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Marangon
Mecânica dos Solos II – Edição Dez/2018
Para o estudo das tensões no solo aplicam-se os conceitos da Mecânica dos Sólidos
Deformáveis aos solos, para tal deve-se partir do conceito de tensões.
O solo é um sistema trifásico constituído por sólidos, água e ar. Parte dos esforços é
transmitida pelos grãos e, dependendo das condições de saturação, parte é transmitida pela
água. No caso de solos secos, todos os esforços são transmitidos pelo arcabouço sólido.
Entretanto, a definição do estado de tensões requer não só a definição dos esforços, mas
também da área. Neste caso, a área considerada deveria passar pelos pontos de contato
(Ac), conforme mostra a Figura 2.2. Este tipo de abordagem torna-se inviável face à
variabilidade de tamanhos de grãos e arranjos estruturais. Em contrapartida, a adoção de
um plano horizontal (A) acarreta na existência de regiões sólidas e regiões que passam
pelos vazios. Em qualquer caso, entretanto, a transmissão se faz nos contatos e,
portanto, em áreas muito reduzidas em relação à área total envolvida.
O somatório da área de contato (Ac) é da ordem de 0,03% da área total (A), o que
faz com que o valor da tensão, considerando-se exclusivamente a transmissão dos esforços
pelos contatos, ser significativamente mais alta do que aquela considerada em termos
médios (Gerscovich, 2008).
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Apesar do conceito de transmissão através dos contatos entre grãos ser fisicamente
mais correto, não seria possível desenvolver modelos matemáticos que representassem
isoladamente as forças transmitidas. Assim sendo, as tensões normal e cisalhante são
tratadas do ponto de vista macroscópico, considerando a área total (A), definindo-se como:
TENSÃO NORMAL é a somatória das forças normais ao plano, dividida pela área
total que abrange as partículas em que estes contatos ocorrem.
σ=ΣN
A
TENSÃO CISALHANTE é a somatória das forças tangenciais, dividida pela área.
(componente melhor estudada no Capítulo 04)
τ=ΣT
A
Figura 2.3 – Estado de tensões em um ponto no interior de uma massa de solo qualquer
Tensão Vertical
- No caso de terrapleno com superfície inclinada, teremos para σv:
Seja a superfície superior com uma inclinação i (em relação horizontal), de uma
massa de solo cujo interior se situa o ponto A cotado no plano A (base do prisma) a uma
profundidade Z, como mostra na Figura 2.4 (a), o prisma corresponde à coluna de solo de
comprimento unitário, largura b (na horizontal) e profundidade Z.
(a) (b)
Figura 2.4 – (a) Representação do prisma de solo e (b) Representação de uma seção transversal,
para o cálculo das tensões
Admitindo-se que a massa de solo está em repouso absoluto, como ilustrado para
uma seção, Figura 2.4 (b), o solo não se desloca pela ocorrência dos esforços nas faces
laterais do prisma de solo (E1=E’1) e esforços nas faces frontais do prisma
(E2=E’2) considerado, sendo Pv o peso do prisma de solo e PA reação do solo pela
continuidade abaixo do plano A.
Estando o prisma em equilíbrio, pode-se calcular a tensão “σv” (“σz”) no ponto A:
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PV
VA =
áreabase
Para o valor do peso Pv, pode-se utilizar a sua relação com o valor de peso
específico do solo, sendo Pv = volume do prisma de solo x peso específico aparente natural
devido ao peso próprio de todos os materiais existentes acima do ponto, então:
VA = Z . cos i. P
Tensão Vertical
- No caso de terrapleno com superfície coincidente com a horizontal, teremos para σv:
vertical, sendo a relação entre tensão horizontal e tensão vertical denominada “coeficiente
de empuxo em repouso”, indicada pelo símbolo “k0”. Este assunto melhor será abordado
neste curso no Capítulo 06 – Empuxos de Terra.
Então, tem-se: Tensão Vertical V = Z . P (nesse caso, i = 0)
Tensão Horizontal h = K 0 . V
Figura 2.6 – Estado de tensões em um ponto em massa de solo com superfície horizontal
n
= Pi .Z i
1
Figura 2.8 – Exemplo de distribuição de tensões para uma seqüência de camadas de solos
Para cada camada homogênea, de espessura Z (h) pode-se considerar que ocorrem
partículas sólidas e água, em diversas situações de peso específico, a saber:
Camada 1
Camada 2
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1. a tensão normal total (σ) em um plano dentro da massa de solo, que é a força por
unidade de área transmitida na direção normal através do plano, imaginando que o solo
seja um material sólido (fase única);
2. a pressão da água nos poros (u), também chamada de poropressão ou pressão neutra,
que é a pressão da água que preenche os espaços vazios entre as partículas sólidas;
3. a tensão normal efetiva (σ’ ou σ) no plano, representando a tensão transmitida apenas
através do esqueleto do solo.
A relação é: σ = σ’ + u
Segundo Craig (2012), o princípio pode ser representado pelo seguinte modelo
físico. Considere um ‘plano’ XX em um solo completamente saturado que passa apenas
por pontos de contato entre partículas, conforme mostra a Figura 2.11. Na realidade, o
plano ondulado XX não pode ser distinguido de um plano verdadeiro em termos da massa
de solo devido ao tamanho relativamente pequeno das partículas de solo em si. Uma força
normal P aplicada em uma área A pode ser suportada parcialmente pelas forças entre as
partículas e parcialmente pela pressão da água nos poros. As forças entre as partículas são
muito aleatórias, tanto em magnitude como em direção, ao longo de toda a massa de solo,
mas em todo ponto de contato do plano ondulado elas podem ser decompostas em uma
componente normal e uma componente tangencial à direção do plano verdadeiro ao qual
XX se assemelha; as componentes normal e tangencial são N’ e T’, respectivamente.
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Ou
Isto é:
A pressão de água nos poros que age igualmente em todas as direções agirá em toda
a superfície de qualquer partícula, mas admite-se que o volume da partícula não se
modifica; além disso, a pressão da água nos poros não faz com que as partículas sejam
pressionadas umas contra as outras. O erro inserido ao admitir que o contato entre as
partículas ocorre pontualmente é insignificante em solos, uma vez que a área de contato
normalmente significa algo entre 1 e 3% da área da seção transversal A. Deve-se entender
que σ’ não representa a tensão verdadeira de contato entre duas partículas, que seria uma
tensão aleatória, porém muito mais alta N’/a, onde a é a área total de contato entre as
partículas (CRAIG, 2012).
Observe que neste curso, as três situações para a ocorrência de pressão neutra ou
porropressão estão sendo estudadas, como segue:
* na condição de fluxo ou percolação dos solos, no Capítulo 01
* na condição de submersão dos solos (peso próprio), no Capítulo 02
* na condição de pressões exteriores de adensamento dos solos, no Capítulo 03
(assunto a ser abordado)
Considerando o maciço submerso, a água que se encontra nos vazios está sujeita a
ação da gravidade e por consequência irá desenvolver pressão.
Experiência
O conceito de pressão neutra ou poropressão pode ser compreendido a partir da
verificação do comportamento dessa pressão, realizada em laboratório com o seguinte
ensaio, como ilustrado na Figura 2.12.
Como visto no Capítulo 01, para o caso de haver fluxo permanente ou transiente da
água em solos, há desenvolvimento de pressão neutra, no interior da massa de solo em
função da diferença de carga total entre dois pontos, o que implica em concluir que há
nesta situação gradiente hidráulico (i) diferente de zero, que motiva o fluxo.
Para o cálculo final da pressão neutra (u) torna-se extremamente conveniente o
traçado da rede de fluxo (linhas de fluxo e linhas equipotenciais), com o maior número de
pontos possíveis (cruzamento das linhas), para facilidade de identificação e cálculo dos
valores nos mais diversos pontos de interesse, como ilustrado na Figura 2.14.
Figura 2.14 – Exemplo de rede de fluxo que permite o cálculo da pressão “u”
nos cruzamentos de linhas
Experiência
O conceito de tensão efetiva pode ser compreendido a partir da verificação do
comportamento dessa pressão, realizada em laboratório com o seguinte ensaio, como
ilustrado na Figura 2.15.
Da mesma maneira que para a pressão neutra, podemos, com o mesmo ensaio,
comprovar o comportamento e efeitos decorrentes de acréscimo de carga sobre a estrutura
de areia.
Tomemos o mesmo recipiente com a camada de areia anterior (H = altura inicial),
mantendo-se “u” constante (portanto NA=constante) com entrada de água
continuadamente, mas sem ocasionar turbulência. Com o sistema garantido, introduzimos
um tubo cheio de esferas de chumbo (chumbo de caça) de maneira que se possa,
acionando um fio de nylon, por um gatilho, fazer depositar na superfície da areia as
esferas que serão sobrecargas diretamente sobre os grãos de areia.
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Sua variação acarreta alterações nas características mecânicas dos solos (Figura
2.16), portanto é a parcela da tensão vertical total que nos interessa para análise do
comportamento dos maciços granulares porosos, estudado na Mecânica dos Solos.
∆H
Sendo essa uma tensão de “contato grão a grão”, seu cálculo seria efetivado através
do somatório dos pesos de todos os grãos da estrutura dividido pelo somatório de todas as
áreas de contato entre os grãos. Esse cálculo se torna difícil, mesmo por estimativa, já que
o contato intergranular é de difícil avaliação uma vez que depende de vários fatores.
Para resolver o problema, objetivamente, e sob o ponto de vista prático prático da
Engenharia de Solos, baseia-se no cálculo da tensão total e no cálculo da pressão neutra,
facilmente calculáveis, assim, tem-se para a tensão efetiva:
’ = - u
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(a) (b)
Figura 2.19 – Tensões total e neutra em um solo num permeâmetro com fluxo
(a) ascendente e (b) descendente (PINTO, 2006)
A tensão efetiva varia linearmente com a profundidade e pode escrita como segue:
Fluxo Ascendente
Na face inferior (posição de uma “peneira”) ela vale:
𝜎′ = (𝑧 . 𝛾w + 𝐿 . 𝛾sat) - (𝑧 . 𝛾w + L . 𝛾w + h . 𝛾w)
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾sat – 𝛾w) - h . 𝛾w
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾sat – 𝛾w) - L . h . 𝛾w
L
𝜎′ = 𝐿 . 𝛾’ - L . i . 𝛾w
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾’ - j)
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Fluxo Descendente
Na face inferior (posição de uma “peneira”) ela vale:
𝜎′ = (𝑧 . 𝛾w + 𝐿 . 𝛾sat) - (𝑧 . 𝛾w + L . 𝛾w - h . 𝛾w)
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾sat – 𝛾w) + h . 𝛾w
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾sat – 𝛾w) + L . h . 𝛾w
L
𝜎′ = 𝐿 . 𝛾’ + L . i . 𝛾w
𝜎′ = 𝐿 . (𝛾’ + j)
Como sabido, a tensão efetiva pode ser calculada pelo produto da altura (L) pelo peso
específico submerso (𝛾’), como se observa nas expressões obtidas, exceto pelo fato de que:
* deve-se descontar a força de percolação no caso de haver fluxo ascendente - 𝜎′ =
𝐿 . (𝛾’ - j), tensão efetiva é aliviada da força de percolação, que tende a arrastar as
partículas do solo para cima, ou,
* deve-se somar a força de percolação no caso de haver fluxo descendente - 𝜎′ = 𝐿
. (𝛾’ + j), tensão efetiva aumenta com a percolação.
Nesse item verificaremos as variações dos valores das pressões verticais devidas ao
peso próprio dos solos quando, por necessidade de construção ou decorrência dos mesmos,
temos que rebaixar ou elevar o nível estático do lençol freático. Por necessidades
construtivas, às vezes, rebaixamos o lençol freático trazendo o NA a uma cota h abaixo
do normal ou, como no caso de reservatórios de água em hidroelétricas, teremos a elevação
da água numa cota muito acima dos níveis normais dos cursos d’água.
Essas oscilações do NA trarão reflexos acentuados na estrutura, pois, a faixa de
submersão vai variar e, nessa faixa as partículas sólidas têm seus pesos aliviados pelo
empuxo ocorrente em suas condições de imersão. Logo, se seus pesos vão oscilar para
mais ou para menos, sua contribuição para a tensão efetiva também irá variar. Portanto,
comportamento da estrutura como um todo sofrerá transformações.
Plano A
A = - A .n .a. h
Pela expressão, tem-se que a tensão vertical total diminui de um valor igual à
contribuição da pressão devido a água que enchia os vazios na espessura h (e saiu devido
a ocorrência do rebaixamento). Nota-se que restou alguma água nos vazios, como é natural
de ocorrer, correspondente à aeração A (Grau de Aeração) que limita a condição de não ter
escoado toda a água.
Pressão neutra
– Para o nível NA1: u1A = a . h
– Para o nível NA2: u2A = a . (h – h)
u2A = a.h – a.h
– Variação da pressão: uA = u2A – u1A
uA = a.h – a.h – a.h
uA = – a . h
Tensão efetiva
Como temos as variações ocorrentes nas duas parcelas de cálculo dessa tensão,
efetuaremos seu cálculo a partir desses valores, a saber:
’A = A – uA
’A = – A.n.A.h + A.h
’A = (1 – A.n) .a . h
Isso pode ocorrer com a subida do NA na “época das águas” (período de chuvas)
em relação ao seu nível mais baixo no período de seca. Normalmente essa variação, na
natureza, por conta de chuvas, não é expressiva para causar reflexos no seu comportamento
mecânico. Já quando ocorre forçado pela execução de algum tipo de empreendimento ou
obra é expressiva, podendo causar consequências em seu comportamento.
1 – Para o perfil de subsolo apresentado na Figura 2.21 (a), pede-se calcular as tensões
totais, pressões neutras ou poropressões e as tensões efetivas, ao longo do perfil. Trace os
diagramas das tensões calculadas.
(a) (b)
Figura 2.21 – Perfil geotécnico de subsolo e diagrama de tensões
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Resolução:
Cálculo das tensões:
Por se tratar de cálculo de tensões em subsolo, recomenda-se determinar os valores para
todo o perfil, particularmente os seus valores na base de cada horizonte ou camada.
Diagramas de tensões:
O diagrama de tensões totais, pressões neutras ou poropressões e as tensões efetivas estão
apresentadas na Figura 2.21 (b).
2 – Calcular as pressões verticais devidas ao peso próprio dos solos (horizontes I, II e III)
para o perfil da Figura 2.22 (as cotas do perfil são referenciadas a um RN).
a) Nas condições atuais;
b) Após uma drenagem permanente que rebaixará a cota do NA até – 4 m e escavação da
argila orgânica e lançamento de um aterro de extensão infinita até a cota + 3 m com
um material de peso específico aparente natural de 1,8 t/m3 (no aterro).
Horizonte I
I = 1,3 g/cm3
Horizonte II
eII = 0,75
hII = 28 %
II = 2,67
Horizonte III
SIII = 1,1 g/cm3
hIII = 45%
Um trabalho inicial diz respeito ao cálculo dos pesos específicos dos solos, nos três
horizontes, uma vez que os seus valores não foram fornecidos diretamente e sim, foram
fornecidos alguns índices físicos (relações entre índices vistos com ênfase em “Solos I”).
Diagramas (t/m2)
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S II .eÍI 0,8.0,75
hII = = = 0,225 =22,5%
II 2,67
g e
II = + S. . a
1+ e 1+ e
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– Cálculo das pressões para NA1: AI = I . hI = 1,3 . 4,0 = 5,2 t/m2
(já calculadas anteriormente) uAI = a . hI = 1,0 . 4,0 = 4,0
’AI = 1,2 t/m2
– Cálculo das pressões para NA2: AII = II . hI = 1,21 . 4,0 = 4,84 t/m2
uAII = 0
’AII = 4,84 t/m2
– Variação da pressão: ’ = ’AII – ’AI
’ = 4,84 – 1,2
’ = 3,64 t/m2
’A = (1 – A.n).a.h
A = aeração = 1 – S = 1 – 0,8 = 0,2
’A = (1 – 0,2.0,45).(1,0).(4,0) ’A = 3,64 t/m2
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Resolução:
a) Cálculo das tensões σ’:
Por se tratar de cálculo de tensões em subsolo, recomenda-se determinar os valores para
todo o perfil, particularmente os seus valores na base de cada horizonte ou camada.
Optando por calcular σ’ por subtração das tensões “σ” e “u”, tem-se:
Tensões totais
σA = γ1 . h1 = 10 . 10 = 100 kN/m²
σB = σA + (γ2 . h2) = 100 + (19 . 4) = 176 kN/m²
σC = σB + (γ3 . h3) = 176 + (16,5 . 8) = 308 kN/m²
Pressões neutras
uA = (γa . h1) = 10 . 10 = 100 kN/m²
uB = uA + (γa . h2) = 100 + (10 . 4) = 140 kN/m²
uC = uB + (γa . h3) = 140 + (10 . 8) = 220 kN/m²
Tensões efetivas
σA’ = σA – uA = 100 – 100 = 0
σB’ = σB – uB = 176 - 140 = 36 kN/m²
σC’ = σC – uC = 308 – 220 = 88 kN/m²
Por se tratar de pressão neutra, ocorre por efeito de submersão (coincidência de níveis do
interior e exterior do piezômetro), percolação (fluxo) ou adensamento (gerada por
acréscimo de sobre carga). Neste caso como não há coincidência de níveis e também não
há acréscimo de carga sobre o perfil, o que justifica esta carga hidráulica diz respeito a uma
movimentação de água nesta camada inferior de areia (fluxo de água no solo).
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A) Carga concentrada:
p 3z 3 3p
z = 2 = cos5 ,
2 (r + z )2 52
2z 2
p (1 − 2 ) cos 2
r = 3 sen cos −
2 3
,
2z 2 1 + cos
p 3 cos 2
t = − (1 − 2 ) cos − ,
2z 2 1 + cos
rz =
p
2z 2
( )
3 sen cos 4 ,
3p
Pela fórmula: z = 2
cos5 , verifica-se que em cada plano horizontal (Figura
2z
2.28) há uma distribuição simétrica em forma de sino, com a pressão máxima sob a carga, a
qual decresce com o quadrado da distância do plano considerado à superficie de aplicação
da carga.
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2p
Z = . cos 4
.z
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior
que a outra, como por exemplo, no caso de sapatas corridas, os esforços introduzidos na
massa de solo podem ser calculados por meio da formula desenvolvida por Terzaghi e
Carothers. A Figura 2.30 apresenta o esquema de carregamento e o ponto onde se está
calculando o acréscimo de tensão. As tensões num ponto (M) situado a uma profudidade
(Z), com o ângulo em radianos, são dadas pelas fórmulas abaixo.
z =
p
(2 + sen2 cos 2 )
x =
p
(2 − sen2 cos 2 )
p
xz = ( sen 2 sen 2 )
1
Z = p.1 − 3
r 2 2
1 +
z
20
18
16 35
42
28
14
Elevation (metres)
14 21
12
10
7
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Figura 2. 34 - Aspecto da distribuição das tensões verticais, sob carregamento circular
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E) Carga triangular:
Figura 2.37 - Sobreposição dos efeitos (c) das tensões de peso própio (a) e
carregamento externo (b)
No estudo dos solos saturados apenas uma variável, denominada por tensão normal
efetiva (σ’) (Terzaghi, 1936), é suficiente para definir o estado de tensão e descrever o
comportamento mecânico dos mesmos. O princípio das tensões efetivas para solos na
condição saturada foi discutido e confirmado por diversos autores. Sua equação (σ = σ' +
uw) mostra a relação entre as tensões atuantes no solo e a variável do estado de tensão para
solos saturados.
Porém, quando se analisa o solo em seu estado não saturado, tal princípio torna-se
inválido, principalmente pelo aparecimento de uma pressão negativa nos poros do solo,
denominada sucção. A não saturação faz com que o estado de tensões seja diferente,
devendo, então, ser considerada a influência de outras variáveis no comportamento dos
solos não saturados (Fredlund e Morgenstern, 1977).
A fim de ampliar o uso do conceito de tensão efetiva para a condição não saturada
dos solos, diversos pesquisadores apresentaram diferentes expressões na busca de uma
solução única. Uma das equações propostas, para exemplificar, é a de Bishop (1959):
Onde:
ua = pressão de ar
uw = pressão da água
χ = parâmetro relacionado com o grau de saturação
(Para solos saturados χ = 1 e, para solos secos, χ = 0)
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