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Livro - Mecânica Dos Solos - PUC Minas - PG 30 PDF
Livro - Mecânica Dos Solos - PUC Minas - PG 30 PDF
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
(15a edição)
1
Apresentação
O presente trabalho de compilação tem por objetivo orientar os alunos no estudo dos solos, levando-os a
conhecê-los sob o interesse específico da Engenharia Civil, qual seja o de comporem ou interagirem com as
obras objetos dela. O conteúdo parte da classificação dos solos, passa pelas principais propriedades mecânicas
desses, até alcançar aplicações práticas como estabilização de taludes.
Este estudo dos solos prende-se ao aspecto essencialmente geotécnico, ou seja, direcionado às aplicações da
Engenharia Civil, tais como fundações (particularmente as prediais), muros de arrimo, escavações, taludes,
aterros em geral etc. Enquanto na disciplina Materiais de Construção III o enfoque era o solo como material
de construção (abordando caracterização, identificação de jazidas, amostras deformadas, material amolgado,
estabilizado, compactado etc.), em Fundamentos da Mecânica dos Solos já abrange também o solo nas
condições naturais. Para efeitos didáticos, o comportamento mecânico dos solos perante as obras correntes de
Engenharia Civil, é analisado basicamente segundo três principais propriedades interativas, quais sejam a
permeabilidade, a resistência ao cisalhamento e a compressibilidade, objetivando-se alcançar ao final, uma
visão sistêmica do assunto. Especial importância é atribuída à relação tensão "versus" deformação dos solos,
frente à condição limite de ruptura. Os princípios teóricos expostos e as respectivas aplicações práticas
poderão ser acompanhados por experiências em laboratório e eventualmente, verificações de campo, nas
visitas a obras. A boa assimilação da disciplina exige razoável embasamento matemático, bem como de
Mecânica, Fenômenos de Transporte, Hidráulica e Resistência dos Materiais.
A abordagem adotada é a da Mecânica dos Solos moderna, a partir da sistematização dos conhecimentos
creditada a KARL TERZAGHI. Desta forma, pretende-se apresentar aos estudantes os correspondentes
“ensinamentos organizadores”, ou seja, os fundamentos tidos como mais bem consolidados, aceitos e
difundidos da referida técnica no contexto mundial, ainda que sob um olhar crítico e confrontado com a nossa
realidade próxima. Enfim, visa-se contribuir na habilitação dos futuros Engenheiros nas atribuições que lhe
são inerentes, bem como propiciar-lhes condições de prosseguir seus estudos da própria graduação - no
mesmo ramo ou não - e em níveis mais avançados, valendo-se da bibliografia indicada.
Na oportunidade, não custa salientar que a Matemática - juntamente com a Física - constitui o mais
importante embasamento teórico da Engenharia. Ela exerce papel “estruturante do pensamento”, promove
o desenvolvimento do raciocínio lógico e proporciona ao estudante competências e habilidades
indispensáveis aos estudos posteriores. Portanto, ela permeia todo o curso e referir-se apenas a alguns de
seus tópicos pode significar uma visão compartimentada, bitolada, limitante e empobrecedora das
ciências da Engenharia. Não obstante, vale destacar alguns assuntos de aplicação mais explícita e
rotineira em Mecânica dos Solos, com os quais o aluno deve estar “em dia”, para um melhor
aproveitamento da matéria:
- Sistema Legal de unidades de medidas,
- Elementos de geometria plana,
- Funções exponenciais e logarítmicas,
- Funções trigonométricas,
- Soluções de equações algébricas,
- Derivadas. Integrais,
- Matrizes, determinantes (resolução de um sistema de equações lineares com o auxílio de matrizes),
- Elementos de Geometria Analítica Plana. Cônicas (circunferência, elipse, parábola, hipérbole);
- Cálculo Numérico,
- Regressão linear simples. Ogiva.
Bons estudos !
Prof. MARCUS SOARES NUNES
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BIBLIOGRAFIA NACIONAL (e traduções)
Em ordem cronológica
- Mecânica dos Solos – ROBERT F. CRAIG. 7ª ed., LTC Editora / GEN, RJ, 2007.
- Fundamentos de Engenharia Geotécnica – BRAJA M. DAS. Tradução da 6ª edição norte-americana. Thomson
Learning. SP, 2007.
- Curso Básico de Mecânica dos Solos – Com Exercícios Resolvidos – CARLOS DE SOUSA PINTO. 3ª edição.
Oficina de Textos – SP, 2006.
- Obras de Terra – Curso Básico de Geotecnia – FAIÇAL MASSAD. Oficina de Textos. SP, 2003.
- Fundações – Teoria e Prática – WALDEMAR HACHICH e outros.Editora PINI Ltda. SP, 1996.
- Introdução à Mecânica dos Solos dos Estados Críticos – J. A. R. ORTIGÃO. Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A. RJ, 1995.
- Mecânica dos Solos e suas aplicações - HOMERO PINTO CAPUTO. Vol. 1: Fundamentos (6ª ed., RJ 1988),
vol.2: Fundações e Obras de Terra (6ª ed., RJ 1987) e vol.3: Exercícios (4ª ed., RJ 1987) Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A.
- Propriedades Mecânicas dos Solos – Uma introdução ao projeto de fundações – FERNANDO EMMANUEL
BARATA - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. RJ, 1984.
- Fundações, Estruturas de Arrimo e Obras de Terra – GREGORY P. TSCHEBOTARIOFF. Tradução de EDA
FREITAS DE QUADROS - Editora McGraw-Hill do Brasil. SP, 1978.
- Introdução à Mecânica dos Solos – MILTON VARGAS. McGraw-Hill do Brasil / Editora da Universidade de São
Paulo. SP, 1977.
- Mecânica dos Solos na prática da engenharia – K. TERZAGHI & R. B. PECK Tradução de A. J. DA COSTA
NUNES – Ao Livro Técnico, RJ 1962.
- Solos e Rochas – Revista Brasileira de Geotecnia – ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica) & ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia). Desde Janeiro de 1978.
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Disciplinas do currículo 706/708 do CEC PMG N vinculadas à área de Geotecnia:
Materiais de Construção III (3º per., 32 h-a teo.): Origem e formação dos solos. Solos residuais e
sedimentares. Índices físicos. Caracterização do solo. Estabilização do solo. Aplicações do solo como
material de construção.
Resistência dos Materiais I (4º per., 32 h-a teo. + 16 h-a lab.): Conceito de esforços solicitantes.
Conceito de tensão e de deformações axiais e angulares. Tração, compressão e cisalhamento. Diagrama
tensão-deformação. Lei de Hooke. Efeito Poisson. Lei de Hooke generalizada.
Geotécnica Viária (4º per., 32 h-a teo., pré-req. MC III): Estruturas geológicas principais, águas
subterrâneas e superficiais. Aplicação da geologia em obras viárias. Diretrizes para estudos geotécnicos
de projetos viários. Estabilidade de aterros e cortes. Aterros sobre solos moles.
Laboratório de Pavimentação (4º per., 48 h-a teo., 16 h-a lab., pré-req. MC III): Caracterização de
solos através de ensaios geotécnicos. Controle de compactação de solos. Aplicação dos resultados dos
ensaios nos estudos geotécnicos de projeto. Caracterização de materiais betuminosos através de ensaios
normalizados. Metodologia de dosagem de misturas. Critérios para controle tecnológico de revestimentos
betuminosos. Interpretação de resultados dos ensaios de materiais e sua aplicação em projetos de
engenharia.
Fundamentos de Mecânica dos Solos (5º per., 64 h-a teo.): Identificação e classificação dos solos.
Compactação dos solos. Hidráulica dos solos. Capilaridade, permeabilidade e percolação. Distribuição de
tensões no subsolo. Resistência ao cisalhamento. Compressibilidade e adensamento.
Ensaios de Laboratório e de Campo (5º per., 32 h-a teo. + 32 h-a lab.): Prospeção do subsolo.
Preparação de amostras para ensaios de caracterização e especiais. Ensaios de caracterização. Ensaios
especiais: permeabilidade à carga constante e à carga variável, adensamento edométrico, cisalhamento
direto, compressão simples, compressão triaxial - Q, R e S. Controle de compactação. Ensaios
penetrométrico, pressiométrico e dilatométrico.
Estruturas de Fundações e Contenções (6º per., 64 h-a teo., pré-req. FMS): Tipos de fundações. Prova
de carga direta. Fundações rasas e profundas: dimensionamento (detalhes). Tipos de estruturas de
contenção. Barragens de terra e enrocamento: fatores condicionantes de projeto, estudo de empréstimo,
compactação, análise de estabilidade e fundações. Aplicação de instrumentação em obras de terra.
Tópicos Especiais em Mecânica dos Solos (6º per., 64 h-a teo. , pré-req. FMS): Capacidade de carga de
fundações rasas e profundas. Dimensionamento geotécnico de fundações. Rebaixamento de lençol de
água: dimensionamento e execução. Empuxos. Escavações e escoramentos. Projeto de aterros e cortes.
Geotecnia Ambiental (7º per., 96 h-a teo.): Mecanismos de movimentação de massas. Estabilidade de
taludes (corte e aterro) e encostas. Aterros sanitários. Disposição de resíduos, rejeitos e estéreis.
Aplicações de geossintéticos em geotecnia ambiental. Erosão. Análise-diagnóstico de problemas
ambientais. Recuperação de áreas degradadas. Aspectos básicos da legislação ambiental.
Tecnologia das Construções (9º per., 64 h-a teo. , pré-req. MC III): Conceitos básicos de construção e
sistemas construtivos. Implantação de obras, execução e acompanhamento de fundações, contenções,
estruturas de concreto e vedações. Revestimentos verticais, horizontais e acabamentos. Equipamentos e
ferramentas utilizados em edificações. Noções gerais sobre funcionamento dos equipamentos, custos
horários e locação. Produtividade dos equipamentos e dimensionamento.
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
SIMBOLO SIGNIFICADO(S)
Área
Grau de Aeração
Atividade coloidal (de SKEMPTON)
A
Linha “A” do Gráfico de Plasticidade de CASAGRANDE
Área da seção transversal da proveta
Designação principal do grupo de solo na classificação HRB/AASHTO
AASHTO “American Association of State Highway and Transportation Officials”
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AC “Airfield Classification System”
ASTM “American Society for Testing Materials”
Área da seção transversal da bureta (tubo de carga do permeâmetro)
Termo da fórmula do Índice de Grupo
Distância entre duas linhas de fluxo
a
Dimensão linear (comprimento ou largura)
Subgrupo do grupo A-1 do método HRB
Atto (10-18)
av Coeficiente de compressibilidade
Termo da Equação de STOKES, função de η, γg, γa (CAPUTO: A)
B
Largura
BPR “Bureau of Public Road”
BR “Bureau of Reclamation” (Departamento de Recuperação)
Termo da fórmula do Índice de Grupo
b Subgrupo do grupo A-1 do método HRB
Dimensão linear horizontal (comprimento ou largura)
Argila (“clay”)
Teor de argila
C Correção (da leitura do densímetro)
Constante empírica da fórmula de HAZEN (tanto a de k quanto a de hc)
Centro do círculo de MOHR
CBR “California Bearing Ratio” (ou ISC)
CC Carga constante (permeâmetro)
CCR Concreto Compactado a Rolo (“Roller Compacted Concrete”)
CD Ensaio triaxial adensado-drenado (“consolidated-drained”)
CP Corpo-de-prova
“Cone Penetration Test” - Ensaio de penetração dinâmica ou “diep
CPT
sondering”
CPTu “Piezocone Penetration Test”
CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CS Coeficiente de segurança (ou FS, fator de segurança)
CU Ensaio triaxial adensado-não drenado (“consolidated-undrained”)
CV Carga variável (permeâmetro)
Coeficiente de curvatura (ou Cz)
Cc
Índice de Compressão (ou K)
Ce Índice de expansão (ou Cs)
Cr Índice de recompressão
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Índice de expansão (ou Ce) ou descarregamento ou descompressão ou
Cs
inchamento
Cu Coeficiente de Uniformidade (ou D, desuniformidade)
Coeficiente de adensamento
Cv
Coeficiente de viscosidade
Coesão total
Coeficiente
c
Termo da fórmula do Índice de Grupo
Centi (10-2)
c` Coesão efetiva
D Coeficiente de Desuniformidade (ou Cu, de Uniformidade)
DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes
DPL Penetrômetro Dinâmico Ligeiro
Correção de L (leitura do densímetro) devido ao defloculante
Diâmetro (do CP)
Distância
Diferencial
d
Dia
Deci (10-1)
Espessura de camada
Termo da fórmula do Índice de Grupo
da Deca (101)
d ef. Diâmetro efetivo (ou d10)
dyn Dina (=10-5 N)
d10, d30, d60 Diâmetro correspondente a 10, 30 ou 60% que passa
Energia de compactação
Empuxo (de ARQUIMEDES)
E Módulo de Elasticidade
Módulo de deformabilidade (ou deformação)
Exa (1018)
EA Equivalente de Areia
EC Energia Cinética
Ef Eficiência da compactação
Índice de vazios (ou ε)
e Espessura
Base natural de logaritmo = 2,718281828459045235360287...
eo Índice de vazios original, natural (enat.), inicial ou na tensão σ’i
ei Índice de vazios num determinado instante
ef Índice de vazios final
enat. Índice de vazios natural (ou eo)
Fator (ou Relação) de forma (Nf / Nd) da rede de fluxo
F
Dimensão de força
Fator de conversão (ou de “correção”)
Fc
Força geradora da tensão superficial
FS Fator de segurança (ou CS, coeficiente de segurança)
FHWA “Federal Highway Administration”
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Porcentagem de empolamento
Coeficiente de atrito (interno, no caso dos solos)
f
Função
Femto (10-15)
Grau de Saturação (ou S)
Pedregulho (“gravel”)
G
Densidade (relativa), ou δ
Giga (109)
GC Grau de Compacidade
Gc Grau de Compactação
Gs Grau de sensibilidade ou sensitividade (ou Is, índice de estrutura)
Aceleração da gravidade
g
Grama
Altura
Carga hidráulica total
H
Horizontal
Alta (“high”) compressibilidade
Hd Altura de drenagem
Hf Altura final (ou H1) no permeâmetro de carga variável
Ho Altura inicial (ou Hi) no permeâmetro de carga variável
H1 Altura final (ou Hf) no permeâmetro de carga variável
Hq Altura de queda
HRB “Highway Research Board”
Hs Altura de sólidos (ou dos grãos)
Hv Altura de vazios
Teor de umidade (ou w)
h Hora
Hecto (102)
hc Altura de ascensão capilar
hot Umidade ótima
I Fator de influência
IPR Instituto de Pesquisas Rodoviárias
IC Índice de Consistência (ou Ic)
Ic Índice de Consistência (ou IC)
IF Índice de Fluidez (ou de Fluência)
IG Índice de Grupo
IP Índice de Plasticidade
ISC Índice de Suporte Califórnia (ou CBR)
Gradiente hidráulico (ou J )
i Unidade imaginária
Subscrito significando condição num determinado instante
ic Gradiente hidráulico crítico
Força de percolação
J
Joule (Nm)
J Gradiente Hidráulico (ou i)
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
j Pressão de percolação
Constante da prensa CBR ou do conjunto dinamométrico
Índice de Compressão (ou Cc)
K
Coeficiente de tensão lateral
Kelvin
Ka Coeficiente de empuxo ativo
Kp Coeficiente de empuxo passivo
Ko Coeficiente de empuxo em repouso
Coeficiente de permeabilidade ou Condutividade hidráulica
Termo que multiplicado pela leitura do densímetro fornece % ≤ Ø
k
Quilo (103)
Constante
Coeficientes equivalentes de permeabilidade em terrenos estratificados, na
kh , kv
direção horizontal (h) ou vertical (v)
kp Coeficiente de percolação
Leitura do densímetro
Leitura do extensômetro
Comprimento
L
Altura do CP
Dimensão linear
Baixa (“low”) compressibilidade
LC (ou wS) Limite de Contração
LL (ou wL) Limite de Liquidez
LP (ou wP) Limite de Plasticidade
ℓ (ele Litro
manuscrito)
log Logaritmo vulgar, decimal ou de BRIGGS
ln Logaritmo neperiano, natural ou hiperbólico
Mega (106)
M Dimensão de massa
Silte (“mo”)
MPU Movimento Permanente Uniforme
MT Ministério dos Transportes
Correção de L (leitura do densímetro) devida ao menisco
Massa
m Metro
Mili (10-3)
Termo da fórmula de NEWMARK
mv Coeficiente de variação volumétrica
Número de camadas
Índice SPT
N Newton (kg.m/s2)
Número
Força normal
N Número de golpes médio, do relatório de sondagem SPT
NA Nível de água
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Normalmente adensado (OCR = 1)
NBR Norma Brasileira aprovada pela ABNT
Nd Número de quedas de potencial (“Number of equipotential drops”)
Nf Número de canais de fluxo (“Number of flow channels”)
NL Não líquido
NP Não plástico
Np Número de passadas
NT Nível do terreno
Nϕ Valor de fluência (“flow factor”)
Porosidade
Expoente empírico de TALBOT
Número de camadas drenantes
n Número de golpes (no LL e na compactação PROCTOR)
Coeficiente de restituição elástica na teoria do choque de NEWTON
Termo da fórmula de NEWMARK
Nano (10-9)
O Orgânico
OCR “Over consolidation ratio” (ou RSA ou RPA) = σ`a / σ`i
Peso
Peso do solo úmido (ou Ph ou Pt)
Peso passado (no ensaio de granulometria)
P Ponto qualquer
Poise
Mal (“poorly”) graduado
Peta (1015)
PA Pré-adensado (OCR > 1)
Peso de água (ou Pw)
Pa
Pascal
Ps Peso de sólidos ou dos grãos ou do solo seco
Ph Peso do solo úmido (ou P ou Pt)
Psat Peso do solo saturado
Psub Peso do solo submerso
Pw Peso de água (ou Pa)
Pressão (ou tensão) de pré-adensamento ou de sobreadensamento ou de pré-
PPA
consolidação (ou σ`a)
PPM Plano Principal Maior
PI Proctor intermediário
PM Proctor modificado
PMT Ensaio pressiométrico
PN Proctor normal
PRA “Public Road Administration”
Turfa (“peat”)
Pt
Peso do solo úmido (ou Ph)
PWP Poro-pressão (“pore-water pressure”)
P4 Porcentagem que passa na peneira número 4
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
P10 Porcentagem que passa na peneira número 10
P40 Porcentagem que passa na peneira número 40
P200 Porcentagem que passa na peneira número 200
Pressão
p Tensão resultante da ação conjunta de σ e τ no plano
Pico (10-12)
patm. Pressão atmosférica
pc Pressão corrigida (no ensaio CBR)
pp Peso próprio
ppm Plano Principal Menor
Volume
Vazão (ou Q/t)
Q
Carga (peso, força)
Ensaio triaxial rápido (“quick”)
Q/t Vazão (ou Q)
q Vazão específica
qu Resistência à compressão simples ou não confinada (ou RCS ou Rc)
Ensaio triaxial rápido (“rapid”)
Peso retido
R
Raio
Termo da fórmula de STEINBRENNER
REL Regime de escoamento laminar (ou lamelar)
RCS Resistência à compressão simples ou não confinada (ou Rc ou q u)
Rc Resistência à compressão simples ou não confinada (ou RCS ou q u )
Rm Raio do menisco
RN Referência de nível (ou “datum” )
RPA Razão de pré-adensamento (ou OCR ou RSA) ou razão de cedência
RSA Razão de sobreadensamento (ou OCR ou RPA) ou razão de cedência
Raio (do círculo de MOHR)
r Recalque parcial (ou ρ)
Coordenada cilíndrica, polar ou esférica.
rad Radiano (1 rd = 180°/π)
Grau de saturação (ou G)
S Ensaio triaxial lento (“slow”)
Areia (“sand”)
SI Sistema Internacional de Unidades
SPT Ensaio de Penetração Padrão (“Standart Penetration Test”)
SUCS Sistema Unificado de Classificação de Solos
Superfície específica
s
Segundo
sc Sobrecarga
Temperatura
Fator tempo
T
Correção de L (leitura do densímetro) devida à temperatura
Força tangencial
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Tera (1012)
Carga transiente
Dimensão de tempo
T.E. Tensão efetiva
TRB “Transportation Research Board”
Ts Tensão superficial
T.T. Tensão total
Tempo
t
Tonelada
U Porcentagem de adensamento ou Grau de adensamento
URL Localizador Uniforme de Recursos (“Uniform Resource Locator”)
USBR “United States Bureau of Reclamation”
USP Universidade de São Paulo
UU Ensaio triaxial não adensado-não drenado (“uncons.-undrained”)
u Tensão neutra (ou sobre pressão hidrostática)
u/γa Carga piezométrica ou de pressão
uo Pressão hidrostática
Volume
V Velocidade de descarga
Vertical
Va Volume de água
Var Volume de ar
Vb Volume do bulbo do densímetro
Vp Volume da pastilha (no LC)
Vs Volume de sólidos (ou dos grãos)
VST Ensaio de palheta ou “vane test”
Vt Volume total
Vv Volume de vazios
Velocidade
v
Velocidade de sedimentação
v2/2g Carga cinética
vb Velocidade da água na bureta (ou tubo de carga) no permeâmetro CV
v Velocidade de percolação (ou v p )
vp Velocidade de percolação (ou v )
Peso
W Bem (“well”) graduado
Watt
w Teor de umidade (ou h)
x Coordenada
y Coordenada
Carga altimétrica ou geométrica ou de posição
Porcentagem de água em relação ao peso do solo úmido
Z Distância entre o centro do bulbo do densímetro e uma leitura qualquer da
sua escala.
Profundidade (ou z)
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Profundidade (ou Z)
z
Coordenada
Desvio
Diferença
Δ (delta Deslocamento
maiúscula) Incremento
Determinante da regra de CRAMER
Laplaciano ou operador de Laplace (operador diferencial de 2ª ordem)
Δe Variação do índice de vazios
Perda de carga hidráulica (entre equipotenciais adjacentes)
ΔH Deformação absoluta
Recalque total (ou recalque a tempo infinito), ou ρ∞
ΔHt Perda de carga total (montante / jusante)
Δh Desvio de umidade
ΔL Comprimento
ΔR Variação de resistência
Δt Intervalo de tempo
Δσa Diferença de tensões principais (“deviator stress”)
Δσa r Resistência à compressão
Laplaciano ou operador de LAPLACE (operador diferencial de 2ª ordem)
∇2
(ou Δ)
∑ (sigma
Somatório
maiúscula)
%P Porcentagem que passa (no ensaio de granulometria)
%R Porcentagem retida (no ensaio de granulometria)
“Versus”
×
Vezes (multiplicação)
∝ Proporcionalidade
∂ Derivada
ϕ (fi Fator de empolamento
maiúsculo) Ângulo de atrito interno total
ϕ` Ângulo de atrito interno efetivo
Diâmetro
φ (fi)
Diâmetro (equivalente) dos grãos
φ10 Diâmetro (equivalente) efetivo (ou φef.)
φ30 Diâmetro correspondente a 30% que passa
φ60 Diâmetro correspondente a 60% que passa
φef. Diâmetro (equivalente) efetivo (ou φ10 )
φmáx. Diâmetro máximo de grãos presentes no solo (da Equação de TALBOT)
π (pi) 3,141592653589793238462643...
Massa específica ou Densidade absoluta
ρ (ro)
Recalque parcial (ou r)
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Viscosidade cinemática [m2/s]
ν (nu)
Coeficiente de POISSON (ou η)
τ (tau) Tensão tangencial ou cisalhante
Viscosidade
η (eta)
Coeficiente de POISSON (ou ν)
Ângulo de inclinação do plano
Ângulo de contato ou de tensão capilar
α (alfa)
Ângulo de propagação ou espraiamento
Ângulo de posição
θ (teta) Ângulo de posição
β (beta) Ângulo de posição
Densidade (relativa)
δ (delta)
Recalque diferencial
Peso específico (aparente)
γ (gama)
Peso específico (aparente) úmido
γ` Peso específico (aparente) submerso (ou γsub)
γa Peso específico da água (ou γw) a uma temperatura T qualquer
γconv. Peso específico (aparente) convertido
γd Peso específico (aparente) seco (ou γs)
γg Peso específico (real) dos grãos ou dos sólidos
γh Peso específico (aparente) úmido (ou γ)
γo Peso específico da água pura a 4 graus centígrados
γs Peso específico (aparente) seco
γs, máx. Peso específico (aparente) seco máximo
γsat Peso específico (aparente) saturado
γsub Peso específico (aparente) submerso (ou γ`)
γw Peso específico da água (ou γa) a uma temperatura T qualquer
Tensão normal
σ (sigma)
Tensão total
σadm. Tensão admissível (ou Capacidade de Carga da fundação)
σ` Tensão efetiva
Tensão (ou pressão) de pré-adensamento ou de sobreadensamento ou de
σ`a
pré-consolidação (ou PPA) ou ainda, de cedência.
σc Tensão confinante
σ1 Tensão (normal) principal maior
σ3 Tensão (normal) principal menor
Deformação linear (tangencial) específica ou unitária
ε (épsilon)
Índice de vazios (ou e)
Viscosidade absoluta ou dinâmica [N.s/m2]
μ (mu)
Micro (10-6)
τr Resistência ao cisalhamento
∞ Infinito
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ÍNDICE DE SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
DE MECÂNICA DOS SOLOS
Alfabeto grego
Maiúscula Minúscula Equivalente Nome
Α α a Alfa
Β β b Beta
Γ γ g Gama
Δ δ d Delta
Ε ε e Epsilon
Ζ ζ z Zeta
Η η e Eta
Θ θ th Teta
Ι ι i Iota
Κ κ k Kapa
Λ λ l Lambda
Μ μ m Mu
Ν ν n Nu
Ξ ξ x Csi
Ο ο o Omikron
Π π p Pi
Ρ ρ r Ro
Σ σ s Sigma
Τ τ t Tau
Υ υ y Ypsilon
Φ φ ph Fi
Χ χ ch Qui
Ψ ψ ps Psi
Ω ω o Omega
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Unidade 1
IDENTIFICAÇÃO e CLASSIFICAÇÃO de solos
O enfrentamento de praticamente todos os problemas de Engenharia Civil envolvendo solos deve partir
da identificação e/ou classificação destes, pois só assim ficaremos aptos a equacioná-los e solucioná-
los. Tal procedimento procurará enquadrar o solo numa classe com características peculiares e então
será possível prever o seu provável comportamento mecânico.
Na Engenharia Civil, classificar solos é particularmente importante nos casos de prospecção de jazidas
ou sempre que o solo é empregado como material de construção.
Frações constituintes dos solos, de acordo com a NBR 6502 da ABNT:
A distribuição granulométrica do solo (variação do tamanho dos seus grãos) influi no seu
comportamento mecânico e é uma informação importante na sua descrição.
A ABNT padronizou a seguinte Escala Granulométrica:
Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho
0,005 0,05 0,42 2 4,8 76
Diâmetro equivalente do grão (mm)
Outras designações complementares:
Pedra (-de-mão) (cobble) Matacão (boulder) Bloco de rocha
7,6 25 100
Tamanho (cm)
Identificação granulométrica dos solos
Raramente se encontra na natureza as partículas primárias do solo de modo isolado. Em geral são
encontradas agrupadas, com seus constituintes individuais independentes porém cimentadas entre si em
agregações secundárias ou torrões, por meio de ligantes orgânicos ou inorgânicos. Estes solos assim
agrupados são designados pelo nome do tipo da fração predominante seguido do nome daquele de
proporção imediatamente inferior.
A designação baseia-se nas quantidades percentuais (em peso) das frações presentes no solo, a partir de
10 %, possibilitando as seguintes combinações:
Areia Silte Argila
Areia siltosa Silte arenoso Argila arenosa
Areia argilosa Silte argiloso Argila siltosa
Areia silto-argilosa Silte areno-argiloso Argila areno-siltosa
Areia argilo-siltosa Silte argilo-arenoso Argila silto-arenosa
Caso os percentuais sejam iguais, adota-se a seguinte ordenação:
1º) argila, 2º) areia e 3º) silte.
Quando a fração comparecer com menos de 5 %, usa-se o termo “com vestígios de...” e se estiver entre
5 e 10 %, usa-se “com pouco ...”.
Se a presença de pedregulho for de 10 a 30 %, acrescenta-se “com pedregulho”; além disto, acrescenta-
se “com muito pedregulho”.
Obs.: A NBR 7250 da ABNT recomenda que não se utilize nomenclatura onde aparecem mais do que
duas frações (por exemplo: argila silto-arenosa). Porém, quando for o caso, pode-se acrescentar
“com pedregulhos”.
15
Alguns exemplos:
Argila (%) Areia (%) Silte (%) Pedregulho (%) Identificação
12 61 27 Areia silto-argilosa
22 22 56 Silte argilo-arenoso
03 39 04 54 Areia c/ vestígios de silte, argila e muito pedregulho
18 42 23 17 Areia silto-argilosa com pedregulho
Identificação trilinear
Consiste num diagrama triangular (um gráfico de 3 eixos) – Fig. 1.1-a, artifício atribuído a FERET, em
que cada lado corresponde à quantidade percentual (de 0 a 100) das frações areia, silte e argila contidas
no solo analisado. As 3 coordenadas (bastam duas) definem um ponto no interior do diagrama, inserido
numa área poligonal pre-delimitada empiricamente, correspondente ao tipo de solo, como no exemplo
da Fig. 1.1-b, do Bureau of Public Roads.
Fig. 1.1-a
Matriz
Fig. 1.1-b
17
Existem inúmeras versões deste tipo de diagrama. Um outro exemplo pode ser visto na Fig. 3-9 do
livro Mecânica dos Solos e suas aplicações - Vol. 1, H. P. CAPUTO – L.T.C., R.J. 88, que é a
proposta do FHWA. Você poderá encontrar outras semelhantes, em outros livros que consultar. Procure
obter pelo menos mais uma.
Segue abaixo – Fig. 1.1-c, um exemplo de outro tipo de gráfico, equivalente à Fig. 1.1-b, parecido com
o trilinear, mas na verdade é um gráfico comum (sistema cartesiano de eixos ortogonais) de dupla
entrada.
Fig. 1.1-c
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
Consiste em se efetuar ensaios de laboratório com a amostra do solo e com os resultados obtidos
enquadrá-los num critério técnico padronizado por normas, reconhecido regional, nacional ou
internacionalmente, dentro da especialidade, no caso a Engenharia Civil. Existem diversos sistemas de
classificação geotécnica, sendo os mais difundidos mundialmente – inclusive aqui no Brasil - os que
serão apresentados abaixo. Em geral os sistemas exigem dados sobre a granulometria do solo (tais
como: P4, P10, P40, P200, φ10, φ30, φ60) e plasticidade (LL e LP).
Lembre-se que:
- P4, P10, P40, P200 = Porcentagem que passa na peneira n° 4 (4,8 mm), 10 (2mm), 40 (0,42 mm) ou
200 (0,075 mm), extraídas da curva granulométrica.
- φ10, φ30, φ60 = diâmetro dos grãos correspondente a 10%, 30% e 60% que passam, também extraídos
da curva granulométrica.
- LL = Limite de Liquidez, que é o teor de umidade para o qual o sulco se fecha com 25 golpes no
Aparelho de Casagrande (concha que bate numa base dura à medida que se gira a manivela). É o
teor de umidade que separa os estados de consistência plástico e líquido.
- LP = Limite de Plasticidade, que é o teor de umidade de um bastonete de solo com 3 mm de
diâmetro e 10 cm de comprimento, o mais seco possível sem se fragmentar, ao ser rolado sobre
uma placa de vidro. É o teor de umidade que separa os estados de consistência semi-sólido e
plástico.
18
PRINCIPAIS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA
O sistema original foi desenvolvido pelo “US Bureau of Public Road” (na década de 20, baseado em
trabalhos de TERZAGHI e HOGENTOGLER) e publicado pelo “US Public Roads Administration”
(atual AASHTO – “American Association of State Highway and Transportation Officials”) em 1942.
Posteriormente (1945) foi adotada, com alterações, pelo “US Highway Research Board”, que hoje é o
TRB – “Transportation Research Board”.
Assim, todas estas siglas (em negrito) são usadas para designar o método.
Fig. 1.2
IP = Índice de Plasticidade = LL – LP
NP = Não-plástico.
19
Geralmente os solos granulares apresentam IG menores (até 4), os siltosos valores intermediários (até
12) e os argilosos maiores (até 20).
Cálculo do IG
(a) analiticamente: IG = 0,2.a + 0,005.a.c + 0,01.b.d Eq. 1.1, onde:
P200 ≤ 15% ⇒ IG = 0
(b) graficamente:
- veja a figura 13-3 do livro Mecânica dos Solos e suas aplicações - Vol. 1 - H. P. CAPUTO – L.T.C.,
R.J. 88 e também o ábaco Fig. III-24 do livro Pavimentação Rodoviária – M. L. DE SOUZA – 2a ed. –
Vol.1 – LTC IPR / DNER / MT – R.J. 80.
A classificação neste sistema é feita simplesmente enquadrando-se os dados do solo (P10, P40, P200, LL
e IP – obtidos em laboratório) no quadro da Fig. 1.2. A 1a linha de cima para baixo do quadro em que
todos os dados se encaixarem, fornece a classificação – grupo, subgrupo (se houver) e sempre se
indica, entre parênteses, o valor do IG. Exemplos: A.1-b (0), A.5(10).
O livro Prospecção geotécnica do subsolo de M. J. C. P. A. DE LIMA - L.T.C., R.J. 79, apresenta, na
Fig. 3.2 – pág. 15, um relatório de sondagem onde os solos foram classificados por estes sistema.[Há
um erro na designação de um dos solos (encontre-o) e faltam, em todas, a indicação dos IG`s].
Os campos em branco nas colunas Granulometria e Plasticidade significam que “qualquer valor serve”.
No caso dos solos finos (silto-argilosos, P200 > 35%) as condições de plasticidade do quadro podem
ser representadas pelo seguinte gráfico LL “versus” IP:
70
10
A.4 A.5
0 40 100 LL
Fig. 1.3 (fora de escala)
20
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA – USC / ASTM.
A Fig. 1.4, apresenta um quadro síntese que permite classificar solos por este sistema, conforme
descrição a seguir. As classificações são representadas por combinações de letras (provenientes de
termos estrangeiros), sendo que algumas se referem à designação principal do solo e outras às
designações complementares ou secundárias. São elas:
- designação principal: G = pedregulho (“gravel”) ou S = areia (“sand”)
- designação complementar: W = bem graduado (“well graded”) ou P = mal graduado (“poorly
graded”). M = silte (“mo” em sueco, já que em ingles é “silt” e o S já foi empregado para areia), C
= argila (“clay”). O = orgânico (“organic”). L = baixa (“low”) ou H = alta (“high”)
compressibilidade. Pt = turfa (“peat”).
21
Se a dúvida persistir, indique as duas classificações, assim: ML ou OL, MH ou OH; use OU e não
hífen ou barra etc.
Agora procure entender o quadro da Fig. 1.4 a partir das instruções acima.
- No Brasil não se usam 3 letras juntas, como SMW. Se for o caso, repete-se a designação principal:
SM-SW, separadas por hífen.
- Também não existe tripla classificação, como SW-SM-SC.
- Nunca se usam numa mesma classificação as letras G e S, como GS ou GM-SM.
- Para solos grossos (G, S) nunca se usam os complementos L, H ou O, como GL, SO etc.
- Observe que tanto o sistema TRB quanto o USC utilizam o percentual passado na peneira número 200
(P200) para distinguir entre solos grossos ou finos. Só que um considera 35% e o outro 50%. Assim,
podem ocorrer discrepâncias entre os dois sistemas. Verifique.
- Como decidir nos casos duvidosos:
(a) quando P200 < 50, a regra é favorecer a classificação menos plástica.
Exemplo: um pedregulho com 10% de finos, Cu = 20, Cc = 2 e IP = 6 será classificado com mais razão
como GW-GM do que GW-GC.
(b) quando P200 > 50, a regra é favorecer a classificação mais plástica.
Exemplo: um solo de granulometria fina com LL = 50 e IP = 22 será classificado com mais razão como
CH-MH que como CL-ML.
(b.1) se o ponto LL x IP cair sobre, ou praticamente sobre a Linha A ou mesmo caindo acima mas
tendo IP entre 4 e 7, deverá ser dada ao solo uma classificação intermediária adequada, tal como
CL-ML ou CH-OH.
(b.2) se o ponto LL x IP cair sobre ou praticamente sobre a linha LL = 50, deverá ser dada ao solo uma
classificação intermediária apropriada, tal como CL-CH ou ML-MH.
Não deixe de conhecer as tabelas de comparações que Liu (1967) fez entre as classificações obtidas pelos dois
sistemas e que podem ser encontradas no item 11 – pág. 71 – Cap. III do livro Pavimentação Rodoviária – M.
L. de Souza – 2a ed. – Vol.1 – LTC IPR / DNER / MT – RJ, 80 ou nas Tabelas 4.4 e 4.5 do livro de Braja M.
Das, indicado na Bibliografia.
22
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA ( USC / ASTM )
Tipo de Granulometria Plasticidade
Classificação
Material P200 (%) P4 (%) Cc, Cu IP LL
GW
≤5 GP
SW
1 ≤ Cc ≤ 3 e SP
Cu > 4 (para G) W GW – GC
Cu > 6 (para S) GW – GM
5 < P200 ≤ 12
7 < IP > 0,73(LL – 20) : C GP – GC
GC
C GM
SC
7 M SM
LL
7 < IP > 0,73(LL – 20) : C
> 50 : H CH
MH ou OH
IP ≤ 0,73 (LL – 20) M
Fino > 50 ou IP ≤ 4
CL
≤ 50 : L ML ou OL
(4 < IP ≤ 7 ) e [ IP > 0,73 (LL – 20)] : C – M CL - ML
Caracterizado pela cor e odor típicos, partículas fibrosas, fofo, altamente compressível, muito leve e
inflamável quando seco, não-plástico. Teste de perda ao fogo (rubro). Limites de consistência antes e depois
Turfoso Pt
da secagem. Segundo a NBR 6502, “são solos com grande porcentagem de partículas fibrosas de material
carbonoso ao lado de matéria orgânica no estado coloidal”.
Fig. 1.4
23
Gráfico (ou Carta) de Plasticidade de CASAGRANDE (para ser usado sempre que P200 > 5%):
IP
Limite teórico*: CH
IP = LL Equação desta linha
(denominada “Linha A”):
IP = 0,73(LL-20)
(Eq. 1.3)
CL
7
CL – ML
4 ML ou OL MH ou OH
50 LL
Fig. 1.5 (fora de escala)
* Segundo o “US Corps of Engineeres”, existe também um limite prático (“upper-limit line”), verificado para os solos naturais, dado pela
equação IP = 0,9(LL - 8).
Compare o gráfico da Fig. 1.3 com o da Fig. 1.5
24
CLASSIFICAÇÃO MCT (Noções)
É uma proposta brasileira (NOGAMI e VILLIBOR, 1981) de classificação geotécnica ajustada a solos tropicais,
originalmente desenvolvida para fins rodoviários. Ela parte do princípio que os sistemas tradicionais, importados,
baseados na granulometria e características plásticas dos solos não devem ser aplicados diretamente aos solos
tropicais, pois isto leva frequentemente a resultados não condizentes com o desempenho real nas obras, no caso
de solos tipicamente tropicais, face às suas peculiaridades. A metodologia baseia-se na obtenção de propriedades
de corpos de provas de dimensões reduzidas compactados, daí a sigla MCT – Miniatura, Compactados, Tropicais.
A classificação MCT divide os solos tropicais em duas grandes classes, quais sejam, os solos de comportamento
laterítico e de comportamento não-laterítico (classe esta na qual se incluem os saprolíticos, os transportados e
outros) e então enquadra os solos tropicais em 7 grupos: NA, LA, NS`, NA`, NG` e LG`, onde L significa
laterítico, N = não-laterítico, A = areia, A` = arenoso, G`= argiloso e S´= siltoso. A separação nas duas classes
não se baseia em critérios geológicos ou pedológicos, mas sim em considerações essencialmente tecnológicas
ou geotécnicas. As propriedades dos solos utilizadas na classificação são provenientes de ensaios mecânicos
e hidráulicos simplificados, como o método de compactação mini-MCV – Moisture Condition Value,
(sem imersão / perda por imersão), expansão / contração, coeficiente de permeabilidade, coeficiente de sorção
e algumas correlações. Uma das limitações do método é a ainda baixa representatividade estatística
(“... apenas meia centena de solos típicos das rodovias do Estado de São Paulo”). Outra é não se aplicar a solos
granulares, por não serem compactáveis.
Fontes de consultas:
- “Uma nova classificação de solos para finalidades rodoviárias” – JOB SHUJI NOGAMI e DOUGLAS FADUL
VILLIBOR. Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia – COPPE/UFRJ, CNPq, ABMS.
Rio de Janeiro, 21 a 23/09/1981.
- “Classificação Geotécnica MCT para solos tropicais” – VERA M. N. COZZOLINO e JOB S.NOGAMI.
Solos e Rochas – revista brasileira de Geotecnia, vol. 16, n. 2, agosto de 1993.
25
Prática
1) O que são os “Testes de Identificação pela Inspeção Expedita dos Solos” ? Qual é seu objetivo principal?
2) Em que consiste a Identificação Trilinear dos solos?
3) Quais são as diferenças geotécnicas mais marcantes entre um solo arenoso e um argiloso?
4) Em que consiste a identificação dos solos ? Cite exemplos.
5) Descreva detalhadamente, quais procedimentos você adotaria para identificar amostras de solos no campo,
caso não pudesse contar com qualquer apoio de um laboratório no momento.
6) Como são obtidos e para que servem os Limites de ATTERBERG?
7) Qual é a importância e a utilização prática de se fazer a classificação (geotécnica) dos solos e quais são os
elementos necessários para tal ?
8) O que é e para que serve o Gráfico de Plasticidade de A. CASAGRANDE adotada no SUCS?
9) Um mesmo solo pode ser classificado como grosso pelo sistema TRB / AASHTO e fino pelo sistema
USC / ASTM? E o contrário? Por quê?
10) Pesquise e forneça o significado dos seguintes termos da Geotecnia: Solos tropicais, solos saprolíticos e solos
lateríticos. Pesquise também e apresente uma breve síntese sobre a Classificação Resiliente (Pinto, Preussler,
Medina, COPPE/UFRJ 1976).
11) Recolha com cuidado uma pequena amostra de solo; anote a localização precisa de onde foi extraída (num mapa)
e identifique-a. Faça um relatório descrevendo todos os procedimentos adotados para tal. Recorra a profissionais
mais experientes. Acondicione a amostra num saquinho plástico ou vidro de boca larga, bem fechado e etiquetado
e leve para a sala de aula.
12) Identifique, usando o diagrama trilinear do FHWA , o do BPR e mais um outro geotécnico (a seu critério), um solo
que apresentou em laboratório, a seguinte composição granulométrica:
Areia = _ _ _ %, Silte = _ _ _ % e Argila = _ _ _% (Atribua valores a seu critério, lembrando que a soma
dos 3 deve totalizar 100).
Agora responda:
- você acha que os 3 resultados são coerentes entre si?
13) Classifique todos os 16 solos (Mi) abaixo, pelos Sistemas TRB / AASHTO e USC / ASTM, cujas
características geotécnicas determinadas em laboratório, estão informadas nos quadros.
%≤ Ø
Solo M1 Solo M2 Solo M3 Solo M4
Peneira nº 4 97 98 85 100
Peneira nº 10 96 94 80 93
Peneira nº 40 93 80 60 69
Granulometria Peneira nº 200 87 57 28 32
Peneira nº 270 84 50 27 26
0,005 mm 50 20 9 9
0,001 mm 25 15 3 3
Limite de Liquidez 32 47 21 42
Plasticidade
Limite de Plasticidade 23 35 16 34
26
Solo P4 (%) P10 (%) P40 (%) P200 (%) ≤ 2μ (%) LL (%) LP (%)
M5 100 40 10 2 0 - -
M6 72 62 55 48 10 36 26
M7 100 100 95 86 39 50 22
M8 48 32 8 0 0 - -
M9 100 98 80 62 27 64 38
M10 81 60 32 10 01 26 16
M11 90 82 65 50 31 25 22
≤ 2μ (%) significa porcentagem de grãos do solo com tamanho inferior a dois microns. 1μ = 10-6m = 10-3 mm
Granulometria Plasticidade
Solo
P4 (%) P10 (%) P40 (%) P200(%) Ø10(mm) Ø30(mm) Ø60(mm) LL (%) LP (%)
M12 82,5 52,8 23,8 10 0,075 0,66 2,57 50 30
M13 100 100 78 43 25,5 20,5
M14 66 44 21 09 0,1 0,9 4,0 75 67
M15 47 37 23 14 0,03 1,0 10 15 10
M16 100 100 100 86 0,005 0,01 0,022 80 55
Legenda: P = porcentagem que passa. Ø = diâmetro equivalente do grão. LL = Limite de Liquidez. LP
= Limite de Plasticidade.
14) Classifique, pelos sistemas USC / ASTM e TRB / AASHTO o solo M17 que apresentou os seguintes
resultados em laboratório: n
- Equação da Curva Granulométrica: ⎛ φ ⎞
P = ⎜⎜ ⎟⎟ x 100
⎝ φ máx . ⎠
onde
P = porcentagem que passa (em %)
φ = diâmetro equivalente do grão do solo (em mm)
φmáx.= diâmetro equivalente da maior partícula presente no solo = 1,1.N° - 0,6 = _ _ _ mm
n = expoente empírico = (N° + 14)/100 = _ _ _ (adimensional).
- Plasticidade:
Limite de Liquidez, LL = 93 - 2 N° = _ _ _ %
Limite de Plasticidade, LP = 10%.
Apresente todos os passos da sua resolução.
15) Classifique, pelos sistemas USC e TRB, os 2 solos que apresentaram os resultados de laboratório expostos
a seguir. Apresente todos os passos necessários à resolução, inclusive marque no gráfico os pontos usados.
GRANULOMETRIA
100
90 PLASTICIDADE
80
Solo LL IP
70
M18 71 61
60
M19 NP
% Passa
50
40
30
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm)
27
16) Classifique, pelos sistemas USC e TRB, os 2 solos que apresentaram os seguintes resultados em
laboratório:
- Granulometria:
100
90
80
70
Porcentagem que passa (%)
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm) - Esc. log.
17) Classifique, pelos sistemas USC e TRB, um solo (M22) cuja curva granulométrica pode ser expressa
com suficiente precisão, pela equação P = (Ø / 76)n × 100, onde P é a porcentagem que passa (%), ∅ é
o diâmetro equivalente do grão (mm) e n é um expoente empírico adimensional = (No + 9) / 100 = _ _ _
O Limite de Plasticidade = 66 - No = _ _ _% e o Limite de Liquidez = 2 × LP.
Obs.: N° deve ser substituído por um número específico para cada aluno, conforme indicação do professor.
28
Unidade 2
INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS
Poços
Manuais Trincheiras
Trados manuais
Diretos Sondagens à percussão com circulação de água (SPT)
Sondagens rotativas
Mecânicos
Sondagens mistas
Métodos de Sond. especiais com extração de amostras indeformadas
prospecção Ensaio de palheta ou “vane test” (VST)
Semi-diretos Ensaio de penetração dinâmica ou “diep sondering” (CPT)
Ensaio pressiométrico (PMT)
Sísmico
Indiretos Gravimétricos
(geofísicos) Magnéticos
Elétricos
(Prospecção geotécnica do subsolo - Maria José C. Porto A. de Lima)
Trataremos aqui apenas do método SPT - Standard Penetration Test, já que ainda é o mais difundido
no Brasil, como um processo de simples reconhecimento do subsolo. Também por atender
suficientemente ao interesse mais imediato desta disciplina e em vista do assunto ser abordado na
Unid. III da disciplina associada Ensaios de Laboratório e de Campo.
Equipamento padrão
Peças principais:
- Tripé equipado com sarilho, roldana e cabo de aço ou corda de sisal
- Tubos de revestimento em aço, com diâmetro interno mínimo de 66,5 mm
- Haste de aço para avanço
- Martelo de 65 kg para cravação das haste de perfuração e dos tubos de revestimento
29
- Amostrador padrão de diâmetro externo de 50,8 mm e interno 34,9 mm. O corpo do amostrador é
bipartido. A cabeça tem dois orifícios laterais para saída da água e ar e contém interiormente uma
válvula de bola
- Bomba de água motorizada para circulação de água no avanço da perfuração
- Trépano ou peça de lavagem (peça de aço terminada em bisel e dotada de duas saídas laterais para a
água)
- Trado concha com 100 mm de diâmetro e trado espiral de diâmetro mínimo de 56 mm e máximo de
62 mm
a) Perfuração
A perfuração é iniciada com o trado cavadeira até a profundidade de 1 (um) metro, instalando-se o
primeiro segmento do tubo de revestimento. Nas operações subsequentes de perfuração utiliza-se o
trado espiral, até que se torne inoperante ou até encontrar o nível de água . Passa-se então ao processo
de perfuração por circulação de água no qual, usando-se o trépano de lavagem como ferramenta de
escavação, a remoção do material escavado se faz por meio de circulação de água, realizada pela
bomba de água motorizada.
Durante as operações de perfuração, caso a parede do furo se mostre instável procede-se a descida do
tubo de revestimento até onde se fizer necessário, alternadamente com a operação de perfuração. O
tubo de revestimento deve ficar no mínimo a 50 cm do fundo do furo, quando da operação de
amostragem.
Em sondagens profundas, onde a descida e a posterior remoção dos tubos de revestimentos for
problemática, poderá ser empregada lama de estabilização em lugar do tubo de revestimento.
Durante a operação de perfuração são anotadas as profundidades das transições de camadas detectadas
por exame táctil-visual e da mudança de coloração dos materiais trazidos à boca do furo pelo trado
espiral ou pela água de lavagem.
Durante a sondagem o nível de água no interior do furo é mantido em cota igual ou superior ao nível
lençol freático.
b) Amostragem
Será coletada, para exame posterior, uma parte representativa do solo colhido pelo trado concha
durante a perfuração até um metro de profundidade. Posteriormente, a cada metro de perfuração, a
contar de um metro de profundidade, são colhidas amostras dos solos por meio do amostrador padrão.
Obtêm-se amostras cilíndricas, adequadas para a classificação porem evidentemente comprimidas. Este
processo de extração de amostras oferece entretanto a vantagem de possibilitar a medida da
consistência ou compacidade do solo por meio de sua resistência à penetração no terreno.
Os recipientes das amostras devem ser providos de uma etiqueta, na qual, escrito com tinta indelével,
devem constar:
- designação ou número do trabalho
- local da obra
- número da sondagem
- profundidade da amostra
- número de golpes do ensaio de penetração.
30
colocada no topo da haste, o martelo apoiado suavemente sobre a cabeça de bater e anotada a eventual
penetração do amostrador no solo.
Utilizando-se o topo do tubo de revestimento como referência, marca-se na haste de perfuração, com
giz, um segmento de 45 cm dividido em três trechos iguais de 15 cm.
Para efetuar a cravação do amostrador padrão, o martelo deve ser erguido até a altura de 75 cm ,
marcada na haste-guia, por meio de corda flexível que se encaixa com folga no sulco da roldana.
Não tendo ocorrido penetração igual ou maior do que 45 cm no procedimento descrito, inicia-se a
cravação do barrilete por meio de impactos sucessivos do martelo, até a cravação de 45 cm do
amostrador . Devem ser anotados, separadamente, os números de golpes necessários à cravação de cada
15 cm do amostrador.
Boletim de campo
Durante a perfuração o operador deve estar atento a qualquer aumento aparente da umidade do solo,
indicativo da presença próxima do nível de água (NA), bem como um indício mais forte, tal como de
estar molhado um determinado trecho inferior do trado .
Durante a execução da sondagem à percussão são efetuadas observações sobre o nível de água,
registrando-se a sua cota, a pressão que se encontra e as condições de permeabilidade e drenagem das
camadas atravessadas .
Ao se atingir o nível de água interrompe-se a operação de perfuração, anota-se a profundidade e passa-
se a observar a elevação do nível de água no furo, efetuando-se leituras a cada 5 minutos, durante 30
minutos.
Deve ser medida, caso ocorra, a vazão de água ao nível do terreno.
O nível de água também deverá ser medido 24 horas após a conclusão do furo.
Os resultados das sondagens devem ser apresentados em relatórios, numerados, datados e assinados
por responsável técnico pelo trabalho perante o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CREA . O relatório deve ser apresentado em formato A4 .
Devem constar do relatório:
- nome do interessado
- local e natureza da obra
- descrição sumária do método e dos equipamentos empregados na realização das sondagens
- total perfurado, em metros
- declaração de que foram obedecidas as Normas Brasileiras relativas ao assunto
- outras observações e comentários, se julgados importantes
- referências aos desenhos constantes do relatório.
31
Anexo ao relatório deve constar desenho contendo:
- planta do local da obra, cotada e amarrada a referências facilmente encontradas e pouco mutáveis,
de forma a não deixar dúvidas quanto a sua localização
- nesta planta deve constar a localização das sondagens cotadas e amarradas a elementos fixos e bem
definidos no terreno . A planta deve conter , ainda, a posição da referência de nível (RN) tomada
para o nivelamento das bocas das sondagens, bem como a descrição sumária do elemento físico
tomado como RN .
Os resultados das sondagens devem ser apresentados em desenhos contendo o perfil individual de cada
sondagem e seções do subsolo, nos quais devem constar, obrigatoriamente:
- o nome da firma executora das sondagens, o nome do interessado, local da obra, indicação do
número do trabalho e os vistos do desenhista, do engenheiro ou geólogo responsável pelo trabalho
- diâmetro do tubo de revestimento e do amostrador empregados na execução das sondagens
- número(s) da(s) sondagem(ns)
- cota(s) da(s) boca(s) dos furos de sondagem, com precisão de 1 cm
- linhas horizontais cotadas a cada 5 m em relação à referência de nível
- posição das amostras colhidas
- os índices de resistência à penetração (N), calculados como sendo a soma do número de golpes
necessários à penetração no solo dos 30 cm finais do amostrador
- identificação dos solos amostrados
- a posição do nível de água encontrado e a respectiva data de observação
- convenção gráfica dos solos que compõem as camadas do subsolo
- datas de início e término de cada sondagem
- indicação dos processos de perfuração empregados e respectivos trechos, bem como as posições
sucessivas do tubo de revestimento.
Quantidade de furos
Locação – exemplos:
(Fora de escala)
• • • • • • • •
• •
30 • •
20m • 40 • • •
• • • • •
• • • •
10 m 10 20 20
• 20 20
• • • •
30 20
• • 30
• •
• • • • 15
•
60 35
Fig. 2.1
Profundidade:
- 15 a 20 m para obras médias e subsolo em condições normais
- Existem 3 considerações principais que governam a profundidade das sondagens (V. MELLO):
a) Profundidade na qual o solo é significativamente solicitado pelas tensões devidas à construção,
dependendo da intensidade da carga aplicada por ela e do tamanho e forma da área carregada.
b) Profundidade na qual o processo de alteração afeta o solo. É o caso da erosão do solo pela
corrente de um rio, junto à fundação de uma ponte ou de um edifício junto ao mar.
c) Profundidade para alcançar estratos impermeáveis. É o caso de barragens.
- NBR 8036: z≥8m z =c×B (Eq. 2.1)
z = profundidade a ser atingida na sondagem e que para fundações rasas é contada da superfície
do terreno e para fundações por estacas ou tubulões será contada a partir da metade do comprimento
estimado para os mesmos.
B = largura do retângulo de menor área que circunscreve a planta de edificação.
33
c = coeficiente, função da taxa média sobre o terreno (peso da obra dividido pela área da
construção). Pode-se tomar o valor 12 kPa por andar para edifícios normais com estrutura de concreto
armado.
Taxa média (kPa) Coeficiente c
< 100 1,0
100 a 150 1,5
150 a 200 2,0
> 200 A critério
Critério de paralisação (NBR 6484):
O processo de perfuração por lavagem, associado aos ensaios penetrométricos, deve ser utilizado até :
- quando, em 3 m sucessivos, se obtiver índices de penetração maior do que 45/15
- quando, em 4 m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/15 e 45/30
- quando, em 5 m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/30 e 45/45
Caso a penetração seja nula dentro da precisão da medida na seqüência de cinco impactos do martelo, o
ensaio deve ser interrompido.
SP i-A SP i
Impenetrável Caso ocorra a situação acima antes da
SP i-D
profundidade de 8 m, a sondagem deve
SP i-B ser deslocada até o máximo de quatro
vezes em posições diametralmente
2 (a 3) m opostas, a 2 m da sondagem inicial.
SP i-C
Fig. 2.2
34
Estimativa da capacidade de carga ou tensão admissível (σadm.) em função do N
Em solos coesivos aplicam-se na prática, para fins estimativos, as seguintes correlações empíricas:
- Argila ........................................... σadm. ≤ N / 4 kg/cm2
- Argila siltosa ................................ σadm. ≤ N / 5 kg/cm2
- Argila arenosa .............................. σadm. ≤ N / 7,5 kg/cm2
É comum adotar σadm. ≤ N /5 kg/cm2 ou N /50 MPa (tal que 6 ≤ N ≤ 20), para fundações superficiais
acima do NA, onde N é a média dos Ns na vizinhança da base da sapata, sendo mais relevante a região
situada a uma profundidade cuja ordem de grandeza é igual a duas vezes o lado menor da base da
sapata (no caso de base circular toma-se o diâmetro), contando a partir da cota de apoio (ALONSO,
U.R.). Já que não se tem a dimensão da sapata, é necessário arbitrar uma primeira medida, estimar o
SPT médio e calcular a base. Este cálculo deve ser repetido até a convergência entre o valor arbitrado
para base da sapata e o valor obtido aplicando-se a fórmula empírica. (GeoFast).
(Se N > 20 ⇒ σadm. = 4 kg/cm2)
Tabelas úteis
SPT CARACTERÍSTICA
3 Mínimo trabalhável
4 Mínimo para uso de fundação direta
8 Alta resistência para perfuração a trado manual (limite)
15 Mínimo recomendável para assentamento de fundações profundas
20 Máximo para aplicação da estimativa N/50 MPa para fundações diretas
25 Começam a surgir dificuldades em cravar estacas (franki, pré-moldadas)
50 Máximo trabalhável (“impenetrável”)
35
ESTIMATIVA DOS PARÂMETROS DO SOLO A PARTIR DO SPT
Pressão
Peso Ângulo Módulo de Coeficiente de
Tipo de N° de golpes Coesão admissível
Classificação específico de atrito Elasticidade Poisson
solo N SPT c (kPa) Fund. direta
γ (kN/m3) ϕ (°) E (103 kPa) ν
(kg/cm2)
Fofa <4 16 25 a 30 1a5
Areias Pouco compacta 4 – 10 18 30 a 35 5 a 14 0,8
e solos Compacidade Medianamente compacta 10 – 30 19 35 a 40 14 a 40 0,8 a 3,0 0,3 a 0,4
arenosos Compacta 30 – 50 20 40 a 45 40 a 70 3,0 a 5,0
Muito compacta > 50 > 20 > 45 > 70 > 5,0
Muito mole <2 13 < 12 0,3 a 1,2 < 0,45
Mole 2–4 15 12 a 25 1,2 a 2,8 0,45 a 0,90
Argilas
Média 4–8 17 25 a 50 2,8 a 5 0,90 a 1,80
e solos Consistência 0,4 a 0,5
Rija 8 – 15 19 50 a 100 5 a 10 1,80 a 3,60
argilosos
Dura 15 – 30 20 100 a 200 10 a 20 3,60 a 7,20
Muito dura > 30 > 20 > 200 > 20 > 7,20
36
Prática
3) Como se obtém o índice de resistência SPT (cuja notação é NSTP), segundo a norma da
ABNT ?
4) Cite 4 informações sobre o subsolo prospectado que um relatório final de sondagem SPT
deve conter.
5) A partir de um relatório de sondagem SPT, como você pode estimar a cota de fundação?
6) Qual deve ser a profundidade a ser atingida pela sondagem a percussão SPT ? (Cite pelo
menos 2 critérios).
7) Cite 3 informações sobre o subsolo que um relatório final de sondagem SPT deve
conter.
9) Qual o preço mínimo (em reais) que poderia ser cobrado para se executar o serviço de
sondagem SPT no terreno da figura abaixo (fora de escala), o qual vai ser ocupado por
um prédio, na RMBH – Região Metropolitana de Belo Horizonte. Apresente a planilha
de composição de custos, eventuais explicações e indique na mesma figura, a locação
dos furos.
15 m
30 m
15 m
35 m
Solução:
Melhor: 6 furos
Bibliografia adicional
MARIA JOSÉ C. PORTO A. DE LIMA - Prospecção geotécnica do subsolo – RJ: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
1979.
FERNANDO SCHNAID – Ensaios de Campo e suas aplicações à Engenharia de Fundações – São Paulo: Oficina de textos,
2000.
RUY THALES BAILLOT e ANTÔNIO RIBEIRO JÚNIOR - Sondagem a Percussão: comparação entre processos disponíveis
para ensaios SPT - Revista Solos e Rochas volume 22, N.3, dezembro 1999.
CARLOS VON SPERLING GIESEKE – Sondagem à percussão para investigação geotécnica – um enfoque necessário –
Publicação técnica n° 23 – ano XXIII – dez. 87
AUGUSTO OLIVEIRA JÚNIOR – Especificação para serviços de sondagem à percussão (SPT) – Serviço de Geologia e
Sondagem – DER-MG DE/DMP/SGS 08/08/99
RAGONI DANZIGER, BERNADETE – Estudo de Correlações entre os Ensaios de Penetração Estática e Dinâmica e suas
aplicações ao projeto de fundações profundas. Tese – UFRJ Set. 1982 (itens I-5 e I-6)
DE MELLO, V.F.B. - The Standard Penetration Test – State of the Art Paper
Proc. 4th PanAmerican Conf. on Soil Mech. and Fdn. Eng. – Puerto Rico, vol.1, pp. 1-86
MASSAD, FAIÇAL, PINTO, C.DE SOUZA, MASSAD, EMIR e KOSHIMA, AKIRA. Efeito da profundidade nos valores do
SPT Vol. IV, Tema I – Sondagens.
BERBERIAN, DICKRAN. Sondagens do subsolo para fins de engenharia. Vol. 1, UnB / INFRASOLO, 1986
38
Unidade 3
COMPACTAÇÃO
Histórico. Considerações gerais.
Antigamente os aterros eram executados simplesmente “lançando-se o material pelas pontas” e então
aguardava-se o chamado “tempo de consolidação” que poderia durar anos, até décadas. Enquanto isto,
sofriam deformações que eram corrigidas à medida da necessidade. O desenvolvimento dos meios de
transporte, em especial o rodoviário (que se tornaram inclusive mais pesados) e o advento da
pavimentação asfáltica, bem como a urgência da utilização, com maior conforto para os usuários,
provocou o surgimento de uma técnica mais apurada do serviço de compactação e do seu controle de
qualidade. Os primeiros estudos mais racionais foram desenvolvidos pelo Engenheiro da Califórnia R.R.
PROCTOR (1933, Los Angeles Bureu of Water Works – U.S.A.), ao analisar a relação entre a energia, a
umidade e o peso específico, visando conciliar a natureza do solo com o tipo de equipamento empregado
na compactação e as características estruturais pretendidas para a obra.
Naturalmente a técnica aplica-se para o solo como material de construção e, muitas vezes associado ao
processo de correção ou mistura granulométrica, constitui um método de melhoria das características
do solo (Estabilização Mecânica).
Definição
Compactação “é a operação pela qual se obtém para um solo uma estrutura estável, por meio de esforços
mecânicos e em condições econômicas. Um solo é estável quando conserva suas características
mecânicas sob condições previstas, tais como solicitações a esforços, intempéries etc.
Na compactação as partículas do solo são forçadas a agruparem-se mais estreitamente através de uma
redução nos vazios de ar. É pois um processo de densificação, na qual a água age como lubrificante.”
Objetivos
Campo de aplicação
Obras de:
- barragens de terra, de rejeito de mineração, diques, canais, rodovias, ferrovias, aeroportos, encontro de
pontes, fechamento de valas, aterros sanitários, aterros em geral.
Fig. 3.1
39
Curvas de Compactação, Saturação e Resistência
a) Curva de Compactação
Compactando-se um determinado solo (δ) com uma energia de compactação (E) constante, à medida que
o teor de umidade (h) aumenta o peso específico aparente seco (γs) também aumenta, até atingir um valor
máximo (γs,máx.) e daí, passa a cair, dando origem à chamada Curva de Compactação (Fig. 3.2), a qual só
pode ser obtida através de procedimentos práticos, em laboratório ou campo.
A abscissa correspondente ao ponto γs,máx. é chamada de (teor de) umidade ótima – hot., que é a melhor
umidade para se compactar aquele solo, com aquela energia.
γh
γs =
1+ h
Fig. 3.2
É uma curva traçada no mesmo sistema de eixos (h versus γs) que a de Compactação e representa um
limite da posição da Curva de Compactação no gráfico. Ela correlaciona γ e h quando o solo se encontra
saturado.
Sua equação é: δ .γ a (Eq. 3.1)
γs =
1 + h.δ
γg
que vem daquela conhecida fórmula de correlação de Índices Físicos dos solos: e = − 1 , onde
γs
γg = δ.γa e e = h.δ/S, sendo S o Grau de Saturação, em %.
Fig. 3.3:
40
c) Curva de Resistência (ou de Estabilidade)
Representa a variação do valor da resistência do solo compactado em função do seu teor de umidade de
compactação. Esta resistência (R) pode ser o CBR – California Bearing Ratio, a Resistência à
Compressão não-confinada – qu, a Resistência à Compressão Triaxial, a resistência da Agulha Proctor ou
outras. A resistência cai com o aumento da umidade de moldagem (Fig. 3.4).
Esta curva só pode ser traçada a partir de ensaios de laboratório ou de campo.
Fig. 3.4
As 3 curvas em conjunto explicam porque se deve compactar o solo na chamada “condições ótimas”, ou
seja, na hot., até se atingir γs,máx. Acompanhe na Fig. 3.5 o seguinte raciocínio :
- compactar o solo numa umidade baixa (ponto 1) parece vantajoso, pois a resistência inicial é alta
(ponto 2);
- porém o peso específico é baixo (ponto 3), o que significa elevado índice de vazios (solo muito
poroso) e assim, em época de chuvas, absorve muita água e alcança uma umidade elevada (ponto 4),
saturando-se. Então a resistência cai muito (ponto 5), ΔR1.
- Compactar o solo numa umidade alta (ponto 4) já fica descartado pois a resistência inicial é baixa
(ponto 5).
- Agora, compactar na hot. (ponto 6) a princípio não leva a nenhum valor notável de resistência (ponto
7) (nem muito alto, nem muito baixo). Porém, o peso específico é máximo (ponto 8), o que significa
que o índice de vazios é mínimo, levando a absorver pouca água ao se saturar (ponto 9). A resistência
não deixa de cair um pouco (ponto 10), mas esta é a menor variação de resistência possível, ΔR2.
ΔR2 << ΔR1 !
Fig. 3.5
41
Influência do tipo de solo na compactação
Quanto mais arenoso for o solo, menor a hot. e maior o γs,máx. (Como se a curva fosse deslocando para a
esquerda e para cima): Fig. 3.6-a
a) Dinâmico vibração P
impacto (ou percussão)
Caracteriza-se pela ação da energia cinética; Hq
o solo é compactado por intermédio de um
peso (soquete) que cai de uma certa altura.
É ainda o mais empregado em laboratório.
Exemplos:
- Proctor (Normal – PN, Intermediário – PI,
Solo (CP) Fig. 3.7-a
Modificado – PM);
- CSP – Carlos Sousa Pinto
- Iowa State University
- Mini-CBR / DER-SP
EC = P. Hq
b) Estático (compressão)
F
Consiste na aplicação de uma carga F que
cresce gradativamente desde zero até seu
valor máximo, no qual é mantido durante
certo tempo, após o que é aliviada. Não há Fig. 3.7-b
ação da energia cinética (EC).De modo geral, Solo (CP)
ensaios estáticos de laboratório, o pistão que
comprime o solo tem área igual à da seção 0 → F → 0 ( num tempo t)
transversal do cilíndro. EC = 0
42
c) Amassamento (pisoteamento ou “kneading”) T
É devido a HVEEM. Aplica-se uma carga T
transiente, isto é, de ação rápida; não há
também EC. É o método de laboratório cujos
Fig. 3.7-c
resultados mais se aproximam dos de campo. Solo (CP)
Exemplo: Harvard miniatura
0 → T → 0 (num tempo Δt muito pequeno)
São usadas também, combinações destes métodos.
Compactação no laboratório
O objetivo do ensaio de compactação é determinar uma curva umidade × peso específico comparável à
que corresponde ao mesmo material quando compactado por meio de equipamentos e procedimentos
empregados na obra. De acordo com o objetivo da obra e do equipamento ali empregado, define-se o
método de compactação a ser utilizado no laboratório, cada qual caracterizado por sua energia de
compactação (E).
O ensaio padronizado Proctor Normal (ou AASHTO Standard), por exemplo, fornece uma energia
próxima de 6 kg.cm/cm3. Utiliza-se ainda, de acordo com as situações, energias superiores a esta, como o
Proctor Modificado E = 27 kg.cm/cm3 e o Proctor Intermediário (do antigo DNER), E = 13 kg.cm/cm3.
“ Na execução do ensaio em condições de laboratório, todos os fatores que o influenciam podem ser
controlados com exatidão, mas normalmente isso não é possível nas condições existentes no campo
durante os trabalhos de construção. Assim, devido a inúmeros fatores, os ensaios de laboratório não são
necessariamente exatamente representativos dos resultados de campo mas apesar disso tem sido
amplamente adotados e considerados satisfatórios.”
43
determinar este número de passadas é fazer um ensaio em escala natural no campo (“pista
experimental”).
A quantidade de água a ser adicionada ao solo é calculada em função da descarga da barra de distribuição
e da velocidade do carro-pipa.
A espessura das camadas é determinada pelo tipo de compactação e também pode ser obtida na pista
experimental – Fig. 3-8 (fazendo-se uma rampa e verificando-se o alcance em diferentes profundidades).
Fig. 3-8
Uma forma de se determinar a capacidade máxima do rolo é verificar a melhor relação entre a espessura
da camada (e) e o número de passadas (Np) na rampa de prova. Por exemplo, sendo as pistas na rampa de
prova compactadas com 3, 4 e 5 passadas a certa velocidade e supondo que a de 3 passadas apresente o
grau correto de compactação a uma profundidade de 30 cm, a de 4 a 55 cm e a de 5 a 80 cm, a melhor
relação e/Np é 80/5 = 16.
(Engo.Wim Kam, Produtos Vibro, Suécia / Revista Engenheiro Moderno, março 73)
44
No quadro a seguir, adaptado de “Earth Compactation” – M.D. MORRIS – McGraw-Hill Co. Inc.,
encontram-se os tipos mais apropriados de equipamentos para vários solos (em caráter meramente
indicativo).
Espessura da camada
Peso
Tipo de rolo após a compactação Tipo de solo
(t)
(cm)
Pé de carneiro estático 20 40 Argilas e siltes
Pé de carneiro vibratório 30 40
Misturas: areia com silte e argilas
Pneumático leve 15 15
Pneumático pesado 35 35 Praticamente todos
Vibratório com rodas metálicas lisas 30 50 Areias, cascalhos, materiais granulares
Liso metálico (3 rodas) 20 10 Materiais granulares, brita
Grade (malhas) 20 20 Materiais granulares ou em blocos
Combinados 20 20 Praticamente todos
Controle da compactação
γ s ( obra )
GC = 100
γ s ,máx.(lab.) (Eq. 3.2)
Normalmente o valor mínimo admissível para o GC é especificado à empreiteira pelo projetista e fica
sujeito à fiscalização.
A tolerância no valor do γs,máx. reflete-se no da hot., sendo admissível um correspondente desvio de
umidade - Δh, dado por:
Δh = h – hot.
(Eq. 3.3) onde h é o teor de umidade da obra.
45
Prática
1) Por quê a curva de compactação apresenta aquele formato característico
(semelhante a uma parábola com a concavidade voltada para baixo)?
2) Por quê deve-se compactar o solo na obra nas denominadas condições ótimas ?
3) Por quê não é vantajoso compactar o solo com uma umidade baixa, onde ele
apresenta maior resistência inicial?
4) O que acontece com os valores da umidade ótima e do peso específico seco máximo,
para um mesmo solo, à medida que aumenta a energia de compactação?
5) Como se classifica o ensaio Proctor quanto a forma de transferência da energia para
o solo? Quais são os 3 níveis de energia Proctor adotados no Brasil (pelo DNIT, por
exemplo).
6) Em que consiste o Controle da Compactação no campo?
7) Existe alguma tolerância no controle da compactação no campo, em relação às
condições ótimas obtidas em laboratório? Se houver, quais são?
8) Um solo foi ensaiado em laboratório e sua Curva de Compactação apresentou um
formato cujo trecho principal pode ser assimilado a uma parábola com a seguinte
equação: 10γs = 88h – 2h2 – 808, sendo γs (peso específico seco) em kN/m3 e h (teor
de umidade) em %. Na obra, o ensaio “frasco-de-areia” revelou que o mesmo solo
foi compactado (com energia equivalente à de laboratório) até atingir γs = 15,2
kN/m3.
Calcule:
a) o valor do Grau de Compactação alcançado e
b) o valor do Desvio de Umidade correspondente.
9) A curva de compactação de um solo usado na construção do pavimento de uma
rodovia pode ser expressa com suficiente aproximação pela equação 9γs = 40h – h2 –
265, sendo γs (peso específico seco) em kN/m3 e h (teor de umidade) em %. O
projeto geotécnico exigia GC ≥ 92 % e Δh = ± 2 %. Na obra a fiscalização constatou
que o peso específico seco “in situ” obtido pelo frasco-de-areia alcançou 14 kN.m-3.
Então o trecho pode ser liberado? Por quê? (Justifique devidamente sua resposta).
10) Um ensaio de Compactação Proctor Normal executado em laboratório forneceu os
pontos abaixo informados, para um certo solo cujo peso específico (real) dos grãos
foi determinado como sendo igual a 27 kN.m-3.
Ponto → 1 2 3 4 5 6 7
h (%) 10 13 16 18 20 22 25
γh (kN.m-3) 15,55 16,80 18,75 19,70 20,35 20,20 19,40
Baseando-se nesses dados, faça a resolução dos seguintes itens:
(a) Traçar a curva de compactação e obter o peso específico aparente seco máximo
e a umidade ótima.
(b) Traçar um trecho da curva de saturação total.
(c) Se for exigido do empreiteiro que obtenha 93 % de compactação, qual seria o
desvio de umidade mais aconselhável?
(d) Qual é o Grau de Saturação médio alcançado pelo ramo úmido da curva de
compactação.
46
Unidade 4
HIDRÁULICA DOS SOLOS
4.1) CAPILARIDADE NOS SOLOS
Fig. 4.1
Para a água pura (destilada) e o vidro limpo e úmido, este angulo é nulo, α ≅ 0° (Fig. 4.2) e se
as paredes do tubo contiverem uma película de graxa por exemplo, α poderá superar 90° (as
moléculas se repelem). Normalmente 0°< α< 80°.
Fig. 4.2
R = Rm.cos α Para α = 0° ⇒ R = Rm
Outros exemplos:
- Mercúrio e vidro: α ≅ 140°;
- Prata limpa e água: α ≅ 90°.
47
Os fenômenos capilares estão associados diretamente à tensão superficial – Ts, que é uma
propriedade de líquidos puros a certas temperaturas e atua em toda superfície de um líquido,
como decorrência da ação da “energia superficial livre”, definida como sendo o trabalho
necessário para aumentar a superfície livre de um líquido em 1 cm2.
A tensão superficial surge nos líquidos como resultado do desequilíbrio entre as forças agindo
sobre as moléculas da superfície em relação àquelas que se encontram no interior do fluido. As
moléculas de qualquer líquido localizadas na interface líquido-ar realizam um número menor de
interações intermoleculares comparadas com as moléculas que se encontram no interior do
líquido. Estas forças de coesão tendem a diminuir a área superficial ocupada pelo líquido,
explicando assim a forma esférica das gotas de líquidos. Pela mesma razão ocorre a formação
dos meniscos e a conseqüente diferença de pressões através de superfícies curvas ocasiona o
efeito denominado capilaridade. A esta força que atua na superfície dos líquidos dá-se o nome
de tensão superficial e, geralmente, quantifica-se a mesma determinando-se o trabalho
necessário para aumentar a área superficial.
Portanto, um líquido (a água, no caso), por causa da atração existente entre suas moléculas – a
coesão, tende a atrair qualquer molécula que se encontre à superfície para o seu interior,
originando uma tendência para diminuir a sua superfície. Quando em contato com um sólido,
uma gota de líquido tende a “molhar” o sólido, dependendo da atração molecular entre o líquido
e o sólido – a adesão, dando origem ao menisco.
A pressão no lado côncavo de um menisco é maior que a do lado convexo. Considerando a Fig.
4.4-a, tem-se que no NA (ponto 1), num ponto no interior do tubo à mesma cota que o NA
(ponto 2) e num ponto à superfície externa do menisco (ponto 3), a pressão tem o mesmo valor,
ou seja, é igual à atmosférica (pa). Já no ponto situado logo abaixo da superfície (ponto 4), a
pressão deverá ser hc.γa menor que no ponto 2 e portanto, menor que a atmosférica.
48
Fig. 4.4-a Fig. 4.4-b Fig. 4.4-c
O equilíbrio requer que o peso da água sugada pela força geradora da tensão superficial – Fc da
água seja igual à componente vertical desta força (Fig. 4.5).
Fig. 4.5
Fc.cos α = P
Fc = 2.π.R.Ts
P = π.R2.hc.γa
Percebe-se então, pela Eq. 4.1, que a altura de ascensão capilar – hc, é inversamente
proporcional ao diâmetro dos poros e também que hc será máxima quando α = 0°, ou seja
0,306
hc máx. = cm (Eq. 4.1.2 )
φ
49
TEMPERATURA TENSÃO SUPERFICIAL
°C Ts (g/cm)
-5 0,07791
0 0,07713
5 0,07640
10 0,07567
15 0,07494
20 0,07418
25 0,07339
30 0,07258
35 0,07177
40 0,07091
100 0,06001
(J.J.Tuma & M. Abdel-Hady)
Fig. 4.6
S (%) = Grau de Saturação
Acima do lençol freático ocorre a chamada “franja capilar”, de espessura variável, onde o solo
se encontra saturado, mas a água não participa do movimento gravitacional.
A altura de ascensão capilar nos solos depende da natureza do solo, da sua granulometria e
outros fatores. Nos solos finos, como as argilas e siltes, os canalículos possuem pequeno
diâmetro, provocando elevada ascensão, ao contrário do que ocorre nos solos grossos (areias e
pedregulhos). Teoricamente, teríamos os seguintes valores aproximados:
Solo hc
Areias grossas 3 cm
Siltes 60 cm
Argilas 30 m
(Fonte: Victor F.B. Mello e A. H. Teixeira, 1971)
A rigor não se pode dizer que existe uma determinada altura de ascensão capilar (hc) para um
solo, devido à variação de diâmetros dos vazios num mesmo solo (com a máxima ascensão
possível correspondendo aos diâmetros dos menores vazios), como é óbvio. Existem sim,
limites para tais valores.
A altura capilar média dos solos pode também ser estimada através de fórmulas empíricas,
como por exemplo:
C
hc = (Eq. 4.2 ) – A. HAZEN
e.φ10
50
sendo C um coeficiente variando entre 0,1 e 0,5 cm2, e o índice de vazios do solo e φ10 o seu
diâmetro efetivo (aquele correspondente a 10 % que passa, na curva granulométrica), em cm.
Em tubos capilares, à força que puxa a água no tubo capilar corresponde uma reação que
comprime as paredes do tubo.
Nos pontos de contato dos meniscos com os grãos, evidentemente agirão pressões de contato,
tendendo a comprimir os grãos (Fig. 4.7).
Fig. 4.7
Tal fato explica a “contração” de um solo fino durante o processo de secagem. Como a água
capilar está com pressão neutra negativa, há o aumento da pressão efetiva (intergranular) e
consequentemente provoca um acréscimo de resistência dos solos, denominada “coesão
aparente”, a qual desaparece com a secagem ou saturação.
Em construções de pavimentos e aterros em geral, deve-se atentar bem para o aspecto da
capilaridade dos terrenos de fundação, que pode comprometer a estabilidade da obra. Em
regiões de clima frio, por exemplo, a capilaridade pode causar o empolamento do solo a partir
do congelamento da água absorvida do lençol subterrâneo.
Dentre outros efeitos da capilaridade, citam-se também aqueles que ocorrem em barragens de
terra, como o “sifonamento capilar” na crista (Fig. 4.8-a) e a zona adicional de saturação acima
da linha prevista (Fig. 4.8-b), ambos podendo alterar (prejudicando) consideravelmente as
condições de projeto.
Bibliografia adicional
- LAMBE, T.W. – “Soil Testing for Engineers” – John Wiley & Sons, Inc. – New York, 1951.
- TAYLOR, D. W. – “Fundamentals of Soil Mechanics” - John Wiley & Sons, Inc.
- TERZAGHI, K. – “Theoretical Soil Mechanics” - John Wiley & Sons, Inc.
- RODAS, R. VALLE – “Carreteras, Calles y Aeropistas” - Editorial El Ateneo – Buenos Aires.
- BADILLO,J. & RODRÍGUEZ, R. – “Mecánica de Suelos” – Tomo I, Cap. VIII – Ed. Limusa, 77.
51
Prática
1) Qual é o efeito da capilaridade na pressão neutra desenvolvida nos solos?
2) Teoricamente, qual tipo de solo proporciona maiores alturas de ascensão capilar, o arenoso fino
ou o siltoso? Por quê?
3) Sabendo-se que hc é máximo, quanto vale α2, na fig. 4-9?
Fig.4-9
hc
h (m)
Obs.: Considere γw = 10 kN.m-3 No = número do(a) aluno(a).
Fig. 4-10
Solução
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0,306
hcmax . = cm
φ
JURIN:
u = - γa.hc
0,306
φ=
hcmax
N ° + 44
u=− = −hcmax 10
10
u 0,0306
hcmax = m ∴φ = mm
10 hcmax
Veja na tabela abaixo os resultados numéricos para cada aluno(a).
hc máx. 26 7 70 4,37E-02
No u (kPa) ∅ (mm)
(cm) 27 7,1 71 4,31E-02
1 4,5 45 6,80E-02 28 7,2 72 4,25E-02
2 4,6 46 6,65E-02 29 7,3 73 4,19E-02
3 4,7 47 6,51E-02 30 7,4 74 4,14E-02
4 4,8 48 6,38E-02 31 7,5 75 4,08E-02
5 4,9 49 6,24E-02 32 7,6 76 4,03E-02
6 5 50 6,12E-02 33 7,7 77 3,97E-02
7 5,1 51 6,00E-02 34 7,8 78 3,92E-02
8 5,2 52 5,88E-02 35 7,9 79 3,87E-02
9 5,3 53 5,77E-02 36 8 80 3,83E-02
10 5,4 54 5,67E-02 37 8,1 81 3,78E-02
11 5,5 55 5,56E-02 38 8,2 82 3,73E-02
12 5,6 56 5,46E-02 39 8,3 83 3,69E-02
13 5,7 57 5,37E-02 40 8,4 84 3,64E-02
14 5,8 58 5,28E-02 41 8,5 85 3,60E-02
15 5,9 59 5,19E-02 42 8,6 86 3,56E-02
16 6 60 5,10E-02 43 8,7 87 3,52E-02
17 6,1 61 5,02E-02 44 8,8 88 3,48E-02
18 6,2 62 4,94E-02 45 8,9 89 3,44E-02
19 6,3 63 4,86E-02 46 9 90 3,40E-02
20 6,4 64 4,78E-02 47 9,1 91 3,36E-02
21 6,5 65 4,71E-02 48 9,2 92 3,33E-02
22 6,6 66 4,64E-02 49 9,3 93 3,29E-02
23 6,7 67 4,57E-02 50 9,4 94 3,26E-02
24 6,8 68 4,50E-02 51 9,5 95 3,22E-02
25 6,9 69 4,43E-02
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