Você está na página 1de 4

TERAPIA CONTRACEPTIVA HORMONAL

CICLO MENSTRUAL E HORMONAL FEMININO


 Baseado em uma interação hormonal complexa, mas sujeita principalmente às influências de estrógeno
e progestinas;
Obs: o aumento do estrogênio durante o ciclo promove retroalimentação negativa sobre LH e FSH; contudo,
no meio do ciclo (14 dias), ocorre o inverso, com um aumento da concentração levando ao desaparecimento
da retroalimentação negativa e ao pico de LH (ovulação)
 Estrógeno:
 Promove alterações puberais – características sexuais secundárias, modelagem corporal, formato
do esqueleto; estímulo da proliferação endometrial (contraindicação em endometriose), proteção
do canal genital (espessamento de mucosa, lubrificação, aumento do pH e produção de líquido
cristalino e finlante), diminuição da temperatura vaginal;
 Nos homens, estimula crescimento puberal e maturação esquelética, reduz testosterona e
regula metabolismo e fertilidade.
 Promove ainda aumento da gordura subcutânea, aumento da espessura da pele, redução de
glândulas sebáceas, elevação de renina e fatores de coagulação, edema de tecido conjuntivo;
 IC: hipoplasia uterina, dismenorreia, vaginite, esterilidade por muco hostil, síndrome climatéria,
hirsutismo, acne, antagoniza a prolactina (contraindicação quando em amamentação), aumento da
nidação.
 Progestinas:
 Promovem diminuição dos pulsos de GnRH (efeito contraceptivo), diminuição da proliferação
endometrial (indicação válida na endometriose) e aumento da espessura do endométrio (por
hipertrofia de miocélulas), muco mais espesso com leucócitos (hostil), aumento da secreção de
trompas (nutrição do ovo);
 Promovem ainda deposição periférica de gordura, redução de HDL, sonolência, aumento da
temperatura corporal, diurese, hipotensão;
 IC: supressão ovariana, endometriose, teste de secreção de estrogênio (administração de
progesterona e retirada, se houver sangramento houve ação do estrogênio), dificuldade de
engravidar.
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS
 Regularizam os níveis hormonais e os ciclos menstruais, aliviam TPM, diminuem o fluxo
(endometriose, anemia), regressão de cistos funcionais ovarianos, aumentam densidade óssea,
fornecem um meio de contracepção consciente (custos e segurança aceitáveis para planejamento
familiar);
 Estrogênio e progestina:
 Estrogênio: etinilestradiol;
 Progestinas: variam de acordo com o fármaco;
 Noretindrona, desogestrel*, levonorgestrel;
 Ciproterona – anti-androgênico  diminui acne e hirsutismo;
 Gestodeno* - anti-mineralocorticoide  melhora retenção hídrica;
 Drospirenona – anti-mineralocorticoide e anti-androgênico;
 *: associados a risco aumentado de tromboembolismo.
 A eficácia teórica dos contraceptivos hormonais em combinação é de 99,9%, baseando-se em uso
perfeito do método; na prática, o uso rotineiro não apresenta mesma eficácia;
 Os fármacos contendo estrogênio podem possuir baixa dosagem de estrogênio (≤ 35μg) ou alta
dosagem (de 35 a 50);
 As pílulas contendo 15 μg são chamadas “ultra light” e demandam uso mais rígido.
 Mecanismo de ação da contracepção combinada:
 Inibição da ovulação por feedback negativo em nível hipotalâmico (↓ FSH e LH), alteração de
muco cervical (dificulta penetração de espermatozoides), alterações endometriais que produzem
ambiente desfavorável à nidação, alteração no transporte tubário do ovo fertilizado (aumento no
risco de gravidez ectópica).
 Fármacos:
 Etinilestradiol + desogestrel: Microdiol®, Femina®, Mercilon®, Minian®, Primera®,
Gracial®;
 Etinilestradiol + levonorgestrel: Evanor®, Neovlar®, Ciclon®, Gestrelan®, Nociclin®,
Microvlar®, Nordette®, Level®, Trinordiol®, Triquilar®, Levordiol®;
 Etinilestradiol + gestodeno: Ciclo 21®, Gestinol 28®, Gynera®, Minulet®, Tâmisa 30®,
Diminut®, Femiane®, Ginesse®, Harmonet®, Micropil R21®, Tâmisa 20®;
 Etinilestradiol + ciproterona: Diane 35®, Selene®; indicados para tratamento de manifestações
androgênicas na mulher, contracepção hormonal oral, tratamento de endometriose, terapia de
ovário policístico; tratamento de hipersexualidade ou desvios de comportamento sexual em
homens;
 Pílulas ultra light: Minesse®, Mirelle®, Siblima®; 15 mcg de etiniltradiol e 60 mcg de gestodeno;
 Apresentação em cartelas com 24 ou 28 pílulas.
 Pílulas com drosperinona: Yasmin®, Yas®; cartela contendo 24 pílulas, com 4 dias de repouso;
indicadas para mulheres que normalmente incham com outras pílulas, acne e redução dos efeitos
da TPM.
OUTRAS OPÇÕES
 Anel vaginal flexível: etinilestradiol e etonogestrel - NuvaRing®;
 Uso por 3 semanas e remoção por 1 semana;
 Impede a ovulação por meio da secreção de FSH e LH pela hipófise; imita pílulas combinadas mas
sem necessidade de administração;
 É colocado na vagina no 5º dia de menstruação, permanecendo nesta posição durante três semanas;
então deverá ser feita uma pausa de 7 dias e novo anel deve ser utilizado por mais 21;
 Não deve ficar fora da vagina por mais que 3h; nesse período, pode ser retirado para ato sexual.
 Adesivos: etinilestradiol + norelgestromina - Evra®;
 O adesivo permanece no local por 7 dias;
 Deve-se aplicar no 1º dia de menstruação, depois outro no 8º e outro no 15º;
 Tem menor efetividade se peso > 90kg.
 Injetáveis combinados:
 Injeções a cada 30 dias;
 Dihidroxiprogesterona + estradiol (Perlutan®), noretisterona + estradiol (Mesigyna®),
medroxiprogesterona + estradiol (Cidlofemina®);
 Retorno do ciclo de fertilidade após 4 meses.
 Contraceptivos de progestina pura:
 Eficácia teórica de 99%;
 Minipílulas tomadas sem interrupção;
 Baixas doses de progestina – noretindrona ou norgestrel;
 Injetável: medroxiprogesterona; retorno da fertilidade em até 9 meses; o ganho de peso e a
irregularidade menstrual são motivos clássicos para desistência do método;
 Implantes subdérmicos: etonogestrel (Implanon®); bastonete de 4 cm de comprimento e 2 mm de
diâmetro;
 Bloqueia LH e promove ausência de ciclos ovulatórios nos primeiros 2 anos de uso e
aproximadamente 5% dos ciclos no 3º ano de uso;
 Aumenta a viscosidade do muco cervical;
 Promove diminuição da espessura do endométrio, que fica inativo ou fracamente
proliferativo;
 Menor eficácia de peso > 70 kg.
 DIU: levonorgestrel – Mirena®;
 Doses mais baixas são liberadas diretamente no órgão alvo;
 Tem duração de 5 anos;
 Indicações: contracepção, menorragia, prevenção de hiperplasia na terapia de reposição
estrogênica;
 Promove espessamento do muco cervical, inibe a função e a mobilidade dos
espermatozoides, previne a ovulação;
 Efeitos colaterais: enxaqueca, gestação ectópica, doença inflamatória pélvica, perfuração
de parede uterina, cistos ovarianos (aumento de folículos);
 Deve ser retirado quando houver suspeita de câncer de mama.
 Contraceptivos de emergência:
 Primeira dose nas primeiras 72h após ato sexual;
 Dose única: 1,5 mg de levonorgestrel (Postinor®, Pozato®);
 Dose dupla (12/12h): 2x 0,75 mg de levonorgestrel (Pilem®, Minipil 2-post®, Diad®, Poslov®,
Prevyol®);
 Yuzpe: 0,2 mg etinilestradiol + 1 mg de levonorgestrel, por 2x, em intervalo de 12h.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
 Fármacos que diminuem o efeito da pílula anticoncepcional: antibióticos, anticonvulsivantes,
griseofulvina, guanetidina, nelfinavir, óleo mineral, ritonavir, etc;
 Fármacos com ação reduzida pelos anticoncepcionais orais: metildopa, guanetidina.
CONTRAINDICAÇÕES DOS ACOs (OMS-2006)
 Neoplasia hormonal dependente;
 Lactantes com menos de seis semanas – até 3: risco aumentado de tromboembolismo; de 3 a 6:
atividade enzimática do lactente;
 Câncer de mama;
 Cirurgia de grade porte com mobilização prolongada;
 Doenças tromboembólicas;
 Sangramento uterino anormal não diagnosticado;
 Gravidez;
 HAS grave;
 Tumor hepático, cirrose descompensada ou hepatite ativa;
 LES complicado com nefropatia ou SAF;
 > 35 anos tabagista;
 Doenças cardiovasculares (cardiopatia cianótica, hipertensão pulmonar, valvopatia com fibrilação
atrial, IAM, AVE, IC);
 Enxaqueca com aura;
 DM descompensado.

Você também pode gostar