Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Campus Charqueadas
Disciplina de Eletrônica I
Prof. Jônatas Roschild
Objetivos do estudo:
A razão deste comportamento, desconhecido até então em nosso curso, está na junção PN ou
mais especificadamente na barreira de potencial. Qualquer quantidade de energia (tensão) aplicada
ao diodo menor que a barreira de potencial não produz corrente direta, porém quando aplicado
quantidade energia suficiente para vencer a barreira de potencial (tensão positiva maior de 0,7 V) o
efeito é uma corrente direta que cresce rapidamente.
2. SIMBOLOGIA
3. FUNCIONAMENTO
Existem duas formas de o diodo operar, ou seja, o diodo pode funcionar quando está
polarizado reversamente ou quando está polarizado diretamente. Quando ele não está polarizado
significa que está desligado ou danificado.
O diodo não polarizado é aquele que está desligado do circuito, ou seja, o diodo ou não
fecha um caminho no circuito (quando danificado ou fora de malha fechada) ou não há fonte
de energia aplicada aos seus terminais.
Quando o diodo é polarizado diretamente com uma energia maior que sua barreira de
potencial (normalmente 0,7 V) a corrente direta (ID) cresce rapidamente. Esse efeito de
Vimos as possíveis formas de o diodo operar, ou seja, ou ele está desligado ou está ligado.
Quando está ligado a uma fonte de energia existem duas possibilidades de condução da corrente.
Já sabemos que polarizado reversamente existe no diodo uma pequena corrente reversa, que
normalmente é desconsiderada, mas ela existe! Também sabemos que polarizado diretamente o
diodo conduz uma corrente direta que cresce rapidamente através de uma curva exponencial.
Desta forma, é possível com base nestas informações montar um gráfico que relacione a
corrente e tensão no diodo. Quando a tensão VD é positiva acontece polarização direta o que
significa que a corrente ID cresce exponencialmente como na Figura 5. E quando a tensão VD é
negativa acontece polarização reversa e a corrente é chamada de reversa (IS), pois está fluindo em
sentido contrário como na Figura 2. Assim o gráfico com estas características fica como na
Figura 6.
Porém, a energia aplicada e o próprio diodo são finitos. Em outras palavras a potência que
o diodo é capaz de dissipar tem um valor máximo, bem como a fonte de energia tem também um
Nesta curva característica fica evidente que o diodo tem limitações e é influenciado pela
temperatura. Em relação a temperatura quanto mais altas maiores são as correntes reversas e
mais rapidamente a corrente direta cresce. Isto pode significar um problema em alguns projetos,
mas em nosso curso o diodo raramente irá operar em altas temperaturas. O caso mais frequente
de elevação de temperatura é quando o diodo entra em curto-circuito com a fonte de alimentação
(quando não há resistor limitador de corrente). Neste caso, a queima do componente é certa!
Como podemos perceber a curva característica do diodo não é linear, nem tampouco é de
fácil interpretação. Por esta razão, em muitos casos práticos e em vários tipos de circuitos não é
necessário utilizar a curva característica de um diodo real tal como aparece na Figura 7, portanto
podemos fazer aproximações sem resultar em grandes erros de cálculo e de comportamento dos
circuitos em questão. Utilizar um modelo real é uma tarefa complexa que na maioria dos casos o
esforço não compensa em virtude dos resultados esperados.
Como percebemos na Figura 8 um modelo ideal de diodo deve ser de uma chave
aberta para o caso da polarização reversa e de uma chave fechada para o caso de uma
polarização direta. Isto significa que a curva característica será formada por uma reta sobre
cada eixo do plano. Em outras palavras, quando em condução o diodo conduz qualquer valor
de corrente sem nenhuma barreira de potencial, pois a tensão sobre o diodo é nula. Mas
quando ele deve bloquear, qualquer tensão reversa é possível sem que ele rompa tal como na
Figura 9.
Este modelo é útil quando desejamos fazer uma análise rápida no circuito (análise por
inspeção) sem saber com exatidão os valores envolvidos no circuito.
Em outros casos é importante ter uma noção maior dos valores de tensão e correntes
envolvidas em um circuito. Nestes casos é preciso incluir a barreira de potencial de 0,7 V ao
modelo. É incluída somente a barreira de potencial porque quando polarizado reversamente
ele bloqueia toda a corrente, e estamos desconsiderando a corrente reversa que é muito
pequena por natureza. Mas quando polarizado diretamente uma diferença de 0,7 V é bastante
significativa em alguns casos, por exemplo, quando a fonte tem 5V existe um erro de 14%
comparado com o diodo ideal no circuito da Figura 5. Neste novo modelo existe uma
aproximação maior com o modelo real do diodo.
Figura 10. Curva característica do diodo no modelo com queda de tensão de 0,7 V.
Neste modelo só existe condução de corrente quando a tensão aplicada aos terminais
do diodo for 0,7V, antes disso ele está bloqueando a corrente. Então, sempre que o diodo
estiver polarizado diretamente e conduzindo sua tensão ficará fixa em 0,7V (VD = 0,7V).
Podemos ver na Figura 10 que este modelo é formado pelo modelo ideal, tal como uma
chave, acrescida de uma queda de tensão de 0,7V, simbolizada pela fonte VT.
Este modelo é o mais completo dos apresentados até o momento, porém é o mais
complexo de ser utilizado. De modo geral, este modelo tem aplicabilidade na engenharia, e
em nosso curso não vamos utilizá-lo. Mas é importante saber que existe. Neste modelo é
incluída uma resistência de corpo que equivale ao período em que a corrente ainda está
Os circuitos com diodo são circuitos não lineares, logo não podemos aplicar as Leis de
circuito diretamente. É necessário adequar o circuito com diodo a situação em que se possam
aplicar as Leis de circuito. Assim, um primeiro passo é escolher o modelo de diodo que vai ser
utilizado para análise, para que sejam convertidos todos os diodos do circuito pelos modelos
escolhidos. Agora nosso circuito não possui mais diodos, mas contêm chaves ou chaves e quedas
de tensão de 0,7V. Agora podemos resolver aplicando para as diferentes condições do circuito
quando as chaves estão abertas e quando estão fechadas como descrevemos anteriormente.
Exemplo:
No modelo de diodo ideal é possível trocar o símbolo do diodo por uma chave de
duas posições (aberta e fechada) e resolver o circuito para as situações. Com base nestas
análises temos noção de como o circuito funciona.
A análise deste circuito é simples, pois se trata de um circuito série com resistores
em paralelo. Deste modo o resistor equivalente é:
E a corrente total é:
Em outras palavras, a tensão da fonte está sendo subtraída pela queda de tensão
do diodo, o que equivale dizer que a tensão sobre o circuito resistivo quando existe um
diodo em série é 0,7V menor (observe a Figura 15) . Uma vez chegado nesta conclusão
inicia-se a análise que já conhecemos.
Deste modo o resistor equivalente é:
E a corrente total é:
Figura 14. Circuito equivalente do diodo pelo modelo com queda de 0,7 V quando pol. diretamente.
Figura 15. Circuito equivalente com a subtração da queda de tensão na tensão da fonte.
10
-10
Figura 16. Exemplo de uma tensão alternada do tipo senoidal com frequência de 60 Hz.
Neste tipo de circuito precisamos verificar como funciona o diodo para ambas as
polarizações, pois a tensão aplicada a seus terminais está variando a uma frequência de 60 Hz,
tal como a tensão da Figura 16. Como o diodo retificador está ora polarizado diretamente ora
polarizado reversamente podemos dizer que ora funciona como chave fechada (curto circuito)
ora como chave aberta (circuito aberto). Então, podemos analisar o circuito para estas duas
situações como se fossem circuitos distintos, conhecendo seu comportamento completo a partir
do comportamento de cada uma das situações.
Assim, a tensão retificada no resistor, que neste circuito é a carga, é uma tensão pulsante,
tal como a imagem superior da Figura 18, considerando o diodo ideal. Pela LKT sabemos que a
soma da tensão no diodo e na carga deve ser igual a tensão da fonte. Logo, a tensão no diodo é
tal como na imagem inferior da Figura 18.
Vcarga
12
10
-2
VD
-2
-4
-6
-8
-10
-12
Figura 18. A forma de onda na imagem superior é a tensão sobre a carga, enquanto a inferior é a tensão
sobre o diodo.
Além disso, na simulação podemos testar vários valores de tensão de fonte, modelos de
diodo e tipos de cargas de forma rápida, obtendo um gráfico de resposta para cada teste, ou seja,
obtemos uma análise através da variação de vários fatores. Chamamos isto de análise
variacional, e este tipo de análise também pode ser realizado com circuitos físicos, mas devemos
considerar as limitações da realidade. Então, fazer a análise variacional com circuitos
implementados fisicamente (na prática) é normalmente mais difícil do que na simulação,
justamente pelas limitações físicas ou da realidade, pois observem que um diodo ideal não existe
Agora que já conhecemos diferentes modelos para o diodo e sabemos analisar circuitos,
podemos estudar um método que garanta a escolha de um diodo que possa operar normalmente em
certas condições de corrente e tensão. Em outras palavras desejo encontrar um método que ajude a
escolher dentre os diodos fabricados a melhor opção para um determinado circuito, para que o diodo
ou circuito não seja danificado. Neste sentido é preciso fazer a definição de reta de carga e ponto de
operação.
Em geral para definir uma reta são necessários dois pontos. Além disso, uma reta pode ser
representada pela equação linear:
Esta equação terá um gráfico no plano cartesiano tal como na Figura 19, onde cada ponto na
reta é definido para . Agora, vamos definir dois pontos distintos para a equação linear
apresentada para o caso . Um ponto é definido como e o outro como . Portanto,
teremos de obter o valor de para o caso , bem como o valor de para o caso de .
, , e
O ponto de operação é importante para definir em qual corrente e tensão direta o diodo vai
operar. Cada tipo de diodo em sua fabricação tem uma curva característica e cada circuito tem
sua própria reta de carga. Logo a intersecção da curva característica com a reta de carga nos dá a
informação de corrente e tensão que o diodo vai operar. Assim, para obter o ponto de operação
do diodo no circuito da Figura 20 é preciso acrescentar uma curva característica a reta de carga
da Figura 21.
A projeção deste ponto nos eixos da corrente e da tensão são os valores em que o diodo
irá operar em corrente e tensão. Chamamos de ponto Q o ponto de operação. Observem que este
ponto Q deve estar nem tão perto do joelho da curva (onde a barreira de potencial não foi
totalmente vencida) e nem tão perto do topo onde existe a limitação de potência dissipada. Em
ambos os casos seu funcionamento estará prejudicado devido a possibilidade de o diodo queimar
ou devido a possibilidade de ele bloquear corrente. Por isso é tão importante o ponto Q, pois nos
dá as informações necessárias para o bom funcionamento.
Para os diodos as informações mais importantes são aquelas que estão na curva característica.
Assim vamos olhar e interpretar o datasheet somente para aquelas grandezas. Então, vamos observar
a potência máxima de dissipação, a tensão de ruptura reversa, a tensão direta máxima e a corrente
direta máxima. Os símbolos ou nomenclaturas, suas posições nas folhas de dados variam conforme o
fabricante, por isso não há uma regra geral ou uma fórmula de interpretação. Além disso, as folhas
de dados são documentos em inglês, sendo que não existe em português porque não existe fabricante
de semicondutores no Brasil.
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Essas notas de aula foram baseadas, principalmente, no livro: Eletrônica do Malvino. Mas a
maior parte das figuras está no livro: Dispositivos Eletrônicos e teoria de circuitos do Boylestad.
Ambos os livros tem exemplares na biblioteca. Além disso, qualquer livro de eletrônica trata destes
assuntos.