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O Poder Da Ideologia
O Poder Da Ideologia
Editora: Boitempo
Em uma concepção filosófica, a palavra é utilizada no título do livro “A Ideologia Alemã” de Marx e Engels. Nesta obra, os
autores defendem o materialismo e criticam os filósofos alemães por separarem a produção de ideias da produção das
condições sociais. Assim, os componentes ideológicos da superestrutura seriam formados por julgamentos necessariamente
enganadores através da distorção da compreensão da realidade social.
Neste sentido, a ideologia funciona politicamente como um elemento específico da superestrutura da sociedade. Lembremos
que, no pensamento marxista, a superestrutura deriva do conflito de interesses das diferentes classes que fazem parte da base
econômica de determinada sociedade. A superestrutura compreende os modos de pensar, as visões de mundo e demais
componentes ideológicos de uma classe e tem como função manter as relações econômicas que constituem a infraestrutura,
reforçando assim os interesses coletivos da classe dominante, através da força persuasiva dos seus componentes ideológicos.
Para Marx, ideologia é um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não pela força física), alienando
a consciência dos trabalhadores da sua condição de explorado. De acordo com Marx, os mecanismos ideológicos
transformam as ideias particulares da classe dominante em ideias universais para a sociedade como um todo, de modo que a
classe que domina no plano econômico, social e político também domina no plano das ideias. Em outras palavras, a
ideologia é o meio usado pela classe dominante para exercer sua dominação, fazendo com que esta não seja percebida como
tal pelos dominados. Logo, quanto maior for sua capacidade de ocultar a luta de classes, mais eficaz é a ideologia. Deste
ponto de vista, a ideologia funciona como uma falsa consciência, inibindo o desenvolvimento de uma consciência de classe
de fato. Esta visão crítica do conceito de ideologia trazida por Marx condiz com o objetivo principal da sua obra, que,
através do seu materialismo histórico, busca desmascarar a ideologia dominante, mostrando que ela é na verdade resultado
da luta de classes.
Referências bibliográficas:
BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2008. Coleção primeiros passos.
MARX, Karl e ENGELS, Friederich. Ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Existem muitas concepções de ideologia, a mais corrente é a da ciência das ideias, muitas vezes associada a doutrinas ou
mitos, a movimentos políticos ou culturais. A princípio, o mais importante é saber que nada, absolutamente nada neste
mundo que tenha sido criado por seres humanos é vazio de ideias. Tudo o que falamos, pensamos e fazemos está marcado
por um conjunto de ideias produzidas ou não por cada um de nós. Ainda que sejamos meros reprodutores de reflexões
alheias, ainda aí, no âmbito do senso comum, está presente um conjunto de pensamentos que tomamos por verdades.
Nas lutas políticas do século XIX o significado de ideologia era pejorativo, liberais e radicais acusavam um ao outro de
“ideólogos”, afirmando que o outro escondia objetivos sectários disfarçando-os de bem público. O que ficou desse debate
foi a herança marxista, que afirmava que as ideologias refletiam os interesses das classes dominantes com um único
objetivo, manter a dominação e os privilégios. Na atualidade, o centro das atenções não está mais no que a pessoa diz, mas
o porquê ela diz, isso é o que interessa.
Karl Marx, filósofo e revolucionário alemãoSegundo Marx, no livro Ideologia Alemã, “a produção das ideias,
representações, da consciência está a princípio diretamente entrelaçada com a atividade material e o intercâmbio material
dos homens, linguagem da vida real. O representar, o pensar, o intercâmbio espiritual dos homens aparece aqui ainda como
efluxo direto do seu comportamento material”.
O que indivíduo pensa e as coisas nas quais ele acredita são marcados pela sua condição material de produção e existência,
ou seja, pela realidade, pela experiência material na qual ele vive. Essa vivência marcará seu olhar sobre o mundo. Uma
pessoa que nasce e é criada em uma comunidade no subúrbio do Rio de Janeiro terá uma visão de mundo muito diferente de
outra que nasça e cresça na Zona Sul da cidade, simplesmente, porque a maneira como desfrutam a experiência de viver
acontece em realidades sociais, econômicas e culturais completamente diversas.
A ideologia, então, é um conjunto de valores, crenças e ações culturais que justificam ou procuram modificar um
determinado status quo, servindo de base para movimentos sociais que desejam a manutenção ou a mudança, como aqueles
que defendem a causa ecológica, homossexual, feminista, etc. Num sentido amplo, podemos afirmar que a ideologia
justifica e explica estilos de vida, por isso está presente na cultura das sociedades, seja na ideia de família ou mesmo no
âmbito religioso.
Nos anos 80 Cazuza e Frejat fizeram a música Ideologia. Vale a pena dar uma pesquisada na internet e assistir ao clipe
original. Segue a letra dessa obra prima do rock brasileiro:
IDEOLOGIA
Cazuza/Roberto Frejat
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro