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Candomblé e Orixás

De um modo geral, a bibliografia sobre os cultos religiosos afro-brasileiros, trata-os como se


oriundos de uma cultura única. Salvo vagas referencias as demais nações nesta ou naquela
obra.
Nossa contribuição limita-se confecção do elucidário, que é um dos anexos desta publicação.
Esperamos, assim, que os textos aqui publicados sirvam de base para novos estudos e
análises, tendo em vista a continuidade da influência da cultura Afro-Brasileira.

Antes de começarmos este estudo sobre ORIXÁS, vamos considerar a possibilidade de um


final da raça humana. Como reagiriam os deuses?
Vamos, portanto levantar as possibilidades, relatando o fim de cada Orixá, nesse processo
real/fictício, então agora leia e pense...

Um cataclismo nuclear de grandes proporções destruiria imediatamente a maior parte da vida


animal e vegetal do mundo. Tornaria o homem doente, incapaz até de reproduzir-se. Morre
EXÚ, o princípio da vida.
Ogum permaneceria vivo, pois ele é o deus da guerra, mas um dia chegaria em que o
homem não poderia mais lutar. Morre OGUM, a força brava do homem.
Com a vegetação destruída, não seria possível alimentar homens e animais. Não haveria mais
a mesa farta e a abundância de alimentos. Morre OXÓSSI que proporciona o alimento e caça,
o Axé.
Com a morte do verde, da vegetação, os remédios feitos a base de ervas não poderiam mais
ser produzido. O Candomblé, que nada faz sem ervas, não poderia realizar seus rituais de
hábito. Morre OSSAIM, médico e regente das ervas, o que dá encantamento.
O dinheiro por sua vez, perderia o valor, pois já não existiria mais nada o que comprar e sim
disputar. Morre OXUMARÊ, senhor do dinheiro e da prosperidade.
A terra, contaminada pela irradiação nuclear, já não produz mais alimentos, não tem valor para
o homem. Morre OBALUAWÊ, senhor da terra.
Depois de uma guerra nuclear, sumiria da terra também, o senso de justiça que ainda existe
nos homens. Morre XANGÔ, deus da justiça.
O vento já não traz frescor, mas o ar quente, poluído pela irradiação. Morre IANSÃ, senhora
dos ventos.
Os rios poluídos e sem vida, já não servem para mais nada. Morre LOGUN-EDÉ, regente dos
rios.
Com a água doce seriamente ameaçada, as cachoeiras seriam afetadas e o homem sofreria
escassez de água até para beber. As mulheres, com o ventre fragilizado pelas doenças, já não
conseguiriam mais segurar o feto em seu útero. Morre OXUM, deusa das águas doces e
Orixá da gestação.
Os mares já não proporcionam mais o alimento necessário. Estariam poluídos e ameaçados.
Agoniza YEMANJÁ... Breve a rainha dos mares também morrerá.
O espírito guerreiro do homem acabou. Em seu lugar ficaria a desilusão e a tristeza. Morre
OBÁ, a guerreira.
A chuva agora é outra. É de poeira nuclear, poluindo e matando o que resta. Já não existiria
mais beleza no mundo! Morre EWÁ.
Também Nanã, regente das tempestades, seria afetada e perderia parte de seus grandes
poderes. Pântanos e chuva já não seriam os mesmos. Morre NANÃ.
O tempo entra em paranóia, já não existiriam estações do ano, situações climáticas normais.
Morre TEMPO.
A alegria que existia no mundo acabou, com a grande catástrofe. Já não se vê a alegria das
crianças, já não se vêem as flores. Morre VUNGI, orixá da alegria.

O homem quer a paz, quer viver em paz, mas a grande guerra chegou, e com ela a destruição.
E de que adianta a paz, se nada mais existe, se a guerra devastou tudo? O homem já não
pode mais ver o céu. Morre OXALÁ, senhor da paz!

Lenda:
No princípio do mundo, existiam indivíduos incapazes de ouvir, ver e calar, era no Reino de
Abeokuta na África e no reino de Obatalá; chegou ao ponto desses indivíduos se
transformarem em clamor público. Como não podia deixar de ser, os soberanos tomaram
conhecimento do desgosto em que vivia seu povo, e resolveram, em uma reunião secreta,
escolher um homem que tivesse olhos e não enxergasse, tivesse ouvidos apurados e não
ouvisse, e boca e não falasse.
Isto acertado decidiram dar uma grande festa, primeira no Reino de Abeokuta, para onde
mandaria Obatalá seus nobres, e a segunda, no Reino de Obatalá, para onde mandaria o
seu Rei a nata de seus nobres, e assim foi feito. Os nobres de Obatalá foram convidados pelo
Reino de Abeokuta, e lá magnificamente recepcionados com o banquete e festa a eles
oferecidos. De regresso ao seu Reino desmandaram a contar tudo que viram e fizeram críticas
de tudo sem guardar nenhum segredo, ficando Obatalá profundamente aborrecido por não
encontrar em seus nobres um capaz de guardar consigo o que sabia.
Foi então organizada a festa no Reino de Obatalá, para onde foram convidados os nobres do
Reino de Abeokuta, entre eles havia um que não era bem visto pelos demais, por ser calado e
gostar de andar sozinho, e também só comia tudo de dois em dois, tinha quatro olhos, como
também não permitia que mulher alguma pegasse no que era seu, sempre carregava um
grande saco às costas, que servia de brincadeiras para seus pares no que ele respondia, um
dia vocês virão a precisar de mim. No que aumentava as brincadeiras de seus pares. Assim
partiram eles para o interior da África, sem darem maior importância ao nobre de saco às
costas. Lá chegando de tudo reparavam e criticavam sem se lembrarem que ali estavam como
nobres convidados de Obatalá, a não ser o velho de saco às costas, que tudo enxergava e
nada via, tudo ouvia e nada dizia. Assim chegou o dia do banquete, onde havia de tudo do
bom e do melhor de comidas africanas: ovelha, galos, galinha, patos, galinha dangola, igbin,
obi, orobô, cebola, óleo de dendê, vinho de palmeira, ebô, bananas, acaçás brancos e
vermelhos, quiabos, omolokum, inhame da costa, acarajé, abará, efó, ekuru, vatapá, caruru e
aberém.
E assim, como toda a comitiva, comeram e beberam a vontade, porém o nosso velho que de
tudo que comia colocava um pedaço no saco, como também de tudo que bebia colocava um
pouco numa cabaça, o que aumentou mais um pouco a crítica de seus pares que não
hesitaram em chamá-lo de guloso. Ao regressarem ao seu Reino, vieram eles a comentar e
criticar tudo que viram e ouviram, deixaram o velho do saco para trás, pois que seu saco
exalava um grande mau cheiro.
Pois, antes do regresso, Obatalá mandou que seus servos partissem tantos obís quanto era o
número de seus convidados e enchesse de ouro e prata, e ofertou a cada um deles uma bolsa,
dizendo-lhes que era uma lembrança da festa, eles então recusaram dizendo que não podiam
aceitar, por ter seu pai proibido que eles comessem aquela fruta, porem Exu não tinha fé em
nada, e aceitou logo duas, ora não deixou Obatalá de censurar o procedimento de Exu, foi
então que explicaram a história de Exu.
E assim chegaram eles ao Reino de seu Pai, que imediatamente passou a interrogá-los e eles
não esclareciam nada do que viram e ouviram, quando o Pai perguntou-lhes se não tinham se
lembrado dele, aos seus nobres, responderam-lhe:
- Não esquecemos um só minuto, senhor.
Então, perguntou o Pai:
- E que provas me dão de que não me esqueceram?
Eles abaixaram a cabeça e nada responderam, e por sentir a falta de nosso velho, por ele
perguntou:
- Onde está o homem de quatro olhos? Responderam que vinha muito atrasado, pois
carregava um enorme saco cheio de tudo que havia no banquete, exalando mal-cheiro.
Ordenou então que ao chegar viesse a presença dele, Orunmilà.
Exu que chegou todo sujo e esfarrapado, pegou seus dois orobôs, partiu-os para cozinhar e
comei-los, eis que teve a surpresa por encontrar prata e ouro em profusão, mais do que
depressa correu à loja e comprou o que havia de melhor e ricamente trajado apresentou-se no
meio dos outros que admirados perguntaram:
- Kiloxê, Oumim Obá-Obé?
Respondeu-lhes Exu:
- Xalê, Ogun o Nirê, Oreguedê, Forogun, Madê. Oreguedê.
Dois dias depois, chegou o nosso velho, que se apresentou imediatamente ao Pai, ora, os seus
pares correram logo para assistirem o que ele iria dizer ao Pai, e assim ficaram na expectativa,
aí na presença de todos passou o Pai a travar com o nosso velho o seguinte diálogo:
PAI: - Como foi de viagem, meu filho?
VELHO: - Bem, meu Pai.
PAI: - Que viste e ouviste por lá?
VELHO: - Senhor, vi e ouvi muitas coisas.
PAI: - E não me contas o que vistes e que ouvistes?
VELHO: - Senhor, eu fui convidado, e não como espião, por isso não fica bem dizer o
que vi e ouvi, por que nada do que vi e ouvi refere-se ao nosso Reino.
PAI: - E lá, tu te lembraste de mim?
VELHO: - Sim, meu Pai.
PAI: - E que provas me dás?
VELHO: - Eis aqui Senhor, abrindo o saco mostrou ao Senhor seu Pai dizendo, sei que
não serve para meu Pai comer nem beber, porém foi à única maneira que encontrei de provar
que não estava esquecido do Senhor.

Então o Pai levantou-se e perante a todos abraçou seu filho dizendo:


- Tu serás o guardião de meus segredos, só tu participarás e só tu poderás revelar o
passado, o presente e o futuro de todos nós. Serás o grande conselheiro do meu Reino,
e serás ouvido em todas as questões que houver. Tu serás o grande e inimitável IFÁ.

INTRODUÇÃO
O Candomblé, apesar da abundante bibliografia de que é objeto e ao contrário do que se
pode pensar, ainda é muito mal conhecido. Em particular, seu panteão, que até hoje não
foi estudado, constitui um sistema de classificação de diversos aspectos de realidade, e
entre outras coisas dos tipos humanos corno já haviam visto vários autores.
Procura-se, pois, no decorrer deste trabalho, responder as seguintes perguntas ente
outras:
1- Qual a origem do candomblé como expressão religiosa?
2- O que é um Orixá?
3- Qual e diferença entre Candomblé no Brasil e os Rituais na África?

CAPITULO I - CANDOMBLÉ
Def: RELIGIÃO, CERIMÔNIAS RELIGIOSAS, TEMPLO DE CULTOS Á VODUNS

Todo o povo YORUBÁ crê num Deus Universal, o Criador, o Guardião de todas as
coisas, que ele, chamam OLORUN (O LI ORUN), o proprietário, o senhor do céu, e,
algumas vezes, pôr outros nomes como OLUDUMARÉ, aquele que se mantém sempre
direito, OGO-OGO, o glorioso, que é educado. OLUWA, o senhor, etc. Eles têm a
doutrina da imortalidade, de recompensa e punições futuras, mas sobre esses pontos as
suas noções são obscuras.
Todos os mortos estão no ORUN, o HADES, OKÉ ORUN, O HADES SUPERIOR é a residência
do justo e o ORUN AKPADI, o HADES CRISOL é o lugar de punições... A doutrina idólatra,
que prevalece no YORUBÁ parece derivar pôr analogia, da forma e dos costumes do
governo citado: Não há senão um rei na natureza; Não há senão um Deus no Universo. Os
requerentes não podiam aproximar-se do rei senão pôr intermédio dos seus servos, dos
seus cortesãos e dos seus nobres; em conseqüência, o solicitante procurará conciliar-se pôr
meio de palavras amáveis e dádivas ao cortesão de quem busca proteção.
Da mesma maneira nenhum homem pode aproximar-se de Deus, mas dizem, que o todo
poderoso, instituiu maneiras diversas, como os Orixás que servem de mediadores e
intercessores entre Ele e os homens. Ninguém oferece um sacrifício a Deus, porque não
tem necessidade de nada, mas os Orixás que se assemelham muito aos homens, são felizes
em receber dádiva de carneiros, pombos e outras coisas. Procura-se conciliar o Orixá ao
mediador, a fim de que ele possa torná-los felizes, não em seu próprio poder; mas pelo
poder de DEUS.
Da mesma forma historicamente, temos aqui a origem do terno YORUBÁ, originando-se da
localidade denominada YARBA, primeiro ponto de estabelecimento deste povo na África.
YARBA é sinônimo do termo YARRIBA que os Haussas usam para identificar palavra
YORUBÁ.
Os manuscritos, achados arqueológicos e lendas levam a veneranda figura do ancestral
dessa raça, acentuando profundamente a Egípcia em seu todo. A mais famosa de todas as
peças encontradas até os dias de hoje considerada como uma das maravilhas de Ifé é o
OPÁ ORANIAN (monólito de ORANYAN), um Obelisco tido como tendo o túmulo deste herói
e que possui características de origem Fenícia.
Neste mesmo monólito encontramos palavras pertencentes a KABALLAH hebraica inscrita
de forma clara e evidente como uma mensagem a posteridade. As palavras (símbolos) são
o YOD, RESH, VÔ, BETH e ALEPH, definição hebraica, no nome YORUBÁ e cuja tradução
seria a seguinte:
YOD - A divindade pôr ordem da RESH - Unidade psíquica do ser VÔ Deu origem BETH - Ao
movimento de luz, objeto central ALEPH - De estabilidade coletiva do homem.
Assim os símbolos YOD e RESH comporiam as letras Y - O – R; o símbolo VÔ a letra U; O
símbolo BETH a letra B e o símbolo ALEPH a letra A:

YORUBÁ
O Brasil, apesar do sistema inquisitorial vigente á época e da conseqüente aparição do
sincretismo Católico Fetichista (UMBANDA), conservou certas tradições africanas, algumas
com grandes deturpações, porém, com um saldo positivo plenamente identificável no
samba, Candomblé e culinária.
Voltando ao conceito original encontramos um início filosófico na cultura e religião
Yorubana:
1- NIMROD encontra-se com DEUS (JEOVAH) sob o nome de OLODUMARE.
2- Após pacto semelhante que foi feito entre o mesmo DEUS e ABRAÃO, NIMROD troca de
nome passando a se chamar ODUDUWÁ;
3- ODUDUWÁ (NIMROD) filho de OLODUMARE (JEOVAH) parte para a Terra Prometida
(Vide Gênesis: 12 vs. 1/2/3, Gênesis 17 vs. 4/5/6);
4- NIMROD era descendente de NOÉ, neto de CAIM ( CAMITA) e filho de CUSI (KUSI)
Gênesis: 10 vs. 8/9.
5- ABRAAO (ex-ABRÃO) descendente de SEM (SEMITA) e ODUDUWÁ (ex-NIMROD)
descendente de CAIM (CAMITA.) eram parentes,
6- Data presumível da existência de Noé - 2300 a 2140 a.C.
7- Data presumível da existência de ABRAAO e ODUDUWA - 2.000 a 1800 a.C.

ETIMOLOGIAS
OLODUMARE
OLÓ = Senhor
ODU = Destino
MARÊ = Supremo
SENHOR DO DESTINO SUPREMO
Corresponde a personalidade de DEUS com o nome SHADAI ou ALHIN ISEBAOTH
(KABALLAH)

ODUDUWÁ
ODÚ = criador do destino
DU = ti, tua (recipiente, auto gerador)
IWA = existência
SER CRIADOR DA EXISTÊNCIA TERRENA (VIDA) CORRESPONDE À FIGURA DE ORIXALA.

OLOKUN
OLO (OLUWA) = Senhor, senhora, dono, proprietário (a).
OKUN = Oceano, alto mar.
SENHORA DOS OCEANOS

Dessa forma, ODUDUWÁ (NIMROD) une-se a OLOKUN (Oceano) assumindo a forma de


OBA - OLOKUN (Rei dos Oceanos), tendo 03 filhos.

OGUN: equivalente a Vulcano, senhor do ferro, fígado, agricultura.

ISHEDALE: equivalente a Afrodite, senhora das águas e mãe de todas as ninfas e


heroínas delicadas.

OKANBI: senhor do fogo, das conquistas e da justiça.

Com Okanbi, começa a epopéia dos heróis YORUBANOS, pois dentre seus 07 filhos
aparece ORANIAN. Cujo papel de implantação definitiva da cultura Yorubana é inargüivel,
independentemente de ter tentado continuar a missão de seu avô ODUDUWUA em sua
guerra santa contra os descendentes de ISMAEL, transformou-se na maior figura dessa
cultura, a tal ponto que é o mais famoso dos 07 filhos de OKANBI.
Para tal, repetindo a façanha de JACÓ com seu irmão ESAÚ, torna-se detentor de todas as
terras da África Ocidental instituindo o primeiro Feudo de que se tem notícia, instalando-se
definitivamente em ILÊ-IFE.

ORANIAN afastou-se temporariamente de IFÉ para fundar a antiga cidade de OYÓ, cujo
trono passa a chamar-se ITE - ALAFIN.
Em memória de seu pai, OKANBI, confere a este a honra Post Mortem* de ser o primeiro
Alafin de OYÓ, uma vez que pelo fato de ter nascido após a coroação de OKANBI foi
considerado o *AREMO OYE*.
ORANIAN reservou para sua posição de segundo alafin de OYO e senhor do Palácio Real
de Ilê-Ifé (OWONI TI ILÊ IFË).
ORANIAM foi pai de Ajuan ou Ajaká e Olufiran ou Sangô. Com o nascimento de Ajaká
e Sangô começa propriamente a dinastia dos OYÓS.

CRONOLOGIA
OKANBI 1º Alafin de Oyó 1700 a 1600 AC
ORANIAN 2º Alafin de Oyó 1600 a 1500 AC
AJAKÁ 3º Alafin de Oyó 1500 a 1450 AC
SANGÔ 4º Alafin de Oyó 1450 a 1403 AC
AJAKÁ 5º Alafin de Oyó 1403 a 1370 AC

ETNOLOGIA YORUBÁ

GRUPOS ÉTNICOS

HAUSSAS NUPES YGBIRRAS


YBOS EKOIS OYÓS
FULANIS IJAUS IBADANS
KANURIS IAPAS EFIKS
URHOBOS YBÍDIOS ITSHEKIRIS
EDOS EGBADOS IJEBUS
IJESAS EKITIS IGALAS
TIVS IDOMAS

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DA ÁFRICA


REIS NOTÁVEIS / TÁBUA CRONOLÓGICA REAL YORUBANA
REIS MINISTROS EVENTOS NOTÁVEIS
1- ODUDUWÁ Olorun-Fun-Mi Fundação de Ilê-Ifé
2- ORANYAN Efufu Ko-Fe-Ori Construção da antiga Oyó
3- AJAKA Erindilogun-Agbou --------------
4- SANGÔ Sale Ku Odi Conquistas de reinos
5- AJAKA Idem ---------------
6- GANJU Banija ---------------
7- KORI Eran-Kô-Gbina Construção de Edé / Osogbo
8- OLUOSO Esugbiri-Elu ---------------
9- ONIGBOCRI Aiyagbaró ---------------
10- AFIRAN Sokia Construção de Saki
11- EGWOJU Obalohun Construção de Igboho
12- OROMPOTO Asamu ---------------
13- AJIBOYEDE Ibate Celebração de Bebe
14- ABIPA Idem ---------------
15 OBALOKUN Iba Magaji Introdução do sal (uso)
16- AJAGBO Akidayin ---------------
17- ODARAVU Idem ---------------
18- KANRAN Woruda ---------------
19- JARJIN Iba-Biri Indicação de um Awujale
INTERREGNUM = Lapso de tempo histórico entre 500 e 300 anos.
20- AYBI Oluaja e Yabi ---------------

PRIMEIROS TERREIROS DE CANDOMBLÉ


A instituição de confrarias religiosas, sob a égide da Igreja Católica separava as etnias
Africanas. Os pretos de Angola formavam a Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa
Senhora das Portas do Carmo.
Os Daomehanos (Geges) reuniam-se sob a devoção de Nosso Senhor Bom Jesus das
Necessidades e Redenção dos Homens Pretos, na capela do Corpo Santo na cidade Baixa.
Os Nagôs, cuja maioria pertencia à nação Kêtu, fundaram duas irmandades:
uma de mulheres - Nossa Senhora da Boa Morte, outra de homens - Nosso Senhor dos
Martírios.
Nesta época várias mulheres enérgicas e voluntariosas originárias de Kêtu, escravas libertas
teriam tomado a iniciativa de criar na Bahia um terreiro de Candomblé chamado IYÁ OMI
ÀSE INTILÉ numa casa situada na Ladeira do Berquo, hoje Rua Visconde de Itaparica,
próxima a Igreja da Barroquinha.
A partir dai, o Candomblé começou a se espalhar, as claras pôr toda a Bahia. Outros
diversos terreiros foram criados formando então a primeira geração de mães, pais e filhos
de santo no Brasil.
Não se sabe com precisão a data de todos estes acontecimentos, pois no início do séc. XIX,
a religião católica era ainda a única autorizada. Os cultos diferentes eram considerados
clandestinos e as pessoas que faziam parte muitas vezes eram perseguidas.

TERREIRO

FUNDADOR (A)
1- IYA OMI ASE AIRA INTILÉ - Iyalussô Danadana - Iyalussô Akalá.
2- IYÁ OMI ASE IYAMASE - Júlia Maria Conceição Nazaré
3- CENTRO CRUZ SANTA DO AXÉ OPÔ AFONJÁ - Aninha Obabu e Joaquim Vieira da
Silva (Obasanya).

Esses três terreiros foram fundados na Bahia e formam juntos a primeira geração de Santo
no Brasil, originários de Kêtu.
A lista abaixo, aliás, extrai de minhas dissertações e pesquisas sobre livros, vou mencionar
sobre A Família de Santo no Candomblé Jêje - Nagô da Bahia. Mencionarei ainda os nomes
de terreiros, País e Nações que tanto nos honram com sua confiança e com amizade
pessoal, alguns infelizmente já falecidos, e que tanta paciência tiveram com a curiosidade,
às vezes impertinentes de pesquisadores. Estes foram e aqui vai uma lembrança àqueles
que já partiram. Os 20 (vinte) primeiros terreiros que através de exaustivas pesquisas,
tivemos conhecimento a partir dos anos 60:

1- Ilé Ogunjá - Procópio Xavier de Souza


2- Aldeia de Zumino Reanzarro - Manuel Naturidade Rodrigues Soares Filho (Nelve
Branco)
3- Ilé Maloralaje (Alaketú) - Olga Francisca Régis.
4- Centro Cruz Santa de Axé Opô Afonjá - Maria Bibiana do Espírito Santo - Mãe
Senhora.
5- Sociedade Beneficente São Lázaro - Cecília Moreira de Brito.
6- Axé Iaomin Iamassê - Maria Escolástica da Conceição (=) Sociedade Beneficente
São Jorge do Gantois Nazaré - Mãe Menininha.
7- Terreiro Eduardo de Ijexá - Eduardo Antonio Mangabeira
8- Terreiro Ogum Rei da Guiné - Waldemar Gomes
9- Terreiro Poçum Betá - Manuel Vitorino Costa (Manué Falefá)
10- Vila Flaviana - Maria Eugenia Boa Morte.
11- Bogum - Valentina Maria dos Anjos – Runhó (=)
12- Irmandade divino Espírito Santo - Teodolina Áures de Castro
13- Terreiro de Manso Bandunqueque - Antonio José da Silva (Bate
Folhas) Bandagwame.
14- Terreiro de Obaluaiê - Manuel José do Nascimento
15- Terreiro de Iombeci - Maria dos anjos Fernandes
16- Soc. Recreativa e Ben S. Jorge - Camilo José Machado
17- Sociedade Recreativa e Beneficente Santa Maria Madalena - Helena Dias do
Nascimento (Helena de Tempo)
18- Terreiro de Lembarezanga - Maria das Mercês Corrêa
19- Terreiro de Oxum Iabotô - Sabina dos santos Reis
20- Terreiro de Xangô - Maximiniana Santos Menezes (=) Faleceram desde o tempo das
primeiras pesquisas.

Os dados da pesquisa aqui utilizados documentam os casos em que as tradições culturais


Africanas resistem, mais que em outros, a mudança.
Mas em nenhuma instância, nem mesmo nos Candomblés mais ortodoxos e
ostensivamente zelosos de suas origens, deixou de existir factual e nítido, o processo das
modificações estruturais, causada pelas acomodações situacionais, pela diminuição ou
mesmo supressão de algumas prescrições rituais, sobretudo aquelas referentes à duração
de períodos de reclusão ritual e interdito comportamental e pôr outros vários fatores de
ordem Sócio-Econômico. Já nas descrições de antigos terreiros feitas na década de 30 e
40, notam-se sinais evidentes do fenômeno.
A pesquisa mais recente documenta o aligeiramento, o arremate como dizia uma venerável
mãe-de-santo de uma casa Nagô de alguns ritos, como lavagem de contas ou dar comida a
cabeça.
Uma vez reunidos, no Brasil e dominando a língua Nagô, naturalmente Jêjes, Ixis e Gás
adotaram imediatamente as crenças e cultos Iorubanos. E como depois da iorubana, é a
mitologia Jêje a mais complexa e elevada, antes se deve dizer que uma mitologia Jeje-Nagô
do que puramente Nagô, prevalece no Brasil.

CANDOMBLÉ NO CENTRO – OESTE


O Candomblé na Região Centro - Oeste Paulista tem evoluído muito.
Na região de Bauru até Marília vamos encontrar vários Candomblés, de alguma nação
como: Angola, Kêtu, Jêje, e Fon.
Para atingir sua evolução deveremos levar, anos de dedicação força de vontade para
enfrentar barreiras do preconceito das elites sociais, raciais, dentro das suas próprias
origens. Devemos nos unir e seguirmos na força do Orixá que evoluiu e persiste até os
dias de hoje.

ORIXÁS
EXÚ ELIGBARA / ESÚ OU ELÊGBARA
Esú origem Afro:
Exu é um Orixá ou um Ebora de múltiplos e contraditórios aspectos o que torna difícil
defini-lo de maneira coerente.
De caráter irascível ele gosta de suscitar dimensões e disputas, de provocar acidentes e
calamidades públicas e privadas. É astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto que
os primeiros missionários, assustados com essas características, compararam-no ao diabo,
dele fazendo o símbolo de tudo que é maldade, perversidade, objeção, ódio, em
oposição à bondade, á pureza à elevação e ao amor de Deus.
Entretanto, Exu possui o seu lado bom e, se ele é tratado com consideração, reage com
consideração, reage favoravelmente mostrando-se serviçal e prestativo. Se pelo contrário,
as pessoas se esquecerem, de lhe oferecer sacrifícios e oferendas, podem esperar todas as
catástrofes. Exu revela-se, talvez desta maneira o mais humano dos Orixás nem
completamente mau, nem completamente bom.
Ele tem as qualidades dos teus defeitos, pois é dinâmico e jovial constituindo-se, assim, um
Orixá protetor.
Como personagem histórica, Exu teria sido um dos companheiros de Oduduwa quando da
sua chegada a Ifé, e chamava-se Esú Obasin. Tornou-se mais tarde um dos assistentes de
Orunmilà, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo Epega, Exu tornou-se
rei de Kêtu sob o nome de Esú ALAKETU.
É Exu que supervisiona as atividades do mercado do rei em cada cidade de Oro e é
chamado Esú Akesan.
Como Orixá, diz-se que ele veio ao mundo com um porrete chamado Ogó que tem
propriedade de transportá-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e
de atrair pôr um poder magnético, objetos situados a distâncias igualmente grandes.
Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas. É também o que
serve de intermediário entre os homens e os deuses. Pôr esta razão é que nada se faz
sem que oferendas lhe sejam feitas antes de qualquer outro Orixá, para neutralizar suas
tendências a provocar mal entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os
deuses e, até mesmo, dos deuses entre si.

OGUM
Origem Afro:
Ogum, como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de Oduduwa o fundador
de lfé. Ogum teria sido o mais enérgico dos filhos, e foi ele que se tornou o regente do
reino de Ifé, quando Oduduwa ficou temporariamente cego.
Ogum, no Brasil é conhecido, sobretudo como deus dos guerreiros. Perdeu sua posição
de protetor dos agricultores, pois os escravos, nos séculos anteriores, não possuíam
interesse pessoal na abundância e na qualidade das colheitas e, sendo assim, não
procuravam a proteção neste domínio.
Isto explica, igualmente, o pouco-caso que os Yorubás, escravos no Brasil, deram ao Orisá
Okó, cujo culto continuou popular na África. Como deus dos caçadores, Ogum foi
substituído pôr Oxossi, trazido a Bahia pelos africanos de Kêtu, fundadores dos primeiros
Candomblés desta cidade.
Ogum recebe, na Bahia, sete nomes muito próximos daqueles com os quais ele é
designado na África. Existem algumas variações nas listas dadas pelas pessoas
interrogadas, mas os nomes mais freqüentemente mencionados parecem ser:
Ogum Oniré
Ogum Akorô
Ogum Alagbedê
Ogum Ogunjá
Ogum Méji
Ogum Omini
Ogum Wari
As pessoas consagradas a Ogum usam colares de contas de vidro azul escuro, e algumas
vezes, verde. Terça-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Como na África ele é
representado pôr sete instrumentos de ferro, pendurados numa haste do mesmo metal, e
pôr franjas de folhas de dendezeiros desfiadas, chamadas Mariwo.
É o primeiro também a ser saudado depois que Exu é despachado. Quando Ogum se
manifesta no corpo em transe de seus iniciados, dança com ar marcial agitando sua espada
e procurando um adversário para golpear. É então saudado com gritos de Ogum Iêêêê!
(Olá Ogum!). É sempre Ogum quem desfila na frente abrindo caminho para os outros
Orixás, quando eles entram no barracão nos dias de festa. Manifestados e vestidos com
suas roupas simbólicas.

Oxossi / Oxóssí - Ósóôsi


Oxossi, o deus dos caçadores, teria sido o irmão caçula ou o filho de Ogum, sua
importância deve-se a diversos fatores. O primeiro é de ordem material, pois, como Ogum,
ele protege os caçadores, torna suas expedições eficazes, delas resultando caça abundante.
O segundo é de ordem médica, pois os caçadores passam grande parte do seu tempo na
floresta, estando em contato freqüente com Ossaim, divindade das folhas
terapêuticas e litúrgicas, e aprendem com ele parte de seu saber. O terceiro é de ordem
social, pois normalmente é um caçador que, durante suas expedições, descobre o lugar
favorável à instalação de uma nova roça ou de um vilarejo. Torna-se assim o primeiro
ocupante do lugar e senhor da terra (Onilê), com autoridade sobre os habitantes que
vinham a se instalar posteriormente.
O culto a Oxossi encontra-se quase extinto na África, mas bastante difundido no Novo
Mundo, tanto em Cuba como no Brasil.
Na Bahia, chega-se mesmo a dizer que ele foi rei de Kêtu, onde outrora era cultuado. Isso
se explica, talvez, pelo fato de este país ter sido completamente destruído e saqueado
pelas tropas do rei do Daomé, no século XIX, e seus habitantes, inclusive os iniciados de
Oxossi, foram vendidos como escravos para o Brasil e Cuba.
Esses africanos trouxeram consigo o conhecimento do ritual de celebração desse culto.
Chegou-se a tal ponto que, embora existindo ainda em Kêtu os locais onde Oxossi recebia
outrora oferendas e sacrifícios, já não existem atualmente pessoas que saibam ou desejem
cultuá-lo.
No decorrer do Xirê dos Orixás, ele segura em umas das mãos o arco e a flecha, seus
símbolos e na outra um Erukerê, insígnia de dignidade dos reis da África e que lembra ter
sido ele Rei de Kêtu. Suas danças imitam a caça, a perseguição do animal e o atirar da
flecha. Oxossi é saudado com o grito: Okê.

OSSAIM / OSANYIN
Ossaim é a DIVINDADE das plantas medicinais e litúrgicas. A sua importância é
fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença, sendo ele o
detentor do Àsé (o poder), imprescindível até mesmo aos próprios deuses.
O nome das plantas, a sua utilização e as palavras (ofó), cuja força desperta seus poderes,
são os elementos mais secretos do ritual no culto aos deuses Yorubás.
O símbolo de Ossaim é uma haste de ferro, tendo na extremidade superior é um pássaro
em ferro forjado; esta mesma haste é cercada pôr seis outras dirigidas em leque para o
alto.
Uma história de Ifá nos ensina como o pássaro é a representação do poder de Ossaim. É
o seu mensageiro que vai a toda parte, volta e se empoleira sobre a cabeça de Ossaim,
para lhe fazer o seu relato. Esse simbolismo do pássaro é bem conhecido das Feiticeiras,
aquelas freqüentemente chamadas Eleye, proprietárias do pássaro-poder.
Cada divindade tem as suas ervas e folhas particulares, dotadas de virtudes, de acordo
com a personalidade do deus. Lydia Cabrera publicou uma lenda interessante, difundida
em Cuba, sobre a repartição das folhas entre as diversas divindades:
Ossaim havia recebido de olodumare o segredo das ervas. Essas eram de sua
propriedade e ele não as dava a ninguém, até o dia em que Xangô se queixou a sua
mulher Oyà-Yansã, senhora dos ventos, de que somente Ossaim conhecia o segredo de
cada uma dessas folhas e que os outros deuses estavam no mundo sem possuir nenhuma
planta. Oyá levantou suas saias e agitou-as impetuosamente. Um vento violento começou
a soprar. Ossaim guardava o segredo das ervas numa cabaça pendurada num galho de
árvore. Quando viu que o vento havia soltado a cabaça e que esta tinha se quebrado ao
bater no chão, ele gritou:
Ewê O! Ewê O! (oh! As folhas oh! As folhas!), mas não pôde impedir que os deuses as
pegassem e as repartissem entre si.

XANGÔ / SÁNGÒ
Xangô, como todos os outros Imole (Orixás e Eboras), pode ser descrito sob dois
aspectos: histórico e divino.
Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Òyó, (rei de Oyó), filho de
Oranian e Iorosi, a filha de Elempê rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança
com Oranian. Xangô cresceu no país de sua mãe indo instalar-se mais tarde em Kòso
(Kossô), onde os habitantes não o aceitaram pôr causa de seu caráter violento e
impetuoso, mas ele conseguiu finalmente, impor-se pela força. Em seguida acompanhado
pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de
Kossô. Conservou, assim, seu titulo de Obá Kossô, que, com o passar do tempo veio a fazer
parte de seus Oriki.
Dadá Ajaká, filho mais velho de Oranian, irmão consangüíneo de Xangô, reinava então
em Ogó. Dadá é nome dado pelos Yorubás às crianças cujos cabelos crescem em tufos
que se frizam separadamente. Ele amava as crianças, à beleza e as artes; de caráter calmo
e pacífico... E não tinha a energia que se exigia de um verdadeiro chefe nessa época.
Xangô o destronou. Dada Ajaká exilou-se em Igboho, durante 07 anos, de reinado de
seu meio irmão. Teve que se contentar, então em usar uma coroa feita de búzios chamada
Adê de Baáiyàni. Depois que Xangô deixou Oyó, Dadá Ajaká voltou a reinar.
Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se
contra os parentes da família materna de Xangô, atanado os Tapás.
Os adeptos de Xangô seguram nas mãos um instrumento musical utilizado apenas pôr
eles, o Séré (Xére), feito de uma cabaça alongada e contendo no seu interior pequenos
grãos. Convenientemente sacudido durante a recitação dos louvores de Xangô, este
instrumento imita o ruído da chuva. Algumas vezes os Eleguns usam também, a tiracolo um
Làbà (uma bolsa, grande em couro ornamentado), no qual Xangô guardaria seu Édun Ará,
que ele lança sobre a terra durante as tempestades. Tambores de uma forma particular,
chamados Bata, do qual são utilizados para acompanhar as danças. Na Bahia diz-se que
existem doze Xangôs:
1- Dada
2- Obá Afonjá
3- Obalubé
4- Aganjú
5- Oranian
6- Baru
7- Ogodô
8- Airá Intilé
9- Obá Kossô
10- Airá Igbonam
11- Jacutá
12- Airá Adjaosi
Reina uma certa confusão nessa lista, pois Dada é irmão de Xangô, Oranian é seu pai e
Aganjú, um dos seus sucessores.
Também na Bahia acredita-se que Ogodô é originário do território Tapá, o que segura dois
Oxês quando dança sendo o seu Edún Àrá composto de dois gumes. Os Sirá seriam
Xangôs muito velhos, sempre vestidos de branco e usando contas azuis (Segui) em lugar
de corais vermelhos, como os outros Xangôs. Ao que parece, teriam vindo da região de
Savé. Xangô foi sincretizado como São Jerônimo no Brasil e como Sta. Bárbara em Cuba.
Já assinalamos anteriormente o caráter estranho de semelhantes escolhas.
Na Bahia, quando uma festa é celebrada em honra a Dadá, irmão mais velho de Xangô, a
cerimônia toma um aspecto de comemoração histórica, sem que participantes, saibam
muitas vezes, a história dos Yorubás.
O Yaô de Dadá vem dançar frente à assistência, tendo na cabeça uma coroa, o Adê de
Baiani. Logo depois Xangô, possuindo um dos seus iniciados, toma a coroa, colocando-a
sobre sua própria cabeça. Após ter dançado assim adornado, pôr um certo tempo, a coroa
é restituída a Dadá.
Esse elemento do ritual parece ser uma reconstituição do destronamento de Dadá Ajaká
pôr Xangô e sua volta ao poder 07 anos mais tarde.

OIÁ – IANSA - OYA YANSÀN


As pessoas dedicadas a Iansã, nome sob a qual ela é mais conhecida no Brasil, usam
colares de contas de vidro grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o
mesmo dia de Xangô, seu marido. Seus símbolos são como na África: os chifres de búfalo
e um alfanje, colocados sobre seu Peji.
Recebe oferendas de acarajés (Akàra na África). Quando se manifesta sobre um dos
iniciados ela se adorna com uma coroa semelhante a dos reis Africanos, cujas franjas de
contas escondem o seu rosto.
Ela traz um alfanje numa das mãos e um erukerê feito da cauda de cavalo na outra.
Suas danças são guerreiras e, se Ogum está presente ela se engaja num duelo com ele,
lembrança sem dúvida de suas antigas divergências. Ela evoca também, através de seus
movimentos sinuosos e rápidos, as tempestades e os ventos enfurecidos.
Seus fiéis saúdam-na gritando: EPA HEY OYÁ!
No Brasil, Oyá é sincretizada como Santa Bárbara e em Cuba a Nuestra Señora de La
Candelaria.
Certas Iansãs, chamadas Yànsán de Igbali, ligadas ao culto dos mortos, os Egunguns,
quando dançam parecem expulsar as almas errantes com seus braços largamente abertos e
estendidos para frente.

OXUM – ÒSUN
Oxum é a divindade do rio do mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Era
segundo dizem, a segunda mulher de Xangô tendo vivido antes com Ogum, Orunmilà e
Oxossi.
Oxum é chamada de Iyáilóde (Ialodê), título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais
importante entre todas as mulheres da cidade. Além disso, ela é a rainha de todos os rios e
exerce seu poder sobre a água doce, sem a qual a vida na terra seria impossível. Os seus
axés são constituídos pôr pedras do fundo do Rio Oxum, de jóias de cobre e de um pente
de tartaruga.
Numerosos lugares profundos (Ibú), ente lgédé, onde nasce o rio e Leke, onde ele deságua
na lagoa, são os locais de residência de Oxum. Aí ela é adorada sob nomes diferentes e
suas características distintas uma das outras.
No Brasil e em Cuba os adeptos de Oxum usam colares de contas de vidro de cor amarelo-
ouro e numerosos braceletes de latão.
O dia da semana consagrado a ela é sábado e é saudada na África pela expressão: Ore
Yèyé ô! (chamemos a benevolência da mãe).
É recomendável oferecer-lhe pratos de Omoloku (mistura de cebolas, feijão-fradinho, sal e
camarões) e de Odun (farinha de milho misturado com mel e azeite-doce). A sua dança
lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora que vai ao rio se banhar,
enfeita-se com colares, agita os braços para fazer tilintar seus braceletes, abana-se
graciosamente e contempla-se com satisfação num espelho.
O ritmo que acompanha a sua dança denomina-se Ijexá, nome de uma região da África pôr
onde corre o Rio Oxum. No Brasil é sincretizada como Nossa Senhora das Candeias, na
Bahia, é Nossa Senhora dos Prazeres no Recife. Em Cuba ela é Nuestra Señora de La
Caridad Del Coire.

OBÁ – OBÀ
No Brasil assim que Obá aparece num Candomblé, manifestada numa das suas iniciadas,
ata-se um turbante em sua cabeça a fim de esconder uma de suas orelhas, conto
recordação da briga que teve com Oxum pôr causa de Xangô.
Se Oxum manifesta-se neste momento, a tradição exige que as duas divindades
encarnadas procurem lutar novamente e é preciso então intervir energicamente para
separá-las. A dança de Obá é guerreira: ela brande um sabre com uma das mãos e leva
um escudo na outra.
Ela é sincretizada como Santa Catarina, mas como existem muitas com este nome não se
sabe ao certo se se trata de Santa Catarina de Alexandria, de Bolonha, de Gênova ou de
Siena.

IEMANJÁ – IEMOJA
Iemanjá cujo nome deriva de Yéyé Omo Ejá (mãe cujos filhos são peixes), é o Orixá
dos Egbá, uma nação Yorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde
existe ainda o rio Yemanjá. As guerras entre nações Yorubás levaram os Egbás a emigrar
na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX.
O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeokuta. Os fiéis
desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio
Ogun, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o Rio lakoxa.
Esta água é recolhida em jarras, transportadas numa procissão seguidas pôr pessoas que
carregam esculturas de madeira (ére) e um conjunto de tambores. O cortejo, na volta, vai
saudar as pessoas importantes do bairro começando pôr Olúbàrá, o rei de Ibará.
Yemanjá, cansada de sua permanência em Ifé foge mais tarde em direção a oeste.
Outrora, Olóòkun lhe havia dado, pôr medida de precaução, uma garrafa contendo um
preparado, pois não se sabe jamais o que pode acontecer amanhã! Com a recomendação
de quebrá-la no chão em caso de extremo perigo. E assim, Iemanjá foi instalar-se no
*Entardecer da Terra* o oeste com olofim - Odudua, rei de Ifé.
Iemanjá é uma divindade muito popular no Brasil e em Cuba. Seu axé é assentado sobre
pedras marinhas e conchas, guardadas em porcelana azul. O sábado é o dia da semana
que lhe é consagrado, juntamente com outras divindades femininas. Seus adeptos usam
colares de contas de vidro transparente e vestem-se de preferência de azul-claro.
Oferecem-lhe pratos a base de milho branco, azeite, sal e cebola. Na dança suas yaôs
imitam o movimento das ondas, flexionando o corpo e executando curiosos movimentos
com as mãos, levadas alternadamente a testa e à nuca, cujo simbolismo não chegamos a
identificar. Manifestada em suas yaôs, Iemanjá segura um abano de metal branco e é
saudada com gritos de: Odò Iyá! (Mãe do Rio).

OXUMARÊ – ÒSÙMÀRÉ
Oxumarê é a serpente arco-íris, suas funções são múltiplas. Diz-se que ele é um servidor
de Xangô e que seu trabalho consiste em recolher a água caída sobre a terra durante a
chuva, e levá-la de volta as nuvens... Mas achamos nesta definição um certo tom educativo
e descritivo dos fenômenos da natureza para escolas primárias ocidentais.
Oxumarê é a mobilidade e a atividade. Uma de suas obrigações é a de dirigir as forças
que produzem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado, o cordão umbilical,
está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se
torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação desta
árvore. Ele é o símbolo da continuidade e da permanência e, algumas vezes é representado
pôr uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Enrola-se em volta da
terra para impedi-la de se desagregar. Se perdesse as forças, isso seria o fim do mundo...
Eis ai uma excelente razão para não se negligenciar suas oferendas.
Oxumarê é, ao mesmo tempo, macho e fêmea. Essa dupla natureza aparece nas cores
vermelha e azul que cercam o arco-íris. Ele representa também a riqueza, um dos
benefícios mais apreciados no mundo dos Yorubás.
No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usa colares de contas de vidro amarelo e
verde, ou amarelo e preto. A terça-feira é o dia da semana consagrado a ele. Seus iniciados
usam brajá, longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecer escamas de serpente,
e trazem na mão um Ebiri espécie de vassoura feita com nervuras das folhas de palmeiras.
Outras vezes seguram também uma serpente de ferro forjado. Durante suas danças, seus
yaôs apontam alternadamente para o céu e para a terra. As pessoas gritam: Arroboboi!
Para saudá-lo.
Na Bahia, Oxumarê é sincretizado como São Bartolomeu. Festejam-no numa pequena
cidade nos arredores, que leva seu nome. Seus fiéis, ai se encontram, no dia 24 de agosto
a fim de se banharem numa cascata coberta pôr uma neblina úmida, onde o sol faz brilhar
permanentemente o arco-íris de Oxumarê.

OBALUAÊ - OMOLU – XAPANÃ / OBALÚAYÉ - OMOLU – SÀNPÒNNÁ


No Brasil e em Cuba, como na África, Xapanã é prudentemente chamado Obaluaiê ou
Omolu. É sincretizado como São Lázaro e São Roque, na Bahia e em Cuba, e como São
Sebastião no Recite e Rio de Janeiro.
As pessoas que lhe são consagradas usem dois tipos de colares: o Lagidibá, feito de
pequeninos discos pretos enfiados, ou o cotar de contas marrons com listras pretas.
Quando o deus se manifesta, sobre um dos seus iniciados, ele é acolhido pelo grito: Atotô!
Seus Yaôs dançam inteiramente vestidos de palha da costa. A cabeça também é coberta
pôr um capuz da mesma palha, em cujas franjas recobrem seu rosto. Em conjunto,
parecem pequenos montes de palhas, em cuja parte inferior aparecem pernas cobertas pôr
calças de renda e na altura da cintura as mãos sacudindo um xaxará, espécie de vassoura
feita de nervuras de folhas de palmeira, decorada com búzios, contas e pequenas
cabaças que se supõe conter remédios. Dançam curvados para frente, como que
atormentados pôr dores, e imitam o sofrimento, as coceiras e os tremores de febre. A
orquestra toca para Obaluaiê um ritmo particular chamado Opanijé, significando em
Yorubá: ele mata qualquer um e o come, expressão que encontramos nas saudações
dirigidas a ele na África.
Segunda-feira é o dia da semana consagrado a ele. Nesse dia o chão do adro da Igreja de
São Lázaro na Bahia e coberto de pipocas que as pessoas passam em seus próprios corpos
para se preservarem de possíveis doenças contagiosas, associando assim, numa mesma
manifestação, a sua fé à força do deus africano e do santo católico.

NANÃ BURUKU / NÀNÁ BURUKU / NÀNÁ BÙKÙÚ / NÀNÁ BRUKUNG


Nanã Buruku é conhecida no novo mundo, tanto no Brasil como em Cuba, como a mãe
de Obaluaê-Xapanã. É sincretizada conto Sant’Ana no Brasil e como Nossa Senhora do
Carmo ou Santa Teresa em Cuba.
Os colares de contas de vidros usados pôr aqueles que lhe são consagrados são na cor
branca com listas azuis. Segundo uns, o seu dia é a segunda-feira, juntamente com seu
filho Obaluaiê, segundo outros é o Sábado ao lado das outras divindades das águas.
Seus adeptos dançam com a dignidade que convém a uma senhora idosa e respeitável.
Seus movimentos lembram o andar lento e penoso, apoiando num bastão imaginário, que
os dançarinos curvados para frente, parecem puxar para si. Em certos momentos viram-se
para o cento da roda e colocam seus punhos fechados um sobre o outro, parecendo
segurar o bastão, num gesto semelhante que vimos em Ichetti, na África.
Quando Nanã Buruku se manifesta numa de suas iniciadas é saudada pelos gritos de:
Saluba! Oferecem-lhe pratos preparados com quiabos sem azeite, mas bem temperados.
É considerada a mais antiga das divindades das águas, não das ondas turbulentas do
mar como Iemanjá, ou das águas calmas dos rios, domínio de Oxum, mas das águas
paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos. Estas lembram as águas primordiais que
Odudua ou Oránmiyán (segundo tradição de Ifé ou de Oyó) encontrou no mundo
quando criou a terra.
Um mito sugere a existência de uma civilização onde Nanã Buruku (contundida com
Yemowo a mulher de Orisànhà-Obá-Igbó) estaria presente antes da chegada de
Odudua com Ogum no seu séqüito.
ORIXALA - OBA TALA – OXALA / ORINSALÁ – OBATALÁ
No novo mundo na Bahia particularmente, Oxalá é considerado o maior dos Orixás, o
mais venerável e o mais venerado. Seus adeptos usam colares de contas brancas e vestem-
se de branco. Sexta-feira é o dia consagrado a ele.
Esse hábito de se vestir de branco na sexta-feira estende-se a todas as pessoas filiadas ao
Candomblé, mesmo aquelas consagradas a outros Orixás, tal é o prestígio de Oxalá. É
sincretizado na Bahia como o Senhor do Bonfim, sem outra razão aparente senão a de ter
ele, nesta cidade um enorme prestígio e inspira fervorosa devoção aos habitantes de todas
as categorias sociais.
Porem em Cuba, Oxalá é relacionado como Nuestra Señora de La Merced.
Diz-se na Bahia que existem 16 Oxalá’s:
1- Obatalá
2- Odudua
3- Orixá Okin
4- Orixá Lulu
5- Orixá Ko
6- Oluiá Babá Roko
7- Oxalufã
8- Babá Epe
9- Babá Lejugbe
10- Oxaguiã
11- Orixá Akanjapriku
12- Orixá Ifuru
13- Orixá Kere
14- Babá Igbo
15- Ajaguna
16- Olissassa
Dos Orixás FUNFUN, os mais conhecidos na Bahia são os mesmos da África:
OXALUFÃ: Oxalá Velho
OXAGUIÃ: Oxalá Novo

Agora, quero deixar alguns ensinamentos, para saberdes conduzir-vos no futuro:


Eis como quero que ensineis vossos descendentes, e estes aos descendentes dos seus. Somos
a grande nação jeje-nagô, composta pelas tribos: Mahii, Fon, Mina, Oyó, Samba, Ijexá, Ewés,
Gás, Kêtu, Fantis, Krobos e outros ainda, oriundos do Golfo da Guiné. A nossa cultura foi
fundada pôr Odudua. Amai as crianças e não deixai que elas se submetam as condições
adversas impostas pôr qualquer situação.
As mães devem criá-las melhor do que foram e não devem Jogar a seus filhos as
conseqüências das desditas do dia-a-dia.
Aos homens posso dizer que não existirá diferença entre a situação de ontem, de hoje e de
amanhã, enquanto os conceitos, de honra, liberdade e dignidade residirem apenas na língua
dos catequistas. Portanto o negro terá que lutar com honra e dignidade pôr sua liberdade, sem
esperar ajuda de quem quer que seja. O negro que não souber sua origem será uma eterna
vítima da sociedade em que viver e o será a tal ponto, que passará a odiá-la, sem distinguir
seus semelhantes, quer sejam negros, mulatos ou brancos que, como ele, também são vítimas
do poder asfixiante das classes dominantes a tal ponto que ficará revoltado acabando pôr
estranhar seus próprios irmãos de sofrimento, matando-os, roubando-os, quando, na
realidade, o autor e responsável pelo seu sofrimento é outra pessoa que jamais conheceu o
valor da conquista, pois recebeu o seu quinhão já feito.
Será, pois, através do conhecimento das origens, cultura e costumes, que seus ancestrais
trouxeram para este país, que os futuros negros poderão enfrentar de cabeça erguida a luta
diária pela vida, liberdade e sustento de seus familiares. Jamais abra mão da cultura herdada
de seus ancestrais.
Levai esses ensinamentos convosco e passai-os a seus filhos e ajudai-vos mutuamente.
Estendei a mão a todos os vossos semelhantes independentes da cor, credo ou origem, pois
assim poderemos transformar essa terra em uma nação unida.

Que OLODUMARÊ nos dê a maior de todas suas bênçãos


AXÉ ODARA!
Fortes de Luaê.

BIBLIOGRAFIA:
1- Bastide, Roger. Imagens do Nordeste Místico, Rio de Janeiro, Cruzeiro 1945.
2- Biobaku (1), S.O. An historical sketch of the peoples of western Nigéria, in Odú Ibadan, 1958.
3- Igué (1), John Ogunsola. Yoruba settlement é population in the gulf of Benin, in Conf. On Yoruba civilization, Ifé, 1976.
4- Igué (11), Johun Ogunsola. Origine des villes Yoruba cotonu 1978.
5- Lepine, Claude. Contribuição ao estudo dos tipos psicológicos num Candomblé Kêto em Salvador. Vol. I e II Tese apresentada a Un.
De São Paulo em 1978.
6- Obayemi, M. A. The Yoruba e edo speaking people e their neighbours in History of west África (Ajavi & Crowder) Londres 1974.
7- Rodrigues (1), Nina. O Animismo Fetichista dos Negros, baianos, Rio de Janeiro 1935.
8- Fonseca, Junior Eduardo. Dicionário Yorubá (Nagô) / Português, Ed. Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro 1988.
9- Verger (x11), Pierre. Lendas dos Orixás Salvador, Currupio, 1981.
10- Barcellos, Mário César. Os Orixás e o segredo da Vida - Pallas - Rio de Janeiro 1995
Constam ainda depoimentos, apostilas, fitas K-7, fitas de vídeo, material oriundo de intercâmbio cultural Brasil /África, Brasil / Flórida.
Material cedido gentilmente para consulta, pela biblioteca particular de Fortes de Luaê.

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