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João 1:1 e a regra de Colwell

(Parte 3)

Que dizer de João 1:1?


Os dois artigos anteriores mostraram as limitações e exceções da
chamada “regra de Colwell” e, inclusive, o questionamento legítimo sobre se é
uma regra ou exceção.

Com relação a João 1:1, que dizer do predicativo nominativo


substantivo anartro theós que precede o verbo e se refere ao Logos (“a
Palavra”)? É definido ou não? O que o contexto aponta?

Como já retroexposto, se fosse definido, a ideia seria de que ‘a


Palavra era [o] Deus’. Mas isso não poderia ser, visto que se diz anteriormente,
na mesma passagem:

Ho lógos ên prós ton theón


O Logos estava com o Deus

No texto grego, o primeiro substantivo “Deus” é articulado (tem


artigo). Assim, visto que o Logos (“Palavra”, ou “Verbo”) estava com “O Deus”,
o Logos não poderia ser “O Deus”. Visto que os próprios trinitaristas
reconhecem que o Deus com quem o Verbo estava é o Pai, afirmar que o Verbo
era o Deus seria dizer que o Filho é o próprio Pai, algo que nega a própria
Trindade!

A Trindade afirma a distinção de Pessoas. Portanto, se o théos


anartro aplicado ao Verbo fosse definido, isso seria um golpe na doutrina da
Trindade, contradizendo a fórmula trinitarista. O Pai e o Filho seriam uma só
Pessoa que, somada à suposta Pessoa do “Espírito Santo”, resultaria em duas
Pessoas, fazendo de Deus uma dualidade, e não uma Trindade.

Mesmo sendo admitida a tradução “o Verbo era Deus” (com inicial


maiúscula), ainda assim tal “Deus” não tem a distinção de ser “O Deus” –
expressão usada apenas em relação ao Pai nessa passagem. Isso é um golpe
incurável na Trindade, pois ela exige a coigualdade entre as “Pessoas” que a
compõem. Mas, como comprovado pelo texto grego de João 1:1, o Pai como
Deus é superior ao Filho.

Théos só recebe o artigo em relação ao Logos (o “Verbo”) quando a


passagem acrescenta um adjetivo para explicar que espécie de théos o Logos
é. Assim, João 1:18 reza, nos manuscritos mais antigos:

“Nenhum homem jamais viu a Deus; o deus unigênito, que está ao


lado do Pai, é quem O revelou. ”

Assim, o Verbo é descrito como “deus unigênito” (monogenés


theós) – alguém que teve princípio. (Veja a série de artigos “Deus unigênito –
um dilema para os trinitaristas”.)

Similarmente, nas Escrituras Hebraicas (“Velho Testamento”), o


Logos é referido como “Deus Poderoso” (hebraico: El Gibor) em Isaías 9:6. Por
outro lado, Aquele com quem o Verbo estava no princípio (descrito em João
1:1 como sendo “O Deus”) é descrito na Bíblia como “o Deus Todo-Poderoso”
(hebraico: El Shaddai). – Veja Gênesis 17:1.

De modo que, na inteira Bíblia Sagrada, o Logos (“Palavra” ou


“Verbo”) não é coigual ao Pai. E essa ausência de coigualdade aplica um golpe
mortal à doutrina da Trindade, tornando-a uma doutrina defunta desde que
nasceu, um ‘natimorto’ ou ‘aborto doutrinal’.
Fonte:
http://www.oapologistadaverdade.org/2017/04/joao-11-e-regra-de-
colwell-parte-3.html

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