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ELETRÔNICA PARA ENGENHARIA MECÂNICA

Departamento de Engenharia Mecânica | Faculdade SATC


2022/2
PROFESSORA: Me. Engª. EVERLISE MAESTRELLI
SEMICONDUTORES

Alguns materiais apresentam propriedades de condução elétrica intermediárias entre aquelas


inerentes aos isolantes e aos condutores. Tais materiais são denominados de semicondutores.

Os semicondutores são substâncias cujos átomos possuem


• A condutividade de um semicondutor depende
quatro elétrons na camada de valência (última camada). da temperatura a qual ele está submetido.
Por exemplo, um cristal de silício se comporta como

O Silício e o Germânio são os um isolante perfeito a temperatura de -273ºC. A

semicondutores usados na construção de medida que a temperatura vai aumentando sua


condutividade também aumenta.
dispositivos eletrônicos como diodos,
transistores, circuitos integrados etc.
Teoria dos Semicondutores
Dos materiais utilizados no campo da eletrônica, temos:

• CONDUTOR - Material que mantem um fluxo de carga quando uma tensão, de amplitude

limitada, é aplicada em seus terminais.

• ISOLANTE - Material que oferece um nível muito baixo de condutividade quando se

aplica uma fonte de tensão.

• SEMICONDUTOR - Material que mantem um nível de condutividade entre os extremos

de um isolante e um condutor.
Resistividade de um material

A condutividade elétrica de um semicondutor ou isolante é altamente


dependente das condições ambientais, tais como: temperatura, radiação
luminosa, pressão, campo magnético e pureza do material etc.
DOPAGEM

A dopagem é um processo químico no qual átomos estranhos são


introduzidos na estrutura cristalina de uma substância.
Em um cristal semicondutor a dopagem é geralmente realizada para
alterar suas propriedades elétricas. Existem dois tipos de materiais
semicondutores, tipo N e tipo P, que dependem do tipo de impureza introduzida
na rede.
Semicondutor tipo N

Insere-se na estrutura cristalina, átomos contendo excesso de um elétron de


valência em relação aos átomos da rede.

Com a inserção de vários átomos de impurezas, os elétrons livres passam a


transitar livremente pelo material, tornando um material isolante (rede cristalina) em
material com certo nível de condutividade.
Semicondutor tipo P

Insere-se na estrutura cristalina, átomos com a deficiência de um elétron em


relação aos átomos da rede.

Verifica-se a ausência do segundo elétron que comporia o par


necessário à formação de uma das ligações com o átomo de índio. Essa
ausência de elétron de ligação é denominada de lacuna. A existência de
lacunas permite que haja um mecanismo de condução distinto do tipo
N. Quando a dopagem produz lacunas no semicondutor, um elétron
proveniente de uma ligação covalente só poderá transitar para um
ponto do cristal onde haja uma lacuna disponível.
JUNÇÃO PN

CAMADA DE DEPLEÇÃO E BARREIRA DE


POTENCIAL
As colunas de íons que se formaram próximas à junção devido a
recombinação de elétrons e lacunas é chamada de camada de depleção.
Existe entre as duas colunas de íons uma DDP que é chamada de barreira de
potencial.
Esta DDP nos diodos de Germânio é de 0,3V e nos de silício é de 0,7V.
DIODO DE JUNÇÃO

Um diodo é composto por uma junção de


semicondutores com dopagem tipo p e n (junção pn), sendo
que esta junção permite mais facilmente a passagem de
portadores de carga em um sentido que em outro. O diodo de
um modo geral, é um dispositivo, que quando em polarização
direta permite a passagem de corrente, e em polarização
reversa impede a passagem de corrente.
DIODO DE JUNÇÃO

Barreira de Depleção
Anodo Catodo
O terminal ligado ao lado P é o anodo (A) e o
terminal ligado ao lado N é o catodo (k). A faixa cinza próxima a
junção é a camada de depleção, que irá se comprimir ou se
expandir quando o diodo for submetido a uma diferença de
potencial.
POLARIZAÇÃO DIRETA
O terminal positivo da fonte irá repelir as lacunas do lado P, e
o terminal negativo irá repelir os elétrons livres do lado N. Esta repulsão
provocará a compressão da camada de depleção.

• Quando a tensão entre os terminais do diodo atingir o valor da


barreira de potencial (0,7V para o silício), ou seja, VT > 0,7V, a
camada de depleção estará tão comprimida que permitirá que os
elétrons livres da região N atravessem a junção e entrem na região P.

VT = VD + VR
POLARIZAÇÃO REVERSA
O terminal positivo da fonte irá repelir as lacunas do lado P, e
o terminal negativo irá repelir os elétrons livres do lado N. Esta repulsão
provocará a compressão da camada de depleção.
• Quando a tensão entre os terminais do diodo atingir o valor da
barreira de potencial (0,7V para o silício), ou seja, VT > 0,7V, a
camada de depleção estará tão comprimida que permitirá que os
elétrons livres da região N atravessem a junção e entrem na região P.

Temos de ter cuidado quando vamos polarizar um diodo reversamente, pois


existe um valor de tensão máxima que cada diodo suporta estando polarizado
desta forma, que é a tensão de ruptura. Se a tensão reversa nos terminais do
diodo ultrapassa o valor de ruptura o mesmo conduz intensamente, danificando-
se por excesso de dissipação de calor. Por exemplo, um 1N4001 suporta no
máximo 50V quando polarizado reversamente.
CURVA CARACTERÍSTICA
(Diodo Real)
A curva característica de um diodo e um gráfico
que relaciona cada valor da tensão aplicada com a respectiva
corrente elétrica que atravessa o diodo.
Ao se aplicar a polarização direta, o diodo não
conduz intensamente ate que se ultrapasse a barreira
potencial. A medida que a bateria se aproxima do potencial
da barreira, os elétrons livres e as lacunas começam a
atravessar a junção em grandes quantidades. A tensão para a
qual a corrente começa a aumentar rapidamente e chamada
de tensão de joelho. ( No Si e aprox. 0,7V).
Os fabricantes em geral indicam a potencia máxima ou corrente máxima
suportada por um diodo.

Ex.: 1N914 - PMAX = 250mW


1N4001 - IMAX = 1A

Usualmente os diodos são divididos em duas categorias, os diodos para


pequenos sinais (potencia especificada abaixo de 0,5W) e os retificadores ( PMAX >
0,5W)
DIODOS ESPECIAIS
LED
O diodo emissor de luz (LED) é um diodo que quando polarizado
diretamente emite luz visível (amarela, verde, vermelha, laranja ou
azul) ou luz infravermelha. Ao contrario dos diodos comuns não e feito
de silício, que e um material opaco, e sim, de elementos como gálio,
arsênico e fosforo. E amplamente usada em equipamentos devido a
sua longa vida, baixa tensão de acionamento e boa resposta em
circuitos de chaveamento.
A polarização do LED é similar a um diodo comum, ou seja, acoplado em
serie com um resistor limitador de corrente. O LED e esquematizado como um
diodo comum com seta apontando para fora como símbolo de luz irradiada. A
corrente que circula no LED é:

Para a maioria dos LED’s disponíveis no mercado, a queda de tensão


típica e de 1,5 a 2,5V para correntes entre 10 e 50mA
Fotodiodo

É um diodo com encapsulamento transparente, reversamente polarizado


que e sensível a luz. Nele, o aumento da intensidade luminosa, aumenta sua a
corrente reversa. Num diodo polarizado reversamente, circula somente os
portadores minoritários. Esses portadores existem porque a energia térmica
entrega energia suficiente para alguns elétrons de valência saírem fora de suas
orbitas, gerando elétrons livres e lacunas, contribuindo, assim, para a corrente
reversa. Quando uma energia luminosa incide numa junção pn, ela injeta mais
energia ao elétrons de valência e com isto gera mais elétrons livres. Quanto mais
intensa for a luz na junção, maior será corrente reversa num diodo.
REVISÃO CORRENTE ALTERNADA
Existem várias formas de se representar numericamente uma
tensão alternada senoidal. Estes são:
- Valor de pico 𝑉𝑃𝑃 = 2𝑉𝑃
Período (T): É o tempo gasto para se completar
- Valor de pico a pico 𝑉𝑝
um ciclo. Sua unidade é o segundo. 𝑉𝑒𝑓 =
- Valor eficaz √2
Frequência (F): É a quantidade de ciclos gerados a Valor de pico (VP) → É o valor máximo atingido pela senoide A
cada segundo. É o inverso do período, e sua tensão atinge o valor de pico uma vez a cada semiciclo.
unidade é o Hertz (Hz). 1 Valor de pico a pico (VPP) → É o dobro do valor de pico. É a
𝐹=
𝑇
faixa de tensão entre o pico positivo e o pico negativo.
Valor eficaz (Vef) → É o valor que a tensão alternada deveria
ter se fosse contínua para produzir a mesma quantidade de
calor.
CIRCUITOS RETIFICADORES
CIRCUITOS RETIFICADORES
A maioria dos equipamentos eletrônicos são alimentados com tensão contínua, normalmente de 3V a 30V.
Ocorre que a tensão disponível nas tomadas de luz de nossas casas são 110V ou 220V alternada, dependendo da
localidade. Para transformar a tensão alternada disponível na tomada de luz em tensão contínua, temos que utilizar um
circuito normalmente conhecido como conversor CA-CC, mais comumente chamado de fonte de alimentação.

1 - Transformador: Sua função é reduzir o nível de tensão


disponível nas tomadas de luz (110V/220V) para níveis
compatíveis com os equipamentos eletrônicos.
2 - Retificador: Transforma tensão alternada (CA) em tensão
contínua (CC) pulsante.
3 - Filtro: Converte a tensão CC pulsante vinda do retificador
em contínua CC com ondulação.
4 - Estabilizador: Tem a função de transformar a tensão CC com
ondulação em Tensão CC pura, que é a tensão utilizada pelos
equipamentos eletrônicos.
TRANSFORMADOR
O transformador é formado por um núcleo de ferro, onde são enrolados os enrolamentos
primário e secundário, normalmente com fios de cobre. Sua principal função é aumentar ou abaixar
uma tensão aplicada em seu enrolamento primário.
RETIFICADOR DE MEIA ONDA

O nome meia onda deriva do fato de que apenas um dos semiciclos da tensão
de entrada é aproveitado. Pode ser o semiciclo positivo ou o negativo, dependendo da
posição do diodo. veja a seguir um circuito retificador de meia onda.
TENSÃO MÉDIA (Vcc)

CORRENTE NO RESISTOR DE CARGA


E1

RETIFICADOR DE MEIA ONDA


TENSÃO DE PICO INVERSA (Vpi)
TENSÃO MÉDIA (Vcc)

CORRENTE NO RESISTOR DE CARGA CORRENTE MÉDIA (Icc)


Slide 23

E1 Everlise; 27/02/2019
Exemplo
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA
TRANSFORMADOR COM DERIVAÇÃO CENTRAL
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA COM
PONTO MÉDIO
FREQUÊNCIA NA CARGA TENSÃO MÉDIA (Vcc)
Uma observação importante a fazer
sobre a tensão no resistor de carga é
com relação a sua frequência, que é o
dobro da frequência da tensão de TENSÃO DE PICO INVERSA (Vpi)
entrada. Portanto, se a frequência de
CORRENTE MÉDIA (Icc)
entrada for 60Hz, a frequência da
tensão na carga será 120Hz.

CORRENTE NO RESISTOR DE CARGA


Exemplo
a) Tensão média na carga (Vcc)?
b) Corrente média na carga (Icc)?
c) Tensão de pico inverso (VPI) ?
d) Gráfico da tensão no resistor de carga?
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM
PONTE
O retificador de onda completa em ponte utiliza quatro diodos e não necessita de transformador
com derivação central. Como o circuito é um retificador de onda completa, os dois ciclos de tensão de
entrada são aproveitados. Uma vantagem do retificador em ponte com relação ao retificador de onda
completa com dois diodos é que no primeiro toda a tensão do enrolamento secundário é aproveitada,
enquanto que, no outro, apenas a metade da tensão no secundário chega aos terminais da carga.
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE

FREQUÊNCIA NA CARGA TENSÃO MÉDIA (Vcc)


para cada ciclo de tensão de entrada
aparecem dois ciclos de tensão no
resistor de carga, visto que cada
semiciclo de tensão de entrada TENSÃO DE PICO INVERSA (Vpi)
equivale a um ciclo de tensão de saída.
CORRENTE MÉDIA (Icc)
Portanto, se a frequência de entrada
for 60Hz, a frequência da tensão na
carga será 120Hz.

CORRENTE NO RESISTOR DE CARGA


Exemplo
a) Tensão média na carga (Vcc)?
b) Corrente média na carga (Icc)?
c) Tensão de pico inverso (VPI) ?
RETIFICADORES EM PONTE
ENCAPSULADOS
Os retificadores em ponte são tão comuns que os fabricantes lançaram vários modelos de
retificadores em ponte montados em um encapsulamento de plástico selado. Cada diodo que
compõe a ponte possui uma corrente direta máxima e uma tensão de pico inversa máxima que é
especificado pelo fabricante quando a ponte é fabricada. Por exemplo, a ponte retificadora 3N246,
fabricada pela Fairchild, suporta uma corrente direta máxima de 1,5 A e uma tensão de pico inversa
de 50V. Estes parâmetros são válidos para cada diodo que faz parte da ponte.
FILTRO CAPACITIVO - CAPACITOR

O capacitor é um dispositivo elétrico constituído de duas placas condutoras separadas por


um material isolante, normalmente chamado de dielétrico. A principal característica de um
capacitor é a de armazenar cargas elétricas.
RETIFICADOR COM FILTRO CAPACITIVO

Nós podemos transformar a tensão


contínua pulsante presente na saída de um
retificador numa tensão contínua com
ondulação se colocarmos um capacitor em
paralelo com a carga.
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA COM
FILTRO CAPACITIVO
Vcc = Vp(res) – (Vpp(ond) / 2)

Icc = Vcc / RL

Num projeto prático esta ondulação deve ficar abaixo dos 10% do valor
máximo de tensão na carga(Vp(res)). Por exemplo, se VP=15V, Vpp(ond)
não deve ser maior que 1,5V.
Exemplo

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