Você está na página 1de 2

DEVE-SE CRER NA TRINDADE ?

(Refutação aos argumentos das testemunhas de Jeová)


 
 
 
Cabe-nos destacar cuidadosamente a fragilidade das refutações das TJ quanto a alguns
versículos que falam a favor da Trindade na obra: “Deve-se crer na Trindade?”.
 
João 1:1 - Eles admitem que o contexto é decisivo, mas não citam nem sequer fragmento
de prova do contexto de Jo. 1.1. Antes, simplesmente reafirmam sua conclusão sobre “toda
a Bíblia”. Admitem que o contexto é decisivo, mas nada conseguem encontrar nesse
contexto que sustente a sua opinião, então simplesmente ficam sem argumento. Portanto,
tendo reconhecido a regra de Colwell, ainda assim sustentam sua opinião sobre Jo 1.1, mas
sem nenhuma prova. Sustentar uma opinião sem evidência que a comprove é simplesmente
irracional.
A Brochura (Deve-se crer na Trindade?) como um todo tem um verniz de obra acadêmica
para leigos, pois cita dezenas de teólogos e livros de referência acadêmicos (sempre sem a
documentação adequada). Todavia, muitas citações são apresentadas fora do contexto e
torcidas para afirmar algo que os autores jamais pretenderam dizer, e outras vêm de
estudiosos liberais católicos ou protestantes, os quais questionam, eles mesmos, a doutrina
da Trindade e a veracidade da Bíblia.
João 20:28 -   O livrete Shozdd You Believe in Me Trinily?, das testemunhas-de-jeová, dá
duas explicações para Jo 20.28: (1) “Para Tomé,Jesus era como “um deus”, especialmente
diante das circunstâncias miraculosas que suscitaram essa exclamação (p. 29). Mas essa
explicação não convence, pois Tomé não disse: “Tu és como um deus”, mas antes chamou
Jesus de “Deus meu”. O texto grego traz o artigo definido (não se pode traduzir “um deus”)
e é explícito: ho theos maus e não um “deus meu”, mas “Deus meu”.
(2) A segunda explicação é que “Tomé pode simplesmente ter feito uma exclamação
emocional de espanto, dita a Jesus mas dirigida a Deus (ibd). A segunda parte da frase,
“dita a Jesus mas dirigida a Deus” é simplesmente incoerente: parece significar “dita a
Jesus mas não dita a Jesus”, que não só é uma autocontradição, mas também impossível —
se Tomé está falando com Jesus, está também dirigindo as suas palavras a Jesus. A primeira
parte da frase, a alegação de que Tomé não chama de fato Jesus de “Deus”, mas meramente
exclama ou profere algumas palavras involuntárias de admiração, não tem valor, pois o
versículo deixa claro que Tomé não estava falando ao léu, mas diretamente a Jesus:
“Respondeu-lhe Tomé: ‘Senhor meu e Deus meu!’ (Jo 20.2 8). E imediatamente Jesus e
João, no texto, elogiam Tomé, certamente não por ter ele feito uma exclamação qualquer,
mas por acreditar em Jesus como seu Senhor e seu Deus.
Tito 2.13 e 2 Pedro 1.1 – Ambos têm notas marginais na NSV nas quais se alude a Jesus
como outra pessoa que não “Deus”, não sendo portanto chamado Deus: “o grande Deus e o
nosso Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.13 ) e “nosso Deus e o Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.1 ).
Essas traduções alternativas são gramaticalmente possíveis, mas improváveis. Os dois
versículos têm a mesma construção em grego, na qual um artigo definido rege dois
substantivos unidos pela palavra grega que significa e (kai). Em todos os casos em que essa
construção é encontrada, considera-se que os dois substantivos estão unidos de algum
modo, e muitas vezes são dois nomes distintos para a mesma pessoa ou coisa.
Especialmente importante é 2Pe 1.1, pois exatamente a mesma construção é usada por
Pedro três outras vezes neste livro para falar de “nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”
(2Pe 1.11; 2.20; 3.18). Nesses três outros versículos, as palavras gregas são exatamente as
mesmas, exceto que se usa o termo Senhor (kyrios) em lugar do termo Deus (theos). Se
esses três outros exemplos estão todos traduzidos como “nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo”, como acontece na maior parte das versões, então a coerência exigida
aparentemente a tradução de 2Pedro 1.1 como “nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”, em
nova referência a Cristo como Deus. Em Tt 2.13, Paulo escreve sobre a esperança da
segunda vinda de Cristo, que os autores do Novo Testamento, coerentemente, descrevem
em termos que enfatizam a manifestação de Jesus Cristo na sua glória, e não em termos que
enfatizem a glória do Pai.
O texto na nota de rodapé na NVI (adotado com fraseologia semelhante pela RSV) dá:
“Cristo, que é sobre tudo. Seja Deus louvado para sempre!”. Mas essa tradução é bem
menos provável, segundo a gramática e indícios contextuais, e justifica-se primordialmente
com o argumento de que Paulo não se referiria a Cristo como “Deus”. A tradução que se
refere a Cristo como “Deus acima de tudo”, é preferível porque: (1) o padrão normal de
Paulo é bendizer a pessoa de quem ele acabou de falar, que nesse caso é Cristo; (2) o
gerúndio grego õn, “sendo”. que faz a frase dizer literalmente “que, sendo Deus sobre tudo,
é bendito para sempre, seria redundante se Paulo estivesse começando uma nova frase
como quer a RSV; (3) quando Paulo, em outros pontos do texto, começa nova frase
bendizendo a Deus, a palavra ‘Bendito” vem primeiro na oração grega (ver 2Co 1.3; Ef 1.3;
cf o padrão de Pedro em lPe 1.3), mas aqui a expressão não segue esse padrão, tornando
improvável a tradução da RSV. Ver Donald Gutbrie, New Testaznent Theology (Leicester:
lnterVarsity Press, 1981), p. 339-40. Veja um tratamento definitivo de todos os textos do
Novo Testamento que se referem a Jesus como “Deus” em Murray Harris,Jesus as God
(Grand Rapids: Baker, 1992).
lTm 5.21 não deve ser tomado como contra-exemplo dessa afirmação, pois ali Paulo
simplesmente alerta Timóteo da presença de uma multidão de testemunhas celestes, divinas
e angelicais, que ele sabe que observam a conduta de Timóteo. E semelhante à menção de
Deus, de Cristo, dos anjos do céu e dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” em Hb 12.22-
24, em que se alude a uma grande assembléia celeste. lTm 5.21 deve portanto ser tida como
uma passagem significativamente diferente das passagens trinitárias mencionadas acima,
pois essas falam unicamente de atos divinos, como a distribuição de dons a cada cristão
(lCo 12.4-6) ou a menção do nome em que todos os crentes devem ser batizados (Mt
28.19).
1 Co 8:6 não nega que Deus Filho e o Espírito Santo são também “Deus”, mas aqui Paulo
diz que Deus Pai se identifica como esse “um só Deus”. Em outros lugares, como já vimos,
ele fala de Deus Filho e do Espírito Santo como “Deus” também. Além do mais, nesse
mesmo versículo, ele fala de “um só Senhor,Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e
nós também, por ele”. Aqui ele usa a palavra Senhor no pleno sentido que ela tem no
Antigo Testamento, de “Javé” como nome de Deus, e diz que essa é a pessoa pela qual
todas as coisas foram criadas, afirmando assim também a plena divindade de Cristo, mas
com um nome diferente. Portanto esse versículo afirma ao mesmo tempo a unidade de Deus
e a diversidade de pessoas em Deus.

Você também pode gostar