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RODAS HIDRÁULICAS

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Introdução

•São máquinas motrizes capazes de


transformar a energia potencial de um
salto em trabalho mecânico.

•A água age sobre a roda


principalmente pelo seu peso;
Rodas movidas a água

Compostas por um
dispositivo circular montado
sobre um eixo, contendo na
sua periferia caçambas ou
aletas dispostas de modo a
poder aproveitar a energia
hidráulica.

Podem ser de três tipos:


•sobre axial;
•sub axial de eixo horizontal;
•e sub axial de eixo vetical.
Histórico

•As rodas d’água tiveram sua


origem na antiguidade: Egito, China
e Pérsia.
•Com o avanço tecnológico 
necessidade de mais potência 
aumento de tamanho  pouco
práticas.
•Substituição pelas turbinas a
A eletrificação também
vapor;
foi um fator que
•E posteriormente no século XIX
contribuiu para sua
pelos turbinas hidráulicas (França).
desativação.
Aplicações

• Indústrias rurais
• Moendas
• Moagem de grãos
• Serraria
• Bombeamento de água para estábulo, bebedouro,
residência, etc
• Restaurantes (decoração)
Moagem de grãos
Moagem de grãos

Diâmetro Potência Velocidade, rpm Capacidade


das pedras necessária, Alimentação em
cm em cv Humana Animal kg/h

40 1,0 a 1,5 80 a 100 140 a 180 40 a 80

50 1,5 a 2,0 60 a 80 100 a 140 60 a 120

60 2,0 a 2,5 40 a 60 80 a 100 80 a 160


Bombeamento de água - Nora
Bombeamento de água
Bombeamento de água - Constituição
e funcionamento

• Constitui-se basicamente de:


• uma roda de chapas de aço dotada de caçambas;
• um eixo de transmissão, em aço, girando sobre
mancal com rolamento de esferas;
• uma bomba alternativa dotada de conjunto de
lubrificação;
• tubulação de sucção;
• câmara de ar;
• tubulação de recalque com válvula de retenção;
• e um cavalete de sustentação do sistema.
Bombeamento de água
Serraria
Marca ROCHFER

• Modelo: PB-70, com cavalete.


• Diâmetro x largura da roda: 1,90 x 0,22
metros.
• Vazão mínima para acionamento; 20 l/s
considerando uma altura de recalque de 80
metros
• Produção: 25.500 litros/dia (24 horas) para
uma rotação de 20 rpm.
• Diâmetro de saída da bomba: 1 polegada
• Racalque máximo possível: 150 metros.
Materiais utilizados
Madeira (mais econômica, menor vida útil);
Metal (mais cara, maior durabilidade);
Mistas

Roda metálica
Características
São normalmente grandes;
Giram lentamente;
Rotação de 3 a 20 rpm;
Alto torque;
Design simples;
Fácil construção;
Baixa manutenção;
Baixo custo;
Baixa eficiência;
Tipos

Roda d’água vertical


impulsionada por baixo

Roda d'água vertical


impulsionada por cima

Roda d’água horizontal,


gira no sentido que a
água bate nas pás.
Classificação
•Rodas com alimentação por cima
•Rodas com alimentação lateral ou de lado
•Rodas com alimentação por baixo
•Roda de PONCELET
•Roda Pelton

Hexenlochmuhle
Rodas sobreaxiais
(rodas com alimentação por cima)

Recebem a água na parte


superior, com pequena
velocidade afim de reduzir
o impacto contra as pás,
ao penetrar nas caçambas
seu peso causam o
movimento.
Sobre axiais
• Possuem pequenas caçambas montadas diagonalmente
na roda.
• A água é conduzida por um canal e derramada na parte
alta da roda, de modo a encher as caixinhas a medida que
estas passam pela parte alta da roda,
• Isso faz com que um dos lados da roda fique mais pesado
e faça a roda girar.
• Este tipo de roda aproveita principalmente a energia
potencial da água uma vez que faz o aproveitamento se
dá pelo deslocamento da água de um ponto mais alto para
um ponto mais baixo.
Roda sobreaxial com
Jato sob controle

Roda sobre axial do Tipo


Retrógada
Rodas com alimentação por cima
Recomendado para quedas com 3 a 10 m;
Vazões acima de 30 l/s e não superior a 1000 l/s;
Rendimento: 50 a 80 %
 Gera 22 kW a 8 rpm;
 Mais indicada p/ moer grãos e gerar eletricidade;
No Brasil é o tipo mais comum.

Princípio: recebem a água na parte superior, com pequena


velocidade afim de reduzir o impacto contra as pás, ao
penetrar nas caçambas seu peso causam o movimento.
Localização

O local para assentamento do motor hidráulico deve ser o mais


próximo possível das instalações que utilizarão a energia gerada,
e onde não esteja sujeito a inundações ou desmoronamentos.
Rodas com alimentação lateral
Altura de queda de 1,5 a 3,5 m
Rendimento: 50 a 60 %
Vazões até 3000 l/s
Rodas subaxiais
(rodas com alimentação por baixo)
Rendimento de 30 a 45 %;
Altura de queda: 0,5 m a 2,0 m.
Sub axiais
• Nas rodas do tipo sub axial a água passa por baixo
do eixo da roda, a qual possui aletas que ficam em
contato com a água da corredeira do rio, ou do
canal.
• As rodas sub axiais aproveitam principalmente a
energia cinética, uma vez que ocorre atavés da
velocidade da água.
Roda de PONCELET

• = 65 a 80 %;
•Quedas: 1a1,6 m;
•Diâmetro: 4,5 m até 4 x a
diferença de altura entre o nível
da barragem e o do
reservatório de saída;
•Conchas de aço;
•Muita força e baixa velocidade;
•Indicada p/ trabalho mecânico
e não para geração de energia.
Roda de PONCELET

h
Roda Pelton
Potência Teórica ou Bruta de uma Queda D´água

E p  mgH

En  m gH

m  Q
g  
En  QgH
En  QH
Potência útil ou disponível  E n  γQHη
Potência efetiva, útil ou disponível
1000QH
P( cv ) 
75
P - Potência disponível, cv;
Q – Vazão disponível, m-3.s-1;
H – Diferença de cota entre o nível da água no
canal de adução à roda e o nível da água
no canal de fuga, m
- Rendimento, decimal
1 cv = 75 kgf. m.s-1.
Potência elétrica disponível

P( cv ) .Gerador
P( kW )  736
1000

P - Potência elétrica disponível, kW;


Gerador- Rendimento do gerador, decimal
Rendimento

Motor hidráulico Rendimento,  %

Rodas d’água de palhetas planas radiais,


20 – 40
recebendo água pela parte superior
Rodas d’água de palhetas curvas,
45 - 55
recebendo água pela parte superior
Rodas d’água de alcatruzes, recebendo
60 - 80
água pela parte superior
Roda Pelton 75
Dimensionamento
1. Escolha da velocidade tangencial da roda (Vr)
A experiência indica que esta velocidade deve ficar entre 1 e 2
m/s, afim de que a força centrífuga surgida pelo movimento da
roda, interfira o mínimo no enchimento das caçambas.
2. Velocidade da água na entrada da roda (Va)
Como a velocidade de regime da periferia da roda não é igual à
do fluxo de água incidente, chega apenas de 50 % a 80 %, a
velocidade da água na entrada da roda de ser:
Vr Vr
Va  Va 
0,5 a 0,8 Va em m/s

Obs.:A água deve encher a metade ou até 2/3 da cuba


3. Carga hidráulica na calha (h1)

Pode ser estimada por:

Va2
h1   1,6h2
2g

Onde g aceleração da gravidade (m/s2) e h2 abertura da comporta


em m, geralmente situa-se entre 0,05 a 0,15 m.
4. Diâmetro externo da roda (D)
D  H  ( h  0 , 03 )

h  h1  h2  h3
h3  e.i
Onde
h – altura da bica até a roda (20 cm a 30 cm)
e - comprimento da calha direcional do jato, m
i – inclinação ou declividade da calha (1:12 a 1:20)
5. Raio externo da roda (R)
D
R
2
6. Largura da comporta (l)
Q
l
1,4h2 2 g (h1  1,6h2 )
7. Largura da roda (L)

L  l  0,20
8. Distância entre os mancais (L1)
L1  L  0 , 04
9. Raio interno (r)
Q.D
r R  2

k .Vr .L

Onde k pode variar de 0,30 a 0,66


10. Profundidade das caçambas (p)
p  R  r
11. Espaçamento teórico entre caçambas (t)
t=p

12. Número teórico de caçambas (z)

D
z
t
13. Número teórico de raios (I)
I=D+2
14. Número real de raios (Ir)
Deve ser um número par, inteiro e o mais próximo, superior ao
calculado.

15. Número real de caçambas (zr)


Deve ser par, inteiro e o mais próximo a “z” e múltiplo de Ir.
16. Espaçamento real entre caçambas (tr)
D
tr 
zr
17. Profundidade real das caçambas (pr)

pr = t r

18. Raio médio (Rm)


R r
Rm 
2
19. Rotação de trabalho da roda em rpm (N)

60.Vr
N
 .D
Roteiro para o desenho da roda movida a água
EXEMPLO

Uma fazendeiro deseja instalar uma roda hidráulica com admissão


por cima, em um córrego com salto de 5 m e vazão de 200 litros
por segundo. Pede-se: a) todas as informações necessárias à
execução do projeto. b) A energia elétrica disponível supondo uma
perda na transmissão de 15 %. Adote para a roda um rendimento
de 65 % e para o gerador 90 %.
Potência estimada, cv 8,7 cv
Velocidade periférica 1,5 m/s
Velocidade média da água na 2,31 m/s
entrada da roda
Carga hidráulica na calha adotando- 0,35 m
se h2 = 0,05 m
Diâmetro externo da roda adotando-
se i = 1:16 e comprimento da calha 4,52 m
direcionadora 30 cm

Raio externo da roda 2,26 m


Largura da comporta 1,24 m
Largura da roda 1,44 m
Distância entre mancais 1,48 m
Raio interno, para k = 0,48 2,06 m
Profundidade das caçambas 0,20 m
Espaçamento teórico entre 0,20 m
caçambas
Número teórico de caçambas 70,99
Número teórico de raios 6,52
Número real de raios 8

Número real de caçambas 72

Espaçamento real entre caçambas 0,20 m

Profundidade real da caçamba 0,20 m


Raio médio 2,16 m

Rotação da roda 6,34 rpm

Potência elétrica disponível 4,898 kW


Exemplo
Rendimento do sistema
R = (Ph/Pm).100
Onde:
Pm (Potência Mecânica) = 2.pi.N.T/75.60
• É necessário conhecer:
• Vazão;
• Altura manométrica;
• Raio da polia;
• Torque;
• Potência;
• Posição de descarga;
• Ângulo de saída;
Exemplo
Exercício

Dimensionar uma roda de admissão por cima para uma queda de 6 m ,


vazão 70 litros/s.

Uma propriedade possui uma queda com 5 m de altura e vazão de 300


l/s. Verifique se a implantação de uma gerador acionado por uma roda
Pelton, é capaz de atender as seguintes necessidades: 10 lâmpadas
incandescente de 100 W cada; 1 motor de 5 cv, rendimento 85 %; 1
geladeira 400 W; 1 ferro elétrico 1000 W e 1 chuveiro de 4400 w.
Rendimento da roda e do gerador respectivamente: 75 e 90 %. Caso não
se possível que recomendação você faria?

No exercício anterior dimensione a roda Pelton informando: o diâmetro


do tubo de alimentação da setia, o diâmetro do orifício de saída do jato
da setia, a largura, comprimento e profundidade das conchas, o diâmetro
da roda e o número de conchas. Dados rotação da roda: 200 rpm. Altura
líquida 4,5 m.
Uma roda movida a água de
admissão por cima é instalada
num local onde a vazão é 100 L/s
e a altura útil 3,8 m. Determine o
diâmetro da polia e a potência do
gerador para que opere com uma
rotação de 1200 rpm.
Rendimentos: 65 e 90 %
respectivamente motor hidráulico
e gerador.
Bibliografia
DUARTE, E. F., COUTO, J. L. do, CASTANHEIRA, R. G. Rodas hidráulicas, uma opção
energética. Seropédia: UFRRJ, s.d. 26p.
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EMBRATER. Roda para elevação de água. Boletim n. 7. 1981.
GUIA RURAL MEU SÍTIO. Editora abril, 1982. Número 2.
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MIALHE, L. G. Máquinas motoras na agricultura. EDUSP, 1980. 289P. (V.1).
MONTOVANI, A., MANTOVANI, E. C. Aproveitamento de pequenas quedas d’água. Viçosa:
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NAGIB MANSUR IND. E COM. Alternador Alterina. Manhuaçu – MG.
CEPEL. Relatório técnico ADG-A/PER-787/2000. Manual de aplicação de sistemas
descentralizados de geração de energia elétrica para projetos de eletrificação rural - PCH´s
versão 1. 48p. 2000.

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