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Análise de Redes Elétricas

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1. Representação Matricial de Redes de Sistemas de Potência

1.1 Grandezas em Por-Unidades (pu)

Definição: Valor(pu) = Grandeza


Base

Vantagens:
(i) não há distinção entre:
 tensão (corrente) de fase ou de linha;
 potência monofásica ou trifásica;
 tensão primária ou secundária de trafos (trafo ideal).
(ii) fornece valores mais significativos em termos de comparação.

Valores básicos:
Sejam A, B e C grandezas quaisquer relacionadas por:
A = B.C 1.1

Se os valores Abase, Bbase e Cbase são, respectivamente, adotados para a transformação


em pu das grandezas A, B e C, tem-se:
Apu = A/Abase
Bpu = B/Bbase 1.2
Cpu = C/Cbase

Considerando que a relação (1.1) deve permanecer para os valores em pu (Apu =


Bpu.Cpu), tem-se:
A = B . C 1.3
Abase Bbase Cbase

Finalmente, com a substituição de (1.1) em (1.3), observa-se as bases devem obedecer


a mesma relação apresentadas pelas grandezas originais:
Abase = Bbase . Cbase 1.4
Portanto, os valores básicos devem ser divididos entre arbitrados e derivados.

Valores básicos arbitrados:


Potência aparente base (Sbase) – um só valor para todo o sistema, geralmente em MVA.
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Tensão base (Vbase) – cada trecho do sistema terá uma tensão base, geralmente em kV.
Os trechos de cada sistema são obtidos em função dos transformadores. Em geral, a tensão
nominal de cada trecho é adotada para a respectiva tensão base. Por quê?

Valores básicos derivados:


Corrente base (Ibase) – cada trecho terá sua corrente base dada por
Ibase  Sbase  3Vbase . 

Impedância base (Zbase) – cada trecho terá sua impedância base dada por
Zbase  Vbase
2
Sbase .

Observações:
(i) Para a definição dos valores básicos utilizou-se: potência trifásica, tensão de linha,
corrente de linha e impedância ligada em Y;
(ii) Sabe-se que S  3VI (grandezas originais) e Sbase  3Vbase I base , então Spu  Vpu I pu ;
(iii) Com a representação em pu o sistema é resolvido sem a necessidade de se saber se as
grandezas são trifásicas, de linha ou de fase. Porém, esta preocupação é necessária para
a fase de transformação das grandezas (originais para pu e vice-versa).

Mudança de base:
Um valor em pu deve ser recalculado caso uma ou mais bases sejam alteradas.

Suponha, por exemplo, a atualização de um valor antigo ( A apu ), cuja base foi alterada de

A abase para A nbase . Sabe-se que:

A A
A apu  e A npu 
A abase A nbase

A abase
então: A npu  A apu
A nbase
Para o caso de uma impedância:


 Va 2
 base a   
2
a  Sbase  a  Snbase  Vbase 
a a
a Zbase
Znpu   Zpu    Zpu  Sa  V n 
 
Zpu n 2
Zbase n
 Vbase   base  base 
 n 
 Sbase 
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1.2 Componentes Simétricas

Em 1918 Fortescue provou que um sistema desequilibrado de n fasores


correlacionados pode ser decomposto em n sistemas de n fasores equilibrados (i.e. fasores
com mesmo comprimento e com ângulos adjacentes iguais).
Para um sistema trifásico:
I a   I a  I a  I a 
0 1 2

I   I 0  I 1  I 2 
    
1.5
 b  b  b  b
 I c  I c0   I1c  I c2 
     

I 1c
I b2
I a2
120º
120º I a0  I b0  I c0
I 1a
I 1b
I c2

Ic
Ia

Ib

o
Definindo   1 | 120 o  e j120  cos 120 0  jsen120 0  - 0,5  j0,866 , teremos:
o o
I1b  I1a e -j120   2 I1a I b2  I a2 e j120  I a2
o
e o
I1c  I1a e j120  I1a I c2  I a2 e - j120   2 I a2
o
OBS.:  2      1 | 240 o  1 | - 120 o  e -j120 e  3        1 | 360o  1

Então, a expressão (1) pode ser reescrita da seguinte forma:


I a  I a   I a   I a  1 1 1  I a0 
0 1 2

I   I 0   2 I1  I 2  1  2   I1 
     
 b  a  a  a    a 
 I c  I a0   I1a   2 I a2  1   2  I a2 
       

ou

I a  1 1 1  I 0 
I   1  2    I   I abc  T I 012
 b   1 
 I c  1   2  I 2 

onde T é a matriz de transformação que faz a combinação dos três sistemas de componentes
simétricas, retornando ao sistema original.
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Logicamente, I 012  T -1 I abc .


Então, podemos obter as componentes simétricas de um sistema desequilibrado,
fazendo uso da matriz inversa da matriz de transformação.
1 1 1
1 2
T 1  1  
3 
1  2  

Para o caso das tensões temos:


Vabc  T V012 e V012  T -1 Vabc

Se o sistema original é equilibrado: Vb   2 Va e Vc  Va


Então, só haverá o sistema de seqüência positiva.
Demonstração:
1 1 1   Va   0 
 1     Va   3Va 
1 2  2  1
V012  T Vabc-1
3 3
1  2    Va   0 

V0   0 
 V   V   V1  Va
 1  a
V2   0 

O mesmo raciocínio aplicado às correntes dá:


I 0   0 
 I   I   I1  I a
 1  a
I 2   0 

Exercício 1 - Encontre as componentes simétricas para o seguinte sistema de


correntes:
I a   1 | 0 
o

I   1 | - 120 o 

 b  
 I c   0 
 

Exercício 2 – Idem para o seguinte sistema de tensões:


 Va   1 | 0 
o

V   2 | - 120 o 

 b  
 Vc   3 | 120 o 
 

Exercício 3 – Idem para:


 Va   1 | 0 
o

V   1 | - 90 o 
 b  
 Vc   1 | 90 o 
 
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Autovalores e autovetores:

Teorema: Sendo Z klm  T 1Z abcT uma matriz diagonal, então as colunas de “T” são

autovetores de Z abc .

J.C. Das, “Power System Analysis – Short-Circuit Load Flow and Harmonics”, Marcel Dekker, 2002.
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