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NATAL/RN
2019
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 2
Natal/RN
2019
Créditos:
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 3
Epígrafe
O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.
Jean Piaget
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 5
EMENTA DA DISCIPLINA
SUMÁRIO
EPÍGRAFE Pág.
INTRODUÇÃO 14
Módulo 1. INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA 15
GESTÃO PÚBLICA:
Aula 1. Princípios da administração pública; 16
Aula 2. Diferenciação entre administração pública e administração 25
privada;
Aula 3. Fundamentos gerenciais; 26
Aula 4. Conceitos gerais de políticas públicas; 33
Aula 5. Processo de formulação e implementação de políticas 43
públicas;
Aula 6. Acompanhamento, avaliação e controle de resultados. 46
Módulo 2. PLANEJAMENTO DO SETOR PÚBLICO: 51
Aula 1. Conceitos básicos: 53
1.1. Organização, 53
1.2. Ambientes, 53
1.3. Cenários, 54
1.4. Funções administrativas, 54
1.5. Racionalização, 58
1.6. Visão sistêmica, 58
1.7. Gestão estratégica e participativa, 58
1.8. Planejamento no setor público; 58
Aula 2. Planos, programas e projetos, no setor público, relacionados 58
à área de segurança pública.
Módulo 3. FERRAMENTAS DE MODERNIZAÇÃO DO 60
SETOR PÚBLICO:
Aula 1. Ferramentas gerenciais; 62
Aula 2. Tendências conceituais sobre gestão de banco de dados para 75
o setor público;
Aula 3. Gestão por competências; 78
Aula 4. Qualidade em serviço; 78
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 13
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca tecer uma análise sobre os fundamentos da gestão pública
aplicada à segurança pública, ou seja, buscamos contextualizar todo o conteúdo buscando a
aplicação desses conceitos de gestão pública ao arcabouço cognitivo dos alunos dos cursos
de formação e aperfeiçoam anto no que tange à Polícia Militar do Estado do Rio Grande do
Norte.
Como forma de dar celeridade a esses cursos essa apostila é uma das seis primeiras
no modo EaD (cursos autônomos). E poderá ser aplicada em Cursos de Formação e
Aperfeiçoamento de Praças como o CFP, CFS e o CAS.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 15
receita própria, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
Administração Indireta.
Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da
Administração Federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27
Fevereiro de 1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del0200.htm acesso em 11 nov. 2019.
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos de direito administrativo. 3 ed. São Paulo: Atlas,
2003.
1.2 - Princípios da Administração Pública
A palavra princípio significa algo que vem logo no começo, a causa, o que dá a base.
É portanto uma definição pela qual a teoria se desenvolve. No universo jurídico, os princípios
são postulados criados para estruturar o Estado de Direito. Principio da Legalidade:
Disponível em:<https://www.significados.com.br/principio-da-legalidade/ > . Acesso em 22
out. 2019.
O LIMPE é uma combinação interessante de letras, formado por alguns princípios
encontrados na Constituição Federal da República Federativa do Brasil. São eles,
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 19
respectivamente, os princípios:
Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; Eficiência
Esses princípios estão no artigo 37 da Constituição Federal de 1988. Através dele,
todas as pessoas que fazem parte dessa administração devem se pautar. É importante ressaltar,
que os princípios citados não são os únicos, mas há referência de outros princípios em leis
esparsas e específicas. Princípios aplicáveis à Administração Pública Princípios basilares do
regime jurídico-administrativo:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Brasil, 1988):
Princípio da Legalidade: Por esse princípio, a Administração Pública, em toda sua
atividade, prende-se aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob pena de o ato
ser declarado inválido e o seu autor ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos causados.
Assim, toda ação estatal deve ser regulada por lei, caso contrário, será injurídica e expõe-se à
anulação. O administrador público somente pode fazer aquilo que a lei permite ou
autoriza, e nos limites dessa autorização. A legalidade da ação não está resumida na ausência
de oposição à lei, mas pressupõe autorização dela como condição de sua ação, uma vez que o
sistema legal constitui fundamento jurídico de toda ação administrativa;
Segundo Filizzola D’Urso (2019)2,
Desta forma, não é difícil concluir que o princípio da legalidade é um dos pilares
do ordenamento jurídico brasileiro e, a partir da sua definição, é possível verificar
a primeira consequência deste princípio: a limitação do poder punitivo do Estado.
Neste caso, compreendendo o Estado na concepção de Montesquieu e sua
tripartição dos poderes em: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Verifica-se, nesse princípio, o papel de protetor do cidadão contra os poderes
constituídos, defendendo os direitos individuais e a autonomia de vontade das
pessoas que integram o Estado. Dessa forma, a administração pública só pode fazer
aquilo que a lei permite, estabelecendo um limite legal para toda e qualquer ação
do Estado. Em outras palavras, suas atitudes devem ser determinadas e
2Luiz Eduardo Filizzola D’Urso é acadêmico de Direito do Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas (UNIFMU), membro do Rotaract Club Universidade Mackenzie
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estabelecidas em lei e não por vontade daquele que exerce o poder estatal, mesmo
que legitimamente.
Isto está expresso na Constituição Federal, em seu artigo 37, quando prevê que “a
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Pelo pacto constitucional, a população brasileira optou por tornar o Brasil um
Estado Democrático de Direito. Por esta razão o nosso sistema jurídico é baseado
no império da lei, que está acima de todos.
Por fim, conclui-se que o princípio da legalidade é a base da própria democracia e
serve de segurança para todos, frente ao imenso poder estatal, revelando-se um
verdadeiro escudo de proteção do cidadão. Filizzola D’Urso, Luiz Eduardo.
Princípio da legalidade, o escudo do cidadão. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI302660,21048-
Principio+da+legalidade+o+escudo+do+cidadao >. Acesso em 23 out 2019.
3Cesare Bonesana, marquês de Beccaria, foi jurista e economista, nasceu em Milão, Itália, no dia 15 de março de
1738. De família nobre, foi educado no colégio dos Jesuítas em Paris. Em 1758, formou-se em Direito pela
Universidade de Pavia. Dedicou-se ao estudo da Literatura, da Matemática e da Filosofia.
4Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo social, teórico político e escritor suíço. Foi considerado um
dos principais filósofos do Iluminismo e um precursor do Romantismo. Suas ideias influenciaram a Revolução
Francesa. Em sua obra mais importante "O Contrato Social" desenvolveu sua concepção de que a soberania
reside no povo.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 21
praticar o ato, deve ser imparcial, buscar somente o fim público pretendido pela lei, sem
privilégios ou discriminações de qualquer natureza;
O princípio da impessoalidade estabelece o dever de imparcialidade na defesa do
interesse público, impedindo discriminações e privilégios indevidamente dispensados a parti-
culares no exercício da função administrativa. Além do mais, possui outro aspecto importante,
a atuação dos agentes públicos é imputada ao Estado, portanto, as realizações não devem ser
atribuídas à pessoa física do agente público, mas à pessoa jurídica estatal a que estiver ligado.
Fundamentação:
Artigo 2º, parágrafo único, III, da LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999, que
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal - (III -
autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão).
Dsiponível em: < MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014.
Princípio da Moralidade: O princípio da moralidade exige do servidor público o
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá de decidir somente entre o legal e o ilegal, o
justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto.
Vale ressaltar que a moralidade administrativa possui diferença da moral comum, pois
a aquela não obriga o dever de atendimento a esta, vigente em sociedade. No entanto, exige
total respeito aos padrões éticos, decoro, boa-fé, honestidade, lealdade e probidade.
Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles (2012) declara,
Nessa conjuntura, percebe-se que a diferença entre boa-fé subjetiva e objetiva vem
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de um serviço público realizado lentamente, seja por meio de um projeto que trouxe melhorias
para a região em que vivemos, a Gestão Pública está presente em nossas vidas.
No entanto, é bem provável que nunca tenhamos parado para pensar como essas
instituições são administradas. Quais os problemas e desafios que os gestores de setores
públicos enfrentam diariamente?
Assim como as empresas privadas, que possuem organismos complexos e bem
definidos, a Gestão Pública também dispõe de processos e estratégias específicas.
Que tal aprendermos um pouco mais sobre essa forma de gestão, suas características
básicas, diretrizes, princípios e objetivos?
Não se deixe levar pela aparência, combinado? Alguns termos e áreas da Gestão
Pública podem até parecer complicados, mas é só impressão!
Atuando como gestor público, você pode impactar positivamente a vida de muitas
pessoas da sua região.
Aproveite a oportunidade para conhecer este mercado de trabalho interessante e
expandir suas possibilidades de crescimento profissional!
O que é Gestão Pública?
A Gestão Pública é a forma como são aplicados os processos de planejamento e as
práticas gerenciais no setor público. Seu foco é o bem comum, ou seja, o desenvolvimento
econômico e social da população.
Mas como as atividades da Gestão Pública impactam positivamente a vida dos
brasileiros?
Por meio das políticas públicas — ações desenvolvidas direta ou indiretamente pelo
Estado, com a participação de entidades públicas ou privadas que visam impactar de alguma
forma a realidade social, cultural, política ou econômica.
Entenda as diferenças entre Gestão Pública e a administração privada. Disponível em:
<https://www.unicesumar.edu.br/blog/gestao-publica-e-administracao-privada/ > Acesso em
25 ago 2019.
A democracia, a globalização e as inovações tecnológicas provocaram mudanças
drásticas nas organizações privadas e públicas, impondo-lhes uma tomada de decisão
crucial: ou se adaptam e evoluem para os padrões mundiais de produção de bens e serviços,
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organizações.
Na Administração Pública gerencial a estratégia volta-se: para a definição precisa
dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; para a garantia de
autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe
forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados; para o controle
ou cobrança a posteriori dos resultados; adicionalmente, pratica-se a competição
administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
concorrência entre unidades internas.
No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis
hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a Administração Pública deve ser
permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade
civil, e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins). A
Administração Pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente
dos seus serviços. Os resultados das ações do Estado são considerados bons – não porque os
processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a Administração
Pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
O modelo burocrático de Administração implantado no país se somava aos defeitos
relacionados com o controle rígido dos processos, a falta de treinamento e de estrutura de
carreiras. Os instrumentos de supervisão e acompanhamento eram pouco criativos e
insuficientes para caminhar passo a passo com a mudança tecnológica e atender à
necessidade de repensar e propor novos objetivos e métodos de forma ágil, em menor tempo,
e a um custo mais baixo. Além disso, o sistema carecia de mecanismos autorreguladores e
era refratário às inovações. Sua capacidade de resposta aos novos e constantes estímulos
era limitada, arcaica e ineficiente.
O mecanismo de motivação na burocracia era a promoção por mérito em carreiras
formalmente estabelecidas (teoria). Através desse mecanismo, em que os cursos, a avaliação
de desempenho e os exames são essenciais, o administrador ascende lentamente na sua
profissão. No Brasil a amplitude das carreiras era baixa, o sistema, de premiação, a
motivação dos funcionários públicos ocorria mediante a ocupação de cargos em comissão e a
promoção era por tempo de serviço. Era essencial repensar o sistema de motivação dos
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 28
Figura 6.
Fundamentos do Gespública e desburocratização - Gespública.. Disponível em:
<https://slideplayer.com.br/slide/1700372/ >. Acesso em 12 nov. 2019.
Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas
por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social.
Os objetivos das políticas têm uma referência valorativa e exprimem as opções e
visões de mundo daqueles que controlam o poder, mesmo que, para sua legitimação,
necessitem contemplar certos interesses de seguimentos sociais dominados, dependendo
assim da sua capacidade de organização e negociação.
Redução dos espaços de atuação dos criminosos (como?)
As fases da construção de uma política pública:
1) Conscientização;
2) Metodológica;
3) Ações.
▪ Ações individuais e coletivas = políticas públicas
As políticas públicas são um processo dinâmico, com negociações, pressões,
mobilizações, alianças ou coalizões de interesses. Compreende a formação de uma agenda
que pode refletir ou não os interesses dos setores majoritários da população, a depender do
grau de mobilização da sociedade civil para se fazer ouvir e do grau de institucionalização de
mecanismos que viabilizem sua participação.‖
4.1.1. - SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL, PLANOS DE COMBATE À
VIOLÊNCIA
Segundo versa a nossa constituição,
homicídios. Desde a década de 1980 até o final de 2017, foram mais de 35 mil homicídios por
ano — uma média superior à de diversos conflitos armados ao redor do mundo. A guerra civil
de Angola, por exemplo, provocou uma média anual de 20 mil mortos.
Números não mentem, O descaso das autoridades: Os números alarmantes fogem dos
relatórios oficiais porque há um subregistro nas ocorrências policiais: Entre as pessoas que já
foram vítimas de violência, 32% afirmaram não ter feito o boletim de ocorrência em
delegacias. Em 38% dos casos, o principal motivo para isso é o fato de acreditarem que a
polícia não faria nada a respeito do ocorrido — o que revela a descrença atual nos órgãos
policiais.
Qual a solução? Na opinião da população, o enfrentamento da criminalidade deve
passar pela redução das desigualdades sociais, melhorando a educação (39%) e reduzindo a
pobreza (12%), mas aumentando também a rigidez das penas aplicadas aos criminosos (23%),
com investimentos na polícia (12%) e combatendo a impunidade (11%).
4.1.3 - O PAPEL DESEMPENHADO QUE FUNCIONA NAS POLÍTICAS DE
SEGURANÇA PÚBLICA
O processo de retomada da Democracia na sociedade brasileira, desde meados da
década de 1980, não trouxe consigo avanços na provisão da ordem pública. Deterioração
intensa dos padrões de segurança pública. Manifestação de um inquietante paradoxo: a
democratização tem sido acompanhada pela violência. A institucionalização da democracia e
o recrudescimento da violência têm sido acompanhadas de uma lenta e gradual melhoria dos
indicadores sociais: Queda na proporção de pobres; Queda da miséria; Avanços nos
indicadores de saúde e educação; Melhoria do IDH; Há um processo em curso caracterizado
por uma crescente inclusão social e não por uma exclusão social.
O recrudescimento da violência na sociedade brasileira nos últimos vinte anos não
pode ser explicada pela pobreza absoluta. Jovens negros e residentes nas periferias das
grandes cidades brasileiras tornaram-se as principais vítimas e algozes deste espiral de
violência.
Combinação perversa de fatores psicossociais:
• disseminação de valores individualistas e consumistas;
• consolidação do tráfico de drogas;
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 38
Foto 5: Forças especiais da PSP processam Estado por recusar subsídio em cenário de
guerra. Disponível em:<https://www.jn.pt/nacional/forcas-especiais-da-psp-processam-estado-
por-recusar-subsidio-em-cenario-de-guerra-11221500.html >. Acesso em 23 out 2019.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 41
“Nossa constituição não diz o que é segurança pública, nenhuma lei diz que segurança
pública é proteger a população ou investigar os criminosos, só diz por quem a segurança vai
ser exercida” disse ele à BBC Brasil.
“Então segurança é um conceito que ganha significado no dia a dia da prática policial. Se
olharmos para a história das instituições policiais hoje, muitas estão reguladas por outro
conceito de segurança, que é a manutenção de um modelo de ordem pública, de uma
situação em que o Brasil tem um inimigo interno. A lógica é que o tráfico é o inimigo a
ser combatido e deixamos de lado uma série de problemas ligados à preservação da
vida”, explica. (LOUREIRO, 2017)
“O problema de fundo é que o Brasil encarcera muito e encarcera mal. O país adotou
uma política de guerra às drogas, qualquer um que é pego com drogas é preso. Se o
menino entra um contraventor, vai para a universidade do crime. Não é pelo
encarceramento que se causa melhoria da segurança”, disse à BBC Julio Jacobo
Waiselfisz, sociólogo, autor do Mapa da Violência e coordenador de estudos sobre
Segurança Pública da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
(LOUREIRO, 2017)
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 42
➢ O poder que esses atores possuem e o que podem fazer com ele;
➢ O momento atual do país no aspecto social (problemas, limitações e
oportunidades);
➢ Organização de ideias e ações.
Ela é tida como um recurso heurístico, sabe o que é isso? Um processo que busca
desvendar e compreender algo ou uma situação. No caso das políticas públicas, é um modelo
para compreender em que pé se encontra o país e o que pode ser feito por ele.
Primeira fase: a formação da agenda
Para começar a elaboração de uma política, é preciso decidir o que é prioritário para o
poder público. A fase da agenda caracteriza-se pelo planejamento, que consiste em perceber
os problemas existentes que merecem maior atenção. Essa percepção precisa ser consistente
com o cenário real em que a população se encontra. São analisados nessa fase: a existência de
dados que mostram a condição de determinada situação, a emergência e os recursos
disponíveis.
O reconhecimento dos problemas que precisam ser solucionados de imediato ganham
espaço na agenda governamental. Entretanto, nem tudo que está na agenda será solucionado
imediatamente. Saiba que o planejamento é flexível e que a viabilização de projetos depende
de alguns fatores. São esses:
➢ Avaliação do custo-benefício
➢ Estudo do cenário local e suas necessidades
➢ Recursos disponíveis
➢ A urgência que o problema pode tomar por uma provável mobilização social
➢ Necessidade política
Segunda fase: a formulação da política
É a fase de apresentação de soluções ou alternativas. É o momento em que deve ser
definido o objetivo da política, quais serão os programas desenvolvidos e as linhas de ação.
Após esse processo, se avaliam as causas e são avaliadas prováveis alternativas para
minimizar ou eliminar o problema em questão.
Portanto, a segunda etapa é caracterizada pelo detalhamento das alternativas já
definidas na agenda. Organizam-se as ideias, alocam-se os recursos e recorre-se à opinião de
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 45
especialistas para estabelecer os objetivos e resultados que querem alcançar com as estratégias
que são criadas. Nesse ponto, os atores criam suas próprias propostas e planos e as defendem
individualmente.
Terceira fase: processo de tomada de decisão
Com as todas as alternativas avaliadas, na terceira fase se define qual será o curso de
ação adotado. São definidos os recursos e o prazo temporal da ação da política.
Quarta fase: implementação da política
É o momento em que o planejamento e a escolha são transformados em atos. É
quando se parte para a prática. O planejamento ligado à organização é transformado em ação.
São direcionados recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos para executar a
política.
Quinta fase: avaliação
É um elemento crucial para as políticas públicas. A avaliação deve ser realizada em
todos os ciclos, contribuindo para o sucesso da ação. Também é uma fonte de aprendizado
para a produção de melhores resultados. Nela se controla e supervisiona a realização da
política, o que possibilita a correção de possíveis falhas para maior efetivação. Inclui-se
também a análise do desempenho e dos resultados do projeto. Dependendo do nível de
sucesso da política, o poder público delibera se é necessário reiniciar o ciclo das políticas
públicas com as alterações cabíveis, ou se simplesmente o projeto é mantido e continua a ser
executado.
A boa política pública deve cumprir as seguintes funções:
– promover e melhorar a cooperação entre os atores;
– constituir-se num programa implementável
CONHEÇA O CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS. DISPONÍVEL EM:
<https://www.politize.com.br/ciclo-politicas-publicas/ >. Acesso em 25 ago. 2019.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 46
Título VI
Da Tributação e do Orçamento
Capítulo II
Das Finanças Públicas
Seção II
Dos Orçamentos
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada
bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta
Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e
apreciados pelo Congresso Nacional.
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo poder público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 52
detalhe. Possivelmente ele foi ali anotado apenas como ilustração, apenas para tornar a
descrição mais didática. Cenários são, também, visões extrapoladas do passado" (SCIERE, p.
2).
Em outras palavras, os cenários não devem ser utilizados para tentar prever o futuro,
mas sim para preparar a organização para o futuro.
Referências
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
REZENDE, Denis Alcides. Planejamento estratégico para organizações privadas e públicas.
Rio de Janeiro: Brasport, 2008.
RIBEIRO, Marcelo de Paula Mascarenhas. Planejamento por cenários: uma ferramenta para a
era do conhecimento. Disponível em:
<http://intersaberes.grupouninter.com.br/1/arquivos/9.pdf>. Acesso em 13 jun. 2010.
SCIERE Conhecimento e Transformação. Cenários de planejamento. Disponível em:
<http://www.sciere.com.br/arquivos/doc_download/3-cenarios-de-planejamento>. Acesso em
05 mar. 2011.
1.4. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS.
QUAIS SÃO AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS?
As quatro funções administrativas são: planejar, organizar, dirigir e controlar. Elas
compreendem um grande universo de ações que o gestor deve tomar para manter a
organização no rumo certo.
Planejar
Planejar significa estabelecer os objetivos da empresa e por quais caminhos se chegará
a eles.
Afinal, nenhum projeto é feito no improviso.
Ele é antes pensado e discutido, ou seja, planejado, e depois comunicado aos demais
funcionários envolvidos.
Além de questões internas da empresa, deve-se levar em conta, na hora de planejar,
os cenários futuros do mercado.
Ao contrário do que muitos podem pensar, o planejamento não envolve apenas
intuição do administrador.
Ele precisa, primeiramente, estudar bastante o mercado e tentar embasar as suas
projeções o máximo possível.
Claro que um profissional experiente ou intuitivo terá melhor capacidade de
interpretar os dados, mas o estudo é sempre o ponto de partida do planejamento.
Organizar
E como colocar em prática tudo aquilo que foi planejado? Organizando os recursos da
empresa.
Ou seja, definir de que maneira o projeto será feito e distribuí-lo entre os
departamentos e profissionais correspondentes.
Aí, entra em jogo a produtividade e eficiência, isto é, fazer o trabalho no menor tempo
e com o menor desperdício possível – sem prejudicar a qualidade de entrega, é claro.
Para essa função, obviamente, o administrador precisa de uma ótima capacidade
de organização – individual e coletiva.
Visão sistêmica e um bom conhecimento sobre os processos produtivos do setor da
empresa também são características essenciais.
Dirigir
Dirigir significa liderar. Ou seja, a capacidade de mobilizar os recursos humanos para
que os resultados desejados sejam alcançados.
Aqui, não estamos falando apenas de distribuir as tarefas, mas sim de influenciar e
motivar os funcionários da empresa de maneira positiva.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 57
Muitos administradores que são brilhantes nas outras três funções deixam a
desejar nessa.
É por isso que você já deve ter ouvido falar que nem todo administrador é um líder.
Para liderar, você vai precisar, sobretudo, de muita inteligência emocional, que é a
capacidade de perceber as emoções dos outros e comunicar as suas.
É uma questão de fazer o possível para manter os funcionários satisfeitos
coletivamente, sem prejudicar as finanças da empresa.
Controlar
Você planejou, organizou e delegou as tarefas aos seus empregados.
Isso tudo não é garantia de que, na prática, o trabalho será bem executado e dará os
resultados previstos.
Para isso, existe o controle.
Ele envolve a criação de padrões de desempenho, medição do desempenho atual, a
comparação entre o desempenho padrão e o atual e as possíveis ações corretivas para
redirecionar os esforços no caminho dos objetivos inicialmente traçados.
Para controlar a empresa, ajuda muito ter uma boa capacidade de análise, mas, assim
como no planejamento, é fundamental se basear em números.
Quanto mais indicadores técnicos você tiver, melhores condições terá de fazer uma
avaliação fidedigna da situação da empresa.
Mas lembre que a frieza dos números também pode enganar – use a sua capacidade de
observação para interpretar as planilhas.
Planejar, organizar, dirigir e controlar na administração de uma pequena empresa.
Disponível em:<http://www.abraseunegocio.com.br/2018/09/planejar-organizar-dirigir-e-
controlar-na-administracao-de-uma-pequena-empresa/ >. Acesso em 25 ago 2019.
Planejar, organizar, dirigir e controlar são as quatro funções administrativas. Disponível
em: <https://blog.contaazul.com/planejar-organizar-dirigir-e-controlar-na-administracao-de-
uma-pequena-empresa >. Acesso em 25 ago 2019.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 58
1.5. RACIONALIZAÇÃO
Menegolla (2003) define “racionalizar” da seguinte forma:
Racionalizar é saber usar, com sabedoria, a razão para se poder efetivar uma real
previsão de todas as condições e dos meios necessários, a fim de poder executar, com
eficiência, o plano. É saber tomar decisões sobre o que se deve usar e sobre quem vai executar
o plano. (MENEGOLLA, 2003, pág. 19)
Racionalização dos Meios e Recursos do Planejamento. Disponível em:
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/racionalizacao-dos-meios-e-
recursos-do-planejamento/37545 > Acesso em 25 ago 2019.
1.6. VISÃO SISTÊMICA
A visão sistêmica é a visão do todo, buscando a excelência naquilo que diz respeito à
organização.
1.7. GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA.
Gestão Estratégica é o gerenciamento de todos os recursos de uma organização para
alcançar objetivos e metas. Como o nome sugere, representa uma maneira de gerir toda uma
empresa com foco em planos estratégicos que passam por toda a estrutura organizacional.
1.8. PLANEJAMENTO NO SETOR PÚBLICO.
Planejamento público é um conceito que pode adquirir diferentes significados em
diferentes contextos. Ele evolui à medida que o Estado vai incorporando novas funções.
Aula 2. PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS, NO SETOR PÚBLICO,
RELACIONADOS À ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA.
SUSP.
A criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) é um marco divisório na
história do país. Implantado pela Lei nº 13.675/2018, sancionada em 11 de junho, o Susp dá
arquitetura uniforme ao setor em âmbito nacional e prevê, além do compartilhamento de
dados, operações e colaborações nas estruturas federal, estadual e municipal.
Com as novas regras, os órgãos de segurança pública, como as polícias civis, militares
e Federal, as secretarias de Segurança e as guardas municipais serão integrados para atuar de
forma cooperativa, sistêmica e harmônica.
Como já acontece na área de saúde, os órgãos de segurança do Susp já realizam
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 59
O ciclo PDCA é uma ferramenta de gestão essencial para a sua empresa porque ele
segue 4 etapas indispensáveis para mantê-la ativa e funcionando de maneira eficiente.
A sigla PDCA é de origem americana, muito popularizada na década de 50 e criada
pori William Edwards Deming, professor de gerenciamento de qualidade dos EUA. Seu
significado traduzido seria planejar, executar, analisar e corrigir.
1.1.2 – Canvas
Objetivo: permite ter uma visão global do seu negócio e estender todo o seu
potencial, planejar como atingir o público específico e obter um excelente ROI;
Tipo: planejamento estratégico, desenvolve e esboça modelos de negócios, tanto os
que já existem quanto os novos;
Funcionalidades: quadro com 4 pilares: infraestrutura (recurso para chegar ao valor
do produto para o cliente), oferta (produto e quanto custa), cliente (público específico, canais
de contato com o consumidor e relacionamento pós-venda) e finanças (custos gerais e fontes
de receitas da empresa).
O que é Canvas?
É uma ferramenta estratégica de gestão e empreendedorismo que permite descrever,
projetar, desafiar, inventar e articular seu modelo de negócios.
O Canvas divide seu modelo de negócios em segmentos de fácil compreensão:
parceiros-chave, atividades-chave, recursos-chave, propostas de valor, relacionamentos com
clientes, canais, segmentos de clientes, estrutura de custos e fluxos de receita. Você pode
montá-lo em forma de quadro.
1.1.3 – O plano de negócios
Objetivo: descreve quais os objetivos que se quer para o negócio e os passos a serem
dados a fim de atingi-los. Tem como meta diminuir os riscos e as incertezas para iniciar o
projeto tendo um plano bem elaborado e com etapas;
Tipo: planejamento estratégico com passo a passo;
Funcionalidades: permite que o empreendedor reflita sobre as variáveis e invariáveis
de seu negócio, realize o seu projeto de maneira organizada, estruturada e sequencial. Tem a
ver com utilidade, quem será o responsável por cada atividade dentro do projeto e como
chegar lá.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 64
pelo ritmo intenso/contínuo das mudanças, pelo surgimento de uma economia global pós-
industrial e por uma sociedade baseada no conhecimento e na informação. Com as inovações
tecnológicas, não só as organizações privadas, mas também as públicas, mudaram suas
configurações.
1.2.1 - MELHORIA CONTÍNUA (KAIZEN)
A melhoria contínua é uma técnica de mudança organizacional lenta, suave e
ininterrupta, centrada nas atividades em equipes. Visa aumentar a qualidade dos
produtos e serviços dentro de programas a longo prazo. Seu foco é a melhoria gradual e
contínua, através da colaboração e participação das pessoas, para realizarem suas tarefas um
pouco melhor a cada dia. O Kaizen promove a melhoria através da eliminação de
problemas identificados, objetivando fazer melhor as atividades/tarefas e conquistar
resultados específicos relacionados à satisfação dos clientes, ou relacionados com a redução
de custos de fabricação, estoques e distribuição.
<https://medium.com/@mayrarodriguesdesouza/melhoriac
ont%C3%ADnua-lean-%C3%A1gil-descubra-o-poder-
das-retrospectivas-com-kaizen-e8c53e0bade9 >. Acesso em 22 out
2019
1.2.2 - DOWNSIZING (ENXUGAMENTO)
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 70
A gestão por resultados é uma das principais recomendações da Nova Gestão Pública.
Isso decorre do argumento de ser este modelo apropriado a, simultaneamente: focar na
efetividade ou no que de fato interessa ao cidadão e a sociedade; flexibilizar a condução dos
processos e assim remediar as disfunções burocráticas, relacionadas ao apego excessivo às
normas e procedimentos; e propiciar mais eficiência e accountability.
Em qualquer modelo de gestão por resultados deverá ser definida a missão, a visão, os
objetivos, as metas e os indicadores (Paludo, 2013, p. 227).
Gestão por Resultados
Márcio Roberto Andrade
Características da gestão por resultados
Para que seja possível adotar esse tipo de gestão na empresa, é preciso saber como o
processo realmente funciona e se ele de fato é adequado para atingir seus objetivos. Algumas
características da gestão por resultados podem ajudar a entender melhor como ela acontece
dentro da empresa:
➢ A chave para todo o processo é o foco no resultado e não nos procedimentos;
➢ A responsabilidade por atingir ou não os resultados propostos é de todos;
➢ A liderança é mais participativa;
Todas as unidades da empresa andam juntas e estão integradas para que seja possível
obter o resultado desejado, cada uma contribuindo com sua tarefa.
Vantagens desse modelo de gestão
Uma das maiores vantagens de se adotar a gestão orientada para resultados é o fato de
que os colaboradores se sentem mais motivados, pois estão envolvidos em todo o processo e
sabem que sua participação realmente faz diferença para o alcance das metas. Isso sem contar
que a comunicação também melhora, com a boa interação entre os membros da equipe
surgindo como fundamental para o sucesso do empreendimento. O comprometimento do time
e sua produtividade também aumentam, uma vez que cada um passa a ter clareza do seu papel
para chegar aos resultados. Assim a sensação de pertencimento é maior e o engajamento e a
produção consequentemente melhoram.
Aplicação da gestão de resultados na empresa
Existem várias metodologias para a aplicação da gestão de serviços ou de produtos
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 80
orientada a resultados em uma empresa, havendo entre elas alguns passos em comum para que
a implementação tenha êxito:
Revisar os objetivos da empresa: para que os gestores e empresários tenham uma
visão clara dos objetivos e do planejamento estratégico do negócio;
Definir os objetivos da equipe: gestores e colaboradores precisam se reunir para
estabelecer os objetivos de cada um, determinando um prazo para a apresentação dos
resultados;
Monitorar o processo: antes de o prazo estabelecido terminar, é preciso organizar
algumas reuniões para saber se os objetivos efetivamente serão alcançados;
Avaliar o desempenho: análise baseada no atingimento ou não dos objetivos;
Recompensar: os colaboradores são recompensados por atingirem os resultados.
O sucesso da gestão por resultados leva a empresa a enxugar custos, otimizar um
projeto ou aumentar a produtividade da equipe. Tudo isso requer um envolvimento maior
entre os gestores e os colaboradores e o estabelecimento de objetivos e prazos claros para
cada um. A equipe deve ser monitorada, acompanhada e poder contar com os líderes para os
momentos de dificuldade. Ao final, se os resultados forem obtidos, deve haver uma
recompensa pelo envolvimento e comprometimento com o trabalho. Assim todos saem
ganhando.
Marcio Roberto Andrade
Controller na ContaAzul. Tem formação nas áreas de Computação, Gerenciamento de
Projetos e Gestão Financeira, além das certificações PMP pelo PMI, ITIL Foundation pelo
EXIN e Microsoft Certified Professional.
Aula 4. QUALIDADE EM SERVIÇO
A qualidade de um serviço é percebida diferentemente da qualidade de um
produto porque: o serviço é intangível; não pode ser armazenado; não pode ser
inspecionado; não tem tempo médio de vida; envolve relacionamento entre pessoas; em geral,
sua qualidade é subjetiva.
Não podemos falar em serviço sem relacioná-lo a cliente, toda organização possui
clientes internos e externos. Os clientes internos são os funcionários da organização, que
utilizam resultados de processos criados por outros colaboradores da empresa, enquanto os
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 81
clientes externos, são os que pagam pelo produto final, ambos são importantes e devem ser
atendidos com qualidade. Algumas empresas cobram de seus funcionários excelência em
qualidade na prestação do serviço, como esse funcionário poderá prestar um serviço de
qualidade e atender realmente as necessidades do cliente se as entradas do seu processo tem
pouca qualidade? A qualidade oferecida ao cliente Interno, acaba refletindo na hora da
prestação do serviço ao cliente externo. O que pode ser um serviço de qualidade para um
cliente, pode ser considerado de má qualidade por outro, vamos então identificar alguns
elementos da qualidade de serviço:
4.1. ELEMENTOS DA QUALIDADE DE UM SERVIÇO
Confiabilidade: prestar um serviço confiável ao cliente, por exemplo, quando
contratar um prazo de entrega, esse terá que ser respeitado para que o serviço seja considerado
confiável;
Cortesia: ser gentil e paciente com o cliente, procurando entender suas necessidades;
Comunicação: usar uma linguagem clara e acessível, simplificando a prestação do
serviço;
Capacidade para entender as necessidades dos clientes: colocar-se no lugar do cliente
e procurar entender o que realmente ele precisa para atendimento de suas necessidades;
Credibilidade: fazer com que o cliente acredite naquilo que está lhe oferecendo;
Competência: apresentar competência, mostrando ser conhecedor do serviço prestado;
Segurança: transmitir segurança ao cliente na prestação do serviço;
Rapidez na resposta: sanar todas as dúvidas do cliente no momento em que for
solicitado;
Aspectos visíveis: percepção do serviço prestado, envolvendo vários aspectos que vão
desde a aparência do vendedor e do local onde o serviço é prestado, até os aspectos sentidos
pelo cliente na prestação do serviço. Ferramentas de gestão: Quais são as essenciais para sua
empresa?.
ELEMENTOS DA QUALIDADE DE UM SERVIÇO. Disponível em:
<https://blog.ambracollege.com/ferramentas-de-gestao-essenciais/ >. Acesso em 25 ago 2019.
Aula 5. FOCO EM RESULTADOS.
FOCO EM RESULTADOS: COMPETÊNCIA ESSENCIAL PARA SEU
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 82
NEGÓCIO
O foco em resultados é crucial para o sucesso
É imprescindível que todo empreendedor possua competências para manter seu
negócio em perfeita harmonia. Nesse sentido, sabe-se que essas competências são inúmeras,
e algumas delas, com certeza, você já deve ter escutado de alguém, são elas: habilidade de
planejar, senso de oportunidade, autoconfiança, otimismo, criatividade, flexibilidade e outras
competências mais. E para completar o fluxo de competências que todo empreendedor precisa
ter, considera-se inevitável que todos eles possuam foco em resultados.
Diante disso, manter o foco em resultados pode ser considerada como uma das
competências mais importantes que um empreendedor pode ter, e para mostrar a importância
dessa competência dentro de uma empresa, quero apontar como o foco em resultados age
quando é aplicado diretamente nos colaboradores, nas equipes e até mesmo em líderes.
Primeiramente, o ideal é que o empreendedor entenda o que é foco em resultados, para
a partir disso começar a pensar em como agir em relação a sua empresa, seus colaboradores,
suas equipes e líderes.
Saiba como manter o foco em resultados
Quando se fala sobre manter o foco, como você se sente? Você é uma pessoa que
consegue manter o foco e a atenção em tudo a todo momento? Não se sinta inferior a ninguém
se você não consegue manter o foco em suas atividades. Saiba que são inúmeras as pessoas
que não conseguem cumprir com esse objetivo.
Normalmente, essa dificuldade existe por conta da predisposição que as pessoas têm
em se dispersarem por conta de outras demandas, ou seja, enquanto ela tenta focar em
resolver uma questão, seu telefone toca, um novo e-mail surge, alguém aparece com outra
demanda, uma conversa paralela se inicia, tudo isso são ruídos que conseguem interromper o
raciocínio de uma pessoa que procura manter o foco. O mesmo pode acontecer quando o foco
é destinado as demandas e atividades de uma empresa.
O foco em resultados aplicado em equipes
Agora que você já sabe que um empreendedor deve desenvolver várias competências
para manter sua empresa em um alto nível de excelência, manter o foco em resultados é uma
dessas competências essenciais para um negócio conquistar grandes resultados. Nesse
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 83
sentido, selecionei algumas dicas que você pode aplicar em suas equipes para que essa
estratégia de manter o foco em resultados realmente funcione. São elas:
Delegue as atividades por afinidade. As pessoas trabalham melhor quando realizam
atividades das quais sentem afinidade e aptidão.
Defina prioridades para cada membro da equipe. Quando as pessoas sabem o que
fazer primeiro e o que é mais importante, as chances de perderem o foco são menores.
Aplique a motivação dentro da sua equipe. Motive seus colaboradores e veja o
quanto a produtividade de cada um deles pode aumentar significativamente.
Estabeleça metas e crie premiações para cada meta atingida. Essa é uma forma
de motivar e também de deixar os colaboradores por dentro dos resultados que a empresa
gera.
Com o tempo, ao exercer essas e outras dicas, você verá que cada uma delas pode te
auxiliar a manter o foco em resultados que sua empresa for conquistando. Esse processo é
extremamente viável por simplesmente instigar o colaborador a buscar formas de obter mais
resultados, e com isso o foco é voltado a esse objetivo.
O foco em resultados aplicado individualmente
Assim como é preciso desenvolver estratégias para manter uma equipe com foco em
resultados, é fundamental que cada indivíduo, pessoa e colaborador sinta essa necessidade, e
entenda que é através dos resultados obtidos que a empresa poderá crescer e se desenvolver.
Dessa forma, uma pessoa que não consegue desenvolver a habilidade de manter o foco
em suas atividades precisa encontrar maneiras de manter o equilíbrio emocional para
conseguir aumentar essa competência que é fundamental para os negócios.
Pensando nessa possibilidade de desenvolvimento pessoal que influenciará nos
resultados profissionais, a melhor dica que tenho é: Coaching! Você poderá adquirir esse tipo
de desenvolvimento (foco em resultados além de equilíbrio emocional) através do coaching, e
o PSC-Professional & Self Coaching é uma excelente alternativa para quem deseja
desenvolver essa competência. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre essa formação para
alcançar o objetivo principal, que é manter o foco nos resultados da sua empresa.
Outras dicas valiosas para aplicar o foco em resultados individualmente é mostrar que
o tempo não pode ser desperdiçado. Por isso, quando acontecer uma das situações que
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 84
mencionei no início do artigo; um telefonema que interrompe seu foco, pessoas que
conversam ao seu lado, um e-mail novo, a dica é: repense se vale a pena parar o que você está
fazendo para dar prioridade a outra coisa. No caso de uma conversa paralela, peça silêncio
para as pessoas e explique que naquele momento você precisa manter o foco, explique suas
condições e volte ao trabalho.
Aplicar estratégias que disseminam o foco em resultados é verdadeiramente
positivo tanto para os colaboradores, quanto para a empresa, veja alguns dos benefícios:
➢ A equipe se mostra mais unida e com mais performance;
➢ As chances de erros são baixas, e quando ocorrem rapidamente são
corrigidos;
➢ Ideias e inovações surgem a todo momento;
➢ O crescimento da empresa será visível.
➢ O retrabalho é praticamente nulo;
➢ Os colaboradores produzem mais;
➢ Os resultados são satisfatórios;
O foco de resultados para líderes
Se você é um leitor assíduo do Portal IBC, com certeza você já deve ter lido vários
artigos meus sobre líderes, liderança e gestão de equipes. Em cada um deles, falo muito sobre
como um líder ou gestor deve guiar sua equipe, e para falarmos sobre foco em resultados para
líderes, quero lembrar que chefes cobram resultados, líderes caminham junto aos seus
liderados em busca de resultados. Nesse sentido, entende-se que uma conquista é, e sempre
será de todos, assim como um fracasso também será de toda a equipe.
Para um líder conseguir desenvolver a habilidade de manter o foco em resultados,
acredito que algumas coisas são essenciais, como:
Colete todas as informações que puder, mantenha-as em um lugar seguro, ou seja,
documente cada uma delas. Mantenha suas informações organizadas, isso facilitará a manter o
foco;
Analise os itens coletados. Decida quem poderá realizar cada um dos itens. Defina
prazos e classifique cada uma das ações como: em atividade / entregue / aguardando.
Revise todas as etapas, esteja sempre por perto, ou seja, acompanhe o processo e deixe
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 85
5Esteves Pedro Colnago Junior é um economista brasileiro que ocupou o cargo de ministro do Planejamento
durante o Governo Temer e atual secretário adjunto da Fazenda durante o Governo Bolsonaro.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 87
sob uma base de medida, aquilo que está sendo feito, ou o que se projeta para ser feito".
Fernandes (2004, p.5) dissertando ainda sobre o assunto diz que "levando em conta
que um indicador é um número que expressa o estado de alguma coisa que se considera
relevante e importante para a empresa, sua construção passa, primeiramente, pela análise da
contribuição para a tomada de decisão. O indicador deve ser representante de algo que se
toma como necessário para a rotina de gerenciamento da empresa. Em função disso, são
necessários cuidados quando do estabelecimento da coleta e tratamento de dados, que
constituem a base para a formação de um indicador".
7.2. IMPORTÂNCIA DO INDICADOR
Conforme Furtado (2003), um grupo especial de indicadores de desempenho de
gestão tem como objetivo medir os níveis de eficiência e eficácia das decisões tomadas,
verificando se as ações implementadas estão atingindo os resultados esperados, a que custos
e outros impactos que estão gerando e suas tendências. Esses indicadores são essenciais ao
planejamento e ao controle dos processos porque possibilitam o estabelecimento de metas e
visualização de seus desdobramentos, ao tempo em que permitem a análise crítica que
embasará o re-planejamento ao longo da gestão.
Os indicadores são sinais vitais da organização. Eles informam às pessoas o que
estão fazendo, como estão se saindo e se estão agindo como parte do todo. Eles comunicam
o que é importante para a organização: a estratégia do primeiro escalão para os demais
níveis, resultados de processo, desde os níveis inferiores até o primeiro escalão, o controle e
melhoria dentro dos processos. Os indicadores devem interligar estratégia, recursos e
processos. Hronec (apud REIS, 2005, p.37)
Wright citado por Neves Júnior (2003, p.10), destaca que o processo de controle
estratégico é exercido pela alta administração, que decide quais elementos do ambiente e da
empresa devam ser avaliados e controlados. Segundo o autor, o processo de controle
estratégico possibilita a adoção de alguns passos que visam à tomada de decisão corretivas:
1) dentro do parâmetro da missão e dos objetivos gerais e específicos da organização,
determinar que necessidades devem ser monitoradas, avaliadas e controladas; 2) estabelecer
padrões; 3) mensurar o desempenho; 4) comparar desempenho com padrões; 5) não tomar
medida alguma se o desempenho se harmonizar com os padrões; 6) tomar medidas corretivas
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 88
Ainda segundo Catelli (2001, p.174), “não é possível administrar algo que não tenha
seus resultados mensurados, pois, as decisões devem ser tomadas sobre elementos que
representem a realidade da forma mais precisa possível. Esta é uma característica essencial
do sistema de medição que são instrumentos de gestão para diversos modelos de
administração dos negócios” .
De acordo com Toscano Jr. (2000, p.12) o desenvolvimento de sistemas contábeis
gerenciais que permitam a criação de informações úteis para a tomada de decisão, é de
importância fundamental para a instrumentalização do processo de geração e monitoramento
de indicadores de performance, a fim de viabilizar a mensuração do desempenho da gestão
pública.
Conforme Grateron (1999, p. 15), a variação fundamental para a mensuração da
gestão de um organismo público é avaliar a gestão através da análise e confrontação restrita
dos valores monetários da contabilidade tradicional, ou introduzir, na análise e avaliação,
outras variáveis não monetárias que permitam relacionar as variáveis tradicionais à
finalidade da entidade pública. Segundo a Associación Española de Contabilidad y
Administración de Empresas (apud Grateron, 1999, p. 15), a utilização e a aplicação de
técnicas de gestão, como por exemplo, os indicadores para medir e comparar o desempenho
dos gestores no setor publico, são muito mais complicados, se comparados como setor
privado.
Algumas das limitações mais conhecidas são a falta de indicadores, a dificuldade
para fixar e quantificar os objetivos sociais, a utilização de termos não monetários, a falta de
clareza nos objetivos, metas e atividades realizadas, entre outros.
ANÁLISE DE INDICADORES . Disponível em
<http://ead2.fgv.br/ls5/centro_rec/docs/uma_analise_indicadores_gestao.pdf>. Acesso em 26
ago 2019.
Alguns desses princípios foram adotados em certo momento por condizerem com as
necessidades da época e posteriormente abandonados, ou pelo menos, transformados,
relativizados, ou mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio
orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que foi em parte relativizado
com o advento do estado do bem-estar social no período pós-guerra.
Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o princípio do equilíbrio
orçamentário foi revigorado e dada nova roupagem em face dos crescentes déficits estruturais
advindos da dificuldade do Estado em financiar os extensos programas de segurança social e
de alavancagem do desenvolvimento econômico.
Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre deram tratamento
privilegiado à matéria orçamentária. De maneira crescente, foram sendo incorporados novos
princípios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do Estado brasileiro.
Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Império, e a Carta de 1824, em
seus arts.171 e 172, institui as primeiras normas sobre o orçamento público no Brasil .
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária deve observar regular processo
legislativo - e a reserva de parlamento - a competência para a aprovação é privativa do Poder
Legislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do orçamento. Insere-se
O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade- significa que a autorização
legislativa do gasto deve ser renovada a cada exercício financeiro - o orçamento era para viger
por um ano e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à Assembleia
Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão e aprovação. Pari passu com a
inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo
do princípio geral da submissão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia
autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil somente teve orçamentos
para a Corte e a Província do Rio de Janeiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA
UNIVERSALIDADE - o orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade, de
qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fundos, dos empréstimos e dos
subsídios. O primeiro orçamento geral do Império somente seria aprovado oito anos após a
Independência, pelo Decreto Legislativo de 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32.
Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos orçamentos futuros, aos
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 92
Prática essa denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamidade nacional”.
No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabilongos”, que introduziram o
registro de hipotecas no Brasil e até a alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi
a primeira inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já na sua formulação
clássica, segundo a qual a lei orçamentária não deveria conter matéria estranha à previsão da
receita e à fixação da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos
suplementares e para operações de crédito como antecipação de receita; e a determinação do
destino a dar ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o déficit. O princípio da
exclusividade sofreu duas modificações na Constituição de 1988.
Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei orçamentária de normas sobre o
destino a dar ao saldo do exercício como o fazia a Constituição de 1967. Na segunda, podem
ser autorizadas quaisquer operações de crédito, por antecipação de receita ou não. A mudança
refletiu um aprimoramento da técnica orçamentária, com o advento principalmente da Lei
4.320, de 1964, que regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício anterior
pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como receita do orçamento o produto das
operações de crédito.
A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a competência do Poder
Executivo para elaboração da proposta, que passou à responsabilidade direta do Presidente da
República. Cabia ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclusive, ser
emendado. Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado anteriormente,
estabelecia que a despesa deveria ser discriminada, obedecendo, pelo menos a parte variável,
a rigorosa especialização. Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou
especialidade, ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a própria questão
da legalidade da despesa pública e é a razão de ser da lei orçamentária, prescrevendo que a
autorização legislativa se refira a despesas específicas e não a dotações globais. O princípio da
especialidade abrange tanto o aspecto qualitativo dos créditos orçamentários quanto o
quantitativo, vedando a concessão de créditos ilimitados.
Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934, encerrando a
explicitação da finalidade e da natureza da despesa e dando efetividade à indicação do limite
preciso do gasto, ou seja, a dotação. Norma no sentido da limitação dos créditos
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 94
CONCLUSÃO
No Brasil, como em diversos países, passou-se a evidenciar a importância do
acompanhamento das atividades governamentais, a atuação dos atores do processo político, da
política e da tomada de decisão priorizando projetos e programas sociais.
A avaliação e o monitoramento são ferramentas essenciais no controle e
acompanhamento das políticas e programas de governo, principalmente, para aqueles que
tratam da proteção e assistência social. A incorporação desses instrumentos é uma inovação
aplicada à gestão, à tomada de decisão, agregando qualidade ao gerenciamento de programas,
planejamento de atividades, correção de distorções, aumento da eficiência de administração
pública e melhorando a transparência governamental.
Toda a política de modernização do Estado, portanto, deve focar seus esforços em
alcançar resultados sociais, pautados na eficiência, eficácia e efetividade das ações
governamentais e, consequentemente, ganhos para toda a sociedade, para empresas, entes
governamentais, desenvolvimento nacional e bem-estar de todos
Nas últimas décadas vem crescendo nas sociedades democráticas de economias
avançadas e emergentes a demanda pelo melhor uso dos recursos arrecadados pelo governo e
a prestação de serviços públicos de qualidade para atendimento das demandas sociais.
Surge, assim, uma administração pública gerencial voltada para o cidadão, buscando
padrões otimizados de eficiência e eficácia numa gestão pública por resultados, orientada por
processos de avaliação contínua e de legitimação pela sociedade.
O cidadão, cada vez mais consciente de seus direitos, inserido agora em um contexto
democrático, passa a exigir que suas demandas sejam atendidas de maneira eficaz, eficiente e
efetiva, aliando rapidez na prestação dos serviços públicos, economicidade nas ações,
transparência na gestão e prestação de contas sobre os atos dos gestores.
Frente a esta nova demanda por serviços públicos de qualidade, a Administração
Pública vê-se diante de um ponto de inflexão: ou abdica da responsabilidade de oferecer aos
cidadãos os serviços necessários e, assim, de receber, por meio de tributos arrecadados, os
valores correspondentes a estes; ou qualifica seus profissionais para que se alinhem com a
nova ordem estabelecida – realizar mais por menos, mais rápido e melhor. A segunda hipótese
se apresenta como a única aceitável do ponto de vista ético e institucional por parte da
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA – Página 104
Administração.
A formação dos profissionais da área da Segurança Pública visa a responder às
deficiências teóricas e técnicas desse profissional, de modo a torná-lo um profissional
multifuncional e multidisciplinar, aliando conhecimentos, habilidades e atitudes em busca de
um objetivo único: o cumprimento da missão institucional, dentro dos padrões de cidadania,
ética, legalidade, moralidade, transparência e accountability, entre outros.
As próprias estruturas orgânica e normativa das instituições contemporâneas de
Segurança Pública demonstram a preocupação com o alcance de tal missão institucional, com
a criação de uma legislação que dê celeridade à tomada de decisão, em substituição a um
modelo tipicamente burocrático, marcado pela inoperância. Somado a isso, a divisão interna
em órgãos de atividade finalística e órgãos de apoio logístico são pontos fortes da
racionalização das atividades sem a perda de efetividade. É conveniente observar que a área
de atividades finalísticas se desdobra em dois campos: o das funções estratégicas e o das
funções táticas, traduzindo-se em uma bipartição entre o planejamento suporte estratégico e a
execução propriamente dita da atividade típica de defesa social.
A finalidade é valorizar cada elemento organizacional e humano, seja pelo incremento
do potencial operativo de cada um, seja pela melhor apuração das competências e funções
atribuídas a eles: profissionais ou instituições.
Toda esta racionalidade traz definições muito firmes para o decurso eficiente do
caminho procedimental dos serviços administrativos e os estritamente policiais, dando-lhes
consistência e interatividade.
A estrutura conceptual da área de atividades finalísticas, com seus órgãos e unidades
de funções estratégicas e táticas, deve conceber um sistema tecnicamente íntegro, bem
amarrado e construído de modo a encurtar não só o processo decisório, como também a
positivar a harmonia técnico-científica de todo o complexo organizacional.
Todo esse sistema deve voltar-se para a construção dinâmica da política de formação,
aprimoramento profissional, pesquisa e normalização técnico-científica; para a captação,
análise e difusão de dados e conhecimentos do cotidiano referentes a todos os passos do ciclo
e da ação dos profissionais da área de Segurança Pública; e para os cenários criminais no
tempo e no espaço, com ênfase na permanente avaliação de qualidade dos processos
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produtivos.
As organizações policiais precisam adotar rotinas de inovação científica no processo
de produção de seus serviços. Isso exige não apenas a superação de hábitos organizacionais,
como também a própria evolução do modelo de carreiras na descrição de suas funções,
sobretudo no que se refere ao modo como se articulam na busca da descrição transparente dos
cenários conflituosos. O profissional da área de Segurança Pública é, antes de tudo, um
cidadão cuja missão requer equilíbrio moral e competência técnica.
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