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2012 IBRACON Corrosao-0880
2012 IBRACON Corrosao-0880
net/publication/280316499
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All content following this page was uploaded by Fred Rodrigues Barbosa on 24 July 2015.
Mota, J. M. F (1); Barbosa, F. R (2); Costa e Silva, A. J (3); Franco, A. P. G (4); Carvalho,
J.R (5)
(1) Professor do Departamento de Engenharia Civil da FAVIP e Doutorando do Departamento de Engenharia Civil,
UFPE - email: joao@vieiramota.com.br;
(2) Professor do Departamento de Engenharia Civil da FAVIP, Engenheiro da COMPESA e Mestrando do
Departamento de Engenharia Civil, UFPE - email: fredrbarbosa@ig.com.br
(3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNICAP - email: angelo@unicap.br
(4) Graduando de Engenharia civil, Faculdade do Vale do Ipojuca, FAVIP
(5) Graduando de Engenharia civil, Universidade de Pernambuco, POLI – email: eng.jribeiro@gmail.com
Resumo
Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre corrosão das armaduras de
estruturas de concreto armado causada pela ação dos íons cloretos. Buscou-se analisar variáveis que
influem neste processo assim como seus mecanismos e fatores de influência, pois a corrosão é uma
manifestação patológica destrutiva do aço com o meio, por reação eletroquímica e atualmente considerada
um dos mais relevantes na construção civil. Conclui-se com este trabalho que fatores naturais, como névoa
salina, estão fortemente ligados ao processo corrosivo das armaduras e que é imprescindível o
conhecimento aprofundado do mecanismo de ação para ações preventivas e corretivas com o intuito de
aumentar a vida útil das estruturas de concreto armado.
Palavra-Chave: Corrosão das armaduras; Íons Cloretos; Névoa salina.
Abstract
This study aimed to review the literature on reinforcement corrosion of concrete structures caused by the
action of chloride ions. We sought to examine variables that influence this process as well as its mechanisms
and influencing factors because corrosion is a pathological manifestation of destructive steel with the
environment, for electrochemical reaction and is currently considered one of the most important in
construction. The conclusion of this work that natural factors such as salt spray, are strongly linked to the
corrosion process of reinforcement and that is essential to know the detailed mechanism of action for
preventive and corrective actions in order to extend the life of concrete reinforced structures.
Keywords: Reforcement Corrosion; Chloride ions; Salt Spray.
Um dos problemas mais graves é a corrosão das armaduras, que pode ser causada por
falhas de projetos, uso inadequado de materiais e até mesmo pela má qualidade do
processo construtivo. A corrosão nos traz como consequência, uma diminuição da seção
de armadura e fissuração do concreto em direção paralela a esta (MOTA et al., 2009).
Pela ação de cloretos observa-se que de maneira simplificada as reações que ocorrem
são as seguintes: na zona anódica ocorrem as reações de oxidação do ferro, com perda
de elétrons e redução de massa, na zona catódica, ocorre a redução do oxigênio, sem
perda de massa do aço e deposição do oxido de ferro. Normalmente os elétrons migram
via contato direto metal-metal, e os íons por difusão e migração, via solução. Para que a
corrosão se instale é necessário e indispensável à presença de um eletrólito (a água, por
exemplo), de uma diferença de potencial (que pode ser gerada por diferença de umidade,
aeração e tensões no concreto ou no aço, entre outros) e a disponibilidade de oxigênio
(CUNHA; HELENE, 2001). Os íons cloreto não atacam o concreto, mas destroem a
película passivadora e, em presença de água e oxigênio, e iniciando o processo de
corrosão.
Já que a ação dos íons cloreto nas estruturas de concreto armado é considerada uma das
mais agressivas, este trabalho visa, através da revisão bibliográfica, mostrar os
mecanismos de ocorrência e de prevenção deste tipo de corrosão que atinge um elevado
percentual das estruturas da construção civil, uma vez que os gastos despendidos para
reparos e substituição de elementos estruturais em geral é estimado em
aproximadamente 3,5% do Produto Nacional Bruto (PNB) de países em desenvolvimento
(ANDRADE, 1992). Por isso, a importância de conhecer, estudar e impedir que esse tipo
de problema aconteça nas estruturas de concreto armado.
Este trabalho tem como objetivo geral realizar uma revisão bibliográfica sobre a corrosão
das armaduras em estruturas de concreto armado devido ao ataque de íons cloreto.
2.1. Concreto
O concreto é formado por cimento, agregado graúdo, agregado miúdo, água, adições e
aditivos (se necessário) e é caracterizado estruturalmente por possuir alta resistência à
compressão, porém sua resistência à tração é baixa, e, devido a esse motivo, o aço é
incorporado ao concreto para resistir aos esforços de tração, formando então o concreto
armado (GENTIL, 1996).
O eletrólito tem finalidade de permitir a mobilidade de íons que precisa se combinar para
formar os produtos da corrosão. É formado pela solução aquosa dos poros do concreto
saturada por produtos da hidratação (CH) que conferem a essa solução caráter de bom
eletrólito (HELENE, 1986).
A diferença de potencial pode ser originada por uma infinidade de situações citadas na
literatura: diferenças de umidade, aeração, concentração salina, solicitações mecânicas
distintas no concreto e no aço, variações significativas nas características superficiais do
aço, metais diferentes embutidos no concreto, etc (HELENE, 1986).
Vida útil pode ser descrita como o período no qual a estrutura é capaz de desempenhar
as funções para as quais foi projetada. A metodologia de vida útil com base na corrosão
das armaduras do concreto está exposta no modelo proposto por TUUTTI (1982) e está
apresentada na Figura 3. Podem-se distinguir pelo menos três situações:
Período que vai até momento em que aparecem manchas na superfície do concreto,
ou ocorrem fissuras no concreto de cobrimento, ou ainda quando há o destacamento
do concreto de cobrimento. A esse período de tempo associa-se a chamada vida útil
de serviço ou de utilização.
Período de tempo que vai até a ruptura e colapso parcial ou total da estrutura. A esse
período de tempo associa-se a chamada vida útil total. Corresponde ao período de
tempo no qual há uma redução significativa da secção resistente da armadura ou uma
perda importante da aderência armadura/concreto.
Uma das principais causa de deterioração das estruturas de concreto é devido a corrosão
das armaduras pela ação dos cloretos. Segundo Helene (1993), a ação destes íons é
especialmente agressiva, pois a despassivação da armadura pode ocorrer mesmo com
pH elevado.
Segundo Fortes; Andrade (2001), os íons cloreto (Cl -), em contato com a armadura,
produzem uma redução do pH do concreto, que passivada se encontra entre os valores
de 12,5 a 13,5, para valores de até 5. Tais íons atingem a armadura de forma localizada,
destruindo a camada passivadora, resultando na corrosão por pite que, depois de
formado, permanece ativo sempre reduzindo o diâmetro da barra de aço.
A penetração de íons cloreto não é visível, não reduz a resistência do concreto e não
altera a sua aparência superficial. Para identificar a profundidade de um teor crítico de
cloreto são necessários ensaios específicos (CASCUDO, 1997).
Segundo Basheer (2002), quando as adições minerais são utilizadas no concreto, não
apenas a porosidade é reduzida, mas também os poros se tornam mais finos e ocorre
uma mudança nos hidratos do cimento, conduzindo a uma redução na mobilidade dos
íons cloreto.
2.7.3 Temperatura
A vida útil das estruturas de concreto armado pode ser reduzida devido à elevação da
temperatura, influenciando na penetração de íons cloreto; segundo Goñi; Andrade (1990),
a velocidade de transporte dos íons no concreto aumenta com as temperaturas mais
elevadas, no entanto Helene (1986) afirma que a diminuição da temperatura pode causar
condensação no interior do concreto, aumentando a umidade nos poros e assim
facilitando o transporte de íons. Neville (1997) afirma que as reações de corrosão são
mais rápidas a temperaturas mais elevadas, explicando por que existem muitos mais
concretos deteriorados em regiões litorâneas quentes do que em regiões temperadas.
Os quatro principais eventos climáticos que influenciam a taxa de corrosão das armaduras
foram identificados por Andrade (2001), devido às mudanças da condição hidrotérmica do
concreto, são: ciclos noite/dia; ciclos sazonais; temperaturas extremas; e períodos de
chuva.
2.7.6 Umidade Relativa
A corrosão aumenta com o aumento da umidade relativa. Atinge um valor máximo quando
a umidade relativa está em 95% e reduz a um nível baixo perto da saturação 100%
(TUUTTI, 1982).
Segundo Figueiredo (2005), quando uma estrutura de concreto está exposta à água,
vapor ou solo que contenham íons cloretos, o ingresso preferencial se dá nas regiões
fissuradas, do cobrimento e é por elas que se inicia a corrosão, ao atingirem teores
críticos deste contaminante.
2.7.8 Cobrimento
2.7.9 Carbonatação
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5 – (a) Deterioração em observatório para salva-vidas na praia de Boa Viagem; (b) Bancos
situados no calçadão de Boa viagem danificado pela corrosão; (c) Postes e barras para exercício
localizados na orla de Boa Viagem em avançado grau de corrosão; (d) Chuveirão localizado na orla de
Boa Viagem em avançado grau de corrosão (MOTA et al., 2009)
Em sua pesquisa, Mota et al. (2009) concluíram que, a maioria dos elementos estruturais
analisados apresentaram níveis de deterioração elevados, indicando praticamente o fim
de sua vida útil total. Verificou-se também que os elementos analisados apresentaram
baixo nível de carbonatação, constatando ataque de íons cloreto (devido à influência da
proximidade com o mar e ao aerosol marinho, “névoa salina”, existente em regiões
litorâneas) a principal causa da deterioração avançada das peças.
Este trabalho teve como principais objetivos fazer uma revisão bibliográfica da corrosão
de estruturas de concreto causada pela ação dos íons cloretos, buscando entender as
variáveis que influem neste processo assim como seus mecanismos e fatores de
influência.
Referências
AL-GAHTANI, A. S.;RASHEEDUZZAFAR;HUSSAN,S.E. Effect of alkali content of
cement on chloride biding and corrosion of reinforcement steel. Corrosion and
corrosion protection of steel in concrete. Sheffield:Sheffield Academic Press,1994.
CÁNOVAS, F.M. Patologia e terapia do concreto armado. São Paulo: Pini, 1988.
MOTA, J.M.F.; SILVA, A.J.C.; BARBOSA, F.R.; ANDRADE, T.W.C.O.; DOURADO, K.C.A.
Avaliação da contaminação por íons cloreto em amostras de concreto submetidas a
condições agressivas. VI Congresso Internacional Sobre Patologia e Recuperação de
Estruturas – CINPAR. Córdoba, Argentina. 2010.
NEVILLE, A.M. Propriedades do concreto. 2. ed. São Paulo: Ed. Pini, 1997.