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Psicopterapia Breve Dinamica01 PDF
Psicopterapia Breve Dinamica01 PDF
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CURSO DE
PSICOTERAPIA BREVE DINÂMICA
Aluno:
1
CURSO DE
PSICOTERAPIA BREVE DINÂMICA
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências
Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 CONCEITO DE PSICOTERAPIA BREVE DINÂMICA
1.1 HISTÓRICO E PRESSUPOSTOS
1.2 DEFINIÇÃO
1.3 CARACTERIZAÇÃO DA TÉCNICA E DO MÉTODO
1.4 OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PSICOTERAPIAS BREVES
MAIS COMUNS E SUAS INDICAÇÕES
1.4.1 Psicoterapias baseadas na teoria psicanalítica – Psicanálise
1.4.2 Psicoterapia de Orientação Analítica
1.4.3 Psicoterapia Breve Psicanalítica
1.4.4 Psicoterapia Breve Dinâmica
1.4.4.1 Teoria
1.4.4.2 Técnica
1.4.4.3 Objetivos e indicações
1.4.4.4 Indicações
1.4.4.5 Contraindicações
MÓDULO II
2 INTERVENÇÃO DA PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE
2.1 INTERVENÇÃO TÉCNICA DA PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE
2.1.1 Quatro tarefas
2.1.1.1 Primeira tarefa
2.1.1.1.1 Apresentação
2.1.1.1.2 Primeira fala significativa do paciente
2.1.1.1.3 Reação emocional do terapeuta
2.1.1.2 Segunda tarefa
2.1.1.3 Terceira tarefa
3
2.1.1.4 Quarta tarefa
2.1.1.5 Limites e possibilidades das quatro tarefas
2.2 CONCEPÇÃO DE OUTROS AUTORES: O INÍCIO E ALTA DA
PSICOTERAPIA
2.2.1 O INÍCIO DA PSICOTERAPIA
2.2.1.1 Confirmação do diagnóstico, a escolha da psicoterapia e seu escopo
2.2.1.2 O contrato terapêutico
2.2.1.3 Desenvolvendo o hábito da auto-observação
2.2.1.4 A comunicação com o terapeuta
2.2.2 Alta em psicoterapia
2.2.2.1 A fase final da psicoterapia
2.2.2.2 A decisão da alta
2.3 A TEMPORALIDADE E A FOCALIZAÇÃO
2.3.1 Temporalidade
2.3.1 Focalização
2.3.1.1 A escolha do foco
2.3.1.2 Foco e profundidade
MÓDULO III
3 ESTUDOS DE CASO
3.1 INTERVENÇÕES BREVES E FOCAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
3.1.1 Introdução
3.1.2 Consultas terapêuticas
3.1.3 Intervenção a domicílio
3.1.4 Psicoterapia Breve na infância
3.1.5 Considerações finais quanto às intervenções breves na infância e
adolescência
3.2 PSICOTERAPIAS PSICODINÂMICAS PARA PSICÓTICOS
3.2.1 A etiologia e a psicoterapia breve dinâmica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
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MÓDULO I
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tipos de pacientes. Denominou este novo processo de “terapia ativa”, pois
Ferenczi acreditava que a participação ativa do terapeuta contribuiria com a
diminuição do tratamento analítico. Ele encorajava o paciente a entregar-se a
fantasias sobre tópicos que surgiam espontaneamente nas associações
realizadas pelo paciente. Entretanto, determinar a data para o fim do
tratamento foi a mais ativa de suas inovações técnicas (CORDIOLI, 1998).
Alexander e French, em 1946, coordenaram um projeto de
investigação, no período de 1938 a 1946 com o objetivo de estabelecer
princípios básicos e técnicas que permitissem um tipo de psicoterapia que
fosse breve e eficaz. Como resultado da pesquisa, concluíram que o fator
curativo nas psicoterapias é o que os autores chamaram de “experiência
emocional corretiva”, ou seja, as vivências do cotidiano (CORDIOLI, 1998).
Alguns anos mais tarde, houve o desenvolvimento de teorias mais
estruturadas. Pesquisadores como Balint e colaboradores formaram um dos
grandes centros de pesquisa em Psicoterapia Breve, na Tavistock Clinic, em
Londres. A grande contribuição do centro pode ser resumida no conceito de
foco e no estabelecimento de técnicas focais. Postulavam que o tratamento de
curta duração deveria ter um objetivo específico, determinado precocemente
devendo o terapeuta intervir apenas interpretando os aspectos que facilitem o
trabalho no foco escolhido (CORDIOLI, 1998).
Pesquisas realizadas por Malan, em uma série de casos clínicos,
concluíram que a Psicoterapia Breve Dinâmica pode obter melhoras
duradouras em pacientes com enfermidades moderadamente graves e de
longa data. Ele preconizou o uso de interpretações transferenciais desde o
início do tratamento, o que poderia ser decisivo como instrumento terapêutico.
Verificou que a motivação e a focalização são fatores essenciais para um bom
prognóstico. Defendeu o tempo limitado, que deve ser discutido e combinado
entre as partes desde o início do tratamento, examinado e trabalhado durante o
mesmo (MALAN, 1981).
Além desses princípios, Malan desenvolveu o conceito dos triângulos
para um melhor desempenho no seu trabalho. O primeiro, o triângulo do
conflito, consiste em defesa, ansiedade (sintoma) e impulso. O segundo,
triângulo das pessoas, considera a relação do paciente com os pais (passado),
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com outras pessoas significativas do presente (atual) e com o terapeuta
(transferência) (MALAN, 1981).
Depois de algum tempo, Sifneos partiu do conceito de crise para
construir novos aspectos técnicos na Psicoterapia Breve. Para ele, a crise
emocional é um ponto de transição que oferece a possibilidade de ações
preventivas na forma de intervenções breves. Com isso, há produção de
sintomas, havendo a possibilidade de prevenir a cristalização dos mesmos e a
instalação de uma neurose. Assim, a ansiedade, por exemplo, pode ser útil
para o paciente (SIFNEOS, 1989).
Para Mann (1973), os limites do tempo de tratamento são irrelevantes.
Ele estabeleceu um número de 12 sessões que deveriam ser estabelecidas
logo no início do tratamento. A alta deveria ser colocada em caráter definitivo,
sendo que, se houvesse a necessidade de estender o tratamento deveria ser
realizado de forma inesperada.
Em 1978, surgiu a chamada psicoterapia emergencial, desenvolvida
por Bellack e Small. A teoria era baseada na teoria da aprendizagem e indicada
para situações de crise ou aumento de demandas emocionais. Sendo assim,
exigia que o terapeuta fosse ativo na tentativa de provocar insight, não
esperando a elaboração dele (CORDIOLI, 1998).
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1.2 DEFINIÇÃO
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A psicoterapia tem uma continuidade garantida, uma sequência no
tempo, horários combinados, ou seja, uma influência bastante particular nos
dois integrantes da relação. O enquadre de permanência e regularidade, é o
fator que garante e dá suporte ao relacionamento, o que permite que ele
transcorra dentro de parâmetro definidos.
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Já a Psicoterapia Breve Dinâmica, tendo a psicanálise como origem e
referência, seguirá a definição geral para psicanálise, acrescida de dois
elementos constitutivos: o limite de tempo previamente estabelecido para
terapia e a presença de um foco, ligado à angústia que leva o paciente a
consultar-se (HEGENBERG, 2010).
A Psicoterapia Breve Dinâmica é a concordância entre paciente e
terapeuta em torno do entendimento da possível origem inconsciente do
problema que dá suporte à decisão de empreender a investigação pelo método
psicanalítico, investigação a qual o paciente deve estar engajado como sujeito
(PESSOA, 2011).
Braier (1997, apud KNOBEL, 1986, p.27) compara a Psicoterapia
Breve, a Psicanálise e a Psicoterapia Analítica e chega à conclusão que a
Psicoterapia Breve consegue levar adequadamente os conceitos psicanalíticos
tradicionais a uma teoria e prática de uma verdadeira psicoterapia breve de
base estritamente psicanalítica.
Knobel (1986) diz que “as psicoterapias breves são apresentadas como
modelos em expansão de técnicas diversas, e até com base conceitual e teórica
tão variada que fica [...] difícil determinar sua origem e [...] sua compreensão”.
A técnica da Psicoterapia Breve está sustentada resumidamente em
quatro princípios (KNOBEL, 1986):
1. é não transferencial;
2. não regressiva;
3. elaborativa de predomínio cognitivo (em aparente detrimento do
afetivo);
4. mutação objetal que se opera por meio de permitir experimentar a
mudança de uma informação falsa por uma informação verdadeira,
criando uma vivência real, de que a pessoa passa a ser um sujeito
ativo de sua própria história.
A finalidade da Psicoterapia Breve é ajudar a encarar os diversos
conflitos que produzem angústia, que acabam determinando quadros variados
de uma psicopatologia psicodinâmica (KNOBEL, 1986).
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1.3 CARACTERIZAÇÃO DA TÉCNICA E DO MÉTODO
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O paciente ideal para o tratamento com Psicoterapia Breve Dinâmica
costuma ter problemas focados e aspectos da personalidade funcionantes: alta
motivação, boa capacidade de insight e de se vincular rapidamente ao
terapeuta. Mas são poucas as pessoas que se enquadram no perfil que este
tipo de psicoterapia exige (MARCON, 2010).
Para a seleção de pacientes, Sifneos destaca que é importante que o
paciente apresente as seguintes características (CORDIOLI, 1998):
1. queixa circunscrita;
2. inteligência;
3. no mínimo uma relação interpessoal significativa na infância;
4. motivação para mudanças e não somente alívio de sintomas,
sugerida pela capacidade de introspecção, disposição de tempo,
dinheiro e disponibilidade interna;
5. capacidade de tolerar ansiedade e frustração desencadeadas pela
psicoterapia;
6. capacidade de desenvolver uma relação com terapeuta e de
interagir com ele (MARCON, 2010 apud CORDIOLI, 1998).
O processo terapêutico deve acontecer ao longo de um período
aproximado de 5 a 20 sessões que este tipo de tratamento costuma durar. O
trabalho psicoterapêutico está baseado na formulação inicial de uma hipótese
psicodinâmica que engloba os sintomas apresentados pelo paciente, suas
relações com os conflitos atuais, nucleares, as possíveis manifestações na
transferência e o estabelecimento de critérios de melhora (CORDIOLI, 1998).
A prática terapêutica acontece da seguinte maneira: o paciente senta-
se frente a frente com o psicoterapeuta, em sessões que podem variar entre
uma ou duas vezes por semana inicialmente, tornando-se mais espaçadas
quando se aproxima da alta. No início da psicoterapia, é enfatizada a
interpretação dos diversos elementos do conflito: sintomas, impulsos, desejos
ou sentimentos, mecanismos de defesa. Num segundo momento, o conflito
manifesta-se nas várias situações interpessoais: transferência, relação com
pessoas significativas da vida atual e da vida passada (CORDIOLI, 1998 apud
MARCON, 2010).
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A Psicoterapia Breve Dinâmica utiliza-se dos conceitos de Malan de
“atenção seletiva” e “negligência seletiva”, que consiste em direcionar a
atenção do terapeuta e do paciente para o foco (um tema escolhido
inicialmente por ambas às partes) onde se estabelece o terceiro conceito, a
“interpretação seletiva”. Para que isso ocorra, o paciente necessita iniciar
associações livres e o terapeuta procurar identificar no material as conexões
possíveis para que seja o foco, e passa a oferecer interpretações em sinal de
um papel ativo no processo terapêutico (CORDIOLI, 1998).
Estimula-se o paciente para que mantenha a concentração no foco da
terapia, e a partir disso o terapeuta examina-o por diversos ângulos e inclusive
pela transferência, que, sendo negativa, pode ser aproveitada como sendo um
exemplo do conflito atual. No relacionamento terapêutico, a transferência é
imediatamente remetida ao foco onde pode servir como um elemento a mais
para que o paciente possa perceber a vinculação de seu sintoma ou problema
atual com algum conflito inconsciente que foi indicado (CORDIOLI, 1998).
O silêncio é ativamente desencorajado e pode ser interpretado como
resistência, bem como também os atrasos, faltas, tentativas de encher o
tratamento de outras coisas que tiram o foco da terapia, entre outros aspectos
(CORDIOLI, 1998).
A contratransferência é um ponto também muito importante para o
andamento da terapia, onde o terapeuta está passível de identificar-se desde o
início da terapia, fato que é útil para orientá-lo na escolha do material a ser
trabalhado na sessão (CORDIOLI, 1998).
Após um exame completo do problema principal, e mantendo sempre a
motivação em um nível elevado, observa-se o estabelecimento progressivo de
um insight intelectual. Significa que o paciente obtém uma compreensão
interna sobre seus próprios sintomas ou problemas, o que vai além de apenas
um alívio de sintomas, pois o insight intelectual possui um valor terapêutico e
preventivo. Esse insight permite a reorganização da vida atual do seu paciente
por parte do mesmo, a capacitação para enfrentar e resolver problemas futuros
baseados na aquisição da compreensão cognitiva e autocompreensão
(CORDIOLI, 1998).
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Os resultados, de certa forma, estão relacionados com a motivação
para alcançar a mudança, frequência de interpretações, transferências e a sua
ligação com figuras paternas a elementos envolvendo impulsos, desejos ou
sentimentos do conflito focal por parte do paciente (CORDIOLI, 1998).
A partir da resolução do conflito atual, as repercussões podem se
estender para além do foco, trazendo a possibilidade de ocorrer mudanças em
outras áreas da vida do paciente (CORDIOLI, 1998).
Outro ponto importante de ser observado na Psicoterapia Breve
Dinâmica é como a alta deve acontecer. Para Mann (1973), a alta deve ser
algo definitivo, dando ao terapeuta a responsabilidade de deixar claro nas
entrelinhas que após a alta não haverá possibilidade de entrevistas adicionais.
Sendo que se surgir a necessidade de acompanhamento posterior ao
tratamento, deve ser de forma completamente inesperada.
Segundo Mann (1973), a perspectiva de alta tende a produzir no
paciente quatro conflitos básicos e universais:
a) independência/ dependência;
b) atividade/ passividade;
c) autoestima adequada/ perda da autoestima;
d) luto não resolvido ou postergado.
Mann (1973) dá importância a esta fase do tratamento pelo fato de
possibilitar o afloramento de conflitos passados, como também o surgimento de
uma relação terapêutica que não idealiza a intervenção do terapeuta após o
término do tratamento. Com relação a isso, Mann diz que:
[...] é nesta fase final que terá lugar o trabalho definitivo de resolução,
o qual irá incorporar, necessariamente, a compreensão de todos os
eventos dinâmicos altamente concentrados e intensamente vividos
que a precederam. A fonte genética destes afetos é revivida na
decepcionante realidade da alta e da separação do terapeuta, com
quem o paciente se identificou profundamente [...] (MANN, 1973)
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desvantagens consideráveis, tanto para o terapeuta quanto para o paciente,
pois tendem a envolver-se profundamente durante o tratamento tornando assim
mais difícil a separação. Salientando assim, que a delimitação do tempo traz
muito mais benefícios ao processo terapêutico do que prejuízos, sendo que,
desta forma, a questão da alta pode ser discutida desde o início das terapias,
suavizando a separação.
FIGURA 1 - PSICOTERAPIA
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As psicoterapias variam em relação às técnicas que utilizam, às teorias
nas quais se baseiam, aos objetivos, à frequência das sessões e ao tempo de
duração. Abrangem desde as psicoterapias breves de apoio – destinadas a
auxiliar o paciente a superar dificuldades momentâneas, por meio do
aconselhamento, apoio, catarse, sugestão –, a terapia comportamental que
utiliza exposição in vivo, a prevenção da resposta, o condicionamento clássico;
a hipnose; o brinquedo (crianças), as terapias de grupo, de família e de casais;
o psicodrama, até formas mais complexas como a psicanálise e a psicoterapia
de orientação analítica, que se propõem a modificar aspectos da personalidade
pela obtenção do insight interpretando defesas por meio da análise da neurose
de transferência (CORDIOLI, 1998).
Há alguns elementos que são comuns a todas as psicoterapias: a
relação paciente-terapeuta (ou cliente-terapeuta, como propõem algumas
escolas), a qual está inerente à aceitação e o apoio do paciente por parte do
terapeuta, proporcionando-lhe oportunidade para expressar emoções
perturbadoras; o contrato terapêutico; e uma teoria na qual a técnica específica
se fundamenta (ORLINSKY & HOWARD, 1987; ALTSHULLER, 1989).
O terapeuta e o paciente sentam-se frente a frente, ou então o paciente
deita-se num divã e o terapeuta senta-se às suas costas, em uma ou mais
sessões semanais, quinzenais e até mensais. Nas psicoterapias de grupo, um
ou eventualmente mais de um terapeuta encontram-se simultaneamente com
vários pacientes, num mesmo local, em frequência variável (CORDIOLI, 1998).
As psicoterapias são utilizadas por diferentes profissões: psiquiatras,
psicólogos, médicos clínicos, enfermeiros, assistentes sociais entre outros.
Suas origens históricas situam-se na Medicina antiga, na religião, na cura pela
fé e no hipnotismo. Mas, foi no final do século passado que elas começaram a
ser utilizadas no tratamento para as assim denominadas doenças nervosas e
mentais, tornando-se uma arte médica restrita aos psiquiatras. E foi no decorrer
do século XX que outras profissões passaram a exercê-la, conservando-se,
entretanto, os termos relacionados com sua origem médica: doença, etiologia,
diagnóstico, paciente, terapeuta, que de certa forma são inadequados
(STRUPP, 1989). Na verdade, a psicoterapia é muito mais uma atividade
colaborativa entre o paciente e o terapeuta, do que uma ação propriamente
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unilateral, exercida por alguém sobre outra pessoa como ocorre com outros
tratamentos médicos (CORDIOLI, 1998).
Na literatura são mencionados mais de 400 tipos diferentes de
psicoterapias (KARASU, 1986). Muitos destes modelos se organizaram em
sociedades científicas, promovendo encontros, congressos, cursos de formação
e estabelecendo regras para sua prática. Como é um campo pertencente a
várias profissões, inexiste, entretanto, qualquer tipo de fiscalização oficial ou de
exigência mínima para quem as pratica (CORDIOLI, 1998).
Desde meados deste século, tem sido feito um enorme esforço de
pesquisa para sua validação por meio da comprovação de sua efetividade e
dos seus resultados. Como consequência, algumas formas vêm impondo-se ao
longo do tempo, seja pela comprovação clínica de sua utilidade no campo da
saúde mental e da saúde em geral, seja pelo resultado das pesquisas
(CORDIOLI, 1998).
Algumas psicoterapias são de uso corrente e se constituem num recurso
terapêutico de eficácia comprovada e eventualmente até superior a outras
técnicas, como é o caso das terapias comportamentais para o tratamento de
fobias específicas e rituais compulsivos ou das terapias de orientação analítica
para problemas caracterológicos ou de personalidade. Outras são utilizadas em
conjunto e de forma integrada com terapêuticas biológicas (terapias cognitivas
nas depressões, psicossociais nas esquizofrenias e demências), devendo o
psiquiatra e os outros profissionais da área da saúde conhecê-las e saber indicá-
las, quando necessário (CORDIOLI, 1998).
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1.4.1 Psicoterapias baseadas na teoria psicanalítica – Psicanálise
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1.4.2 Psicoterapia de Orientação Analítica
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deslocamento, condensação, resistência, pulsão, etc. Freud estava mais
interessado na teoria do que na clínica e preocupava-se com a cientificidade do
seu corpo teórico, preferindo escapar da relação terapêutica, que ele
considerava passível de ser criticada como subjetiva. Em 1937, em Análise
Terminável e Interminável, Freud ratifica essa posição. Freud, enfim, não
propôs nenhuma modificação técnica por muitos anos, tendo até mesmo se
oposto a elas (HEGENBERG, 2010).
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Ferenczi (1988) se preocupava com a prática clínica e com o papel do
terapeuta na análise, oportunizando a discussão da relação terapêutica e da
função do mundo real na psicanálise. Essa questão ainda hoje está presente,
com vários autores se recusando a considerar o mundo exterior como objeto de
preocupação da psicanálise (HEGENBERG, 2010).
Em 1909, Ferenczi (1988) introduziu o conceito de introjeção, em seu
artigo “Transferência e Introjeção” (1988), demonstrando seu interesse precoce
pela relação com o outro, lembrando que os conceitos de projeção e introjeção
são essenciais na teoria kleiniana do objeto. Ferenczi (1988) preocupou-se em
integrar o problema atual do indivíduo com sua história pessoal, em observar
como o sujeito se comporta no presente em função de seu passado
(HEGENBERG, 2010).
Com relação ao assunto sobre introjeção, contratransferência e
transferência, a importância do analista na terapia, o papel do mundo real e do
enquadre, Ferenczi (1988) abriu as portas para se refletir a prática
psicoterápica e a relação terapêutica, se tornando autor de leitura
imprescindível no estudo da Psicoterapia Breve (HEGENBERG, 2010).
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Para muitos analistas, o terapeuta de Psicoterapia Breve estaria
cometendo um erro técnico ao ser mais ativo e para uma concepção
de psicanálise winniocottiana, o terapeuta de Psicoterapia Breve
apenas estará sendo ele mesmo. Cabe ressaltar que não se fala,
aqui, de terapeutas selvagens, com formação questionável, que
justificam intromissões grotescas a partir de uma concepção baseada
em Winnicott (1975a). Dizer que o analista interfere no processo de
análise não deve servir para justificar intromissões indevidas. Na
teoria de Winnicott (1975a), é clara a diferença entre invasão e
apresentação (HEGENBERG, 2010, p.44).
1.4.4.1 Teoria
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1.4.4.2 Técnica
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O paciente senta-se frente a frente com o terapeuta, em sessões que
variam de uma a duas vezes por semana no período inicial, tornando-se mais
espaçadas quando se aproxima o término do tratamento (CORDIOLI, 1986).
No início da terapia, é enfatizada a interpretação dos diferentes
elementos do triângulo do conflito: sintomas, impulsos, desejos ou
sentimentos, mecanismos de defesa; num segundo momento, o conflito
manifestando-se nas várias situações interpessoais: transferência, relações
com pessoas significativas da vida atual e da vida passada (triângulo do
insight) (MALAN, 1981).
Os resultados parecem estar correlacionados com motivação para
mudança, frequência das interpretações transferenciais e a sua ligação com:
figuras paternas a elementos envolvendo impulsos, desejos ou sentimento do
conflito focal (MALAN, 1981).
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1.4.4.4 Indicações
1.4.4.5 Contraindicações
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FIM DO MÓDULO I
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