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Estética Do Desaparecimento PDF
Estética Do Desaparecimento PDF
Camila Lima
Marcus Takatsuka
Ramsés Rocha
Flâneur
Já na adolescência, que Virilio chama de “idade dos maus hábitos” (drogas, masturbação,
álcool), vemos uma tentativa de reconciliação consigo mesmo, o que leva ao uso imoderado
de fontes tecnológicas e midiáticas (computador, internet, televisão, vídeo games, etc).
As transformações técnicas da sociedade são seguidas pelas modificações de percepção estética
e com o advento da velocidade e do excesso de informações, temos um espectador saturado de
imagens e de informações. Contrário ao que se deveria pensar, quanto mais informado, menos
“encaixado” ele se sente, já que devido a sua experiência sensível, os dados parecem distantes,
estranhos e disformes. É uma espécie de ausência que não se deixa conformar, causando uma
“apatia, que faz com que quanto mais informado esteja o homem, mais se estende o deserto do
mundo ao seu redor” (Virilio).
Crise de Identidade
Identidade iluminista:
indivíduo centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação. O
"centro essencial" do indivíduo seria a identidade.
Identidade sociológica:
identidade preenche o entre-espaço interior e exterior, entre o mundo pessoal e o mundo
público, é a interação entre a sociedade e o eu.
Identidade pós-moderna:
identidades mutantes, fragmentadas, em trânsito, instáveis, adequadas à diversidade e
simultaneidade de tempos individuais e sociais.
Lógica do Estranhamento
"Em suas memórias íntimas, eruditos alemães do começo do século XX adoravam alternar
metodicamente entre uma relação de seus dias e histórias de seus sonhos, tentando criar uma
equivalência entre o estado acordado e o universo onírico. Esse estilo foi uma tentativa de dar
fim à discriminação abusiva entre o acordar e o dormir: 'Os que dormem estão em mundos
separados, os acordados, no mesmo' (Heráclito)." (Virilio, 1991, p.29)
Se um modo de perceber o mundo ganha superioridade sobre os outros, ficamos cegos para
outras possibilidades. Se o mundo é o que é porque nós os caracterizamos assim, pode-se
afirmar que existem outros mundos, ou seja, outras formas de compreender a realidade.
Fuga do Banal
"O estudo racional do real é como os filmes; a tabula rasa é apenas um truque cujo propósito é
negar a ausências particulares qualquer valor ativo." (Virilio, 1991, p.31)
Para que criemos um eu inteiro e independente, é necessário que o entendimento também seja
completo. Tudo aquilo que nos define, experiências, objetos, ideologias, dentre outros, deve
passar por nós para que a compreensão seja total. Por isso, é importante perceber o papel do
indivíduo na construção desse entendimento do mundo. Se algo existe sem que tenha passado
por você, como saber se realmente existe?
"O racionalismo aplicado é apenas uma filosofia
vigente que quer expandir... pressa de pensamento
sistemático, propensão autoritária que ninguém
questiona..." (Bachelard)
Tempo e espaços
"Através do cronotropismo Bergsoniano pode-se imaginar que 'diferentes ritmos de duração,
mais rápidos ou mais lentos, mediriam o grau de tensão ou relaxamento do consciente e
estabeleceriam seus respectivos lugares na sequência de acontecimentos.' Mas aqui a própria
noção de ritmo implica um certo automatismo, um retorno simétrico a termos fracos ou fortes
superimpostos pelo tempo vivido pelo sujeito. Com a irregularidade do espaço epilético,
definido por surpresa e com uma variação de frequências imprevisíveis, não é mais uma
questão de tensão ou atenção, e sim uma suspensão pura e simples (por aceleração), aparição
e desaparição do real, partindo da duração." (Virilio, 1991, p.22)
“Ao envelhecer, ele percebeu que uma mesma duração pode ser utilizada de diversas formas,
ou ainda melhor, de acordo com a nossa arte de ver, o mesmo tempo pode permitir que nos
enganemos ou contemplemos algo de outra maneira que não a que pensamos estar vendo
(Deus, neste caso, como Verdade do Mundo).” (Virilio, 1991, p.32)