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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DISCIPLINA DE PROJETO DE ESTRUTRAS PORTUÁRIAS

PROF. MÁRCIO WRAGUE MOURA

Acadêmico: Weslley Camargo Lopes

Matrícula: 76028

ATIVIDADE AVALIATÓRIA

1. CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE OBRAS DE ACOSTAGEM


As obras de acostagem podem ser classificadas de acordo com vários pontos
de vista, tais como:

 Localização;
 Condições de abrigo;
 Natureza;
 Função;
 Equipamentos utilizados e sistema de carga e descarga;
 Estrutural;

Tais classificações não são exclusivas, ou seja, uma obra portuária se encaixa
em mais de uma classificação. Ainda, cada autor tem suas peculiaridades ao
classificar as obras portuárias, porém, é possível encontrar uma linha de definição em
comum, as quais foram expostas acima.

1.1 Localização

A localização da obra diz respeito ao local geográfico em que esta está


situada. Este local é escolhido pelas condições de mar, condições do terreno, regime
de ventos, condições climáticas, bem como fatores econômicos e de estratégia de
logística. Dependendo da decisão final sobre o local de implantação da obra, pode
acarretar na necessidade de se realizar soluções de abrigo, obras de escavação ou
implantação de aterros. A seguir é descrito quais são as localizações pertinentes a
uma obra de acostagem.

 Marítima: obra situada no mar ou junto à costa. Se a obra se situa mar


a fora, então é chamada de obra offshore ou ao largo, sendo esta
acessada por uma ponte de acesso se houver ligação com a costa ou
acessada por embarcações quando isolada da costa. Quando a obra
estiver contida junto a linha de costa, então se denomina onshore ou
exterior. Há quem considera que uma obra de acostagem é
considerada marítima se recebe navios de grande porte que
atravessam os mares.

Figura 01- Porto de Pecém- CE

 Lacustre: obra situada em lagos e lagunas (Figura 02). O acesso a


esse tipo de obra é feito por barras e canais.
Figura 02- Porto de Pelotas- RS

 Fluviais: obra situada em rios. Essas obras são, em geral, de pequeno


porte, uma vez que são limitadas as condições e características dos
rios como acesso (Figura 03).

Figura 03- Porto de Itaqui- RS

1.2 Condições de abrigo

As obras acostáveis devem ser abrigadas das agitações provocadas por


ondas e correntes. Deste modo, podem ser classificadas mediante dois tipos:
 Protegidas: quando há formação de uma bacia, na qual a agitação é
contida por obras de abrigo ou pelas próprias condições do local
(Figura 04).

Figura 04 – Porto de Rio Grande- RS

 Mar aberto: obras situadas ao largo ou offshore. Tais obras possuem


obras de abrigo, não necessariamente formando uma bacia (Figura
01).

1.3 Natureza

A natureza da obra se refere ao modo como a proteção da obra é obtida,


implicando também na maneira de como a bacia é formada.

 Natural: o próprio local da obra confere abrigo e segurança para as


operações portuárias, sendo as obras de proteção inexistentes ou de
pequeno porte (Figura 03). A bacia de evolução, bacia de espera,
fundeadouros ou acoradouros são parte de uma bacia natural, no
interior do continente.
 Artificial: quando devem ser empregadas soluções de abrigo para o
local do porto, através de obras de abrigo e tranquilização (Figura 05).
A bacia de evolução, local de espera, acoradouros e canais de acesso
são construídos a partir de obras costeiras.

Figura 05 – Portarlington Safe Harbour’s - Austrália

1.4 Função

Uma classificação importante para as obras portuárias é referente a função


da obra. A função da obra é fator determinante no momento de se projetar a estrutura,
pois influencia diretamente no tipo de solução estrutural. Esta também está ligada a
fatores geográficos, culturais e econômicos.

 Terminal de carga geral: foram os primeiros tipos de obras de


acostagem (Figura 06). Operam diversos tipos de cargas, possuindo
equipamentos de movimentação de carga, tais como guindastes e
empilhadeiras. As cargas são armazenadas nos mais diferentes tipos
de recipientes, tais como sacos, caixas, barris, tambores, fardos,
paletes e etc.
Figura 06 – Terminal de Carga Geral

 Terminal de carga especializada: estes terminais são especializados


em um determinado tipo de carga, tendo equipamentos e maquinários,
profundidade de acostagem, navios e até mesmo a solução estrutural
específicos. A seguir são mostrados alguns tipos destes terminais:
 Terminal de contêineres: obras especializadas na
movimentação de contêineres (Figura 07). Possuem a estrutura
de acostagem e a retroárea, local onde são armazenados os
contêineres. São dotadas de equipamentos de operação, como
os guindastes portêiner ou MHC que carregam e descarregam
os navios; transtêiner que movimentam os contêineres na
retroárea afim de carregar e descarregar o trem; reach stacker
que tem a função de carregar e descarregar as carretas,
movimentando um contêiner de cada vez.
Figura 07 – Terminal de Contêineres TECON RIO GRANDE – RS

 Terminal de granéis: são obras que movimentam granéis, ou


seja, cargas que não são embaladas ou acondicionadas, sendo
estas comercializadas em quantidades fracionárias. Há uma
subdivisão quanto aos tipos de granéis, podendo ser sólido ou
líquido. Os granéis sólidos (Figura 8) podem ser minérios, grãos,
cereais, carvão, fertilizantes, etc. Os granéis líquidos (Figura 09)
podem ser petróleo e seus derivados, produtos químicos, óleos
vegetais, extrato de sucos, etc.
Figura 08 – Terminal de Minério de Ferro - China

Figura 09 – Terminal de Petróleo

1.5 Equipamentos utilizados e sistema de carga e descarga

Alguns terminais possuem equipamentos e forma de carga e descarga


específicos que operam de maneira única. Pode-se ter:
 Terminais roll-on, roll-off: basicamente são terminais que
transportam automóveis, pois o acesso ao navio é realizado de forma
direta, por rampas (Figura 10).

Figura 10 – Terminal Roll On – Roll Off

 Terminais em carregadores deslizantes: os equipamentos deslizam


sobre trilhos, como no caso dos portêineres nos terminais de
contêineres (Figura 07) ou no caso dos shiploader nos terminais de
granéis sólidos (Figura 08). Esse tipo de obra exige uma estrutura
contínua, de modo que seja possível instalar os trilhos.
 Terminais em carregadores setoriais: geralmente ocorre em
terminais de minério (granel sólido), onde o equipamento se constitui
de uma lança que percorre um movimento de arco sobre estruturas de
formato setorial. A solução estrutural desse tipo de terminal exige uma
estrutura discreta.

1.6 Estrutural

De um modo geral, as obras acostáveis podem ser divididas em estruturas


contínuas ou estruturas discretas. O tipo de estrutura a ser escolhida depende
basicamente da função da obra.

 Estrutura contínua: consiste em estruturas corridas, denominadas


cais. Um cais é uma estrutura destinada a comportar os equipamentos,
sistema de defensas e cabeços de amarração. Um cais pode ser ter
um paramento aberto ou fechado:
 Paramento aberto: são estruturas mais leves, basicamente
compostas por estacas e plataforma (Figura 11- c). A frente do
cais é aberta e por isso a zona abaixo da plataforma, na qual é
suavemente taludada, possui contato direto com a água. Pode-
se ter neste tipo de estrutura apenas uma frente acostável, ou
duas frentes acostáveis, sendo este último tipo chamado de cais
tipo “finger”. Cais em paramento fechado apresenta uma
solução mais esbelta, e por conta disso, normalmente utiliza-se
estacas inclinadas para absorver com mais eficiência os
esforços provenientes da atracação (impacto dos navios).
 Paramento fechado: são estruturas que são utilizadas quando
se quer conter a massa de solo sob o cais (Figura 11- b). A
contenção é feita através de muros de gravidade, cortina de
estaca prancha simples ou cortina de estaca prancha com
plataforma de alívio, sendo estas duas últimas estruturas
flexíveis, logo, submetidas a momentos fletores. Com os muros
de gravidade, a contenção do terrapleno é realizada através do
peso dos blocos, sendo estes de concreto ou rocha. Na solução
em cortina de estaca prancha simples, os esforços são
absorvidos pela ficha da estaca prancha ou pode-se também
empregar tirantes, nos quais são usados para diminuir os
momentos sobre a cortina e também para se diminuir o
comprimento da ficha. Há também a solução com cortina de
estaca prancha com plataforma de alívio, sendo esta utilizada
quando se deseja diminuir os esforços sobre a cortina, pois toda
a sobrecarga e peso permanente da estrutura é transmitido ao
solo através das estacas.
Figura 11 – Estrutura Contínua. Paramento aberto (c) e Paramento fechado (b)

 Estrutura discreta: consiste de estruturas isoladas que desempenham


uma função específica, tais como: acostagem, suporte de
equipamentos, acesso e amarração dos navios. O agrupamento destas
estruturas gera a obra portuária.
 Acostagem: tem a função de receber o impacto dos navios.
Pode-se ter dolfins de atracação (Figura 12 - 2), dotados de
defensas (Figura 12 - 7).
 Suporte de equipamentos: tem a função de comportar os
equipamentos de operação portuária, tal como a plataforma de
carga e descarga (Figura 12 - 1), na qual além do equipamento,
também pode ser dotada de dolfins elásticos (Figura 12 - 6) afim
de evitar grandes danos provocados por um possível impacto.
 Acesso: com a função de oferecer acesso e também de servir
de apoio para instalação de tubulações, por exemplo. Neste
caso, tem-se as pontes de acesso (Figura 12 - 4) e as passarelas
(Figura 12 - 5).
 Amarração dos navios: tem a função de assegurar o mínimo
de movimentação da embarcação ou navio no momento da
carga ou descarga. Pode-se ter dolfins de amarração (Figura 12
- 3) ou até mesmo cabeços sobre a plataforma de carga e
descarga. Há também dolfins que desempenham tanto o papel
de amarração quanto o de atracação.
Figura 12 – Estrutura Discreta

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