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APRESENTAÇÃO

Olá, estudante! Este material servirá como base para a primeira etapa da
disciplina de eletrônica analógica (EAO), que pertence ao curso técnico em
eletroeletrônica no primeiro módulo. A disciplina de eletrônica analógica trata dos
componentes eletrônicos mais básicos. Os conteúdos que serão abordados podem
ser visualizados abaixo.
 Física dos semicondutores;
 Polarização do diodo e resistor limitador;
 Diodo emissor de luz;

A eletrônica que se trata nesta disciplina é a eletrônica analógica básica. A


aplicação da eletrônica analógica se destina principalmente às fontes de alimentação
simples. A eletrônica analógica também se aplica a circuitos que necessitam de
amplificação de sinal ou comunicação entre circuitos com valores de tensão distintos.

1 FÍSICA DOS SEMICONDUTORES

Os materiais que são utilizados na eletrônica são chamados de


semicondutores. Eles são fundamentais para o funcionamento de todo os
equipamentos eletrônicos que conhecemos. Por isto estudaremos os materiais
semicondutores. Mas qual a característica que determina se um material é
semicondutor ou não? Quando falamos em condução (semicondutor) estamos
pensando em: comportamento do material em relação à passagem de corrente
elétrica. Em outras palavras, se determinado material conduz bem, mal ou mais ou
menos.
Um material isolante é mau condutor de corrente, o que pode ser bom para ser
utilizado em cabos de ferramentas, em conectores, em isoladores de terminais, etc.
Exemplos: borracha, plástico, madeira, vidro, etc. A Figura a seguir mostra exemplos
destes materiais.

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Um material condutor é o que tem boa capacidade de condução de corrente e,
justamente por este motivo, é utilizado para transferir energia elétrica de um local para
outro. Exemplo: cobre, ouro, prata, alumínio, etc. A Figura a seguir mostra exemplos
destes materiais.

Por fim um material semicondutor é aquele que não tem boa capacidade de
isolação nem boa capacidade de condução de corrente. Mas isto não é um defeito de
maneira nenhuma, pois o funcionamento dos equipamentos eletrônicos é baseado
justamente nisso. Pois não é difícil fazer passar corrente e também não é difícil fazer
parar de circular corrente por um material semicondutor. Exemplo: Silício, Germânio,
Nitreto de Gálio, Carbeto de Silício.
Na natureza, quando o semicondutor é extraído ele está todo misturado com
outros elementos que impossibilitam o seu uso, portanto, ele passa por um processo
de purificação antes de ser utilizado. Após esta purificação, ele irá passar por um
processo de inserção de impurezas, mas em quantidades controladas. A este
processo damos o nome de dopagem. Os elementos utilizados são o Boro (B) e o

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Fósforo (P). Na Figura abaixo são mostrados dois semicondutores após o processo
de dopagem.

Semicondutor tipo P Semicondutor tipo N

Na prática, para milhões de átomos de semicondutor, é adicionado um átomo


de Boro ou de Fósforo. O Silício, por exemplo, é um elemento que possui 4 elétrons
na camada que faz as ligações. O semicondutor que recebe a dopagem com o Boro,
que possui 3 elétrons na camada de ligações, fica menos negativo, pois perde
elétrons, portanto chamamos de semicondutor tipo P. A estrutura que recebe a
dopagem do Fósforo, que possui 5 elétrons na camada de ligações, fica mais
negativo, pois ganha elétrons, portanto chamamos de semicondutor tipo N.

2 JUNÇÃO PN

Ao “juntarmos” os dois semicondutores, criamos um componente muito


utilizado nos circuitos eletrônicos, que é o diodo. O diodo é chamado de junção PN,
porque nasce a partir da junção destes dois semicondutores P e N. Na Figura abaixo
além da junção PN, é mostrado também o símbolo esquemático do diodo e um modelo
comercial muito utilizado, que é o diodo 1N4007.

A K

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Neste processo de construção do diodo, após a junção dos semicondutores,
naturalmente aparece uma queda de tensão nos terminais do componente. O valor da
queda de tensão depende do material do qual ele é fabricado. O diodo mais utilizado
é fabricado a partir do silício e a queda de tensão é de 0,7V. Outro diodo menos
utilizado é o diodo de germânio, que possui queda de tensão por volta de 0,3V.

3 POLARIZAÇÃO DO DIODO

Como o diodo possui apenas dois terminais: anodo (A) e catodo (K), só é
possível polarizar ele de duas formas: diretamente ou reversamente. Veja na Figura a
seguir:

POLARIZAÇÃO DIRETA POLARIZAÇÃO REVERSA

Para polarizar diretamente um diodo o pólo positivo da fonte tem que estar em
contato com o semicondutor P (também chamado de Anodo) do diodo. Desta forma
ele irá permitir a passagem de corrente.
Para polarizar reversamente um diodo o pólo positivo da fonte tem que estar
em contato com o semicondutor N (também chamado de Catodo) do diodo. Desta
forma ele irá bloquear e não permitirá passagem de corrente.
Desta forma podemos entender que o diodo é um componente que só permite
passagem de corrente em um sentido. (Somente do semicondutor P em direção ao
semicondutor N). No sentido reverso ele bloqueia.
Porém há um limite de tensão que o diodo consegue bloquear, se este limite
for extrapolado o diodo irá queimar. Outro fator determinante, para escolher o diodo
em uma aplicação, é a corrente que deverá circular por ele. Quando o valor da tensão
de bloqueio ou o valor da corrente ultrapassa o limite determinado pelo fabricante
acontece o que está representado na Figura abaixo.

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Para se ter certeza se o diodo suporta a corrente que a aplicação necessita e
evitar a queima do componente é importante ter em mãos a folha de dados ou no
inglês datasheet do fabricante. Veja o exemplo do diodo 1N4007 a seguir:

O parâmetro “Maximum DC Blocking Voltage” (Maior valor de bloqueio de


tensão contínua) vale 1000V para o modelo 1N4007. Então até 1000V de tensão
reversa, este diodo tem capacidade de bloquear.
O parâmetro “Maximum Average Forward Rectified Current” (Maior valor médio
de corrente direta) vale 1A. O que significa que até 1A (um ampère) de corrente direta
este componente garante sua utilização.

4 RESISTOR LIMITADOR

Na prática nunca iremos ver um diodo ligado diretamente à uma fonte. Isto
porque a resistência dele é muito baixa e se fosse conectado desta forma, certamente

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iria queimar. Para evitar isto, é adicionado um resistor em série com o diodo e, então,
o valor da corrente que circulará pelo diodo é reduzido.
Vamos calcular a resistência do resistor circuito a seguir para que o diodo não
queime:

VF

Sabe-se que a corrente que circula pelo resistor é a mesma que circula pelo
diodo, pois os dois componentes estão em série. O valor da tensão da fonte é 100V.
A queda de tensão do diodo é fixa em 0,7V e a corrente que o diodo suporta é 2A.
Pela lei de Ohm, sabemos que a resistência em um resistor é dada por R=V/i,
portanto para descobrir a resistência no circuito, devemos saber qual a tensão no
resistor e a corrente que circula por ele.
O diodo e o resistor estão em série, por isso cada um irá consumir uma parcela
da tensão da fonte. A tensão do diodo é 0,7V conforme já falado. Então os 99,3V
restantes dos 100V da fonte ficarão sobre o resistor.

VR = V F – VD
VR = 100 – 0,7
VR = 99,3V

Agora, é possível calcular o valor da resistência, pois o valor da corrente foi


informado como 2A:

R=V/i
R = 99,3 / 2
R = 49,65Ω

Este é o valor de resistência necessário para que o diodo não queime.

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5 DIODO EMISSOR DE LUZ

O diodo emissor de luz, mais conhecido como led – sigla em inglês para light
emitting diode – é um semicondutor utilizado em diversas aplicações. Desde indicar o
funcionamento de um equipamento, comunicação infravermelha, até para iluminar
ambientes, o led tem grande aplicação de uma maneira geral.
Um dado interessante, é que o led emite luminosidade na faixa do espectro na
região da luz visível. Veja abaixo.

Como falado anteriormente, a estrutura física do led é composta de


semicondutores. Para cada cor de led, um tipo diferente de material é adicionado. Veja
a tabela abaixo que indica o material e a cor do led.

Semicondutor Cor do led


Arsenieto de gálio e alumínio Infravermelho
Arsenieto de gálio e alumínio Vermelho
Fosfato de alumínio, índio e gálio Amarelo
Fosfato de gálio Verde
Nitreto de gálio Azul

A depender da cor do led, o valor da tensão que aparece sobre ele irá mudar.
Já a corrente depende do tipo de led. Se for um led difuso, o valor máximo da corrente
do led é 20mA. Se for um led de alto brilho, este valor depende do diâmetro do led.
Veja a tabela a seguir:

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Alto brilho Alto brilho Alto brilho
Cor do Led Tensão Difuso
– 3mm – 5mm – 10mm
Infravermelho 1,7V
Vermelho 1,8V
Amarelo 1,9V
20mA 30mA 40mA 50mA
Verde 2,2V
Azul 2,4V
Branco 3,0V

Para ilustrar, abaixo são mostrados os modelos de led difuso e alto brilho. O
led difuso pode ser identificado mais facilmente, pois a cor dele já é visível mesmo
apagado. Já o led de alto brilho necessita estar aceso pois o encapsulamento dele é
transparente.

Difuso Alto brilho

Existem alguns modelos de led que possuem várias cores no mesmo


encapsulamento o led RGB, além do led SMD que é utilizado em lâmpadas
comerciais. O led RGB também pode ser fabricado em formato SMD.

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Como falado anteriormente, o led possui um limite de corrente e, para que ele
não queime, devemos dimensionar adequadamente a resistência que irá limitar o valor
da corrente que circula pelo led. O circuito de acionamento de um led é mostrado
abaixo.
Rled

VF Iled Vled

A fórmula para calcular o valor do resistor é mostrada abaixo.


𝑉𝐹 − 𝑉𝑙𝑒𝑑
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
𝐼𝑙𝑒𝑑
Onde:
Rled = Resistência do resistor que estará em série com o led [Ω];
VF = Tensão da fonte [V];
Vled = Tensão do led [V];
Iled = Corrente do led [A];

Exemplo:
Supondo que se deseja calcular o valor do resistor para um led difuso na cor
verde. A tensão da fonte é 9V. Obs.: é necessário consultar a tabela da página 8. A
corrente deve ser convertida de mA para A. Basta dividir por 1000.

9 − 2,2
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,02
6,8
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,02
𝑅𝑙𝑒𝑑 = 340Ω

Supondo que se deseja calcular o valor do resistor para três leds alto brilho –
5mm nas cores azul, vermelho e amarelo que estão ligados em série. A tensão da
fonte é 12V. Neste caso é necessário somar as tensões dos leds antes de colocar na
fórmula.

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𝑉𝑙𝑒𝑑 = 1,8 + 1,9 + 2,4
𝑉𝑙𝑒𝑑 = 6,1𝑉

12 − 6,1
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,04
5,9
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,04
𝑅𝑙𝑒𝑑 = 147,5Ω

Quando temos apenas um led a ser ligado, é fácil determinar a forma de


conexão. Pois a fonte, o led e o resistor estarão ligados em série. Mas quando temos
mais leds no circuito? Eles devem ser ligados em série ou em paralelo? Vamos ver
alguns exemplos.
Considere que se deseja fazer uma iluminação com 5 leds de alto brilho de
5mm de cores diferentes, mas só pode ser utilizado um resistor. Qual a melhor forma
de ligar os leds, em série ou paralelo? Como neste caso, fala-se de leds de cores
diferentes eles não podem ser ligados em paralelo, pois os leds de cores diferentes
têm quedas de tensão diferentes, o que levaria um led a acender com mais
intensidade que outro. Então, eles devem ser ligados da mesma forma que se fosse
ligado um led só: todos em série. O único problema deste tipo de ligação é que, se um
led para de funcionar, os outros irão apagar também. O circuito ficaria da seguinte
forma:

Agora imagine que, ao invés de serem de cores diferentes, todos os leds são
da mesma cor. Neste caso, se forem ligados em série, funcionariam da mesma forma
que no caso anterior. Agora se forem ligados em paralelo, no caso de haver falha em
algum dos leds, os outros irão ficar sobrecarregados. Imagine que cada led alto brilho
de 5mm suporta 40mA. O resistor é dimensionado para suprir a corrente para os cinco

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leds. A partir do momento que um led para de funcionar, os 40mA dele são divididos
entre os outros. Veja no circuito abaixo.

Agora vamos imaginar outro caso no qual, com cinco leds de cores diferentes,
se deseja utilizar um resistor para cada led. Neste caso cada led fica em série com o
seu respectivo resistor e os cinco conjuntos de led-resistor ficam em paralelo com a
fonte. Mesmo que um led venha a parar de funcionar, os demais continuarão acesos
e sem sobrecarga. O único inconveniente deste circuito é que dá mais trabalho para
calcular cada resistor para cada led. O circuito ficaria conforme abaixo.

Vamos calcular agora alguns resistores para leds nos circuitos a seguir:
Considerando o circuito da figura abaixo, calcule o resistor limitador de corrente
para os leds. 3 leds (1 alto brilho – 3mm na cor azul; 1 alto brilho – 5mm na cor branco
e 1 alto brilho – 3mm na cor verde). A tensão da fonte VF é de 9V.

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Cada resistor deverá ser calculado individualmente. Os valores de tensão e
corrente devem ser consultados na tabela fornecida no material anterior. Lembrar
sempre de dividir o valor da corrente por 1000 (mil).

𝑉𝐹 − 𝑉𝑙𝑒𝑑1 𝑉𝐹 − 𝑉𝑙𝑒𝑑2 𝑉𝐹 − 𝑉𝑙𝑒𝑑3


𝑅𝑙𝑒𝑑1 = 𝑅𝑙𝑒𝑑2 = 𝑅𝑙𝑒𝑑3 =
𝐼𝑙𝑒𝑑1 𝐼𝑙𝑒𝑑2 𝐼𝑙𝑒𝑑3

9 − 2,4 9−3 9 − 2,2


𝑅𝑙𝑒𝑑1 = 𝑅𝑙𝑒𝑑2 = 𝑅𝑙𝑒𝑑3 =
0,03 0,04 0,03

6,6 6 6,8
𝑅𝑙𝑒𝑑1 = 𝑅𝑙𝑒𝑑2 = 𝑅𝑙𝑒𝑑3 =
0,03 0,04 0,03

𝑅𝑙𝑒𝑑1 = 220Ω 𝑅𝑙𝑒𝑑2 = 150Ω 𝑅𝑙𝑒𝑑3 = 226,67Ω

Agora, vamos calcular o resistor com base no circuito a seguir:

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Considerando o circuito da figura acima, calcule o resistor limitador de corrente
para os leds. Todos os leds são difusos (2 verdes, 2 amarelos e 1 vermelho). A tensão
da fonte VF é de 18V. Neste caso, temos que somar os valores de tensão de cada led
e depois colocar na fórmula.

𝑉𝑙𝑒𝑑 = 𝑉𝑙𝑒𝑑1 + 𝑉𝑙𝑒𝑑2 + 𝑉𝑙𝑒𝑑3 + 𝑉𝑙𝑒𝑑4 + 𝑉𝑙𝑒𝑑5

𝑉𝑙𝑒𝑑 = 2,2 + 2,2 + 1,8 + 1,8 + 1,9

𝑉𝑙𝑒𝑑 = 9,9𝑉

𝑉𝐹 − 𝑉𝑙𝑒𝑑
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
𝐼𝑙𝑒𝑑

18 − 9,9
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,2

18 − 9,9
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,2

8,1
𝑅𝑙𝑒𝑑 =
0,2

𝑅𝑙𝑒𝑑 = 405Ω

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