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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CAMPUS ANCHIETA
Curso Engenharia Básica

Atividades Práticas Supervisionadas


PROJETO PONTE MACARRÃO
Trabalho desenvolvido para
obtenção de nota do 2º semestre na
disciplina de Atividades Práticas
Supervisionadas
São Paulo
2012
Sumário
1. RESUMO
O presente trabalho está focado na construção de uma ponte treliçada utilizando-se
macarrão do tipo espaguete da marca Barilla e de número 7 e um teste sustentação
de carga em sua estrutura.
A proposta do trabalho, bem como as diretrizes básicas para a construção da ponte
fora demandada pela Universidade Paulista aos alunos de Engenharia, sendo esta
uma exigência para a obtenção de nota na disciplina de Atividades Práticas
Supervisionadas – APS.
O objetivo principal do trabalho foi a aplicação dos conceitos teóricos e práticos de
engenharia aprendidos até o semestre corrente.
A ponte construída deve vencer um vão livre de 1 metro e suportar o mínimo 3 kg de
carga por um período de 10 segundos, e a carga máxima aplicada foi de 20 kg.

2. INTRODUÇÃO

A partir de 1750, inicia-se a era da produção industrial, das máquinas e da energia a


vapor, tudo isso se faz representar também na arquitetura.
As construções definitivamente passam a se inclinar à praticidade, rapidez e
economia de tempo e dinheiro.
Após a Revolução Industrial as pontes passaram a ganhar destaque, o que até
então cabiam somente à arquitetura das catedrais.
Construir pontes para transpor vales e rios era essencial para alavancar a economia
na época.
Os modelos de ponte construídos em arco, utilizando o ferro tornou-se freqüente a
partir de 1779. A ponte Ironbridge (ponte de ferro), construída na cidade de
Coalbrookdale na Inglaterra, eliminou a necessidade de utilizar balsas para cruzar o
Rio Severn, o que custava muito tempo às indústrias da região.

Foto 1: Ironbridge
A competição de construção de ponte de macarrão não é de hoje, diversas
universidades brasileiras e ao redor mundo, utilizam-se desta competição como
método de ensino.
Com base em experiências didáticas similares relatadas em várias instituições de
ensino do exterior e por uma iniciativa pioneira no Brasil em competições desta
natureza, um evento foi proposto pela aos alunos da UFRGS no semestre 2004/1,
como um trabalho prático de várias disciplinas do Departamento de Engenharia Civil.
Consiste na análise, projeto, construção e ensaio destrutivo de uma ponte treliçada
de macarrão do tipo espaguete, conforme as especificações detalhadas no
regulamento daquela competição.

3. REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO

3.1. Disposições gerais

a) Os grupos de pesquisa devem utilizar para a construção da ponte o macarrão


tipo espaguete da marca Barilla número 7.
b) Cada grupo poderá participar com apenas uma ponte.
c) Cada grupo terá no máximo 10 componentes.

3.2 Normas para a construção da ponte

3.2.1. A ponte deverá ser indivisível, de tal forma que partes móveis ou encaixáveis
não serão admitidas.

3.2.2. A ponte deverá ser construída utilizando apenas massa do tipo espaguete
número 7 da marca Barilla e colas do tipo resina (p.ex.: Araldite, Poxipol, Colamix,
etc.), será admitida também a utilização de cola quente em pistola para a união das
barras nos nós. Outros tipos de cola poderão ser admitidos se submetidos
previamente à consideração do professor da turma participante da competição.

3.2.3. O peso da ponte (considerando a massa espaguete e as colas utilizadas) não


poderá ser superior a 1 Kg.

3.2.4. No limite de peso prescrito (1 Kg), não serão considerados o peso do


mecanismo de apoio fixado nas extremidades da ponte (descrito a seguir, no item 7),
nem o peso da barra de aço para fixação da carga (descrito a seguir, no item 10),
que serão estimados em 150 g.

3.2.5. A ponte não poderá receber nenhum tipo de revestimento ou pintura.

3.2.6. A ponte deverá ser capaz de vencer um vão livre de 1 m, estando apoiada
livremente nas suas extremidades, de tal forma que a fixação das extremidades não
será admitida.

3.2.7. Na parte inferior de cada extremidade da ponte deverá ser fixado um tubo de
PVC para água fria, de 1/2" de diâmetro e 20 cm de comprimento para facilitar o
apoio destas extremidades sobre as faces superiores (planas e horizontais) de dois
blocos colocados no mesmo nível.
3.2.8. Cada extremidade da ponte poderá prolongar-se até 5,0 cm de comprimento
além da face vertical de cada bloco de apoio. Não será admitida a utilização das
faces verticais dos blocos de apoio como pontos de apoio da ponte.

3.2.9. A altura máxima da ponte, medida verticalmente desde seu ponto mais baixo
até o seu ponto mais alto, não deverá ultrapassar 50 cm.

3.2.10 A ponte deverá ter uma largura de 20 cm, ao longo de todo seu comprimento.

4. Dados Gerais

4.1. Sobre o Macarrão

• Número médio de fios de espaguete em cada pacote: 500


• Diâmetro médio: 1,8 mm
• Raio médio: 0,9 mm
• Área da seção transversal: 2,545 x 10-2 cm2
• Momento de inércia da seção: 5,153 x 10-5 cm4
• Comprimento médio de cada fio: 25,4 cm
• Peso médio de cada fio inteiro: 1 g
• Peso linear: 3,937 x 10-2 g/cm
• Módulo de Elasticidade Longitudinal: 36000 kgf/cm2

4.2. Dados sobre a Resistência à Tração

A carga de ruptura por tração para um fio de espaguete, independe do


comprimento do fio, e foi determinada através do ensaio de 6 corpos de prova
submetidos a tração até a ruptura.
A carga média de ruptura obtida nestes ensaios foi de 4,267 kgf.

4.3. Dados sobre a Resistência à Compressão

A carga de ruptura por compressão dos fios de espaguete, está relacionada


com o fenômeno da Flambagem, que depende do comprimento do fio de
espaguete, das propriedades geométricas da sua seção transversal e das
condições de vinculação das extremidades.

Para as turmas das disciplinas onde o estudo da Flambagem está fora do


escopo do conteúdo abordado nas aulas, a carga de ruptura por compressão
para cada barra comprimida da treliça da ponte, pode ser determinada
através de curvas que foram obtidas a partir dos resultados de 93 ensaios de
compressão de corpos de prova de diferentes comprimentos e formados por
diferentes números de fios de espaguete.

Destas curvas, apresentadas a seguir, pode ser obtida a carga de ruptura por
compressão para barras de diferentes comprimentos, formadas por diferentes
números de fios de espaguete.
Curvas de Carga de Ruptura por Compressão x Comprimento da Barra, para
barras formadas com diferentes números de fios de espaguete.
Curvas de Carga de Ruptura por Compressão x Número de Fios de
Espaguete da Barra, para barras com diferentes comprimentos.

Para as turmas das disciplinas onde o estudo da Flambagem forma parte do


conteúdo abordado nas aulas, na determinação da carga de ruptura por
compressão de cada barra comprimida da treliça da ponte, sugere-se a
proposta de roteiro de cálculo com a utilização da curva de Flambagem que
foi obtida a partir dos resultados dos testes de compressão.

4.4. Proposta de Roteiro de Cálculo para Dimensionamento das Barras

A partir dos resultados de 6 testes de tração e dos resultados de 93 ensaios de


compressão de corpos de prova de diferentes comprimentos e formados por
diferentes números de fios de espaguete (realizados por Luis Alberto Segovia
González, Luis Henrique Bento Leal, Mário Sérgio Sbroglio Gonçalves, Bruna
Guerra Dalzochio, Rafael da Rocha Oliveira e Carlos Eduardo Bernardes de
Oliveira), foi redigido pelo Prof. João Ricardo Masuero um roteiro de cálculo para o
dimensionamento das barras das treliças das pontes. Os dados e gráficos
publicados nesta página estão baseados nos ensaios mencionados e podem ser
utilizados livremente, desde que seja citada a fonte e sejam devidamente
mencionados todos os autores dos ensaios realizados.

4.4.1. Barras em tração

Para encontrar o número de fios de espaguete necessário, basta dividir o Esforço


Normal de tração calculado, pela resistência de cada fio:

4.4.2. Barras em compressão

Para encontrar o número de fios necessários, consideremos que a Flambagem


ocorre em regime elástico linear, seguindo a equação de Euler. Os dados dos testes
de Flambagem foram condensados na curva de Flambagem abaixo, onde os pontos
em azul representam os resultados experimentais, a curva em preto um ajuste de
função potência, com coeficiente de determinação de 94%, e os pontos em amarelo
os resultados para diversos índices de esbeltez, considerando-se a curva de Euler
com um Módulo de Young E = 36000 kgf/cm2 ou 3600 Mpa (N/mm2).
Gráfico 1: Curva de Flambagem Elastica

A equação de Euler é:

Onde PCR é o Esforço Normal de compressão que a barra deve suportar, A é a área
da seção transversal, é o índice de esbeltez da barra, lfl é o comprimento de
flambagem da barra, é o raio de giração e I é o momento principal central de
inércia da seção.

Considerando-se que a partir de um certo número de fios de espaguete, a seção


transversal tende para uma seção circular, pode-se escrever:
e que, em barras rotuladas, o comprimento de flambagem é igual ao comprimento
real ou distância entre nós, obtém-se:

Mesmo que os nós não sejam rotulados, mas rígidos com uniões coladas, a
consideração anterior é conservativa pois não se pode garantir o engastamento
perfeito das barras nos nós, levando a uma situação intermediária entre a
considerada e a engastada.

O número de fios pode ser obtido dividindo-se a área necessária pela área de cada
fio.

onde r é o raio de um fio de espaguete.

Assim, para os dados do espaguete, a equação acima fica:

para N em kgf, l e r em cm

para N em N, l e r em mm

5. Softwares para simulações e cálculos

Diversos softwares estão disponíveis para simulações de cálculos de pontes


treliçadas, entre eles FTOOL2, Analisys for Windows, West Pont Bridge Designer
2004, MDSolids.
Neste trabalho utilizamos o software FTOOL para simularmos a carga aplicada a
ponte e obtenção dos esforços solicitantes nas barras.
Nos diversos materiais pesquisados foi possível verificar que a definição da
geometria da ponte, os tipos de materiais usados, a correta aplicação dos cálculos e
correta execução do projeto foram fatores preponderantes para o sucesso do
projeto.
O programa permite analisar estruturas de barras no plano, e fornece como
resultados reações, diagramas de esforços e deslocamentos. O programa é
Freeware (limitado à análise de estruturas com até 96 barras). Existem versões para
Windows e para Linux.

6. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

6.1. Organização do Grupo de Estudo

O presente estudo foi realizado por 10 alunos do 3º e 4º semestres do Curso Básico


de Engenharia da Universidade Paulista – Unidade Anchieta.
Primeiramente nos reunimos para dividir as primeiras tarefas que eram:
a) Pesquisar trabalhos acadêmicos inerentes ao tema
b) Pesquisar software de construção de protótipos
c) Pesquisar tipos de cola a serem utilizadas
d) Desenvolvimento do trabalho teórico
Como são muitas as literaturas a respeito, buscou-se focar nas informações que
realmente iriam fazer a diferença na execução do projeto.
Para este trabalho, o regulamento da competição impõe que seja utilizada a cola
branca. Nos materiais pesquisados, as colas mais recomendadas são do tipo resina
epóxi por darem maior resistência à ponte.

6.2. Estudo de Dimensionamento das Barras

Planilha 1: Dimensionamento inicial das barras (ponte de testes)


Planilha 2: Dimensionamento final das barras

6.3. Desenho das Treliças Principais

Figura 4: Desenho das treliças principais


Figura 5: Desenho das treliças principais com ação das forças – software: Autocad.

Imagem 3: Desenho dos grupos de colunas


Imagem 2: Visualização da Ponte em 3D - Software: SolidWorks Premium 2010

7. Construção da Ponte de Teste

Após a definição dos materiais e métodos o grupo se reuniu em um fim de


semana na residência de um dos integrantes para procedermos com a
construção de uma ponte treliçada e o teste destrutivo da mesma.

7.1. Layout da Ponte

Para o início da construção utilizamos um layout em escala 1:1, neste modelos


temos a descrição de cada coluna e principalmente com quantos fios cada coluna
será formada.

Foto 1: Layout da ponte (vista superior e lateral)


7.2. Materiais Utilizados para Construção

Os materiais utilizados para a construção da ponte foram:


a) Maçarrão Barila nº 7
b) Cola Araudite
c) Pistola de Cola quente
d) Serra
e) Pincel
f) Filme de PVC
g) Tesoura
h) Gabaritos metálicos

Foto 2: Materiais utilizados


7.3. Análise e Junção dos Macarrãos

A construção da ponte de teste foi iniciada pela análise qualitativa, separação e


junção dos macarrãos com cola quente em forma cilíndrica.

Foto 3: Tarefa de análise e separação dos macarrão

Foto 4: Tarefa de junção dos macarrãos com cola quente


7.4. Corte das Colunas

Durante o planejamento da construção houve uma preocupação muito grande por


parte do grupo em conseguir as colunas da ponte com a mesma medida e ainda
sem abalar ou danificar a estrutura dos fios na fase de corte. Por isso construímos
gabaritos metálicos e cortamos as colunas com máquina lixadeira.

Foto 5: Tarefa de corte das colunas

7.5. Conferência das colunas

À medida que as colunas ficavam prontas elas eram colocadas em cima do layout
para conferirmos o dimensional e composição de cada uma, e ainda para que
pudéssemos controlar a confecção das mesmas.
Foto 6: Conferência das colunas

7.6. Montagem da Ponte

Quando todas as colunas já estavam prontas iniciamos a junção das colunas, de


acordo com o layout, ou seja, a construção da ponte propriamente dita.

Foto 6: Montagem da ponte


7.7. Reforço das Junções

Finalizada a montagem fizemos reforços com cola quente nas junções das colunas,
pois entendemos que estas poderiam estar frágeis e que os pontos de junção
poderiam não suportar no teste de carga.

Foto 7: Reforço das junções

7.8. Teste de Carga da Ponte de Teste

A ponte construída para teste suportou inicialmente 6 kg, a partir dos 10 segundos
iniciais as junções da ponte não suportaram e as colunas começaram e se
desprender.
Este teste inicial nos mostrou que precisávamos reforçar as junções das colunas, e
que elas eram frágeis e desta forma a ponte não suportaria a carga para qual ela foi
projetada.

8. Construção da Ponte para Competição

O grupo de pesquisa construiu uma nova ponte para o dia da apresentação aos
professores, durante a construção desta buscamos reforçar o máximo suas junções,
pois pudemos verificar que na ponte de teste este eram pontos falhos da nossa
construção.
Para transporte da ponte confeccionamos um caixote de metal para acondicionar a
ponte e transportá-la até a sala de teste na Universidade Paulista, procuramos
garantir que a ponte não sofreria nenhuma avaria durante o transporte, fato este que
ocorreu com a ponte de teste durante as manipulações por um integrante do grupo
que acidentalmente esbarrou uma das extremidades em uma mesa causando uma
pequena avaria em sua estrutura.

9. Competição

A apresentação da ponte e a submissão de sua estrutura a testes foi realizada no


dia 20/11/12 no Laboratório do 4º andar da Universidade Paulista - Unidade
Anchieta.
Os avaliadores da ponte foram o Prof. Júnior e a Prof. Mirthes, o Prof. Colle também
estava presente e acompanhou o evento como assessor.
Inicialmente a ponte foi posicionada por um dos integrantes do grupo apoiada em
suas extremidades por 2 mesas, sendo que estas estavam separadas entre si e
gabaritadas para aferir o comprimento da ponte.
O teste de carga teve início com 3 kg, sendo esta a carga mínima exigida pela
Universidade, a ponte suportou o incremento de carga até os 20 kg, limite máximo
estabelecido para o testes e por um período de 10 segundos em cada testada.
Atingido o limite máximo de carga e sem avarias em sua estrutura a ponte foi
quebrada pelo Prof. Júnior com o auxílio de um haltere, a finalidade da quebra era
verificar o interior das colunas e certificar a não utilização de outro material na
construção da ponte que não o Macarrão (p. ex. arames).
10. Referências Bibliográficas

1. www.aprofi.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10&
2. www.bridgecontest.usma.edu/
3. www.civil.camosun.bc.ca/spaghetti_bridge/
4. www.cpgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/index.html
5. www.cpgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/tutorial/analysis/
6. www.cpgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/tutorial/ftool/
7. www.cpgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/tutorial/ponte/TutorialWebpreloader_c
ontent.html
8. www.cpgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/tutorial/tubos/
9. www.fec.unicamp.br/~jls/
10. www.ferris.edu/htmls/othersrv/sbridges/intro.cfm
11. www.jhu.edu/~virtlab/spaghetti-bridge/
12. www.labmec.fec.unicamp.br/~jls/ec205/EC-Spaghetti/ec-spaghetti.htm
13. www.lem.ep.usp.br/pef604/Trabalho2004.html
14. www.lmc.ep.usp.br/people/tbitten/
15. www.lrm.ufjf.br/pontes2.html
16. www.nead.unisal.br/~teleduc/cursos/aplic/index.php?cod_curso=673
17. www.ppgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/index.html
18. www.ppgec.ufrgs.br/segovia/espaguete/
19. www.sedgleymanor.com/people/abraham_darby.html
20. www.sjs.sd83.bc.ca/subj/tech/bridge/pasta/pasta.htm

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