Você está na página 1de 45

Análise e Gestão

de Projectos

PLANEAMENTO E CONCEPÇÃO
DE PROJECTOS
UNIDADE II Dossier do projecto
Fluxo de caixa

2020
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Ficha Técnica:

Análise e Gestão de Projectos – Planeamento e Concepção de Projectos


Autor: Tânia Carmelinda Uamusse
Revisor: João Feijó/Orlando Penicela
Execução gráfica e paginação: Instituto Superior Monitor
2ª Edição: 2020
© Instituto Superior Monitor
Todos os direitos reservados por:
Instituto Superior Monitor
Av. Samora Machel, n. º 202 – 2.º andar
Caixa Postal 4388 Maputo
Moçambique

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou
por qualquer processo, electrónico, mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia ou
gravação, sem autorização prévia e escrita do Instituto Superior Monitor. Exceptua-se a
transcrição de pequenos textos ou passagens para apresentação ou crítica do livro. Esta
excepção não deve de modo nenhum ser interpretada como sendo extensiva à transcrição de
textos em recolhas antológicas ou similares, de onde resulte prejuízo para o interesse pela
obra. Os transgressores são passíveis de procedimento judicial.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
i
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Prezados Estudantes
No final desta 2.ª unidade da Disciplina de Análise e Gestão de Projectos, o estudante deverá
ser capaz de:
 Identificar os elementos principais do dossier do projecto;
 Compreender o modelo de estrutura de projecto do Banco Mundial;
 Analisar as entradas e saídas de caixa de um projecto;
 Conhecer as ferramentas para o cálculo dos fluxos de caixa;
 Compreender a importância dos fluxos de caixa para o projecto;
 Identificar os instrumentos principais do fluxo de caixa;
 Conhecer os elementos que compõe o Mapa de Fluxos de Caixa;
 Compreender as abordagens de aplicação cálculo financeiro nos projectos;
 Compreender as ferramentas básicas para a tomada de decisão sobre o uso do
dinheiro tendo em conta o factor tempo.

Cada unidade corresponde a cerca de 5 semanas de estudo. No final de cada unidade de


estudo irá encontrar um teste de avaliação que deverá ser respondido e enviado para o ISM
pelas seguintes vias: correio, entregue presencialmente na sede ou nos centros de recurso ou
digitalizado e enviado para o email: testes@ismonitor.ac.mz. Os testes devem ser enviados ao
fim de cada 5 semanas de estudo por forma a garantir o conhecimento atempado dos
resultados obtidos no mesmo. Não entregue os 3 testes ao mesmo tempo, pois assim não
estará a par da sua progressão e dos seus erros e melhorias que deve levar a cabo para ter
sucesso.

Na página do ISM www.ismonitor.ac.mz encontra todos os contactos. Deve estar sempre


atento aos contactos da direcção do seu curso, da coordenação e do tutor de cada uma das
disciplinas que frequenta.

No final de cada unidade é providenciada uma lista de bibliografia e de referências na


internet que poderá consultar. A biblioteca virtual do ISM inclui livros digitalizados, artigos,
websites e outras referências importantes para esta e outras disciplinas, que deverá utilizar na
realização de casos práticos. A biblioteca virtual pode ser consultada na página do ISM.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
ii
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

ÍNDICE

Ficha Técnica: i
CAPÍTULO I – DOSSIER DO PROJECTO ECONOMICAMENTE..............................1
1.1 FINALIDADES DO DOSSIER DO PROJECTO.............................................1
1.2 ESTRUTURA DO DOSSIER DO PROJECTO................................................1
1.3 FASES DA ELABORAÇÃO DO DOSSIER DO PROJECTO.........................2
1.3.1 DOCUMENTOS TÍPICOS QUE COMPÕEM O DOSSIER DO
PROJECTO.....................................................................................................3
1.4 ESTRUTURA DE UM DOSSIER TÍPICO DE UM PROJECTO DE
INVESTIMENTO....................................................................................................4
1.5 MODELO DO BANCO MUNDIAL.................................................................5
1.5.1 CICLO DE VIDA DO PROJECTO NO MODELO DO BANCO
MUNDIAL...............................................................................................................5
1.6 QUADRO LÓGICO (QL)..................................................................................6
1.6.1 POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO QUADRO LÓGICO.....7
1.6.2 EXEMPLO DA ESTRUTURA DO QUADRO LÓGICO....................7
QUADRO SINÓPTICO I................................................................................................12
EXERCÍCIOS..................................................................................................................13
CAPÍTULO II – O FLUXO DE CAIXA.........................................................................14
2.1 O CONCEITO DE FLUXO CAIXA E OS DIFERENTES ITENS DO
FLUXO DE CAIXA DO PROJECTO...................................................................14
2.2 DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA...........................................................14
2.5.1. MAPA DE FLUXO DE CAIXA........................................................18
2.5.2. EXEMPLO PRÁTICO.......................................................................19
QUADRO SINÓPTICO II...............................................................................................24
EXERCÍCIOS..................................................................................................................25
CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES DE CÁLCULO FINANCEIRO........................26
3.1 VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO E OS PROCESSOS DE
ACTUALIZAÇÃO E CAPITALIZAÇÃO DE CAPITAIS...................................26
3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROBLEMÁTICA DOS JUROS E
RESPECTIVOS CÁLCULOS...............................................................................29
QUADRO SINÓPTICO III.............................................................................................34
EXERCÍCIOS..................................................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................36

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
iii
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Árvore de decomposição de um projecto ………………………………..…………7
Figura 2: Estrutura do dossier do projecto …………………………………………..………..7
Figura 3: Matriz do QL ……………………………………………………………...
……….12
Figura 4: Fluxograma da determinação do CASH-FLOW……………………….
…………..20

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
iv
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

CAPÍTULO I – DOSSIER DO PROJECTO ECONOMICAMENTE


O dossier do projecto consiste num conjunto de documentos directamente ligados às
actividades que se desenvolveram para concretizar o projecto desde a sua concepção inicial
até à sua apresentação final. A elaboração do dossier do projecto pretende processar dados
que foram colhidos ou concebidos ao longo do projecto e transformá-los em informação para
as diferentes partes que directa ou indirectamente estão interessadas no projecto.

1.1 FINALIDADES DO DOSSIER DO PROJECTO


Segundo Valeriano (1998: 282) os documentos que compõem o dossier do projecto têm três
finalidades, não mutuamente exclusivas1:
 Comunicação no âmbito do projecto – a documentação é dirigida ao cliente interno
(organização, fornecedores, contratados, entre outros), representando aqueles que directa
ou indirectamente trabalham visando a realização do projecto. Com esta finalidade são
elaborados e emitidos documentos técnicos (especificações técnicas, relatórios de ensaios,
resultados parciais de tarefa de uma equipa para o uso da outra equipa, entre outros),
documentos administrativos (relacionados com pessoal, material, finanças, entre outros) e
documentos de planeamento e controlo (cronogramas, orçamentos, compras, contractos,
relatórios de progresso, etc.). Parte da documentação deste tipo consiste em confirmação
formal de informações veiculadas verbalmente: decisões, actas de reuniões, relatórios de
visitas, de inspecções, entre outros.
 Comunicação com o cliente – a documentação é dirigida ao cliente externo (cliente final
ou intermediário) e é constituída por dados necessários a este cliente para fins tais como
desenvolver um projecto de engenharia, pesquisa para a comunidade técnico-científica ou
para o produtor, fabricante.
 Repositório de informações – uso da documentação para consultas futuras,
caracterizando-se neste caso o cliente institucional que será detentor da documentação, a
qual, em biblioteca ou em arquivo, terá grande importância por permitir a introdução de
revisões de projecto para fazer correcções, melhoramentos ou aperfeiçoamentos.

1.2 ESTRUTURA DO DOSSIER DO PROJECTO


A organização de um projecto é feita com base na estrutura das partes constitutivas do
projecto. Desta forma a estrutura do dossier do projecto é praticamente idêntica à do projecto
devido ao relacionamento que existe entre as fases do projecto e a documentação. Pode-se
dizer de outra forma que a organização do projecto é que dita o resultado da produção de um
dossier do projecto organizado.
Cada parte do projecto corresponde a um conjunto de documentos observando desta forma a
mesma hierarquia como ilustra a figura abaixo.

1
Eventos não mutuamente exclusivos- são aqueles cuja ocorrencia de um não elimina a ocorrência do outro.
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
1
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Figura 1: Árvore de decomposição de um projecto

Proj. "Alfa"

Administração
Produto (P) Gestão (G) (A)

P.01 P.02 P.03 AG


Control ETC
e
Fonte: Valeriano (1998:287)

Figura 2: Estrutura do dossier do projecto

Dossier. "Alfa"

Documentos da Documentas da
Documentos do
Administração
Produto (P) Gestão (G) (A)

Doc. Doc. Doc. Doc. Doc. Doc.


P.01 P.02 P.03 AG Controle ETC
Fonte: Valeriano (1998:287)

Ou seja, para cada produto de um projecto (ex.: uma acção de formação, criação de um furo
de água, realização de um catálogo, etc.) deverá corresponder um documento específico, que
comprove a sua existência (ex. respectivamente a folha de sumários e de presenças e o plano
de sessão da acção de formação; fotografias do furo de água e facturas comprovativas das
despesas; ou impressão do catálogo).

1.3 FASES DA ELABORAÇÃO DO DOSSIER DO PROJECTO


A elaboração dos documentos do projecto deve ser feita desde o inicio do projecto até ao seu
encerramento. Desta forma a elaboração dos documentos no final do projecto ou tardiamente
constitui um erro crasso e consequentemente um factor para o insucesso e/ou fracassos do
projecto que por vezes são irrecuperáveis.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
2
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Desta forma o autor Valeriano (1998:304) identifica as fases da elaboração do projecto em


três não necessariamente sucessivas, mas interactivas:
 Fase de planeamento: compreende a elaboração de documentos técnicos (diagnósticos de
necessidades, estudos de mercado, planos de sessão, plantas arquitectónicas, cronogramas
de actividades, etc.) que visam o planeamento de acções futuras que deverão, por sua vez,
gerar seus respectivos documentos (não confundir com planeamento do projecto).
 Fase de execução: compreende os documentos que registam como os problemas foram
definidos e resolvidos e como o produto ou serviço foi concebido (folhas de sumário e de
presenças, fotografias das partes essenciais do projecto, facturas, etc.). Estes documentos
permanecem na organização a menos que devam ser repassados a terceiros, nos casos de
transferência de tecnologia. Eles contêm a metodologia do desenvolvimento, cuja
elaboração consistiu no uso de conhecimentos e técnicas da organização, e que devem ser
guardados com cuidado, evitando-se a divulgação para não haver exposição à
concorrência.
 Fase de conclusão: compreendendo os documentos que deverão ser repassados aos
clientes ou aos usuários do projecto. Os documentos produzidos nesta fase referem-se aos
resultados do projecto sem informar como foram obtidos, excepto em casos de projecto
de pesquisa (trata-se de fotografias do projecto finalizado, avaliações do impacto das
acções do projecto, relatórios dos participantes, etc.).

1.3.1 DOCUMENTOS TÍPICOS QUE COMPÕEM O DOSSIER DO PROJECTO


Fases
Planeamento Execução Conclusão

Tipos de projecto
Pesquisa Especificação preliminar Caderno de Projecto Relatório Final
Plano de documentação Especificação preliminar
Relatórios de Pesquisa:
-Parciais/Finais
Desenvolvimento Especificação preliminar Caderno de Projecto Caderno de Projecto
Plano de documentação Especificação Final Especificação Final
Plano de Qualidade Relatórios de Desenvol.: Relatório Final
Solicitação de Ensaios -Parciais/Finais Relatório Descrit. da
Programação de Ensaios Relatório de Ensaios Estrutura
Relatório Descrit. do
Funcionamento
Engenharia Especificação preliminar Caderno de Projecto Caderno de Projecto
Especificação Final Especificação Final
Relatório de Engenharia: Relatório Final
-Parciais/Finais Manual de
Operações
Manual de
Manutenção
Fonte: Valeriano (1998:305)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
3
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
4
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

1.4 ESTRUTURA DE UM DOSSIER TÍPICO DE UM PROJECTO DE


INVESTIMENTO

1. Identificação do projecto
 Título do projecto
 Local de implementação
 Data de elaboração
 Duração do projecto
 Inicio previsto

2. Apresentação da instituição
 Identificação da instituição
 Identificação dos responsáveis funcionais
 Identificação das actividades
 Identificação histórica da empresa:
o Produtos fabricados
o Tecnologia adoptada
o Capacidade técnica instalada
o Balanço dos últimos três anos
o Demonstração de resultados dos últimos três anos
o Outros projectos já executados

3. Apresentação do projecto
 Caracterização do problema e justificação
 Características do projecto
 Tipo de projecto
 Tipo de produto
 Localização
 Objectivos e metas
 Actividades
 Benefícios e Beneficiários

4. Identificação da estratégia subjacente ao lançamento do projecto


 Plano do projecto. Que inclui:
o Plano de investimento, que se traduz na realização de um estudo técnico
(identificação da tecnologia a adoptar e sua caracterização);
o Plano de exploração, que inclui quadros de pessoal, estrutura de custos, plano
de amortizações, etc.
o Plano de financiamento, que inclui o mapa de origem e aplicação de fundos
previsional, mapas de empréstimos e sua amortização, etc.

5. Análise da rendibilidade do projecto


Onde se utilizam critérios como:

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
5
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

 O Valor Actualizado Liquido (VAL): avalia a viabilidade de um projecto de


investimento através do cálculo do valor actual de todos os seus saldos de caixa;
 A Taxa Interna de Retorno (TIR): a taxa necessária para igualar o valor de um
investimento com os seus respectivos retornos futuros ou saldos de caixa;
 O “Pay-Back” (tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o
lucro líquido acumulado igualá o valor desse investimento inicial).

6. Análise da solvabilidade do projecto


Trata-se de meios que o projecto dispõe para fazer face aos compromissos a médio e longo
prazo (incluindo dívidas e respectivos juros, despesas respectivas a obrigações assumidas ou
imperativos económicos e prestações fiscais ou sociais).

7. Análise de risco do projecto


Trata-se da previsão das ameaças que podem ocorrem sobre o plano do projecto, afectando
negativamente o desenvolvimento do projecto.

8. Conclusão do projecto

1.5 MODELO DO BANCO MUNDIAL


Diferente do modelo tradicional existe o modelo do Banco Mundial, que é usado em
projectos de grande vulto e governamentais, ligados a vários sectores sociais, tendo como
maiores responsáveis o Governo e o Banco Mundial.
Este modelo surge no âmbito do financiamento feito pelo Banco Mundial através de
instituições como o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) e
a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) aos Governos locais, para fazer face à
incapacidade dos governos em investir em projectos de benefício social. Esses
financiamentos têm como objectivo principal fornecer assistência técnica e financeira para os
programas de redução da pobreza, através de construção de escolas, hospitais, estradas, redes
de distribuição de energia, entre outros. Este financiamento tem a prerrogativa de possuir
taxas de juro favoráveis e prazos de pagamento longos para facilitar a acção dos Governos.

1.5.1 CICLO DE VIDA DO PROJECTO NO MODELO DO BANCO MUNDIAL


As etapas do ciclo de projecto de acordo com o modelo do Banco Mundial são as seguintes:
i) identificação, preparação e avaliação; ii) negociação e aprovação; iii) execução e
supervisão; iv) encerramento; e v) avaliação pós fecho do projecto.
i) Identificação, preparação e avaliação
Esta fase consiste nos seguintes procedimentos:
1. Os Governos Locais desenvolvem uma proposta com os aspectos preliminares do
projecto;
2. O Banco Mundial (BM) com base nesta proposta faz uma pré-avaliação (pre-apraisal) e
decide se prossegue com o projecto;
3. Em seguida, realiza-se um trabalho conjunto entre duas equipas (Governo e Banco
Mundial) de conclusão do projecto;

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
6
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

4. O BM, faz a elaboração do Documento da Concepção do Projecto (DCP), que é um


documento mais desenvolvido e enriquecido da proposta do projecto.
5. Após isso, elabora-se o documento final do projecto denominado PAD (Project Appraisal
Document ) que é um documento de referência do projecto.

ii) Negociação e Aprovação


Nesta fase os representantes do Governo local e do Banco Mundial discutem sobre o projecto
tendo com base de negociação o PAD e alguns aspectos que não foram abordados
anteriormente que sejam pertinentes para o desenvolvimento do projecto. Posteriormente
chega-se a um acordo relativamente aos parâmetros do projecto e o Banco Mundial concorda
em financiar o mesmo. Por fim assina-se o documento de concordância denominado DCA
(Development Credit Agreement2).
iii) Execução e Supervisão
Nesta fase os fundos já foram disponibilizados pelo Banco Mundial para o projecto e
começa-se a executar as actividades estabelecidas. Cabe ao Governo Local fazer a supervisão
da implementação do projecto e, no final, elaborar um relatório com uma equipa
multidisciplinar3, com o objectivo de fazer um acompanhamento ao projecto.
iv) Encerramento
Os objectivos principais desta fase consistem em elaborar um relatório final do projecto que é
feito por um lado pelo Governo Local e, por outro lado, pelo Banco Mundial. Em seguida
encerraram-se as contas do projecto, liquidam-se as dívidas com o financiador e, por fim,
prepara-se um relatório conjunto final entre o Governo Local e o BM.
v) Avaliação pós-fecho do projecto
Quando o projecto encerra os implementadores (representantes do Governo Local) devem ter
em mente que o projecto ainda não foi finalizado por completo. Por vezes os relatórios de
supervisão podem dar indícios de que algo não está bem e os financiadores aparecem para
fazer uma fiscalização.
Para casos em que o projecto não se realize mesmo após o financiamento do Banco Mundial,
os Governos Locais são obrigados a devolver os fundos, e estes podem perder a confiança do
BM e ficarem na lista negra. Se eventualmente forem a precisar de um empréstimo futuro,
estes não serão aceites.

1.6 QUADRO LÓGICO (QL)


É um instrumento que permite conceptualizar, desenhar, executar e avaliar o projecto. O
quadro lógico pode ser compreendido em duas lógicas: a horizontal que identifica os
resultados do projecto; e a vertical que clarifica a justificação da concepção e execução do
projecto.
Segundo Giacomoni & Pagnussat (2006), o quadro lógico tem como principais características
as seguintes:
2
Development Credit Agreement significa Contracto de Crédito para o Desenvolvimento
3
Uma equipe multidisciplinar é um grupo de avaliadores com diferentes especializações funcionais que
trabalham para alcançar um objetivo comum.
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
7
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

 Constitui-se na estrutura lógica de um projecto;


 Coloca o enfoque nos resultados a atingir pelo projecto e não nas suas actividades;
 Trata-se de um instrumento simples e importante para o monitoramento de alcance dos
resultados e do uso prudente dos recursos;
 Facilita a elaboração de relatórios e documentos baseados nos resultados alcançados e nas
lições aprendidas.

Figura 3: Matriz do QL

Fonte: Giacomoni & Pagnussat (2006)

1.6.1 POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO QUADRO LÓGICO


Segundo Macie (2010:15) as potencialidades do quadro lógico são:
 É uma boa forma de verificar a lógica interna de um plano do projecto e de assegurar que
haja uma ligação entre as estratégias e os objectivos;
 Reconhece que os resultados qualitativos podem ser formulados de forma quantitativa
podendo assim, ser facilmente avaliados;
 Enfoca o trabalho técnico nos aspectos críticos, pode reduzir consideravelmente os
documentos do projecto e assegura uma clara identificação dos objectivos do projecto;
 Induz à objectividade na elaboração e descrição de projectos e propicia uma rápida e
sintética visualização de programas e projectos;
 Possibilita uma rápida e fácil visualização dos principais factores para acompanhamento e
avaliação de programas e projectos assim como tende a clarificar os factores que
dependem do desempenho do órgão executor e aqueles que estão fora de seu controle;
 Padroniza uma linguaguem comum para as diversas fases de diferentes programas e
projectos, independentemente de sua natureza.

A autora defende que o mesmo instrumento apresenta algumas limitações tais como:
 A elaboração de uma estrutura de projecto leva tempo e requer formação para domínio de
conceitos e da lógica de abordagem;
 As pessoas são obrigadas a sistematizar ideias e relações complexas em frases simples.
 Ignora o grau de inter-relacionamento entre diferentes projectos;
 Ignora a dificuldade de se estabelecer objectivos superiores homogéneos para projectos
na área pública.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
8
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

1.6.2 EXEMPLO DA ESTRUTURA DO QUADRO LÓGICO


O exemplo é referente a um projecto de desenvolvimento do Ministerio de Agricultura de um
país para aumentar o nivel de produção agrícola de uma região selecionada.
Estratégias de Lógica de Indicadores Fontes de Suposições
Intervenção Intervenção Objectivamente Comprovação Importantes
Comprováveis
Objectivo Melhorar a situação Renda média aumenta em Censo anual Política de
superior sócio-económica da 5% até o ano 2002; Autoridades locais desenvolvimento
região X. Redução de 5% na taxa de prioriza a produção
migração. agrícola.
Objectivo do Aplicar novas •Produtividade (ton/hect) • Censo agrícola • Não há migração para
projecto técnicas na aumentado em 5% na • Documentação do a região do projecto.
produção agrícola. região tal no ano 2001, 7% projecto
no ano 2002 e 9% no ano
2003.
•Produção tipo exportação
aumentada em x%.
Resultados 1.Sistema de 1.1 Na região são • Livro de obras • Não há desastres
irrigação implantados 60km de • Vistoria local naturais.
implementado e canais de irrigação e 12 • Livro de • Não há disputas
funcionando; bombas eléctricas de ocorrências excessivas pelo uso de
potência média até 9/2000. • Ministério da água.
1.2 Ociosidade do sistema Agricultura • Não há evasão de
de irrigação é, no máximo, • Relatórios dos assessores capacitados.
2. Agricultores 24h/mês. assessores • Preço do combustível
capacitados. 2.1 Nº de agricultores • Livros de não aumenta mais que
treinados em novas técnicas solicitação 5%.
de cultivo • Documentação do • O preço internacional
2.2 Tipo e duração do Fundo Rotativo do arroz não baixa mais
3. Financiamento treinamento e seu • Documentação do que 10%.
para mecanização é aproveitamento. Depto de • Agricultores
facilitado. 3.1 Valor de créditos Comercialização assimilam o novo
concedidos. • Relatórios dos conhecimento.
4. Sistema de 4.1 Esquema de instrutores
comercialização comercialização é definido • Documentação do
implementado e especificando locais, datas, projecto
funcionando; pagamento etc.  Autoridades
4.2 Volumes locais
comercializados: 2001 - x;
2002 - y; 2003 – z
Actividades 1.1 Criar um
Principais sistema de irrigação
de alta
potencialidade;
2.1 Especializar os
agricultores no uso
de técnicas
modernas;
3.1 Garantir o
financiamento para
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
9
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

adquirir
equipamentos e
máquinas
modernas;
4.1 Especificação
de locais de venda
dos produtos e Fonte: Adaptado de Macie (2010)
prazos.

Lógica de Intervenção
(1ª Coluna)
Definição Estratégias de Intervenção

Este objectivo é de orientação ou seja demonstra a Objectivo Superior


contribuição significativa do projecto. Tendo
Melhorar a situação sócio-económica da
como uma das principais características a sua
região X.
amplitude e visão futura, sempre dentro de
parâmetros realísticos e alcançáveis. Desta forma
é possível que o mesmo seja alcançado somente
algum tempo depois da conclusão do projecto.

É o propósito do projecto que demonstra a visão Objectivo do projecto


do problema do projecto, na medida em que parte-
Aplicar novas técnicas na produção agrícola.
se de princípio que todo projecto tem como ponto
de partida um problema. Portanto este objectivo
mostra as mudanças desejadas pelo projecto.

São bens ou serviços produzidos apenas pelo Resultados


projecto. Estes produtos têm que ser gerenciaveis
1.Sistema de irrigação implementado e
e alcançáveis com os recursos disponíveis. Os
funcionando;
resultados são aquilo que é entregue pelo projecto.
2. Agricultores capacitados.
3. Financiamento para mecanização é
facilitado.
4. Sistema de comercialização implementado
e funcionando;

Para o alcance dos bens e serviços produzidos Actividades


pelo projecto (resultados acima referenciados) é
1.1 Implementação de sistema de irrigação de
necessário determinar as actividades a serem
alta potencialidade;
realizadas. Desta forma para o alcance de cada
resultado, surge uma série de actividades 2.1 Especializar os agricultores no uso de
principais elaboradas. técnicas modernas de cultivo;
3.1 Solicitar crédito de financiamento para
adquirir equipamentos e máquinas modernas;
4.1 Especificar locais de venda dos produtos,
assim como os prazos de pagamento;

Fonte: Adaptado de Macie (2010)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
10
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
11
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

(2ª Coluna)

Estratégias de Intervenção Indicadores Objectivamente Definição


Comprováveis

Objectivo superior Renda média aumentada em x% até o Os indicadores servem de sinal comprovativo
ano 2002; dos objectivos e resultados em termos de
Melhorar a situação sócio-
quantidade, qualidade e tempo baseados em
economica da região X. Migração reduzida.
factos concretos e realísticos. Para além desta
característica principal, os indicadores têm
Objectivo do projecto •Produtividade (ton/hect) aumentado
como características secundárias:
em x% na região tal no ano 2001 e y%
Aplicar novas técnicas na produção
no ano 2002;  Medir o grau de alcance dos objectivos;
agrícola.
•Produção tipo exportação aumentada  Constituir o principal instrumento para
em x%. monitorar o progresso;

Resultados 1.1 Na região são implantados 60km  São utilitários e tem uma periodicidade
de canais de irrigação e 12 bombas determinada.
1.Sistema de irrigação
eléctricas de potência média até
implementado e funcionando;
9/2000.
Para o caso dos objectivos por se tratarem de
1.2 Ociosidade do sistema de irrigação efeitos esperados, os seus indicadores
é, no máximo, 24h/mês. também são considerados efeitos dos
2.1 Nº de agricultores treinados em resultados esperados.
2. Agricultores capacitados. novas técnicas de cultivo
2.2 Tipo e duração do treinamento e
seu aproveitamento.
3.1 Valor de créditos concedidos.
3. Financiamento para mecanização
é facilitado. 4.1 Esquema de comercialização é
definido especificando locais, datas,
4. Sistema de comercialização pagamento etc.
implementado e funcionando;
4.2 Volumes comercializados: 2001 -
x; 2002 - y; 2003 – z toneladas.

Fonte: Adaptado de Macie (2010)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
12
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

(3ª
Coluna)

Estratégias de Indicadores Objetivamente Fontes de Definição


Intervenção Comprováveis Comprovação

Objectivo Renda média aumentada em x Censo anual As fontes de


superior % até o ano 2002; comprovação
indicam onde se
Melhorar a Migração reduzida.
encontram as
situação sócio-
informações e os
economica da
dados dos
região X.
indicadores para
que possam ser
Objectivo do •Produtividade (ton/hect) • Censo agrícola
averiguadas as
projecto aumentado em x% na região
• Documentação do informações.
tal no ano 2001, y% no ano
Aplicar novas projecto
2002 e z% no ano 2003. As fontes têm
técnicas na
• Livro de obras como funções:
produção •Produção tipo exportação
agrícola. aumentada em x%. • Vistoria local  Garantir a
• Livro de ocorrências definição de
Resultados 1.1 Na região são indicadores
implantados 60km de canais • Min. de Agricultura realistas,
1.Sistema de
de irrigação e 12 bombas • Relatórios dos porque se não
irrigação
eléctricas de potência média forem
implementado e assessores
até 9/2000. encontradas
funcionando;
fontes
1.2 Ociosidade do sistema de • Livros de solicitação
adequadas para
irrigação é, no máximo, • Documentação do
2. Agricultores 24h/mês. verificar a
capacitados. Fundo Rotativo informação
2.1 Nº de agricultores contida no
3. Financiamento treinados em novas técnicas • Documentação do indicador, o
para mecanização de cultivo Depto de mesmo não
é facilitado. Comercialização serve;
2.2 Tipo e duração do
4. Sistema de treinamento e seu • Relatórios dos  As fontes
comercialização aproveitamento. mostram
implementado e instrutores alguns dos
3.1 Valor de créditos
funcionando • Documentação do elementos
concedidos.
projeto necessários
4.1 Esquema de para
comercialização é definido estabelecer um
especificando locais, datas, sistema de
pagamento etc. informação do
4.2 Volumes comercializados: projecto.
2001 - x; 2002 - y; 2003 – z Em todo caso, é
toneladas. fundamental que
fontes adequadas
existam e que elas
sejam confiáveis.

Fonte: Adaptado de Macie (2010)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
13
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
14
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

(4ª Coluna)
Estratégias de Indicadores Fontes de Suposições Importantes Definição
Intervenção Objetivamente Comprovação
Comprováveis
Objectivo superior Política de São os factores externos
Melhorar a situação desenvolvimento prioriza que podem influenciar
sócio-economica da a produção de arroz no projecto
região X. determinando seu
Objectivo do projecto • Não há migração para a sucesso ou fracasso. São
Aplicar novas técnicas região do projeto. formulados de maneira
na produção de arroz. positiva, devem ser
Resultados 1.1Não há desastres reunidas antes da
1.Sistema de irrigação naturais. realização do projecto.
implementado e 1.2Não há disputas Ex: riscos ambientais,
funcionando; excessivas pelo uso de naturais, financeiros,
2.Agricultores água. institucionais.
capacitados. 2.1Não há evasão de
3. Financiamento para assessores capacitados.
mecanização é 2.2Agricultores assimilam
facilitado. o novo conhecimento.
4. Sistema de 3.1As taxas de juro não
comercialização aumentem.
implementado e 4.1 Preço do combustível
funcionando não aumenta mais que 5%.
Fonte: Adaptado de Macie (2010)

QUADRO SINÓPTICO I
TEMA DESCRIÇÃO

Dossier do projecto Consiste num conjunto de documentos directamente ligados às actividades que se
desenvolveram para concretizar o projecto desde a sua concepção inicial até à sua
apresentação final.
Finalidades do dossier do  Comunicação no âmbito do projecto; Comunicação com o cliente; Repositório de
projecto informações.
Fases da elaboração do  Fase de planeamento;
dossier do projecto  Fase de execução
 Fase de conclusão
Estrutura de um dossier 1. Identificação do projecto
tipico de um projecto de 2. Apresentação da empresa/ empresário
investimento 3. Apresentação do projecto
4. Identificação da estratégia subjacente ao lançamento do projecto
5. Análise da rendibilidade do projecto
6. Análise da solvabilidade do projecto
7. Análise de risco do projecto
8. Conclusão do projecto

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
15
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

EXERCÍCIOS
1. Explique em que circunstâncias o dossier do projecto pode servir de instrumento de
informação dando exemplos concretos. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto 2.1)
2. A tabela abaixo mostra um exemplo do quadro lógico de um projecto hipotético para
desenvolvimento do sector de educação nas zonas rurais. Complete os espaços em branco
com base nas ferramentas aprendidas sobre o QL. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto
2.4.2)
Estratégias de Lógica de Indicadores Objectivamente Fontes de Comprovação Suposições
Intervenção Intervenção Comprováveis Importantes

Objectivo Melhorar a educação 1. 75% das crianças de idade 1.Análise dos resultados de 1.Que o governo
superior das crianças nas áreas correspondente à terceira uma prova aplicada a uma priorize o
rurais. classe e 65% das crianças de amostra de crianças desenvolvimento da
idade correspondente à quinta representativa da Educação;
classe; população estudantil rural. 2._______________
2._______________________ 2.____________________
Objectivo do Melhorar a qualidade 1. Que os alunos respondam 1.1. Estatísticas do
projecto e a pertinência da correctamente 80% das Ministério da Educação;
educação primária questões das provas 2.1.__________________.
em áreas rurais. padronizadas em três anos; 3.1.__________________.
2._______________________.
3.______________________.
Resultados 1. Aumento do 1.1._____________________;  Dados administrativos;  Que 90% das
número de escolas 2.1. Baixar a taxa de  Relatórios dos famílias que
nas zonas rurais; rotatividade dos docentes de formadores; saibam do
2._______________; 1/4 em dois anos e 1/5 no  ___________________. programa em sua
terceiro ano; comunidade
3. Melhoramento da 2.2. Que 90% dos docentes   matriculem seus
actividade escolar novos tenham feito cursos de filhos na escola;
diária nas escolas; capacitação;  Que as condições
4._______________. 3.1. Que a distribuição de dias sociais e de
de aula não coincida com os segurança não
períodos de colheita; piorem nas áreas
3.2. Que 90% dos alunos rurais;
contem com livros próprios ou  ______________.
compartilhados;  
4.1._____________________;
4.2._____________________.
Actividades 1.1. Manutenção das 1. Que 90% das
infra-estruturas; comunidades
1.2.___________ _; focalizadas pelo
3.1. Avaliar o programa participem
calendário escolar 2. Que 60% dos
3.2. Adequar o docentes recrutados
currículo ao ambiente estejam dispostos a
rural ter pouca segurança
3.3.______________; trabalhista;
4.1.______________.
Fonte: Adaptado do BID/INDES apud Penteado, s.d.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
16
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

CAPÍTULO II – O FLUXO DE CAIXA


2.1 O CONCEITO DE FLUXO CAIXA E OS DIFERENTES ITENS DO FLUXO DE
CAIXA DO PROJECTO
Segundo Marques (1998:84) Fluxo de Caixa ou Cash flow é a diferença ou saldo global entre
o somátorio dos beneficios traduzidos em valores de entradas de caixa e o somátorio dos
custos de investimento e de exploração traduzidos em valores de saídas de caixa. Isto é, trata-
se do saldo dos fluxos de entradas e saídas de caixa, respectivamente, decorrentes da
realização do projecto.

FLUXOS IN
Rendimentos, subsidios, etc (beneficios)

Entradas
IN
Caixa

Saídas
OUT

Consumos, aplicações (custos)


FLUXOS OUT

Desta forma, o cash-flow pode ser entendido como uma medida de rentabilidade de um
projecto, ou seja, os fluxos liquidos gerados pelo projecto que assumem a forma de numerário
(fluxos de tesouraria).
Segundo Silva et al. (1993) é o fluxo de caixa que determina a saúde financeira de uma
pessoa física ou jurídica. Sendo desta forma a base para tomada de decisões.

2.2 DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA


É um instrumento de análise de fluxos de caixa que é representado graficamente através de
um conjunto de entradas e saídas de caixa ao longo do tempo, onde o eixo horizontal mostra
os períodos de composição distribuídos no tempo (Balairine, 2004:13)
Exemplo: Uma empresa adquire equipamento no valor de 1.000,00 meticais e o fabricante
concede um financiamento para pagamento em três prestações mensais, iguais e sucessivas,
de 367.21, com a primeira vencendo 30 dias após a compra. O respectivo Diagrama de fluxo
de caixa sob o ponto de vista da empresa adquirente, assumirá o seguinte formato:
1.000,00 367,21 367,21 367,21

t=0 t=1 t=2 t=n=3

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
17
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

A seta para cima representa a entrada de caixa e as setas para baixo representam a saída de
caixa.
2.3 COMPOSIÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
Segundo Pinho (1996 apud Carneiro, 2009:13), os componentes do Fluxo de Caixa podem
ser classificados em:
a) Actividades operacionais: fluxo de caixa das actividades operacionais está relacionado
com as principais actividades geradoras de receita da empresa, tais como: recebimentos
pelas vendas de produtos e serviços; pagamentos de fornecedores; pagamentos de
despesas operacionais, salários e encargos sociais; recebimentos e pagamentos que não
sejam actividades de investimentos ou de financiamentos.
b) Actividades de investimentos: o fluxo de caixa das actividades de investimento
demonstra as entradas de caixa decorrentes das variações ocorridas no activo da empresa:
variação em activos imobilizados e variação em participação societária.
c) Actividades de financiamentos: os fluxos de caixa das actividades de financiamentos
relacionam-se às alterações no passivo exigível e no património líquido: variações em
títulos a pagar; variações no exigível em longo prazo; variações no património líquido e
dividendos pagos.
2.4 FLUXOGRAMA DA DETERMINAÇÃO DE CASH-FLOW

Figura 4: Fluxograma da determinação do CASH-FLOW; Fonte: Barros (1991:56)


2.5 COMPONENTES DO CASH-FLOW E A SUA APLICAÇÃO

Segundo Rozenfeld (2009) as principais componentes do cash-flow são:

Investimento no novo produto:


Consiste no conjunto de gastos necessários para o desenvolvimento do projecto. Os gastos do
investimento têm em conta os seguintes factores:
 Tipo de projecto: dependendo do tipo de projecto os gastos do investimento podem ser
maiores ou menores. Ex: Em projectos de incremento de infra-estruturas (em relação às já
existentes) o investimento deve ser menor que o necessário em projectos radicais (em que
se pretende investir de raiz), pois criam produtos e processos que são derivados, híbridos
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
18
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

ou com pequenas modificações em relação aos projectos já existentes. Os projectos


radicais envolvem significativas modificações no produto ou processo já existente,
podendo requisitar novas tecnologias e materiais.
 Disponibilidade de Recursos: são os gastos para adquirir recursos, como: pessoas,
máquinas, equipamentos, veículos, utensílios, computadores, etc;
 Necessidades de adquirir: patentes, tecnologias e licenças;
 Gastos com estudos, pesquisas de mercado, projectos e capacitação de profissionais;
 Necessidades de possuir um capital de giro (ou seja, o recurso utilizado para sustentar
as operações do dia-a-dia do projecto), inclusive para eventuais imprevistos.
Receitas:
Corresponde à estimativa de venda de produtos e subprodutos gerados pela produção. Para o
cálculo dessa estimativa deve-se levar em consideração factores como: preço final e procura
dos produtos.

 Preço final do produto: Esse valor vai depender do mercado, no qual se deseja vender o
produto, do produto produzido, e do lucro esperado pelo fabricante.
 Procura dos produtos: Esse valor vai depender do produto (produtos com alto valor
agregado geralmente possuem um volume de venda menor) do mercado e da fatia de
mercado que esse produto almeja atingir, do preço de venda, da análise local e de
mercado.

Para estimar a receita, é preciso estimar o valor da demanda dos produtos, em seguida,
multiplicá-lo pelo preço final estimado. Além da receita gerada com as vendas, outros
factores podem entrar na receita, como: subsídios governamentais, financiamentos e valor
residual do investimento.
Custos e despesas de produção:
São os valores gastos directamente e/ou indirectamente para a produção e comercialização do
produto. Os custos são os gastos com um bem ou serviços utilizados para a produção de
outros bens. Os principais custos são os seguintes: matérias-primas, embalagens, materiais
auxiliares; mão-de-obra directa; consumo de energia eléctrica, de água e de combustível;
manutenção, seguros, aluguer, diversos.
As despesas constituem os gastos com bens ou serviços utilizados para obtenção de receita.
As principais despesas são: Despesas com vendas, financeiras e administrativas; Salários do
pessoal administrativos; Impostos e taxas municipais.
Para além das componentes citadas anteriormente, existe outras pertinentes para o cálculo do
valor do fluxo de caixa, entre as quais:
Amortizações:
As amortizações, expressão monetária do desgaste físico dos equipamentos, são parte
integrante dos custos. Porém, diferentemente dos outros elementos dos custos, por exemplo
os salários, nestes, a empresa deverá desembolsá-los, para fazer os respectivos pagamentos.
Naqueles, a empresa não faz nenhum desembolso (dai dizer-se que as amortizações são
elemento dos custos que não significam desembolso de fundos).
Valor Residual do Equipamento:
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
19
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

O valor residual do equipamento corresponde ao valor do capital fixo no último ano do


projecto, cujo cálculo anual deve ser confrontado com o valor total investido no equipamento.
Como o normal é o equipamento apresentar uma vida útil superior ao horizonte temporal do
projecto, deve-se amortizar parcialmente, chegando-se ao fim do projecto com algum valor
que não foi amortizado ou seja, o valor residual. Para fins de análise, considera-se que a
hipotética venda o resto do equipamento constitui receita não passível de pagamento de
imposto (para efeitos do nosso curso, vamos seguir esta corrente que não valoriza as receitas
de venda do valor residual, como uma receita extraordinária e, portanto, sujeita a
contabilização na matéria colectável, para fins de calculo dos impostos).
Desta forma para efeitos de cálculo o Valor Residual será igual

Este valor será registado no último ano do projecto.


Capital Circulante:
É a grandeza mínima de capital que a empresa precisa para financiar os ciclos iniciais de
produção, para adquirir as matérias-primas e outros materiais, pagar os salários dos primeiros
meses de funcionamento e cobrir outras despesas de funcionamento. Feitas as vendas, dos
primeiros ciclos de produção, esse valor é recuperado na forma de receitas e volta a ser
empregue para o financiamento dos ciclos seguintes.
No último ciclo de produção, do último ano do nosso horizonte temporal, o valor investido na
forma de capital circulante é recuperado, como receita. Como se trata do último ano do
projecto, o pressuposto é que não haverá mais produção. Logo, o valor do capital circulante,
no último ano do projecto, constitui uma receita que deve ser contabilizada.
Desta forma o capital circulante consta somente no ano de investimento.
Receitas Antes do Imposto:
O projecto, no sentido em que estará constituído como empresa, é objecto do pagamento do
imposto, numa taxa estabelecida pela autoridade fiscal. Desta forma o imposto a pagar em
cada ano, será determinado tendo em conta o seguinte:
RAI (Receita Antes do Imposto) obtém-se pela relação receitas Totais menos Custos Totais;
No último ano, (Receitas Totais - Custos Totais) + Valor do Capital Circulante do último ano.
Impostos
O imposto a pagar é igual ao RAI multiplicado pela taxa do imposto estabelecido. Para o
nosso caso usaremos a taxa padrão do IRPC em Moçambique, conforme a taxa em vigor, que
é de 32%.
Receitas depois do imposto:
A Receita depois do Imposto (RDI) é igual ao RAI menos o Imposto.
Margem de Auto Financiamento (MAF):
 RDI+ Amortizações
 No último ano MAF=RDI+ Amortizações + Valor Residual

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
20
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Fluxo de Caixa:
Finalmente, temos o resumo das operações que nos mostram o balanço entre os recebimentos
e os pagamentos. Da margem de auto-financiamento (MAF), ou seja, capacidade que o
projecto tem de se auto financiar ou de cobrir o investimento, verificamos em que medida o
investimento é coberto, em cada ano do nosso horizonte temporal do projecto. Desta forma a
relação MAF menos Investimento fornece-nos o nosso Fluxo de Caixa.

2.5.1. MAPA DE FLUXO DE CAIXA


Terminado o exercício do cálculo do Fluxo de Caixa, devemos proceder à sua arrumação,
para iniciar o processo de análise.
Ordem Descrição 0 Ano 1 Ano 2 Ano Ano 4 Ano 5
3
1 Investimento
2 Receitas Totais
3 Custos Totais
4 Amortizações
5 Necessidades em Capital
Circulante
6 Investimento em Capital
Circulante
7 Valor Residual
8 Resultado Antes do Imposto
(RAI)
9 Imposto
10 Resultado depois do Imposto
(RDI)
11 Margem de Auto Financiamento
(MAF)
12 Fluxo de Caixa (FC)
13 Fluxo de Caixa Acumulado (FCA)

O fluxo de caixa simples é normalmente usado para projectos em que ocorre um pagamento
ou recebimento único. Para determinar o fluxo de caixa actualizado usa-se a formula do VAL
(Valor Actual Liquido) para cálculo do valor presente de uma série de fluxos de caixa com
base numa taxa de custo de oportunidade conhecida ou estimada e subtraindo-se o
investimento inicial.

Sua fórmula é definida como:

Onde:
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
21
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

VAL = Valor Actual Líquido


CF = fluxo de caixa (Cash - flow)
i = taxa de juros (custo de oportunidade)
VA0= Valor Presente no tempo 0

Os critérios de decisão:
 Se o VAL > 0, o projecto deve ser aceite pois oferece um ganho;
 Se o VAL < 0, o projecto deve ser recusado pois acarreta prejuízos;
 Se o VAL = 0, o projecto não oferece ganho nem prejuízo.

Para efeitos de arrumação incorpora-se na tabela a seguir:

0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 VAL


Cash –flow 5%
Cash-flow 10%
Cash-flow 15%
Cash-flow 20%
Cash-flow 25%

2.5.2. EXEMPLO PRÁTICO


Elabora o Mapa de Fluxos de Caixa do projecto com base nos seguintes dados:
Informações Gerais:
 Duração do Projecto: 5 anos
 IRPC: 32%¨
 Capital Circulante: 10.000 Mts
 Investimento: 20.000 Mts no início do projecto e 10.000 Mts no ano seguinte.
 Dos 20.000 Mts investidos no início do ano, 10.000 correspondem à compra de
equipamentos com o tempo de vida útil de 20anos.

Resultados

Elementos Ano1 Ano2 Ano3 Ano4 Ano5


Quantidades vendidas 2.000 2.200 2.400 2.600 2.800
Preço de Venda unitário (Pvu) 10,00 Mts 10,00 Mts 10,00 Mts 10,00 Mts 10,00 Mts
Custo Variavel Unitário (Cvu) 5,00 Mts 5,00 Mts 5,00 Mts 5,00 Mts 5,00 Mts
Custo Fixo 5.000 Mts 5.000 Mts 5.000 Mts ------------ -------------
-
Resolução

1º Passo

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
22
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)

O investimento de 20.000 (consta no enunciado) será registado no ano 0 e o investimento de


10.000 (consta no enunciado) no ano 1. Estes valores são registados em negativo por se tratar
de saída de caixa.

2º Passo

Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0

Na tabela dada pelo exercício constam as quantidades vendidas e o preço de venda unitário
que serão usados para calcular a receita total adquirida em cada ano, a partir do ano 1 que é o
ano em que começa o ciclo operativo do projecto. Exemplo: Receita Total ano 1= Pvu ano 1 * Qv
ano 1 = 2.000 * 10 = 20.000. A mesma forma aplicar-se-á para os anos seguintes.

3º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.00 13.000 14.000
0
Na tabela dada pelo exercício constam as quantidades vendidas e o custo variável unitário
de cada quantidade que serão usados para calcular os custos variáveis totais que serão
acrescidos o custo fixo para obtenção dos custos totais adquiridos em cada ano, a partir do
ano 1 que é o ano em que começa o ciclo operativo do projecto.

Exemplo:
Custo Total ano 1= CVT4 ano 1 + CF5ano1
CVT ano1 = Cvu ano 1 * Qv ano 1 = 2.000 * 5 = 10.000
CF ano1 = 5.000
Custo Total ano 1= 10.000 + 5.000 = 15.000
A mesma forma aplicar-se-á para os anos seguintes.

4º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.00 13.000 14.000
4
CVT = Custo Variável Total
5
CF = Custo Fixo
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
23
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

0
4 Amortizações 500 500 500 500 500
O exercício diz-nos que 10.000 do investimento feito no início do ano é em equipamento com
tempo de vida útil de 20 anos. Para calcularmos a amortização do equipamento anual temos
que dividir os 10.000 que é o custo do equipamento por 20 anos.

Amortizações = 10.000 / 20anos = 500/ano

5º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.00 13.000 14.000
0
4 Amortizações 500 500 500 500 500
5 Necessidades em 10.000 10.000 10.00 10.000 10.000
Capital Circulante 0
6 Investimento em 10.000
Capital Circulante
No exercício constam os 10.000 do capital circulante que serão registados em cada ano no
ponto necessidades em capital circulante e no primeiro ano operacional no ponto
investimento em capital circulante.

6º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.00 13.000 14.000
0
4 Amortizações 500 500 500 500 500
5 Necessidades em 10.000 10.000 10.00 10.000 10.000
Capital Circulante 0
6 Investimento em 10.000
Capital Circulante
7 Valor Residual 27.500

O Valor Residual será igual


= (20.000+ 10.000) - (500*5) =
27.500
Esse valor foi registado no último ano de investimento.
7º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
24
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.000 26.000 28.000
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.000 13.000 14.000
4 Amortizações 500 500 500 500 500
5 Necessidades em 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000
Capital
Circulante
6 Investimento em 10.000
Capital
Circulante
7 Valor Residual 27.500
8 Resultado Antes 5.000 6.000 7.000 13.000 24.000
do Imposto (RAI)
9 Imposto 1.600 1.920 2.240 4.160 7.680
10 Resultado depois 3.400 4.080 4.760 8.840 16.320
do Imposto (RDI)
Para o cálculo do RAI (Receita Antes do Imposto) subtraem-se os custos totais das receitas
totais. Exemplo:
RAI ano 1 = RT ano 1 – CT ano 1 = 20.000 – 15.000 = 5.000
A mesma fórmula aplica-se para os anos seguintes. No último ano a fórmula é (Receitas
Totais último ano - Custos Totais último ano) + Valor do Capital Circulante do último ano.
Desta forma teremos (28.000 – 14.000) + 10.000 = 24.000

Para o cálculo do imposto, o enunciado diz-nos que o IRPC é de 32%. Desta forma, o
imposto será 32% do RAI. Para o caso do ano um teremos 32% * 5.000 que é igual a 1.600.

E para o cálculo do Resultado Depois do Imposto (RDI) retira-se o valor do imposto do RAI.
Para o ano 1 teremos 5.000 – 1.600 = 3.400.

As mesmas formas aplicam-se para todos os anos.

8º Passo

Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.00 26.000 28.000
0
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.00 13.000 14.000
0
4 Amortizações 500 500 500 500 500
5 Necessidades em 10.000 10.000 10.00 10.000 10.000
Capital Circulante 0
6 Investimento em 10.000
Capital Circulante
7 Valor Residual 27.500
8 Resultado Antes do 5.000 6.000 7.000 13.000 24.000
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
25
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Imposto (RAI)
9 Imposto 1.600 1.920 2.240 4.160 7.680
10 Resultado depois 3.400 4.080 4.760 8.840 16.320
do Imposto (RDI)
11 Margem de Auto 3.900 4.580 5.260 9.340 44.320
Financiamento
(MAF)

A MAF = RDI+ Amortizações


MAF ano 1 = 3.400 + 500 = 3.900

 No último ano MAF=RDI+ Amortizações + Valor Residual


MAF último ano = 16.320 + 500 + 27.500
MAF último ano = 44.320

9º Passo
Ordem Descrição 0 P1 P2 P3 P4 P5
1 Investimento (20.000) (10.000
)
2 Receitas Totais 20.000 22.000 24.000 26.000 28.000
3 Custos Totais 15.000 16.000 17.000 13.000 14.000
4 Amortizações 500 500 500 500 500
5 Necessidades em 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000
Capital Circulante
6 Investimento em 10.000
Capital Circulante
7 Valor Residual 27.500
8 Resultado Antes do 5.000 6.000 7.000 13.000 24.000
Imposto (RAI)
9 Imposto 1.600 1.920 2.240 4.160 7.680
10 Resultado depois do 3.400 4.080 4.760 8.840 16.320
Imposto (RDI)
11 Margem de Auto 3.900 4.580 5.260 9.340 44.320
Financiamento (MAF)
12 Fluxo de Caixa (FC) (20.000) (6.100) 4.580 5.260 9.340 44.320
13 Fluxo de Caixa (20.000) (26.100 (21.520) (16.260 (6.920) 37.400
Acumulado (FCA) ) )
Finalmente calculamos o Fluxo de Caixa que será igual ao MAF mais o investimento.
Exemplo: FC ano 1 = 0 – 20.000 = (20.000).

E para o cálculo do fluxo de caixa acumulado, acumula-se o fluxo de caixa normal.

Desta forma podemos constatar que o projecto é viável pois dá-nos um fluxo de caixa
acumulado final positivo, ou seja, se se investir-se no projecto recupera-se o capital investido
e haverá ainda um lucro adicional de 37.000 unidades monetárias.

Depois de calcularmos o fluxo de caixa simples, para fazer a sua actualização usamos a
fórmula do Valor Actual Líquido (VAL).

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
26
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

0 P1 P2 P3 P4 P5 VAL
Cash –flow 5% (20.000) 5.809,5 4.154,2 4.543,8 7.684,0 34.725,9 56.897,4
Cash-flow 10% (20.000) 5.545,5 3.785,1 3.954,9 6.397,2 27.527,9 27.210,7
5
Cash-flow 15% (20.000) 5.304,3 3.469,7 3.460,5 5.398,8 22.049,8 19.683,1
Cash-flow 20% (20.000) 5.083,3 3.180,6 3.040,5 4.512,1 17.799,2 13.615,7
Cash-flow 25% (20.000) 4.880,0 2.935,9 2.697,4 3.827,9 14.531,1 8.872,3

Onde temos para o Cash-flow a 5%

Ano 0 = =

Ano 1 = =

Ano 2 = =

Ano 3 = =

Ano 4 = = 7.684,0

Ano 5 = = 34.725,9

Para as taxas que se seguem usam-se as mesmas fórmulas alterando a taxa.

Nota Bem: Em anexo á unidade consta a tabela de factores de actualização para facilitar o
cálculo dos fluxos de caixa actualizado. Desta forma é só multiplicar o valor do fluxo de
caixa simples pelos factores de actualizações que constam na tabela.

Exemplo:
Usando o mesmo exercício acima, multiplicando pelos factores de actualização a taxa de 5%
com os fluxos de caixa teremos:

Ano Factores de Multiplicado Fluxo de Igual Fluxo de Caixa

X =
Actualização Caixa simples Actualizado
(Valores da
tabela em
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
27
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

anexo) *
0 1.00 X (20.000) = (20.000)
1 0.952381 X (6.100) = (5.809,5)
2 0.907029 X 4.580 = 4.154,2
3 0.863838 X 5.260 = 4.543,8
4 0.822702 X 9.340 = 7.684,0
5 0.783526 X 44.320 = 34.725,9

Como podemos notar são os mesmos valores que obtivemos usando a fórmula.

QUADRO SINÓPTICO II

TEMA DESCRIÇÃO
Fluxo de Caixa É a diferença ou saldo global entre o somátorio dos benefícios
traduzidos em valores de entradas de caixa e o somátorio dos custos
de investimento e de exploração traduzidos em valores de saídas de
caixa,
Diagrama do Fluxo É um instrumento de análise de fluxos de caixa que é representado
de Caixa graficamente através de um conjunto de entradas e saídas de caixa
ao longo do tempo, onde o eixo horizontal mostra os períodos de
composição distribuídos no tempo.
Classificação das  Actividades Operacionais
componentes do  Actividades de Investimentos
Fluxo de Caixa  Actividades de Financiamentos
Componentes do  Investimento
Fluxo de Caixa  Receitas Totais
 Custos Totais
 Amortizações
 Capital Circulante
 Valor Residual
 Receitas Antes do Imposto
 Impostos
 Receitas depois do imposto
 Margem de Auto Financiamento (MAF)
 Fluxo de Caixa

EXERCÍCIOS
1. Explique a importância dos fluxos de caixa para os projectos. (Se tiver dúvidas, consulte
o ponto 3.1)
2. Em que circunstâncias o fluxo de caixa pode ser considerado uma actividade de
financiamento. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto 3.3)
3. Identifique as três principais componentes do fluxo de caixa e explique uma a sua
escolha. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto 3.4)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
28
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

4. O estudo de viabilidade de um projecto, mostra-nos uma previsão de vendas de 20.000


unidades de um dado produto durante os primeiros 2 anos e 25.000 no último ano. Foi
apurado um custo unitário de 10 unidades monetárias. O preço de venda é de 14 unidades
monetárias. O investimento foi calculado em 200.000 unidades monetárias e as
amortizações ascendem a 50.000 unidades monetárias anualmente. O capital circulante
foi estimado em 30.000 unidades monetárias. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto 3.5.2)
a) Monte a tabela de Cash-low
b) Calcule o VAL nas taxas de (5% a 25%).
5. Considerando que o preço de venda legalmente fixado para este negócio baixe para 12.5
u.m. resolva de novo o exercicio 4 a) e diga quais as implicações provocadas em relação
aos resultados iniciais. (Se tiver dúvidas, consulte o ponto 3.5.2)

Nota: Em anexo à unidade constam alguns mapas de fluxo de caixa e a Tabela de factores de
actualização para o uso na resolução dos exercicios 4 e 5.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
29
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES DE CÁLCULO FINANCEIRO


3.1 VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO E OS PROCESSOS DE ACTUALIZAÇÃO
E CAPITALIZAÇÃO DE CAPITAIS
São inúmeras as situações do nosso quotidiano em que estão presentes conceitos de cálculo
financeiro, tanto numa óptica de investimento assim como na óptica de financiamento.
Basicamente a essência do cálculo financeiro reside no que habitualmente se chama de valor
temporal do dinheiro. Trata-se de decisões a tomar sobre o uso do dinheiro, no presente e no
futuro, tais como nas seguintes situações:
1. Se ganhássemos na lotaria um prémio de 1 milhão de meticais, podemos escolher entre
recebê-los hoje imediatamente ou apenas daqui a um ano;
2. Fomos obrigados a pagar uma multa de mil meticais. Podemos escolher entre pagar
imediatamente ou daqui a um ano.
Na primeira situação, todos preferiríamos receber hoje, porém só na condição de que
futuramente receberíamos mais de 1 milhão de meticais (por exemplo, através de uma
aplicação bancária) aceitaríamos receber no futuro.
De acordo com Marques (1998:93) na avaliação de um projecto trabalhamos com variáveis
económicas reportadas a diferentes períodos de tempo, fazendo com que seja importante
conhecer e saber aplicar os métodos e processos de cálculo adequados a cada caso, utilizando
ou não as respectivas tabelas financeiras existentes para o efeito. Dentre elas:
A) O Processo de capitalização de uma só aplicação

Em que:
Vt = Ao valor no ano t
V0 = Ao valor inicial (ano base)
i = é a taxa de capitalização ou de actualização respectivamente
t = ano

Considera-se que o ano zero (t=0) é do início do investimento, em que não é gerado ainda
nenhum proveito, nem suportada inflação, pois é o ano base. Portanto, o ano inicial não é
susceptível de capitalização.

Neste ano, os preços correntes são coincidentes com os preços constantes.

EXEMPLO:
 Valor no ano 0 ou ano inicial = 20 300 contos;
 A taxa que se admite que compensa o risco e a remuneração do capital a investir é i=
12%6;
 Tempo de investimento do capital, t= 5anos.

Então:

6
Ao elaborar-se um projecto, as estimativas fazem-se a preços constantes do ano da sua apresentação, ano base.
Logo, a inflação já é considerada ao trabalharmos com preços constantes e, portanto, não é contemplada no
valor da taxa i.
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
30
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Vt = 20 300 (1+ 12%)5


Vt = 20 300 (1,12)5
Vt = 20 300 * 1,7623
Vt = 35 775 contos

B) O Processo de actualização de uma só aplicação

Com vista a transformar em valores presentes (actuais) os valores de um dado ano futuro,
utiliza-se a seguinte fórmula, deduzida da anterior7:

As variáveis têm os mesmos significados já referidas.

EXEMPLO:
Se Vt = 35 775
i = 12%
t = 5 anos
Vem:

= = 20.300 contos (Valor actual)

C) Factor de Capitalização para uma série uniforme de aplicações (anuidades iguais)


Suponha agora, que se fazem várias aplicações idênticas, de valor x, no final de cada período
(ano n = t).
O factor de capitalização, neste caso, é:

E a fórmula a aplicar será:

EXEMPLO:
Se:
i = 12%
x = 100 contos
n = 5 períodos
Vem

= 100 = 100 * 6,3528 = 635,28


635,28 é o capital acumulado, no fim do quinto período, a uma taxa de 12%, fazendo
aplicações uniformes de 100 unidades de capital no fim de cada período.
D) Factor de actualização ou de equivalência anual x (anuidades) de um só montante
disponível no termo do período final n, a uma determinada taxa i.
7
As formulas referidas reportam-se a valores absolutos. Para valores unitários, têm a seguinte configuração:
coeficiente de capitalização = (1+ i)t ; coeficiente de actualização = (1+t)-t .
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
31
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Supondo conhecido um valor futuro final Cn, resultante de uma série de aplicações uniformes,
a uma taxa i, o seu equivalente anual x será dado pelo inverso da fórmula anterior e portanto:
O factor de actualização é:

E define-se como o factor de anuidade equivalente a um montante final Cn.

EXEMPLO:
Se
i = 12%
n=5
Cn = 635,28
Determinar o valor das unidades equivalentes ao montante final.

E) Factor de equivalência entre uma série de valores anuais x e um capital inicial C0

Dadas as aplicações uniformes da série, ou seja, conhecidos os valores x a aplicar no futuro,


pretende-se determinar o valor (equivalência) desse capital no presente, C0.

O factor de actualização neste caso é:

A fórmula a aplicar, será:

EXEMPLO:
Hipótese
i=12%
n=5
x=100
Determinar o valor do capital no presente

F) Factor de equivalência anual (anuidades), à taxa i, de uma só aplicação no começo


do período inicial C0.
Agora é conhecido o capital inicial C0 e pretende-se determinar o valor equivalente anual x da
série uniforme de aplicações.
O factor de equivalência anual é:

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
32
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

A fórmula será:

Resumo

Fórmula
Descrição
Capitalização Actualização

Para uma só aplicação de capital ou


de investimento

Para uma série uniforme de


aplicações anuais x e um capital final
Cn

Para uma série uniforme de


aplicações anuais x e um capital
inicial C0

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROBLEMÁTICA DOS JUROS E RESPECTIVOS


CÁLCULOS
A) Juros simples e compostos
O Juro consiste numa remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro, que pode ser vista
na óptica do projecto como a remuneração de capital utilizado a uma determinada taxa i.
Segundo Matias (2008:6) esta remuneração justifica-se por três ordens de razões:
 Privação de liquidez
Quem empresta determinado capital fica privado de decidir o que fazer com ele
(consumo, poupança ou ambos), dando essa possibilidade à outra parte. É compreensível
que este sacrifício por parte de quem empresta deva ser pago. Quanto maior for o prazo
de empréstimo, mais este efeito se faz sentir.
 Perda de poder de compra
Devido à inflação, aquilo que em média custa hoje 1000,00 meticais custará, daqui a um
ano um valor superior. Normalmente, quanto maior for o prazo do empréstimo, maior
será o efeito da inflação.
 Risco
Quem empresta corre sempre o risco de não vir a receber de volta aquilo que emprestou.
Isso pode acontecer por diversas razões, intrínsecas ou extrínsecas (a pessoa a quem
emprestou pode ser má pagadora; mesmo não o sendo, pode ficar impossibilitada de
honrar o seu compromisso, por diversas razões – desemprego, doença, morte, guerra,
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
www.ismonitor.ac.mz
33
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

entre outros). Quanto maior for o prazo do empréstimo, maior é a probabilidade de


ocorrer algumas destas situações, isto é, maior é o risco envolvido.

Segundo Marques (1998:105) na avaliação de projectos, i representa a taxa de actualização


ou de capitalização ou de equivalência.
Logo, os juros = capital emprestado * taxa de juros
J=C*i
Desta forma o capital inicial pode crescer através da aplicação de juros, ou aplicação de uma
taxa de capitalização, segundo duas modalidades:
 Juros simples
Só o capital inicial rende juros ao longo da vida do investimento. No fim de cada período,
junta-se o valor dos juros ao capital, mas os juros incidem apenas sobre o capital inicial.
 Juros compostos
Após cada período (n), os juros são incorporados no capital e passam também a render
juros.

C0 é o capital inicial

O período de tempo considerado é então chamado período de capitalização. Os juros podem


ser capitalizados por sub-períodos: mensais, trimestrais, semestrais ou anuais. Cn é o montante
final, correspondente à soma de capital inicial mais os juros, simples ou compostos,
respectivamente.

EXEMPLO:
Suponhamos um capital inicial = 100; uma taxa de juro i = 10%; e uma aplicação de 4 anos.
O capital inicial de 100 vai gerar montantes finais (C4) diferentes, conforme se apliquem
juros simples ou juros compostos, como se demonstra a seguir:

Valor de C4 Com juros simples Com juros compostos


Ano 0 100 100
(início)
No fim do 1º ano C1= C0 + (i * C0) C1= C0 + (i * C0)
= 100 + (0,10*100) = 100 + (0,10*100)
= 110 = 110
No fim do 2º ano C2= C1 + (i * C0) C2= C1 + (i * C1)
= 110 + (0,10*100) = 110 + (0,10*110)
= 120 = 121
No fim do 3º ano C3= C2 + (i * C0) C3= C1 + (i * C2)
= 120 + (0,10*100) = 121 + (0,10*121)
= 130 = 133
No fim do 4º ano C4= C3 + (i * C0) C4= C3 + (i * C3)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
34
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

= 130 + (0,10*100) = 133 + (0,10*133)


= 120 = 146,41
B) Cálculos Elementares
1. Cálculo de Juros Simples
J = Juro
C = Capital
n = Tempo em anos
m = Tempo em meses e/ou de subperiodos do ano
d = Tempo em dias
t = Taxa = r

EXEMPLO:
Qual o juro de capital de 12000$ em 80 dias à taxa de 3% ao ano (ano comercial).

A fórmula do montante final, Cn com juros simples, será:


Cn = C0 + J = C0 + C0 in = C0 (1+ in)
Cn = C0 (1+ in)

Para determiner o montante inicial, C0 em que Cn foi obtido com juros simples, será:

EXEMPLO:
Sendo:
C0 = 100
r = 10% = i = 0,1
n = 3 anos

Calcular J e Cn

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
35
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Ou
J = Cin = 100 * 0,1 * 3 = 30
Cn = C0 (1+in) = 100 * (1+ 0,1 * 3) = 100 * 1,3 = 130

EXEMPLO:
Sendo:
r = 10 % = 0,1
c = 100
Calcular o tempo (n) necessario para que o capital inicial possa duplicar.
Então:
Cn = 2C0 = C0 (1+ in)

Então: n =10
O capital inicial duplicará em 10 anos.

Calcular o valor dos juros entre 10 de Janeiro e 12 de Abril, para:


C0 = 1500
t = r = 10%
Janeiro 31 dias – 10 dias = 21 dias
Fevereiro 28 dias
Março 31 dias
Abril 12 dias
Total 92 dias

Ou

2. Cálculo de juro com divisores fixos


Fazendo:
N = C * n ou C * m ou C * d
D = Divisor fixo = 100:t, em anos
1200:t, em meses
36000:t em dias, ano comercial
36500:t em dias, ano civil

Então:

EXEMPLO:
Qual o juro de 60000$, à taxa de 8% em 80 dias (ano comercial).
Resposta:

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
36
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

Por fórmula normal seria:

3. Cálculo do capital

EXEMPLO:

Determinar o capital que à taxa anual de 5 % e durante 5 meses rende de juros 3000$00.

4. Cálculo da taxa

EXEMPLO

Calcular a taxa anual pela qual o capital de 2000$, aplicado durante 100 dias, rendeu de juro
500$00 (ano comercial).

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
37
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

5. Cálculo do tempo

EXEMPLO:
Calcular o tempo necessário para que o capital de 8000$00, quando aplicado à taxa de 3% ao
ano, renda de juro 50$00 (ano civil).

6. Descontos comerciais
As fórmulas são semelhantes às do juro simples.
Substituir:
C por L (valor da Letra)
J por D’ (desconto comercial)

EXEMPLO:
Determinar o desconto J = D’ feito pelo banco, ao descontar uma letra de 20000$00, vencível
a 90 dias, à taxa anual de 4% (ano civil).

QUADRO SINÓPTICO III

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
38
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

TEMA DESCRIÇÃO
Juro Consiste numa remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro, que
pode ser vista na óptica do projecto como a remuneração de capital
utilizado a uma determinada taxa i.
Razões para  Privação de liquidez
existência do juro  Perda de poder de compra
 Risco

EXERCÍCIOS
1. Calcule o rendimento obtido aplicando 1.500,00 mts, durante 5 anos,
à taxa de juro anual de 5%, em regime de capitalização simples. (Se tiver dúvidas,
consulte o ponto 4.1)

2. Qual o investimento necessário para gerar um capital de 1.050 Mts daqui a 3 anos à taxa
de juro anual de 10%, em regime de juro simples? (Se tiver dúvidas, consulte o ponto
4.2)

3. Qual o juro gerado num depósito de 600,00 Mts durante um ano se a taxa de juro anual for
de 7%? (Se tiver dúvidas, consulte 4.2)
Se o juro gerado pelo mesmo depósito no mesmo período de tempo fosse de 72,00 Mts,
qual seria a taxa de juro desse depósito? (Se tiver dúvidas, consulte 4.2)

4. Considere a aplicação de um capital de 100,00 mts, a uma taxa de juro anual de 10%, em
regime de capitalização composta, durante três anos. Qual o capital acumulado ao fim dos
três anos? Para cada período (ano) distinga as várias componentes do juro. (Se tiver
dúvidas, consulte 4.2)

5. Considerando uma taxa de 5% ao mês, obtenha o valor correspondente do desconto


comercial, a descontar num titulo de 600,00 Mts vencivel em 5 meses.(Se tiver dúvidas,
consulte 4.2)

6. Uma pessoa deseja abrir uma conta poupança pra comprar uma mercadoria ao preço de
5.000,00 Mts. Para tal efectua quatro depósitos mensais iguais numa conta remunerada a
uma taxa de juro de 5%.
Qual é o valor dos depósitos mensais? Admitindo que o preço da mercadoria mantem-se
constante. .(Se tiver dúvidas, consulte 4.1)

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
39
ANÁLISE E GESTÃO DE PROJECTOS _ UNIDADE I

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BALARINE, Oscar (2004). Tópicos de Matemática Financeira e Engenharia
Econômica. 2ª edição. Porto Alegre: EDIPUCRS.
 BARROS, Hélio (1991). Análise de Projectos de Investimento. 2ª Edição. Lisboa:
Edições Sílabos.
 BRIGHAM, Eugene F. et al. (1999). Fundamentos da moderna administração
Financeira. Rio de Janeiro: Campus.
 CARNEIRO, Cleide (2009). Fluxo de caixa como ferramenta de gestão financeira.
Goiania. Universidade Católica de Goiás.
 FULGENCIO, Paulo Cesár (2007). Glossário Vade Mecum: Administração pública,
ciências contábeis, direito, economia, meio ambiente. Rio de Janeiro: Mauad.
 GIACOMONI, James & PAGNUSSAT, José L. (2006). Planejamento e orçamento
governamental. Brasília: ENAP. Disponível em: http://www.enap.gov.br. Acedido a
30/09/2011
 MACIE, Francisca. (2010). Manual Operacional de Monitoria e Avaliação –
Directrizes para Monitoria e Avaliação do Projecto do Ensino Superior Ciência e
Tecnologia. Maputo: MINED.
 MARQUES, Albertino (1998). Concepção e Análise de Projectos de Investimento.
Lisboa: Edições Sílabo.
 MATIAS, Rogério (2008). Cálculo Financeiro. Lisboa: Escolar Editora.
 MENEZES, Luís César de Moura (2003). Gestão de projectos. 2ª Edição. São Paulo:
Editora Atlas.
 ROZENFELD, Henrique (2009): Análise de Viabilidade Económica. Disponível em:
http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/9502
Acedido a 05/10/2011
 SILVA, César Augusto Tibúrcio, SANTOS, Jocineiro Oliveira, OGAWA, Jorge
Sadayoshi (1993). Fluxo de caixa e DOAR. Caderno de Estudos. USP. São Paulo.
 VALERIANO, Dalton L. (1998). Gerência em Projectos - Pesquisa,
Desenvolvimento e Engenharia. São Paulo: Makron Books.

INSTITUTO SUPERIOR MONITOR


www.ismonitor.ac.mz
40

Você também pode gostar