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Aplicação Estrutural do Betão

Reforçado com Fibras de Vidro (GRC)

João Gomes Ferreira


O QUE É O GRC ?
Glass Fiber Reinforced Concrete

Material compósito cimentício consistindo em


• Argamassa de cimento
• Fibras de vidro curtas dispersas
• Aditivos

Principais métodos de fabrico


• Spray-up
• Premix
UTILIZAÇÃO HABITUAL DO GRC

Elementos não estruturais


• Painéis de fachada (>80%)
• Cofragens perdidas decorativas
• Barreiras acústicas
• Janelas pré-fabricadas
• Manilhas de redes de saneamento
• Elementos decorativos
• etc. Centro Comercial Colombo
Aplicações correntes do GRC

Centro de Congressos Cervantes – St Louis, Mississipi

Hotel Atrium - Banguecoque


Aplicações correntes do GRC

Tunel Heathrow - Londres Dispersores acústicos Painéis decorativos


Aplicações correntes do GRC

Barreiras acústicas Mobiliáio urbano


Aplicações correntes do GRC

Canal de rega Canal de drenagem


VANTAGENS DO GRC FACE ÀS SOLUÇÕES
TRADICIONAIS EM AÇO E EM BETÃO ARMADO

• Parede fina (inexistência de inertes grossos,


resistência ao choque)
• Peso reduzido
- Facilidade/custos de montagem
- Redução de forças sísmicas
- Poupança de material (custos ambientais)

• Durabilidade (ausência de aço corrente, corrosão)

• Controlo da micro-fendilhação e da desagregação

• Interferências electro-magnéticas reduzidas


INCONVENIENTES DO GRC FACE ÀS SOLUÇÕES
TRADICIONAIS EM AÇO E EM BETÃO ARMADO

• Custos iniciais
- Aquisição de equipamento específico
- Formação de pessoal

• Controlo de qualidade (dispersão das fibras, compacidade)

• Durabilidade das fibras de vidro


- Fibras especiais
- Aditivos
FABRICO DO GRC
MÉTODO SPRAY-UP

• Pistola de projecção
• Fibras cortadas na pistola
• Mistura fibras-argamassa no jacto
• Compactação com rolo

Composição
• Fibras (25 - 40 mm, 5% peso)
• Argamassa (A/C -1/1; Ag/C - 0.33) Fase de projecção
MÉTODO SPRAY-UP

• Pistola de projecção
• Fibras cortadas na pistola
• Mistura fibras-argamassa no jacto
• Compactação com rolo

Composição
• Fibras (25 - 40 mm, 5% peso)
• Argamassa (A/C -1/1; Ag/C - 0.33) Fase de compactação
MÉTODO PREMIX

• Mistura da argamassa
• Dispersão das fibras pré-cortadas
• Projecção ou injecção de moldes

Composição
• Fibras (12 mm; 3.5% peso)
• Argamassa (A/C - 0.5/1; Ag/C - 0.35) Fase de dispersão das fibras
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL
DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO GRC
OBJECTIVOS DA DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL
DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO GRC

• Avaliação das propriedades mecânicas do GRC relevantes


para a sua aplicação estrutural

• Análise do efeito de diferentes tipos de reforço na


resistência à tracção do GRC

• Utilização racional do GRC, garantindo níveis de segurança


estrutural adequados
• Obtenção de resultados para utilização em modelos numéricos
MÓDULO DE ELASTICIDADE
EM COMPRESSÃO

Valores obtidos
E = 16 - 17 GPa
ENSAIOS DE ROTURA
À COMPRESSÃO

Série Nº fcm Desvio fck


padrão
GRC
Cilindros 9 40.9 2.91 36.1
premix
Cilindros 8 37.4 2.93 32.6
spray-up
Cubos 13 71.2 4.35 64.1
spray-up
Cubos arg. 10 64.8 0.87 63.3
premix
Cubos arg. 6 72.9 11.15 54.6
spray-up
Resistência à compressão (MPa) Argamassa
DETERMINAÇÃO 50

DE DIAGRAMAS σ-ε
40

Tensão (MPa)
30

EM COMPRESSÃO 20

10

0
0 2 4 6 8 10
Extensão (x1E-3)

GRC

50

40

Tensão (MPa)
30

20

10

0
0 2 4 6 8 10
Extensão (x1E -3)

Instrumentação Argamassa simples


ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRACÇÃO
EM PROVETES DE GRC

Equipamento de ensaio

GRC simples GRC com fibra carbono

GRC com varão inox GRC com reforço misto


DETERMINAÇÃO DE DIAGRAMAS σ-ε À TRACÇÃO

10.0 10.0

8.0 8.0

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

6.0 6.0

4.0 4.0

2.0 2.0

0.0 0.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
E xtensão global (x1E -3) E xtensão global (x1E -3)

Diagramas σ-ε de provetes Diagramas σ-ε de provetes


de GRC simples de GRC com reforço misto
ENSAIOS DE FLUÊNCIA E RETRACÇÃO

3.5
3.0

2.5
2.0 G3

(t)
G5
1.5
G2
1.0

0.5
0.0
0 30 60 90 120 150
Idade (dias)

Provetes sob carga constante Coeficientes de fluência

1200

1000 G1

Extensão (x1E-6)
G4
800
G6
600 Q1
Q2
400
Q3
200 G7

0
0 30 60 90 120 150
Idade (dias)

Medições de retracção Valores de retracção


ENSAIOS CÍCLICOS 6.0

4.0

EM PROVETES 2.0

Tensão (MPa)
0.0

-2.0 0 2 4 6 8

-4.0

-6.0

-8.0
Extensão global (x1E-3)

Ensaio com extensões positivas


em provete de GRC simples.

50.0
6.0

4.0
40.0
2.0
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
30.0
0.0

20.0 -2.0 0 2 4 6 8

10.0 -4.0

-6.0
0.0
0 2 4 6 8 10 -8.0

Extensão global corrigida (x1E-3) Extensão global (x1E-3)

Ensaio cíclico de compressão Ensaio com extensões positivas em


em provete cilíndrico de GRC provete de GRC com fio de carbono.
PROPRIEDADES DE ALGUMAS FIBRAS
Módulo de Resistência Alongamento
Diâmetro
Fibra Elasticidade à Tracção na Rotura
(μm) Densidade
(GPa) (MPa) (%)

Vidro 9 - 20 2.60 70-80 2000 - 4000 2.0 - 3.5

Aço 5 - 500 7.84 200 500 - 2000 0.5 - 3.5

Crocidolite (asbestos) 0.02 - 0.4 3.40 196 3500 2.0 - 3.0


Crisótile
0.02 - 0.4 2.60 164 3100 2.0 - 3.0
(asbestos)
Polipropileno
20 - 200 0.90 5 - 77 500 - 750 8.0
Fibrilado
Aramídica 10 1.45 65 - 133 3600 2.1 - 4.0

Carbono 9 1.90 100-600 1000-7000 1.0

Nylon - 1.10 4 900 13.0 - 15.0

Celulósica - 1.20 10 300 - 500 -

Acrílica 18 1.18 14 - 20 400 - 1000 3.0

Polietileno - 0.95 0.3 0.7 10.0

Fibra de madeira - 1.50 71 900 -


-
Sisal 10 - 50 1.50 800 3.0
Matriz cimentícia
- 2.50 10 - 45 3-4 0.02
(para comparação)
PROPRIEDADES DO GRC
Propriedade GRC spray-up GRC premix

Densidade seca (kN/m3) 19-21 19-20


Resistência à compressão (MPa) 50-80 40-60
Módulo de elasticidade (GPa) 10-20 13-18
Resistência ao choque (Nmm/mm2) 10-25 8-14
Coeficiente de Poisson 0.24 0.24

Flexão:
LOP (MPa) 7-11 5-8
MOR (MPa) 21-31 10-14

Tracção directa:

BOP (MPa) 5-7 4-6


UTS (MPa) 8-11 4-7
Extensão de rotura (%) 0.6-1.2 0.1-0.2

Corte:
Tensão resistente no plano (MPa) 8-11 4-7
Tensão resistente interlaminar (MPa) 3-5 -
FABRICO DE TORRE
DE TELECOMUNICAÇÕES EM GRC
Geometria da torre

12m
R

Secção transversal

12m
5.5

70.0

Anel de
neoprene
(3 mm)
6m 50.0

( cm )

Vista geral Ligação entre troços


Fabrico das torres

Molde Posicionamento de elementos de reforço

Ancoragem de cabos de pré-esforço Base da torre


Montagem da torre

Posicionamento da torre Torre em serviço


Armazenamento
ENSAIOS EXPERIMENTAIS
EM TORRES DE GRC
ENSAIOS EM TÚNEL DE VENTO

Determinação de coeficientes de forma


ENSAIOS DE ROTURA

40

35

30
25

Força (kN)
20

15

10
5

0
0 200 400 600 800 1000
Deslocamento (mm)

Ensaio de rotura de um troço superior de torre


40

30

Força (kN)
20

10

0
0 200 400 600 800

Deslocamento (mm)

Ensaio de rotura de um troço intermédio da torre


ENSAIOS DE CARGA

250

200

Deslocamento (mm)
150

100

50

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
v2 ((km/h)2)

D 29 m D 17 m D5m

Resultados de um ensaio de carga


ENSAIOS DINÂMICOS

Aceleração (m /s2)
2

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-2

-4

-6
Tem po (s)

Direcção da excitação Direcção transversal

Medição de vibração Registos obtidos


em regime livre
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS
SOBRE TORRES DE GRC

• Ensaios de rotura
Identificação dos principais fenómenos envolvidos no
comportamento em regime pós-elástico, permitindo a
sua consideração nos respectivos modelos numéricos.

• Ensaios de carga
Adequação de modelos simples de comportamento
elástico à verificação dos estados limites de utilização
(deformação e vibração).
MODELAÇÃO NUMÉRICA
−3.5Ε−3 ε εt 1000
0.5 σc r t

z=0.0m 0.5 -σco E


0 co

D e s lo c a m e t o n o t o p o (m )
z=3.0m C
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 0.4 σcd 1

-1000 z=5.5m 0.4 σto


E s fo rç o n o rm a l (k N )

v
R -2000
z=6.7m 0.3 Edesc
Eco
X G z=12.0m 0.3 -0.010 0.5εco-0.005 εco
s1

Tensão
1 1 εc
-3000 z=17.5m 0.2 w εto 0.95εtu εtu
s2
z=18.7m 0.2 Edesc ασco Etf
-4000
βσco 1
e z=24.0m 0.1 u
1
-5000 z=30.0m 0.1
T
-6000 0.0
Aço inox 6mm//15cm σco
fck=55MPa 0 10 20 30 40 50
-7000 Tempo (s) Extensão
Y Diagramasdeextensão Momento flector (kN.m)
MODELOS DE SECÇÃO 140

Momento flector (kN.m)


120
100 100

−3.5Ε−3 ε εt 80 80

60 60
R 40
X G 40
0.000 0.001 0.002
20
e 0
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10

Y
Curvatura (/m)
Diagramas de extensão

Diagramas de extensão na fendilhação Diagrama M-1/R de uma secção da torre

1000
12m z=0.0m
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 z=3.0m
ε -1000 z=5.5m
εt

Esforço normal (kN)


−3.5Ε−3
z=6.7m
-2000
z=12.0m
-3000 z=17.5m
R
X G z=18.7m
12m -4000
z=24.0m
-5000 z=30.0m
e
-6000 Aço inox 6mm//15cm
fck=55MPa
6m -7000
Y Diagramas de extensão Momento flector (kN.m)

Diagramas de extensão no colapso Curvas de interacção M-N das secções da torre


Modelos de secção
Confronto com resultados experimentais
Valor Valor Valor
experimental curvas M-N curvas M-θ
Ffend 8.0 7.7 -
1º ensaio (kN) Erro –4%
Troço Frot 15.0 14.5 (base) -
superior (kN) Erro –3%
Ffend 8.0 7.6 7.6
2º ensaio (kN) Erro –5% Erro –5%
Troço Frot 13.5 12.8 (base) 12.9 (base)
superior (kN) Erro –5% Erro –4%
MODELO DE COMPORTAMENTO CÍCLICO

σc r t

-σc o Eco
C
σc d 1

σt o
v
Edes c
Eco s1
0.5 εc o -0.005 εc o
T ensão

-0.010 1 1 εc
w εt o 0.95εt u εt u
s2
Edes c α σc o Etf
u
β σc o 1
1

T
σc o

Extensão

Envolvente. Regras de carga, descarga e recarga.


Modelo de comportamento cíclico

16

12
Força topo (kN)

0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
Deslocamento topo (m)

Experimental Numérico fct=2.0 MPa


Numérico fct=1.0 MPa Numérico fct=0.5 MPa

Simulação do comportamento até à rotura


de um troço superior de torre de GRC.
Modelo de comportamento cíclico.
Simulação do comportamento da torre sob acção do vento.

40
Cota 6.0 m

Velocidade (m/s)
30
Cota 12.0 m

20 Cota 18.0 m

Cota 24.0 m
10
Cota 30.0 m
0
0 10 20 30 40 50
Tempo (s)

Séries de velocidades do vento geradas


para os pontos de aplicação das forças.

0.5 25
Deslocameto no topo (m)

Reacção na base (kN)


0.4 20

0.3 15

0.2 10

0.1 5

0.0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
Tempo (s) Tempo (s)

Deslocamento do topo Reacção na base


PRINCIPAIS CONCLUSÕES
DA MODELAÇÃO NUMÉRICA

• Modelos de secção
Permitem a determinação de curvas M-N e M-θ
Adequados à verificação da segurança de secções.

• Modelo de comportamento cíclico


Permite a simulação do comportamento de elementos
estruturais de GRC face a acções dinâmicas.

• Confronto com resultados experimentais


Os resultados numéricos apresentam boa concordância
com os respectivos valores experimentais
OUTROS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS EM GRC
Elemento de cobertura pré-esforçado

Secção transversal
Elemento de cobertura pré-esforçado
Elemento de cobertura em GRC simples
Elementos de pré-laje
Ponte pedonal – rampas de acesso

Perspectiva Secção transversal

0.8
0.6

Desloc am ento (m m )
0.4
0.2
0
-0.2 1 2 3 4 5 6 7

-0.4
-0.6
-0.8
Tem po (s )

Ensaios experimentais Registo dinâmico


Ponte pedonal – rampas de acesso

Ensaio de rotura – fendilhação


Solução de laje aligeirada

Colocação Betonagem
Solução de laje aligeirada

Ensaio de flexão positiva Ensaio de flexão negativa


CONCLUSÕES GERAIS

• A utilização de GRC como material estrutural é viável,


garantindo níveis de resistência e deformabilidade
compatíveis com as exigências de projecto dos elementos
estruturais analisados.

• O GRC apresenta vantagens face aos materiais


tradicionais alternativos, de que se destacam o reduzido
peso próprio e a durabilidade.

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