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Λόγος:

Discursa o evangelista: “ἔν ἀρχή ἦν λόγος καί λόγος ἦν πρός θεός καί λόγος ἦν
θεός” (João 1:1)

"Penso que, neste ponto, se manifesta a profunda concordância entre o que é


grego na sua parte melhor e o que é a fé em Deus baseada na Bíblia"

A reflexão indica o encontro entre o melhor do grego e a “fé em Deus”. “Logos” é

tão amplo, tão abrangente, tão apropriado, tão complexo e ao mesmo tempo simplíssimo,

que todos têm a impressão de entende-lo, ele comunica facilmente desde que não se

solicite dizer mais nada, somente "logos". A tentativa de dar-lhe uma definição é tão plural

que é assertiva afirmação de que a forma em que ele predomina em cada filósofo é

diferente. De forma semelhante, Bento indica aquilo que é mais importante para a

espiritualidade: "a Fé em Deus", claro, "baseada na Bíblia", mas essa segunda sentença não

é alvo, o alvo é "a Fé em Deus", ela é o objetivo da busca, “baseada na Bíblia” é predicado,

ela é a fonte, assim como "o grego" é para o “λόγος”.

"Modificando o primeiro versículo do livro do Génesis, o primeiro versículo de


toda a Sagrada Escritura, João iniciou o prólogo do seu Evangelho com estas
palavras: «No princípio era o λόγος»"

O encontro acontece quando a modificação amplia tudo, mas não muda nada. A

modificação ilumina afim de que se possa ver com clareza aquilo que permanece

inalterado eternamente. No primeiro versículo de Gênesis lemos que "no princípio criou

Elohim", em João que "no princípio era o Logos". Perceba que "era" está para “criou” (por

que aquele que é, alguma coisa faz, o simples fato de estar implica ser) e "logos" está para

“Elohim”. É importante perceber isso e não confundir "logos" com o Filho ou com o Pai,

Logos é Tudo e Todos, por isso é Uno.


"Ora, é precisamente esta a palavra que usa o imperador: Deus age «σὺν λόγω»,
com logos."

Aqui uma referência filosófica de potencial teológico, uma indicação de que a

Ação em Deus é Logos. Já vimos que "criar" em Gênesis 1:1 está para "ser" em João 1:1 e

que ser implica em presença, o simples fato de estar é criação, portanto, invariavelmente a

Primeira Criação é da Presença.

"Logos significa conjuntamente razão e palavra – uma razão que é criadora e


capaz de se comunicar, mas precisamente enquanto razão"

Sendo a Razão "Criadora", no Logos é Causa de tudo, logo ela mesma não pode

ser causada. O criador de tudo não pode ser criado, porque toda criatura de que temos

notícia tem um criador, isso é verdade objetiva, portanto o Criador de tudo não pode ter um

criador, porque se o Criador de tudo fosse criado, existiriam criaturas sem um criador, e

isso seria negação da verdade observável.

Sendo a Palavra Criadora e Comunicativa enquanto Razão, precisa

necessariamente se fazer Presente e Criar, pois aquilo que comunica, comunica a alguém,

assim como aquilo que está presente, está presente “diante de”, a relação é dialógica,

ambas as partes comunicam e são Presença uma na outra. Se a Palavra se Faz presente e

comunica, é observada como criação, pois é localizada diante do outro, o que geraria uma

contradição interna no Logos, porque se parte no Logos é a Razão, e a Razão é Criadora de

tudo tanto quanto é o Logos, como poderia a Palavra que é Logos ser Criatura? Já

constatamos que invariavelmente a Primeira Criação é a Própria Presença, logo Palavra é

Criador e Criatura em Unicidade.

"Com este termo, João ofereceu-nos a palavra conclusiva para o conceito bíblico
de Deus, uma palavra na qual todos os caminhos, muitas vezes cansativos e
sinuosos, da fé bíblica alcançam a sua meta, encontram a sua síntese"
Logos tem a força de Ser Razão Criadora, mas também a Presença da Criação que

comunica. Assim Logos é Razão e Palavra, é Criador e Criatura. Logos é Razão que Cria, é

Palavra Presente, portanto temos uma exata síntese, tudo que pode ser tido de Um, pode ser

dito de Todos. Queria uma forma para definir essa Unidade entre todas as coisas, mas

minha razão não é suficiente para criar tal imagem, meu limite é a Criatura onde observo a

Presença, o que resta é percebe-la e descreve-la em seu Ser.

"No princípio era o logos, e o logos é Deus: diz-nos o evangelista. Este encontro
entre a mensagem bíblica e o pensamento grego não era simples coincidência"

Uma vez que no Logos o encontro entre Razão e Palavra não é acaso, mas a

própria Natureza da Unidade, não podem os encontros produzidos pela Presença no logos

serem meras coincidências. Residindo no Logos Razão e Palavra, Criador e Criatura, tudo

que é racional, palavra, criador e criatura é Logos, não pode haver distinção. Já verificamos

que no Logos há Unicidade nas Parte, logo nossa participação não é acaso, é Presença que

gera realidade, é Logos.

Tradução livre baseada na leitura exposta:

ἔν ἀρχή ἦν λόγος καί λόγος ἦν πρός θεός καί λόγος ἦν θεός

No Princípio era Presença, Presença era para Deus e Presença era Deus

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