YHWH e
guardam a fé de Yeshua no seu coração farão parte daquele reino maravilhoso que
está a chegar pelo poder e vontade do Eterno Deus YHWH (Apocalipse 14:12). Estes
farão parte daquela grande multidão de todos os povos, tribos, nações e línguas que
farão parte da primeira ressurreição e eternamente partilharão a glória do Rei Eterno.
Palavras de exortação são-nos dadas em:
Apocalipse 3:8 – “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta
aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra
[a minha Lei], e não negaste o meu nome”.
Salmo 19:7-11
Muito do que havia a dizer sobre esta matéria já está amplamente documentado nas
páginas anteriores, com plena defesa da perenidade da Lei para todos os tempos e
para todas as gentes.
Não podemos ter quaisquer dúvidas que O Autor de toda a Bíblia Sagrada e, por isso
mesmo, da Lei dos 10 Mandamentos e de todos os outros preceitos divinos nela
contidos, não é outro senão o Deus da Vida, O Senhor YHWH. Todos os Seus juízos,
estatutos, mandamentos e testemunhos deverão constituir-se como regra de vida
para aqueles que querem viver Nele e por Ele. É pois uma questão de amor e temor,
de fé e de obediência perante O Todo-Poderoso. E, como sabemos também, este
Deus não muda e é um Deus zeloso que faz e fará com que toda a Sua vontade
abunde nos corações dos Seus filhos. Ele e a Sua vontade são o mesmo ontém, hoje
e eternamente.
O Rei David, vendo aproximar-se o fim dos seus dias, dá o seguinte conselho a seu
filho Salomão: 1.Reis 2:3 – “E guarda a ordenança de YHWH teu Deus, para
andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus
mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na
Lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que
fores”. Se este foi o conselho de David a seu filho Salomão, qual seria o conselho
que este rei nos poderia dar hoje? Mas este rei continua a falar com cada um de nós
quando lemos as suas palavras.
Neste capítulo queremos ainda realçar alguns aspectos que são pertinentes quanto
aos nove propósitos inspiradores da Lei para o ser humano, conforme o Dr. Ron
Moseley diz no seu livro “The Spirit of the Law” e que assentam no amor a YHWH e
no amor ao próximo, na fé e no espírito da obediência:
1º. Ensina o crente como deve servir na obra de YHWH, como O devemos
adorar e agradar-Lhe: Salmo 19:7-9; Actos 18:13-14.
2º. Instrui o crente sobre a forma como se deve relacionar com o seu
semelhante e manter uma relação saudável com ele: Levítico 19:18; Gálatas
5:14; Gálatas 6:2.
3º. Ensina o crente como deve manifestar na sua vida o poder e a autoridade
do reino de YHWH aqui na terra de forma a ser feliz e prosperar: Josué 1:8;
Salmo 1:1-3; Lucas 12:32.
4º. A Lei foi dada ao homem, não para salvação deste, mas para servir de
medida das suas acções para com YHWH e para com o seu semelhante,
endireitando todos os assuntos que eram contrários à sã doutrina: 1.Timóteo
1:8-10; 2.Timóteo 2:5; 1.Coríntios 3:13; 6:1-12; Romanos 2:12; Apocalipse
20:12-13.
8º. A Lei é estabelecida ou cumprida nos nossos corações através da fé, por
isso é chamada de: a) Lei da fé: Romanos 3:27; 3:31; b) Lei da liberdade: Tiago
2:12. Intrinsecamente esta é a Lei do amor de YHWH e para com YHWH.
9º. Esta mesma Lei já hoje deve estar gravada nos corações dos filhos de
YHWH; através do Seu Espírito Santo podemos obter grande gozo espiritual e
físico servindo, pela fé, à Lei de YHWH: Romanos 7:6-25.
“ensino” ou “instrução” ao povo de Israel através de Moisés, povo esse cuja missão
era levar “a luz” (a Lei) aos povos que andavam em trevas.
O Senhor YHWH deu esta “luz” a Israel para que andassem em todos os Seus
preceitos e fossem um farol para as outras nações, ensinando-as no caminho do
Deus Altíssimo. Essa mesma “luz” também veio ao mundo para salvação dos gentios
que se convertem. Ele expressou a Sua vontade para com Israel em Deuteronómio
6:6-7a – “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as
ensinarás a teus filhos”, palavras que confirmou em Deuteronómio 11:18a –
“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma”.
Este propósito de YHWH foi amplamente seguido por muitos fiéis, tanto antes da
vinda de Yeshua como depois Dele ter aqui cumprido a Sua primeira missão. A Igreja
apostólica dos primeiros séculos (os “Nazarenos”) foi disso um exemplo e por isso foi
perseguida...porque tinha a Verdade e vivia por ela. Apesar de muitos tentarem
distorcer as suas palavras, Paulo ensina-nos através das suas cartas: Romanos 7:14-
25 (vers.22) – “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus”.
Podemos encontrar outros exemplos em Romanos 2:5-16; 13:8-10. Tanto Paulo
(Romanos 2:5-16; 14:10-12; 2.Coríntios 5:10), como Yeshua/João (Apocalipse 11:18-
19) nos dizem que os mortos serão julgados pela Lei que YHWH deu ao homem para
por ela viver. Todos teremos que comparecer perante o Juíz Supremo, O Rei Yeshua.
Bem aventurados os que desde agora morrem nO Senhor: Apocalipse 14:13 – “E
ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que
desde agora morrem nO Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos
seus trabalhos, e as suas obras os seguem” (a fé acompanhada das obras, como
nos ensina o Apóstolo Tiago).
É pois esta a Lei eterna que há-de julgar a todo o ser humano que veio ao mundo,
quando comparecer perante o tribunal de Cristo – Romanos 14:10; 2.Coríntios 5:10; a
mesma que ficará gravada no coração de todos os que viverem no Reino Milenar de
Cristo. A Palavra de Deus fala-nos também deste julgamento em Salmo 96:13 e 98:9,
Daniel 7:10; Apocalipse 20:12.
Coloquemos a seguinte questão: faz algum sentido que O Senhor tenha querido
retirar a Sua Lei antes que tudo fosse cumprido? Não, pois, como já vimos, isso
contraria as palavras do Senhor Yeshua (“nem um jota, nem um til se omitirá da Lei
sem que tudo seja cumprido” ou “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til
da Lei”). Não há nada de errado na Lei porque a ela se referem as Escrituras
classificando-a de “Lei perfeita da liberdade”: Salmo 19:7; Tiago 1:25. Lei que nos
livra da servidão da carne porque nos revela o pecado. Daí a designação da “Lei
perfeita da liberdade”.
Nada nas Escrituras nos indica que a Lei tivesse “sido pregada no madeiro” por
Cristo. O que foi pregado no madeira foi a cédula da nossa dívida para com o pecado,
que implica a sentença do não convertido/arrependido a uma morte eterna. Yeshua
veio realçar o verdadeiro significado que a Lei tem, baseada no amor com que Deus
nos amou, ao ponto de se entregar a Si Próprio (O Seu Filho), para salvar da morte
eterna um povo que tem vindo a adquirir através do amor, da fé, da graça e da
obediência que estão nos seus corações.
Tal como Abraão e tantos outros na antiguidade foram salvos pela fé nas promessas
de YHWH e por andarem nos Seus caminhos (Lei)! Também hoje, sem a fé e sem as
obras da fé não podemos alcançar a herança da vida eterna. Cristo deu-nos o
exemplo da humildade e obediência aos preceitos do Pai – João 15:10: “Se
guardardes os meus mandamentos [a mesma Lei que Ele enquanto Verbo deu a
Moisés/Israel], permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”.
Paulo ensinou-nos também que não deveríamos usar a graça como desculpa para
pecarmos – Romanos 6:1-2, 15, e que a única maneira de reconhecermos o pecado
era através da Lei – Romanos 7:7.
O Único que tinha autoridade para abrogar (anular) a Lei, O Messias, não o fez, antes
a cumpriu dando-nos o seu verdadeiro significado. Ele diz-nos que se O amarmos
guardaremos os Seus mandamentos – João 14:15, 21, 23-25; e 15:10 acima
reproduzido. Quando Paulo se refere à Lei de Cristo, em Gálatas 6:2 – “Levai as
cargas uns dos outros, e assim cumprireis a Lei de Cristo”, ele está a referir-se à
Lei de YHWH/Moisés, pois Cristo, O Verbo Divino, era o Legislador. “E nisto sabemos
que O conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu
conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade” – 1.João 2:3-4. Se Cristo viesse abolir a Lei que Ele próprio deu a Israel
então Ele não poderia ser o nosso Salvador. Mas, sabemos pela Palavra de Deus que
Ele foi o Cordeiro “Imaculado” de YHWH, em tudo cumpridor e sofredor por nós. Ora,
a palabra “imaculado” significa sem mancha, sem pecado, sem transgressão da Lei.
Por isso, O Cristo de há 2000 anos, Yeshua homem, foi O Ungido de Deus, Aquele
que, conforme as Escrituras, “tira o pecado do mundo”. Sobre Ele e sobre a Sua
obediência à Lei de Seu Pai não temos qualquer dúvida. Ele, YHWH, é o nosso Deus:
Isaías 43:3a; 45:21 – “Porque eu sou YHWH teu Deus, o Santo de Israel, o teu
Salvador…Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez
ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde então o anunciou? Porventura não
sou eu, YHWH? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há
além de mim”. Fora deste Deus justo e Salvador não há esperança para o homem!
andar nos Seus caminhos, na Sua Lei – Salmo 119 (“vai e não peques mais!”). Ele é
um Deus justo e perdoador dos que O temem e procuram andar na Sua vontade:
Actos 3:19 – “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do
Senhor”.
A “lei” que o mundo hoje intenta instaurar sob o governo de Satanás é uma lei
perversa, uma lei dos homens que privilegia alguns em desfavor da grande maioria. É
a anarquia que no grego se diz “a-nomos”… “sem Lei”. Hoje vivemos num mundo
iníquio de perversão, corrupção, desordem e caos, em que Deus não está presente
no coração da grande maioria dos homens.
Yeshua porém deu-nos o exemplo para que O possamos seguir, fugindo de toda a
maldade que há no mundo. Ele foi tentado em todas as coisas mas foi achado sem
pecado, isto é, sem transgressão da Lei – Hebreus 4:15 – “Porque não temos um
Sumo-Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém,
um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.
Esta Lei não está longe de nós. Ela tem que estar bem perto, na nossa boca e no
nosso coração para a cumprirmos – Deuteronómio 30:11-14. E a boca fala do que vai
no coração. Dele tiramos tesouros bons (se o Espírito Santo habitar nele) ou maus (se
permanecermos na rebeldia).
Quando o salmista diz que observará a Lei do Senhor para sempre e eternamente,
que quererá ele dizer? Vigorou a Lei até Cristo e agora já não é válida, para depois
Dele vir voltar a ser reinstalada? Que contrasenso. O Salmo 111:7-8 ainda nos
ensina: “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus
mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade
e retidão”. Quando o homem rejeita esta verdade está a rejeitar a própria Vida, está
a rejeitar O Cristo que eles dizem seguir.
Como faremos então se todos havemos de ser julgados pela Lei perfeita da
liberdade? Pode algum cidadão invocar o desconhecimento das leis do seu país como
defesa, se tiver que comparecer perante o juíz por alguma desobediência à lei? Claro
que não. O desconhecimento da lei não aproveita a ninguém e muito menos o
desconhecimento e desobediência à Lei eterna, justa e boa, pela qual todos seremos
julgados – Mateus 12:36-37; Romanos 2:12-13; Tiago 2:11-12; Apocalipse 20:12-13.
Pode alguém declarar-se acima da Lei? Também não!
A Palavra de Deus ainda nos ensina que, naquele dia, “a quem muito for dado, muito
se lhe pedirá” – Mateus 11:23-24; Lucas 12:47-48. A forma de escaparmos ao
julgamento e castigos que virão sobre o mundo da desobediência é escolhermos hoje
Pergunta:
Se não guardamos a Lei para salvação, isto é, se não somos justificados pelas
obras da Lei, para que serve então guardarmos os preceitos da Lei?
Respostas:
Em primeiro lugar porque a nossa obediência à vontade de Deus expressa na
Sua Lei revela o amor com que O amamos (que não é maior do que o amor
com que Ele nos amou primeiro): João 14:15 – “Se me amais, guardai os
meus mandamentos”.
Em segundo lugar, porque é expressão da nossa fé e obediência – Tito 3:5-8;
1.João 2:3-7; Tiago 2:14-26.
Em terceiro lugar porque Deus também nos promete bênçãos se andarmos na
Sua Lei, nos Seus caminhos – Deuteronómio 30:1-6; Tito 3:8; Job 36:11;
Salmo 16:11. Lembremos o mandamento que diz: “faço misericórdia aos que
me amam e guardam os meus mandamentos”. O Salmo 19:7 diz-nos que a Lei
do Senhor é perfeita e refrigera (restaura) a alma.
Falando da Lei de YHWH e de todos os seus preceitos, diz-nos no Salmo
19:11 – “em os guardar há grande recompensa”.
Existe diferença entre a Lei de Moisés e a Lei de Deus? Como já antes dissemos, a
resposta é NÃO, pois embora ela tenha sido escrita por Moisés, foi YHWH quem a
deu a Moisés quando este permaneceu 40 dias e 40 noites com O Senhor no Monte
Sinai, para este profeta de Deus a ensinar ao Seu povo. A este respeito leia-se todo o
Capítulo 8 de Neemias. O que é que foi lido ao povo durante a Festa dos
Tabernáculos e que fizeram no oitavo dia? Resposta nos vers. 3, 8 e 18 – “o livro da
Lei de Deus”.
26
Desvio da verdade.
Portanto, se nos é ensinado que a Lei é eterna e é santa, justa e boa, quem somos
nós para duvidarmos da necessidade de a termos já hoje nos nossos corações? Não
disse O Senhor que gravaria as Suas Leis nos corações dos Seus filhos? Fê-lo no
passado, fá-lo já hoje e continuará a fazê-lo nos tempos vindouros, no Milénio, até
que tudo seja definitivamente aperfeiçoado.
Do que não restam dúvidas é que a Lei é perfeita e eterna. A sua permanência sob o
governo do Rei Eterno é-nos relatada em Zacarias 14:16; Isaías 66:22-23 Ezequiel
36:26-27. Os Seus Sábados santos, tanto os semanais como os anuais continuarão a
ser celebrados, porque estes são as Solenidades do Senhor – Levítico 23:1-2.
O Senhor Yeshua ensinou-nos ainda que todos aqueles que ensinam a Sua Lei serão
chamados grandes no reino dos céus – Mateus 5:19.
14.1.1 Introdução
Na realidade, aprendemos que o que O Deus eterno faz, permanece para sempre.
O centro desta reflexão, conforme o título já indicia, está orientado para os Sábados
como dias santificados pelO Senhor YHWH para o descanso do Seu povo, tanto os
semanais quanto os anuais, aqueles que estão ligados às santas Solenidades por Ele
apontadas em Levítico 23. E, não só sobre estes Sábados, como também sobre o
Calendário divino, aquele que foi determinado desde a Criação, pois este é o ponto de
partida para a determinação das datas correctas. Para que possamos reflectir sobre a
importância das datas apontadas por Deus, vamos começar por reflectir um pouco
sobre o Calendário de YHWH que existe desde a Criação.
Com base nestes princípios, vamos agora reflectir sobre esta matéria e o peso que a
mesma tem para a determinação dos dias santificados por YHWH, nas datas por Ele
apontadas, conforme a Levítico 23:1-2, 4 – “Depois falou YHWH a Moisés, dizendo:
Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis,
serão santas convocações; estas são as minhas solenidades…Estas são as
solenidades de YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo
determinado”. Como claramente se vê por estas palavras, Deus determinou um
conjunto de Solenidades para que fossem celebradas pelo Seu povo aos tempos por
Ele apontados (não pelo homem).
Comecemos por fazer desde já uma afirmação categórica: todo aquele que diz que se
converteu a Cristo, só uma forma de determinar o tempo lhe interessa seguir – o que
Deus determinou! Prossigamos, pois, tendo este princípio bem presente no nosso
entendimento para que o pratiquemos conforme à Sua vontade.
O homem prefere continuar “agarrado” aos rudimentos do mundo e aos seus próprios
caminhos do que cingir-se às instruções de Deus (a Sua Torá). Por isso continua a
deixar-se guiar pelos cálculos matemáticos e pelos preceitos (e tradições) dos
homens, afastando Deus da marcação das Suas solenidades anuais, aos tempos por
Ele apontados.
27
Ocorre-nos reproduzir o pensamento de Winston Churchil que mais ou menos por estas palavras diz:
“De vez em quando, o homem tropeça na verdade, mas depressa se levanta e prossegue o seu
caminho”. Eis uma grande verdade, particularmente em relação às coisas de Deus.
É como se O Deus Criador tenha deixado de ter “uma palavra a dizer” sobre esta
matéria. Quão errados andam esses homens que se deixam guiar por outros homens
e, assim, afastam a vontade de Deus das suas vidas. São cegos. E, como diz a
Palavra, quando um cego conduz outro cego ambos caiem na cova (i.e. no erro)!
Preferem seguir os ensinamentos e preceitos daqueles que “mudaram os tempos e a
Lei”, como nos diz em Daniel 7:25.
Esta profecia de Daniel foi tanto cumprida por uma igreja apóstata romana, quanto
pelo Sinédrio, ao instituir o calendário de Hillel II no ano de 359, antes do Sinédrio ser
desmembrado. Ao manterem-se fiéis aos preceitos dos homens e às suas tradições,
os que hoje dizem seguir a Cristo estão a pôr de lado os preceitos de YHWH, estão
na prática a desobedecer-Lhe voluntariamente.
Com as suas bocas dizem que “Jesus é O Senhor” mas, na prática, estão a negá-Lo e
à Sua vontade expressa nas Escrituras. Continuam com os olhos vendados e nem
sequer têm disso consciência. Antes em seus corações se desvanecem, arrastando
outros para o erro e, quem sabe, para a perdição devido à persistente desobediência
aos preceitos instituídos por YHWH, aos quais não se querem submeter. Têm o seu
coração cheio de vaidade e não aceitam a repreensão do Senhor, “Porque o
mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correcção são o
caminho da vida” – Provérbios 6:23.
Quando é que aqueles que dizem ser filhos de Deus, seguidores de Cristo, abrem os
olhos para esta realidade milenar? Resposta: quando se arrependerem e se
humilharem perante a majestade e poder do Alto e Sublime Deus YHWH! Quando
isso acontecer então volta a haver esperança para eles. Porém, se a sua obstinação
em ver a verdade revelada na Palavra for mais forte, e a desobediência e falta de
arrependimento persistirem, então haverá muito pouca esperança para essas almas.
Não esqueçamos também que, tal como no passado, também hoje Deus continua a
pôr os corações dos homens à prova; Ele continua a testar a nossa fidelidade à Sua
vontade. Perante a clareza da Palavra de Deus, o homem continua a ter que escolher
entre dois caminhos: o caminho da vida (e das bênçãos) ou o caminho da morte (e da
maldição: Deuteronómio 11:26; 30:15, 19; Jeremias 21:8. A nossa fidelidade e
obediência não deixarão de ser testadas. Só passarão no teste (da vida ou da morte
eternas) o que provar ser fiel à Palavra e obediente, os chamados, e eleitos e fiéis,
como nos diz em Apocalipse 17:14, mantendo toda a sua confiança (fé) no
testemunho e sacrifício de Yeshua e no poder resgatador do Seu sangue. Lembremos
as palavras com que são encerradas as cartas de Apocalipse dirigidas às 7 igrejas:
“Ao que vencer…”. Que escolhe então aquele que diz que é filho de Deus e seguidor
de Cristo? Cada um que responda.
Muitos falharão também este teste porque o seu coração ainda não está
verdadeiramente convertido.
Celebrar as datas das Solenidades de YHWH fora das datas por Ele apontadas,
os Seus Sábados anuais, é o mesmo que violar o Sábado semanal, que muitos
dizem guardar nos seus corações. Estranho, não é?
De acordo com o Calendário de YHWH, estas datas só podem ser determinadas com
precisão a partir do ciclo mensal das Luas Novas, quando se avista a estreita fasquia
do crescente da Lua, as quais marcam o início de cada mês segundo a vontade
Daquele que tudo criou – assim tem sido sempre, desde a Criação. Ao abandonarmos
(ou rejeitarmos) este sinal dado por Deus, Génesis 1:14 – “E disse Deus: Haja
luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e
sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos”, o
homem, habitualmente, acaba por celebrar as Solenidades fora das datas apontadas
pelo Criador pois, se a data de início de um qualquer mês não for reconhecida a partir
do avistamento da Lua Nova (o sinal celestial de Deus), como pode o homem celebrar
as Suas Solenidades nas datas correctas? Só por um acaso, em que possa ocorrer
uma coincidência ocasional.
28
Em termos bíblicos, o dia inicia-se sempre ao pôr-do-sol da véspera (e.g. o 1º dia do ano em 2009
iniciou-se ao pôr-do-sol de 27 de Março e finalizou ao pôr-do-sol de 28 de Março)
29
Vide calendários publicados pela UCG (United Church of God) e pela IUJC (Boletim de Abril de
2009), entre outras congregações que seguem este calendário.
30
Inclui o Dia das Primícias de 11 para 12 de Abril (de um pôr-do-sol ao seguinte)…o dia a seguir ao
Sábado (anual), como nos diz em Levítico 23:11. Este é o ponto de partida para a contagem das 7
semanas e chegarmos ao Dia de Pentecostes.
Embora o povo possa avistar a Lua Nova (o primeiro sinal de Deus), se o estado de
maturação da cevada nos campos não estiver Aviv (o segundo sinal de Deus), então
significa que Deus está ainda a dar mais um ciclo lunar para a maturação da cevada.
Neste caso, só no aparecimento da Lua Nova seguinte estarão reunidos os dois sinais
de Deus para que se inicie o novo ano pelo Seu calendário. Simples e eficaz. O
homem não pode presumir quando será o início do ano celeste, pois só Deus anuncia
quando o mesmo deverá ser considerado para que, então, se marquem as Suas
Solenidades anuais.
Se é este o modelo imutável criado por Deus desde o princípio, como pode o homem,
sem risco de errar, anunciar antecipadamente (até com 16 séculos de antecipação)
em que datas deve o povo de YHWH celebrar as Suas solenidades? Anos há em que
os desfasamentos entre estas datas é de cerca de um mês, porque o homem não
quer atender ao conselho de Deus que permanece para sempre.
Agora vejamos. Se nos deixarmos guiar pelo calendário rabínico, corremos o risco de
estar a celebrar a Páscoa e as restantes celebrações (Sábados anuais),
sensivelmente com um mês de desfasamento, como já tem sucedido. Ora, hoje em
dia, é muito fácil ser avisado destes sinais de YHWH através de vários sites na
Internet. Não temos pois, hoje, as dificuldades que os antigos tinham na determinação
dos tempos e dias santificados por Deus. O Espírito de Deus chama-nos para o
entendimento que os fiéis da antiguidade também tinham. Porque haveremos então
de continuar no erro? Sai de Babilónia, povo Meu, clama O Senhor YHWH. Possamos
nós escutar a Sua voz e agir em conformidade. À medida que O Espírito Santo vai
gravando a Torá de Israel nos corações dos fiéis, e nos vai revelando a Sua Palavra,
estes devem responder com diligência e zelo ao apelo de Deus, para sua própria
protecção.
Todo o plano de Deus, de que as Suas Solenidades são uma representação, será
executado segundo a Sua vontade até ao minuto. Isto não só demonstra o poder do
Criador como a Sua autoridade sobre tudo e todos. Sigamos pois a Sua autoridade e
não as dos rabis que construíram o calendário matemático há 16 séculos atrás,
inserindo-o no Talmude (que reflectem as leis orais e tradições dos homens e onde
31
A palavra Aviv melhor do que Nissan (designação babilónica do mesmo mês) designa o primeiro mês
do calendário divino, o qual, ao mesmo tempo, designa o estado de maturação da cevada nos campos
à volta de Jerusalém. Quando se conjuga o avistamento do crescente da Lua Nova (a estreita faixa
visível que anuncia o aparecimento da Lua Nova com a maturação da cevada, que devia ser cortada
para oferta a YHWH no Dia das Primícias (apontando para Cristo), temos então o início de um novo
ano apontado por YHWH, com base no qual se podem então contar os dias para a celebração das
Solenidades da Primavera: a Páscoa aos 14 de Aviv, a Semana dos Asmos (e nesta o Dia das
Primícias), o Pentecostes. Já as Solenidades do Outono são determinadas igualmente a partir do
aparecimento da Lua Nova no seu ciclo, anunciando a entrada do 7º mês: o Dia das Trombetas, o Dia
da Expiação, a Semana dos Tabernáculos e o Oitavo Grande Dia. Nestas celebrações estão contidas
os 7 Sábados anuais do Senhor.
O que levará aquele que diz querer seguir a Cristo a rejeitar estas verdades, e acabar
seguindo o ensino dos rabis contido no Talmude, o mesmo que nega a Yeshua como
O Messias, e contradiz a Torá de YHWH/Moisés? Resposta: a sua rebeldia, a sua
vaidade, como antes se disse! Significa que o seu coração ainda está na carne, ainda
não está verdadeiramente convertido. Lembremos as palavras de Yeshua a Pedro:
Lucas 22:32b – “quando te converteres, confirma os teus irmãos”. Ora estas
palavras foram ditas por Yeshua quando estava já para ser entregue aos poderes
deste mundo. Ele sabia que, apesar do grande voluntarismo de Pedro, o seu coração
ainda não estava convertido. Como estará hoje então o nosso? Queremos seguir aos
homens e às suas tradições ou a Cristo?
Não nos iludamos. Se achamos que o Sábado semanal é um sinal de Deus para o
Seu povo (e é, e nós queremos fazer parte desse povo obediente) e o guardamos,
porque haverá alguns que se mantêm fechados a guardar os Sábados anuais do
Senhor nos dias por Ele apontados? Ao contrário do Sábado semanal, serão os
32
Lembremos as palavras do Senhor em Isaías 58:13 – “Se desviares o teu pé do sábado, de
fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia de
YHWH, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a
tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras”…
Sábados anuais passíveis de serem guardados “noutros dias” que não aqueles que
Ele nos aponta? A única resposta é NÃO!
Meditemos sobre isto e que O Espírito de YHWH nos grave as Suas ordenanças e
mandamentos nos nossos corações para que vivamos perante Ele em obediência e
fidelidade a toda a Sua Palavra.
Esta matéria doutrinal tem por fundamento o Calendário instituído pelo próprio Senhor
YHWH no acto da Criação. Dispensamo-nos de desenvolver toda esta matéria, uma
vez que a mesma já se encontra aflorada no subcapítulo acima, e se encontra
analisada em grande detalhe no trabalho do autor Rui Quinta sobre o Calendário de
YHWH – consultar o trabalho em www.kol-shofar.org.
O Senhor instruiu Israel e todos os que se chegam ao Deus de Israel para O servir,
acerca das datas em que o Seu povo deveria celebrar estas Suas solenidades, tendo
sempre como centro dessas festas a adoração a YHWH, a vinda gloriosa e o reino do
Messias e a reconciliação do homem com O seu Criador.
Biblicamente, também, sabemos que estas solenidades instituídas por Deus, para
além de serem a memória de acontecimentos terrenos, memorial de coisas passadas
(Criação, libertação do povo de Israel do Egipto, primeira vinda do Messias, etc.),
adquirem também significados de natureza espiritual, pois apontam ainda para
acontecimentos futuros (sombras das coisas futuras) como, por exemplo, a segunda
vinda do Messias YHWH, o Seu Reino Milenar e a Eternidade, quando O Rei Yeshua
entregar o Reino ao Pai, depois de destruir todos os Seus (e nossos) inimigos.
Um aspecto importante determinado por YHWH é que estas solenidades deviam ser
celebradas por todo o Israel (e nós somos parte dessa Israel de Deus), sendo alguns
dos dias associados às solenidades, dias de “santa convocação”, tendo ainda o
carácter de “estatuto perpétuo”, tal como Ele determinou. Estes dias de santa
convocação do povo são Sábados anuais (Sabbaton ou Grandes Sábados),
determinados por YHWH, e em que o povo deveria adorar em Jerusalém e não
deveria realizar qualquer trabalho. O número desses Sábados anuais é também de
sete:
Olhando para o nosso calendário gregoriano (que marca a separação dos dias às 24
Horas de cada dia), relembramos que cada um destes dias santificados por Deus tem
início com o pôr-do-sol do dia anterior terminando ao pôr-do-sol do dia apontado.
Faremos ainda uma breve introdução ao tema do Calendário de YHWH, pois é com
base nele que o crente pode, com segurança, celebrar as Solenidades nos dias
determinados pelo próprio Deus e não segundo qualquer outro calendário, ainda que
seja o calendário rabínico que a nação de Israel vem usando há cerca de 1.700 anos.
Vamos então centrar a nossa atenção no estudo bíblico das sete solenidades anuais
ou santas convocações de YHWH, as quais estão manifestamente agrupadas em
duas ocasiões do ano:
As solenidades da Primavera:
As solenidades do Outono:
De notar que o povo de Israel veio a instituir ao longo dos tempos outras solenidades
ou celebrações que recordam acontecimentos históricos, tais como a Festa de Purim,
a Hannuka (Festa das Luzes), etc. Porém, estas não fazem parte das solenidades
instituídas por YHWH, pelo que não as abordaremos neste trabalho.
33
A Páscoa de Israel é comida, conforme ao mandamento, já ao início da noite de 15 de Aviv, pois só
nessa altura os cordeiros sacrificados no Templo aos 14 à tarde (à mesma hora em que Yeshua rendeu
o Seu espírito, cerca das nossas 15 horas) estavam em condições de serem comidos, depois de
assados com ervas amargas.
Valerá ainda a pena realçar que nem todas estas solenidades são consideradas
“Sábados anuais” ou “Grandes Sábados”, e nem todas também são designadas por
“Festas”, embora o ambiente de muitas seja festivo. Tal é o caso do “Dia da Expiação”
como iremos ver em pormenor, que é um dia em que devemos afligir as nossas
almas, conforme o instituído por Deus. Nestas sete solenidades existem, na realidade
sete Sábados anuais, que já se encontram assinalados atrás (a negrito).
Estas solenidades são pois parte intrínseca do Plano de Deus para a salvação do
homem, passo a passo, ao longo do tempo:
Cada uma destas solenidades de YHWH apontam para coisas grandiosas, algumas
que já se concretizaram (as Solenidades da Primavera) e outras que estão ainda
reservadas para o futuro (as Solenidades do Outono), particularmente para o futuro
Reino de YHWH. Através destas “sombras das coisas futuras” ficamos a conhecer o
que será o governo real e o sacerdócio real de Cristo sobre todas as nações da terra,
exercido também, através de uma nação santa – 1.Pedro 2:9: “Mas vós sois a
geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que
anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz” (reparemos que a palavra “luz” também significa “Lei” em
aramaico).
Estas solenidades também nos ensinam de que forma nos devemos aproximar e
servir ao nosso Deus YHWH, em obediência e santidade, sem a qual ninguém verá O
34
Analise-se o trabalho sobre “Os dias do fim”, publicados no site: www.kol-shofar.org
Vejamos o que nos diz YHWH em Levítico 23:2, 4 – “Fala aos filhos de Israel, e
dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas
convocações; estas são as minhas solenidades... Estas são as solenidades de
YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado”.
Reparemos que as Solenidades do Senhor não se devem celebrar ao belo prazer e
critério do homem, mas somente nos dias e ao tempo que Ele determinou! Se
olharmos para o calendário religioso dos homens que usam o Nome de Cristo,
podemos ver o quanto eles andam afastados da verdade.
Não é propósito deste estudo apontar o siginificado espiritual de cada um destes dias.
Esse estudo já foi objecto de várias apresentações separadas deste trabalho. Porém,
entendemos que é absolutamente imprescindível chamar a atenção daqueles que
querem andar na verdade de Deus, i.e. na Sua Lei, que esses dias são apontados por
Deus como Sábados anuais, muitos deles integrados em festividades santas como
sejam, por exemplo, “A Semana dos Pães Asmos”, “O Dia da Expiação” ou “A Festa
dos Tabernáculos” e o 8º Grande Dia.
O próprio Senhor Yeshua deu-nos o exemplo. O Apóstolo João diz-nos que devemos
andar como Ele andou (1.João 2:6). Ora, Yeshua guardou os Sábados que Ele
próprio enquanto Verbo Divino deu ao Seu povo. Ele e os Seus discípulos, como bons
judeus e servos de Deus, observaram todas as Solenidades que Seu Pai celestial
ordenou nas Sagradas Escrituras conforme podemos confirmar pelas seguintes
passagens: Mateus 26:17; Marcos 1:21; Lucas 4:16, 31; João 7:8-10; 14, 37.
Os Seus Apóstolos (incluindo Paulo) e todos aqueles que por eles se converteram a
Yeshua, andaram sempre segundo o exemplo e ensino de Yeshua, observando todas
as Solenidades instituídas por YHWH: Actos 2:1; 12:1-4; 16:13; 18:4, 21; 20:6; 27:9;
1.Coríntios 5:7-8. Na sua 13ª Edição, a Encyclopedia Britannica revela debaixo do
título “Festivais”, que está abundantemente documentado, que Cristo e os Seus
discípulos observaram as chamadas Solenidades do povo de Israel. Ora só podemos
“andar” como Ele andou quando observarmos os mesmos preceitos que Ele instituiu e
guardou.
YHWH não muda e a Sua Lei é eterna. Diz-nos Ele em Isaías 54:1 – “Canta
alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com
alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher
solitária [a igreja apóstata, o catolicismo romano e as suas filhas], do que os
filhos da casada [a Israel de Deus, a Esposa do Cordeiro], diz YHWH”. O que O
Senhor nos ensina através do profeta é que os que andam em erro seguindo as
tradições pagãs, falsas, são como multidões, enquanto os filhos de Deus que querem
a verdade e só a verdade, são como um pequeno rebanho (Lucas 12:32). Apesar da
desproporção, não devemos temer!
A profecia bíblica ensina-nos também que estas mesmas Solenidades que O Senhor
instituiu serão consagradas, de novo, debaixo do governo de Yeshua, como Rei
Eterno, quando governar durante o Milénio sobre todas as nações da Terra.
Lembremos pois a profecia de YHWH através da boca dos Seus profetas:
• Zacarias 14:16 – “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as
nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar
o Rei, YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”.
• Isaías 66:23 – “E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um
sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz YHWH.
• Isaías 2:3 – “E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte de
YHWH, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e
andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém a
palavra de YHWH, palavras confirmadas em Miquéias 4:2.
Tanto quanto lhes é possível, muitos cristãos verdadeiros guardam até hoje a pureza
da Palavra e dos juízos, testemunhos, estatutos e mandamentos de Deus expressos
na Sua Lei. Assim, continuam hoje (uma minoria) a guardar os dias das Solenidades
do Senhor, das Suas Festividades. Esses dias retratam tanto a missão e a grandeza
de Cristo, O Salvador quanto a grandeza do Seu Reino Milenar e a eternidade que se
lhe seguirá. Estes dias são pois dias especiais na vida do cristão que não vive só de
pão mas que quer viver de toda a palavra que sai da boca de Deus. Estes dias são
peças chave para podermos compreender o futuro que Deus tem reservado para os
Seus filhos.
Não me alongarei muito sobre este tema uma vez que existe já publicado um trabalho
de grande profundidade sobre o mesmo, da autoria do nosso Irmão Rui Quinta35, e
cuja leitura se aconselha aos que desejam aprofundar os seus conhecimentos nesta
matéria.
35
Pode ser consultado no site: www.kol-shofar.org
Os dias das celebrações anuais são contados a partir do primeiro dia do ano bíblico,
com base no calendário divino (lunar). E, como é então conhecido o primeiro dia do
ano deste calendário? E o primeiro dia de cada mês depois do primeiro? O próprio
Senhor YHWH se encarrega, em cada ano, e em cada mês de nos revelar um
conjunto de sinais para que o Seu povo possa reconhecer que aquele dia é o dia que
Deus determina para início de cada ano ou de cada mês.
O Senhor YHWH criou os grandes luminares para marcação dos tempos e para
sinais. Esta evidência existe desde a Criação. Desde o princípio do mundo que o
homem se regeu pelos sinais dados por Deus. Porém, mais tarde, como sabemos, o
homem desviou-se destes e de outros preceitos dados por Deus. Leiamos Génesis
1:14 – “E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver
separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos
determinados e para dias e anos”. Onde é que está a dificuldade em entender
estas palavras?
Que sinais e que tempos são então os que determinam a data de início de cada ano a
partir do qual se procede à contagem e marcação das solenidades de Deus?
Quando estas duas condições estão reunidas (e hoje são imediatamente anunciadas
para todo o mundo através da Internet com base em testemunhos fidedignos de
outros fiéis que ali residem36 e que cuidam em comprovar a materialização destes
sinais de Deus), estamos em condições de datar de imediato o início de cada ano
bíblico e, a partir deste dia, proceder à marcação das solenidades do Senhor.
Para além desta data tão importante, também o início de cada um dos restantes
meses do calendário divino, é assinalado pelo avistamento da primeira fasquia da Lua
Nova seguinte. Atenção: Deus nunca modificou este calendário desde a Criação. Os
homens é que, também nisto, se desviaram de Deus e esqueceram o Calendário que
Ele criou para nós e para reger todo o Seu plano.
Não nos devemos ainda esquecer que este calendário foi seguido pelo provo de Deus
desde o princípio da Criação, bem como por Yeshua e pelos seus apóstolos, e só veio
gradualmente a ser “esquecido” após Judá ter sido expulso da sua terra. O Sinédrio
do ano de 359 d.C. (Hillel II), antes de se auto-dissolver, procedeu à instituição do
calendário rabínico que ainda hoje perdura, recorrendo para isso a cálculos
matemáticos e astronómicos com base nos conhecimentos adquiridos em Babilónia
durante o exílio do período de Nabucodonosor.
Mas, os que com sinceridade buscam andar nos caminhos de Deus, não devem
continuar a persistir nos erros dos homens quando têm perante si as datas que O
36
Pode ser consultado, por exemplo, no site: http://www.karaite-korner.org/holiday_dates.shtml
próprio Deus lhes revela, como já as revelava aos fiéis da antiguidade. Não sejamos
mais rebeldes e acatemos a instrução de YHWH.
Está determinado que esta celebração anual se deve realizar aos 14 do mês de Aviv
(i.e. no primeiro mês do ano divino), à tarde: Levítico 23:4 – “No mês primeiro, aos
catorze do mês, pela tarde, é a Páscoa de YHWH” (confirmado em Números
28:16).
Vamos analisar os vários sentidos que a Páscoa de YHWH pode assumir, tanto no
seu significado histórico (libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto) como
da nossa libertação do pecado (o Egipto que é este mundo em que vivemos), através
da morte do Filho, O Senhor Yeshua, e seu significado espiritual.
A Palavra de Deus faz-nos saber que O Senhor Yeshua é a Verdadeira Páscoa, pois:
• foi através Dele e pela mão forte do Deus de Israel que este povo saiu do
Egipto;
• é através Dele que passamos da morte para a vida;
• é através Dele e do Seu sacrifício que os nossos pecados são perdoados e
• é Nele que devemos iniciar um novo caminho, de santificação, sem o que, se
não o percorrermos, não poderemos ver a Deus (Hebreus 12:14).
Por isso mesmo, também para nós significa “passagem”. “Passagem” de uma
condição de pecado para uma vida santificada em Cristo. “Libertação” do velho
homem e transformação em “nova criatura” em Cristo.
Vamos agora ver alguns dos grandes acontecimentos do passado do povo de Israel,
dos castigos que sobre ele sobreveio devido à desobediência às Leis de Deus (a
Torá) e, também, das bênçãos que receberam quando o povo ouvia a voz do Senhor
e era obediente à Sua voz. Períodos em que se verificaram verdadeiros
reavivamentos espirituais (tal como também hoje é necessário que se opere em cada
um de nós, pela presença do Espírito do Senhor).
Ao falar através de Moisés, O Senhor YHWH mostrou dois caminhos ao povo: a vida
e a bênção ou a morte e a maldição. Mas, a porta ficou sempre aberta, para que,
37
“Passagem” para que o Anjo da Morte “passasse” e não ferisse os primogénitos da casa sobre cujas
ombreiras tinha sido colocado o sangue do cordeiro sacrificado na celebração da primeira Páscoa, no
Egipto, na noite da libertação do povo de Israel. Este e outros cordeiros que se sacrificaram através
dos tempos apontavam para O Verdadeiro Cordeiro de Deus: Yeshua (João 1:29; 1.Pedro 1:18-20).
Esta mesma protecção de Deus em relação aos Seus filhos, no tempo do fim, será manifesta durante o
tempo da grande tribulação que se aproxima. Também neste tempo os filhos serão protegidos das
“pragas do Egipto” que serão derramadas no tempo do fim.
A data de 14 de Aviv, à tarde, é aquela em que YHWH nos manda que celebremos a
Páscoa ao Senhor, embora o cordeiro já seja comido no primeiro dia dos Asmos, a 15
de Aviv (esta expressão “à tarde” pressupõe já a entrada no dia 15, altura em que
Israel comia os cordeiros assados com ervas amargas e que eram sacrificados no dia
14, à mesma hora em que Cristo estava a render o Seu espírito, no Gólgota, como o
tipo do verdadeiro Cordeiro). Esta data tem ainda vários grandes significados para
nós hoje, a Israel de Deus:
Esta é também uma data de reflexão acerca do estado do nosso coração e da nossa
condição espiritual perante Deus. Por isso mesmo, não nos devemos chegar à mesa
do Senhor com a nossa consciência perturbada ou em desobediência à Sua vontade
ou em conflito com algum irmão da fé (ou com ofensas não perdoadas). Não devemos
partilhar o pão e tomar o vinho se não estivermos de consciência lavada: 1.Coríntios
11:27-30 – “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor
indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois,
o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o
que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e
doentes, e muitos que dormem”. Este aspecto é de primordial importância para
todo aquele que é crente e diz seguir a Cristo.
A instrução de YHWH vai ao ponto de dizer que o homem que esteja limpo e não
esteja de viagem, se não celebrar a Páscoa do Senhor, então esse homem levará
sobre si o seu pecado: Números 9:13 – “Porém, quando um homem for limpo, e
não estiver em viagem, e deixar de celebrar a Páscoa, essa alma do seu povo
será extirpada; porquanto não ofereceu a oferta de YHWH a seu tempo
determinado; esse homem levará o seu pecado”. Nestas palavras vemos a
importância que Deus atribui a esta Sua santa convocação e ao tempo da sua
celebração, o tempo por Ele determinado: 14 de Aviv, à tarde. Esta solenidade é tão
importante que O próprio Senhor YHWH instituiu uma segunda Páscoa, 30 dias
depois da data da primeira, para aqueles que estivessem impedidos (impuros ou em
viagem) de celebrar a primeira, a pudessem então celebrar.
Diz-nos a Palavra que cada vez que comermos aquele pão e bebermos aquele vinho
anunciamos e celebramos a morte de Cristo, até que Ele venha: 1.Coríntios 11:26 –
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice
anunciais a morte do Senhor, até que venha”. Yeshua disse aos Seus discípulos
que só voltaria a beber do fruto da vide, com eles (e connosco), já no Reino de
YHWH.
Todos os profetas e todas as Escrituras falavam do Santo que havia de vir para
resgatar o Seu povo. Não como Rei ainda, mas como servo que Se entregou por cada
Ao comer uma última ceia com os discípulos na noite que precedeu a Sua morte
(portanto, ao início da noite de 14 de Aviv, o que nunca pode ser uma Páscoa
judaica), Yeshua introduziu nela um acto que lhes (nos) veio revelar a humildade que
cada um de nós deve manter em tudo o faz, tornando-nos servos uns dos outros,
pois, como Ele disse em João 13:14 – “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os
pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros”.
Para além do novo entendimento que nos deu acerca do pão38 significar o Seu corpo
que iria ser sacrificado por muitos (nós incluídos) e do vinho significar o sangue
inocente que O Filho do Altíssimo iria derramar no nosso lugar, para apagar as
nossas culpas, Ele também, nessa noite, instituiu um acto a que deu o maior
significado: o lavar os pés dos discípulos, apesar de Ele ser O Senhor dos senhores e
O Rei dos reis.
E por mais um pouco de tempo haveremos de continuar a celebrar este dia e acto e a
anunciar a morte do Senhor até que Ele venha. Esse mesmo Cordeiro virá em breve
com o poder e a glória do Deus Eterno; Ele é chamado O Deus de toda a terra, como
nos diz em Isaías 54:5, e governará todas as nações da terra com a Sua justiça, com
a Sua Lei, pois de Sião sairá a Lei como nos diz também em Isaías 2:3. Esses são os
dias de alegria que hão-de vir e que já hoje “vemos de longe”, tal como sucedeu com
Abraão e outros servos de Deus do passado.
Por tudo isto Lhe rendemos graças e louvores, em todos os dias da nossa vida, por
nos haver chamado para O caminho da esperança e de vida eterna, através do Seu
sacrifício redentor.
Assinalámos acima que Yeshua comeu uma última ceia com os discípulos na noite
anterior a ser sacrificado. É esse aspecto que iremos de seguir analisar.
b) O Acto Pascal
Neste estudo não pretendemos abordar o significado do acto que, por mandamento
de YHWH, celebramos já aos 15 do Aviv39 (ou Nissan), ou seja, na mesma altura em
que, após sacrificados os cordeiros no Templo, a 14 à tarde (O Dia da Preparação
para o grande Sábado), os cordeiros são comidos pela noite dentro – já a 15. Nem
38
O pão comido por Yeshua e os discípulos ao início da noite de 14 de Aviv era pão levedado (artos),
uma vez que o pão não levedado (ázimo) só passaria a ser comido em Israel a partir da noite seguinte,
dia 15, quando Israel comesse o cordeiro. Era durante o dia 14 de Aviv que Israel retirava o fermento
dos seus lares, conforme o mandamento. Também o vinho era vinho normal, com álcool, pois em lado
algum da Bíblia nos diz que esse vinho era sem álcool. O contrário disto é tudo invenções e tradições
dos homens que assim julgam que servem melhor ao Senhor.
39
A palavra “Aviv” designa o estado de maturação da cevada, i.e. quando já está em condições de se
poder transformar em farinha para com ela se fazer pão (oferta das primícias, o molho que era acenado
perante O Senhor YHWH, e que prefigurava O próprio Senhor Yeshua, o pão da vida eterna).
É certo que também todos aqueles que foram baptizados na água e no Espírito, na
esperança e na fé da salvação por Yeshua, celebram igualmente a sua libertação do
pecado e do Egipto espiritual em que viviam antes de terem nascido de novo, pelo
baptismo do fogo, do Espírito Santo.
Dizemos isto com toda a clareza pois a última ceia que O Senhor Yeshua comeu com
os Seus discípulos não foi celebrada na noite em que Israel celebra a Páscoa, aos 15
de Aviv, conforme ao mandamento, pela simples razão que O Cordeiro de Deus ainda
não havia sido morto quando celebrou a ceia com os discípulos e lhes lavou os pés,
atribuindo um novo significado ao vinho e ao pão que foram servidos nessa ceia,
como veremos adiante em maior detalhe. Também não nos debruçaremos sobre o
significado de cada um destes símbolos pois esse conhecimento está bem implantado
entre os fiéis.
Outra questão que queremos reafirmar com igual clareza é que nesta última ceia não
se comeu o cordeiro pascal, pela simples razão que os cordeiros ainda não haviam
sido mortos, o que só ocorreria na tarde desse dia, antes do pôr do sol, e muito
menos tinham os mesmos sido assados para poderem ser comidos. Porém, esta
última ceia teve um significado muito particular, pois foi ali que Yeshua deu a
conhecer aos discípulos o que Lhe havia de suceder para que se pudesse operar o
perdão dos pecados de muitos – num concerto renovado na Sua morte e no
derramamento do Seu sangue inocente.
Ele foi preso na noite de 14 do Aviv, já depois da última ceia com os discípulos, e
entregue aos poderes deste mundo; foi julgado e condenado apressadamente nessa
mesma noite pelo Sinédrio ou parte dele (o que, só por si constituía uma ilegalidade,
pois o Sinédrio não podia reunir e deliberar em reuniões nocturnas e muito menos na
condenação à morte de um homem), açoitado muito cedo na manhã seguinte, ainda
dentro do dia 14 de Aviv, tendo havido trevas sobre a terra desde a hora sexta até à
hora nona (cerca das três horas da tarde), precisamente quando Yeshua esteve
pendurado no madeiro, tendo expirado à mesma hora que os cordeiros eram
sacrificados no Templo Foi depois sepultado ainda nessa mesma tarde,
apressadamente antes do pôr-do-sol, para que os judeus (os do Sinédrio que O
condenaram) não se contaminassem no dia da preparação desse Sábado anual (1º
Dia dos Pães Ázimos) e, pudessem, assim, comer a Páscoa na noite imediata, já aos
15 do Aviv, já com os cordeiros assados com ervas amargas sobre as suas mesas.
Vamos agora centrar a nossa atenção na sequência dos acontecimentos que nos são
narrados na Bíblia Sagrada, particularizando a nossa análise nalgumas passagens
cujos tradutores, mesmo que sem intenção, alteraram os textos, distorcendo assim a
cronologia dos acontecimentos que respeitam aos dias que antecederam a morte de
Yeshua e a sua ressurreição e, assim, geraram a confusão que pode ainda estar no
espírito de muitos crentes. Muitos tendem até a fundir os dois acontecimentos num
único (a última ceia na noite de 14 de Aviv com a celebração da Páscoa judaica já na
noite de 15 de Aviv), o que não é correcto.
Estes aspectos são a base de partida para podermos compreender que a ceia do
Senhor foi celebrada na noite anterior aquela em que os judeus comiam os cordeiros,
pois só assim se podia cumprir o que a Torá de Israel mandava. Os cordeiros eram
sacrificados à tarde (na véspera) e comidos à noite com ervas amargas!
Analisemos agora a passagem que está em Mateus 26:17-19 e que nos diz: “E, no
primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus,
dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa? E
ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu
tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.
E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a Páscoa”.
Paremos para reflectir no que nos é dito no versículo 17: “E, no primeiro dia da festa
dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que
façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” Algo aqui não está correcto.
Senão vejamos as seguintes questões:
Por isso mesmo, nunca os discípulos poderiam ter colocado esta pergunta a Yeshua
no primeiro dia da semana dos asmos (“Onde queres que façamos os preparativos
para comeres a Páscoa?”) uma vez que o primeiro dia dos pães asmos ocorre depois
do Cordeiro pascal ter sido morto!!!
No primeiro dia dos asmos, a 15 de Aviv, já Yeshua estava na sepultura, pelo que
nunca os discípulos poderiam ter-Lhe colocado esta questão um dia após o sacrifício
dos cordeiros e da Sua morte.
Depois disto, sabemos ainda, que uma vez que se aproximava o Grande dia de
Sábado (o primeiro dia da Festa dos Pães Ázimos) e para que não se contaminassem
e pudessem comer a Páscoa aos 15 do Aviv à tarde (depois do pôr-do-sol), os judeus
que se envolveram na Sua condenação e sacrifício, trataram de O mandar sepultar
apressadamente, na mesma tarde em que foi morto, antes do pôr-do-sol, para que
ficassem assim em condições de poderem comer o cordeiro na noite que se
aproximava: João 19:31-34 – “Os judeus, [leia-se: os responsáveis do Sinédrio
que O condenaram] pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz,
visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a
Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os
soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como
ele fora crucificado; mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram
as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo
saiu sangue e água”.
De não menor importância é também o facto da tradição judaica impor que os que
sofriam castigo de morte não podiam ficar pendurados no madeiro até ao início do
Sábado - Mateus 27:57; Lucas 23:52-54; João 19:42, pelo que, por isso mesmo, foi
determinado que fossem partidas as pernas aos que foram castigados juntamente
com Yeshua mas, a Yeshua, os soldados não lhas partiram porque viram que já
estava morto. Ora, o preceito bíblico impunha que aos cordeiros sacrificados na
Páscoa não era permitido partir qualquer osso (Êxodo 12:46). Mais um sinal que
Yeshua era O verdadeiro Cordeiro, pois a Ele não foram quebradas as pernas. Ele foi
chamado “a nossa Páscoa” – 1.Coríntios 5:7.
Como já se disse, aquele dia não era um Sábado semanal, mas um Grande Sábado
anual (Sabbaton), o que correspondia ao primeiro dia da Semana dos Asmos que,
para cumprir o sinal do profeta Jonas (três dias e três noites no ventre da terra)
correspondeu ao que hoje chamamos de Quarta-Feira, uma vez que O Santo
ressuscitou no final do dia do Sábado semanal, quase ao pôr-do-sol e antes que se
iniciasse o primeiro dia da semana, o Domingo, que tem início ao pôr-do-sol de
Sábado.
4ª Feira-14 Aviv 5ª Feira-15 Aviv 6ª Feira-16 Aviv Sábado-17 Aviv Dom.-18 Aviv
Dia das
J.C. come J.C. morre à J.C. é Primícias:
a “última hora 9ª e é ressuscitado J.C. é
ceia” com sepultado pelo Pai apresentado
os antes do antes do ao Pai
discípulos pôr-do-sol pôr-do-sol,
i.e. antes do
1º dia da
semana
Agora, já podemos entender que a passagem deveria ler-se, de forma correcta, “E,
no primeiro dia dos asmos40 [o da Preparação], chegaram os discípulos junto de
Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a
Páscoa?” Na realidade, os discípulos ainda não sabiam que Yeshua seria entregue
nessa noite aos poderes terrenos, não adivinhando, por isso, que não iriam, nesse
40
O dia em que todas as famílias devem retirar o fermento das suas casas e queimá-lo. O dia que
antecede o primeiro dia da semana dos pães ázimos.
ano, celebrar a Páscoa com O Mestre…iriam comer com o Cordeiro, mas não iriam
comer o cordeiro.
Para termos maior segurança nesta análise, vamos confrontar estes apontamentos
com outras passagens (a Bíblia explica-se a si própria). Leiamos o que nos diz João
13:1 – “Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua
hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que
estavam no mundo, amou-os até o fim”. No Evangelho de João vemos assim que a
última ceia teve lugar antes da festa da Páscoa, situação que é corroborada pelo texto
do versículo seguinte: “E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de
Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse”. Se continuarmos a ler o texto do
capítulo 13 de João veremos que os restantes discípulos viram Judas sair da ceia
sem compreenderem porque razão se ausentou.
Vamos agora procurar entender o processo que era seguido para o povo de Israel
poder celebrar a Páscoa de acordo com o mandamento:
Pelo que já apontámos, podemos dizer com segurança que Yeshua e os Seus
discípulos se reuniram para tomar a chamada “última ceia”, a qual ocorreu na noite
anterior aquela em que os cordeiros da Páscoa eram comidos. Confirmemos então a
sequência e cronologia dos acontecimentos:
• Antes de comerem essa última ceia, Yeshua cingiu-se com uma toalha e
começou a lavar os pés aos Seus discípulos, ensinando-lhes, assim, que
deveriam ter uns para com os outros uma permanente atitude de humildade e
de serviço ao próximo. Depois, sentaram-se à mesa para comer. Yeshua
depois de partir o pão deu-o a comer aos discípulos advertindo que aquele que
metesse a mão juntamente com Ele no prato o haveria de trair. Aquele pão
(“artos”-Strongs G740), era pão levedado, pois ainda não tinha chegado o
período dos asmos), o qual simbolizava o Seu corpo que era partido em
resgate de muitos; de igual modo procedeu com o vinho41 que todos beberam e
que Ele indicou que simbolizava o Seu sangue que seria derramado para
salvação de muitos.
• Judas Iscariotes que participava na refeição e que tinha por função ser
tesoureiro do grupo (era ele que tinha a bolsa com o dinheiro), já antes havia
combinado com os do Sinédrio entregar Yeshua, a troco de uma recompensa
de 30 moedas de prata. Este deu-lhe um bocado de pão molhado, pelo que
Judas se viu descoberto. Então, Yeshua deu-lhe a instrução para fazer
depressa o que tinha que fazer (João 13:26-30). Judas saiu então da sala com
a missão de entregar O Mestre aos poderes deste mundo, sem que os
restantes discípulos tivessem compreendido o que ele iria fazer.
Para além dos presentes terem comido o pão e bebido o vinho (com o particular
significado que lhes foram atribuídos pelo Mestre naquela ceia que, repete-se, não
era a Páscoa), Yeshua também se cingiu com uma toalha e lavou os pés aos
discípulos, dizendo: “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis
também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que,
como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é
o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o
enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” – João
13:14-17.
41
Também este vinho era vinho normal, alcoólico, pelo que não faz qualquer sentido que algumas
congregações dêem sumo de uva (não fermentado) aos seus fiéis, porque nada na Palavra de Deus
nos ensina a proceder dessa maneira.
só fez isto na noite anterior à Páscoa de Israel porque fisicamente Ele não o poderia
ter feito na data própria. Sigamos pois o exemplo e as instruções dadas pelO Senhor
dos senhores.
Que melhor momento no ano seria mais adequado para lavarmos os pés uns aos
outros (e cumprir as instruções de Yeshua), senão no início da ceia pascal, já na noite
de 15 de Aviv, na altura em que nos reunimos para celebrar a morte do Cordeiro e a
Sua ressurreição? De resto esse acto foi realizado logo no início da ceia. Lembremos
as palavras que Ele dirigiu a Pedro (quando este estava reticente em que O Mestre
lhe lavasse os pés): “Se eu te não lavar, não tens parte comigo” – João 13:8b. De
resto, foi o próprio Senhor Yeshua que associou este acto ao período pascal.
Com o genuíno desejo de voltar às raízes hebraicas, muitos fiéis estão hoje
“mesmerisados” com a celebração da refeição pascal (o seder, que envolve algum
ritual na ordem como a refeição deve ser tomado; de resto, a palavra seder significa
“ordem” pois determina uma sequência de actos nessa celebração) e no que ela tem
de memória da libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto, e nada há que
apontar quanto a isto, uma vez que é mandamento de Deus. Também nós, hoje, os
que fomos libertados pelo sangue de Yeshua da escravidão do Egipto espiritual dos
nossos dias em que antes vivíamos, antes de abraçar o Concerto com YHWH através
de Seu Filho Yeshua, também nós, dizia, devemos celebrar essa “libertação” ou
“passagem” através do acto pascal que O Mestre celebrou com os Seus discípulos.
E que teve essa “última ceia” de diferente da Páscoa judaica a não ser os novos
significados que Yeshua deu ao pão e ao vinho e também ao lava-pés? Diferente foi
certamente essa refeição em relação à praticada por Israel na noite seguinte, pois não
terão certamente comido o cordeiro pascal – esse só deveria ser comido na noite
seguinte. Mas tudo o que foi realizado por Yeshua nesta “última ceia” disse-o Ele:
“fazei isto em memória de Mim”! Devemos comer a Páscoa tradicional, dando um
novo significado ao pão, ao vinho, e lavarmos os pés uns aos outros? Devemos fazer
como Ele fez? Em memória Dele? A resposta a todas estas questões é: SIM. Porém,
essa refeição deve ser feita no dia determinado por YHWH: aos 14 de Aviv, à noite (já
no início da noite de 15 de Aviv, ou o mesmo é dizer, no Sábado santo que é o 1º Dia
da Semana da Festa dos Pães Ázimos).
Ora, como filhos obedientes às Suas instruções e ensino, devemos também lavar os
pés uns aos outros para termos parte com Ele. Estes actos de fé, quando vividos com
sinceridade de coração, tornam esta noite diferente de todas as outras.
O grande dia do Senhor está prestes a chegar. Preparemo-nos pois. Andemos na Luz
e branqueemos os nossos vestidos para podermos ser dignos de participar nas bodas
do Cordeiro que foi morto no nosso lugar!
A Festa dos Pães Ázimos (Chag HaMatzah – significado: pão sem fermento)
(O estudo desta Solenidade foi feito a partir de dois estudos elaborados por Vítor e
Rui Quinta)
Do ponto de vista histórico, a Festa dos Pães Asmos (ou dos pães sem fermento)
assume, no conjunto das solenidades ordenadas pelO Senhor YHWH um significado
importante na vida da congregação, o Israel de YHWH.
ii) Esta saída repentina, obrigou a que Israel não tivesse tempo nem condições de
levedar e cozer o pão, pelo que Deus lhes ordenou que comessem pão não
levedado durante 7 dias, sendo que esse sinal foi dado por Deus para ser um
memorial até ao dia em que Yeshua voltará como Rei eterno. Essa ordenança
implicou mesmo que todo o Israel deveria retirar e queimar todo o fermento
velho que pudessem ter nas suas casas antes do início dessa celebração. É
evidente que, para além do acto em si mesmo, tal acto tem um profundo
significado espiritual, pois YHWH queria que Israel fosse um povo santo (o
fermento sempre foi um sinónimo de pecado - Mateus 16:6-12; Marcos 8:15;
Lucas 12:1) que caminhasse em obediência, justiça e confiança em todos os
mandamentos do Senhor Deus.
iv) Após peregrinar durante 40 anos no deserto, a nação de Israel entrou na terra
que O Senhor YHWH lhe havia prometido, onde, no período dos asmos se
produziu a miraculosa conquista da cidade de Jericó – o “Anjo de YHWH”,
entregou esta cidade nas mãos de Israel. No dia 10 do mês primeiro Israel
atravessou o Rio Jordão a pé enxuto também – Josué 4:19. O mesmo livro de
Josué 5:10-12 revela-nos que o povo celebrou a Páscoa aos 14 à tarde,
conforme ao preceito de YHWH, frente a Jericó, tendo também comido pães
asmos e espigas tostadas, apanhadas no campo. Aqui terminou o período em
que foram alimentados com o maná dos céus. Nos primeiros seis dias dos
asmos cercaram a cidade tocando 7 buzinas e ao sétimo dia, YHWH derrubou
os muros da cidade, como lemos em Josué 6:3-4: “Vós, pois, todos os
homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis
por seis dias. E sete sacerdotes levarão sete buzinas de chifres de
carneiros adiante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes,
e os sacerdotes tocarão as buzinas”. No 7º dia dos asmos Jericó foi
entregue na mão de Israel.
v) Ao tempo determinado por YHWH, o povo de Israel cumpriu o preceito que lhe
foi dado, conforme a Êxodo 13:6-10: “Sete dias comerás pães ázimos, e ao
sétimo dia haverá festa a YHWH. Sete dias se comerá pães ázimos, e o
levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos
os teus termos. E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo:
Isto é pelo que YHWH me tem feito, quando eu saí do Egipto. E te será
por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos, para que a lei
de YHWH esteja em tua boca; porquanto com mão forte YHWH te tirou
do Egipto. Portanto tu guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em
ano”.
vi) Quando YHWH indica aos filhos de Israel que três vezes no ano deveriam
celebrar festa, Ele repete: “A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias
comerás pães ázimos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado no
mês de Abibe; porque nele saíste do Egipto; e ninguém apareça vazio
perante mim” – Êxodo 23:15; Deuteronómio 16:16; 2.Crónicas 8:13; 35:17.
vii) De resto, muitas das ofertas ao Senhor sobre o altar eram feitas com pães ou
bolos ázimos, i.e. sem fermento: Êxodo 29;2, 23; Levítico 2:4, 7:12, Juízes
6:19-21, etc..
viii) Outro grande acontecimento histórico ligado à semana dos pães asmos
ocorreu com a rededicação do povo de Israel ao Senhor YHWH no tempo dos
reis Ezequias (2.Crónicas cap. 29 a 31) e Josias (2.Crónicas cap. 34 e 35).
xi) Não nos podemos ainda esquecer que O Senhor YHWH instituiu estas
solenidades como “um memorial” entre Ele e o Seu povo de Israel. Memorial
de tudo o que este povo passou no Egipto e memorial da sua libertação.
Todos hoje aspiramos também a entrar na “terra prometida” se formos fiéis
até ao fim, i.e. a fazermos parte da Jerusalém celestial. É pois um memorial
das promessas do Senhor YHWH. Estas promessas partem de Abraão e
cumprir-se-ão quando O Rei Eterno for entronizado em Jerusalém e, no final
do Milénio, quando Ele entregar o reino ao Pai.
xii) Por último, e também do ponto de vista histórico, lembremos que antes da
primeira Páscoa ter sido ordenada por YHWH ao Seu povo na noite em que
foi libertado com mão forte do Egipto, da escravidão, já a prática dos
pães/bolos ázimos existia. Leiamos o que se passou com Lot quando recebeu
em sua casa, em Sodoma, os dois anjos enviados por YHWH: Génesis 19:3 –
“E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e
fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram”. Ora, sendo
Lot um homem abastado e tendo preparado banquete para os seus hóspedes
(anjos), que razão poderia haver para oferecer bolos sem levedura? Deixamos
esta questão em aberto pois a Bíblia não especifica a razão de tal
acontecimento. Só nos diz que aqueles bolos eram ázimos.
Diz-nos então em Êxodo 12:15: “Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia
tirareis o fermento [SH’OR] das vossas casas; porque qualquer que comer pão
levedado [CHAMETZ], desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será
cortada de Israel”.
Ora, o mandamento de YHWH não aponta para que não devemos comer pão ázimo
somente no primeiro dia desta semana mas em todos os sete dias desta semana
especial. Tal preceito é-nos transmitido também com toda a clareza em Êxodo 12:18:
“No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até
vinte e um do mês à tarde”. De resto, devemos perguntar com toda a legitimidade
escritural: porque razão haveríamos de comer pão ázimo no primeiro dia desta
solenidade instituída pelo nosso Deus YHWH a qual celebra a nossa libertação do
Egipto espiritual em que vivemos hoje e não o comer nos restantes dias desta
semana?
Embora digamos que queremos viver pelos ázimos da sinceridade (e nenhum homem
tem condições para colocar em causa a sinceridade que pode estar no coração de
cada um), negamos o mandamento de Deus, que é tão explícito, se pretendermos
comer esse pão especial somente no primeiro dia, acabando assim por invalidar o
que YHWH instituiu.
sobre seus ombros... E cozeram bolos ázimos da massa que levaram do Egipto,
porque não se tinha levedado [CHAMETZ], porquanto foram lançados do Egipto;
e não se puderam deter, nem prepararam comida”.
SH’OR é muitas vezes confundido com CHAMETZ, mas CHAMETZ não é o fermento
em si, mas sim qualquer massa já levedada – neste caso o pão ou a massa do
mesmo. A palavra CHAMETZ, como é normal nas palavras hebraicas é uma palavra
que assume vários significados. Um deles é “ser azedo”. É esse o sentido que se
aplica quando falamos de massa CHAMETZ. Esta massa diz-se azeda porque sofreu
a acção da fermentação. Aliás, SH’OR também não é fermento, não no sentido em
que nós hoje o entendemos, mas sim o pedaço de massa “azeda” que era posto de
parte para iniciar a fermentação da massa correspondente ao fabrico de pão seguinte.
Hoje sabemos que aquilo que se entende por fermento é um conjunto de bactérias
que existem no ar. Este conceito não existia nos tempos antigos. A própria Palavra de
Deus nos dá a entender que o SH’OR era algo que era visível. Tinha de o ser para
que pudesse ser posto fora de casa.
Como é evidente por esta passagem o próprio SH’OR era algo visível o que nos leva
a concluir que a sua tradução por fermento é um tanto ou quanto infeliz na medida em
que o fermento não se vê. Não vamos agora pensar que os israelitas tinham uma
latinha de fermento Royal nas despensas e que era a isso que a passagem se refere.
Aliás, o “fermento” Royal não é fermento activo.
Note-se que não é apenas o SH’OR que temos de pôr fora de casa mas também o
CHAMETZ. Esta é a única passagem que o refere pois todas as outras falam apenas
em pôr o SH’OR. No entanto, o princípio por detrás de pôr quer o CHAMETZ quer o
SH’OR fora de casa conforme os judeus fazem é compreensível e é quase
universalmente entendido como uma questão de precaução para evitar que, por
distracção ou tentação comamos CHAMETZ42.
Lembremos ainda que o significado das palavras hebraicas MATZAH (pão ázimo) e
MITZVOT (mandamentos) estão intimamente ligados, sendo mesmo sinónimos, pois
significam o ensino puro, não adulterado da Torá que nos é dada por YHWH (O
42
Vemos isto claramente em Êxodo 12:15 que diz: “ao primeiro dia tirareis o fermento [SH’OR] das
vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado [CHAMETZ]..” Claramente o objectivo por
detrás da remoção do SH’OR, era evitar que se viesse a comer CHAMETZ.
Messias é a Palavra, a Torá encarnada) pelo que podemos dizer que Yeshua é o Pão
não levedado da Torá.
Uma vez cozida, qualquer massa de pão que tivesse contido fermento deixa de o ter
na sua forma activa, pois o fermento morre com a cozedura. Porém, os “restos
mortais” desse fermento permanecem na massa e são indissociáveis dela; daí que
YHWH nos diga para comermos pão sem fermento para não ingerirmos esses “restos
mortais”.
Segundo o ensino rabínico, a preparação da massa sem fermento deve ser feita até
ao máximo de 18 minutos, momento em que deve ser cozida pois, se não for logo
cozida, começam a produzir-se certos processos químicos que conduzem à
fermentação da mesma - o calor elevado pára o processo de fermentação. O tempo é
o ingrediente principal que leva a massa a fermentar e este tempo é escasso.
Um outro ensino que podemos retirar da semana dos pães asmos é que nós somos a
farinha (o pó da terra) e a água com que este pão é preparado é sinónimo do Espírito
de Deus. A mistura dos dois produz um pão sem fermento, sem pecado.
c) O Aspecto Espiritual
Espiritualmente, muitas são as formas de fermento que o homem pode abrigar no seu
coração. Entre outros, podemos identificar os seguintes:
• O fermento dos fariseus que é a hipocrisia, a descrença, a resistência à
Palavra de Deus, os ritualismos mortos (entendamos que a observação da
semana dos asmos não é um ritualismo morto), etc.
• O fermento da sensualidade carnal que busca, em primeiro lugar, os prazeres
desta vida, tal como foi revelado na igreja de Corinto
• O fermento do orgulho e da desobediência
Muitos mais poderiam ser enumerados ainda.
Repudiando estes e outros fermentos velhos, ou do velho homem que ainda não
nasceu de novo, somos ensinados a viver com os asmos da sinceridade e da
verdade, os quais envolvem um coração humilde e sincero perante Deus, um coração
que já se entregou à Sua vontade, como nos diz em Josué 24:14 – “Agora, pois,
temei a YHWH, e servi-O com sinceridade e com verdade”, isto é, “fazei o que eu
vos digo”, como nos diz também em 1.Coríntios 5:7-8. Estas duas passagens centram
a nossa atenção no temor à vontade de YHWH, reverenciando-O, e servindo-O em
sinceridade e verdade, i.e. “com os ázimos da sinceridade e da verdade”.
Nós somos o Templo de Deus e, por isso mesmo, temos que colocar diligência em
nos limparmos de tudo o que pode desagradar ao nosso Deus. Através da fé nas
Suas promessas e do amor que já Lhe retribuímos (por tudo o que Ele fez por nós),
devemos revelar a nossa obediência à Sua vontade (para isso Ele nos legou um
cânone escrito), a qual se encontra expressa nos Seus mandamentos e Estatutos,
como nos instrui também Josué 1:8 – “Não se aparte da tua boca o livro desta lei;
antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo
quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás
bem sucedido”.
A expressão física de não comermos nada levedado durante essa semana não deve
representar mais do que a nossa resposta espiritual (a que parte do nosso coração
agradecido), a qual é reveladora também da nossa entrega, desejando, assim,
limparmo-nos do fermento velho (toda a sombra de pecado e desobediência que
ainda possam existir nas nossas vidas).
• Que devemos viver as nossas vidas sem fermento, portanto, sem pecado ou
corrupção. Isto é, não viver pecando. E isto não é somente válido para os dias
apontados por YHWH na semana dos pães asmos como em todos os dias da
nossa vida, após termos aceite O Ungido de YHWH como nosso Salvador. Na
realidade, ao rejeitarmos o pão levedado nesta semana estamos a assumir um
símbolo importante que o nosso Deus YHWH nos apontou: deitarmos fora o
fermento velho é renovarmo-nos em Cristo, tornando-nos novas criaturas
(nascidas de novo) e, vivendo como Paulo nos ensina em Gálatas 2:20: “Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em
mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o
qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”, vivendo assim pelo
amor, pela fé e pela obediência, pois aceitarmos Cristo implica uma
transformação profunda nas nossas vidas.
O apóstolo Paulo disse-nos a respeito das Solenidades que elas são sombras das
coisas futuras (Colossenses 2:16-17) e que ninguém nos deve julgar pelo seu
cumprimento. Isto é uma clara defesa do cumprimento formal das mesmas pois só
podemos entender a realidade futura que elas representam se cumprirmos os
aspectos formais (a que ele chama sombras)43.
Retirando das nossas casas quaisquer tipos de massa com fermento (levedura) quer
activo (SH’OR) quer inactivo (CHAMETZ) e não comendo quaisquer massas
levedadas. Digo particularmente ‘massas’ porque este preceito não se deve aplicar ao
vinho (podemos estudar este assunto separadamente) nem a quaisquer outros
alimentos que sofram a acção de leveduras como sejam, iogurtes, queijos, cerveja,
etc44. As palavras SH’OR e CHAMETZ são bem específicas na sua aplicação a
massas, logo os alimentos abrangidos por estas palavras são apenas o pão, bolos e
bolachas que, de uma maneira geral são CHAMETZ, ou seja fabricados a partir de
massa levedada. O povo de Israel ainda hoje come a sua Páscoa (a refeição
tradicional, o “seder”, tal como Jesus e os apóstolos o fizeram) com base no cordeiro
com ervas amargas, no MATZAH (pão sem fermento) e no vinho.
43
Curiosamente esta passagem é usada para defender exactamente o contrário, que estas festas
foram abolidas mas isso é o exacto oposto do que ela diz. Mesmo a parte final deve ser traduzida
“sombras das coisas futuras para o corpo de Cristo” e não: “sombras das coisas futuras mas o corpo é
de Cristo”
44
Ao examinarmos passagens relativas às Leis sacrificais vemos que Chametz era proibido
(Êx.23:18,34:25, Lv.2:11,6:17, Lv.7:13,23:17) ao mesmo tempo que vinho e cervejas eram permitidos
(Números 28)
Reparemos agora que a semana dos asmos é iniciada com um Sábado anual e
encerrada com outro. Para além da nossa preocupação de obediência em todos os
dias da nossa vida, nesta semana com dois Sábados anuais e em que recaiu a
ressurreição de Cristo e se celebra a Festa das Primícias da qual queremos ser parte
integrante para a vida eterna, YHWH chama-nos para um exercício especial de
purificação. Em 1.Pedro 1:16, O Senhor recomenda-nos: “Sede santos, porque Eu
Sou santo”. Ora sermos santificados é o verdadeiro propósito das nossas vidas em
Cristo para que morramos para o pecado e passemos a viver para a justiça (Leis) de
Deus, como nos diz Paulo.
O Senhor YHWH atribuiu uma importância tão grande a esta Sua solenidade
(assinale-se que todas as solenidades instituídas por YHWH são igualmente
importantes para o crente), que determinou que o 1º e o 7º dias deste período fossem
celebrados como Sábados santos, anuais, como santas convocações – Êxodo 12:15-
18: “Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das
vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até
ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel. E ao primeiro dia haverá santa
convocação; também ao sétimo dia tereis santa convocação; nenhuma obra se
fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis
para vós. Guardai pois a festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei
vossos exércitos da terra do Egipto; pelo que guardareis a este dia nas vossas
gerações por estatuto perpétuo. No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à
tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde”. Apegando-nos à
verdade e ao ensino da Palavra de Deus podemos concluir que o não cumprimento
desta vontade de YHWH pode ter sérias consequências na vida de cada um. Cada
um deve pois meditar no seu coração acerca do peso destas palavras na sua vida
presente.
O Senhor vai mesmo mais além, instruindo-nos para que durante este período de 7
dias não só não devemos comer pão levedado como não devemos comer quaisquer
outras massas levedadas, conforme nos diz nos versos 19 e 20: “Por sete dias não
se ache nenhum fermento [SH’OR] nas vossas casas; porque qualquer que
comer pão45 levedado [CHAMETZ], aquela alma será cortada da congregação de
Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra. Nenhuma coisa levedada
[CHAMETZ] comereis; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos”.
do Egipto), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egipto, todos os
dias da tua vida. Levedado [CHAMETZ] não aparecerá contigo por sete dias em
todos os teus termos”, e no verso 16:8 diz-nos “seis dias comerás pães ázimos e
no sétimo dia é solenidade a YHWH teu Deus; nenhum trabalho farás”.
Se pois nos consideramos parte da Israel de YHWH, então este preceito divino ainda
hoje tem validade nas nossas vidas, pois o seu significado irá permitir criar raízes
mais fortes entre nós e o nosso Deus, revelando o amor e respeito que temos pela
Sua Palavra e pelo Seu ensino.
Sabemos ainda que no decurso da semana dos pães ázimos é também celebrado o
Dia das Primícias, dia em que o sacerdote acenava o molho da cevada (Omer)
colhida nos campos, em oferta a YHWH e que apontava para a aceitação do sacrifício
do Cristo. Este dia marca o início da contagem dos 50 dias para a celebração da festa
que vinha a seguir no calendário divino – a Festa de Pentecostes.
Assim, durante a semana dos asmos não só se celebra a dádiva dos primeiros frutos
da terra que O Senhor dá ao Seu povo, as primícias do ano, como celebramos Aquele
Senhor que voltará e que, por excelência, se constituiu como O primeiro entre muitos
irmãos que hão-de herdar a vida eterna – 1. Coríntios 15:20, 23; Tiago 1:18, as
primícias de Deus, a igreja dos primogénitos.
Ora a colheita começa no dia a seguir ao Sábado semanal da semana dos Asmos.
Tanto assim é que a oferta feita no Templo nesse dia é descrita como “as primícias da
vossa sega”. A passagem de Deuteronómio 16:9 deixa bem claro também que é
nesse dia que a colheita oficialmente começa:
“Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar
as sete semanas”.
46
No dia seguinte ao Sábado semanal que cai dentro da semana dos Asmos ou seja, sempre a um
Domingo. Esta é a posição dos Saduceus e, na opinião dos autores, o método empregue ao tempo do
Cristo e dos Apóstolos. O entendimento Farisaico que veio a vingar mais tarde e prevalece até hoje
considera este Sábado como sendo uma referência ao primeiro Sábado Anual da semana dos Asmos,
ou seja, dia 15 do Abib.
“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que
trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão”.
Como tal, facilmente se deduz que a foice começa na seara no Domingo a seguir ao
Sábado que calha dentro da semana dos Asmos. O mesmo dia em que as primícias
dessa colheita eram oferecidas a YHWH no Templo.
O povo não podia comer da colheita sem que esta tivesse sido primeiro oferecida a
YHWH, conforme nos diz em Levítico 23:14:
“E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até aquele mesmo
dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo é por vossas
gerações, em todas as vossas habitações”.
“Mas de facto Cristo ressuscitou dentre os mortos47, e foi feito as primícias dos
que dormem”, como nos diz em 1.Coríntios 15:20.
Mateus 27:50-53: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o
espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu
a terra, e fenderam-se as pedras; e abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de
santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da
ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos”.
João 12:24: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.
Não é por acaso que o sacrifício que se fazia neste dia era:
Podemos agora concluir, relembrando, que tanto a Páscoa como a Semana dos Pães
Asmos são comemorações santas (memoriais) instituídos pelo próprio Deus nos dias
por Ele determinados. Ele não só nos diz ainda hoje em que dias devemos assinalar
nas nossas vidas aqueles dias que Ele separou para o Seu povo, como também nos
diz na Sua Palavra de que forma o devemos fazer para andarmos segundo a Sua
47
Muitos cristãos lembram a ressurreição do Senhor no Domingo, dia a que chamam Páscoa (Easter).
Porém este não é nenhum dos 7 dias apontados por YHWH e que Deus estabeleceu para o Seu povo.
É antes uma falsificação do verdadeiro dia apontado por YHWH, e que foi instituído pelo catolicismo
romano muitos séculos após a morte dos apóstolos de Yeshua, e onde também se encontram
espelhados muitos símbolos pagãos de fertilidade (e.g. os coelhinhos e os ovos da Páscoa).
Agora, retenhamos ainda que todo este ensino tem muita importância para o nosso
fortalecimento na Verdade e no Espírito do Senhor. Não deixemos pois que seja a
carne (a nossa inclinação para o pecado) a dominar-nos no entendimento desta
Palavra de Salvação – Romanos 8:5-7. Lembremos que o justo viverá pela fé na
Palavra de Deus e que não lhe basta ser somente ouvinte, mas fazedor de toda a Sua
vontade.
Pentecostes (ou festa das semanas): 7 dias x 7 semanas + 1 dia = 50 dias. Como se
disse no capítulo anterior, estes cinquenta dias são contados a partir do primeiro dia a
seguir ao Sábado semanal em que coincide o período da Páscoa/Semana dos Pães
Ázimos (Na “Torá”, este número significa “liberdade”).
• No sentido espiritual: os resgatados por Cristo, dos quais Ele é o primeiro entre
muitos irmãos (as primícias, como nos diz em 1.Coríntios 15:23 – “Mas cada
um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na
sua vinda”).
48
Ver também Êxodo 23:16; 34:22.
• Este dia especial aponta-nos também ser YHWH O que irá proceder através
dos Seus anjos à colheita do fim dos tempos, em que o Seu povo salvo será
separado (a colheita) para viver eternamente com Ele. Ele já hoje prepara
esses “frutos” através da presença do Seu Santo Espírito (Mateus 9:38; Lucas
10:2; Romanos 8:23; Tiago 1:18). Estes são os que lavaram os seus vestidos
no sangue do Cordeiro de Deus e andaram em obediência nos preceitos do
Altíssimo. É Esse Espírito de Verdade, em nós, que nos permite aperfeiçoar
todos os nossos caminhos e andar em santidade, sem a qual ninguém verá O
Senhor – Hebreus 12:14; 2.Timóteo 1:7; João 15:26; 16:13. Só os que se
deixam guiar pelo Espírito Santo serão chamados filhos de Deus - Romanos
8:9, 14.
• O Deus YHWH fala deste dia ao Seu povo nos seguintes termos:
Deuteronómio 16:10-11 – “Depois celebrarás a festa das semanas a YHWH
teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo YHWH
teu Deus te houver abençoado. E te alegrarás perante YHWH teu Deus, tu,
e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está
Interiorizando, O Espírito Santo faz que este dia seja celebrado por estatuto de Deus,
com alegria, pois representa ainda os primeiros frutos espirituais que são e serão
oferecidos a YHWH, O Deus Altíssimo, através de Seu Filho Yeshua, frutos nos quais
nos queremos incluir. Este é o dia que celebramos por estatuto de YHWH.
A Festa das Trombetas (Yom Teruah – dia de soprar as trombetas; Zikhron Teruah
– dia do grito ou de gritaria: a voz do shofar)
Neste dia especial que ocorrerá em breve (toque da 7ª trombeta de Deus, Yom
Teruah) com a segunda vinda do Rei eternO Senhor Yeshua, ocorrerá a primeira
ressurreição e a coroação de Yeshua como Rei sobre todas as nações – Daniel 7:14
– “E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos,
nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu reino tal, que não será destruído”.
49
Este é um dia assinalado no calendário rabínico-farisaico. Como já vimos no início deste trabalho,
não nos devemos orientar pelas marcações que os homens fizeram há cerca de 1.700 anos atrás com
base em cálculos matemáticos e astronómicos (em Babilónia), mas pela indicação dos sinais dados no
início de cada mês pelo próprio Deus através da Lua Nova.
Como era habitual em Israel, o rei era coroado no 1º dia do 7º mês – Tishri. A
cerimónia de entronização (já feita no céu com Yeshua) envolvia quatro aspectos
sequenciais, o que virá também a acontecer no dia glorioso da Sua segunda vinda –
pois Yeshua veio primeiro como profeta e servo (Cordeiro de Deus), foi depois
ressuscitado como Sumo-Sacerdote, e virá finalmente como Rei dos reis e Senhor
dos Senhores (Apocalipse 19:11-16):
Esta é a única festividade que é celebrada num dia de Lua Nova, por isso também é
conhecida como a Festa da Lua Nova (Rosh Chodesh) – Salmo 81:3-4: “Tocai a
trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade. Porque isto é
um estatuto para Israel, e uma lei do Deus de Jacob”.
Para além do toque do shofar (feitas de chifres de carneiro) neste dia, em todo o
Israel, eram também tocadas as trombetas de prata (Chat-zotzrah) que Deus mandara
fazer: Números 10:2, 10.
50
À semelhança com o costume antigo nas aldeias em Portugal, quando se tocavam os “sinos a
rebate”.
51
Identificado pelo aparecimento da Lua Nova conforme já se explicou.
• Aponta-nos ainda a tradição judaica que foi neste dia que Isaac iria ser
oferecido em holocausto a YHWH, por seu pai Abraão, quando YHWH
proporcionou um animal no seu lugar.
Esta trombeta de que nos fala Paulo aqui, é a 7ª e última trombeta que se encontra
descrita em Apocalipse 8:2 e 11:15, e que assinala o início do Reino Milenar do
Messias, em que os reinos deste mundo passarão para Ele e para os Seus escolhidos
– Apocalipse 11:15 – “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu
grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nossO Senhor
e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”.
Acerca do grande Dia do Senhor YHWH diz-nos a Palavra de Deus que será um dia
de júbilo para os escolhidos, os que esperam o seu regresso e lavaram os seus
vestidos no sangue do Cordeiro, mas dia de condenação para os que não aceitaram a
“Salvação de YHWH”, sobre os quais cairá a irá do Altíssimo:
Isaías 27:12-13 – “E será naquele dia que YHWH debulhará seus cereais desde
as correntes do rio, até ao rio do Egipto; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos
um a um. E será naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que
52
Ver também Apocalipse 20:5-6; Daniel 12:1-3. Não confundir a Palavra de Deus e as Suas profecias
verdadeiras com um erro doutrinal que se tornou muito popular há cerca de 150 anos a esta parte e
que nos fala do “arrebatamento da igreja” antes que ocorra o chamado período da grande tribulação do
tempo do fim. O verdadeiro arrebatamento só ocorrerá na vinda de Yeshua como Rei eterno.
Estes serão os que receberão o galardão da vida eterna por Cristo, quando soar a 7ª
trombeta e os santos ressuscitarem com novos corpos incorruptíveis: 1.Coríntios
15:52; 1.Tessalonicenses 4:16.
Mas antes que a 7ª trombeta de Deus soe, muitas outras vêm soando através da
pregação da Palavra, sem que os homens lhes queiram dar ouvidos ou entender a
sua importância. Não vamos entrar numa descrição do significado das anteriores 6
trombetas apontadas no Livro de Apocalipse, porque essas vêm soando já há muito e
o mundo não as quer ouvir e estão associadas a grandes acontecimentos que se
produziram ou ainda hão-de produzir no mundo antes do toque da 7ª trombeta e da
vinda do Glorioso e Eterno Rei Senhor Yeshua. Porém, cada vez que um profeta ou
obreiro de Deus fala chamando o povo ao arrependimento está a fazer soar a
trombeta de Deus. Os acontecimentos que a humanidade está a viver também foram
e estão a ser determinados pelas trombetas que YHWH manda soar cada uma ao
tempo determinado por Ele.
Segundo a Bíblia, podemos ainda ler acerca das trombetas de Deus terem soado em
numerosas ocasiões especiais da vida do povo de Deus, a Sua Israel:
53
Uma perfeita analogia com os “dias do fim”, em que Deus deixou o homem governar este mundo
durante 6.000 anos. Porém, quando Ele vier e a 7ª trombeta soar, todo o sistema iníquo criado pelo
homem e por Satanás cairá por terra, dando então ocasião a um governo de paz, justiça e harmonia
baseado na eterna Lei de YHWH que durará mil anos.
Segue-se depois um período de dez dias54 de grande introspecção para que cada ser
humano avalie a sua condição espiritual e abrace o concerto com YHWH (o concerto
da salvação) através de Yeshua, O Messias.
guardar o momento para se arrepender só para este dia, porque amanhã não sabe se
estará cá), devendo também obedecer conforme ao mandamento.
Se o arrependimento não for sincero não poderá haver perdão. Provérbios 28:13: “O
que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e
deixa, alcançará misericórdia”.
Relembramos Levítico 23:1-2: “Depois falou YHWH a Moisés, dizendo: Fala aos
filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão
santas convocações; estas são as minhas solenidades”, que deve ser celebrada
aos 10 do mês de Tishri – o 7º mês, segundo o Calendário divino e não o dos
homens, conforme a Levítico 23:27-3255: “Mas aos dez dias desse sétimo mês será
o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e
oferecereis oferta queimada a YHWH. E naquele mesmo dia nenhum trabalho
fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante YHWH
vosso Deus. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será
extirpada do seu povo. Também toda a alma, que naquele mesmo dia fizer
algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo. Nenhum trabalho fareis;
estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.
Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do
mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado”. Hoje, a
“oferta queimada” faz-se no Templo de Deus, que é o nosso coração, onde habita O
Espírito Santo. Este é o único jejum ordenado por Deus ao Seu povo.
Em Levítico 16:29-31 diz-nos: “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo
mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem
o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará
expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos
pecados perante YHWH. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as
vossas almas; isto é estatuto perpétuo”56.
A palavra de Deus não pode ser mais clara quanto à importância e solenidade que
Deus atribui a este dia. Trata-se de um dia especial – Sábado de Sábados, em que
cada um deve examinar-se a si próprio e avaliar a sua condição perante Deus,
arrependendo-se do que esteja mal em si aos olhos de Deus. A palavra “expiação”
significa corrigir, reconciliar, restaurar, reparar, tornar a ser um só, de novo,
prefigurando o que virá a acontecer a todos os remidos que O Senhor Yeshua, O
nosso Sumo-Sacerdote pela Ordem de Melquisedeque, apresentará ao Pai Celestial,
para se tornarem num só, com O Senhor Deus YHWH.
Na realidade, torna-se necessário que cada um de nós cumpra esta vontade de Deus,
para termos a possibilidade de virmos a ter uma verdadeira identidade espiritual com
Ele e a sermos um só com Ele.
Ainda hoje (...lembremos que Deus disse que esta solenidade foi instituída por
estatuto perpétuo), o povo de Israel considera este o dia mais importante do
calendário das festas anuais do Senhor, o dia mais sagrado do ano, ao qual se chama
o povo a limpar os seus pecados perante Deus, a arrepender-se e a reconciliar-se
55
Comparar com Isaías 58:3.
56
Lucas faz referência a este dia em Actos 27:9.
com Ele (dia de julgamento). O povo deve afligir as suas almas e jejuar.
Profeticamente, este dia aponta também para a futura salvação de todo o Israel de
Deus, quando YHWH limpar esta nação de todos os seus pecados – Romanos 11:26-
27.
Era somente neste dia que o Sumo-Sacerdote podia entrar na área mais sagrada do
Templo (O Santo dos santos), uma vez ao ano e espalhar o sangue do sacrifício
sobre a Arca do Concerto para limpeza dos pecados do povo. E, somente neste dia e,
também uma só vez por ano, ele podia pronunciar O Santo Nome do Deus de Israel:
YHWH.
Do ponto de vista escatológico, acreditamos que será também neste dia (no futuro)
que se concretizará “O Dia do Senhor”, e nele será derramada a Sua ira sobre todos
os filhos da desobediência deste mundo. Este convencimento assenta nas profecias
que se encontram em Isaías 13:6, 9, 13, Ezequiel 30:3, Mateus 24:29. Antes que a ira
de Deus caia sobre a humanidade desobediente, Deus fará sinais terríveis nos céus,
avisando da chegada do castigo. Muitos profetas nos falam destes dias terríveis – e.g.
Joel 2:31, vs Apocalipse 6:12. Todos estes acontecimentos sucederão durante os
últimos 42 meses (3,5 anos)57 antes da vinda gloriosa de Yeshua como Rei eterno.
Essa Israel que ainda hoje não reconhece O Messias de há 2.000 anos pranteará
quando virem Aquele a Quem trespassaram; chorarão por não O terem reconhecido e
aceitado no tempo da sua visitação – Zacarias 12:10-14. Este será um dia de grande
arrependimento desta nação.
Ao tempo em que Israel tinha o Templo para fazer as suas ofertas queimadas ao
Senhor, só o Sumo-Sacerdote podia entrar no lugar Santíssimo (o Santo dos Santos)
– Hebreus 9:7-8: “Mas, no segundo, só o Sumo-Sacerdote, uma vez no ano, não
sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisto a
entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava
descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo”. Esta era
contudo uma imagem do papel que viria a ser assumido por Yeshua, nosso Sumo-
Sacerdote (Hebreus 9) quando entrou no lugar Santíssimo, no santuário celeste, após
a Sua glorificação.
57
Não confundir o período da chamada “grande tribulação” ou “tribulação de Jacob”, os últimos 42
meses ou 3,5 anos, com o chamado período da ira de Deus. Os sinais da proximidade da ira de Deus
serão dados antes que a Sua ira seja derramada, como nos diz em Sofonias 2:1-2. Todas as nações da
Terra lamentarão, porque é vindo o grande dia da Sua ira e quem poderá subsistir? – Apocalipse 6:17.
58
Lembremos que é o sangue que faz expiação pelas almas, conforme está escrito em Levítico 17:11.
Ora o sangue que foi derramado pela salvação das nossas almas (os que se arrependeram e
entregaram a Deus como novas criaturas em Cristo) é o sangue de Yeshua, O Cordeiro de Deus.
Torna-se assim claro que estes dois bodes serviam dois propósitos diferentes na
intenção de YHWH. Enquanto o primeiro bode, o que é sacrificado no altar de YHWH
é um tipo de Yeshua, O Messias que haveria de vir, o segundo, que é banido para o
deserto prefigura o anti-tipo de Cristo, Satanás, quando for amarrado por 1.000 anos
e depois destruído para sempre, i.e. afastada a sua influência nefasta sobre os povos
(Apocalipse 20:1-3); mas ele leva sobre si, também os pecados do povo, pois ele é o
causador dos males que estão no mundo.
A expressão de “bode expiatório” ainda hoje tão utilizada por todos os povos é uma
alusão muito clara a este animal que era sacrificado neste dia. Este bode é visto como
“um tipo” de Satanás sobre quem recairá a destruição (Ezequiel 28:12-19), aquele
cujo sacrifício no Templo não é aceite. O ser enviado para o deserto pode ser visto
como uma antecipação do seu castigo no lago de fogo (Apocalipse 19:20).
De acordo ainda com a tradição hebraica, o bode emissário era levado para uma zona
deserta onde era atirado num precipício escarpado (do Hebraico: “azaz”). Não era um
sacrifício ao Senhor, por isso não poderia ser um tipo do Messias. Era ainda
entendido por Israel como uma forma de Deus atirar os pecados do povo para fora do
arraial.
O significado espiritual desta separação dos bodes aponta para a separação que será
feita durante o julgamento de Deus e que ocorrerá antes do Milénio. As nações serão
julgadas pela forma como trataram o povo de Deus através dos tempos e como
andaram nos caminhos propostos por YHWH (Mateus 25:31-46).
Na sua primeira vinda, O Senhor Yeshua foi considerado como O bode que foi
entregue para sacrifício a Deus, carregando sobre si os pecados de toda a
humanidade (Isaías 53:1-6; Romanos 3:22-23; 1.Coríntios 15:3; Gálatas 1:3-4;
Hebreus 2:17; 1.João 2:1-2; 4:10). Ele foi e permanece O Único sacrifício pelo qual o
homem se pode chegar a YHWH.
59
Azazel – esta expressão não aparece na tradução em Português de JFAlmeida. A expressão ali
usada é bode emissário.
Nesse dia futuro, o Dia da vinda do nossO Senhor e Rei YHWH, celebrar-se-á:
Conforme manda O Senhor em Levítico 25:8-10, o ano do Jubileu era contado para
anunciar a liberdade a todos os moradores da terra: “Também contarás sete
semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete
semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez
do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis passar a
trombeta por toda a vossa terra, e santificareis o ano quinquagésimo, e
apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos
será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família”. Eis o dia e
o ano que virá: o Dia da Libertação e regresso do nosso Rei Eterno.
60
Ver Levítico 23:34; Êxodo 23:16, a qual também adquire um forte sentido espiritual pois aponta para
a sega (ou colheita) dos eleitos pelos anjos de YHWH no final dos tempos – a Israel de Deus.
Segundo a Lei do Senhor, três vezes no ano (na Festa dos Pães Asmos, no
Pentecostes e na Festa dos Tabernáculos – Êxodo 23:14, 17; 34:24; Deuteronómio
16:16; 2.Crónicas 8:13), cada varão não deve apresentar-se “vazio” perante O
Senhor, mas deve fazer ofertas segundo a bênção recebida do Senhor. Isto tem
importância mesmo para os nossos dias e para percebermos a necessidade de
sustentação do trabalho de evangelização.
A Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas tem início no 15º dia do 7º mês do
calendário divino; exigia que todo o varão se dirigisse a Jerusalém a adorar a Deus no
Templo e se alegrasse pelas bênçãos recebidas do Altíssimo e habitasse em cabanas
cobertas com ramos de árvores frondosas – esta instrução é repetida em Neemias
8:13-15, 18. Também, durante a Festa dos Tabernáculos, de 7 em 7 anos, toda a Lei
(Torá) era lida perante a assembleia de povo reunida em Jerusalém (homens,
mulheres e crianças) – Deuteronómio 31:10-12.
Êxodo 34:22: “Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das
primícias da sega do trigo, e a festa da colheita no fim do ano”, o que, para além
do significado espiritual, tem igualmente um significado para os trabalhos agrícolas
das colheitas. Como significado espiritual apontamos, em particular o Milénio do
Reino de Yeshua sobre todas as nações da Terra, juntamente com os eleitos. Será
durante este mil anos que Satanás e seus anjos estarão presos, para não perturbar o
plano de Deus para a restauração de todas as coisas. De Sião sairá a Lei, diz-nos em
Isaías 2:2-461.
Levítico 23:34-37: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês
sétimo será a festa dos tabernáculos a YHWH por sete dias. Ao primeiro dia
haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis. Sete dias oferecereis
ofertas queimadas a YHWH; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis
ofertas queimadas a YHWH; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.
Estas são as solenidades de YHWH, que apregoareis para santas convocações,
para oferecer a YHWH oferta queimada, holocausto e oferta de alimentos,
sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio; Além dos sábados de YHWH,
e além dos vossos dons, e além de todos os vossos votos, e além de todas as
vossas ofertas voluntárias, que dareis a YHWH. Porém aos quinze dias do mês
sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa de YHWH
por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá
descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores,
ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos
alegrareis perante YHWH vosso Deus por sete dias. E celebrareis esta festa a
YHWH por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no
mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em
Israel habitarão em tendas; Para que saibam as vossas gerações que eu fiz
61
Ver ainda algumas das grandes transformações que ocorrerão durante o Milénio de Cristo – Isaías
11:6, 9; 35:1; 65:25.
Nos versos 42-43 diz-nos: “Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em
Israel habitarão em tendas; para que saibam as vossas gerações que eu fiz
habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egipto. Eu sou
YHWH vosso Deus”.
O próprio Deus YHWH habitou com Israel na Tenda da Congregação quando saíram
do Egipto: Êxodo 25:8 – “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”.
Este é o princípio fundamental da Festa dos Tabernáculos. Deus esteve com o Seu
povo de forma transitória, temporária. Contudo estará com o Seu povo, no futuro, de
forma permanente quando vier para reinar desde Sião e, depois, na vida eterna, nos
novos céus e nova Terra, na Nova Jerusalém – Apocalipse 21:3-4, 10. Na realidade,
O Deus que nos criou, sempre desejou viver entre nós. Somente o pecado (a
desobediência do homem que teima em persistir) afastou e afasta o homem do Seu
Criador YHWH.
Esta Festa é também designada por festa das colheitas ou festa das cabanas.
• Tendo também um sentido espiritual e profético, ela aponta para um tempo que
há-de vir – o Milénio, porque O Senhor habitará com o Seu povo. Nestes 1.000
anos não haverá mais guerra e será o tempo de restauração de todas as
coisas – Actos 3:21; Isaías 11:1-9; Miquéias 4:1-7; Ezequiel 36:35.
Trata-se de uma festa que continuará a ser celebrada durante o Milénio, conforme
nos diz em Zacarias 14:16: “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as
nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei,
YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”.
É verdade que, com o sacrifício do Cristo, rompeu-se o véu do Templo e não mais se
justificariam sacrifícios e outras ofertas, porquanto O Único e Verdadeiro sacrifício já
havia sido feito por Yeshua cerca de 40 anos antes da destruição do Templo. Aí
então, cessaram as ofertas queimadas e o sacrifício dos animais e o sacerdócio levita
até ao dia de hoje. Com a destruição do Templo no ano 70 d.C., Deus pretendeu que
Israel se voltasse para Aquele que veio como O Cordeiro de Deus. Porém, a maior
parte do povo não O reconheceu nem ainda hoje O aceita como O Ungido prometido
por Deus através dos profetas.
Hoje a nossa oferta a Deus tem que residir no coração do crente, centrada numa fé
sincera, e numa certeza de salvação pela graça de Deus, sempre e só através de
Yeshua, O Cristo, e de andarmos como Ele andou, i.e. em obediência à Lei de Seu
Pai YHWH (Apocalipse 12:17; 14:12). Enquanto antigamente o tabernáculo se
encontrava no meio do povo (a tenda da congregação e, mais tarde o edifício do
Templo em Jerusalém), hoje ele terá que estar no nosso íntimo, isto é, no nosso
próprio coração, na nossa mente. É aí que O devemos servir.
Num plano mais elevado ainda, esta festa relembra o facto do nosso Deus ter descido
do céu para viver entre nós, num tabernáculo terreno, entre o Seu povo, Israel.
Assim como após os 6 dias da semana se segue o 7º dia, o Sábado como dia
santificado por Deus para repouso e maior ligação espiritual ao Criador, assim
também ao governo do homem foi dado 6.000 anos a que se seguirá o Milénio do
governo de Cristo (repouso espiritual) – o 7º Milénio.
Os mil anos do governo de Yeshua como Rei sobre todas as nações da Terra
correspondem ao 7º. Milénio do Plano de Deus. O 7º. Dia (Sábado), descanso, aponta
também para o 7º. Milénio governado por Cristo, porque para Deus, um dia é como
mil anos e mil anos como um dia.
• 70 bois (um por cada uma das nações instituídas por Deus62)
• 98 cordeiros
• 14 carneiros
• 7 bodes
Todos estes números são divisíveis por 7 que, em termos bíblicos, significa o número
da perfeição (número completo). Lembremos que esta Festa terá continuidade
durante o Milénio do governo de Yeshua. Se atendermos a este ensinamento,
sabendo que as mesmas serão celebradas no futuro (Zacarias 14:16-17), como não
reconheceremos que estas festas são também para serem cumpridas hoje?
O 8º dia da Festa (também um Sábado anual), pode ser visto como um memorial da
entrada do povo na Terra Prometida, embora aponte já para a entrega do Reino ao
Pai, quando já todos os inimigos de Deus, do Seu Cristo e dos remidos, tiverem sido
destruídos no final do 7º. Milénio e o povo santo verdadeiramente entrar na “terra
prometida” – a eternidade. Este dia vem assinalado como um Sábado grande por
YHWH em Levítico 23:36, 39; Números 29:35.
Este dia simboliza a entrada dos escolhidos de Deus naquela que será a sua “Terra
Prometida”, a habitação final, a eterna – os novos céus e a nova terra, após o Milénio.
É o tempo da nossa redenção do povo escolhido, em Yeshua.
Em primeiro lugar, devemos dizer que este 8º dia está intimamente ligado à
celebração da Festa dos 7 dias dos Tabernáculos. Podemos dizer que encerram a
semana dos Tabernáculos e dela fazem parte. E é no decurso destas festividades que
O Senhor diz que estes dias são “o tempo da nossa alegria” (Levítico 23:40).
Compreende-se porquê. Porque estes dias prefiguram dias felizes e eternos que aí
virão debaixo do governo eterno do Rei Messias, o Leão da tribo de Judá.
62
70 foram as nações separadas por Deus após o Dilúvio: Génesis 10:1, 32.
63
O retrato destas festividades foi extraído da obra “King of the Jews”, escrito por D.Thomas Lancaster
(2006)
De salientar que, para além das ofertas e sacrifícios habituais no Tempo realizados
duas vezes no dia, o sacrifício da manhã e o da tarde, havia uma cerimónia em
particular que fazia reunir todo o povo que ali celebrava ao Senhor. Tratava-se da
cerimónia do derramamento de águas vivas64 sobre o altar.
Esta cerimónia era realizada uma vez por dia, em cada um dos 7 dias da Festa, ainda
de madrugada e consistia no seguinte:
E, foi na sequência destas cerimónias que Yeshua, no último dia da Festa66, o oitavo,
(João 7:14-26), começou a pregar no Templo; no grande dia da Festa, podemos ler
em João 7:37-3967: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pós-se em pé, e
clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim,
como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. Este discurso de
Yeshua fazia uma ligação directa entre Ele próprio (A Fonte das águas vivas) e a
cerimónia das águas que eram colhidas no tanque de Siloé (O Enviado, que era Ele
próprio) e derramadas depois sobre o altar.
64
Porquê “águas vivas”? Porque o tanque de Siloé era um tanque onde as águas fluíam naturalmente,
não sendo por isso canalizadas. De resto, a Bíblia chama de águas vivas as águas dos rios, oceanos,
fontes e nascentes.
65
Referência ao Salmo 118:25-27
66
De lembrar que esta foi a última Festa dos Tabernáculos a que Jesus assistiu antes do Seu sacrifício
como Cordeiro de Deus na Páscoa do ano seguinte. Tal como aqui lhe cantaram “Hossanas”, também
lhas cantaram quando entrou em Jerusalém montado num burrinho para depois ser sacrificado –
Marcos 11:9-10.
67
Em cumprimento da profecia que se encontra em Isaías 12:2-3.
Desta maravilha já o profeta nos falava em Isaías 12:3 – “E vós com alegria tirareis
águas das fontes da salvação”. Ora esta fonte de salvação é Cristo68.
O apóstolo João explica-nos depois que estes “rios de água viva” que hão-de correr
do ventre de cada um dos que aceitarem Yeshua como O Messias Salvador,
corresponderia ao derramamento do Espírito Santo, vendo-O como um profeta ou
mesmo como O Messias prometido: João 7:39-43 – “E isto disse ele do Espírito
que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não
fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. Então muitos da multidão,
ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. Outros diziam:
Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galileia? Não diz a
Escritura que o Cristo vem da descendência de David, e de Belém, da aldeia de
onde era David? Assim entre o povo havia dissensão por causa dele”.
Não é surpreendente que Yeshua usasse esta imagem neste dia, pois em Apocalipse,
ao falar deste 8º dia é usada uma imagem semelhante (Apocalipse 22:1-5,17): “E
mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do
trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e de outro lado do
rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em
mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais
haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e
os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu
nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do
sol, porque O Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”.
Este rio puro da água da vida é A Palavra que flui do Cordeiro de Deus, Rei Eterno, o
mesmo rio de que nos fala o Salmo 46:4 – “Há um rio cujas correntes alegram a
cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo” e que estará centrado no
trono do Altíssimo em Jerusalém. Este é o rio da vida eterna. O Senhor YHWH
aponta-Se a Si mesmo como o manancial das águas da vida: Salmo 36:9 – “Porque
em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz”, palavras que são
corroboradas pelo próprio Deus através da boca de Jeremias 2:13a – “Porque o meu
povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas…” e
em 17:13b – “os que se apartam de mim serão escritos sobre a terra; porque
abandonam a YHWH, a fonte das águas vivas”. Este manancial de vida eterna
emana do Cordeiro que há-de reinar eternamente.
O próprio Cristo confirma esta verdade quando fala com a mulher samaritana, em
João 4:14 – “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a
vida eterna”. Quem beber desta água terá a Vida em si mesmo.
O 8º grande dia, como Sábado santo, aponta para a eternidade de YHWH com o Seu
povo, na Sua glória eterna a todos aqueles que beberem desta água que O Cristo tem
para lhes dar: a Sua Palavra redenTorá.
68
Ler também Isaías 44:3-4; 55:1.
Estas duas celebrações encerram o plano das solenidades anuais do Deus YHWH. A
primeira evoca o período do 7º Milénio, do governo de Cristo sobre todas as nações
da terra, sendo que o último dia desta semana, o 7º aponta para o último dia da Ceifa
ou Recolha, o que nos é retratado pelo julgamento perante o Grande Trono Branco (a
2ª Ressurreição, a de todos os que viveram e que serão julgados pelas suas obras no
final do Milénio – Apocalipse 20:11-15), enquanto o 8º Dia, encerra o ciclo anual das
solenidades de YHWH e aponta para a entrega do Reino ao Pai e a eternidade dos
remidos com O seu Deus YHWH.
Este é um dia separado dos anteriores sete. Para além disso, este dia tem a
particularidade de não ser necessário praticar quaisquer ritos. Porquê? Porque nesse
tempo futuro já passámos da condição física para a espiritual, de algo concreto e
palpável para algo sublime e eterno, para algo que não podemos ainda ver mas que é
bem real, como nos diz Paulo em 2.Coríntios 4:18: “Não atentando nós nas coisas
que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais,
e as que se não vêem são eternas”.
Esse reino eterno, perfeito, culminará com a criação de novos céus e nova terra –
Apocalipse 21:5: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço
novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são
verdadeiras e fiéis”. Esta revelação de Cristo ao profeta João confirma o que Ele
mesmo como Verbo Divino já havia anunciado a Isaías – Isaías 65:17 e 66:22:
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança
das coisas passadas, nem mais se recordarão... Porque, como os novos céus, e
a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz YHWH, assim
também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”.
Eis a nossa esperança retratada nestas palavras verdadeiras e fiéis como é próprio
do Deus YHWH. Essa mesma certeza de fé também nos aparece retratada nas
palavras de Pedro – 2.Pedro 3:13: “Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.
Eis o quadro completo do que ainda falta acontecer para que a figura do 8º Grande
Dia venha a ser uma realidade:
1. que o mundo sofra a grande tribulação que virá antes da 2ª vinda de Cristo, e
que a rebeldia seja castigada;
2. que, com a vinda de Cristo, seja retirado todo o poder a Satanás e aos seus
anjos durante os mil anos do governo de Cristo e todas as coisas sejam
restauradas;
3. que Satanás seja solto no final do milénio por um pouco de tempo e saia
novamente a enganar as nações e as congregue de novo contra o arraial dos
santos;
4. que os inimigos do Altíssimo sejam totalmente destruídos no lago de fogo
(Satanás e seus anjos o falso profeta);
5. que o último inimigo seja destruído – a morte,
para que então todo o plano de YHWH seja finalmente concretizado na entrega ao Pai
de um reino e um povo eternos.
Por isso mesmo, após a celebração da Festa dos Tabernáculos durante a qual eram
sacrificados 70 touros (figurando as 70 nações, para expiação dos seus pecados),
devemos procurar entender o significado desta solenidade que YHWH manda guardar
como um Sábado santo – o 8º Grande Dia, durante o qual somente UM animal era
sacrificado, em benefício de UMA só nação - Israel.
Por vezes não alcançamos o significado destes dias santificados por Deus.
Atentemos agora para o ensino que nos é transmitido no Livro de Hebreus e nas
cartas dos Apóstolos; pela fé, muitos servos da antiguidade observaram toda a
vontade de YHWH vendo, de longe, todo o plano de Deus e a recompensa que está
reservada para os fiéis:
Nesta carta é-nos dito que se não estivermos enxertados na boa oliveira (Israel) cuja
raiz é Cristo não teremos possibilidade de salvação. Ora, sabemos também que só
temos possibilidade de saber se na realidade estamos enxertados na boa oliveira se
andarmos nos Seus mandamentos, juízos, testemunhos, estatutos (dos quais um bom
exemplo são as Santas Festas Anuais de YHWH), e guardarmos a fé de Yeshua, com
sinceridade e humildade nos nossos corações, não sendo somente ouvintes
(esquecediços), mas fazedores da obra que Ele nos entregou.
Será que nos estamos a preparar para estar ali, naquele Dia?
O êxodo do Egipto foi uma sombra do grandioso êxodo que está para vir. Veja-se a
grandiosidade da restauração da Casa de Israel – Jeremias 31:1, 3-10: “Naquele
tempo, diz YHWH, serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu
povo... Há muito que YHWH me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno
te amei, por isso com benignidade te atraí. Ainda te edificarei, e serás edificada,
ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus tamboris, e sairás nas
danças dos que se alegram. Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os
plantadores as plantarão e comerão como coisas comuns. Porque haverá um
dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Efraim: Levantai-vos, e subamos
a Sião, a YHWH nosso Deus. Porque assim diz YHWH: Cantai sobre Jacob com
alegria, e exultai por causa do chefe das nações; proclamai, cantai louvores, e
dizei: Salva, YHWH, ao teu povo, o restante de Israel. Eis que os trarei da terra
do norte, e os congregarei das extremidades da terra; entre os quais haverá
cegos e aleijados, grávidas e as de parto juntamente; em grande congregação
voltarão para aqui. Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos
ribeiros de águas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, porque sou um
pai para Israel, e Efraim é o meu primogénito. Ouvi a palavra de YHWH, ó
nações, e anunciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel
o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho”.
O Noivo e a Noiva
Desde os tempos bíblicos que o casamento é uma festa de alegria e celebração, tanto
para os noivos como para os convidados, com alegria, canto, música e dança. Os
próprios noivos eram tratados como rei e rainha, sendo-lhes colocadas coroas nas
suas cabeças; eram sentados nuns tronos e iniciavam-se as alegres celebrações. Os
costumes hebraicos do casamento consistiam no seguinte:
Após 6000 anos de governo do homem (e de Satanás) sobre a terra, virá o 7º milénio,
o tempo do repouso, o tempo de refrigério e da restauração de todas as coisas, o que
virá a ser uma realidade debaixo do governo de Yeshua e dos Seus santos sobre
todas as nações da terra, como já se disse antes, após o que O Messias apresentará
a Sua noiva pura e sem mancha (pecado) a YHWH.
Na antiga Israel, o 8º Grande Dia era dedicado a orações pela chuva, pelas águas.
Ora como sabemos, do ponto de vista profético, chuva também tem como significado
o derramamento do Espírito Santo de YHWH. Oremos pois por um grande
derramamento do Espírito Santo sobre nós, os que crêem e esperam a vinda do
Noivo.
Apocalipse 22:17: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem.
E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”.
Para terminar este capítulo ligado às solenidade de YHWH aqui fica mais uma
reflexão sobre o seu grande significado, nos dias e tempos por Ele determinados, e o
quanto esses dias santos reflectem o Plano de YHWH para a humanidade, tanto no
passado como ainda no futuro:
Acordai, vós que estais dormindo (i.e. sem O conhecimento do Senhor Yeshua)!
69 “sukkah” no Dicionário Strong’s # 5521: cabana, tenda, tabernáculo (habitação temporária) -Génesis
33:17. Tanto a Terra que habitamos como os nossos corpos são “habitações temporárias”: Isaías 51:6;
João 2:19; 2.Coríntios 5:1; 2.Pedro 1:13-14.
Salmo 1:1-2
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos
ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na
roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na Lei de YHWH, e
na sua Lei medita de dia e de noite”
No passado e no presente, Israel foi advertido inúmeras vezes através dos profetas
de Deus para que andassem nos caminhos (na Lei) que YHWH lhes havia dado
através de Moisés e dos Seus profetas. Este devia ser um povo santo, que através da
obediência e das bençãos que, por isso mesmo receberiam do seu Deus, teria como
missão ensinar “o caminho” aos outros povos e ser uma luz para as outras nações:
Deuteronómio 4:5-6 – “Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como
me mandou YHWH meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual
ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria
e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes
estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida”. Como sabemos,
Israel falhou neste compromisso que antes assumira com O Senhor: “Tudo o que
disseres, isso faremos”.
Todas as outras nações verão isto, como nos diz no versículo 28: “E os gentios
saberão que eu sou YHWH que santifico a Israel, quando estiver o meu
santuário no meio deles para sempre”.
A palavra da profecia que foi dada em Isaías 2:2-3 é muito clara também quanto ao
curso dos acontecimentos futuros, na qual a Lei de YHWH irá ser gravada no coração
de todos – “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa de
YHWH no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a
ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte de
YHWH, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e
andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém a palavra
de YHWH.
O cumprimento desta profecia tem que ser entendida para os tempos do fim, em que
o remanescente de Israel, aquele Lo-ami que não era Seu povo (Oséias 1:9), voltará
ao conhecimento da vontade de Deus e voltará a ser povo de Deus. YHWH gravará
toda a Sua Lei no coração daqueles que irão estar sob o governo de Yeshua durante
o Milénio e para sempre: Hebreus 8:10 – “Porque esta é a aliança que depois
daqueles dias farei com a casa de Israel, diz O Senhor; porei as minhas Leis no
seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e
eles me serão por povo”.
O retorno deste povo gentio (não éramos nós também gentios antes de abraçarmos o
Concerto com YHWH através do Seu Cristo?) ao seio de Deus e da Sua vontade, a
Sua Lei, encontra-se expresso em muitas passagens da Bíblia. Vemos as palavras de
Deus em Isaías 9:6-7; 59:20-21 como a manifestação da vinda de um Salvador há
muito anunciado pelos profetas, o tal acerca do qual Moisés falava em Deuteronómio
18:18 – “E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó (Israel) se converterem da
transgressão, diz YHWH. Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz
YHWH: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua
boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da
boca da descendência da tua descendência, diz YHWH, desde agora e para todo
o sempre”. Todo o Capítulo 60 de Isaías é um hino ao que irá suceder naqueles dias
quando os filhos de Israel irão voltar à terra que Deus prometeu aos seus pais.
Guardar a Lei de YHWH e viver por ela, já hoje (como o foi desde sempre), não é uma
opção do homem, mas sim um requisito inalienável de obediência, para podermos ser
considerados Seus filhos e viver eternamente com Ele – lembremos as palavras de
Eclesiastes 12:13. Veja-se que perante a Lei de YHWH/Moisés nenhum homem fica
inexcusável, nem mesmo o rei: Deuteronómio 17:18-20 – “Será também que,
quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si num
livro, um traslado desta Lei, do original que está diante dos sacerdotes levitas. E
o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer a
YHWH seu Deus, para guardar todas as palavras desta Lei, e estes estatutos,
para cumpri-los; para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e
não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para
que prolongue os seus dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”.
Antes de entrarmos no estudo bíblico deste tema, podemos começar por afirmar que
o termo “concerto” significa igualmente: “tratado”, “acordo”, “pacto”, “aliança”,
“contrato”, algo que passa a reger uma relação entre duas ou mais partes envolvidas
e que, habitualmente, estipula condições a serem observadas.
Tal como em muitas outras referências bíblicas, também podemos encontrar mais do
que um significado para a expressão “novo concerto”, consoante o contexto em que
as passagens bíblicas nos são dadas, pois, podemos encontrar dois grandes
significados para a mesma expressão:
Este(s) grande(s) concerto(s) que O próprio Senhor YHWH procurou fazer com o
homem desde o princípio da Criação foram violados inúmeras vezes por parte do
homem. Deus nunca violou os acordos e promessas que fez ao homem. Daí que
Deus tenha procurado renová-los ao longo do tempo, renovando assim a esperança
dos que Lhe são fiéis.
Isaías 51:7-8 – “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração
está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas
injúrias. Porque a traça os roerá como a roupa, e o bicho os comerá como a lã;
mas a minha justiça [a minha Lei, O Meu Ungido] durará para sempre, e a minha
salvação de geração em geração”. Veja-se nestas palavras de YHWH (dadas
através do profeta) o claro sentido duplo à Sua Lei e ao Seu Ungido.
É constante o apelo de Deus para que o Seu povo ande em todos os caminhos
(preceitos) que YHWH lhe propôs desde o princípio, e até para que se arrependa dos
seus desvios e para que volte às “veredas antigas”. Vejamos exemplos deste apelo:
Jeremias 6:16 e 18:15 – “Assim diz YHWH: Ponde-vos nos caminhos [ponderai a
vossa maneira de viver], e vede, e perguntai pelas veredas antigas [os Meus
preceitos, a Minha Lei], qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis
descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele. Contudo
o meu povo se tem esquecido de mim, queimando incenso à vaidade, que os fez
tropeçar nos seus caminhos, e nas veredas antigas, para que andassem por
veredas afastadas, não aplainadas”. De forma também muito clara Deus exorta o
Seu povo a voltar para a Sua Lei eterna e boa, para que vivam.
Olhando agora para o futuro, i.e. para o governo do Messias durante o milénio, vemos
que a profecia nos diz que a Sua Lei será restaurada e guardada por Israel, porque
todos os preceitos de Deus estarão gravados no coração de cada um, e não mais
será necessário que cada um ensine a seu irmão, porque todos conhecerão O Deus
Todo-Poderoso (El Shadai), como diz Deus em Jeremias 31:34, palavras que se
encontram confirmadas em Hebreus 8:10-11 e 10:16-17 – “Porque esta é a aliança
[concerto] que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz O Senhor;
Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu
lhes serei por Deus, e eles me serão por povo; e não ensinará cada um a seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece O Senhor; porque todos
me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”. Então, naquele tempo
vindouro, será cumprida a vontade que Deus tinha desde o princípio para o povo de
Israel: ser uma luz para todas as nações, tal como O Filho veio ao mundo como a
verdadeira luz das nações.
70
Estas mesmas palavras são depois confirmadas pelo próprio Senhor Yeshua em Mateus 22:36-38.
seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egipto;
porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz
YHWH. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias,
diz YHWH: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.
A compreensão segundo a qual devemos viver de acordo com “toda a palavra que
sai da boca de Deus”, é retirada da Torá e depois confirmada nos escritos
apostólicos como iremos ver de seguida: Deuteronómio 8:3b – “… para te dar a
entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca de
YHWH viverá o homem”, palavras da Torá que nos vêm confirmadas pelO Senhor
Yeshua em Mateus 4:4.
Compreendemos ainda que estas instruções (a Torá de Israel) não estão longe de
nós; antes devem estar em nós, como nos diz em Deuteronómio 30:14 – “Porque
esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a
cumprires”. E, como diz O Senhor Yeshua: os meus mandamentos não são
pesados.
Estas palavras são importantes para todos os que buscam servir a YHWH e andar na
Sua vontade, na Sua Lei. Reparemos no que nos é dito também em Ezequiel 11:19-
20 referindo-se ao tempo vindouro em que Israel será recolhido de entre todos os
povos do mundo para regressar à terra que YHWH prometeu a seus pais: “E lhes
darei um só coração, e um espírito novo [de obediência, humildade, reverência]
porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra [a sua rebeldia para
com as minhas leis], e lhes darei um coração de carne; para que andem nos
meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por
povo, e eu lhes serei por Deus”.
Muitos hoje que dizem conhecer a Deus negam a eficácia das instruções/ensino que
YHWH lhes dá através da Sua Palavra: Tito 1:6 – “Confessam que conhecem a
Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e
reprovados para toda a boa obra71”. Será que estes ainda vão a tempo de acordar
do sono em que estão mergulhados? Só Deus sabe. Veja-se o que nos é dito em
Provérbios 28:9 – “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração
será abominável”.
Lembremos a profecia acerca dos dias vindouros, quando Yeshua, na Sua qualidade
de Rei eterno, firmar o Seu trono em Sião/Jerusalém: Isaías 2:2-3 – “E acontecerá
nos últimos dias que se firmará o monte da casa de YHWH no cume dos
71
Sabemos que as “boas obras” são o cumprimento dos preceitos dados por Deus ao homem na Sua
Torá.
Não devemos esperar por esses dias vindouros para andarmos segundo a vontade de
Deus. Tal deve ser já hoje o propósito do nosso coração. Não devemos ser somente
ouvinte mas praticantes, como nos é dito em Tiago 1:22 – “E sede cumpridores da
palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”. Este
aspecto é tão importante já hoje como o foi sempre através dos tempos passados.
Deus sempre procurou aqueles que O amam. E os que O amam são os que guardam
os Seus mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos. Essa é a verdadeira forma
de mostrarmos o amor a Deus: andando nos Seus caminhos: João 14:21 – “Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que
me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”.
Que nos diz O Senhor YHWH pela boca do profeta acerca dos que não têm a luz, a
verdade? Isaías 8:16, 20 – “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus
discípulos [Quem diz estas palavras é Aquele que veio na carne, Yeshua,
Homem]… À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é
porque não há luz neles”. Alguns dizem: “ah, estes preceitos já não são para nós”,
ou “o sangue de Cristo libertou-nos; Ele cumpriu tudo por nós”. Resta saber onde é
que está escrito que tais disposições foram revogadas, a não ser as disposições do
sacerdócio levita que foi interrompido por Yeshua e pela ausência de Templo, mas
que será restabelecido no decurso do Milénio, ou a partir do momento em que o futuro
Templo for erigido.
O apóstolo Paulo fala-nos nestes termos acerca da Lei eterna do Senhor, a qual ele
próprio cumpria zelosamente como se demonstra através do seu testemunho e
prática: Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a lei não são justos [santos]
diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”. Se
continuarmos a ler os escritos de Paulo podemos ver o que ele nos ensina em
2.Coríntios 3:3-4 – “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo,
não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo
que temos tal confiança em Deus”. Estas palavras de Paulo confirmam a nossa
convicção que já hoje devemos ter as santas Leis dadas por Moisés escritas nos
nossos corações, procurando andar sem repreensão em todos os mandamentos e
preceitos do Senhor, tal como os pais de João, o Batista, como nos é dito em Lucas
1:5-6, que ali são apelidados de justos pelo próprio Deus. Só assim podemos ser “a
carta de Cristo”.
Muitos que hoje se dizem cristãos, mas não querem seguir o exemplo ou as palavras
de Yeshua, enquadram-se no grupo dos que “falam muito, mas não praticam”, como
Já o que escuta as palavras (a Lei) do Altíssimo e as põe em prática nas suas vidas,
tem uma resposta completamente diferente da anterior. Mateus 7:24-27 – “Todo
aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao
homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha [Verdade, Cristo]; e
desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela
casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”. Perante estes avisos
sérios, como nos deveremos comportar então? Como o homem prudente ou como o
insensato?
Quando numa ocasião vieram dizer a Yeshua que lá fora estavam sua mãe e seus
irmãos (carnais) que Lhe queriam falar, qual foi a Sua resposta e ensino? Lucas 8:21
– “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a
executam”! O Seu aviso está bem à vista de todos.
Toda a Palavra de Deus é unânime neste ensinamento. Tiago 1:25 diz-nos também:
”Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso
persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será
bem-aventurado no seu feito”. Ser bem-aventurado é ser bem sucedido no nosso
propósito: é alcançar a salvação por Yeshua.
1.João 2:29 ensina-nos ainda: “Se sabeis que ele [Yeshua] é justo, sabeis que
todo aquele que pratica a justiça [a Sua Lei/Torá] é nascido dele”. Então, sermos
nascidos Dele significa praticarmos a Sua justiça, a Sua Lei eterna. Mais adiante, em
1.João 3:7 este apóstolo adverte-nos dos falsos ensinamentos: “Filhinhos, ninguém
vos engane. Quem pratica justiça [aquele que anda na Lei de YHWH] é justo72,
assim como ele [Yeshua] é justo”. Já antes tínhamos confirmado este ensinamento
quando falámos da prática de vida dos pais de João, o Batista.
72
Lembremos o que YHWH nos diz em Lucas 1:5-6.
Pergunta ainda Paulo: “anulamos, pois, a lei pela fé?”. O mesmo Paulo responde de
seguida: “Antes estabelecemos a lei” – Romanos 3:31.
Serve esta reflexão para nos conduzir à única conclusão possível depois de tudo o
que já aqui ficou dito: Yeshua, que é a nossa vida é igualmente o novo concerto já
hoje gravado nas tábuas dos nossos corações, i.e. a Torá dada pelo Legislador, Ele
próprio, através de Moisés. Ele é a Lei viva, que deve conduzir todos os nossos
passos, conforme a todos os preceitos da Torá, porque este é o dever de todo o
homem, como nos é ensinado em Eclesiastes 12:13.
O Julgamento
Todo o ser humano terá que comparecer perante o tribunal de Cristo (Romanos
14:10; 2.Coríntios 5:10), O Juíz a quem foi dado o poder de julgar. Todo o ser humano
será julgado pela Lei de YHWH dada através de Moisés e que foi magnificada por
Cristo – Mateus 5:17-19; Romanos 2:12-13: “Porque todos os que sem Lei
pecaram, sem Lei também perecerão; e todos os que sob a Lei pecaram, pela
Lei serão julgados. Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus,
mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”. E em Tiago 2:12: “Assim
falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela Lei da liberdade”. A Lei
com que Cristo nos libertou do pecado e da penalidade que recaía sobre o mesmo – a
morte eterna.
Como nos diz também em Mateus 12:36, todos teremos que dar conta de toda a
palavra ociosa que pronunciarmos, sendo justificados ou condenados por elas.
Seremos julgados pelo que fizémos e também pelo que poderíamos ter feito em prol
da obra de Deus e do amor ao próximo, e deixámos de fazer (Apocalipse 20:12-13).
A Palavra de Deus também nos ensina que o julgamento comecará pela “casa de
Deus”, isto é, pelo Seu Israel (1.Pedro 4:17-18; 1.Tim. 5:24). O galardão será dado a
cada um segundo o Seu justo juízo – Apoc. 22:10-12: “E disse-me: Não seles as
palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo. Quem é injusto,
faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça
justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o
meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”.
As sentenças que forem pronunciadas neste tribunal não terão apelo (pois este é o
Tribunal Supremo). Uns sairão para a vida eterna e outros para a morte eterna –
2.Tessalonicenses 1:7-9: “E a vós, que sois atribulados, descanso connosco,
quando se manifestar O Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos
que não obedecem ao evangelho de nossO Senhor Jesus Cristo; os quais, por
castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu
poder”.
Vejam as palavras duras que nos são transmitidas em Hebreus 10:26-31: “Porque,
se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da
verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação
horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.
Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra
de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado
merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da
aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem
conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz
O Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas
mãos do Deus vivo". Que faremos quando nos damos conta do erro em que
andamos? Arrependamo-nos e dobremos o nosso joelho, rogando com choro e
sinceridade de coração o Seu perdão.
Por isso “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por
dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé
diante do Filho do homem” – Lucas 21:36. Quando inquirido por um jovem sobre o
que deveria fazer para herdar a vida eterna, Yeshua respondeu-lhe (Mateus 19:17):
“se queres entrar na vida guarda os mandamentos”!!! Será que ainda nos resta
alguma dúvida?
Salmo 19:9, 11
Apesar do muito que já foi exposto e explicado neste trabalho, podem, contudo, ainda,
substituir dúvidas no coração de alguns fiéis a respeito de alguns preceitos da
chamada Lei de YHWH/Moisés para os crentes dos dias do fim, pois esta é uma
questão que sempre gerou polémica ao longo de muitos séculos. Assim poderão
ainda muitos perguntar:
• “Como devem os fiéis observar a vontade de Deus expressa na Sua Lei, a Lei
dada a Israel por YHWH através de Moisés”? ou
• “Como é lícito aos crentes de hoje viver de acordo com a Lei de YHWH/Moisés
sabendo que alguns dos seus preceitos não tem aplicação nas suas vidas”?
ou, por outras palavras,
• “Porque razão a desobediência a alguns preceitos da Lei dada a Israel ainda é
considerado um pecado, enquanto não é pecado não observar outros”; “como
podemos hoje fazer a escolha que Deus aprova”?
Como facilmente se adivinha, estas são questões que ainda podem aflorar a mente
de um coração que hoje deseja seguir, com sinceridade, os preceitos que O Senhor
deu ao povo que chamou para Si: a Sua Israel.
Quando, mais do que uma vez neste estudo, dizemos que o sacrifício de Cristo veio
interromper o sacerdócio de Aarão e os sacrifícios no Templo em Jerusalém, fazemo-
lo baseado no ensino bíblico que essas práticas de adoração ao Senhor voltarão a ser
re-instituídas durante o Milénio, com a reconstrução do Templo em Jerusalém, sob o
governo do Rei Eterno, conforme nos diz a Palavra de Deus em Ezequiel, capítulos
40 a 44. Também nesse futuro Templo e em louvor do Rei Eterno se voltarão a fazer
sacrifícios conforme nos diz em Isaías 56:7 – “Também os levarei ao meu santo
Mas, para os crentes de hoje, será igualmente vantajoso que se identifiquem também,
e de forma clara quais são os preceitos de Deus que os fiéis devem guardar nos seus
corações e pôr em prática nas suas vidas, distinguindo-os daqueles que estavam
destinados por Deus a serem praticados apenas por alguns grupos de pessoas ou em
determinados locais – Ver Anexo B.
Embora esta divisão possa parecer lógica ela peca por defeito, uma vez que deixa de
fora preceitos que são importantes para os fiéis de hoje, como já o eram desde o
princípio para todo o Israel de Deus. Damos como exemplo, de novo, as leis da
dietética que Deus estabeleceu para os fiéis ou, igualmente, as solenidade apontadas
por YHWH nas datas por Ele designadas (Levítico 23:2, 4), os Seus Sábados anuais,
solenidades que O Eterno estabeleceu por estatuto perpétuo, de que damos como
exemplo a Festa dos Tabernáculos que continuará a ser celebrada durante o Milénio
– Zacarias 14:16, 19.
Mas, como vimos no parágrafo anterior, não podemos descartar a instrução contida
no que os homens designam por “Lei Cerimonial”. Ela contém muita instrução que
ainda hoje deve ser observada pelos fiéis. Porém, mesmo não levando à prática os
sacrifícios e rituais que estavam ligados ao sacerdócio levita e ao serviço no Templo,
poder-se-à perguntar: “será que, para além do óbvio significado dos sacrifícios de
animais apontarem para Cristo, para o Cordeiro de Deus, eles não teriam mais algum
significado espiritual”? A resposta que podemos avançar é que, mesmo não
entendendo plenamente o seu significado espiritual (só com a presença do Rei Eterno
teremos a resposta completa), podemos concluir que eles significavam alguma coisa
mais para Deus, uma vez que voltará a haver sacrifícios durante o Milénio, no futuro
Templo em Jerusalém, como nos é revelado em Ezequiel, capítulos 40 a 44 e em
Isaías 56:7.
A este respeito e já apontando para Cristo, O Salvador, que havia de vir, podemos
aplicar as palavras de David que estão em:
Salmos 40:6-8
Tal como fez com Abel e Caím, Deus olhava para o coração de David, não para os
seus sacrifícios: “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás ó Deus” –
Salmos 34:18; 51:17. Tal como antigamente, ou nos dias de hoje e após a vinda do
Cristo (Jeremias 31:33), O Senhor YHWH requer que a Sua Lei esteja gravada no
nosso coração. Se a Lei é eterna, ela tem que estar sempre presente a governar o
povo de Deus.
Assim, entendemos que a partir do momento em que a Lei esteja gravada no nosso
coração/mente e passamos a viver sob a sua orientação, em amor, então cumprimos
a Lei, pois libertamo-nos do pecado e da sua condenação. Então, todas as nossas
obras serão o espelho da fé que está no nosso coração; serão o espelho da vontade
de Deus em nós e de um espírito voluntário e desejoso de servir mais e mais ao
Senhor.
As Leis dadas por YHWH a Moisés prevêem duas espécies de expiação pela
desobediência: i) a reparação para com o nosso semelhante, e ii) a reparação para
com O próprio Senhor. A reparação para com o nosso semelhante era requerida
antes da expiação para com Deus (e.g. pedir perdão de uma injúria feita ao nosso
irmão – Mateus 5:24). A reparação para com Deus passa sempre pelo Seu perdão e
misericórdia (a Sua graça) quando existe arrependimento no coração do homem.
Cristo veio e, segundo as Escrituras, Ele levou sobre Si os nossos pecados lavando-
os com o Seu sangue inocente (entendamos que Ele só levou sobre Si os pecados
dos que se arrependem e se entregam à Sua misericórdia; porque aos outros está
reservado o castigo eterno). A verdade porém é que tendo sido lavados pelo sangue
redentor de Yeshua no acto do batismo e tendo então recebido o dom do Espírito
Santo, mesmo assim, ainda nos resta percorrer todo um caminho de santificação,
através do amor, da fé e da obediência, até chegarmos ao dia da nossa regeneração
final, quando Cristo vier em glória.
A Lei de Deus, no seu todo, continua ainda hoje, e sempre, a assumir o papel de
educador da vontade de YHWH nos nossos corações, aperfeiçoando-nos nesse
grande propósito que é a salvação através de Yeshua. Como já antes afirmámos, hoje
estamos libertos da necessidade de fazermos sacrifícios de animais ou ofertas de
manjares. Porém, não fomos libertados da obediência com que Deus nos chamou
para o restante ensino contido na Sua Lei. Hoje, esses sacrifícios foram substituídos
pelo sangue de Yeshua, pela graça de Deus, pela fé no nosso coração (o altar onde
devemos oferecer sacrifícios de louvor – orações, ao Santo Nome de YHWH) e pela
obediência aos seus mandamentos, pois só assim poderemos um dia fazer parte
daquela tão grande multidão chamada de todos as nações, tribos, povos e línguas
que hão-de reinar com O Cristo eternamente – Apocalipse 7:9; 14:12.
Embora Paulo nos diga em 1.Coríntios 6:12 e 10:23 que tudo lhe era lícito mas nem
tudo lhe convinha ou o edificava, e que ele não se deixaria dominar por nenhuma
dessas coisas, podemos perguntar: estará ele a dizer-nos que podemos fazer tudo o
que quisermos? Certamente que não, pois nunca foi essa a sua intenção ou regra de
vida. Alguns mencionam somente a primeira parte dos versículos deixando de fora,
propositadamente, a segunda. Quando nos deixamos dominar pelas nossas
fraquezas e pecados estaremos a agir bem perante Deus? Se nos deixamos dominar
pelas nossas paixões carnais é porque ainda não somos verdadeiramente espirituais,
i.e. ainda não fomos crucificados com Cristo.
Usar os escritos de Paulo para justificar que podemos fazer tudo à margem da Lei de
YHWH/Moisés é invalidar o verdadeiro sentido do seu ensino. O que é que Paulo fez
com a liberdade com que Cristo o libertou? Podemos apreciar as suas palavras e
propósito em 1.Coríntios 9:19-23 – “Porque, sendo livre para com todos [os
homens], fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais [homens, almas para
Cristo]. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que
estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da lei [dos homens], para
ganhar os que estão debaixo da Lei [de YHWH]. Para os que estão sem Lei,
como se estivesse sem Lei (não estando [eu mesmo] sem Lei para com Deus,
mas debaixo da Lei de Cristo [a mesma Lei que Ele deu ao homem enquanto
Verbo Divino através de Moisés]), para ganhar os que estão sem Lei. Fiz-me
como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para
por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do
evangelho, para ser também participante dele”. O ensino de Paulo aponta sempre
para a grande missão que lhe foi incumbida por Cristo, sem nunca colocar em causa
a Lei de YHWH que ele guardou zelosamente.
O nosso código de conduta perante Deus e perante os homens tem que estar
centrado, de uma forma viva e vivida, em Cristo, na obediência, na fé e no amor aos
Seus preceitos. A Lei dos 10 Mandamentos não é mais do que uma compilação de
todas as instruções que YHWH deu a Israel através de Moisés. Essas instruções
reflectem o amor com que Ele nos amou primeiro sendo nós ainda pecadores. O amor
não é um conceito neo-testamentário, pois já se encontra bem patente em
Deuteronómio 6:5 (amor a YHWH sobre todas as coisas) e em Levítico 19:18 (amarás
o próximo como a ti mesmo). É por isso que Yeshua respondeu: destes dois princípios
dependem toda a Lei e o ensinamento dos profetas.
O nosso código de conduta deve estar em linha com a forma como viviam os
seguidores de Yeshua dos primeiros séculos, antes da apostasia e a heresia entrarem
na comunidade dos fiéis. Nessa época, os seguidores de Cristo eram designados
como “Nazarenos”, santos aos quais também Paulo foi ligado (Actos 9:1-2; 24:5).
Sobre esses dizem os historiadores da época que eles guardavam a Lei e aceitavam
Yeshua como O Messias há muito anunciado. O seu pensamento era o pensamento
hebraico através do qual chegamos à Verdade (a Cristo) e não o pensamento
corrompido pelas filosofias greco-romanas que se instalaram logo após a partida dos
apóstolos e que alcançaram o seu apogeu com a ascensão do bispo de Roma e seus
acólitos e a sua hegemonia sobre as demais congregações de fiéis espalhadas pelo
mundo. Temos que ser enxertados na boa oliveira (Israel) cuja raiz é Cristo para
podermos compreender estas verdades históricas e doutrinais.
Quando o testemunho que damos como crentes nos leva a aceitar algumas das
instruções ou ensino da Torá e, ao mesmo tempo, a rejeitar outros, estamos
certamente a dar um mau testemunho. Porque, embora algumas dessas disposições
ainda não possam ser entendidas por nós na sua totalidade (elas são sombras de
coisas futuras, mais excelentes, que só serão inteiramente conhecidas quando O
Cristo vier como Rei Eterno), não quer dizer que as devamos colocar de lado como
não tendo préstimo para nós.
Como podemos viver em obediência e amor a Deus se, por exemplo, alguns crentes
pensam que hoje se pode comer de tudo? Se estes não abdicarem de comer carne
de porco ou de outros animais imundos, bem como o seu sangue, que Deus nos diz
que são impuros, como podem considerar no seu coração que vivem em obediência?
Como podemos, aos olhos de Deus, conservar limpo o nosso coração sendo rebeldes
à Sua “instrução”/Lei? E como permanecerá limpo o nosso corpo, que deve ser o
templo do Espírito Santo se não atentarmos para a Sua vontade? Pela nossa rebeldia
estaremos a anular a Lei e os profetas (e.g. Levítico 11:7; Deuteronómio 14:8; Isaías
65:4, 66:17). E Yeshua ensinou-nos: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os
profetas: não vim abrogar, mas cumprir” – Mateus 5:17. Nós fomos chamados para
sermos um povo santo, um povo separado para YHWH, um povo adquirido de entre
as nações – Êxodo 19:5-6; 1.Pedro 2:9.
Quando toda a nossa acção e atitude reflectir essa obediência, essa fé e esse amor,
então estaremos no caminho da salvação por Cristo nosso Senhor. Mesmo tudo o
que a Lei dos sacrifícios já antes nos apontava era para uma conduta em obediência
baseada na fé. Os sacrifícios eram feitos na fé Daquele que havia de se manifestar
como O verdadeiro Cordeiro de Deus.
Vamos pois sondar o nosso coração e avaliar porque fazemos tudo o que já hoje
fazemos:
Mateus 21:9
Hosana ao Filho de David; bendito o que vem em nome do Senhor.
Apocalipse 22:20
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém.
Ora vem, Senhor Jesus.
A questão do Amor, como sabemos, é algo que perpassa por toda a Lei e é inerente a
ela própria, o que nos é confirmado pelo Filho quando responde a um certo doutor da
Lei, em Lucas 10:27: “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o
teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Esta resposta de Cristo
contém, em si mesma, a súmula de toda a Lei. Se o homem for capaz de amar ao seu
Deus YHWH e ao seu próximo com a profundidade com que o próprio YHWH nos
amou primeiro a nós, ao ponto de se entregar a Si próprio, levando sobre Ele as
nossas iniquidades, então estaremos a cumprir toda a Lei e os profetas. Porém,
sabemos que ainda não chegámos a essa perfeição. Mas é para ela que devemos
caminhar, porque YHWH quer que sejamos perfeitos como Ele o é, tal como pediu a
Abraão: “anda em Minha presença e sê perfeito”. Certamente que essa perfeição
completa só chegará quando formos revestidos da Sua glória eterna e tudo o que é
corruptível for revestido da incorruptibilidade que Ele nos dará como prémio naquele
dia. Esta é a nossa esperança.
Quando, também olhamos para a Lei como a Lei da Liberdade compreendemos que
ela nos liberta do pecado, do erro, da mentira. Pois andando nos preceitos eternos do
Grande e Único Deus YHWH estaremos a andar em plena liberdade, precisamente na
liberdade com que Ele nos libertou.
O Senhor YHWH vem separando para Si um povo santo (a Sua Israel), povo que
procura viver de acordo com toda a Sua vontade. Ao viver de acordo com os valores
da Lei que YHWH deu ao povo (embora alguns preceitos estejam temporariamente
prejudicados por razões geográficas ou pela inexistência do Templo na terra de Israel,
por exemplo), esse povo revela o seu amor e obediência para com Aquele que o
chamou para um caminho de santificação sem o qual não O veremos no final das
nossas carreiras. Essa Lei, a Torá, não é mais do que um contrato celebrado entre as
partes, em que só uma das partes tem cumprido o que nela está estipulado. E a parte
contratante cumpridora foi sempre YHWH. A outra parte, o homem, essa tem sido
largamente incumpridora devido à rebeldia do seu coração. Este é um contrato de
matrimónio do qual farão parte somente aqueles que forem obedientes aos
mandamentos de Deus e à fé de Yeshua, conforme está escrito em Apocalipse 12:17
e 14:12. É portanto um contrato de amor. Por isso mesmo, é suposto que a esposa
seja fiel. Se o não for não pode entrar nas Bodas do Cordeiro.
A Lei de YHWH é também a imagem da Sua vontade, do Seu desejo, para que essa
esposa tenha um mesmo sentimento com Ele. Só nesta condição se poderá vir a
realizar essa união futura, a qual será consubstanciada num povo de reis e
sacerdotes, i.e. um povo que fará parte da família real do Universo, pois Ele é o Rei
dos reis e Senhor dos senhores. Tudo este caminho revela o Amor de YHWH.
Salmo 81:13
Introdução
Só nesta nova condição pode o crente esperar que a “Graça” de Deus abunde em si,
i.e. que O Espírito Santo faça nele morada.
Vejamos agora a situação oposta, a dos que ainda não se converteram a Cristo,
conforme nos é também apontado por Paulo em 2.Coríntios 3:14-16 – “Mas os seus
sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na
lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é
lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se
converterem ao Senhor, então o véu se tirará”. Quando o homem se tiver
convertido a Yeshua com humildade e sinceridade de coração, i.e. quando tiver
celebrado “o novo concerto” com O Altíssimo, deixando que a Sua Lei seja gravada
nas tábuas do seu coração, então começará a entender a Verdade que lhe será
revelada pelo Espírito de Deus, porque lhe será então (e só então) retirado o véu que
ainda lhe tolda o entendimento no que respeito à santa e eterna Lei de YHWH dada
através de Moisés, a Torá de Israel.
• Revela O Messias a cada ser humano e ensina cada um a andar como Ele
andou – Lucas 24:25-27; João 5:46; Romanos 10:1-13; Deuteronómio 18:15.
• Permite ao que verdadeiramente se converte a Cristo, ter a mente do próprio
Senhor Yeshua – 1.Coríntios 2:16.
• Revela-nos a justiça de YHWH no Filho, O Messias. Quando a Torá é vivida
verdadeiramente na vida de cada crente, ela projecta a imagem de Yeshua em
cada um deles para que os descrentes vejam essa grande diferença –
1.Coríntios 11:1; 1.Pedro 2:21.
Lembremos ainda que nunca foi intenção de Deus que os remidos das nações
permanecessem separados de Israel e do Seu Messias, O Senhor Yeshua. Bem pelo
contrário, pois Ele veio resgatar o que se havia perdido – a parte de Israel que se
havia desviado do Deus verdadeiro. Se já estamos convertidos a Yeshua, então
fomos enxertados nesse povo salvo: o Israel de Deus e, como tal, pela fé, passámos
a fazer parte da herança e das promessas dadas a Abraão – Actos 20:32;
Colossenses 3:24; Gálatas 3:29. Para todos os que procuram andar em fé e
obediência perante O Deus Todo-Poderoso, a Sua Lei é vida e paz – Salmo 19:7-11 –
“A lei de YHWH é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho de YHWH é fiel, e dá
sabedoria aos símplices. Os preceitos de YHWH são rectos e alegram o
coração; o mandamento de YHWH é puro, e ilumina os olhos. O temor de YHWH
é limpo, e permanece eternamente; os juízos de YHWH são verdadeiros e justos
juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e
mais doces do que o mel e o licor dos favos. Também por eles é admoestado o
teu servo; e em os guardar há grande recompensa [a vida eterna pela aceitação
do sangue de Yeshua]”.
Após esta introdução, vamos fazer uma breve análise dos principais argumentos que
alguns usam para se oporem aos ensinamentos da Lei eterna de Deus, não
esquecendo que a palavra Torá para além de ser correctamente entendida como Lei,
também significa “Instrução” ou “Ensino” do Altíssimo Deus. Embora correndo o risco
de nos repetirmos nalgum ponto, pensamos existir vantagem em resumir e agrupar
num só capítulo o conjunto mais habitual de argumentos73 falaciosos que são usados
por aqueles que rejeitam a “Lei de YHWH/Moisés”, tais como:
Lembremos que Yeshua, a Lei viva, em tudo foi obediente à vontade do Pai. Se essa
obediência total não tivesse estado presente em todos os Seus actos, Ele não se
poderia constituir como O Salvador Verdadeiro que tira o pecado do mundo.
Na realidade, foram as leis orais e as tradições dos homens, com os seus erros e
contradições (algumas dessas leis e tradições humanas contradizem mesmo a Lei
divina de YHWH, a Torá de Israel) que se transformaram numa carga pesada para o
que se quer chegar ao Deus de Israel e nunca a Lei perfeita da liberdade de que nos
fala o apóstolo Tiago 1:25, a mesma acerca da qual O Senhor Yeshua diz em Mateus
11:30 – “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. O mesmo nos diz o
apóstolo em 1.João 5:2-5. Este fardo leve que Yeshua aponta como sendo o Seu, é a
Sua Lei libertadora, a mesma que Ele deu ao homem enquanto Verbo divino, e
Legislador, e a que Ele obedeceu integralmente enquanto esteve entre nós como
Homem.
Esta lei oral (pesada, cheia de contradições e antagónica à Lei divina) é a mesma
acerca da qual Yeshua disse em Mateus 23:4 – “Pois atam fardos pesados e
difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com
o dedo querem movê-los”; ler também Marcos 7:6-13.
O erro daqueles que invocam este falso argumento para não aceitarem integralmente
a vontade de YHWH, é não serem capazes de fazer a distinção entre a lei oral
(farisaica), baseada em preceitos e tradições de homens, e contra a qual falava
Yeshua e o apóstolo Paulo, e a Lei divina dada por YHWH ao homem através de
Moisés, a Torá de Israel, a Lei perfeita da liberdade de que nos fala o apóstolo Tiago.
Enquanto o homem tropeçar neste erro devido à sua ignorância, continuará a falar
mal de uma coisa que é santa, porque emanou do próprio Deus.
Por isso os que ainda têm um véu à frente dos olhos que não os deixa ver O
Caminho, dizem que os que querem andar por fé em obediência à Torá são legalistas,
ritualistas e que seguem uma lei que caducou em Yeshua. Na verdade têm um véu
sobre os olhos que os não deixa ver as maravilhas da Lei eterna de YHWH como
regras de vida para o povo de Deus, a mesma que será gravada no coração de todos
os que viverem no Milénio de Yeshua. A Torá de YHWH transmite ao Seu povo o
carácter do próprio Deus. Para além de reflectir toda a Sua vontade, reflecte também
a Sua sabedoria para nós, para que vivamos por Ele. Paulo fala-nos dela nestes
termos: “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” – Romanos
7:12.
Basta a palavra de Yeshua para que este argumento falacioso caia pela base: Mateus
5:17-20 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar,
mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem,
nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer,
pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar
aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no reino dos céus”. Palavras simples, claras e definitivas. Como há muitos
que torcem as palavras de Paulo (para sua própria perdição) mas não podem torcer
estas palavras de Yeshua, optam então por ignorá-las. O seu fim será manifesto, pois
estão a pisar o sangue do Filho do Homem, i.e. a invalidar o Seu sacrifício (Hebreus
10:29).
ensine essas leis a outros, porque todos as conhecerão e viverão por elas: Jeremias
31:33-34; Hebreus 8:10; 10:16. Por isso é que o Reino do Messias será próspero e
pacífico: “não se fará mal ou dano algum no monte da minha santidade, porque a
terra se encherá do conhecimento de YHWH, como as águas cobrem o mar”. Medite-
se na grandeza destas palavras em Isaías 11:9; 65:25; Habacuque 2:14. De Sião
sairá a Lei, diz em Isaías 2:2-4. No governo milenar de Yeshua, uma só será a Lei
que regerá todas as nações da Terra.
Yeshua veio para colocar de novo a Sua Lei no coração dos fiéis, como Deus YHWH
sempre pretendeu que ali estivesse: Deuteronómio 6:6; 8:2; 30:14; Job 22:22;
Ezequiel 44:5a; Romanos 10:8.
E, se a Lei “foi cumprida” (no sentido de ter sido abolida) por Yeshua, como pode
então Paulo ter escrito em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De
maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”? Ou, como diz em Jeremias e
Hebreus acima citados que no reino milenar de Yeshua todo o povo viverá pela Lei
gravada nos seus corações de carne? Só a lei dos sacrifícios dos animais foi abolida
em Cristo, porque um melhor, único e verdadeiro sacrifício nos foi oferecido pelo
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por isso o Templo foi destruído no ano
70 d.C. e cessaram, até hoje, os sacrifícios dos animais e o ofício dos sacerdotes
levitas porque O Sumo-Sacerdote Yeshua, da Ordem de Melquisedeque, entrou nas
suas funções celestiais.
Os que dizem que Cristo “cumpriu” a Lei por eles como se estivessem livres para a
poder violar, são cegos e andam a conduzir outros na cegueira. Quando um cego
conduz outros cegos todos caiem na cova (no erro). Este e outros erros doutrinais,
lançados pelo adversário das almas (o diabo), têm desviado muitos da salvação por
Cristo. São doutrinas eivadas de filosofias humanas (diabólicas) que têm causado a
perdição de muitos. Diz YHWH em Deuteronómio 10:16 – “Circuncidai, pois, o
prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. Coisa que,
de resto, é muito difícil ao homem de todos os tempos, pois tal implica abdicar de si
mesmo para verdadeiramente seguir a Cristo, i.e. andar como Ele andou.
Um dos erros que tem presidido a este tipo de afirmação por parte de alguns que
ainda não compreenderam que a Lei de YHWH é verdadeiramente espiritual, deriva
da leitura enviesada da passagem que está em 2.Coríntios 3:6 – “O qual nos fez
também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”.
Quando Paulo nos diz que Deus nos habilita a sermos “ministros de um novo
testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata e o espírito vivifica”
está a combater aqueles que pensavam que a sua salvação seria unicamente
assegurada através da obediência à Lei, pelas boas obras do homem, o que,
necessariamente, deixava de lado o sacrifício de Yeshua, O Cristo. Mas, graças ao
mesmo Deus YHWH, Ele também nos habilita com a compreensão do valor e
significado da salvação através do sangue do Cristo. Pelo que, é a fé no sangue
resgatador do Filho, em conjunto com a expressão dessa mesma fé (a obediência),
que nos leva a andar em todos os mandamentos, testemunhos, juízos e estatutos de
YHWH. Temos então a fé casada com a obediência à vontade de Deus.
A Lei nunca se opôs ao Espírito, antes ambos têm que estar no nosso coração.
Enganam aqueles que dizem que o caminho do Espírito não é o caminho da Lei, e
vice-versa. Veja-se o quanto Pedro tinha razão ao alertar que alguns escritos de
Paulo eram de difícil interpretação e que (o mesmo sucedendo a algumas outras
escrituras), eram torcidos por alguns indoutos e inconstantes para sua própria
perdição – 2.Pedro 3:16.
Como é que dois podem andar juntos se nem sequer alguns deles concordam acerca
da natureza e propósito da autoridade das Escrituras, quando colocam em dúvida a
validade e perenidade de alguns dos escritos divinos? Quem estará errado? Deus ou
o homem que não aceita o que Deus lhe diz? A resposta é óbvia e encontra-se
espelhada em Isaías 8:16 e 20.
Por isso podemos entender que só os que têm O Espírito de Deus podem
compreender a Sua Lei, pois, pela fé, O Espírito conduz estes em todos os preceitos
dados por Deus para que o homem viva (tenha vida abundante como disse Yeshua).
Os que não têm O Espírito de Deus não se querem submeter à Torá. Foi através da
presença deste mesmo Espírito de Deus que os da antiguidade se submeteram aos
preceitos da Torá. Os exemplos abundam nas Escrituras.
O Espírito Santo de YHWH esteve sempre activo, tanto com o antigo povo de Israel
como com os restantes de todos os povos que se entregaram ao Filho Yeshua. O que
O Messias ensinou, por exemplo em Marcos 12:29-33, não era mais do que a
confirmação dos preceitos dados através de Moisés em: Levítico 19:2; Deuteronómio
10:16; Ezequiel 11:19-20; Oséias 6:6; Provérbios 21:3; Eclesiastes 12:13. Quando os
preceitos de Deus passam a estar gravados nos nossos corações, passamos a viver
74
Exactamente o que Yeshua disse em Mateus 5:17-19.
por eles e não a negá-los. Passamos a andar neles em genuína obediência porque
em guardá-los há grande recompensa (Salmo 19:11).
Longe de abandonar a Torá, Yeshua ensinou-a com o carácter que ela sempre
deveria ter tido entre o povo que Deus elegeu para ser uma luz entre as nações,
precisamente porque a Lei lhes tinha sido dada para andarem em rectidão e para
ensinarem esse caminho a outros povos. Será que o povo de Israel ao tempo de
Yeshua O poderia considerar como um Homem de Deus (lembremos as palavras de
Nicodemos em João 3:2; ou 4:19; 6:14; 7:40; 9:17) se o propósito de Yeshua fosse o
de anular a Torá? A resposta também é óbvia: Não.
Salmo 119:44
Não nos alongaremos em considerações sobre esta questão, pois as Escrituras dão-
lhe resposta cabal e definitiva em Jeremias 31:34; 32:40; Hebreus 8:10 e 10:16; Tito
2:14.
Uma das passagens que tem confundido muitos, encontramo-la na carta de Paulo aos
Romanos 7:6 que diz – “Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido
para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de
espírito, e não na velhice da letra”. Uma vez mais se lembra que não podemos nem
devemos estudar a Palavra de Deus isolando um versículo e ignorando o contexto em
que o mesmo foi escrito ou a sua relação com outras passagens bíblicas, pois se
houver contradição com o que nos é dito noutras passagens, é porque não estaremos
a fazer uma correcta interpretação do texto (neste caso das palavras de Paulo aos
Romanos).
Mas, neste mesmo contexto, Paulo também pergunta no verso 7 – “Que diremos
pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão
pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não
cobiçarás”. Mais adiante afirma no verso 12 que “E assim a lei é santa, e o
mandamento santo, justo e bom”. Embora exigindo alguma concentração para
perceber o que Paulo nos quer transmitir, vale a pena ler e reler estas passagens no
contexto em que ele as escreveu para podermos concluir que, de forma alguma,
Paulo nos está a dizer que a Lei de Deus perdeu a sua validade (“termos sido
libertados da lei”). Na realidade, somos libertados da Lei que condena o pecado se
estivermos crucificados em Cristo, como o próprio Paulo falou de si mesmo.
É necessário entender que o aparente contraste entre a letra e O Espírito (na carta de
Romanos e na de 2.Coríntios) não coloca qualquer entrave à aceitação da Lei de
YHWH e à sua vivência. Quando se compreende as palavras e o contexto em que
Paulo as escreve não colocamos qualquer restrição à Lei de YHWH nos nossos
corações, pois quando ele fala da letra, tal significa a Torá sem O Espírito. Fora do
Espírito que lhe dá vida, a Torá é somente letras que muitos não entendem. Mas,
quando Esse mesmo Espírito escreve a Torá no coração do crente, então o caso
muda de figura, pois aí essa letra vai limpar esse coração pela presença do Espírito
de Deus; vai transformá-lo e vivificá-lo. Essa letra torna-se viva, pois revela Yeshua.
Assim se confirmam as palavras de Paulo na mesma carta aos Romanos 6:22 – “Mas
agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna”. Aquele que voltou costas ao pecado em que
antes vivia e se entregou a Yeshua, não mais tem que ter qualquer receio da letra da
Torá, porque já vive com ela gravada no seu coração obediente e com fé. Para este, a
Torá já não tem qualquer poder de condenação, pois passou a andar segundo a
vontade e a justiça de YHWH – Romanos 6:6-7; 8:7-9.
A Lei/Torá só é condenatória para os servos rebeldes, cujo coração ainda não está
circuncidado e que ainda praticam a iniquidade/desobediência à Lei do Altíssimo.
Este é um argumento que só revela que quem o diz não conhece suficientemente as
Escrituras para nelas poder ver que a Graça de Deus existe desde o princípio, e
estava derramada em todos os servos fiéis do passado anterior à vinda de Yeshua.
É costume dizer, e é verdade, que não guardamos os preceitos da Lei para sermos
salvos pois tal só é possível através da Graça de Deus pelo sacrifício de Yeshua;
mas, porque estamos salvos, guardamos os preceitos da Lei de YHWH.
Pergunta-se:
• Será que a Bíblia porventura ensina que Moisés e Yeshua ensinaram
caminhos diferentes para que o pecador se arrependa e pratique a justiça de
Deus?
• Ou que a salvação era assegurada antes da vinda de Yeshua por guardarmos
todos os preceitos da Lei?
• Ou que a graça de Deus se opõe à Sua Lei?
• Ou que a salvação pela fé, através da graça de Deus, só esteve acessível ao
homem após a vinda de Yeshua?75
• De que forma é que podemos considerar que os fiéis do passado (antes da
vinda de Yeshua), tais como Abraão ou David foram salvos, senão pela fé e
pelas obras da fé, em obediência?
O que quer então dizer o apóstolo quando escreveu em João 1:17 – “Porque a lei foi
dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”? Por estas
palavras somos levados a pensar que existe um aparente desencontro entre a Lei por
um lado e a Graça e a Verdade por outro. Isto leva muitos a afirmar que vindo a
Graça e a Verdade por Cristo não mais a Lei seria necessária, a qual era um aio que
esteve em vigor até que veio Yeshua (sombras de coisas futuras). Esta é uma
interpretação enviesada também.
Se lermos com atenção, vemos que João limita-se a apresentar dois factos distintos
um do outro, e não conflituantes entre si:
Sabendo que a Lei apontava para Yeshua, O Salvador que haveria de vir e que, na
sua função de aio, nos leva a entender a verdadeira dimensão Daquele que haveria
de vir, O Messias, podemos então entender as palavras de João como colocando
Moisés e Yeshua em paralelo, duas realidades temporais mas complementares.
75
Lembremos que Abraão foi justificado pela fé por acreditar em Deus, e isso lhe foi imputado por
justiça (Romanos 4:3, citando Génesis 15:6). Veja-se, porém, pelas palavras de YHWH, que Abraão
em tudo era obediente: Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu
mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”.
Contrariando o que alguns dizem (em título viii), podemos claramente concluir que
nos fiéis da antiguidade habitava o Espírito Santo e já neles trabalhava. Os exemplos
são muitos. Vemos casos concretos em João, o Batista (Lucas 1:15) que foi cheio do
Espírito Santo desde o ventre de sua mãe; Zacarias, seu pai (Lucas 1:67); o próprio
Senhor Yeshua76; tudo relatos de antes do derramamento do Espírito Santo sobre a
Igreja por ocasião do Pentecostes – Actos 2:1-4.
O Senhor Yeshua em tudo foi obediente à Torá, assim instruindo os Seus discípulos –
Paulo incluído. O próprio Paulo se confessa como obediente à Lei de seus pais e
seguidor/servo de Yeshua. Como se vê, não existe aqui qualquer desvio da parte de
Paulo em relação à Torá de Israel.
76
O que baptizou com fogo (Espírito Santo), conforme ao relato de João, o Batista (Isaías 44:3; Mateus
3:11), habilitando os Seus discípulos para a divulgação do Evangelho entre as nações.
Quando Paulo se refere aos que “estão debaixo da lei” (1.Coríntios 9:20), está a
referir-se aos seguidores da Lei de YHWH (e também aos da lei oral, farisaica, cheia
de interpretações e tradições dos homens), que ainda não confessavam Yeshua
como O Messias, tal como ele próprio também fora antes de Yeshua lhe aparecer na
estrada de Damasco e se ter convertido ao Salvador.
Precisamente pela conversão que teve quando Yeshua lhe apareceu, Paulo lamenta
a incredulidade dos seus irmãos israelitas que não creram Nesse Messias – Deus
bendito eternamente, como ele nos diz em Romanos 9:1-5. A sua entrega foi tal (até à
morte), que no desempenho da sua missão recebeu por cinco vezes trinta e nove
chicotadas para poder continuar a pregar a Cristo nas sinagogas – 2.Coríntios 11:24.
Não tenhamos dúvidas que Paulo foi um obreiro escolhido pelo próprio Deus, devido
ao seu zelo e fé, para levar a Sua mensagem aos povos gentios e aos filhos de Israel
na Diáspora, aos quais anunciou o Evangelho e a salvação pelo sangue do Messias
Yeshua – Aquele que eles esperavam e a Quem não reconheceram no tempo da sua
visitação, pois que Paulo foi também enviado às ovelhas perdidas da Casa de Israel,
as mesmas para as quais O Salvador tinha vindo.
Aquele que É tudo para todos e em todos, é somente Yeshua, nunca o obreiro
obediente e fiel que foi Paulo. Mesmo convertido a Yeshua, Paulo nunca abdicou da
sua condição de judeu, pois permaneceu sempre na Lei de YHWH e de seus pais,
tendo, inclusive, sacrificado no Templo e feito voto de nazireu.
A Lei de YHWH é, na realidade, aquela segundo a qual todos serão julgados. Nesta
perspectiva, a Lei servirá para condenar todos os que não se lhe querem submeter e
que a violam voluntariamente. Tal como na lei dos homens, ninguém poderá invocar
em sua defesa o seu desconhecimento para não a cumprir.
Através dos séculos e de uma leitura distorcida das Escrituras quando prejudicada por
filosofias de homens, verificamos que muitas congregações cristãs que hoje existem,
cada vez mais se afastaram do Cristo verdadeiro e do entendimento hebraico da Lei
de YHWH. Por isso muitos há ainda hoje que rejeitam os ensinamentos de Deus (e
este é um ponto que não nos cansamos de apontar), apesar de Paulo os tentar
ensinar que a Lei é santa, justa e boa, como é bom é tudo o que sai da boca de Deus.
A Sua Palavra permanece para sempre.
Paulo confirma-nos que a Lei é espiritual – ver Romanos 7:14. Ela emanou do Deus
Todo-Poderoso para chamar para Si um povo santo, zeloso de boas obras – Tito
2:14. Não esqueçamos nunca as palavras do próprio Senhor Yeshua em Mateus
5:17-19 – “nem um jota ou um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”. Nisto
não há condenação para todos os que confiam nas Suas palavras eternas e andam
segundo os Seus preceitos.
Yeshua, O Messias, deu ênfase a este entendimento, uma vez que Ele próprio, como
judeu, frequentava a sinagoga e ali também ensinou. O mesmo se passou com os
Seus discípulos e apóstolos, nomeadamente com Paulo.
Por esta exposição fácil é concluir que a “Igreja” nunca pode ter substituído “Israel”,
uma vez que Deus anuncia um só batismo, uma só fé, um só Deus e um só povo
salvo. Em lado algum da Bíblia se pode encontrar um plano diferente para os gentios
convertidos diferente daquele que desde o princípio foi dado a Israel. Paulo confirma
isso mesmo em Romanos 11. Aqui ele explica que, tanto os ramos que por
incredulidade foram cortados da boa oliveira que é Israel, como aqueles que tendo
sido gentios de outros povos se arrependerem e converterem ao Deus de Israel,
então, todos eles farão parte de um único povo santo e salvo: a Israel de Deus. Para
Paulo, “estar em Cristo”, é fazer parte dessa Israel.
Vemos na Bíblia, com clareza surpreendente, que não há dois planos de Deus para a
salvação da humanidade que se arrepende. Por isso Paulo diz em Romanos 11:25-
26a – “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não
presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel,
até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo”.
Este endurecimento foi decretado por Deus para que os gentios (todos os que
ouvirem a voz do Senhor YHWH e se arrependerem pela aceitação do sacrifício de
Yeshua) possam entrar no Concerto firmado entre YHWH e os patriarcas de Israel.
Esse tempo está no fim.
Paulo é muito claro quando escreve em Efésios 3:6 – “A saber, que os gentios são
coherdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo
evangelho”. Este único corpo é a Israel de Deus. Não que sejam israelitas todos os
que o são pela genealogia como nos diz o apóstolo Paulo, mas sim todos os que se
converteram de coração a YHWH e ao Seu Messias.
77
Do grego: “Ekklesia”.
A teoria da dispensação78 não tem pois qualquer fundamento bíblico. YHWH nunca
esqueceu as promessas e o concerto firmado com os patriarcas. Deus voltará a firmar
um novo concerto com as casas de Israel e Judá (Jeremias 31:31-34), sob o reinado
de Yeshua, quando estas duas casas voltarem a estar reunidas para não mais se
separarem. Vejamos algumas passagens: Jeremias 23:5-8; 31:31-34; Amós 3:2;
Isaías 40:2; 44:3; 56:3-5, 7; Zacarias 8:23; 9:12; 12:10.
Se cada um de nós, hoje, aceitar a sua identidade como israelita (não esquecer que
fomos enxertados na boa oliveira que é Israel), então aceita também a Lei de Deus no
seu coração. Não uma Lei limitada somente a alguns preceitos, como alguns
pretendem ou entendem, mas toda a Torá, com os seus mandamentos, estatutos,
juízos e testemunhos. Um israelita de coração (i.e. todo o convertido ao Deus de
Israel e ao Seu Cristo) compreende isto e passa a viver pelos preceitos intemporais
dados por YHWH a Israel através de Moisés. A Torá passa a assumir então o papel
de um contrato de casamento (ketubah) entre YHWH e cada filho Seu. Só vivendo
pelos preceitos eternos poderemos aspirar a vir a estar presentes nas Bodas do
Cordeiro, que hão-de ser celebradas entre O Rei vindouro, Senhor Yeshua e a Sua
esposa, a Israel de Deus, o povo santo e salvo por Ele.
Basta lermos a passagem que está em Eclesiastes 12:13 para compreendermos quão
falacioso ele é: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os
seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”! Não diz aqui que
esta obrigação é para todo o homem? Só a ignorância das Escrituras pode conduzir a
que aquele argumento seja utilizado. Certamente só aquele que é contra a Lei de
Deus o pode usar. Eis um sério aviso de Deus em Provérbios 28:9 – “O que desvia
os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”.
Apesar de tudo, é preciso reconhecer que este não é um fenómeno novo. Muitos dos
chamados “pais da Igreja” dos primeiros séculos, foram os precursores desta mentira,
pois a sua posição pró-Roma e anti-judaica, está na génese da mesma.
Porém, para grande desgosto destes, concludente é também o facto de que o povo
salvo é constituído por todos os que, através de todos os tempos, “guardam os
mandamentos de Deus e têm a fé de Yeshua”, como nos é dito em Apocalipse
14:12; 12:17. Esta é a condição de vida daqueles a quem Deus chamou e que regem
as suas vidas de acordo com a vontade Daquele que os chamou. Só assim, o crente
tem condições de receber a graça de Deus.
Os que são contra a Lei perfeita da liberdade, dizem que Cristo veio abolir a Lei, o
que o próprio Cristo contradiz em Mateus 5:17-20. Por isso, os que seguem O
Caminho que YHWH lhes deu através da Lei e de Cristo (a Lei viva), são acusados de
“legalistas” ou que se querem “colocar debaixo da lei”. Habitualmente, os que
condenam a Lei, dizendo que é só para os judeus, são os que se opõem, também à
guarda do Sábado (um dos grandes tropeços do homem dos nossos dias). Mas,
78
A de que a “Igreja” veio substituir “Israel” nas promessas de Deus para a vida eterna.
No ponto precedente (xi) parece ter ficado bem claro que da Israel de Deus fazem
parte todos os que, em todos os tempos, governaram as suas vidas segundo os
mandamentos de Deus e manifestaram a sua fé em Yeshua e, por isso mesmo, se
tornaram parte da Israel de Deus, pois foram enxertados na boa oliveira que é Israel,
o povo salvo. Lembremos como viviam todos os que fizeram parte da chamada “igreja
primitiva” (da seita “Os Nazarenos”, ou “O Caminho”) que não se distinguiam dos
judeus na sua maneira de viver, excepto que aceitaram Yeshua como O Messias há
muito prometido.
Tal como no passado, todos os que se chegam ao Deus de Israel para O servir,
tornam-se israelitas e assumem o compromisso de servir a Deus nos termos que Ele
propôs ao Seu povo, a Sua Torá – Deuteronómio 31:12.
Em Actos 2:39 é-nos dito: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos
filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nossO Senhor
chamar”. Como facilmente podemos concluir por estas palavras, a salvação por
Cristo é para tantos quantos Deus nossO Senhor chamar, quer sejam descendência
de Judá, de Israel (Efraim) ou de todo o homem (mesmo de entre os povos gentios)
que se arrepende e converte ao Deus de Israel, andando na Sua Torá, colocando a
sua confiança no poder salvador do sangue do Cordeiro de Deus (Efésios 2:13).
Romanos 2:13
“Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que
praticam a lei hão de ser justificados”
Muito mais poderia ser acrescentado a cada um dos argumentos usados pelos que se
opõem à Lei santa e boa de YHWH. Ficamos porém por aqui, acrescentando
somente:
Apesar dos muitos que, levados pelas tradições dos homens, desde sempre e ainda
hoje, procuram diminuir ou invalidar a importância da Lei de YHWH como padrão
intemporal de modo de viver para toda a humanidade, a começar pelos fiéis, podemos
estar seguros do seguinte:
• A Torá foi dada a Israel por YHWH, de forma escrita através de Moisés
(embora ela já existisse desde o princípio e por muitos foi cumprida com
fidelidade – e.g. Abel, Enoque, Noé, Job, Abraão e tantos outros). Este servo
de Deus leu-a perante todo o povo para que este guardasse aquelas palavras
nos seus corações e vivesse por elas.
• A Torá de YHWH foi vivida e ensinada por Yeshua e por todos os apóstolos e
demais convertidos ao Messias Yeshua e também pelos profetas antes deles.
• A Torá de YHWH permanece para sempre e nada se lhe deve acrescentar ou
retirar.
• A Torá de YHWH será gravada nos corações de carne de todos os que viverem
no Reino Milenar de Yeshua, que em breve será estabelecido sobre todas as
nações da Terra, e uma só será a Lei para todos os povos (tal como Deus
pretendeu que assim fosse desde o princípio).
• Do mesmo modo, a Torá de YHWH já hoje deve estar gravada no coração dos
salvos, da Israel de Deus, a qual é o padrão de vida dos que, com humildade,
obedecem à voz do Deus de Israel.
Esta é a segurança e a Verdade que nos advêm pelo estudo da Palavra de Deus.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Já o afirmámos antes, mas convém relembrar: da mesma maneira que Judá procurou
seguir a Lei sem a fé (até erradamente porque deram sempre mais importância ao
Talmude – i.e. às leis e tradições dos homens do que a manter a pureza da Lei de
YHWH/Moisés), a grande maioria dos gentios convertidos (Efraim/Israel e todos os
restantes gentios convertidos ao Senhor) têm procurado salvar-se através da fé sem o
temor (reverência) e o amor devidos a YHWH e à Sua Lei, baseados num conceito de
fé que não está suportada pelas obras. À luz das Sagradas Escrituras ambos estão
incompletos. A fé completa-se com a Lei do Altíssimo e vice-versa, senão não faria
qualquer sentido o que está escrito em Apocalipse 12:17 e 14:12. O crente mostra o
seu amor a Deus ao guardar os Seus mandamentos no seu coração e viver por eles.
Foi sempre intenção do Senhor YHWH, O Deus Criador, eleger para Si um povo santo
(separado), guardador dos Seus mandamentos – a Sua vontade. Esse povo, a Israel
de Deus, revelar-se-à como sendo a união no Espírito de todos aqueles que, através
dos tempos, aceitarem a Sua Lei e basearam a sua fé na redenção do Senhor
Yeshua, O Cristo. Diz a Palavra que este povo há-se ser composto por almas sinceras
e justas aos olhos de Deus, oriundas de todos os povos, nações, tribos e línguas, os
quais foram adquiridos ao longo dos tempos: Apocalipse 7:9. Sermos Um no Filho
como Ele e O Pai são UM (“echad”)! Um Só Deus e um só povo salvo!
Reafirmamos que, como crentes sinceros em Yeshua, O Messias, somos salvos pela
graça de YHWH e pela fé no poder resgatador do sangue do Filho. Não somos salvos
pelas nossas obras, embora estas tenham que ser o espelho da nossa fé e
obediência. Vivemos assim pela fé em Yeshua e colocamos toda a nossa esperança
e confiança no poder e misericórdia de Deus, para com todos os que O buscam e
procuram andar em temor nos Seus mandamentos e estatutos. Somos justificados
assim pelo sacrifício e sangue derramado pelo Ungido de YHWH, O Santo de Israel. A
nossa fé e obras são o nosso testemunho nessa certeza de redenção. Somos assim
porque nascemos de novo em Cristo, algo que provém do nosso coração e não do
nosso exterior. “Pelos frutos os conhecereis”: possam assim os nossos frutos (obras)
serem a expressão da nossa fé em Cristo.
Oramos ao Senhor YHWH para que Ele se digne abençoar a leitura deste extenso
trabalho apoiado na Sua Palavra, a Bíblia Sagrada, para que todos possamos
compreender que só podemos albergar a esperança da salvação por Yeshua através
da entrega do nosso coração ao amor, à fé e à obediência em humildade aos
mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos de YHWH (a Sua Lei); e possamos
dizer, com igual sinceridade e humildade de coração: A Palavra do Senhor
permanece para sempre! Ou, também, como disse Josué (24:15): “…porém eu e a
minha casa serviremos a YHWH”. Que esta Palavra (Yeshua, O Messias, O Filho
Amado, O Rei Eterno) nos possa guiar através do Seu Espírito por todo o sempre.
Ao longo deste trabalho tivemos oportunidade de afirmar, por várias vezes, que
Yeshua era a Lei viva. Afirmemos, então, de forma categórica também, e à guisa de
conclusão, que aqueles que viram as costas à Lei de YHWH estão a virar as
costas ao Salvador Yeshua!
Este não é um projecto acabado. Possamos todos nós pensar do mesmo modo, pois
tal significará que estamos sempre dispostos a avançar no conhecimento do Senhor
YHWH pela bênção da presença do Seu Santo Espírito, através da revelação da Sua
Palavra eterna. Temos pois, todos, muito para aprender até ao final das nossas
carreiras, guardando a fé (fidelidade).
Vítor Quinta
Nov. 05/Out. 09
Bibliografia consultada:
Nota
Versão da Lei dos Dez Mandamentos adulterada pela Igreja Católica Apostólica
Romana, tal como se encontra, abreviadamente, no Catecismo Romano:
Como sabemos, a chamada Torá de Israel está contida nos primeiros cinco livros da
Bíblia, nos quais é transmitida toda a instrução que YHWH deu ao povo de Israel
através de Moisés: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio, a qual
deveria ser levada ao conhecimento dos outros povos pelo povo que Deus escolheu:
Israel. Como antes dissemos, YHWH sempre pretendeu separar para Si um povo
santo, fazedor de boas obras – Mateus 5:16; Efésios 2:10; 1.Timóteo 5:10; Tito 2:7,
14; 3:8, 14; Hebreus 10:24; 1.Pedro 2:12.
Tal como acontece com as leis dos homens, uma coisa que é importante reter na
leitura e estudo da Lei é que não devemos atender somente ao valor da palavra mas
também ao espírito da letra da própria Lei, i.e. ao sentido que O Legislador nos quis
transmitir através da Palavra, e ao contexto em que esses preceitos foram escritos
para nós.
Sempre que possível incluiremos a palavra hebraica que está na origem do preceito
de YHWH.
Mas, porque muitas das disposições ou preceitos da Lei não têm hoje aplicação na
acção, quer isso dizer que elas não terão um significado espiritual que o crente dos
tempos de hoje devam conhecer e respeitar? Claro que sim, como já tivemos
oportunidade de ver ao longo de todo este estudo. Exemplo: quando o preceito nos
fala das ofertas queimadas ao Senhor que, quando havia o Templo, se traduzia no
sacrifício de animais sem mancha que apontavam para O Cordeiro de Deus –
Yeshua, não é essa oferta hoje feita no altar de uma consciência limpa perante
Deus? Ou nas nossas orações como sacrifício oferecido ao Senhor? Eis a
transposição desses sacrifícios para os dias de hoje. Ou, por exemplo, quando nos
diz para retirarmos todo o fermento das nossas casas durante o período da Festa
dos Pães Asmos e não comermos pão levedado durante esses dias, não nos está O
Senhor hoje a dizer que o que temos que retirar da nossa casa (coração/mente) é o
fermento do pecado, da hipocrisia e da mentira que pode fazer levedar toda a
massa, i.e. fazer perigar o nosso corpo e espírito e alma perante Deus? Para além
do significado espiritual aqui apresentado, não devemos cumprir literalmente,
também a vontade do Altíssimo, revelando assim a nossa obediência ao preceito?
Claro que sim! Eis assim a forma como temos de entender os preceitos ou as
veredas antigas à luz do ensino de Yeshua e do Espírito Santo de YHWH.
Para além destes preceitos dados a Moisés e que também incluem a chamada Lei
dos 10 Mandamentos, O Senhor YHWH deu adicionalmente muitas outras
disposições através dos Seus profetas que vieram depois de Moisés. Como diz a
Palavra de Deus, Yeshua: “o homem não viverá unicamente de pão, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus” – Mateus 4:4.
ANEXO B
Esta é a compilação simplificada da Lei de Moisés/YHWH, a Torá de
Israel (que também significa: “ensino”, “instrução”), e que reflecte os
mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos de YHWH contidos no
Pentateuco, segundo a agregação realizada por numerosas gerações e
congregações, a qual é conforme à raiz hebraica da Palavra.
Notas introdutórias:
5. Assim perguntamos: pode hoje o crente guardar no seu coração e viver pela
Torá onde quer que se encontre a residir? A resposta é SIM. E, naqueles
preceitos em que possamos ainda falhar, confiemos no poder redentor do
sangue de Yeshua e da Sua acção junto do Pai como nosso Advogado.
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
79
Se estamos verdadeiramente enxertados na boa oliveira que é Israel, então somos herdeiros
conforme à promessa dada por YHWH a Abraão. Se já adquirimos o entendimento e nos intitulamos
como membros de Israel (sendo por isso descendentes dos que foram espalhados no mundo, as 10
tribos do Norte e que estão a voltar para O Deus YHWH), então temos todas as obrigações de um
verdadeiro israelita, o tal povo adquirido que Deus quis separar para Si: um povo zeloso de boas
obras.
80
OS 613 MANDAMENTOS
A Divisão dos Mandamentos organizada por Maimonides
Maimonides dividiu e catalogou os 613 Mandamentos em 14 livros, com 83 secções:
Número
Título de Conteúdo
Preceitos
Leis que respeitam à crença religiosa, ao carácter,
O Livro do Conhecimento 75
estudo da Torá, idolatria, e arrependimento.
Recital do “Sh’má Yisrael”, oração, tefillin, mezuza,
O Livro da Adoração 11
livro daTorá, tzitzit, bênçãos, e circuncisão.
O Sábado, Yom Kippur (Dia da Expiação), dias
O Livro das Estações 35
santos, Lua Nova e dias de jejum.
O Livro das Mulheres 17 Casamento, divórcio, sedução, e infidelidade.
Relações sexuais ilícitas, alimentos proibidos e
O Livro da Santidade 70
ritual de abate de animais.
O Livro dos
Juramentos, votos, restrições do nazireado e
Pronunciamentos 25
dedicação da propriedade ao Santuário.
Específicos
A mistura das sementes, gado e materiais, leis da
O Livro das
67 caridade e do dízimo e leis respeitantes aos anos
Sementes
de jubileu e sabáticos.
O Livro do O Santuário, como deve ser construído, quem lá
103
Serviço Divino deverá servir e a natureza do serviço.
Os sacrifícios apresentados nos dias santos e a
O Livro dos Sacrifícios 39
expiação pelos pecados.
Todas as causas de profanação e os requisitos
O Livro da Pureza 20
para a purificação.
As leis das compensações por danos e roubo,
O Livro das Injúrias 36 devolução da propriedade perdida, assassínio e
preservação da vida.
O Livro das Aquisições 18 Transacções comerciais, vizinhança e servidão.
Relações de trabalho, arrendamento e empréstimo
O Livro dos Julgamentos 23
e herança.
O sistema judicial, autoridade rabínica e parental,
O Livro dos Juízes 74
luto, reis e guerras.
80
Traduzido e adaptado por Vítor Quinta de documentos que se encontram disponíveis em:
http://www.wildbranch.org/Articles/index.html
P1 Exo. 20:2 - O primeiro dos preceitos positivos, para toda a criatura, Sim
em todo o lugar: saber que existe Uma Divindade, conforme está
escrito: "Eu sou YHWH teu Deus…" – Ver também Deuteronómio
5:6; 6:4
P2 Deut. 6:4 - Proclamar a Sua unicidade - "YHWH é nosso Deus, YHWH Sim
é Um" (YHWH Eloheinu, YHWH echad). Esta unidade é-nos revelada
pela palavra hebraica “echad” que significa “unidade composta”.
Segundo a Palavra de Deus, esta “unidade” é composta pelo Pai e
pelo Filho, Deles emanando o poder do Espírito Santo
P3 Deut. 6:5 – Amá-Lo sobre todas as coisas - "Amarás a YHWH teu Sim
Deus…"
Deut. 6:13 – Temer a Deus - "A YHWH teu Deus, temerás…"
P4 Sim
Exo. 23:25; Deut 11:13 – Servireis a YHWH de todo o vosso coração e
P5 de toda a vossa alma - o servir é a oração que Lhe dirigimos e o Sim
fazermos toda a Sua vontade, i.e. andarmos segundo os Seus
preceitos.
P8 Deut. 28:9 – Parecer-se com Ele em todas as Suas boas e rectas Sim
acções: Andarás nos caminhos de Deus. A Torá é “O Caminho” de
YHWH, como Yeshua também é “O Caminho”, dada a simbiose
entre a Torá e Yeshua
Lev. 22:32 - Santificar o Seu Santo Nome - "…Santificar-me-ei no meio
P9 dos filhos de Israel…" Sim
Os rituais da Torá
Deut. 6:7 – Recitar o “Sh’má Israel” de manhã e à tarde – “E as
P 10 ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e Sim
andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”. Esta oração
recitada ainda hoje por Judá assenta nas palavras que se encontram
em Deut. 6:4-9; 11:13-21; Num. 15:37-41, por ordem expressa de
YHWH. Já o apóstolo Paulo nos diz em 1.Tess. 5:17: “orai sem
cessar”, i.e. estai permanentemente em comunicação com O Senhor
YHWH.
Deut. 6:7 – Estudar a Torá, e ensiná-la – “As ensinareis a teus filhos…”
P 11 Sim
Deut. 6:8 – Estas palavras estarão por adorno na tua cabeça –
P 12 “…Estarão por adorno entre teus olhos! Este entendimento não tem Sim no
que ser materialmente revelado nos filactérios, conforme o coração.
entendimento rabínico, mas antes nas nossas mentes (i.e. no nosso
coração pois na cultura hebraica ‘coração’ é representativo da mente Não nos
ou intelecto e não das emoções). Os filactérios do judaísmo rabínico filactérios
são uma interpretação hiperliteral de uma passagem que mais não é
que uma figura de estilo que aponta para a subordinação de todo o
nosso pensamento a toda a vontade de YHWH nosso Deus, i.e. a Sua
Torá gravada nos nossos corações/mente. Para figuras de estilo
semelhantes ver também: Deut.6:6; 11:18; Prov.1:9; 3:3; 6:21. Daí
que esta resposta deve ser entendida: Sim para as palavras deverem
estar gravadas na nossa mente. Não para o uso de filactérios.
P 13 Deut. 6:8 – “Amarrá-las-ás sobre tua mão…”. Tal como o ponto Sim no
anterior também não são os filactérios físicos que nós devemos coração.
levar mas, antes, a vontade de Deus traduzida em todas as nossas
acções (por sinal na nossa mão, precisamente a ferramenta do Não nos
corpo através da qual executamos a acção, o trabalho). filactérios
P 14 Num. 15:38-39 – Fazer tzitzit (fímbrias, franjas) – “…e, farão para si Sim
franjas…”. Ver também Deut. 22:12. É-nos ordenado que
coloquemos franjas nas bordas das nossas vestimentas; estas
fazem-nos lembrar os preceitos ordenados por YHWH, os quais,
para além da sua presença física, têm que estar verdadeiramente
gravadas no nosso coração. Daí o sentido espiritual das mesmas.
Contrariamente aos dois preceitos anteriores e ao seguinte, este
mandamento tem uma aplicação literal. Estas franjas devem conter
um cordão azul. O judaísmo rabínico incumpre este mandamento
fazendo franjas totalmente brancas, uma vez que o molusco que
era usado para tingir o tecido de azul desapareceu de Israel. No
entanto, nada no mandamento obriga a que a cor azul seja obtida
através desse molusco, apenas a que um dos fios tenha essa cor. O
hebraico de Deut.22:12 especifica ainda que as franjas deverão ser
entrançadas de maneira a ter a aparência de correntes.
Deut. 6:9 – Mais uma vez o judaísmo rabínico interpreta este
P 15 versículo de forma hiper literal aplicando uma “mezuzá” nas Sim no
ombreiras das portas de suas casas. A “mezuzá” é uma caixa com um coração.
pergaminho contendo as duas primeiras partes do “Sh’má Israel” e
que lembra a Israel o dever de cumprir os mandamentos de YHWH. Não na
Também aqui, estamos perante uma figura de estilo que aponta para ombreira
que a “porta” da nossa casa (a casa é o nosso tabernáculo, o nosso da porta
corpo) seja o nosso coração, a nossa mente, onde deverão estar de casa
gravados todos os preceitos de YHWH, nosso Deus. Ver também
Prov.3:3.
P 27 Exo. 25:30 – Colocar cada semana o pão perante a Arca do Concerto N/A
- " E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face
perpetuamente”.
P 28 Exo. 30:7-8 - Queimar o incenso sobre o Altar de Ouro duas vezes a N/A
cada dia - "Queimará Aarão sobre ele o incenso a cada dia…"
P 29 Lev. 6:12-13 - Manter o fogo sempre aceso sobre o altar - "fogo N/A
perpétuo sobre o altar…"
P 57 Num. 9:11 - Fazer o segundo Pesaĥ - "No segundo mês, no dia Não com
catorze, à tarde…", data destinada aos que estivessem impedidos sacrifício de
de a celebrar no 14 do Abib. cordeiro.
Sim como
solenidade
P 58 Num. 9:11 - Comer o segundo Pesaĥ com "matzá" (pão ázimo) e Sim, com
"merorim" (ervas amargas) - "Com "matzôt" e com "merorim" pão ázimo
comê-lo-ão…"
P 59 Num. 10:9-10 - Fazer soar as Trombetas a cada sacrifício e nos Sim no início
períodos de angústia e opressão, e no início dos meses - "…e dos meses
tocareis as trombetas…(shofar)"
N/A
P 62 Lev. 2:13 – Salgar todos os sacrifícios - "Sobre todo sacrifício,
sal…"
N/A
P 63 Lev. 1:3 - Forma do sacrifício “olá” [oferta queimada no Templo]
- "Se for seu sacrifício “olá”
N/A
P 64 Lev. 6:18 - Forma do sacrifício "ĥatát" - "Esta é a lei do sacrifício
ĥatát…" oferta pelos pecados
N/A
P 65 Lev. 7:1 – Lei da expiação da culpa: forma do sacrifício "acham" -
"Esta é a lei do sacrifício acham…"
N/A
P 66 Lev. 3:1 – Oferta por sacrifício pacífico
N/A
P 67 Lev. 2:1 - Forma do sacrifício "Mincĥá" [oferta de
manjares/alimentos]- "E a alma que apresentar sacrifício
“Mincĥá”
N/A
P 68 Lev. 4:13 - Trazer o Beit Din (Sinédrio / Tribunal) um sacrifício,
caso hajam cometido um erro na promulgação de alguma lei - "Se
todo o povo de Israel errar…"
N/A
P 69 Lev. 4:27 – Oferta por erro de ignorância. Apresentar a pessoa
que transgrediu um mandamento negativo sobre o qual incorre
em pena, caso haja transgredido inconscientemente - "quanto à
alma que errar…"
N/A
P 70 Lev. 5:17-18 - Apresentar a pessoa que tem dúvida se transgrediu
um mandamento negativo sobre o qual deveria trazer um
sacrifício "ĥatát", sendo este o chamado "acham talúi "- "E não
soube, e achou-se culpado…trará seu sacrifício acham"
Lev. 5:15; 21-25; 19:20-21 – Oferta por culpa não intencional N/A
P 71 “acham vadai”; a pessoa descobriu que pecou sem intenção; ex.
furto não intencional ou um nazireu que tenha tocado num cadáver
N/A
P 72 Lev. 5:1-11 – Quando alguém for testemunha ou tenha
conhecimento de uma blasfémia levará sobre si a culpa se não a
denunciar. Estas e outras ofensas ali enunciadas. O sacrifício
pelo pecado é maior ou menor consoante as posses da pessoa -
Sacrifício "olê veiorêd" - "Caso não alcance sua mão…"
P 73 Num. 5:6-7 - Confessar perante Deus toda a transgressão que haja Sim, no
realizado, tanto no momento do sacrifício como a não realizada templo do
no momento do sacrifício - "E confessarão sua transgressão…" coração
N/A
P 82 Exo. 13:13 – “se não resgatares o primeiro macho nascido da
jumenta, cortar-lhe-ás a cabeça” - Decapitá-lo, caso não o
redima - "…se não o redimires, decapitá-lo-ás."
N/A
P 83 Deut. 12:5-6 - Trazer ao Templo, a Jerusalém, todos os sacrifícios
sobre os quais se obrigara, ou se comprometera no primeiro dos
três festivais anuais com o qual se deparar - "Ali virás, e ali
trarás…"
N/A
P 84 Deut. 12:14 – Sacrificar todos os sacrifícios unicamente ao
Santuário [Templo] – “Ali farás …”. Comentário: Este
mandamento responde aos que dizem de qualquer dia andamos a
sacrificar cordeiros uma vez que guardamos a Torá. Se o
fizéssemos estaríamos a transgredir a própria Torá uma vez que
os sacrifícios só se podem realizar no Templo.
N/A
P 85 Deut.12:26 – Trazei ao Santuário todas ofertas feitas fora da terra
de Israel.
N/A
P 86 Deut. 12:15 – Redimir os animais designados a serem sacrificados
que tenham algum defeito, para que sejam permitidos para
alimentação geral – “…conforme todo desejo de tua alma
comerás… o puro e o impuro, dela comerá, como se come veado
e o cervo” – isto refere-se ao caso de animais designados a ser
sacrificados que, por defeito que tenham, não o podem ser, pelo
que precisam ser redimidos, após o que é permitido ser comido,
deixando sua natureza santa para o seu substituto.
N/A
P 87 Lev. 27:33 – Ser santo o substituto do sacrifício – “…será que ele e
seu substituto serão santos…”
N/A
P 88 Lev. 6:9 – Os sacerdotes comerão os restos das ofertas de
manjares “Mincĥá” – “Suas sobras comerão Aarão e seus filhos…”
N/A
P 89 Exo. 29:32-33 – Os sacerdotes do Templo comerão a carne dos
sacrifícios ĥatat e acham – “Comê-las-ão, as que através delas
tenham obtido expiação…”
N/A
P 90 Lev. 7:19 – Incinerar a carne dos sacrifícios que possam ter
tocado qualquer coisa impura – “…quanto à carne na qual toque
qualquer coisa imunda…”
N/A
P 91 Lev. 7:17 – Queimar o resto dos sacrifícios – “…o que ficar da
carne do sacrifício, no terceiro dia queimar-se-á…”
Votos
N/A
P 92 Num. 6:5 – O que fizer voto de nazireu deixará crescer o seu
cabelo durante a sua separação…
N/A
P 93 Num. 6:18 - Ao completar os dias do seu voto, o nazireu rapará a
sua cabeça e irá sacrificar no Templo
P 94 Deut. 23:24 – Todo o varão honrará o voto que a sua boca Sim
pronunciar, bem como os seus juramentos (que fizer perante O
Altíssimo)
P 95 Num. 30:3 – Um juiz somente pode anular votos de acordo com a Sim. O nosso
Torá Juiz é YHWH
P 99 Lev. 15:19 – Será imundo até à tarde todo o que “tocar” na O crente
mulher (prática de relação sexual) no período da sua separação deverá
menstrual de 7 dias (“Tumah”) abster-se
P 100 Lev. 12:2 – O que “tocar” na mulher no período da sua separação Idem
(“Tumah”) após parto
N/A
P 101 Lev. 13:3 – Sobre a separação/impureza (“Tumah”) de um leproso
N/A
P 102 Lev. 13:51 – Sobre as roupas contaminadas pela lepra
N/A
P 103 Lev. 14:44 – Sobre a casa de um leproso
N/A
P 104 Lev. 15:2 – Sobre a separação/impureza (“Tumah”) de um homem
(“zav”) com um fluxo da carne
N/A
P 105 Lev. 15:6 – Sobre a separação (“Tumah”) do sémen
N/A
P 106 Lev. 15:19 – Separação/impureza (“Tumah”) de uma mulher
(“zavah”) com fluxo da carne
N/A
P 107 Num. 19:14 – Separação/impureza (“Tumah”) de um corpo
humano morto
N/A
P 108 Num. 19:13, 21 - Lei da purificação pela aspersão da água (“mei
niddah”)
N/A
P 112 Lev. 13:45 – O leproso deverá ser facilmente reconhecível como
tal
N/A
P 113 Num. 19:2-9 – Sobre as cinzas da novilha de pelo ruivo usada no
ritual de purificação
N/A
Ofertas para o Templo
N/A
P 114 Lev. 27:2-8 – Sobre a avaliação de uma pessoa para as ofertas ao
Templo nos casos de um voto particular (equivalente em
dinheiro)
N/A
P 115 Lev. 27:11 – Sobre a avaliação de um animal impuro dos que não
se oferecem a YHWH
N/A
P 116 Lev. 27:14 – Sobre a avaliação de uma casa como oferta/donativo
ao Templo
N/A
P 117 Lev. 27:16 – Sobre a avaliação de um campo em oferta/donativo
ao Templo
N/A
P 118 Lev. 5:16 – Sobre o resgate da transgressão por ignorância, o qual
deverá ser acrescido de uma quinta parte do seu valor
N/A
P 119 Lev. 19:24 – Sobre a oferta dos frutos das árvores produzidos no
seu quarto ano
N/A
P 120 Lev. 19:9 – Sobre o deixar o produto dos cantos do campo para os
pobres
N/A
P 121 Lev. 19:9 – Sobre o deixar as espigas caídas no campo para os
pobres
N/A
P 122 Deut. 24:19 – Sobre o deixar para trás um molho da tua colheita
que ficou esquecido no campo, o qual se destinará aos pobres
N/A
P 123 Lev. 19:10 – Sobre o deixar o rabisco das uvas na videira para os
pobres
N/A
P 124 Lev. 19:10 – Sobre o deixar os bagos caídos na vinha para os
pobres
N/A
P 125 Exo. 23:19 – Sobre o separar e trazer as primícias dos frutos da
terra ao Santuário
N/A
P 126 Deut. 18:4 – Separar as primícias para ofertas a YHWH
(“terumah”)
N/A
P 127 Lev. 27:30 – Separar os primeiros dízimos dos campos para YHWH
(para os Levitas)
N/A
P 128 Deut. 14:22-23 – Separar os segundos dízimos para serem comidos
somente em Jerusalém
N/A
P 129 Num. 18:26 – O dízimo dos dízimos será oferta a YHWH por parte
dos Levitas ao Sumo Sacerdote
N/A
P 130 Deut. 14:28 – Separar a parte dos dízimos para os pobres e os
levitas no 3º e 6º anos
N/A
P 131 Deut. 26:13 – A declaração perante YHWH do cumprimento da
separação dos vários dízimos para os pobres e para os levitas
N/A
P 132 Deut. 26:5 – A declaração da entrega das primícias trazidas ao
Templo
N/A
P 133 Num.15:20 – Da oferta da primeira porção da massa (“Challah”)
O ano sabático
P 137 Lev. 25:9 – Libertar os escravos e fazer soar a Trombeta (Shofar) N/A. Sim qtº
no dia da Expiação (Yom Kippur) no ano do Jubileu ao soar do
shofar
N/A
P 138 Lev. 25:24 – No ano do Jubileu farás regressar, remindo, a terra
aos seus antigos donos
N/A
P 139 Lev. 25:24 – Da remissão da casa ao seu antigo dono
P 140 Lev. 25:8 – Contando e anunciando os anos até ao ano do Jubileu Sim
P 141 Deut. 15:1-3 – Todas a dívidas serão anuladas no ano Sabático, N/A
mas…
P 142 Deut. 15:3 - …do estrangeiro as exigirás o pagamento das dívidas Sim
P 150 Deut. 14:11 – A identificação das aves consideradas limpas para Sim
alimento
P 151 Lev. 11:21 – A identificação dos insectos que voam e que são Não
limpos para alimento
P 152 Lev. 11:9 – A identificação dos peixes limpos para alimento Sim
P 153 Exo.12:2; Deut. 16:1 – Acerca do calendário divino, do início dos Sim
meses e Luas Novas, e do reconhecimento dos anos e das
estações (“Moedim” - Solenidades)
P 154 Exo. 23:12 – Do dia de Sábado, 7º dia (“Shabbat”), para descanso Sim
P 157 Exo. 13:8 – A memória da saída do Egipto relatada aos filhos na Sim
primeira noite da Páscoa (Abib 15)
P 158 Exo. 12:18-19 – Do comer pães ázimos desde a primeira noite da Sim
Páscoa (Abib 15) e durante sete dias (a semana dos pães ázimos)
P 159 Exo. 12:16 – Do descanso no primeiro dia da semana dos Pães Sim
Asmos
P 160 Exo. 12:16 – Do descanso no sétimo dia da semana dos Pães Asmos Sim
P 161 Lev. 23:15 – Contagem dos 49 dias do Omer desde o dia da Sim
apresentação do primeiro molho (as primícias), (Abib 16)
P 163 Lev. 23:24 – Do descanso no primeiro dia do mês sétimo (“Yom Sim
Teruah”), ou Dia das Trombetas
P 165 Lev. 16:29 – Do Dia da Expiação como dia de descanso e aflição Sim
das almas (dia de jejum)
P 170 Num. 29:1 – Do fazer soar as trombetas no Dia das Trombetas Sim
(“Yom Teruah”)
Comunidade
P 173 Deut. 17:15 – Porás como Rei aquele que YHWH escolher Sim, em
Israel
P 175 Exo. 23:2 – Não torcerás o direito indo após a maioria Sim
P 184 Deut. 22:8 – Construirás um parapeito no telhado da tua casa para Sim
afastar possíveis riscos
Idolatria
P 185 Deut. 12:2 – Destruireis todos os símbolos de culto idólatra e seus Sim
pertences
P 186 Deut. 13:13-17 – A lei acerca da cidade que se tornou idólatra / N/A. YHWH
apóstata e pervertida o fará
P 187 Deut. 20:16-17 – A lei acerca da destruição das sete nações N/A. YHWH
Cananitas o fará
P 189 Deut. 25:17 – Da lembrança das obras abomináveis que Amaleque Sim
fez a Israel
Guerra
N/A
P 190 Deut. 20:10-13 – Instruções para a guerra além das que são
instruídas na Torá
N/A
P 191 Deut. 20:2 – O sacerdote terá funções específicas na guerra; os
homens que não estiverem em condições de participar voltarão
para casa
N/A
P 192 Deut. 23:14 – A santidade do arraial; instruções sanitárias e outras
N/A
P 193 Deut. 23:15… - …entre os apetrechos para a guerra, carregarás
uma pá durante a campanha para tapares o que defecares …
Vida em sociedade
P 194 Lev. 6:4-5 – Sobre a restituição daquilo que o ladrão roubar Sim
P 195 Deut. 15:7-8 – Sobre a ajuda aos pobres (Lev. 25:35-36) Sim
P 196 Deut. 15:14 – Sobre a entrega de ofertas ao hebreu que te serviu N/A
quando o libertares
P 197 Exo. 22:25 – Sobre o emprestar dinheiro ao pobre sem juros (do Sim
povo de Israel)
P 199 Deut. 24:13; Exo. 22:26 – Sobre a restituição do penhor ao seu Sim
dono se dele necessitar
P 202 Exo. 23:5 – Ajudarás o animal cansado aliviando a sua carga Sim
P 203 Deut. 22:4 – Ajudarás o homem a levantar o seu animal caído no Sim
caminho com a sua carga
P 204 Deut. 22:1; Exo. 23:4 – Restituirás a propriedade perdida ao seu Sim
legítimo proprietário
Família
P 214 Deut. 24:5 – Como o noivo se dedica à sua esposa por um ano N/A
P 215 Gen. 17:10; Lev. 12:3 – Sobre a circuncisão dos filhos Sim
P 216 Deut. 25:5 – Se um homem morrer sem filhos, então seu irmão N/A
casará com a viúva, ou …
Escravos
N/A
P 232 Exo. 21:2 – Leis especiais acerca do tratamento de um escravo
hebreu
N/A
P 233 Exo. 21:8 – A escrava hebreia que casa com o seu senhor ou o seu
filho, ou…
N/A
P 234 Exo. 21:8 - …é permitida a redenção da escrava hebreia
N/A
P 235 Lev. 25:46 – Sobre as leis de tratamento de um escravo
estrangeiro
Reparação de danos
P 236 Exo. 21:18 – Das penalidades ao que inflige ferimentos noutra Não. Leis
pessoa locais e
tribunais
P 237 Exo. 21:28 – Sobre a lei dos ferimentos causados por um animal Idem
P 238 Exo. 21:33 – Sobre o que abrir uma cova e não a cobrir, causando Idem
danos ao seu próximo
P 239 Exo. 21:1 – Sobre o castigo a dar aos que roubam Idem
P 240 Exo. 22:4 – Sobre a lei a aplicar por danos causados por um Idem
animal
P 241 Exo. 22:6 – Sobre a lei dos danos causados pelo fogo Idem
P 242 Exo. 22:7 – Sobre a lei dos bens confiados à guarda de uma pessoa Idem
não remunerada para tal
N1 Exo. 20:3 – Não aceitar outro deus excepto O Deus Único, YHWH Sim
N3 Lev. 19:4 – Não fazer ídolos (nem mesmo para outrem) Sim
N 11 Deut. 16:22 – Não levantarás um pilar onde o povo se reúna para Sim
adorar
N 12 Lev. 26:1 – Não farás imagem de escultura, nem estátuas, nem Sim
porás pedra figurada (“dias”) na vossa terra para te prostares
diante delas
N 14 Exo. 23:13 – Não jures por um ídolo nem instigues um idólatra a Sim
fazê-lo, nem sequer pronuncies o nome desse ídolo
N 16 Deut. 13:12 – Não persuadirás ao filho de Israel para adorar ídolos Sim
N 19 Deut. 13:9 – Não salvarás a vida do que engana para irem aos Não
ídolos
N 22 Deut. 7:25 – Não prenderás o teu coração aos ornamentos (prata Sim
ou ouro) que adornem um ídolo
N 23 Deut. 13:16 – Não reconstruirás a cidade que tenha sido destruída Sim
como castigo da idolatria; anátema é a YHWH
N 25 Deut. 7:26 – Não porás na tua casa alguma coisa relacionada com Sim
os ídolos ou com a idolatria
N 28 Deut. 13:3-4 – Não ouvirás ao que profetizar em nome dos ídolos Sim
N 30 Lev. 20:23 – Não imites as práticas ou andes nos costumes dos Sim
povos idólatras
N 41 Lev. 19:28 – Não farás marca alguma no teu corpo (tatuagens ou Sim
outras), como fazem os idólatras
N 45 Lev. 19:28 – Não fareis marcas no vosso corpo pelos mortos Sim
N 46 Deut. 17:16 – Não mais voltareis ao Egipto para ali habitar Sim
(espiritual)
N 48 Exo. 23:32; Deut. 7:2 – Não farás pacto com as sete nações N/A
cananeias
N 49 Deut. 20:16 – Não pouparás a vida dos das sete nações cananeias N/A
N 51 Exo. 23:33 – Nenhum que sirva falsos deuses poderá habitar na Sim
terra de Israel…(por isto a terra de Israel precisa de ser
expurgada)
N 53 Deut. 23:4 – Não darás as tuas filhas em casamento aos filhos de N/A
Amom ou Moabe
N 56 Deut. 23:6 – Não farás a paz com as nações Amonitas ou Moabitas N/A
N 59 Deut. 25:19 – Não esquecerás o mal que Amaleque fez a Israel N/A
Blasfémias
N 61 Lev. 19:12 – Não jurarás falso pelo Nome de YHWH nem violarás Sim
um juramento feito no Seu Santo Nome (“shevuas bittui”)
N 64 Deut. 6:16 – Não tentarás YHWH teu Deus, nem duvidarás das Sim
Suas promessas e conselhos
N 66 Deut. 21:23 – Não deixarás até à noite por enterrar o corpo do N/A
condenado
Templo
N 75 Lev. 22:2 – O sacerdote que esteja impuro (“Tameh”) não poderá N/A
ministrar no Santuário
N 78 Deut. 23:11 – O impuro não poderá entrar no arraial dos Levitas N/A
(Monte do Templo)
N 79 Exo. 20:25 – Não construas um Altar de pedras que tenham sido N/A
tocadas por ferro (pedras lavradas)
N 80 Exo. 20:26 – Não subirás ao Altar por degraus para não se N/A
descobrir a tua nudez
N 83 Exo. 30:23-32 – Não prepararás qualquer outro óleo igual ao Óleo N/A
da Santa Unção para o serviço no Santuário
N 84 Exo. 30:32 – Não ungirás ninguém com o Óleo Santo excepto o Rei N/A
e os Sacerdotes para serviço no Santuário
N 85 Exo. 30:37 – Não prepararás incenso igual ao que arde no Altar do N/A
Santuário
N 88 Exo. 28:32 – Não farás alguma outra incisão no manto do Éfode N/A
(vestido superior que cobria o Sumo-sacerdote) que não a
Sacrifícios
N 89 Deut. 12:13 – Não oferecer sacrifícios noutro local que não o Pátio N/A
do Santuário/Templo
N 91 Lev. 22:20 – Não consagrarás animal com defeito para oferta no N/A
Altar
N 92 Lev. 22:22 – Não sacrificarás animal com defeito como oferta N/A
sacrificial (“Korban”)
N 93 Lev. 22:24 – Não derramar sangue de animal com defeito no Altar N/A
N 94 Lev. 22:22 – Não fazer oferta queimada de vísceras sobre o Altar N/A
de partes de animal com defeito
N 97 Lev. 22:21 – Não farás com que uma oferta consagrada se possa N/A
contaminar
N 98 Lev. 2:11 – Não farás oferta de alimentos sobre o Altar que N/A
contenham fermento ou mel
N 99 Lev. 2:13 – Não sacrificarás alimentos que não contenham sal; em N/A
todas as ofertas oferecerás sal (da Aliança)
N 101 Lev. 22:28 – Não sacrificarás um animal e a sua cria no mesmo dia N/A
N 102 Lev. 5:11 – Não colocarás azeite sobre oferta de alimentos pelos N/A
pecados
N 103 Lev. 5:11 - Não colocarás incenso sobre oferta de alimentos pelos N/A
pecados
N 104 Num. 5:15 – Não colocarás azeite sobre a oferta de alimentos pelo N/A
ciúme (“sotah”)
N 105 Num. 5:15 - Não colocarás incenso sobre a oferta de alimentos N/A
pelo ciúme (“sotah”)
N 106 Lev. 27:10 – Não substituirás o que for votado para sacrifício N/A
N 108 Num. 18:17 – Não remirás o primogénito dos animais limpos N/A
N 109 Lev. 27:32 – Não vender o que é consagrado como dízimo do N/A
rebanho
N 110 Lev. 27:28 – Não vender o campo consagrado a YHWH (voto N/A
“Cherem”)
N 111 Lev. 27:28 – Não resgatar o campo consagrado a YHWH (voto N/A
“Cherem”)
N 112 Lev. 5:8 – Não partir o pescoço da ave oferecida para expiação do N/A
pecado
N 113 Deut. 15:19 – Não fazer qualquer trabalho com o primogénito dos N/A
teus animais por ser consagrado a YHWH
N 115 Exo. 34:25 – Não sacrificarás o cordeiro da Páscoa com pão N/A
levedado (“chametz”)
N 116 Exo. 34:25 – Não deixarás qualquer porção do cordeiro pascal N/A
durante a noite
N 117 Exo. 12:10 – Não deixarás que a carne do cordeiro pascal N/A
permaneça até à manhã seguinte
N 121 Exo. 12:46 – Não quebrarás qualquer osso do cordeiro oferecido N/A
pela Páscoa
N 122 Num. 9:12 – Não quebrarás algum osso do cordeiro da Segunda N/A
Páscoa (estatuto da Páscoa)
N 123 Exo. 12:46 – Não removerás a carne do cordeiro da Páscoa para N/A
fora da tua casa; na mesma casa será comida
N 124 Lev. 6:10 – Não assarás o restante da oferta de alimentos com N/A
fermento
N 125 Exo. 12:9 – Não comerás a oferta da Páscoa cozida em água ou N/A
crua
N 126 Exo. 12:45 – Não permitirás que um estrangeiro residente coma N/A
da oferta da Páscoa
N 129 Lev. 12:4 – As coisas santas não poderão ser comidas ou tocadas N/A
pelo que esteja impuro (ritualmente impuro: “Tameh”)
N 130 Lev. 7:19 – Não comerás carnes que tenham sido consagradas e N/A
que se tenham tornado impuras (“Tameh”)
N 131 Lev. 19:6-8 – Não comerás carne consagrada para além do tempo N/A
estabelecido
N 132 Lev. 7:18 – Não comerás carne que tenha sido sacrificada com N/A
uma intenção errada
N 133 Lev. 22:10 – Um não sacerdote não poderá comer das ofertas N/A
alçadas
N 135 Lev. 22:10 – O incircunciso não poderá comer das ofertas alçadas N/A
(“terumah”)
N 136 Lev. 22:4 – O sacerdote que esteja impuro (“Tameh”) não poderá N/A
comer das ofertas alçadas
N 137 Lev. 22:12 – A filha do sacerdote que case com homem estranho N/A
não poderá comer das coisas santas
N 138 Lev. 6:16 – Não se poderá comer da oferta de manjares da parte N/A
destinada ao sacerdote
N 139 Lev. 6:23 – Não se comerá da oferta por expiação de pecados do N/A
sacerdote que tenha sido sacrificada no Santuário
N 141 Deut. 12:17 – Não comerás o segundo dízimo do teu milho, não N/A
resgatado, fora de Jerusalém
N 142 Deut. 12:17 – Não consumirás a segunda oferta de dízimo de vinho N/A
fora de Jerusalém
N 144 Deut. 12:17 - Não consumirás a segunda oferta de dízimo dos N/A
primogénitos dos teus animais consagrados fora de Jerusalém
N 145 Deut. 12:17 – Não comerás das ofertas de expiação por pecado ou N/A
culpa fora do Pátio do Santuário
N 146 Deut. 12:17 – Não comerás de todo a carne da oferta queimada N/A
N 147 Deut. 12:17 – Não comerás dos sacrifícios menores perante o N/A
sangue derramado sobre o Altar
N 148 Deut. 12:17 – O não sacerdote não poderá comer das ofertas N/A
santificadas
N 149 Exo. 29:33 – Um sacerdote não poderá comer dos Primeiros Frutos N/A
fora dos pátios do Templo
N 150 Deut. 26:14 – Não comer das ofertas do segundo dízimo N/A
destinadas ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, nem
delas tirar quando estiver imundo
N 151 Deut. 26:14 – Não comer do segundo dízimo enquanto estiver de N/A
luto
N 153 Lev. 22:15 – Não comer dos rendimentos (fruto do trabalho) de N/A
que não se haja entregue o dízimo
N 154 Exo. 22:29 – Não alterarás a ordem dos vários dízimos: 1) N/A
primícias; 2) "terumá gedolá"; 3) primeira dízima; 4) segunda
dízima - "...não tardarás..." Não tardar um em relação ao outro
N 158 Lev. 21:7 – Não casará o sacerdote com a prostituta (“zonah”) N/A
N 159 Lev. 21:7 – Não casará o sacerdote com mulher desonrada N/A
(profanada – “halalá”)
N 160 Lev. 21:7 - Não casará o sacerdote com mulher divorciada N/A
N 161 Lev. 21:14 - Não casará o Sumo-sacerdote com mulher viúva N/A
N 162 Lev. 21:15 - Que não tenha o Sumo-sacerdote relações com uma N/A
viúva, mesmo sem casamento (concubina), pois se o fizer estará
profanando-a - "...não profanará sua semente...". Isto é uma
advertência que vem impedi-lo de profanar uma "kecherá"
N 163 Lev. 10:6 - Que não entre um sacerdote no Templo com a cabeça N/A
descoberta - "...vossa cabeça, não descobrireis..."
N 164 Lev. 10:6 - Que não entre um sacerdote no Templo com a roupa N/A
rasgada - "...vossa roupa, não rasgareis..."
N 165 Lev. 10:7 – O sacerdote não sairá do átrio do Templo durante o N/A
serviço sagrado – “nem saireis da porta da tenda da
congregação…”
N 166 Lev. 21:1 – O sacerdote comum não se contaminará com um corpo N/A
morto, excepto por parente chegado que a Torá lhe dá permissão
N 167 Lev. 21:11 - Que não se torne impuro o Sumo-sacerdote nem N/A
mesmo por seus familiares próximos - "...nem por seu pai , nem
por sua mãe se contaminará..." Não estará sequer debaixo do
mesmo tecto com o morto
N 169 Deut. 18:1 – Os Levitas não têm herança na divisão da terra de N/A
Israel
N 170 Deut. 18:1 – Os Levitas não tomarão parte dos despojos da Guerra N/A
N 171 Deut. 14:1 – Não fareis calva entre os vossos olhos por causa de Sim
algum morto
Leis da alimentação
N 175 Deut. 14:19 – Não comerás nenhum insecto que voa Sim
N 176 Lev. 11:41 – Não comerás o réptil que se arrasta sobre a terra Sim
N 177 Lev. 11:44 – Não comerás o réptil que se arrasta sobre a terra e Sim
que se alimenta de matérias putrefactas
N 179 Lev. 11:42-43 – Não comer quaisquer criaturas detestáveis (e.g. Sim
insectos aquáticos)
N 180 Deut. 14:21 – Não comer nenhum animal que tenha morrido de Sim
morte natural (um “nevelah”)
N 181 Exo. 22:31 – Não comer qualquer animal que tenha sido Sim
despedaçado no campo (um “treifah”)
N 182 Deut. 12:23 – Não comer membro tomado de um animal vivo Sim
N 185 Lev. 7:23 – Não comerás da gordura de boi, nem de carneiro, nem Sim
de cabra (“chelev”)
N 186 Exo. 23:19 – Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe Sim
N 187 Exo. 34:26 – Não comerás o cabrito cozinhado no leite de sua Sim
mãe. "Um escrito vem para a proibição de cozinhá-lo, e o outro
para a proibição de comê-lo, e é a mesma lei para todos os tipos
de carne"
N 188 Exo. 21:28 – Não comerás a carne do boi condenado a morrer por N/A
apedrejamento
N 189 Lev. 23:14 – Não comerás pão feito do grão da nova colheita antes N/A
da oferta movida a YHWH (“Omer”)
N 190 Lev. 23:14 – Não comerás trigo tostado da nova colheita, antes da N/A
oferta movida a YHWH (“Omer”)
N 191 Lev. 23:14 - Não comerás espigas verdes (“carmel”) da nova N/A
colheita, antes da oferta movida a YHWH (“Omer”) – (Nissan 16)
N 192 Lev. 19:23 – Durante os três primeiros anos, não comerás os N/A
frutos das árvores que plantares quando entrares na terra [de
Israel] três anos vos será incircunciso o fruto dessas árvores
(“orlah”)
N 193 Deut. 22:9 – Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de N/A
semente, para que não se degenere o fruto do que semeares;
não comerás o fruto degenerado ("kilê ha-kêrem")
N 194 Deut. 32:38 – Não farás libações de vinho pelos ídolos (“yayin Sim
nesach” – vinho gentílico)
N 196 Lev. 23:29 – Não comerás no Dia da Expiação (“Yom Kippur”) Sim
N 197 Exo. 13:3 – Não comerás pão levedado (“chametz”)na Páscoa Sim
[Semana dos pães ázimos]
N 198 Exo. 13:7 – Não comerás pão levedado na Páscoa, por sete dias, Sim
nem fermento se verá na tua casa
N 199 Deut. 16:3 – Não comerás pão levedado por sete dias, a partir do Sim
meio-dia (solar) de 14 de Nissan
N 201 Exo. 12:19 – Por sete dias não se ache massa levedada Sim
[“chametz”] nas vossas casas durante a Páscoa (a semana dos
pães ázimos)
Nazireado
N 202 Num. 6:3 – O que fizer voto de nazireu não beberá vinho ou N/A
qualquer bebida proveniente de uvas. Mesmo o vinagre não
deverá tomar
N 204 Num. 6:3 – O nazireu não comerá uvas secas (passas de uva) N/A
N 205 Num. 6:4 – O nazireu não comerá as grainhas ou sementes das N/A
uvas
N 206 Num. 6:4 – O nazireu não comerá a pele (cascas) dos bagos da uva N/A
N 207 Num. 6:7 – O nazireu não se contaminará (“tameh”) com algum N/A
morto, nem da sua própria família, nem por seu pai ou sua mãe,
porquanto o nazireado de Deus está sobre a sua cabeça
N 208 Lev. 21:11 – O nazireu não se contaminará ao entrar numa casa N/A
onde haja um cadáver (Num. 6:6)
N 209 Num. 6:5 – O nazireu não rapará/cortará o cabelo da sua cabeça N/A
nos dias dedicados ao nazireado
N 210 Lev. 23:22 – Quando segares a tua seara não colherás o grão dos N/A
cantos do campo, deixando-os para os pobres
N 211 Lev. 19:9 – Não apanharás as espigas caídas durante a colheita; N/A
serão para os pobres
N 212 Lev. 19:10 – Não colherás os rabiscos da tua vinha; serão para os N/A
pobres e estrangeiros
N 213 Lev. 19:10 – Não recolherás os cachos de uva que caírem pelo N/A
caminho durante a vindima
N 214 Deut. 24:19 – Não voltarás atrás para recolher um molho de N/A
cereal que tiver ficado esquecido no campo durante a colheita
N 215 Lev. 19:19 – Não semearás diferentes espécies de semente juntas N/A
no mesmo campo, (“kalayim”)
N 216 Deut. 22:9 – Não semearás verduras ou cereais na tua vinha N/A
81
Todos estes preceitos foram dirigidos ao povo de Israel enquanto habitantes na terra de Israel.
Torna-se evidente que muitos deles também podem e devem ser seguidos pelos crentes noutras
partes do mundo, tal como os preceitos de YHWH que orientam os Seus filhos para que não façam
misturas (de sementes, de animais, etc.), enquanto outros, que respeitam à terra em si mesma,
possam também ser aplicados noutras partes do mundo, porque O Senhor também nos diz: “Minha é
a Terra e toda a sua plenitude”. Na realidade, para que tenha valor aos olhos de YHWH, tudo o que
fazemos, devemos fazê-lo por fé.
N 218 Deut. 22:10 – Não farás trabalhar juntamente duas espécies N/A
diferentes de animais. Com o boi e com o jumento não lavrarás
juntamente
N 219 Deut. 25:4 – Não fecharás a boca do animal enquanto trabalha no N/A
campo, impedindo-o de comer
N 220 Lev. 25:4 – Não semearás o teu campo ou podarás a tua vinha no N/A
ano 7º de descanso da terra (“shemittah”)
N 222 Lev. 25:5 – Não ceifarás ou colherás a produção do 7º ano (ano N/A
sabático), tal como fazes num ano normal
N 223 Lev. 25:5 – Não colherás o fruto que as árvores derem no 7º ano N/A
(ano sabático), tal como fazes num ano normal
N 224 Lev. 25:11 – Não semearás o campo ou podarás as árvores no ano N/A
do Jubileu
N 226 Lev. 25:11 – Não recolherás os frutos no ano do Jubileu como o N/A
fazes num ano normal
N 228 Lev. 25:33-34 – Não venderás ou trocarás a possessão dos campos N/A
ou das casas dadas aos Levitas
N 229 Deut. 12:19 – Não deixarás o Levita sem sustento (o mesmo N/A
principio se aplica hoje a muitas congregações cristãs que
suportam os seus pastores)
N 230 Deut. 15:2 – Não demandarás o pagamento de dívidas após o ano N/A
7º ou sobre o qual passou o ano 7º (ano “Shmitar”)
N 232 Deut. 15:7 – Não negarás auxílio ao teu irmão mais pobre (“não Sim
endurecerás o teu coração”)
N 233 Deut. 15:13 – Não libertarás o escravo hebreu de mãos vazias N/A
N 234 Exo. 22:23,25 – Não exigirás a dívida daquele que não tiver Sim
condições de a pagar devido à sua pobreza, nem o afligirás
N 235 Lev. 25:37 – Não emprestarás teu dinheiro com juros a um filho Sim
de Israel82
N 236 Deut. 23:20 – Não tomarás dinheiro emprestado com juros de um Sim
filho de Israel
N 238 Lev. 19:13 – Não oprimirás o teu próximo retendo o seu salário Sim
82
Não esquecer o conceito do que significa ser “filho de Israel”: pois todo o que está
enxertado na boa oliveira cuja raiz é O Cristo Yeshua, é “filho de Israel”. Idem para os
pontos N 236 e N 237.
N 239 Deut. 24:10 – Não tomarás garantia do teu devedor pela força Sim
N 240 Deut. 24:12 – Não conservarás em teu poder a garantia do pobre Sim
quando dela necessitar
N 242 Deut. 24:6 – Não tomarás como penhor os utensílios do negócio do Sim
devedor (ou o seu alimento)
N 247 Lev. 19:13 – Não defraudar ou usurpar o que não nos pertence Sim
(dinheiro ou objectos que hajam sido depositados em mãos de
alguém por livre e espontânea vontade dos proprietários, quando
estes vierem a reclamar seus bens, deve-se devolvê-los
imediatamente)
N 248 Lev. 19:11 – Não negarás dívidas, negando o recebimento de algo Sim
em depósito ou como empréstimo (como dizendo, por exemplo,
“não sei do que estás falando, nada deixaste comigo”)
N 253 Exo. 22:21 – Não prejudicarás nos negócios o estrangeiro que se Sim
chegou a ti
N 254 Deut. 23:15 – Não devolver ao seu senhor o escravo que tenha N/A
fugido para a terra de Israel
N 255 Deut. 23:16 – Não oprimirás (ou explorarás) o escravo que tenha N/A
fugido para a terra de Israel; contigo habitará no local que
escolher
N 256 Exo. 22:21 – Não oprimirás ou fareis sofrer o órfão ou a viúva Sim
N 259 Lev. 25:43 – Não tratar um escravo hebreu com crueldade N/A
N 260 Lev. 25:53 – Não permitirás que um gentio maltrate um escravo N/A
hebreu
N 261 Exo. 21:8 – Não venderás uma escrava hebreia a um povo N/A
estranho. E se te casares com ela…
N 264 Deut. 21:14 – Não tratarás a mulher cativa como escrava N/A
N 266 Deut. 5:21 – Não cobiçarás nem desejarás o que pertence ao teu Sim
próximo
N 267 Deut. 23:25 – Não corte com foice o operário agrícola da seara do Sim
seu próximo; porém, pode comer do que apanhar a sua mão
N 269 Deut. 22:3 – Não deixarás de devolver ao seu dono o que achares Sim
N 270 Exo. 23:5 – Não deixarás de ajudar o homem ou o animal caído Sim
debaixo da sua carga
N 271 Lev. 19:35 – Não enganarás ou defraudarás no juízo, nos pesos e Sim
medidas
N 272 Deut. 25:13 – Não possuirás pesos ou medidas falsas ou inexactas Sim
Justiça
N 274 Exo. 23:8 – O Juiz não aceitará prendas ou subornos da parte dos Sim
litigantes
N 275 Lev. 19:15 – O Juiz não favorecerá um litigante (ser parcial) Sim
N 276 Deut. 1:17 – O Juiz não anulará a justiça por temor da pessoa Sim
perigosa ou cruel
N 277 Lev. 19:15 – Por piedade, o Juiz não favorecerá o pobre (Êxo Sim
23:3)
N 278 Exo. 23:6 – O Juiz não exercerá discriminação contra o injusto Sim
(não desviar o julgamento de uma pessoa acostumada a
determinado erro)
N 279 Deut. 19:13 – O Juiz não terá piedade pelo que tiver morto Sim
alguém ou que tenha mutilado alguém
N 281 Exo. 23:1 – O Juiz não ouvirá um litigante sem ouvir o outro Sim
N 282 Exo. 23:2 – Num caso de pena capital, o Tribunal não condenará Sim
alguém pela margem maioritária de um voto, Ou: Não decidirás
sobre uma causa de acordo com a maioria para perverter a
justiça
N 283 Exo. 23:2 – O Juiz não aceitará a opinião de um colega, a menos Sim
que esteja absolutamente seguro da sua decisão (Não decidirás
sobre uma causa de acordo com a maioria para perverter a
justiça)
N 284 Deut. 1:17 – Não nomearás um Juiz que não seja sábio nos N/A
preceitos da Torá
N 285 Exo. 20:16 – Não darás falso testemunho contra o teu próximo Sim
N 286 Exo. 23:1 – O Juiz não aceitará o testemunho de uma pessoa N/A
perversa (não porás o iníquo por testemunha)
N 287 Deut. 24:16 – O Juiz não aceitará o testemunho dos familiares do N/A
litigante
N 289 Exo. 20:13 – Não matarás um ser humano (ou não condenarás um Sim
ser humano inocente à morte)
N 290 Exo. 23:7 – Não condenarás baseado somente nas provas Sim
circunstanciais (i.e. não condenar pela lógica do raciocínio, sem
que as testemunhas hajam visto todos os pormenores necessários
para a condenação)
N 291 Num. 35:30 – Uma testemunha não assumirá o papel de Juiz num Sim
caso de pena de morte (que não diga o que veio para
testemunhar o que lhe parece ser o juízo para a pessoa sobre
quem dá testemunho)
N 292 Num. 35:12 – Não matarás um assassino sem este ser sujeito a Sim
julgamento e ser condenado (não matar aquele que incorreu em
penalidade de morte antes que seja julgado)
N 294 Deut. 22:26 – Não punirás uma pessoa por um pecado cometido Sim
debaixo de uma ameaça (não castigar aquele que foi forçado -
"...quanto à moça, nada lhe fareis...)
N 295 Num. 35:31 – Não aceitarás resgate pela vida do homicida que é Sim
culpado de morte (não receber indemnização de um assassino
por seu assassinato, em lugar de sua condenação)
N 297 Lev. 19:16 – Não hesites em salvar a vida de alguém que esteja Sim
em perigo (não estarás indiferente contra o sangue do teu
próximo)
N 299 Lev. 19:14 – Não induzirás em erro o teu semelhante ao dar-lhe Sim
intencionalmente um conselho errado
N 300 Deut. 25:2-3 – Não infligirás mais açoites no culpado além do Sim
número a que este foi condenado
N 301 Lev. 19:16 – Não espiar a forma de viver alheia e não a comentar Sim
(não andarás como mexeriqueiro)
N 302 Lev. 19:17 – Não albergarás ódio no teu coração contra o teu Sim
irmão
N 305 Lev. 19:18 – Não guardarás ódio ou rancor no teu coração Sim
N 306 Deut. 22:6 – Não tomarás o ninho do pássaro, não tomarás a ave- Sim
mãe deixando os filhos sem a mãe
N 308 Deut. 24:8 – Não cortar ou cauterizar (remover) outros sinais da N/A
lepra
N 309 Deut. 21:4 – Não lavrarás nem semearás um campo onde tenha N/A
sido encontrado um corpo de homem morto
N 311 Deut. 24:5 – Não obrigarás o homem a sair à guerra no primeiro Não
ano do seu casamento
N 312 Deut. 17:11 – Do que te intimarem os Sacerdotes ou o Juiz não te Não (terra
desviarás de Israel)
N 313 Deut. 13:1 – Não acrescentarás alguma coisa aos Mandamentos da Sim
Torá
N 314 Deut. 13:1 – Não retirarás alguma coisa aos Mandamentos da Torá Sim
N 316 Exo. 22:28 – Não amaldiçoarás o governante (ou o príncipe do teu Sim
povo)
N 317 Lev. 19:14 – Não amaldiçoarás a nenhum dos filhos de Israel (ou Sim
ao surdo)
N 319 Exo. 21:15 – Não ferirás (ou agredirás) no pai ou na mãe Sim
N 320 Exo. 20:10 – Não farás qualquer obra no dia de Sábado (Shabbat, Sim
desde o pôr-do-sol de 6ª Feira ao pôr-do-sol de Sábado)
N 321 Exo. 16:29 – Não caminharás para além dos limites (“eruv”) no Não
Sábado (esta instrução tinha a ver com não sair ao campo a
colher o maná no dia de Sábado)
N 322 Exo. 35:3 – Não infligirás qualquer castigo durante o Sábado (não Sim
acendereis fogo em todas as tuas habitações no dia de Sábado)
N 323 Exo. 12:16 – Não trabalharás no primeiro dia da Páscoa (primeiro Sim
dia da semana dos pães ázimos; traduzido comummente e
erroneamente como "Páscoa judaica")
N 324 Exo. 12:16 – Não trabalharás no sétimo dia da Páscoa (sétimo dia Sim
da semana dos pães ázimos)
N 326 Lev. 23:24 – Não trabalharás no primeiro dia do sétimo mês Sim
(também designado por “Yom Teruah” ou “Dia do Soprar das
Trombetas”)
N 327 Lev. 23:27-28 – Não trabalharás no décimo dia do mês sétimo. Sim
Nesse dia afligireis as vossas almas, i.e. jejuareis (“Yom Kippur”
/ “Dia da Expiação”)
N 330 Lev. 18:8 – Não terás relações incestuosas com tua mãe (não Sim
descobrirás a vergonha ou a nudez de tua mãe)
N 331 Lev. 18:8 – Não terás relações (ou descobrirás a nudez) com a Sim
mulher de teu pai
N 332 Lev. 18:9 – Não terás relações com a tua irmã (filha de teu pai ou Sim
filha de tua mãe)
N 333 Lev. 18:11 – Não terás relações com a tua meia-irmã (filha da Sim
mulher de teu pai, gerada por ele)
N 334 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua neta, filha de teu filho Sim
N 335 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua neta, filha de tua filha Sim
N 336 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua filha (não revelar a Sim
vergonha da filha - e por que não está explícita na Torá? Por
haver proibido a filha da filha, não viu a Torá necessidade de
lembrar a própria filha, e pela "chemu'á" sabemos fazer parte
esta proibição das demais proibições desta mesma classe de
preceitos)
N 337 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a sua filha Sim
N 338 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a filha do Sim
filho dela
N 339 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a filha da Sim
sua filha
N 340 Lev. 18:12 – Não terás relações com tua tia, irmã de teu pai Sim
N 341 Lev. 18:13 – Não terás relações com tua tia, irmã de tua mãe Sim
N 342 Lev. 18:14 – Não terás relações com tua tia, mulher do irmão do Sim
teu pai
N 343 Lev. 18:15 – Não terás relações com tua nora, a mulher de teu Sim
filho
N 344 Lev. 18:16 – Não terás relações com tua cunhada, mulher de teu Sim
irmão
N 345 Lev. 18:18 – Não terás relações com tua cunhada, irmã de tua Sim
mulher, enquanto tua mulher for viva
N 346 Lev. 18:19 – Não terás relações com uma mulher durante o Sim
período da sua menstruação
N 347 Lev. 18:20 – Não terás relações com a mulher do teu próximo Sim
N 348 Lev. 18:23 – O homem não terá relações com um animal Sim
N 349 Lev. 18:23 – A mulher não terá relações com um animal Sim
N 350 Lev. 18:22 – Um homem não terá relações com outro homem Sim
N 351 Lev. 18:7 – Um homem não descobrirá a vergonha de seu pai (não Sim
terá relações com seu pai)
N 352 Lev. 18:14 – Um homem não terá relações com o seu tio, irmão de Sim
seu pai
N 353 Lev. 18:6 – Um homem não terá relações com alguma mulher da Sim
sua parentela
N 354 Deut. 23:3 – Nenhum (“mamzer”) Moabita nem Amonita poderá N/A
ter relações ou desposar uma das filhas de Israel
N 355 Deut. 23:18 – Não terás relações de prostituição com uma mulher, Sim
ou seja, que não haja uma "qedechá" em Israel - isto é - uma
mulher que se dá ou que se vende corporalmente para relações
sem casamento
N 356 Deut. 24:4 – Que um homem não se torne a casar com a mulher Sim
de quem antes se divorciou, após ela se ter casado de novo com
outro homem
N 357 Deut. 25:5 – Que a mulher que enviuvou sem gerar filhos (a N/A
"iebamá") não case sem ser com o irmão do falecido marido
N 358 Deut. 22:29 - Quem houver forçado uma moça virgem, com a qual N/A
deverá casar-se obrigatoriamente, que não possa jamais dar-lhe
divórcio
N 359 Deut. 22:19 – Não poderás divorciar-te da tua esposa após a teres N/A
falsamente difamado
A Monarquia
N 362 Deut. 17:15 – Não nomearás rei aquele que não seja da semente Sim, N/A
de Israel (Yeshua é Rei)
N 363 Deut. 17:16 – Um rei não deverá acumular um número excessivo N/A
de cavalos
N 364 Deut. 17:17 – Um rei não deverá tomar para si muitas esposas N/A
N 365 Deut. 17:17 – Um rei em Israel não juntará para si grande riqueza N/A
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Notas finais:
1. Estes são os 613 preceitos que foram ditados a Moisés no Sinai, juntamente
com suas regras, suas particularidades e suas meticulosidades. O esclarecimento
de cada um dos preceitos veio a tornar-se naquilo que é conhecida como a Torá
Oral, recebido por cada Bet Din (Tribunal de Torá).
2. Há, contudo, outros preceitos, que foram instituídos após a outorga da Torá,
ordenadas pelos Profetas ou outros homens santos, sendo praticadas por todo o
povo de Israel, como a leitura da Megilá (o rolo de Ester) [na festividade de Purim,
a 14 do mês de Adar], o acender da vela de Hanukka [a partir do dia 25 de Kisleu,
após o pôr do sol, em memória dos milagres feitos a Israel na guerra contra o
império helénico], o jejum de tich'á beav (nove de Av) [data da destruição do
Templo pelos babilónicos e, posteriormente, pelos romanos], etc.
3. Todos estes 613 preceitos foram instituídos, como regra de vida para o povo de
Israel, o qual deveria ser uma luz para todos os outros povos, levando-os a aceitar
o mesmo modo de viver que YHWH deu a Israel, como normas de conduta (“Anda
em minha presença e sê perfeito”, disse YHWH a Abraão. Somos chamados a
aceitá-los e a cumpri-los com o nosso coração, de forma voluntária e com gozo
espiritual, pelo que está escrito [na Torá]: "...Não te desviarás do que te
disserem..." – Deut. 17:11, pelo que nada se lhes deverá acrescentar ou retirar: o
que também nos é dito e ordenado na Torá "...Não acrescerás, nem diminuirás...?"
(Deut. 13:1). Que não tenha qualquer homem permissão para renovar/alterar
algum destes preceitos, dizendo que Deus lhe ordenara sobre determinado
mandamento, ou que tal fosse acrescentado ao número de mandamentos da Torá,
ou que [Deus o ordenara a] eximir um dos preceitos dos 613 [outorgados nela].
5. Pela análise dos quadros acima podemos concluir que uma larga maioria dos
preceitos da Torá já hoje em dia são observados por muitos fiéis que “saíram de
Babilónia”.
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