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ALPHA CURSOS

PÓS-GRADUAÇÃO EM REGÊNCIA ORQUESTRAL

UMA BREVE AUTOETNOGRAFIA


RELATO DE EXPERIÊNCIA

LUÍS CARLOS PAIÉ

Trabalho de Musicologia proposto pelo


Professor Fulvio Ferrari, matéria pertinente ao
curso de pós-graduação em regência
orquestral pela Alpha Cursos.
RESUMO

O trabalho relata a relação com música no contexto familiar desde as primeiras lições à
oficialização na orquestra da igreja evangélica a qual pertenço até o presente momento.
Relata ainda a inicialização na educação musical e interesse pela atividade acadêmica na
busca de conhecimento para a inserção do grupo de estudos musicais dessa instituição
religiosa, a qual pertenço, no universo da música de forma mais profunda.

Palavra-chave: Família, igreja, educação musical, atividade acadêmica, Grupo de estudo


musicais, universo da música.
Introdução
“ A música basta para a vida, mas uma vida não
basta para a música” (Rachmaninoff)

Era decorridos os primeiros meses do ano de 2011 quando recebi o telefone de uma funcionária do
setor administrativo do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, instituição militar
na qual ingressei no ano de 2006 e até então estava a fazer parte dos programas de policiamento na
atividade operacional da PMESP. Foi-me feito o convite para trabalhar no Corpo Musical, exercendo
a função de violinista em um dos conjuntos musicais que compõem essa Unidade, a Camerata de
cordas, sendo já qualificado tecnicamente por avaliação anterior para exercer tal função.
Nessa Unidade especializada houve a aproximação com o universo musical mais abrangente,
estreitando laços de amizades com músicos profissionais, com formações em diversas áreas da
música, que nos apresentaram o mundo acadêmico da música.
Desde a minha formação musical no ano de 1999, com 12 anos de idade, sendo oficializado músico
apto a participar da liturgia dos cultos da Congregação Cristã, fui convidado pelo então professor
Vitor, responsável pela educação musical na igreja local a qual pertencia, para ser instrutor de música
para formação de novos músicos para a orquestra da igreja, experiência que nos levou a ver na
educação musical a paixão que nos move nos caminhos da música, paixão adquirida no seio familiar,
pai músico militar, encerrou a carreira como maestro da banda regimental de música do 18º Batalhão
da Polícia militar em Presidente Prudente, responsável pela educação musical em Rosália, um distrito
afastado da cidade de Marília, minha cidade natal e mãe organista e professora de teoria e órgão desde
os 15 anos, exercendo a função de examinadora, uma espécie de responsável pela aplicação dos
exames para novas organistas.
Passados alguns anos vieram as mudanças com a posse de uma carreira público-militar, casamento e
mudança de cidade, vindo a residir na Capital, nova igreja local, novo convite a integrar no corpo de
instrutores de música dessa nova igreja e com isso a prática da música permaneceu ativa de modo
tímido mas contínuo.
Passaram mais alguns anos até o telefonema que citei anteriormente, a música era exercida somente
de forma litúrgica, relacionada aos cultos congregacionais, mas estava prestes a experimentar o
mundo da música como profissão.
RELEVÂNCIA PESSOAL

Após a transferência para o Corpo Musical da Polícia Militar, pude mergulhar no estudo da
música, na prática de conjunto, a respirar música e ter contato com as diversas funções que
um músico pode exercer, desempenhar e cada experiência nos levou sempre a compartilhar
com os alunos do Grupo de Estudo Musical(GEM) na minha igreja local.
Nessa Unidade estreitamos os relacionamentos mas aqui cito a figura do meu amigo Wagner
Pontes, professor licenciado em educação musical e pós graduando em regência ainda
atuando como coordenador de um dos polos de Pós-Graduação em regência da Alpha Cursos
na baixada santista, e essa amizade nos leva a nesse momento estar redigindo esse trabalho de
autoetinografia na matéria de musicologia. Esse mesmo amigo nos apresentou o mundo
acadêmico da educação Musical, posteriormente nos apresentando a arte da regência nos
mostrando a importância da aquisição de conhecimento para as diversas áreas da vida, nesse
caso da transferência de conhecimento, da ramificação desse conhecimento na atuação social
em que estamos inserido, citando aqui o GEM da minha igreja local.
Durante todos esses anos não tínhamos a noção do relevante papel do professor de música, do
regente do conjunto musical, seu papel social, seu papel técnico, e em ambas entidades
educacionais da minha licenciatura e atualmente da pós-graduação podemos vislumbrar a
importância de se ter o fundamento naquilo que fazemos, o porquê de estarmos fazendo o que
estamos fazendo.
Com a licenciatura e sua grade curricular pude aprender o papel social, não só de tranferência
de saber técnico mas de se contextualizar socialmente com os alunos, fazer parte da vida
deles, mostrar o quanto a música é importante para a vida deles, o quanto irá ajudá-los em
todos os aspectos que positivamente a música atua na vida humana. Nesse ato da minha vida
musical posso destacar testemunhos de bons frutos, alunos que hoje se lançam no estudo
acadêmico da música em Conservatório de Música renomado aqui em São Paulo, não menos
importantes, alunos que participam regularmente das atividades congregacionais relacionadas
à música, com isso ela exerce o papel de social importante de prevenção a vários tipos de
problemas enfrentados pela sociedade moderna como jovens delinquentes com vidas
afundadas na prática ilícita, estão nesse contexto longe do mundo do crime, a música agindo
socialmente de forma benéfica. Tenho um relato interessante nesse aspecto, dois irmãos que
perderam o irmão mais velho, a quem não tive chance de conhecer, por overdose no uso de
drogas ilícitas, e seguindo caminho diferente, esses dois irmãos fazem parte da orquestra da
minha igreja local estando de certa forma empenhados na atividade musical afastando a
possibilidade da tragédia familiar se repetir.
Nesse mesmo contexto, correlacionado a educação musical, estamos diretamente ligados a
prática de conjunto do GEM e a liderança se faz por meio da arte da regência, e é aqui que
este curso de pós-graduação se faz presente e de forma atuante precisamos dos fundamentos
técnicos para exercer a função de regente do conjunto musical formado por alunos e por
vezes somos desafiados a ensaiar o conjunto oficial da igreja local. A regência está presente
desde o ensino do gesto de solfejo ao aluno, durante a prática instrumental individual do
aluno com a familiarização do gesto de regência até a regência propriamente dita.

AUTO REFLEXÃO

A Conclusão dessa autoetinografia se dá por meio da interferência positiva na vidas desses


alunos a ponto de se interessarem pela atividade profissional que exercemos, pela vida
musical que vivemos, pela boa referência social que lhes é apresentada por meio do exercício
da educação musical e da regência com isso atingimos nosso objetivo maior que é colher
frutos maiores e melhores, a semente pode ser pequena e uma vez plantada não é vista porém
o que realmente interessa são os bons frutos, talvez nem colhidos por nós que estamos
plantando. Parafraseando Rachmaninoff , nossa vida não basta para a música, mas a música
basta para nossa vida.

São Paulo, 01 de outubro de 2019


Luís Carlos Paié

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