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CURSO DE METODOLOGIA GERAL PARA O ENSINO DE BALLET

1. Orientação Geral

O propósito deste curso é ajudar o professor a organizar adequadamente a


direção do processo de ensino, ao aplicar nosso método que está dirigido para
o desenvolvimento de hábitos técnicos de forma concêntrica da primeira à
oitava série, através da execução correta dos movimentos, exercitando a
posição do corpo, pernas, braços e cabeça, valorizando o sentido de conjunto e
o domínio do espaço.

O conteúdo do programa é apresentado na sucessão lógica do seu


desenvolvimento, expondo com grau crescente de complexidade os diferentes
movimentos e suas combinações como Adágio, Allegro, Ponta e Giros. Ao
mesmo tempo em que o professor introduz novos passos deve exercitar os já
conhecidos para conseguir a inter-relação lógica dos diferentes passos e
paulatinamente, o esforço do sistema muscular para atingir força, estabilidade,
e coordenação nos movimentos, bem como resistência e vontade para vencer
as dificuldades.

É necessário, também, desenvolver nos estudantes uma atitude mais


consciente e reflexiva em relação aos exercícios, predominando uma
participação mais ativa nas aulas. Para conseguir este objetivo o professor
deverá analisar no desenvolvimento da aula o mais importante na execução de
cada movimento, para que o aluno possa aplica-lo e transmiti-lo quando for
perguntado.

A qualidade do acompanhamento musical tem importância especial na aula, já


que forma hábitos estéticos e uma atitude consciente em relação à música,
bem como desenvolve e habilidade de escutar a frase musical, a orientação no
caractere da música, seu ritmo e sua dinâmica. O pianista acompanhante deve
selecionar a música adequada para cada exercício e o professor vigiará a
correspondência da dança com a música que a acompanha. Todas as aulas
devem ter acompanhamento musical.

O professor deverá prestar atenção especial no desenvolvimento da


criatividade, da fantasia, da expressividade e do sentido artístico dos alunos,
durante os primeiros anos de estudo, através dos diferentes exercícios e
combinações dos passos. A partir da sétima série deve-se selecionar um dia
em cada mês para que as combinações no centro sejam montadas por alunos
diferentes, que selecionarão os passos que deverão ser incluídos dentro da
variação. Deve-se selecionar a variação mais correta de acordo com a sua
estrutura, concordância com a música e demais especificações. A variação
selecionada deverá ser executada por todos os alunos.
A prática cênica dos alunos é um complemento essencial das aulas.

O professor baseará seu trabalho, através das diversas séries, em concordância


com a distribuição do conteúdo proposto neste programa de estudo, segundo a
regularidade e particularidade da dança clássica, assimilando também a
especialidade dos estilos de dança.

2. Objetivos Específicos Do Nível Elementar

1. Exercitar a posição correta do corpo, pernas, braços e cabeça.

2. Conseguir rotação das pernas para fora. Rotação do fêmur para fora nem
ângulo de 90 graus.

3. Ensinar como aplicar a respiração mecânica na Dança.

4. Desenvolver o sentido do equilíbrio através da utilização do ponto de


referência, e da sensação neurológica da perpendicularidade.

5. Conseguir levantamento das pernas num ângulo de 180 graus ou mais,


melhorando e fortalecendo esta posição com exercícios especiais.

6. Desenvolver a elasticidade ao saltar e o sentido de mola ao cair,


trabalhando as possibilidades máximas na elevação ao saltar, por meio do
correto ritmo muscular (o impulso), a colocação do corpo, o ângulo necessário
para realizar o salto, de acordo com o impulso e a direção que se vai seguir e,
uma vez atingido sua altura máxima, produzir uma sensação visual de
permanecer no ar, tendo o uso correto da respiração ao saltar.

7. Conseguir a posição correta do corpo, desde a região cervical, dorsal e


lombar da coluna vertebral.

8. Ensinar as posições diferentes dos braços e “port de bra”.

9. Exercitar uma posição correta do pé, para que o mesmo não se derrube
sobre seu arco longitudinal.

10. Desenvolver a sensação da mudança de equilíbrio quando se translade o


ponto de apoio de uma perna para outra; dominando ainda a mudança do eixo
perpendicular que se estabelece ao executar cada movimento. (Exemplo:
“cambré”, “grande port de bra” e “releve”).

11. Dominar os conceitos de contração e relaxamento.

12. Desenvolver a coordenação e automatização dos movimentos.


13. Ensinar os movimentos diferentes de cabeça.

14. Automatizar o ponteio do pé.

15. Desenvolver a dinâmica e fluidez do “port de bra”.

16. Exercitar a utilização do ponto de referencia nos giros e a força centrípeta


ao girar.

17. Ensinar a posição correta do ponto de partida nos giros, dominando o


sentido de equilíbrio, a consciência do ponto de referência, bem com a força e
o controle que se deve empregar.

18. Conseguir o desenvolvimento e o “desfrute” dos movimentos em sua


plenitude na utilização das pernas, braços e cabeça; nos movimentos rápidos e
lentos.

19. Desenvolver o fortalecimento dos dedos, que permitem a bailarina parar


em ponta, sem que se produza o “hallux valgus” (joanete). As complexidades
estudadas na dança na meia-ponta serão mostradas da mesma forma que na
ponta.

20. Dominar a execução do trançado “battu” nos passos, objeto de estudo


neste nível.

21. Conseguir rapidez e dinâmica na execução dos allegros, pequenos saltos e


grandes saltos.

22. Interpretar musicalmente, desenvolvendo ao máximo as capacidades


rítmicas melódicas e musicais.

23. Proporcionar a criatividade através de diferentes temas e músicas.

24. Conseguir um desenvolvimento harmonioso do corpo.

3. Orientações Metodológicas Gerais

Trabalho de colocação do corpo, pernas, braços, cabeça, colocação da vista e


coordenação.

a) Colocação do Corpo

Desde a primeira série devemos dar ênfase na correta posição do torso o qual
deve colocar-se ligeiramente para frente.
Os ombros devem estar para trás e bem baixos, cuidando que isso não derive
numa posição arqueada das costas. Os glúteos devem estar para cima e o
estomago para dentro.

b) Colocação das Pernas

As pernas devem estar bem esticadas com uma sensação de pressão do piso
com o objetivo de crescer em cima das pernas quando estão de apoio. Quando
temos a perna em “l’air” ou “par terre”, devemos exigir que se alongue ao
máximo alargando a linha da mesma. O professor deve exigir a posição “em
dehors” das pernas, a limpeza da execução dos movimentos para que se
observe a característica de cada passo.

c) Colocação do Pé

Existem múltiplos exercícios adicionais que devemos trabalhar com o


estudante de Ballet.

Deve-se enfatizar no trabalho nos pés uma linha correta. O “releve” é a três
quartos de ponta com o tornozelo para frente exercendo a pressão sobre o pé
procurando ver “en dehors” desde a articulação coxofemoral.

d) Colocação da Cabeça

Devem-se utilizar os movimentos de cabeça desde o primeiro ano,


intercalando-os nos exercícios sem grandes complicações. O aluno deve
aprender neste ano a posição correta da cabeça.

No primeiro ano não pedimos movimentos da cabeça durante o exercício, mas


se incluem com o desenvolvimento uma combinação da cabeça que se moverá
com os braços nos “ports de brás”.

A partir da segunda série a utilização do movimento da cabeça vai se


intensificando dentro das variações de forma dosificada.

e) Colocação da Vista (dos olhos)

O aluno deve fixar a vista num ponto cada vez que muda a posição da cabeça.
Mas esse ponto deve ser fixado na altura de seus olhos, ou um pouco mais
acima, e não no chão. O aluno deve sempre procurar seu espaço com os olhos
abertos. A tendência de dançar olhando para o chão traz como resultado uma
prática incorreta do hábito visual, da perpendicularidade e do horizonte assim
como problemas na colocação das costas. O olhar nunca deve estar parado,
sempre deve estar com vida.

Fixar o olhar em uma altura que corresponda com a altura da cabeça.


f) Coordenação

É importante trabalhar a coordenação dos movimentos assim como o


“desfrute” do exercício na sua plenitude.

O professor deverá analisar a forma de interessar cada vez mais os alunos


onde adquirem uma formação séria e disciplinada da profissão.

g) Colocação das Mãos na Barra

Separadas pela distância de um palmo.

h) Colocação do Bailarino em Relação ao Espaço

i) Utilização da Barra

1ª Fase

* Chamaremos 1ª fase o trabalho na barra com as duas mãos sobre a mesma.


Os cotovelos flexionados diante do corpo e ligeiramente separados do quadril,
trabalho que depois ajudará a correta colocação dos braços nas distintas
posições. Vigiar que a distancia entre o corpo e a barra seja a adequada.

2ª Fase

* Chamaremos 2ª fase o trabalho de perfil com a barra, com uma das mãos
sobre a mesma, na qual insistiremos também nos dois aspectos acima
assinados.

4. Caracterização de alguns passos da dança acadêmica

1. “AS POSIÇÕES DAS PERNAS”

Na dança clássica existem cinco posições de pernas. São elas:

* Primeira: ambos os pés em linha reta unida pelos calcanhares.

* Segunda: ambos os pés em linha reta e separados, deixando o espaço de um


pé entra os calcanhares.

* Terceira: ambos os pés unidos (“en dehors”). O calcanhar do pé que se


encontra na frente, se posicionará no arco do pé de trás (pontas para fora).

Existe a 4ª posição aberta, os calcanhares formar uma linha reta horizontal. O


peso do corpo estará no centro.
* A 4ª posição fechada tem a mesma característica que a aberta, porém se
diferencia pelos dedos do pé, que está na frente, que formará uma linha reta
com o calcanhar do pé de trás e o calcanhar do pé que está na frente formará
uma linha reta com os dedos do pé de trás.

* Na 5ª posição os pés se encontram unidos no sentido inverso. Juntam as


pontas com os calcanhares.

No nosso método se exige um ângulo aberto das pernas desde a articulação


coxofemoral nas cinco posições.

2. ”DEMI-PLIÉ”

Plié uma terminologia francesa adotada universalmente que, traduzida para o


português, significa ‘flexão das pernas’. O demi-plié é executado nas cinco
posições, mas encontramos também em todos os movimentos da dança; ele
aparece em cada passo e deve-se prestar atenção especial nos exercícios. Se
nas distintas combinações não se conseguir um bom plié, a dança se torna
rígida e sem elasticidade.

Outra das características fundamentais ao executar este passo é o trabalho “em


dehors” das pernas, desde a articulação do quadril, assim como a extensão do
tendão de Archiles.

No momento de executar o passo, o corpo abaixa direto (em linha reta) em


cima dos calcanhares, a coluna vertebral se mantém reta e os joelhos bem
abertos para fora buscando uma linha reta com os dedos do pé (o dedo do
centro). É um movimento ligado (sem parar sua execução) e se deve utilizar
todos os tempos musicais para abaixar e subir, mantendo a abertura das pernas
desde o princípio até o final da sua execução.

Outro aspecto importante é que o aluno divida o peso do corpo nas duas
pernas. Deve-se insistir no trabalho de colocação deste movimento do corpo e
pernas.

3. ”GRAND PLIÉ” – GRANDE FLEXÃO

Começamos por um “demi-plié”, empregando a metodologia analisada acima,


continuamos a flexão e no último momento quando levantamos ligeiramente
os calcanhares, chegamos ao “grand-plié” e sem parar embaixo, começamos a
subir sendo os calcanhares os primeiros a tocar o chão. Continuamos o
movimento até a posição inicial. A posição da coluna vertebral

será sem arqueamento. O peso estará em cima dos calcanhares e os joelhos


bem abertos para fora. Devemos vigiar a posição dos glúteos e pélvis. O “em
dehors” deve ser feito forçando a abertura desde a articulação do quadril até o
joelho. Insistimos que o joelho deve estar em linha reta com o dedo do centro
do pé. O “grand-plié” em 2ª posição se diferencia do resto porque nesta
posição os calcanhares permanecem no chão durante todo o movimento.

Ao executar esta grande flexão das pernas, é de grande importância que não se
permaneça sentando no momento em que abaixamos, pois isto traria como
consequência a perda de energia propulsora dos músculos (que é a mola de
toda a perna) além de trazer graves resultados posteriores no momento dos
saltos, além de deformações futuras dos músculos.

4. ”BATTEMENTS”

A palavra “battement” se denomina na dança a separação das pernas. Na


mesma, este movimento tem adquirido múltiplas formas, como : “battement
tendu” , “battement jeté”, “grand battement”, “battement divise”, “battement
fondue” e outros. Cada um deles presta um papel fundamental no
desenvolvimento e estrutura para a formação dos nossos alunos, a seleção
adequada de cada um destes passos na estrutura da aula para se obter ótimos
resultados.

Tendo uma característica especifica para cada um deles, o professor deve ser
muito exigente no que se refere ao acerto, sua característica e objetivo em
conseguir (aperfeiçoar) o “battement tendu” ou “jeté”, etc.

Devemos insistir que independentemente da característica própria de cada um


deles, hajam aspectos comuns como:

a) O trabalho das pernas “en dehors”.

b) Ao executar o “battement devant”, o primeiro a sair é o calcanhar e o


primeiro a retornar são os dedos;

c) No “battement tendu”, os primeiros a saírem são os dedos e a retornar, o


calcanhar.

O pé exerce uma pressão importante contra o chão no momento da saída da


perna de ação até que cheguem à posição “par terre” ou “en l’air”, assim como
ao regressar a posição inicial, seja na frente ou ao lado ou atrás, ajudando no
trabalho de pé e desenvolvendo no mesmo a flexibilidade.

Acreditamos que uma dose adequada de “battement tendu” ou “jeté” ao


finalizar a barra ajudara a obter melhores resultados na ligeireza dos pés,
assim como fortalecê-lo trazendo uma melhor sensação do trabalho de pernas
e pés.
Insistimos que o professor deve estar vigilante pra que no transcorrer da aula o
aluno paulatinamente através do desenvolvimento da mesma cumpra os
objetivos estabelecidos para o programa deste nível.

É importante na estrutura da aula, fazer a seleção dos movimentos e a forma


como se combinam.

Devemos assinalar que as repetições das variações no centro são básicas,


assim como o conhecimento das características individuais de cada aluno e a
cada um ensinar com trabalho corrente.

Atualmente uma das deficiências técnicas que nos deparamos é o pouco


sentido de ponta dos pés que observamos nos alunos. Achamos necessário
insistir no trabalho dos pés tanto para as meninas como para os meninos.

Independentemente do trabalho realizado pelo professor devemos fazer com o


aluno adquira o habito de fazer exercícios adicionais existentes para o trabalho
de pés e pernas, extraclasse.

5. POSIÇÃO DAS PERNA “EN L’AIR”

Os diferentes movimentos que constituem o trabalho de pernas “en l’air” são


múltiplos e variados cada um deles tem uma característica distinta.

Devemos assinalar que o tempo para executa-los deve ser lento e insistir no
desenvolvimento correto do peso nas primeiras séries.

6. “RELEVÉ LENT”

Executa-se em todas as direções. É um movimento continuo da perna em


ação. A perna de apoio deverá estar esticada e “en dehors”. Quando este
movimento se faz na frente o primeiro que sai é o calcanhar e ao retornar,
entram os dedos. É importante a espera “en l’air” insistindo na correta posição
da perna que esta no ar. (Bem esticada, “en dehors” e com pontas esticadas).
Nos primeiros anos a contagem é lenta e se utiliza a espera fora.

Desde o principio o professor deve insistir para que o aluno selecione


corretamente os músculos que devem ser utilizados, evitando assim a rigidez.

Quando este movimento é executado atrás o primeiro a sair são os dedos e o


primeiro a retornar é o calcanhar. É importante a utilização ao sair e entrar.

Em todas as direções deve-se vigiar a posição correta dos quadris. Devemos


insistir que tanto os quadris quanto os ombros permaneçam alinhados.
Na primeira serie se ensina a uma altura de 90 graus, ganhando altura na
medida em que as pernas vão se fortalecendo e ganhando resistência.

7. “DEVELOPPÉ”

A palavra “developpé” se refere ao desenvolvimento lento da perna em aça até


a extensão completa. Pode ser executado em todas as direções, com ritmo
lento (sobre tudo no nível elementar) – adágio - e pediremos uma pausa no
momento culminante do passo.

Primeiramente o ensinaremos ao lado a 45 graus e com as duas mãos na barra.


Posição inicial de III ou V.

A perna em ação começa fazendo “cou de pied” e sem parar o movimento o


passa por “passe” abrindo para a direção em que iremos desenvolver o passo.

Quando é feito na frente sai primeiro o calcanhar e atrás sai primeiro o joelho.
Este movimento só para quando termina o esticamento total da perna. Igual ao
“releve lent”, insistiremos que durante sua execução a perna vai ganhando
altura paulatinamente até alcançar um ângulo de 180 graus.

8. POSIÇÕES DO CORPO

a) “CROISÉ”

“croisé” significa cruzado e o cruzamento das pernas é o seu traço principal.


Existe poição “croisé” para frente e para trás.

b) “EFFACÉ”

Aqui, inversamente ao “croisé” as pernas estão abertas. Igual ao “croisé” se


executa prar frente e para trás.

É muito importante que o aluno saiba distinguir estas posições. Ao executar as


mesmas, não deve nunca virar mais do que o requerido. Em ocasiões bastante
frequentes, estas posições não se executam corretamente e por isso não
cumprem o objetivo do exercício.

c) “ÉCARTÉ”

* Écarté Devant: saindo do “croisé” indo ao canto da frente da sala.

* Écarté Derriére: saindo do “croisé” indo ao canto de trás da sala.

9. “EN DEHORS”
Com esta expressão se designa os movimentos para fora desde a articulação
coxofemoral.

10. “EN DEDANS”

Esta expressão designa os movimentos que se escutam para dentro, porem


mantendo a posição “en dehors” da articulação coxofemoral.

Desde o inicio, o professor insistira para que o aluno selecione corretamente


os músculos ao utilizar em cada movimento, evitando a rigidez.

A cabeça deve ser utilizada desde o primeiro movimento, na primeira serie,


intercalando-se com exercícios sem grandes complicações. Devemos assinalar
que a partir desde nível o aluno aprendera a correta colocação da cabeça. Na
primeira série não pedimos o movimento de cabeça durante o exercício,
porém “sim” que utilize como parte do desenvolvimento de uma combinação.

A partir da segunda série, vai-se intensificando a utilização da cabeça dentro


das combinações de forma bem dosada.

11. PERNAS

É importante trabalhar as pernas esticadas, a posição “en dehors” em cada um


dos exercícios. A abertura deve ser feita desde a articulação do quadril,
mostrar em cada um dos passos a limpeza do movimento, a pureza do mesmo
e sua característica, para desta forma conseguir que o aluno saiba trabalhar
estes aspectos através de sua carreira.

12. VISTA (ponto de referência)

Direção e posição do olhar. O aluno deve fixar em um ponto, cada vez que se
troca a posição da cabeça. Este ponto não deve ser o chão, sempre devem se
fixar no espaço com os olhos abertos.

13. POSIÇÃO DOS BRAÇOS

Recomendamos vigiar desde o inicio a colocação correta dos braços nas


diferentes posições.

A exigência por parte do professor em relação aos braços é importante,


observando que a incidência de um defeito de braços; por exemplo, uma má
colocação na V, sempre estará ligada por uma má colocação na II posição.

Quando os braços estão na II posição deve manter uma linha descendente


(ombros, cotovelos, pulsos e mãos) formando um arco descendente
equidistante entre o antebraço e o pulso e ao mesmo tempo formem os
cotovelos uma linha reta com as costas.

Os dedos polegares esticados suavemente e não contraídos vigiando a posição


relaxada dos dedos.

Na V posição os braços devem se colocar ligeiramente na frente da cabeça,


palma da mão para o chão e o dedo indicador que não se destaque dos demais.
“Bom sentido” de aire em La mano. (Para que os dedos não fiquem mortos,
tenham sentido).

Na II posição de braço, a mão não pode estar caída virada para o chão, nem
pulsos frouxos; a mesma estará virada para a parede que esteja na frente do
aluno. O braço tem que manter uma posição firme, segura e não relaxada.

14. SALTOS

Os saltos da dança acadêmica são muito variados.

Estudando-os observamos que existem múltiplos saltos, divididos na família


dos pequenos, simples ou com bateria e os grandes saltos.

No desenvolvimento do salto, tem que fazer sempre “demi-plié”, o fator


principal que faz com que o bailarino se separe do chão é o pé (que empurra).
Aqui é muito importante a insistência em fazer o “demi-plié” corretamente,
que o aluno não tire o calcanhar do chão, as costas devem estar ereta desde o
princípio, assim como a direção correta do salto segundo o movimento que se
execute.

No momento de executar o salto se mantém as pernas esticadas e com grande


extensão dos joelhos, o peito do pé e dos dedos do pé (se o salto for com as
duas pernas) também devem estar bem esticados.

Quando o salto se realiza com uma só perna, a outra adota a posição


correspondente à pose. Também se deve conservar a posição “en dehors”.
Vigiar a coordenação de braços e pernas desde o inicio.

Ao cair do salto, são os dedos que tocam primeiro o chão evitando ruído.
Utilizamos o “demi-plié” para empurrar o chão e dar fluidez ao exercício.
Para se obter uma elevação dançante, é necessário agregar o salto ao “ballon”.

Pela palavra “ballon”, entendemos que é a capacidade de conservar a posição


no ar, mostrando a característica do passo executado.
Os estudos dos saltos devem ser abordados paulatinamente e desde o
princípio. O professor deve dedicar tempo suficiente ao trabalho de saltos
desde a primeira série do nível elementar.

Como temos insistido na importância do “demi-plié” nos saltos que compõem


a dança acadêmica queremos que, ao começar os exercícios e os saltos, o
“demi-plié” seja um fator primordial para um com desenvolvimento posterior
do mesmo.

Um “demi-plié” flexível, ligado, sem elevar os calcanhares ao executar o salto


será determinante para a execução dos diferentes passos que compõem a
dança acadêmica.

A característica do ensino do ballet é concentrada na repetição de cada um dos


passos que compõem o vocabulário acadêmico das formas mais simples até as
mais complexas.

Esta característica se dá pela repetição através de toda a carreira e na dosagem


dos movimentos nas aulas. Vai se intensificando o grau das variações, se
utilizam diferentes ângulos do salão e o deslocamento das variações de saltos.

Estudaremos lentamente a coordenação dos movimentos, insistindo na grande


relação do trabalho entre braços e pernas.

O pé é de grande importância no trabalho com pernas “en l’air”, assim como


as pernas esticadas e para fora em cada uma das posições.

A partir da 3ª série, vai se introduzindo alguns exercícios mais complicados e


fazendo uso do “croisé”, “effacé”, “écarté devant” e “derrieré”.

Introduz-se a técnica das baterias.

15. BATERIAS

Termo que se utiliza para caracterizar todos os movimentos em que se


entrelaçam as pernas “en l’air”. Os passos de bateria imprimem na dança o
brilho e virtuosismo, por isso sua execução não permite o menor descuido,
nem a simplificação do movimento.

Para executar os passos que formam a bateria, as pernas devem estar esticadas
e ambas “golpearam-se”. Antes de preceder o golpe das pernas entre si,
abriremos ambas lentamente

ligeiramente ao cruzá-las (no momento da bateria) deve-se fazer IV posição


(do músculo).
Primeiro se trabalha de frente para a barra e paulatinamente o trabalho passa
para o centro. Será executado no inicio com preparação e pausa. Nos anos
superiores, um dos objetivos a alcançar são a ligeireza e rapidez na sua
execução. Quando se executa com rapidez, os pés trabalham muito ligeiros
conseguindo uma boa ponta. Os passos com bateria se distinguem na medida
em que alguns deles não têm deslocamento e outros sim.

16. “RELEVÉ”

Prepara as pernas e pés para o trabalho de diversos passos e meia ponta,


servindo como preparação para o trabalho em pontas. Desenvolve a sensação
neurológica do sentido de perpendicularidade.

O “relevé” deve ser trabalho desde o inicio a ¾ de meia ponta. Trabalharemos


o “relevé” sobre o dedo polegar sem afetar o joanete; calcanhares para frente,
pernas de apoio bem esticadas, joelhos e calcanhares para cima.

É bom que desde o início do estudo do “relevé” se transmitam ao aluno a


sensação muscular de manter is calcanhares “en dehors” baseado na abertura
da articulação do quadril com o fêmur, com glúteos apertados, de modo que
ajude a desenvolver uma força capaz de controlar, posteriormente, os
calcanhares em giros e, sobretudo em voltas (giros) com pernas “a la
seconde”.

“Relevé” se faz com todo corpo para cima.

17. “PROMENADE”

Começa-se a estudar com “cou de pied”, “passe” e diferentes posições “en


l’air”. Será executado tanto “en dehors” como “en dedans” e começaremos
seu aprendizado na barra.

A característica do promenade é que o peso do corpo está sobre os dedos da


perna de apoio. Mantém-se a posição da perna em ação e quem executa o
“passeio” é o calcanhar num movimento compacto, como se fosse um bloco.

Todo o corpo se move unicamente mantendo a posição. O calcanhar apenas


levanta. O promenade prepara o sentido do equilíbrio. A posição dada não se
altera e o movimento do calcanhar será imperceptível para o espectador.
Rotação “en dehors” da perna é importantíssima.

II

5. Desenvolvimento da aula

A – Barra
A barra deverá proporcionar a preparação física necessária para o aluno. A
duração da aula flutuará segundo a série e nível, não abstante o professor
devera planificar sua aula de forma tal que possa abordar as dificuldades
previstas na barra, centro e saltos.

Dentro do desenvolvimento da aula, cada exercício cumprira uma lógica e


obterá um resultado.

Temos de ser muito cuidadosos em fazer exercícios coreográficos


extremamente grandes que levam ao cansaço muscular e não se cumpram os
objetivos.

Devem-se utilizar variações que intercalem o trabalho com uma e outra perna
(de acordo com o nível, se aumentara o grau de complexidade) com o fim de
criar a mecânica da troca de peso do corpo. Ao terminar o exercício em “en
relevé”, este também poderá ser utilizado no centro em todas as series e níveis
de acordo com o programa estabelecido, com o fim de obter um trabalho de
equilíbrio correto.

É necessário fazer variações com as pernas “en l’air” tanto “à pied plat” como
em “releve”, fazendo uma correta utilização dos braços (coordenação), assim
como trabalhar a rapidez (em séries superiores) nos “tendus”, “jetés”,
“frappés”, “battus”, etc., que deverão ser elaborados diariamente pelo
professor, para se conseguir melhores resultados.

B – Centro

Deve-se começar com um pequeno adágio. Terá que se ver o desenvolvimento


dos objetivos propostos pelo professor na estrutura dos movimentos. Será
executado movimento de controle com perna “en l’air”, “à pied plat” ou com
“relevé”.

Battements, giros (desde o momento que começa seu estudo) em diferentes


posições, tanto em “en dehors” como “en dedans”, assim como o trabalho de
saltos, segundo a série e nível que se ensina, onde se execute a sensação de
empurrar o chão.

Em séries mais adiantadas, combinar variações de saltos que utilizam o


trabalho de giro nas mesmas. Variações onde se combinem saltos com giros e
giros com saltos.

C – Ponta

O trabalho de ponta é fundamental para se conseguir força e controle muscular


além de aumentar o tônus dos músculos.
Deve-se fazer um trabalho com os alunos que combine movimentos virtuosos
sem perder o equilíbrio estético, a linha e a pureza do movimento, mantendo e
valorizando sempre a fluidez no espaço e no tempo.

As posições e controle dos giros lentos e rápidos demonstram o domínio


técnico da bailarina em suas variadas formas de execução e com a devida
utilização e locomoção no espaço. Nos destaques das pernas se projeta uma
vez mais o trabalho difícil das pontas, sem esforço da bailarina ao elevar-ser
ou baixar-se das pontas e se conjugam a habilidade e destreza técnica posta a
serviço da dança.

Deve-se evitar a tendência errada de se converter ao homem a sustentação da


bailarina que o limita a segura-la nos diferentes “promenades” e giros, tão
pouco se deve converter um expoente de força. No trabalho de “pás-de-deux”
deve estabelecer uma conexão contínua desde o começo para ter como
resultado uma técnica apurada e virtuosa. As carregadas e

execuções de passos devem converte-se numa agradável comunicação que é


uma constante invariável, sem perder de vista o estilo e gênero que demanda
um determinado ballet.

6. Orientação para as aulas

1. A entrada e saída do salão com marcha, polonesa, corridinhas, etc., deve ser
executada como disciplina durante todos os anos de estudo. Isso ajuda o
treinamento rítmico.

2. A primeira fase de aprendizagem é quando se trabalha de frente para a


barra, segurando-a com as duas mãos. A segunda fase é de perfil com a barra,
segurando-a com uma mão.

Primeira fase: deve-se prestar atenção na distancia entre a barra e o aluno, pela
colocação dos braços (cotovelos flexionados, na frente do corpo e
ligeiramente separados das cadeiras). Esse trabalho ajuda depois para a correta
colocação dos braços nas diversas posições.

Os braços serão “ativos” com os dedos sobre a barra e com uma mão de
distância entre elas.

Segunda fase: deve-se manter uma distancia apropriada entre o corpo e a


barra, com o cotovelo ligeiramente na frente do corpo, uma mão em cima da
barra. Deve-se evitar movimentos desnecessários dessa mão.

1. Cada classe tem suas características próprias e cada grupo é diferente. Ela
será dominada pelos alunos mais adiantados, mas deve-se trabalhar com uma
atenção individual a todos da classe.
2. O “port de brás” devem ser estudados desde o começo, coordenando a
cabeça seguindo a mão. A partir da 4ª unidade da primeira série deve-se
incorporar alguma posturas fixas de cabeça em certos exercícios “devant” “a
la second” e “derriere”.

Observações Gerais

É importante ensinar a correta posição da cabeça de perfil (ligeiramente


reclinada).

1. Os olhos devem estar dirigidos para um ponto fixo para conseguir a


concentração durante a execução dos movimentos, a segurança e a projeção
artística do aluno. Os olhos em função da dança.

2. O uso da respiração também é muito importante. Deve ser ensinada ao


aluno desde o começo no exercício de cada movimento.

3. Na primeira serie quando se realizam os exercícios de colocação do corpo,


tanto na primeira como na segunda fase, deve-se incorporar movimentos de
cabeça ou de braços para conseguir uma mudança de dinâmica dentro do
exercício. Ex.: 3 “tendus devants” e uma mudança de cabeça para evitar
tensão.

4. Deve-se alternar passos (não utilizando sempre a mesma perna de apoio),


mas sem chegar ao extremo, para o aluno não perder a resistência nesse
trabalho.

5. Deve-se realizar exercícios adicionais na primeira serie, fundamentalmente


de: peito do pé, flexibilidade, rotação, alongamento, etc. Eles devem ser
intercalados entre os exercícios de barra e centro.

6. No fim do trabalho na barra devemos utilizar marchas (com pé plano,


“releve”) e com diferentes marcações e figuras no espaço. Isto evita fadiga
muscular e motiva a classe.

7. No allegro existe uma primeira fase que é optativa para o professor, de


acordo com a altura da barra. Depois se passa ao centro.

8. A segunda fase não é uma característica pra trabalhar allegro a não ser um
salto determinado como “temp de fleche”, ”jeté passe”, “sissone”, etc.

9. No treinamento diário deve-se dar tempo de forma sistemática para o salto.


Esta dosificação permitirá alcançar uma boa técnica de salto.

10. Para se conseguir um bom salto deve-se trabalhar o sentido do “balon” que
consegue com as etapas de aprendizado:
* Salto da posição fechada de impulsão. Braços na cintura. Deve-se utilizar o
pé e o quadríceps no trabalho da decolagem do salto. A caída deve ser
amortecida pelo dedo, tarso, metatarso e calcanhar, conseguindo uma mola
durante a flexão. As pernas e fundamentalmente os pés participam desse
trabalho.

* Saltos com flexão e extensão de pernas. Ex.: “Plié” (2 tempos), “Sauté” e


caída (tempo), estira (1 tempo) o “Plié” (1 tempo), “Sauté” e caída (1 tempo) e
estira (2 tempos).

* Saltos continuados em posições diferentes e com “relevé” de forma


combinada para conseguir o controle.

* Saltos contínuos sobre uma perna.

* Saltos com deslocamento.

* Saltos com baterias que podem ser pequenas ou grandes.

Nos primeiros anos, a execução dos passos deve ser abordada paulatinamente
e dosificados de forma sistemática. Não se pode eliminar a matéria já
estudada, mas ela deve ser combinada, aumentando sua complexidade.

7. Significado e pequena descrição das características de alguns passos.

* Adágio: (lentamente) derivado do italiano. Termo genérico que incorpora


uma série de movimentos lentos e elegantes, buscando sempre o sentido da
linha e do equilíbrio. Trabalha-se na barra e no centro.

* Allegro: termo que é utilizado pra caracterizar saltos dentro de uma aula de
ballet. Pode ser executado de 3 formas: pequenos, grandes e saltos com
baterias.

* Allongé: alongado, esticado.

* Aplomb: aprumado, seriedade. Controle do movimento num plano vertical,


por meio do qual o bailarino adquire precisão, elegância e segurança.

* Arabesque: arabesco. Posição geralmente de perfil para o espectador cujas


características são as seguintes:

a) Corpo sustentado por uma perna e a outro atrás, em ângulo que pode ser de
até 120 graus. Pode ser executado “à pied plat”, na meia ponta ou na ponta e a
perna de apoio pode ser esticada ou em “demi-plié”.
b) A posição do corpo pode ser erguida, “allongé” ou “penché”. Na nossa
escola, segundo as posições que tomem os braços, denominada primeira,
segundo, terceira ou quarto “arabesque”. Estas posições se caracterizam por
ambos os braços estarem estendidos e se denominam segundo a maneira que
estiver colocada em relação à perna de ação, ou seja, em relação à perna que
se levanta e segundo o ângulo de execução em relação ao público (“croisé” ou
“affaccé”).

* Arrière, En: para atrás. Utiliza-se para indicar que o movimento se executa
avançado para trás.

* Assemblé, Pas: reunido, junto. A execução desse movimento pode ser na


frente, lado ou atrás. Este passo da família dos saltos esta dentro do grupo que
o impulso final parte de uma perna e cai sobre as duas ao mesmo tempo. O
“assamblé” pode ser executado no mesmo lugar ou com translação
(locomoção), quando se executa desta forma, se denomina “assemblé volé”.

* Attitude: palavra derivada do italiano “attitudine”. Posição na qual o corpo


esta sustentado numa perna e a outra se mantém levantada se flexionada. O
“attitude” se executa nas diferentes direções (frente, ao lado e atrás) e cada
uma delas tem suas características.

* Avant, En: para frente. Indica que o movimento se executa para frente.

* Balance, Pas: passo balançado. Deriva da flexão e extensão sucessivas dos


joelhos. Existem 4 formas de execução do balancé.

1. Lateral;

2. Para frente e para trás em diagonal;

3. “en tournant” em diagonal;

4. “en tournant” com execução lateral do movimento.

Para a execução deste ultimo passo é necessária a correta utilização do torso e


as respectivas inclinações que dão fluidez e características ao passo.

* Ballon: balão, globo. A decolagem e caída suave e elástica do salto

* Balloné, Pas: passo de balão ou globo. A perna de ação se estende numa das
direções (frente, lado ou atrás) na altura de 25 graus friccionando o chão,
mantendo o nível de altura, se flexiona o joelho para buscar a posição do “cou
de pied”. É importante que a flexão se execute pela parte inferior da perna
para que se observe a característica do passo, o acento deste movimento é para
dentro. Quando este passo se faz saltando, o pé não roça o piso na caída. Ao
buscar a posição de “ coud de pied” ou “passe”, segundo a altura a lançar a
perna na direção, que pode ser de 45 graus (finalizando por “coud de pied”)
ou a 90 graus (finalizando por passe). Trabalha-se em meia ponta, ponta e
salto.

* Balloté, Pas; passo bamboleado, cambaleado. Passo composto de um souté


italiano (passo cortado) e um developpé. Executa-se na frente ou atrás, com ou
sem saltos. Quando é executado sem salto, se combina em variações
fundamentalmente “en avant” e “en arrière” e se combina com “pas de bourré
suivi”. Também se executa nas

primeiras séries com as pernas em “sobressaut”. É um movimento continuo


onde a perna de ação se lança (cuidando da posição do quadril, tronco e
ombros) e abaixa controlada; o acento pode ser para fora ou para dentro
(utilizando o “e” ao lançar a perna). A perna de apoio estará bem esticada e
intervém ativamente na execução do movimento.

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