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P.

A
PROCRASTINADORES
ANÔNINIMOS
1

Sumário
PRÊAMBULO DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS ........................................................................................... 3
OS 12 PASSOS DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS: ......................................................................................... 3
AS 12 TRADIÇÕES DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS: ................................................................................. 4
AS 12 PROMESSAS DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS .................................................................................. 4
PROCRASTINAÇÃO COMPULSIVA - O TÚMULO DAS OPORTUNIDADES ........................................................ 5
A PROCRASTINAÇÃO CRÔNICA E A DOENÇA DA ADICÇÃO ............................................................................. 7
Prazer e Sofrimento - droga e consequência ................................................................................................................. 8
A PROCRASTINAÇÃO E OUTROS VÍCIOS ................................................................................................................ 8
A PERSONALIDADE DO PROCRASTINADOR .......................................................................................................... 9
Os Tipos de Procrastinadores:....................................................................................................................................... 9
A PROCRASTINAÇÃO E O PERFECCIONISMO ...................................................................................................... 10
AS CRENÇAS IRRACIONAIS DA PROCRASTINAÇÃO ......................................................................................... 11
1.Crenças Radicais: ..................................................................................................................................................... 11
2.Crenças baseadas no medo irracional ...................................................................................................................... 12
3.Crenças de baixa tolerância à dor e frustração ......................................................................................................... 13
4.Crenças de auto depreciação .................................................................................................................................... 14
OS 10 SINAIS DA PROCRASTINAÇÃO: .................................................................................................................... 15
A PROCRASTINAÇÃO ESTRUTURADA .................................................................................................................. 15
As 3 maneiras de procrastinar ......................................................................................................................................... 16
A PROCRASTINAÇÃO COMO UMA FOBIA ............................................................................................................ 16
A Procrastinação como um complexo emocional ........................................................................................................... 17
Os efeitos da procrastinação: .......................................................................................................................................... 17
As consequências da procrastinação ............................................................................................................................... 18
1. Oportunidades perdidas........................................................................................................................................... 18
2. Atraso ...................................................................................................................................................................... 18
3. Prazos perdidos ....................................................................................................................................................... 18
4. Irresponsabilidade para com os outros .................................................................................................................... 18
5. Falta de precaução................................................................................................................................................... 18
6. Mal desempenho ..................................................................................................................................................... 18
7. Problemas de carreira .............................................................................................................................................. 18
8. Despesas desnecessárias ......................................................................................................................................... 18
9. Dificuldades financeiras .......................................................................................................................................... 19
10. Problemas médicos ............................................................................................................................................... 19
11. Insatisfação sobre si mesmo .................................................................................................................................. 19
12 . Insatisfação dos outros ......................................................................................................................................... 19
FERRAMENTAS PARA SUPERAR A PROCRASTINAÇÃO: ................................................................................... 19
UMA CURA DIÁRIA BASTANTE SURPREENDENTE ............................................................................................ 20
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Um estudo sobre a disciplina .......................................................................................................................................... 21


A instalação do vício ................................................................................................................................................... 21
A saída ........................................................................................................................................................................ 22
As duas portas espirituais para a disciplina: ............................................................................................................... 22
Os 4 pilares da disciplina: ........................................................................................................................................... 23
Plano de ação .............................................................................................................................................................. 24
Agenda bloqueada ....................................................................................................................................................... 24
O TEMPO NÃO PARA - SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO ...................................................................... 25
A adaptação do sonho ................................................................................................................................................. 25
A administração do tempo .......................................................................................................................................... 26
OS 6 PILARES DA PROCRASTINAÇÃO ................................................................................................................... 27
ANDAR COM FÉ EU VOU! ......................................................................................................................................... 29
TUDO O QUE LEVAMOS DA VIDA É O QUE VIVEMOS! ..................................................................................... 31
Depressão ou frustração? ................................................................................................................................................ 32
As 27 perguntas de Scott Dinesmore ............................................................................................................................ 33
O COLECIONADOR DE ANGÚSTIAS ....................................................................................................................... 35
A história de Jorge ...................................................................................................................................................... 35
O Grande Nada ........................................................................................................................................................... 35
O Perfeccionismo de Jorge ......................................................................................................................................... 36
Olhos de tigres ............................................................................................................................................................ 36
OS 6 PASSOS PARA CRIAR UM MILAGRE ............................................................................................................. 38
PASSO 1- Se assumir a responsabilidade por um milagre, respeite-o e o mantenha-o. ............................................. 39
PASSO 2- Quando pedimos a deus por milagres, deveremos reivindicar o processo, nunca o resultado. ................. 40
PASSO 3- O milagre é a manifestação de nossa consciência ..................................................................................... 40
PASSO 4 - Zona de conforto é sinonimo de inferno .................................................................................................. 41
PASSO 5- Ter certeza é a grande "obrigação" do processo ........................................................................................ 41
PASSO 6 - Contemple a apreciação ........................................................................................................................... 42
ORAÇÃO DA GRATIDÃO ........................................................................................................................................... 42
UM ESTUDO SOBRE A AUTO-ESTIMA: .................................................................................................................. 43
A baixa auto-estima: ................................................................................................................................................... 43
A alta auto-estima: ...................................................................................................................................................... 48
Os quatro pilares da auto-estima: ................................................................................................................................ 50
O SEDENTARISMO COMPULSIVO ........................................................................................................................... 51
A história de Helena.................................................................................................................................................... 52
A saída ........................................................................................................................................................................ 53
OS 12 EVITES E PROCURES DO SEDENTARISMO ............................................................................................ 53
Desculpas auto- sabotadoras X Afirmações positivas de recuperação: .......................................................................... 54
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PRÊAMBULO DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS

Procrastinadores Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que comparitlham


experiências, forças e esperancas, a fim de encontrarem uma solução comum para a interromper
a procrastinação compulsiva, que através de seus comportamentos crônicos de evitação, reduzem
drasticamente sua qualidade de vida.
O único requisito para ser membro de Procrastinadores Anônimos é o desejo de abandonar a
procrastinaçã. Não há mensalidades ou taxas para adesão, somos auto-suficientes graças às
nossas próprias contribuições, não estamos ligados a qualquer seuita ou religião, organização
política ou instituição. Não desejamos nos envolver em qualquer controvérsia, não apoiamos nem
combatemos quaisquer causas. Nosso propósito primordial é nos recuperar da procrastinação
compulsiva e levar esta mensagem aos procrastinadores que ainda sofrem.

OS 12 PASSOS DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS:

1° Passo: Admitimos que éramos impotentes perante a procrastinação compulsiva, e que nossas
vidas se tornaram incontroláveis;
2° Passo: Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos poderia nos devolver à
sanidade;
3° Passo: Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidades de deus como nós o
concebíamos;
4° Passo: Fizemos um minuncioso e destemido inventário moral de nós mesmos;
5° Passo: Admitimos perante deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza
exata de nossas falhas;
6° Passo: Prontificamos-nos inteiramente a deixar que deus removesse todos estes defeitos de
caráter;
7° Passo: Humildemente rogamos a ele que nos livrasse de nossas imperfeições;
8° Passo: Fizemos uma relação de todas as pessoas que haviamos prejudicado e nos dispusemos
a reparar os danos a elas causados;
9° Passo: Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas sempre que possível,
salvo quando fazê-lo viessa prejudica-las ou a outrem;
10° Passo: Continuamos a fazer um inventário pessoal e quando estávamos errados, nós o
admitimos prontamente;
11° Passo: Procuramos através de oração e meditação, melhorar o nosso contato consciente com
deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade para nós,
e forçãs para realizá-la;
12° Passo: Tendo experimentado um despertar espiritual como resultado destes passos,
procuramos transmitir esta mensagem aos procrastinadores que ainda sofrem, e praticar esses
princípios em todas as nossas atividades.
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AS 12 TRADIÇÕES DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS:

Assim como os doze passos ajudam na nossa recuperação, as doze tradições ajudam a manter a
unidade do grupo.

1° tradição: nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual
depende da unidade de pa.
2° tradição: Somente uma autoridade preside, em última análise, ao nosso propósito comum: um
deus amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossas líderes são apenas
servidoras de confiança, não têm poderes para governar.
3° tradição: para ser membro de pa, o único requisito é o desejo de evitar a procrastinação
compulsiva.
4° tradição. Cada grupo de pa deve ser autônomo, salvo em assuntos que afetem outros grupos
ou pa como um todo.
5° tradição. Cada grupo possui um único propósito primordial: transmitir a mensagem ao
procrastinador que ainda sofre que ainda sofre.
6° tradição. Nenhum grupo de pa jamais deverá sancionar, financiar ou emprestar o nome de pa
a qualquer sociedade ou empreendimento alheios à irmandade a fim de evitar que problemas de
dinheiro, propriedade ou prestígio nos desviem do nosso propósito primordial.
7° tradição. Todos os grupos de pa deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando
quaisquer contribuições ou doações de fora.
8° tradição. P.A. deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviço
possam contratar funcionários especializados.
9° tradição. P.A jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar comitês ou juntas de
serviço, diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviço.
10° tradição P.A. não opina sobre questões alheias à irmandade, portanto o nome de pa jamais
deverá aparecer em controvérsias públicas.
11° tradição Nossa política de relações públicas baseia-se na atração, não na promoção. cabe-
nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, rádio, cinema, televisão ou em outros
meios públicos de comunicação.
12° tradição O anonimato é o alicerce espiritual de nossas tradições, lembrando-nos sempre da
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

AS 12 PROMESSAS DE PROCRASTINADORES ANÔNIMOS

1. Conheceremos a liberdade e as promessas de uma vida feliz, saudável e útil.

2. Nossa vida fluirá com uma nova disciplina proporcionada por PA.

3. O caos interior desaparecerá.

4. Nossos pensamentos se tornarão mais claros e concisos.

5. Seremos capazes de aprender novos conhecimentos e reter o que aprendemos.


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6. Realizaremos tarefas complicadas sem a confusão mental de antes.

7. Seremos consistentes e confiáveis.

8. Não teremos mais medo de tentar algo novo e diferente.

9. Se um objetivo não for bem-sucedido, poderemos repensar e tentar realiza-lo de uma nova
maneira.

10. Seremos capazes de ouvir as ideias e sugestões dos outros sem nos tornarmos defensivos ou
argumentativos.
11. Nos tornaremos mais presentes na vida de nossos amigos, familiares e outras pessoas
importantes.

12. Não nos abandonaremos mais por meio da interrupção de qualquer tarefa. Conheceremos os
efeitos milagrosos de chegar até o fim de nossos propósitos.

PROCRASTINAÇÃO COMPULSIVA - O TÚMULO DAS OPORTUNIDADES

O ego nos assegurava e persuadia: “fique aqui e tudo estará bem. Para que se preocupar
em lutar, se tudo depende de Deus ou do Acaso? ” Imediatamente, encontrávamos várias situações
em nossas vidas para justificar nossa INÉRCIA e deixar de avançar. A procrastinação nos fazia
acreditar estar constantemente cansados, sem energia ou motivação. Concordamos com o estado
lamentável de nos sentir incapazes de vencer na vida, abraçando uma grande sensação de
desimportância, sonhando com o dia em que este mal nos abandonaria de vez. Antes que
percebêssemos, já estávamos condenados à morte.

A PROCRASTINAÇÃO É O TÚMULO ONDE SÃO ENTERRADAS VIVAS AS


OPORTUNIDADES!

O texto acima representa o destino final de um procrastinador, caso ele não desperte a
tempo, para a consciência de que sofre de um padrão de comportamento evitativo de outros
comportamentos, necessários para uma vida saudável e próspera.
Sim, o procrastinador compulsivo possui uma má relação com a prosperidade e parece
padecer de um auto sabotagem crônica. Mas será ela opcional, ou por algum motivo, ele
encontra-se compelido a agir assim?
O início:
A procrastinação é definida como o adiamento de uma ação e vem do latim procrastinatus:
pró (à frente) e crastinus (de amanhã).
Em algum momento, o hábito de procrastinar instalou-se em nossas vidas, e parecemos ter
aceitado passivamente, esta convivência destrutiva. Lentamente, uma força potencial, nos
convenceu a adiarmos o que nos era importante, até que o importante se tornou urgente, e logo
após, irremediável! Começamos então, a nos permitir conviver com prejuízos inúteis, que aos olhos
dos outros, poderiam ter sido facilmente evitados. Porém, por mais que lutássemos para nos
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modificar, e fizéssemos inúmeras listas, metas e promessas de irmos até o fim em nossos
propósitos, volta e meia, falhávamos mais uma vez.
A sensação de que poderíamos ter feito mais, lutado mais, exigido mais de nós mesmos,
nos era extremamente desgastante. Muitos de nós, dotados de grande inteligência, bom gosto e
perspicácia, tínhamos (e ainda temos) grandes sonhos, mas nunca conseguimos conquistá-los.
Vagando por aí, como mortos vivos, sem saber pelo que acordar, tínhamos a nítida sensação de
sermos talentos desperdiçados, tentando entender como o tempo havia passado tão rápido? Outros
de nós, comparávamo-nos com alguns de nossos amigos de infância, que deslancharam em suas
vidas pessoais e profissionais, e sentíamo-nos abatidos e depressivos. “Você nunca irá conseguir
alcançar o lugar que já deveria estar neste exato momento! ” Veja a sua idade! Agora não dá mais
tempo de vencer! Você realmente tornou-se um fracassado!
Essas eram as vozes de frustração, devido a tantos anos de inércia e falta e foco.
Fracos talvez? Seria tudo isso uma grande falta de força de vontade? Será que não
havíamos feito bem o inventário minucioso e destemido de nossos defeitos de caráter, como haviam
sugerido nossos padrinhos de outras irmandades de 12 passos? E o que dizer da preguiça,
desânimo e tédio avassaladores que sentíamos ao termos que dar continuidade aos nossos
afazeres? Por que a vontade de desistir batia cada vez mais forte em nosso peito? Talvez essas
fossem as razões que nos faziam sentir tão incompletos.
Causava-nos estranheza, porém, o esforço que imprimimos arduamente, ao longo dos anos,
para mudar nossos padrões, sem, contudo, conquistar grandes mudanças.
Era realmente verdadeira a nossa intenção de vencer na vida, nos tornar mais pontuais, de
darmos continuidade aos projetos que começamos, de não faltarmos mais aos nossos
compromissos por mera preguiça, de mantermos nossas casas arrumadas e limpas, etc. Tudo o
que mais queríamos era conseguir equilibrar nossa vida financeira. Prometíamos a cada início de
ano que iríamos dar a volta por cima e fazer diferente desta vez. Agora, dizíamos nós, era hora de
manter nossas gavetas arrumadas, de persistir num mesmo emprego ou profissão, de investir toda
a nossa força na realização de nossos sonhos, e é claro: nunca mais abandonaríamos nossa saúde,
dando continuidade a nossas dietas, meditações e atividades físicas.
Poucos mesmos eram aqueles que chegavam a P.A. tendo tido alguma conquista por si só.
Conhecemos alguns que conseguiam pagar suas contas em dia, outros que davam continuidade a
uma ou outra atividade. Porém, a grande maioria continuava a sofrer com os efeitos de suas
procrastinações, que estavam longe de ser algo corriqueiro. Parecíamos sofrer de algo violento,
crônico, compulsivo e absurdamente prejudicial. Rasgávamos nossos dias como se não
precisássemos chegar a nenhum lugar. Tudo parecia não ter mais tanta importância para nós, já
que um dia iríamos mesmo morrer. Uma falsa espiritualidade nos convencia de que lutar por nossos
ideais era algo fútil e egóico, pois a verdadeira felicidade estaria em nada desejar.
Esquecemos totalmente que nossos sonhos eram na verdade, seríssimas missões
designadas por Deus, e que a verdadeira plenitude reside no total exercício de nossa tarefa
espiritual. Vazios de alma, tentávamos nos preencher cada vez mais, com grandes paixões, nos
drogando da primeira substância, pessoa, ou emoção que aparecesse em nossa frente, para nos
tornar um pouco menos mortos.
Sim, precisávamos entender o que nos estava acontecendo! Necessitávamos de sabedoria
espiritual específica sobre o assunto, e decidimos procurar nossas respostas nas histórias dos
nossos iguais. Sabíamos que assim que os encontrássemos, logo identificaríamos semelhantes
traços de personalidades e dificuldades.
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Fomos surpreendidos com suas primeiras informações. Disseram-nos que nossas cabeças
se encontravam na parte superior de nossos corpos. Assustados, rimos sem entender direito a
piada. Foi então que nos explicaram:
"Abaixo de suas cabeças, há apenas suas consequências”.
Toda a saúde física, realizações pessoais e profissionais surgem de um cérebro sábio e
saudável espiritualmente. Estupefatos, começamos a sentir breves ares de livramento.
Juntos, decidimos permanecer e nomeamos nossa união espiritual de Procrastinadores
Anônimos. No dia 25/5/2018, surgia mais uma importante irmandade de 12 passos, salvadora de
vidas, inspirada pelos co-fundadores de AA, Bill e Bob.

A PROCRASTINAÇÃO CRÔNICA E A DOENÇA DA ADICÇÃO

Quando a procrastinação se confunde com um traço de nossa personalidade, a sua


gravidade é considerada crônica. O procrastinador crônico encontra grandes dificuldades de
realizar qualquer tarefa em tempo hábil, encontrando sérias barreiras em sua carreira profissional,
enfrentando problemas financeiros persistentes, e obtendo uma qualidade de vida inferior a das
outras pessoas, com capacidade intelectual equivalente, ou até mesmo, menor que a sua. Há nele,
uma tendência a adiar tarefas importantes, e atribuir atenção integral apenas a uma atividade que
lhe cause obsessão, de forma a retirá-lo da realidade. A longo prazo, isto pode resultar em uma
persistente sensação de vergonha tóxica, derrotismo e baixa autoestima.
A repetição deste padrão autodestrutivo durante certo período de tempo, aliada a uma
porcentagem genética, pode vir a se tornar uma doença de adicção, composta pelos fenômenos
da obsessão e compulsão. Na grande maioria das vezes, a procrastinação crônica é um vício, e
isto explica as inúmeras tentativas falhas de tentarmos nos modificar.
Listas de organização, estratégias disciplinares, livros de auto -ajuda, mostrando o passo a
passo para o sucesso, podem até ajudar, mas estão longe de trazer uma solução eficaz para muitos
de nós. Como dissemos anteriormente, por anos a fio, esforçamo-nos com seriedade, mas em
algum momento, inexplicavelmente, sentíamo-nos sufocados pela rotina, e desistíamos mais uma
vez, tristes, porém, aliviados. Mas por que funcionávamos assim?
Percebemos que a maioria de nós tinha problemas com a gestão do tempo, mas este era
apenas um dos tentáculos do grande polvo. Sofríamos sim, de uma patologia chamada evitação
compulsiva. Mesmo que soe estranho para alguns de nós, faz-se mister entendermos que a
compulsão de não fazer algo, é tão avassaladora quanto a compulsão de fazer. No alcoolismo, há
uma vontade irresistível de fazer algo: beber! Ao contrário, mas igualmente potente, é a compulsão
por não fazer. Nós, procrastinadores, parecemos receber uma ordem espiritual negativa para não
fazermos algo, geralmente precioso para nossas vidas. Nossa vontade é esvaziada por uma tirana
prostração compulsiva, traduzida em uma total falta de energia para agir. Por mais que o alcoólatra
saiba dos destroços do alcoolismo, continua a beber. Por mais que saibamos dos destroços
causados pela nossa falta de atitude, continuamos a não fazer.
Sozinhos e sem ajuda de P.A., perderemos progressivamente a força para lutar por nossas
vidas, até afundarmos de vez no mar da procrastinação compulsiva, sem conseguirmos sequer
darmos uma única braçada.
Outro ponto importante a se compreender, é que toda adicção (vício), divide-se em:
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Prazer e Sofrimento - droga e consequência

Sem um destes dois fatores, este conceito parece cair por terra, pois ambos completam o
vício. Um alcoólico sente um prazer imensurável no consumo de álcool, mas ao acordar no dia
seguinte e perceber o estrago feito em sua vida, corrói-se em extrema dor, que apenas passará
com o próximo porre. O viciado em compras, por sua vez, sente enorme satisfação em comprar o
que lhe proporcionar maior prazer imediato, porém, na hora de olhar seu saldo, maior sofrimento
não há. Muitos, perdem de vez a coragem de verificar seus estratos bancários. Mas como isso
funciona exatamente, na procrastinação?
Sabemos que os vícios e suas respectivas compulsões (repetições) nos fazem escapar do
momento presente. Agora, prestemos bem atenção: a droga aqui é a fantasia, e o sofrimento é
representado pelo drama e a tensão. Somos viciados na fuga, e no que isto nos traz de dor. A partir
desta informação, podemos entender com clareza, porque redes sociais, seriados de tv e
relacionamentos são considerados os principais ladrões de nosso tempo. A verdade é, que para a
maioria de nós, nada parece fazer sentido no mundo real, se não estivermos conectados com a
espiritualidade da recuperação. Procrastinamos como uma forma de não estarmos presentes em
nossas vidas. Procrastinamos para aliviar nossa imensa dor de viver. Procrastinamos para
esquecer dos destroços causados por nossas famílias disfuncionais. Procrastinamos por não
acreditar que um Deus amantíssimo possa verdadeiramente realizar nossos sonhos.
Por sermos portadores da doença da adicção, o ato de procrastinar é a apenas a forma
particular que nosso vicio adotou, causando-nos uma falsa excitação na vida. Algo em nós, parece
apreciar a maneira masoquista de sentir prazer na tensão criada, ao esperarmos até o último
momento para concretizarmos nossas responsabilidades. A angústia gerada pelo medo de não
conseguirmos vencer, é suplantada pelo alívio alucinante da vitória concretizada no último instante.
Esta sensação parece gerar tanto prazer quanto ao êxtase das drogas. Este comportamento aciona
nosso sistema de recompensas, nos fazendo sentir milagrosamente "vitoriosos". Porém, tal
sensação conta com um prazo limitado de alegria, já que a falta de paz baterá novamente a nossa
porta, exigindo maior reforço ao vício!
Portanto, o ponto crucial da procrastinação está longe de ser a preguiça, falta de força de
vontade, ou falta de autodisciplina. Há na verdade, um ciclo vicioso que parece aliviar o tédio
causado por sucessivas derrotas e falta de realização pessoal, por sua vez causadas por antigas
procrastinações.
Por mais assustadora que seja, toda essa enorme dificuldade encontra a sua solução,
através das reuniões de tratamento de P.A. Algo maior, parece conseguir quebrar o encanto que
por tantos anos nos fizera adormecer. Algo maior tem todo o poder de remover a violenta obsessão
pela inércia. Isso nos faz lembrar da história de Walt Disney, onde a Princesa chamada Bela
Adormecida, dormira por 100 longos anos após ser enfeitiçada por uma bruxa. Mas aqui, o príncipe
que tem todo o poder para quebrar nosso o encanto com seu doce beijo, é mesmo aquele que
encontramos no Segundo Passo de Procrastinadores Anônimos: um Poder Superior a nós
mesmos, amantíssimo, que jamais pensou em nos deixar sozinhos.

A PROCRASTINAÇÃO E OUTROS VÍCIOS


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Quando a procrastinação chega em um estágio muito avançado, é possível que o desejo


intenso de escapar dos afazeres, possa conduzir a pessoa à outra adicções (vícios), como internet,
jogos, e pornografia compulsiva, alcoolismo, dependência química, comer compulsivo etc.

A química da procrastinação
Como dissemos, procrastinação é normalmente causada pela associação de dor ou
desconforto a alguma possível ação, causando stress ao seu portador. Este pode ser físico (como
o experimentado durante o trabalho duro ou exercício vigoroso) ou psicológico (frustração ou
ansiedade). A tarefa, ou a situação que requer a tarefa, pode ser percebida como perigosa,
dolorosa, esmagadora, difícil, tediosa, desconfortável ou chata. Em todos os casos, ela causa
stress aquele que possua uma tendência a procrastinar. Uma vez habitualizada, a procrastinação
pode ser acionada a qualquer momento, vez que torna-se uma batalha entre nosso sistema límbico
(a parte inconsciente e automática do cérebro responsável por nossos instintos) e o córtex pré-
frontal (a voz da nossa razão). Quando somos confrontados com uma tarefa que não gostamos por
alguma razão, nosso sistema límbico e nosso córtex pré-frontal começam a lutar entre si. Muitas
vezes, é o sistema límbico que ganha a árdua batalha. E assim, mais uma vez, decidimos deixar
para amanhã o que poderíamos fazer hoje.

A PERSONALIDADE DO PROCRASTINADOR

"A procrastinação torna as coisas fáceis difíceis, e as coisas difíceis mais difíceis." – Mason
Cooley
Quando pensamos sobre o procrastinador, podemos imaginar que ele seja alguém que não
goste de trabalhar, estudar, gastando seus dias em eventos e hábitos fúteis. Porém, há muitos
procrastinadores que trabalham, cuidam de suas famílias, sendo inclusive muito bem-sucedidos
em seus negócios. Mas o que todos têm em comum, é a falta de habilidade emocional para alcançar
um pleno potencial em suas vidas. Deixar prazos para a última hora, deixar o importante para
segundo plano, podem ser uma das atitudes que atrapalham em muito, as suas vidas.

Os Tipos de Procrastinadores:

1. O relaxado – este tipo de procrastinador costuma ver as suas responsabilidades de maneira


negativa, e para evitá-las, direciona a sua energia a outras tarefas. Sente-se sobrecarregado com
a pressão das responsabilidades, é irrealista sobre o tempo, incerto sobre seus objetivos. Além
disso, tende a se recusar a comprometer-se com outras pessoas em projetos, sabendo em seu
íntimo, que irá abandoná-los em algum momento.
2. O medroso- este procrastinador, geralmente, é acometido pela incerteza. Para ele, saber o que
fazer a seguir é assustador. Atrasar uma tarefa torna-se uma maneira adiar ou evitar lidar com esse
medo. Costumam também, fugir do desconforto de passar por uma tarefa desagradável ou
desafiadora, por estar quase sempre muito preocupados com o que os outros poderão pensar.
Fogem do medo do fracasso ou, às vezes, do medo do sucesso.
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3. O buscador de emoções / estressado - Há também, o procrastinador que procura a emoção


através do stress, e acaba sempre cumprindo suas tarefas mediante coação. Costumam entregar
seus trabalhos em cima do prazo, apenas para liberar adrenalina, de maneira inconsciente. Este
tipo de procrastinador tem a sensação ilusória de se sentir prosperando apenas quando sob
pressão. Fato é que está sempre muito longe de realizar todo o seu potencial, vez que na verdade,
investe tão pouco de seu tempo em seus projetos.
4. O indeciso - O procrastinador indeciso simplesmente não consegue tomar decisões.
Geralmente, este é um resultado do medo de ser responsabilizado por um eventual resultado
negativo. Este tipo de procrastinador foge de responsabilidade. Afinal, se ele não tomar uma
decisão, não se culpará pelo fracasso.
5. O ocupado - este tipo de procrastinador considera-se sempre muito ocupado para conseguir
finalizar sua lista de tarefas. Tudo lhe parece igualmente importante e eles simplesmente não
consegue decidir o que fazer primeiro. Escolher apenas uma tarefa significaria culpar-se por não
fazer as outras. Assim como no caso do Perfeccionista, o procrastinador ocupado pode realmente
começar um trabalho, mas não conseguirá terminá-lo. O foco aqui é a extrema dificuldade de
priorização.
6. O Perfeccionista - definir padrões elevadíssimos de perfeição para si mesmo, é a marca
registrada deste procrastinador. Torna-se sempre sobrecarregado, por gastar mais tempo do que
o necessário na realização de suas tarefas. Costumam iniciar suas tarefas, mas encontram extrema
dificuldade de terminá-las, por não conseguirem obter expectativas realistas.se não puderem fazer
algo perfeitamente, então será melhor que nada seja concluído. A este tipo de procrastinador,
daremos maior ênfase a seguir.
7. O fóbico – este tipo de procrastinador foge de certas situações e atividades, por um medo
irracional e irresistível de enfrentá-las. Geralmente, é diagnosticado pelos médicos como uma
pessoa fóbica.

A PROCRASTINAÇÃO E O PERFECCIONISMO

Para o espanto de muitos, há uma ligação direta entre a procrastinação e o perfeccionismo.


Mas o que vem primeiro, a procrastinação ou o perfeccionismo?
O perfeccionismo, pois este leva à procrastinação, como explicamos acima. Esta afirmação
poderá nos soar estranha no início, pois como pessoas aparentemente confusas e que adiam tudo,
prezariam pelo perfeccionismo? Muitos de nós, procrastinadores, não percebemos que somos
perfeccionistas, pela simples razão de que nunca fizemos qualquer coisa perfeitamente, ou
chegamos sequer perto disso. Não lembramos sequer, de termos sido elogiados por que motivo.
Nós pensamos, muito erroneamente, que ser perfeccionista implica em ter cumprido alguma tarefa
com perfeição. Mas este é um mal-entendido da dinâmica básica do perfeccionismo. Um
perfeccionista não é uma pessoa perfeita, mas por alguma razão inexplicável, espera ser capaz de
produzir coisas perfeitas e fica extremamente frustrado e irritado, quando não consegue realizar o
impossível.
Acontece, porém, que o perfeccionismo é uma questão de fantasia, não de realidade. Aqui
está como ele funciona: Toda vez que alguém pedia a Marcio que fizesse algo, ele aceitava a tarefa,
e imediatamente seu padrão de fantasia entrava em ação. Uma vez, um editor o pediu para
escrever um livro. Ele começou a se imaginar escrevendo um livro maravilhoso, e teve realmente
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ideias muito boas. Visualizou os elogios, vendas e toda a glória que seu livro poderia lhe dar. Mas
por que essas fantasias? Talvez seu pai não o tenha elogiado o suficiente quando criança. Ou
talvez o tenha elogiado ou incentivado demais e desproporcionalmente, dando-lhe um carro zero
por ter passado de ano, ainda que raspando. Talvez essas fantasias tenham vindo da infância difícil
que teve, presenciando muita desestrutura emocional em casa, onde só sentia paz e prazer,
quando deitado em sua cama, de olhos fechados, sonhando acordado estar longe dali, realizando
grandes sonhos, como ser um astro de rock muito famosos. É assim que nasce o padrão de
fantasia, onde sempre seremos felizes e bem-sucedidos, nossos sonhos serão realizados sem dor,
onde a vida se passa em um filme mental, guiada pelo Deus da Ilusão. Este padrão destrutivo pode
vir a gerar o perfeccionismo no sentido mais profundo. Alimentamos a fantasia de fazer as coisas
perfeitamente, ou pelo menos, extremamente bem.
Como a fantasia da perfeição pode alimentar procrastinação? Bem, não é tão fácil fazer as coisas
perfeitamente. A fantasia de perfeição cria em nosso inconsciente, inúmeras exigências, que
fatalmente irão nos levar a muita agitação emocional e demasiada cobrança interna. Aprendemos
a gastar horas inúteis nos dedicando a minúcias inúteis, tornando nossos trabalhos exaustivos,
complicados, e muito mais difíceis de serem completados, do que aquelas pessoas que
simplesmente, não se exigem tanto. Mais uma vez, nosso ego de fantasia deu a luz ao ego de
perfeccionismo, e tornou impossível a conclusão de nossos sonhos. Fomos incapazes de agirmos
com simplicidade e humildade, e não conseguimos compreender e aceitar que um trabalho menos
perfeito teria muito mais chance de obter sucesso.
Nossa fantasia nos educou de maneira perfeccionista, onde tínhamos que ser os melhores,
mais bem-sucedidos e mais felizes, pois era assim que vivíamos em nossos sonhos. Tínhamos a
sensação de o mundo real era o ilusório, e que viemos viver nele após certa idade, como
extraterrestres em um mundo, onde as coisas tem um tempo limitado para acontecer. Nós temos
um tempo limitado para acontecermos! Bem, não é preciso dizer, que após nos enrolarmos na teia
da confusão mental do perfeccionismo, começávamos a nos sentir desanimados. Exaustos,
abríamos o nosso baú de frustrações, e jogávamos lá mais uma obra inacabada, para contribuir
um pouco mais com o crescimento de nossa baixa autoestima.

AS CRENÇAS IRRACIONAIS DA PROCRASTINAÇÃO

Não nascemos procrastinadores. A procrastinação é aprendida no meio familiar, de forma


indireta. É uma resposta a um estilo autoritário de parentalidade. Ter um pai severo e controlador,
por exemplo, impede a criança de desenvolver a capacidade de equilíbrio emocional, de escolha,
e de decisão.
Toda dificuldade emocional, esconde crenças irracionais e irrealistas, que as compõe. Há 4
tipos de crenças dessas crenças que influenciam o processo da procrastinação. São elas:

1.Crenças Radicais:
Este comportamento pode vir de simples palavras desincentivadoras das pessoas mais
próximas a nós. Algum de vocês já escutou de algum familiar, na infância ou adolescência, algo
como “sua ideia é bacana, mas quero ver é se dá dinheiro! ” É possível que tenhamos sido criados
ou convivido com pessoas que possuíam pensamentos radicais ou derrotistas, e não percebemos,
que precisávamos nos defender, colocar um limite em suas ideias, que se viravam contra nós como
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armas letais, mesmo que o fizessem de maneira inconsciente e sem intenção de prejudicar-nos.
Porém, de boas intenções o inferno está cheio, e fomos atingidos mesmo assim. A falta de elogios
na infância e críticas excessivas e destrutivas podem ter sido as grandes responsáveis pelo início
pelo surgimento de nossa procrastinação. Outra grande causa é a violência verbal ou física dentro
de casa. As brigas dos pais, na frente das crianças. EX: clara era um bebe calmo e feliz. Acordava
todos os dias sorridente, de ótimo humor. Era um bebê organizado, pois costumava sempre guardar
seus brinquedinhos dentro das caixinhas deles, e os colocava no armário, com a ajuda de sua mãe,
que ficava sempre feliz e orgulhosa ao perceber as qualidades da filha. Porém, as brigas de seus
pais eram semanais, e violentas, clara, como todo bebe, se assustava, e sabia que aquilo não era
algo bom. Se acostumou a chorar por tristeza logo cedo. A vida em casa mostrou-lhe que a tristeza,
medo e raiva deveriam fazer parte de quase todos os seus dias, adquirindo assim, o vício de se
sentir triste. Como se tamanho estrago não fosse suficiente, Clara começou a acordar mal-
humorada, e após suas brincadeiras, deixou de guardar seus brinquedinhos em suas respectivas
caixas, deixando-os jogados no chão para a mãe arrumar. Perdeu assim, o senso de organização,
e arrumação, pois tais atitudes não combinavam mais com sua mente confusa. A arrumação de
nossa casa é um reflexo da mente. Assim, Clara cresceu confusa, e adquiriu o hábito da
desorganização. Exemplo de ideias radicais: meu filho, você não percebe que vai jogar sua vida
fora, se escolher ser músico? O que dá dinheiro é medicina, engenharia, e principalmente, concurso
público. O resto é derrota garantida! Nós, que somos brasileiros, podemos lembrar da história dos
cantores Zezé de Camargo e Luciano, belissimamente contada no filme “os filhos de Francisco”,
onde o pai, humilde e sem recursos, não só os encorajava, mas por vezes, gastou grande parte do
dinheiro de seu trabalho suado, em fichas telefônicas, para ligar para as rádios, pedindo para ouvir
as músicas de seus filhos, como se fosse um ouvinte desconhecido. Além disso, distribuía as fichas
para outras pessoas, e lhes pedia o favor de fazer o mesmo. Assim, os filhos conseguiram vencer
na vida, não só por serem bons, o que muitos outros são, mas pelo incentivo e autoconfiança
passada do seu pai e educador, um homem positivo, que acreditava que as pessoas pudessem
vencer na vida fazendo o que amam. Francisco era um incentivador de sonhos. A realidade é um
grande liquidificador, onde colocamos os ingredientes da fé, dons, crenças racionais e saudáveis,
e elevada auto estima, e organização. O botão que devemos apertar para misturar estes
ingredientes se chama ação. Francisco era um realista.
Assim, precisamos aprender a “amar nossos vizinhos, mas colocar nossas cercas”,
Ou seja, colocarmos limites nas pessoas, fazendo um desligamento emocional de todas as
que costumam nos desencentivar, mesmo que com pequenas frases aparentemente, inofensivas.
Não podemos e não merecemos mais, abrir nossa guarda para que decide continuar a prosseguir
na vida com crenças negativas, radicais, intolerantes e depreciativas. O reflexo de aceitarmos estas
crenças em nossas vidas é o efeito da energia sabotadora, que nos leva a sentir preguiça e falta
de vontade de prosseguir.
Acabamos por nos tornar engenheiros de projetos inacabados.

2.Crenças baseadas no medo irracional

Estas crenças estão profundamente ligadas ao vício de infelicidade. Tememos o sucesso,


tememos a vida. A psicologia diz que todos em certo grau, tememos a morte. Mas qual a razão
deste medo? Sabemos que um dia a vida acabará. Muitas pessoas não fazem certas coisas terem
medo de se arriscar, e isto é compreensível. Mas o que muitas vezes não percebemos, é que
também temos medo da vida. Temos medo de ter sucesso, pois este poderá nos levar a uma
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situação de muita responsabilidade, frustrações, críticas, etc. Fugimos de nossa existência e de


sua razão, traduzida em nossos dons. Obrigatoriamente nascemos, obrigatoriamente iremos
morrer. O que fazer então? A resposta é um equilíbrio entre estes dois. Por não deveríamos ter
medo de morrer, uma vez que somos completamente impotentes a esta realidade, pois nos é
permitido nem escolher a hora de nossa morte. Qualquer regra na vida tem uma explicação, a qual
não poderia faltar para essa impotência: este não é nosso encargo, ou melhor, não é da nossa
alçada, e sim de Alguém Maior que nós (ou da vida, para quem crê apenas na força da natureza).
Assim, fica claro como água cristalina, que há coisas na vida que não são determinadas por nós,
que só podemos fazer nossa parte, como cuidar da saúde, etc.
Mas se a hora de nossa morte vem de um lugar sagrado, de onde será que vêm as bênçãos,
sucessos e realizações? Aqui também, podemos fazer nossa parte, sendo responsáveis pelo
esforço, mas será que somos responsáveis também pelo resultado?
Podemos cuidar de nossos corpos e ainda assim, morrermos antes de pessoas que mal se
cuidam. Não é o comum, mas já vimos acontecer. Parece-nos que também o resultado de nossos
esforços não está em nossas mãos, e sim nas do mesmo Ser Sagrado que determina nosso
nascimento e morte. Então, percebemos haver duas escrivaninhas: a nossa e a de Deus. Nós
ficamos responsáveis pelo esforço e Ele, pelo resultado. Plantamos nosso jardim e Ele nos manda
as borboletas e nunca o contrário.
Assim, não podemos viver fugindo da existência, nos recusando a fazer nossos esforços.
Simplesmente, não nos cabe sequer saber se os resultados serão o que esperávamos. Precisamos
fazer a nossa parte, colocar em ação apenas os afazeres que estão em cima da nossa escrivaninha
e parar de querer resolver a papelada que está na escrivaninha divina. Qual o lugar certo em que
a alma deveria estar? Não depende de nós viver ou morrer. Por isso, não devemos estar muitos
preocupados com isso. Por que ter medo do sucesso, se as coisas boas também vêm de Deus e
não de nós? Apenas vivamos, adiando os pensamentos negativos, até que decidam nos abandonar
de vez. Quando eles baterem a nossa porta, podemos dizer-lhes: hoje não, voltem amanhã. Um
dia, desistirão, pois entenderão que na casa de nossa vida, não tem pão velho para alimentá-los.

3.Crenças de baixa tolerância à dor e frustração

Sensação de ter que fazer algo chato e desconfortável. – Tentativa de não entrar em contato
com o sentimento ruim que surge ao pensar em fazer a tarefa. Então deixamos para depois,
sentimos um alívio momentâneo que está longe de ser verdadeiro, por que no fundo, sabemos que
temos que fazer isto. E isto cria ansiedade, e esta cria a inquietação física e mental, leva à confusão
e paralisia, e isto se torna um círculo vicioso para gerar ainda mais procrastinação. Porém, há
técnicas para se remover esta sensação de ter que fazer algo chato, e assim, conseguiremos
encarar a tarefa com um sentimento de paz. Outra grande emoção que está incluído nas crenças
de baixa tolerância à dor e frustração, é a culpa. Sentimento de culpa levam a processos de
autopunição. E uma das melhores formas de se punir é deixar para depois coisas que poderiam
melhorar a nossa vida. A culpa gera um sentimento de que não merecemos vencer na vida, ou de
que não merecemos coisas boas. A verdade é que muitos de nós não nos sentimos bons seres
humanos. Não perdoamos os erros do passado, e achamos que não teremos direito de ganhar
bênçãos em nossas vidas. Acontece que Deus não é punitivo e não nos ama menos, porque
fizemos algo errado, mesmo que tenha sido sério. O importante, é demonstrarmos arrependimento
sincero, pois Ele releva o coração aflito de arrependimento. O que vale, é que entendamos de que
no passado, fizemos algo errado, pelo fato de não possuirmos sabedoria e conscientização que
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temos hoje. E o que importa para Deus, ou para o Universo (como preferirem), é que evoluímos,
que tomemos atitudes cada vez melhores, que sejamos menos egoístas, e não a perfeição.
A perfeição é a crença dos adoecidos espiritualmente, pois exigem um comportamento
magnífico de seres errantes e aprendizes. Assim, a procrastinação e o sucesso na vida estão
diretamente ligados à falta de auto- perdão, ao que concluímos haver uma proporcionalidade entre
os dois. Quanto mais eu aprender a me perdoar, mais me libertarei das garras da frustração. Uma
forma de corrigir o passado, é ensinar as pessoas que ainda possuem a mesma dificuldade
emocional. Assim, transformamos o nosso passado em remédio para os outros, e o que foi tão ruim
e prejudicial, poderá ser convertido em luz solução e luz espiritual no caminho de nossos próximos.
Ex: Alessandra, em sua juventude, fez vários abortos. As justificativas eram as mais
convincentes possíveis: falta de dinheiro, falta de condição emocional para colocar aquele ser
humano inocente no mundo, ainda não havia se formado, não poderia criar um vínculo com um
homem tão destrutivo, o que tinha percebido apenas nos últimos meses de relação, etc. A verdade
é que, mesmo mudando de namorados, Alessandra nunca se protegia corretamente, e engravidava
novamente. Após 8 abortos, entrou em crise, anos mais tarde e começou a se julgar uma assassina
de bebês inocentes. Se apunhalava em culpa, vendo fotos de fetos na internet. Achou que Deus
não havia aprovado seus assassinatos e chegou à conclusão de que o melhor lugar a estar era na
prisão, e que não tinha direito a realizações, sucesso, a amores e nem a qualquer tipo de benção
em sua vida. Sua autoestima havia se esvaído pelo ralo. Foi então que recebeu uma ajuda que
parece ter vindo dos “céus”! Um dia, sentou-se num banco de praça a chorar, quando uma mulher
na faixa dos 40, aproximou-se perguntou se lhe podia ser útil. Ela desandou a desabafar-se e a
mulher, enchendo os olhos d’água disse: “não foi à toa que me aproximei de você. Eu fiz quase 10
abortos em minha vida, e não posso mais ter filhos, quando amadureci, mesmo que tardiamente, e
percebi meu egoísmo. Tive muitas vezes, vontade de retirar minha vida, pois pensava que era o
mínimo que poderia fazer, de tanta culpa torturante. Mas felizmente, fui levada a um centro espírita,
que ao invés de me reiterar o pensamento de pecado, encaminhou-me à ala dos bebes órfãos,
onde várias mulheres os davam amor, brincando, beijando-os e alimentando-os. Aceitei o convite
antes que fosse feito, e a partir daquele dia, comecei a cuidar deles como se todos fossem meus
filhos.
Tornei-me a coordenadora daquela sessão e me dediquei a trabalhar com crianças órfãs.
Desenvolvi um trabalho com futuras mães solteiras e grávidas, contando-lhes o meu passado como
exemplo de falta de enfrentamento. Disse-lhes que a trilha mais longa e dolorida é sempre a que
nos traz mais serenidade e felicidade, e pude ajudar muita gente a sentir a própria gravidez como
uma dádiva, e não um peso. Hoje, não sei explicar o que sinto, mas meu coração é feliz e iluminado,
e sei que Deus me ama e deseja que eu O mostre minhas realizações. Você aceitaria meu convite
para conhecer os bebes órfãos? ” Alessandra respondeu sorrindo, enxugando as lágrimas
aliviantes: “poderíamos ir lá agora? ”

4.Crenças de auto depreciação

Essas crenças podem ter sido formadas, assim como as crenças radicais, pelo ensinamento
radicais e críticas destrutivas (negativas, ofensivas, violentas, em excesso), ou pela falta de elogio
que recebemos na infância.
Assim, nos acostumamos a repetir tais comportamentos em nós mesmos, nos auto criticando
excessivamente, e nos outros, desenvolvendo o hábito de colocá-los para baixo, com nossos
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pensamentos pessimistas. Assim, quando algo que esperávamos não saia conforme planejamos,
pegávamos nosso velho chicote da auto depreciação, e batíamo-nos com ele, dizendo: “mais uma
vez fracassei, e isto é uma prova do meu baixo valor como ser humano e de minha falta de
capacidade. Para os outros, insistíamos em dizer: não sei se este seu projeto vai dar certo. Ainda
não vi você acertar uma só vez! ”

OS 10 SINAIS DA PROCRASTINAÇÃO:

1. O desapontamento se tornou um modo de vida. Constantemente, decepcionamos outras


pessoas e nós mesmos por não manter nossas promessas.
2. Encontramos enorme dificuldade em começar novos projetos, ou em fazer a transição de um
projeto para outro.
3. Temos um problemático senso de tempo, pois subestimamos ou superestimamos, cronicamente,
a quantidade necessária de tempo para completarmos uma tarefa.
4. Sentimos grande dificuldade em organizar projetos, deixando de dividi-los em etapas; Não
sabemos por onde começar, mesmo quando estamos dispostos a fazê-lo.
5. Somos consumados pela desordem em nossas casas e locais de trabalho.
6. Encontramo-nos regularmente atrasados para compromissos.
7. Estamos sempre pouco conscientes do que devemos fazer, ou achamos que deveríamos fazer,
e estranhamente desconectados daquilo que realmente queremos e precisamos. Não conseguimos
distinguir com clareza, o grau de importância das coisas.
8. Sentimo-nos desconfortáveis dizendo "não" aos pedidos de outros, e em vez disso, acabamos
nos atrasando e deixando de focar em nossos ideais e prioridades. Expressamos o nosso
ressentimento, através da resistência passiva de procrastinação.
9. Sofremos de resistência objetiva, fazendo qualquer coisa, exceto a única coisa que mais
precisamos fazer.
10. Costumamos pensar a curto prazo, concentrando-nos nos prazeres imediatos, ignorando o
nosso bem-estar a longo prazo.

A PROCRASTINAÇÃO ESTRUTURADA

“Qualquer pessoa pode fazer qualquer quantidade de trabalho, desde que este não seja o
trabalho principal. ” Essa citação mostra o que é a procrastinação estruturada. Procrastinadores
parecem ter enorme dificuldade de enxergar o grau de importância que as coisas possuem em suas
vidas. O ato de procrastinar não significa fazer absolutamente nada. Os procrastinadores raramente
são desocupados; apenas cumprem tarefas secundárias, ou marginalmente úteis, como adiar um
exame de saúde importante, para adiantarem a conclusão de um trabalho. As duas atividades
deveriam ter sido feitas, mas não há dúvidas de que sem saúde não conseguiremos trabalhar. E
por que agimos assim? Podemos ser motivados a fazer tarefas difíceis, oportunas e importantes,
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contanto que essas sejam uma maneira de não fazermos algo ainda mais importante. A
procrastinação estruturada significa moldar a estrutura das tarefas a serem feitas, com tanto que
consigamos inverter a sua ordem de relevância. Há pessoas que consideram isso uma técnica para
enganar a própria doença, pois a ação mais urgente fomentaria a segunda mais urgente, mas nós
consideramos tal prática, um verdadeiro autoengano.

As 3 maneiras de procrastinar

A procrastinação pode ser vista como o “comportamento da falta de um comportamento”.


Existem três maneiras de procrastinar uma tarefa: ignorá-la, fazê-la por último, ou fuga.
1. Ignorar: aqui, a tarefa é perdida para sempre, pois a sabotagem acontece com o ato de
ignorá-la. Novamente, o importante é adiado até que se torne urgente, e este, progride para o
irremediável.
2. Fazê-la por último: as tarefas mais fáceis / mais agradáveis tendem a ser feitas em
primeiro lugar. Quando há um trabalho grande a fazer, e uma lista longa de coisas a realizar para
que ele seja terminado, a tendência é trabalhar nas tarefas mais simples. Contanto que os itens na
lista estejam sendo feitos, o trabalho parece estar sendo desenvolvido, e o procrastinador embala-
se na falsa sensação de segurança. Esta abordagem torna-se um problema, quando todas as
tarefas fáceis são feitas, mas não há tempo suficiente para completar as tarefas mais difíceis e
importantes, por terem sido adiadas para o último momento! Além disso, novas tarefas alternativas
podem surgir repetidas vezes, de modo que a tarefa principal nunca será iniciada.
3. Fuga: o procrastinador, ao invés de batalhar para realizar seus sonhos, opta por escolher
gratificações de curto prazo, pensando que estas últimas poderão fazê-lo chegar ao que lhes faz
feliz. Isso os libera momentaneamente, da tarefa (estressante) que eles sabem que deveriam estar
fazendo, ou da situação com a qual eles deveriam estar lidando. Isso pode levar a um padrão de
dependência, onde mais quanto mais o procrastinador fuja, mais culpado se sinta por não fazer o
que deveria, criando mais stress que exigirá ainda mais fuga, levando-os a continuar a atividade
alternativa, sem que essa os traga felicidade e sensação de paz e plenitude.

A PROCRASTINAÇÃO COMO UMA FOBIA

Fobia é o medo ou aversão persistente e irracional de uma situação específica, objeto ou


atividade, que, consequentemente, são evitados com veemência ou sofridos apenas “com hora
marcada”. A situação evitada equivale à procrastinação. O que leva este tipo de procrastinador a
adiar ou evitar seus compromissos é o medo fracasso, vez que a finalidade da procrastinação é
protegê-lo de falha. Importante é dizer que este tipo de medo deriva do medo da rejeição, que por
sua vez, surge do medo da morte. Fácil então, fica a compreender porque muitas pessoas
portadoras de doenças crônicas e perigosas, procrastinam fazer seus exames. O medo exagerado
da morte as faz evitar entrar em contato com o enfrentamento. Portanto, a fobia pode ser um
componente de procrastinação e, portanto, passar despercebida como tal.
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A Procrastinação como um complexo emocional

Infelizmente, a procrastinação não é simplesmente um hábito, mas um padrão complexo de


comportamentos recorrentes, incluindo emoções, pensamentos e ações. Muitos deles são habituais
e precisam ser substituídos, lentamente, por novos hábitos. Listaremos abaixo, as principais
emoções, pensamentos e ações que formam o complexo emocional da procrastinação.
• Ansiedade para executar uma tarefa complicada
• Alteração constante de humor
• Medo da imperfeição
• Medo do fracasso
• Medo de sucesso
• Indecisão
• Confusão sobre o que é prioritário
• Tédio de exercer tarefas que precisam de dedicação e minuciosidade
• Falta de foco
• Falta de crenças positivas
• Má capacidade de organização
• Falta de habilidades técnicas
• Preguiça
• Falta de energia
• Indisciplina (ex: dormir e acordar tarde)
• Fadiga após o almoço
• Dependência excessiva de fatores externos

Os efeitos da procrastinação:

1. Capacidade de processamento consciente pequena, causando dificuldade em prever o que


poderia nos fazer felizes.
2. Dificuldade de estabelecer e cumprir metas realistas.
3. Fraca disciplina - Dificuldade de dar continuidade às tarefas, e de se manter em uma mesma
atividade.
4. Tendência a maximizar o sistema de recompensas, priorizando o que gera prazer, e não o que
é bom para si mesmo.
5. Sensação crônica de derrota.
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As consequências da procrastinação

As ideias de adiar fazer algo que deveríamos, pela simples razão de não estarmos com
vontade, ou de o acharmos desagradável e chato, já não pode mais nos enganar, a esta altura do
campeonato. Mais adiante, daremos algumas ferramentas para evitarmos atuar na procrastinação.
Entretanto, pensamos que a melhor maneira de atingirmos qualquer grau de cura ou modificação,
é através da conscientização das consequências de escolhermos permanecer nas garras da
doença, pois como já dizia Einstein, “insanidade é continuar a tomar as mesmas atitudes,
esperando por resultados diferentes. ”. Como o exemplo é sempre a melhor forma de ajuda,
optamos por substituir explicações teóricas pelos mesmos.

1. Oportunidades perdidas
Exemplos: Alguém compra o carro que o procrastinador desejava, por ter adiado fazer um simples
telefonema; outra pessoa patenteia uma invenção que o procrastinador pensou primeiro, pois
nunca se prontificou a ir fazer o registro.
2. Atraso
Estar sempre atrasado para reuniões, aparecer tarde em eventos especiais, e chegar atrasado para
um encontro amoroso, era a cara de Michel. Sempre costumava perder o início de um filme ou
teatro, e sentar-se em assentos ruins, por não sair da casa com antecedência.
3. Prazos perdidos
Ana perdeu um voo no aeroporto, por ter falado no telefone, exageradamente, antes de sair de
casa.
4. Irresponsabilidade para com os outros
Miriam não conseguia cumprir horários com as pessoas, e fez a melhor amiga chegar na última
música de um show, cujo ingresso foi caríssimo, por ter se atrasado ao sair de casa e buscar a
amiga com seu carro, conforme o combinado previamente.
5. Falta de precaução
Desnecessariamente, Milly adiou o conserto do aparelho de gás, que ainda estava fixado no
banheiro. Houve um escapamento de gás, causando a morte de um familiar, que estava tomando
banho, inocentemente.
6. Mal desempenho
O aluno Michael foi reprovado de ano, por ter esperado estudar apenas na véspera da prova final.
7. Problemas de carreira
Perder prazos de entrega de projetos, repetidamente, tornando improvável a sua promoção no
trabalho, correndo ainda o risco de ser demitido.
8. Despesas desnecessárias
Jandira sempre pagava juros, por nunca não pagar as contas em dia, mesmo que não lhe faltasse
dinheiro. Colocava as contas de luz e gás na bolsa, juntamente com o dinheiro, e não conseguia
entrar no banco para pagá-las.
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9. Dificuldades financeiras
Wander sentia-se incapaz de conseguir pagar as suas contas, devido ao “hábito” de adiar ligar ou
angariar novos clientes para seu negócio.
10. Problemas médicos
Clara sempre fazia uma visita dolorosa ao dentista, por não se programar com regularidade. Ivo
morreu de ataque cardíaco, pois não priorizava seu tratamento de saúde pessoal.
11. Insatisfação sobre si mesmo
Guto sentia-se depressivo, pois alegava não trabalhar por não fazer ideia de como recomeçar.
Porém, nunca tomava a iniciativa de começar qualquer curso, ou enviar qualquer currículo.
12 . Insatisfação dos outros
Eduarda, decidiu terminar o seu casamento, porque seu parceiro adiava procurar um
emprego melhor, para ajudá-la nas contas de casa.
Durante muito tempo, continuamos evitando ou desistindo de nossos sonhos, por aparente
falta de vontade, foco, confusão mental, e até desculpas, como por exemplo, a falta de tempo. Em
outras palavras, permitimos que a procrastinação retirasse o melhor de nós. Assim, ainda não
conseguimos tocar aquele instrumento musical que tanto amamos, não pudemos viajar tanto
quanto gostaríamos, por não ter conseguindo ainda dinheiro suficiente para fazê-lo. Além disso,
tivemos por diversas vezes, que encarar o fato de alguém muito próximo a nós, ter conseguido
realizar o sonho que tanto desejamos na vida, ou ainda obtido a promoção que precisávamos. A
boa notícia é que existem maneiras de lutar e vencer a procrastinação. Precisamos que a sensação
de derrota e a comparação doentia nos abandonem, e para isso, precisamos entender por onde
começar. Vamos usar nossa própria experiência em superar a procrastinação, a fim de nos
livrarmos dela?

FERRAMENTAS PARA SUPERAR A PROCRASTINAÇÃO:

1) Divida seus projetos: Divida os projetos em etapas específicas. A desistência de um projeto


muito longo poderá ser irresistível para o procrastinador.
2) Visualização: Planeje o que fazer, e imagine-se fazendo com sucesso. Quanto mais específica
e vívida sua visualização for, melhor. Veja-se fazendo a tarefa, e faça-a bem.
3) Identifique o incômodo: Tente detectar o que o incomoda na sua tarefa. Você a odeia ou sente
medo de alguma parte dela? Tente descobrir o sentimento desconfortável que você está evitando.
Saber o que está por trás da evasão, poderá ajudá-lo a ultrapassar a procrastinação. Verifique se
está tentando resolver problemas reais, ou medos irracionais.
4) Concentre-se em consequências a longo prazo: Procrastinadores têm uma tendência a se
concentrar no prazer de curto prazo, e fechar a mente para uma consciência saudável de alcançar
resultados a longo prazo. Lembre-se como irá se sentir novamente em pânico por não concluir mais
uma vez uma tarefa até o fim, e então imagine o quão leve e aliviado irá se sentir quando ela estiver
finalizada.
5) Planeje trabalhar em uma tarefa por um período de tempo definido: defina um prazo. Evite
deixar qualquer trabalho sem uma data certa para se encerrar.
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6) Use pequenos blocos de tempo: Procrastinadores sentem dificuldade em focar no que


realmente precisam fazer. Se agendarmos horários para fazer nossas tarefas, sentiremos a boa
sensação de vê-las progredir.
7) Evite o perfeccionismo: Procrastinadores têm uma tendência a gastar mais tempo em uma
tarefa, do que é realmente preciso. Às vezes, tais tarefas têm um tempo ideal para acontecer, e a
oportunidade será perdida, se isto não for respeitado. Observe essa tendência e pare. Algumas
coisas exigem a conclusão, não a perfeição.
8) Mantenha um registro do tempo: Aumente sua consciência do tempo, registrando o que você
está fazendo ao longo do dia. Esta é uma ótima ferramenta para verificar o bom aproveitamento do
tempo e seu rendimento. Assim, cada vez mais, nos tornaremos mais habilidosos e zelosos com a
duração das tarefas.
9) Desenvolver rotinas: Para ajudar a estruturar seu dia, e realizar as coisas em tempo hábil,
desenvolva rotinas desde a hora de acordar, decidindo tarefas regulares do seu dia de trabalho,
até a hora em que for dormir.
10) Respeite o seu próprio ritmo: o sacrifício, stress e a exaustão são um grande gatilho para a
próxima procrastinação. Evite se comparar com os outros, para não correr o risco de se esquecer
de quem você é.

UMA CURA DIÁRIA BASTANTE SURPREENDENTE

“Se eu tivesse insistido naquelas aulas de piano há três anos, hoje seria capaz de tocar
muitas músicas.
Se eu tivesse entrado na faculdade de psicologia naquela época que minha amiga entrou, teria me
formado com ela este ano e já estaria trabalhando, provavelmente, como ela está. ”
Mesmo que façamos todas as sugestões descritas aqui, ainda nos faltará um ingrediente especial
para nos livrarmos completamente da doença da procrastinação. Acreditamos haver uma
possibilidade de cura diária. Tudo o que precisamos fazer para alcançá-la, é perdoar-nos,
definitivamente.
Precisamos liberar nosso passado, pois não é saudável permitir que ele ainda nos defina.
Merecemos renascer nesta mesma vida, porque ainda há tempo para conquistarmos nossos
sonhos, enquanto estivermos vivos, se decidirmos abandonar nossos velhos chicotes da culpa.
Que nosso passado apenas sirva de ensinamento para nós mesmos e para os outros. E do que
precisamos para recomeçar, além de admitirmos nossa impotência perante a procrastinação
compulsiva? Do auto perdão! Isso mesmo, precisamos nos perdoar por termos procrastinado, e
perdido o tempo que julgamos ser necessário para concretizar nossos sonhos. Precisamos
entender que um Poder Superior a nós mesmos poderá reconstruir nossas vidas e nos dar ainda
grandes oportunidades, já que decidimos nos recuperar! É um ato de amor próprio,
compreendermos que estávamos doentes e que não pudemos fazer diferente, mas que agora,
Alguém pode nos devolver a sanidade.
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A culpa destrutiva é inútil e apenas faz parte da doença da procrastinação. A falta de paz e a
sensação de derrota não fazem parte da recuperação. Não fomos culpados, mas agora que
sabemos o que nos acontecia, temos responsabilidade de remover esta doença de nossas vidas.
A boa notícia é que não estamos mais sozinhos.
SOMOS O QUE FAZEMOS, NÃO O QUE FALAMOS

Um estudo sobre a disciplina

Conceito de disciplina - obediência às regras, aos superiores, a regulamentos. Ordem,


regulamento, conduta que assegura o bem estar dos indivíduos.
O termo disciplina vem do latim disciplinae, que significa “ação de se instruir”. Esta ideia
surgiu da prática da obediência dos discípulos aos seus mestres sem contestá-los. Ou seja, um
discípulo acatava e obedecia os ensinamentos de seus mestres sem qualquer objeção. Apenas
obedeciam e adaptavam tais práticas diariamente.
Cabe a nós, procrastinadores, nos perguntar o que estivemos fazendo com nossas vidas
durante os últimos anos de nossa procrastinação ativa. Será que estivemos obedecendo os
ensinamentos dados por nossos pais, professores, lideres religiosos, ou pelo menos, às regras
espirituais que sempre habitaram os nossos corações? Bem, a falta de disciplina em uma ou mais
áreas de nossas vidas certamente nos levou à bancarrota, pois a grande maioria de nós, chegou a
Procrastinadores Anônimos trazendo no peito, grande tristeza e sensação de impotência perante a
vida. Assim, chegamos à conclusão de que a melhor definição de disciplina para nós, seria:
Disciplinado é aquele que aceita trocar um prazer imediato por um prazer futuro! (mediato). Mas o
que significa isto?

A instalação do vício

A procrastinação compulsiva, como já afirmamos antes, é uma doença de adicção, ou seja,


um vício. Exige que seu portador entre em um ciclo vicioso de não fazer o que é importante, até
que um dia, este se torne urgente, e adiante, irremediável. Doença perigosa, que mata e faz matar,
é também progressiva, como toda e qualquer adicção. Assim, o compulsivo por não fazer, aprende
a viver do prazer imediato, aquele obtido por determinadas ações que nao o levam a lugar nenhum:
assistir séries de tv por tempo demasiado, deitar-se no sofá por horas durante. semana, conversar
por horas sobre futilidades no telefone, perder horas vendo a vida de outras pessoas em redes
sociais, sem que isto tenha uma utilidade para seu trabalho, dormir tarde apenas por mau hábito,
e acordar tarde e cansado, sem energia, também pelo mesmo motivo. Outro bom exemplo de
procrastinação é a falta de atividade física, crucial para o bem estar e disposição de qualquer ser
humano.
Tais práticas geram um prazer instantâneo, pois ensinam ao cérebro que isto é bom. Assim,
são liberados hormônios de prazer, chamados de dopamina. Cada vez que desperdiçamos horas
com essas e outras atividades inúteis, mais dopamina é liberada, e mais ações similares
procuraremos fazer. Passados alguns anos, acabamos por nos tornar 100% escravos da dopamina
gerada por tais rituais, que nos impelem a conviver cada vez mais com a inércia. Sem saber
exatamente o porquê de não conseguirmos mudar o rumo de nossas vidas, acabamos por aceitar
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esta empobrecida maneira de viver, acreditando que tais vícios sejam na verdade, os caracteres
de nossa personalidade. Mas não nascemos procrastinadores. Tornamo-nos assim, devido à
conjugação de fatores externos ligados à uma infância disfuncional, aliados à tendência genética
de contrair a doença da adição.

A saída

Como afirmamos acima, disciplinado é aquele que aceita trocar um prazer mediato pelo
mediato. Assim, aquele que aprende a renunciar o prazer imediato e comemora esta vitória, ensina
o cérebro a ressignificar o prazer. Este começa a gerar dopamina por abrir mão daquilo que faz
mal, para ter grandes resultados positivos, através da prática contínua de atividades, que num
primeiro momento, serão consideradas sacrificantes, mas que o levarão para uma vida de
prosperidade, saúde, felicidade e realização.
Um procrastinador em recuperação começa a não só a entender, mas sentir em seu
coração, que abdicar de deitar-se em seu sofá para estudar ou trabalhar mais uma ou duas horas
por dia, o levará ao descanso não em sua sala, mas talvez em uma praia no Caribe ou Nordeste.
E isso lhe trará dopamina, o hormônio do prazer. O sedentário sentirá que dormir e levantar mais
cedo lhe dará mais energia para querer se exercitar, e em pouco tempo, se sentirá muito mais bem
disposto e bonito, ao perceber a diferença física. O desfocado perceberá que se concentrar e insistir
em uma só atividade, sem desistir dela nas primeiras dificuldades, lhe trará muito mais prazer e
felicidade do que mudar de profissão ou estudo quase que anualmente. E assim, um dia de cada
vez, com a ajuda imprescindível das reuniões de PA, prática dos 12 passos, literatura e
apadrinhamento, outro não será o destino de um procrastinador em recuperação, senão o próspero,
pois seu cérebro terá sido totalmente ressignificado no conceito do que é prazer.

As duas portas espirituais para a disciplina:

1. Escolha a batalha que sua espada tenha condições de vencer.

Uma guerra é feita de várias batalhas. Não pretendemos, já de início, vencer a guerra toda. Isso
seria utopia. Quando ingressamos em PA, percebemos que nossa espada ainda é bastante curta.
Ela não enfrenta grandes batalhas. Assim, não assumimos enormes compromissos, como estudar
8 horas por dia para concurso, ou fazer atividade física diariamente, se nunca tivermos praticado
tais ações. Não mudaremos da noite pro dia. Procuraremos pequenos dragões para enfrentar. Eis
a importância de enxergarmos o nosso real tamanho e aceita-lo com atenção terna e carinhosa
para conosco, aposentado um dia de cada vez, os chicotes da culpa. Assim, uma caminhada no
quarteirÃo, uma dança de salÃo duas vezes por semana, uma hora de estudo diária, já será um
ótimo começo. Utilizando-nos dos princípios espirituais contidos no primeiro passo de PA,
honestidade, boa vontade e mente aberta, poderemos ir aumentando as horas e dias de nossos
novos rituais. O importante é criarmos novos e pequenos hábitos e conseguirmos mante-los.

2. Gere dopamina ao inverso. Passaremos a comemorar toda a vez que conseguirmos não ceder
ao prazer imediato, até que sintamos que nosso sistema nervoso central comece a registrar como
prazer, as atividades contínuas de disciplina. Precisamos entender que a disciplina funciona como
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um músculo. Quanto mais a treinarmos, mais ela se desenvolverá. E mais dopamina será liberada
em nossos cérebros or estarmos no caminho certo. Sim, passaremos a nos acostumar com uma
vida de bem estar. Regras são a nossa solução. Mas vejamos-as como espirituais. Pois é isto que
elas são.
Sugerimos escrever em uma agenda os novos hábitos a serem praticados, e mante-los em
pequenas rotinas durante 90 dias, 90 reuniões. Cada membro de PA poderá adotar para si novos
hábitos que consideram melhor, desde que entendam que é irreal escrever desde já uma lista
pronta. Deveremos nos lembrar de que nossa espada crescerá com o tempo em recuperação, e só
aí, deveremos nos arriscar em batalhas com maiores dragões. Identificamos entre nós, alguns
hábitos em comum que se tornaram imprescindíveis. Sao eles:
1. Colocar despertador para dormir antes da meia noite.
2. Colocar despertador para acordarmos cedo. Alguns de nós, depois de muitas 24h de
recuperação, adotamos hábito de acordar antes mesmo das 6 da manhã.
3. Apos acordar, adquirimos o hábito de orar e meditar por no mínimo 10 minutos. Passamos mais
5 minutos repetindo diariamente afirmações positivas sobre nossa saúde, potencial e realização
de sonhos.Tomamos um saudável café da manhã e fomos fazer exercícios físicos de 20 a 40
minutos.
Tais práticas , podemos confessar, mudaram por completo as nossas vidas, pois pela
primeira vez, nos sentimos radiantes e completos espiritualmente.

Os 4 pilares da disciplina:

Em PA, aprendemos com os membros mais antigos a praticar os 4 pilares da disciplina. São
eles:

1. Desejos essenciais. Estes são os nossos mais puros desejos. Fomos acostumados desde
muito cedo a negar nosso verdadeiros desejos. Se queríamos ser palhaços de circo, é possível
que tenhamos aprendido que esta seria uma profissão ridícula e que não nos levaria a lugar
nenhum. A arte da palhaçaria, sérissima que é em sua técnica, importância de revelar os erros
da vida pelo olhar suave do auto-perdão, e missionária em alegrar os corações humanos,
passou a ser encarada como algo bizarro e fora de contexto social. Se queríamos ser para
sempre independentes, nos foi ensinado que o conceito de felicidade era desde cedo constituir
família e até ter filhos sem antes conseguirmos nossa independência financeira. Sim,
aprendemos que felicidade é precisar do outro. Pois bem, em recuperação, aprendemos a nos
conectar novamente com nossos desejos essenciais. Quem somos nós? Pelo que nossas almas
anseiam, verdadeiramente? E assim, anotamos em um papel.
2. Metas - a segunda etapa foi transformar nossos desejos essenciais em metas. Como
poderíamos realizar nossos sonhos? Em que curso nos matricular? Como faríamos para pagar?
Ajudaria acordar mais cedo para trabalhar? Como fazer para emagrecer, se ter um corpo bonito
fizesse parte de nosso desejo essencial? Em quanto tempo gostaríamos de comprar uma casa?
Como poderíamos fazer isso? Assim, começamos a traçar nossas metas com nossos
padrinhos. Eles nos sugeriram fazer um método chamado "Estrada de Volta”(Road Map).
Dissemos a eles, por exemplo que em dois anos gostaríamos de ganhar um salário de X reais,
trabalhando apenas naquilo quem que gostamos. assim, eles anotaram em um papel. Depois
eles foram voltando mês a mês no tempo, escrevendo em cima do mês/ano, o que fizemos ali,
para no mês seguinte estarmos ganhando mais ou estarmos caminhando rumo ao nosso sonho.
Fizeram nesta pratica conosco, até chegarem no mês em que na realidade nos encontrávamos.
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Exemplo figurativo:
jan/2020- ganho 6 mil reais e sou dona de um salão de beleza de sucesso.
dez/2019- ganho 4 mil reais e estou investindo em novas técnicas.
……
Ago/2019- ganho 3 mil reais e estou fazendo mais cursos, selecionando pessoal de alto nível,
investindo em divulgação e marketing.
……
Jan/ 2019- ganho 2 mil, mas consegui abrir meu sala de belezas devido às minhas economias,
cursos que investi e cartela de clientes que fiz.
dez/2018- estou investindo em cursos para aprender tintura de cabelos e cortes. Vou juntar uma
quantia certa por mês.
junho/2018-sou manicure de um salão, ganho um salário mínimo, mas sonho em ter o meu sala de
belezas um dia.

Plano de ação
A terceira etapa foi transformar nossas metas em realidade. Depois de termos escrito nossa
“estrada de volta”com nossos padrinhos e traçado nossas metas, temos um quadro agora anotado
com tudo que devemos fazer em cada mês, nos próximos anos. É claro que modificações podem
haver, mas nosso plano de ação está pronto para começar. Então, se escrevemos que em janeiro
de 2019 deveremos fazer um curso com o dinheiro que juntamos nos meses anteriores, chegou a
hora de nos matricular. E assim, iremos adiante em nosso plano de ação.

Agenda bloqueada

Bloqueie sua agenda de invasores! Aprenda a colocar seu plano de ação numa agenda.
Familiarize-se com uma agenda. Ame e case-se com uma agenda. Ela é imprescindível para nossa
recuperação. Sugerimos que diariamente você escreva afazeres diários nela, ao invés de papeis
soltos. Estes deverão ser enterrados nos cemitérios de nossa desorganização passada. Escreva
tudo que fará no dia e lacre, bloqueie de invasores. Pessoas, hábitos e testes espirituais aparecerão
para tentar modificar sua agenda diária, mas lute para não permitir. Honre seus compromissos
como honra a Deus e a seus pais. Eles são os pais de seus sonhos, sua saúde, sua prosperidade
e de sua verdadeira felicidade. Eles são os melhores amigos do tempo. Deus é fonte de todas as
bênçãos e nos deseja plenitude em todas as áreas de nossa vid. Nosso ego é a única cortina capaz
de impedir que essas bênçãos caiam sobre nós. Uma das grande maneiras de interromper o ego,
em forma da doença da procrastinação é honrar a nossa agenda. Passamos a enxerga-la em
recuperação, não mais como um caderninho decorado e chato, mas como as folhas espirituais que
dirão como serão os dias de nossas vidas, que jamais voltarão. então, está na hora de aproveita-
los da melhor maneira possível. Nossa vida é traçada por Deus, mas escrita pela disciplina que
escolhemos ter! Afinal de contas, somos o fazemos, e nao o que falamos!
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O TEMPO NÃO PARA - SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

O mês de setembro é mesmo assustador. Quando nos damos conta, a metade do ano já
se foi, e estamos nos encaminhando para mais um final. Durante anos, nós, procrastinadores,
fomos assassinos em potencial do tempo, deixando tudo para depois, e assim, até o próprio depois
acabou passando. Ao ingressar em Procrastinadores Anônimos, confessamos que a sensação que
tivemos em muito se assemelhou com a da personagem de Walt Disney, Bela Adormecida, que
acordou após 100 anos de um poderoso feitiço. Mas o que fazer, quando acordamos
espiritualmente para a doença da procrastinação e nos damos conta de que anos ou até mesmo
décadas se passaram e nada fizemos? Como retomar nossas vidas? Será que ainda tem jeito? E
se a profissão de nossos sonhos dependessem de idade, como no caso do futebol? O que fazermos
com a sensação imensa de culpa e fracasso?

A adaptação do sonho

Nuno tinha um sonho desde pequeno. Queria ser jogador de futebol. Apesar de ser muito
bom de bola, sua mãe nunca aceitou a ideia. Dizia que isso era profissão de pessoas que não
estudam e que seria muito difícil conseguir fazer uma boa carreira, e que o melhor seria cursar uma
carreira de advocacia. Mas ele detestava direito, e nada tinha a ver com aquilo. porem, após anos
de lavagem cerebral de sua mãe, ameaçando-o com ideias de pobreza, Nuno acabou desistindo
de si mesmo ao esbarrar nas primeiras dificuldades. Formou-se então em Direito, e acabou por se
tornar um advogado medíocre, que passava a semana inteira mal humorado, esperando chegar
ansiosamente o fim de semana para encher a cara e fugir de sua terrível realidade. Desenvolveu
também o vício de compras, pois já que não possuía o prazer espiritual de se realizar, acabou por
recorrer ao materialismo.
Um dia, ao sentir-se no fundo do poço de tanta amargura, Nuno recorreu a um psicólogo
que sabiamente, o indicou a irmandade Procrastinadores Anônimos. Chegando lá, afinou-se com
Rico, um sábio companheiro que aceitou apadrinhá-lo.
-Não há mais tempo para fazer o que você está sugerindo, padrinho! Tenho 45 anos.
-você precisa realizar seu sonho, ou seus vícios te matarão. Não há como matar um sonho ou fingir
que elenco existe. Você parece estar morto por dentro e este pode ser um um caminho sem volta,
Nuno!
- será que você não compreende, querido padrinho? Estou velho. Minha mãe destruiu meu sonho
e eu permiti. Agora não há mais chance alguma.
- Ok, entendo perfeitamente o que está dizendo sobre a idade máxima para se jogar futebol. Mas
o que não tem cabimento é você achar que não pode mais viver de seu sonho.
- padrinho, com todo respeito. O senhor está doido? Parece não falar nada com nada!
- Engano seu, meu jovem. Eu sei que você não pode mais ser jogador de futebol profissional. Mas
quem disse que essa é a única maneira de se aproximar de seu sonho? Você pode perfeitamente
adapta-lo. Se não pode mais jogar, pode pensar em outras formas de se aproximar do seu amor.
- Como isso seria possível?
- Me diga você, Nuno! Vamos, pense! Você é um P.A. em recuperação. Lidamos com a fé que
funciona de Procrastinadores Anônimos. Tudo podemos desde que esteja condizente com a
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vontade de nosso Poder Superior, e sei que é da vontade Dele que sejamos felizes e realizados.
Então, pense. Descubra agora a vontade de Deus par você!
- Bom, eu já sinto uma boa energia nesta conversa. Eu estou disposto a descobrir a vontade de
Deus para mim. E tenho coragem suficiente para isto, pois me sinto realmente em recuperação.
sim, me vieram duas hipóteses na cabeça. Posso me informar se é possível fazer um curso de
técnico de futebol. Ou posso recomeçar minha vida e fazer uma faculdade de jornalismo e me
especializar em esportes.
- isso, Nuno, agora você entende o que quer dizer adaptação dos sonhos. Ela é uma forma de não
termos mais raiva ou culpa do nosso passado. Não precisamos mais vivermos infelizes. De uma
maneira ou de outra, podemos nos aproximar de nossos sonhos e vivencia-los. Deus sempre
nos dará mais uma chance.

A administração do tempo

Se formos mesmo procrastinadores em potencial, é possível que tenhamos bastante


dificuldade em administrar o nosso tempo. A sensação de que nunca temos tempo para nada nos
é muito familiar. Mas nossos antigos membros nos ensinaram uma infalível técnica muito utilizada
no coaching, que chamaremos aqui de método AMBDE, que nos permitiu ganhar muito mais horas
em nossos dias. Administrar nosso tempo é uma poderosa ferramenta que nos trará muito mais
vitalidade e auto-estima, pois nos veremos com possibilidade de melhorar nossa produtividade e
rendimento s diários. Vamos a ela:
Quando entramos em recuperação em PA, é importante que tentemos definir nossos
objetivos. Estes podem ser variar desde a realização de sonhos, como objetivos simples, como
emagrecer, acordar cedo, organizar as contas ou ganhar mais dinheiro. Porem, é importante que
nossas metas estejam sempre claras. No nosso dia a dia, fazemos atividades de alto, médio e baixo
impacto em relação a esses objetivos. Iremos agora explicar que isso quer dizer. Tomemos como
exemplo o objetivo de passar em um concurso. Vamos agora ao método.
A - atividades de alto impacto- essas representam as atividades diárias que fazemos que
tem grande importância para nós, com consequências altamente positivas para nossos objetivos.
assim, as atividades diárias que trazem grandes consequências para o objetivo de passar no
concurso podem ser se matricular em um bom curso para concursos, e estudar 6 horas por dia, por
exemplo.
M- atividades de médio impacto- essas atividades possuem importância em nossas vidas,
mas se não forem realizadas, trarão poucas consequências positivas para a realização de nossos
objetivos. Ex: fazer curso de matemática, se o concurso for para alguma área jurídica que não exija
tal matéria.
B- atividades de baixo impacto- são atividades bacanas, mas que trazem poucas
consequências positivas para nossos objetivos. Não são importantes ou urgentes. Ex: fazer um
curso de culinária, ou ir ao cinema todo fim de semana, perto da data do concurso.
D- atividades delegáveis- são atividades passíveis de serem transferidas a outrem. Ex:
Maria resolveu pedir para que seu marido pegasse as crianças no colégio durante o tempo em que
estudou para concurso. Também parou de fazer faxina, pois percebeu que economizando em
doces e compras supérfluas, poderia pagar uma diarista, e assim, passou a estudar mais um dia
por semana.
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E- atividades elimináveis- atividades que nos trazem conforto, porém, não trazem qualquer
impacto em nossas vidas. São extremamente descartáveis, pois desperdiçam o nosso tempo.
A dica para percebermos se nossas atividades diárias se encaixam no nível A, M, B, D ou,
E, é nos fazermos uma simples pergunta, toda vez que tivermos qualquer dúvida: esta atividade
que estou fazendo ou pensando em fazer, me aproxima ou me afasta de meu objetivo? Por que?
Bom, agora que entendemos essa técnica, vamos ver quanto tempo poderemos economizar
em nosso dia a dia, respondendo as seguintes perguntas abaixo:
a) quais são as suas atividades diárias que lhe trazem grandes e positivas consequências para
sua vida?
b) Quais tarefas que são urgentes ou importantes, mas que trazem poucas consequências em
sua vida em relação aos seu objetivo?
c) Quais tarefas não são importantes e nem urgentes, e que trazem poucas consequências para
seus sonhos?
d) Quais tarefas você pode delegar para outras pessoas?
e) Onde você acha que desperdiça seu tempo? O que você faz que lhe traz conforto, mas que não
tem impacto na sua vida e na realização de seus sonhos/objetivos?
Responda essas perguntas em um caderno e partilhe-as com seu padrinho. Não temos
como mensurar a imensa qualidade de vida que você ganhará com mais esse passo em sua
recuperação.
Ah, e quanto a Nuno, ele se tornou um repórter esportivo muito bem sucedido. Conhecemos
poucas pessoas tão radiantes como ele, que risonho, sempre afirma que não há nada melhor do
que ganhar dinheiro com o próprio sonho. Diz o menino de agora 55 anos, que a sensação é de
que parou de trabalhar e fica torcendo para as segundas- feiras chegarem logo, para ir para a
emissora de tv. Quanto a sua mãe, ela continua insistindo para ele voltar a advogar, pois afirma
que este negócio de aparecer na televisão não dá dinheiro para sempre. Ele não acredita muito
que ela vá mudar, mas nos contou que a velhinha não perde um só programa dele. Sim, um dia ela
o invalidou, mas ele entendeu que a sua maneira, ela só tentou protege-lo. E avaliou que o melhor
seria perdoá-la e ama-la. Pois, afinal e contas, o tempo não para.

OS 6 PILARES DA PROCRASTINAÇÃO

A procrastinação compulsiva, caracterizada por comportamentos evitativos crônicos,


durante muito tempo, foi considerada um defeito de personalidade ou mesmo, como um sintoma
do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), uma doença que requer tratamento medicamentoso,
com uso de psicotrópicos pesados, como a ritalina.
Porem, em Procrastinadores Anônimos, nos foram reveladas 6 grandes verdades sobre
nós. Sim, estávamos doentes, mas dessa vez, éramos os únicos capazes de nos auto-diagnosticar.
O remédio? Ah, esse era unicamente espiritual: bastava que escutássemos a voz de um Poder
Superior a nós mesmos, que se expressava através de nossos iguais, toda vez que nos contavam
a sua história.
A verdade quase não comporta muitas exceções. Raros eram os procrastinadores que não
se identificavam com os 6 pilares da procrastinação:
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1. Pânico- a grande maioria dos procrastinadores compulsivos esconde em seus comportamentos


evitativos, a doença do pânico. Por trás de tanta dificuldade de agir na hora certa, existe um
medo anormal de enfrentar determinadas situações. Não é fácil para ninguém, abrir extratos
bancários em épocas de crise financeira, levantar uma divida, cobrar alguém que não nos pagou
em dia, ou mesmo abrir exames de sangue, depois de um bom tempo sem faze-los. Mas para
nós, fóbicos por natureza, ações como essas funcionam como verdadeiras torturas mentais. Por
trás de nossas procrastinações, há crenças irracionais muito enraizadas em nosso ser, que nos
dizem repetidamente:”não se atreva a olhar para isso! Você não sabe o quanto vai lhe doer! A
partir do momento em que souber da verdade, não irá ter mais um só minuto de paz!” E assim,
nos acostumamos a viver fracionando a nossa dor. Sofrer em doses homeopáticas, pareceu-
nos ser uma grande solução para evitar um baque emocional, que talvez, fosse tão grande e
real quanto um elefante rosa!

2. Alta sensação de desconforto- Viemos de famílias disfuncionais. E nelas não recebemos a


real consciência do que é ter limites. Não fomos treinados a ter paciência. Não fomos ensinados
a tolerar. O verdadeiro amor, ágape, foi substituído pelo amor condicional, aquele que sempre
exige a troca. E é só assim, que hoje podemos entender o porquê de nossa tamanha dificuldade
em fazer o que não é dócil, mas benéfico. Em outras palavras, nem tudo que é gostoso é bom
para nós. E nem tudo que é amargo é destrutivo. Assim, em recuperação em PA, pudemos
compreender a origem de nossa alta sensação de desconforto ao precisar tomar certas atitudes,
pois nossa falta de limites nos acostumou a apenas fazer aquilo que nos desse prazeres
imediatos, como comer o que quiséssemos, descansar o quanto quiséssemos, faltar o que
quiséssemos, e desmarcar com quem quiséssemos. Finalmente, de volta à luz,
compreendemos que deveríamos ser gratos a tudo que nos acontecia de bom, a tudo que não
nos acontecia de ruim, e a tudo que nos acontecia de ruim, pois tudo que nos acontecia era
enviado para o nosso crescimento espiritual, sob a exata supervisão divina. Assim, um dia de
cada vez, fomos aprendendo a enfrentar com dignidade, tudo aquilo que não era “gostoso”, mas
benéfico para nós.

3. Perfeccionismo - nosso ego insistia: ”mas será que você não percebe que este seu feito ainda
não está bom?" "O que dirão eles quando verem o quão imperfeito está o seu trabalho? “Você
sabe o quão genial e superior é em relação aos outros, não? Então, por que não caprichar ainda
mais e mostrar-lhes do que é realmente capaz? Sabe que se não chegar à perfeição, eles
descobrirão sua outra face: de que não vale tanto assim!”
Filhos do perfeccionismo, optamos inconscientemente, por não acabar nada que iniciamos.
Chegar ao final de nossos projetos seria, talvez, prova cabal de que não éramos tão bons quanto
sonhávamos em ser. E se não poderíamos entregar algo realmente genial, preferimos então, jamais
entregar. E se apenas em nossas fantasias éramos glorificados por nossos talentos, tudo já estava
decidido: sonhar, sonhar e sonhar! Era isso que faríamos e nada mais!
Boa mesmo foi a notícia que recebemos assim que ingressamos em PA: De que nunca
seríamos os mais sábios e nem os mais ignorantes; nem os mais belos e nem os mais imperfeitos.
Nem os mais ágeis e nem os mais vagarosos. Éramos só mais um no meio da multidão. E isso era
bom.
4. Preguiça patológica- Maria nasceu cansada. Ainda criança, preferia estar sentada ao correr
para lá e para cá. Seus pais se assustavam ao vê-la pegar objetos com o dedo do pé para não ter
que se abaixar. Sua diferença para um macaco é que este também usava os braços para pegar
algo que deixasse cair. Certa vez, seu pai a pediu que passasse o saleiro, durante o almoço,
quando percebeu que o mesmo estava do seu lado esquerdo. Sem vergonha, ela comentou: ”que
sorte a minha por não precisar me mexer!” E pôs-se a rir, diante dos olhares apavorados dos pais.
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E assim, cresceu Maria: Sedentária, ruim nos esportes, com formas amatronadas, sem foco,
sem perspectivas, sem garra, sem nada. Seus sonhos mais pareciam uma utopia. Insegura,
acostumou-se a deixar pra lá tudo aquilo que exigisse um pouco mais de esforço e dedicação.
Deixou pra lá conquistas, etapas, e compromissos. Deixou pra lá pessoas, oportunidades, e bons
serviços. E como ela mesma dizia…deixou pra lá Maria!
Em PA, aprendemos o quanto é perigosa a preguiça patológica, por sua cronicidade. Como
uma droga, precisamos combatê-la com abstinência da primeira atitude preguiçosa. Assim que
acordamos, fazemos nossa cama. Fazemos nosso café. Fazemos nossa lista de afazeres diários.
Por onde andamos, colocamos no lugar tudo o que encontrarmos fora dele. Criamos hábitos
saudáveis e os colocamos no lugar dos velhos hábitos preguiçosos. Modificar estes hábitos não é
como trocar de roupa, mas como arrancar a própria pele. Mas um dia de cada vez, somos capazes
de faze-lo.
5. Dificuldade de amadurecimento- por nós, a vida jamais passaria. Tudo ficaria exatamente
como está. Não precisaríamos de espelhos para refletir nosso envelhecimento. Nossos protetores
viveriam para sempre. E continuariam a fazer tudo por nós. E então tudo estaria bem.
Continuaríamos seguros e poderíamos permanecer na festa. Mas não é assim. Não foi assim que
aconteceu. E doeu demais não termos amadurecido por dentro o mesmo que amadurecemos por
fora. Pagamos muito caro por não segurado as rédeas de nossas vidas. Viajamos por muito tempo,
sentados como meros passageiros em nossos próprios trens, esquecendo-nos de que era só nossa
essa viagem. Mas quando despertamos espiritualmente para a doença da procrastinação
compulsiva, nada é perdido. Sabemos que somente um Poder Superior a nós mesmos tem todo
o poder de nos restituir as chances, a esperança e as oportunidades, desde que façamos a nossa
parte; precisamos recuperar a ação e adultecer, ou seja, tecer o adulto que há em nós. O trem
ainda está andando e tudo o que precisamos fazer é assumirmos a direção.
6. Compulsão - descobrimos que a procrastinação compulsiva é uma doença de adicção, O
adicto,(em grego, escravo), é alguém guiado por pensamentos obsessivos e repetitivos em sua
natureza, que os obrigam a ter comportamentos compulsivos. Um vício tão poderoso quanto o
alcoolismo, é mesmo a compulsão de não fazer. Assim como o alcoólatra recebe um comando
cerebral irresistível para beber, o adicto à procrastinação recebe um comando cerebral irresistível
para não agir. Este vício é progressivo e fatal, como qualquer outro. Nosso tratamento consiste em
abstinência completa dos comportamentos evitativos, além da freqüência contínua de reuniões de
Procrastinadores Anônimos. Nada como um bom grupo de 12 passos para um bom adicto. Esse
tem sido o nosso caminho. Não sabemos se é o único ou o melhor. Mas certamente, tem sido a
vontade de Deus para nós, vez que O vimos remover totalmente nossa necessidade de
procrastinar. Ainda não conhecemos nenhum tratamento alopático ou alternativo capaz de superar
a força espiritual que temos visto aqui. Pode ser que existam. Pode ser que não. Mas o que pedimos
a Deus? Apenas mais um dia de recuperação!

ANDAR COM FÉ EU VOU!

Para quem se pergunta se este texto abordará a questão da fé, está quase certo. Pois ela
está presente em toda a literatura de PA. Porem, aqui, é o andar que representa a nossa
personagem principal. Sim, estamos falando de atividade física mesmo. Não fuja, por favor, pois
se você for um procrastinador compulsivo como nós, é bem provável que deseje sair correndo para
bem longe deste texto, literalmente!
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Não pretendemos explicar aqui os vários benefícios dos exercícios físicos, pois estes já são
mais que conhecidos por todos nós. Mas a pergunta é: se sabemos que o sedentarismo nos trará
certamente doenças perigosas, e muito provavelmente, antecipará a nossa morte, porque muitos
de nós ainda não conseguimos manter uma prática diária de atividade física? Por que não
possuímos uma real vontade de nos fazer bem incondicionalmente? Seria falta de auto-estima ou
até mesmo de vaidade, já que o exercício nos torna sempre mais bonitos e bem dispostos? Seria
mero desleixo ou algo tão malévolo espiritualmente, que nos impediria completamente de sermos
bons para nós? Se fôssemos tão desprovidos de vaidade assim, então porque muitos ainda
cuidamos de nossas unhas, pele, cabelos ou vestimentas? Sim, parecemos ter nos tornado
realmente escravos de um forte comando negativo emocional e espiritual, cuja origem,
desconhecíamos por completo, até chegar aqui.
Procrastinar é a arte de encontrar grandes motivos pra não fazer o importante, até que este
se torne urgente, e logo depois, irremediável. Procrastinar é a pulsão de morte que corre nas veias
dos que ainda vivem. Procrastinar é ter como principal padrão, a sensação contínua de estar
sempre no caminho errado.
Ingressamos em PA para conseguir interromper o caos. Escutamos dos antigos
companheiros frases dolorosas, mas que nos serviram como amargos remédios espirituais capazes
de estancar nosso sofrimento. Quando tentávamos minimizar nossas atitudes procrastinadoras,
eles nos despertavam ao dizer: "quem menos perdeu em PA, perdeu tempo, muito tempo! E isso
era verdade: quanto tempo havíamos perdido por nossa doença do procrastinar. Alguns de nós,
decidiram estudar compulsivamente, enclausurando-se em bibliotecas por anos de suas vidas, para
não encarar os verdadeiros sonhos e seus respectivos obstáculos. Outros se casaram cedo para
jamais estudarem. Uns negligenciaram seus amores, suas finanças, ou julgaram ser ambição
desmedida, o simples direito de conquistar uma boa posição social e financeira. Outros trabalharam
tanto, que esqueceram em casa as novas almas confiadas por Deus para que eles cuidassem. Mas
nada disso foi mais doloroso do que o abandono de nossa própria saúde.
Ao despertar do efeito sedativo da doença da procrastinação, os novos membros de PA se
perguntavam preocupados:” após longos anos de desleixo, como iremos abrir esses exames
médicos sem medo dos efeitos do sedentarismo?” Será que ainda podemos reverter este quadro?
Mas Deus não pedia muito de nós. Comece com apenas volta no quarteirão, Ele dizia em nossas
consciências! Cuide da casa de sua alma, e já terá dado um dos grandes passos de PA!” Em outras
palavras, poderíamos entender: “Faça a sua parte que Eu farei a minha!”
Precisávamos de fé para recomeçar. Além da força espiritual concedida nas reuniões de PA,
nossos padrinhos nos diziam com simplicidade: "Ao acordar, faça a sua cama, pois dela surgirá o
desejo de querer concluir mais e mais feitos até o fim do dia. Essa é a primeira atitude de um
vencedor. “-Arrumar a nossa cama, vocês estão dizendo? Se fizermos apenas isso já seremos
vitoriosos?” “Sim, por -que não? Esta é a chave mestra que abrirá o grande baú de possibilidades.
Uma vez aberto, peguem suas roupas de ginástica e vistam-nas. Depois olhem-se nos espelhos.
Deixem suas almas registrarem a nova imagem, que dará inicio a um novo tempo. Tempo de se
querer bem. Tempo de deixar ir a insegurança, o ciúmes, a comparação compulsiva, o medo e o
pouco auto-valor.; tempo de deixar ir qualquer possibilidade de doenças físicas, mentais e
espirituais. Tempo de descoberta do verdadeiro propósito de viver.
E foi assim que recomeçamos. Sob a luz dos 12 passos, muitos de nós acordávamos,
fazíamos apenas a nossa cama e colocávamos uma roupa de ginástica. Muitos passavam o dia
inteiro com elas e nada faziam. Outros iam para as reuniões de PA todos incrementados, mas
caiam em gargalhadas ao confessar que ainda não tinham movido uma palha. Outros saiam pelas
ruas correndo como maratonistas e paravam na primeira doceteria. Mas ao final, a grande maioria
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de nós começou a desenvolver a rotina de fazer atividade física diária, e muitos confessam que
aqueles foram anos muito especiais de suas vidas. Como era bom poder cuidar bem de nós
mesmos novamente! Como era bom abrir com segurança os exames de sangue, sabendo que
havíamos feito a nossa parte! Sentíamo-nos fortes como leões, e pela primeira vez, sabíamos estar
no caminho certo! A pulso agora era de vida! Queríamos viver e já levávamos as situações com
facilidade! O importante permaneceu apenas importante, e conseguimos reduzi-lo rapidamente a
um breve passado. E pensar que tudo isso começou com uma simples voltinha no quarteirão! Não
éramos simples pessoas caminhando por aí. Éramos procrastinadores em recuperação, que
andávamos com fé, renascidos com a ajuda do mesmo Deus que sempre carregamos em nosso
coração.

TUDO O QUE LEVAMOS DA VIDA É O QUE VIVEMOS!

Um dos maiores equívocos dos procrastinadores compulsivos parece ser querer aprender
do zero uma profissão, para conquistar sua independência. Todo ser humano nasce com uma
habilidade específica que lhe permite ter facilidade para executar determinada tarefa. A essa
facilidade podemos chamar de talento ou dom. O talento é um presente divino dado a alguém para
que exerça determinada atividade, sem a necessidade de aprende-la de um ponto inicial. Um cantor
pode querer e até mesmo precisar melhorar sua técnica, mas verdade é, que não morreria de fome,
se apenas cantasse. Um desenhista pode investir em caros cursos, mas todos nós já nos
deparamos com aquela pessoa que vive a desenhar em seus cadernos, figuras que não
ousaríamos tentar imitar.
Em suma, não conseguimos enxergar muita inteligência emocional em optarmos por iniciar
uma profissão “do zero”, para talvez nos tornar medíocres profissionais, do que respeitarmos o
nosso próprio dom, concedido de graça pela vida. Também não conseguimos mensurar o nível de
profissionais que poderíamos ter nos tornado, se desde cedo, apenas agregássemos valores ao
que já nascemos fazendo bem. Aonde poderia chegar alguém que já nasceu com um imenso senso
de justiça, ao investir grande parte de seu tempo numa boa faculdade de direito, pós-graduações,
etc? E o que dizer de um comediante nato, que desde muito cedo, nasceu para fazer os outros
gargalharem, se desde a adolescência investisse em sua carreira, sem qualquer crença negativa
de que teatro não lhe traria conforto material? Será que ele seria tão bom advogado como aquele
que já nasceu com o senso de justiça e equidade? E o advogado, por sua vez, será que conseguiria
os mesmos papéis de comediante?
Entendendo esta ideia tão simples, por que será que a grande maioria de nós,
procrastinadores, passou pela vida, sem parar um instante sequer, para questionar o real motivo
de termos nascido com determinados dons? Quem foi que os conheceu para nós? Será que foi
apenas um resultado genético ou sorte? Com que autoridade nossos educadores nos disseram
para largar certos “sonhos”, pois estes jamais nos trariam prosperidade? Se nossos talentos nos
foram dados por um Poder Superior a nós mesmos, que direito alguém teria de invalidá-los? Seria
isso uma posição de auto-idolatria? Por que nunca nos passou pela cabeça que nossos dons eram
sim, as verdadeiras missões a serem realizadas aqui na Terra, pela exata Supervisão Divina? De
onde viria tanta falta de fé para não enxergar o óbvio?
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Depressão ou frustração?

Layla nasceu com um dom. Desde pequena, fazia poesias. Tinha a incrível habilidade de
tudo rimar, pois com ela mesma dizia, "as frases sobre a vida deveriam sempre se entrelaçar, como
os amantes ao se deitar, sobre seu primeiro luar!” Sua mãe percebeu de imediato o que ela seria
ao crescer: uma grande poetiza, e já a imaginou autora de vários best sellers. Assim que ela
aprendeu a escrever, sua mãe a colocou em cursos de poesias para crianças, o que ela amava
mais que a própria vida! Sonhava em ser poetiza e toda noite, ao se deitar, orava para que Deus,
em quem muito confiava, a ajudasse a realizar seu grande sonho. Aos 18 anos, Layla passou no
vestibular para a faculdade de Letras. Ela sonhava em estudar lá fora, mas sabia que seu pai jamais
a permitiria. Contentou-se facilmente então, com a faculdade brasileira, e no primeiro dia de aula,
ninguém vibrava mais que ela. Mas , infelizmente, seus destino não seria tão fácil assim.
Seu pai, um homem possessivo, agressivo e furioso, não se conformou com sua escolha.
Todas as noites, quando chegava em casa de seu trabalho, abria o quarto de Layla e a invalidava,
dizendo:”e aí? Escrevendo essas babozeiras que jamais te levarão a lugar nenhum? Quando suas
férias irão acabar e irá entrar numa faculdade de verdade?”sua vida está passando e enfrentará
dificuldades financeiras para sempre, se perder sua juventude toda com essa tolice. Por que não
larga esta palhaçada e não se matricula na faculdade de direito, para um dia se tornar uma juíza?
Assim, nunca enfrentará crises econômicas, jamais terá que se mudar de lugar para ganhar a vida
e ninguém te demitirá? O que pode ser melhor que isso?”
Layla foi perdendo sua força, diante do bombardeio pessimista de seu pai. Aquele diálogo
diário não eram conselhos paternos, mas uma lavagem cerebral. Seu pai, apesar de seu
temperamento, a amava profundamente, e acreditava estar fazendo aquilo para seu bem. Ela o
entendia, e experimentava um misto de sentimentos, que variavam de ódio a compreensão. Ela era
única filha, de pais que a tiveram tardiamente. Ele tinha suas razões para acorda-la para sua
verdade. O problema era um só: a sua “verdade"estava errada, por um simples e humilde motivo:
falta de fé! Se sua vida fosse realmente regida por princípios espirituais e uma confiança inabalável
em um Poder Superior, ele conseguiria enxergar que Deus, e não outro, quis que ela viesse ao
mundo com a missão de emocionar os corações humanos, pois entre os percalços de suas
existências, necessitam ouvir falar sobre o amor! Deus, e não outro, a ajudaria a chegar no lugar
que Ele escolheu para ela. Deus, e não outro, escolheria cada palavra que mais tarde lhe traria a
glória de sua profissão. O dinheiro seria apenas uma consequência da realização livre de seu dom.
E assim, Layla se perdeu. Acabou desistindo na primeira dificuldade, e matriculou-se na faculdade
de direito, que anos mais tarde, quase a levaria à morte, devido às consequências geradas por sua
frustração. Suas rimas, foram todas enterradas no solo incrédulo de seu pai.
Muitas vezes, achamos estar acometidos da doença da depressão, por sentirmos um imenso
NADA invadindo nosso peito, e removendo toda a nossa alegria de viver. Começamos a trilhar o
perigoso caminho da psiquiatria, tentando encontrar alguém que nos diagnostique de maneira
correta. “Você sofre de depressão, Layla! Percebo também certa bipolaridade e personalidade
bordeline. Isso explica seus altos e baixos emocionais e seu estado repentino de fúria e tristeza.
Os Borders são propensos a vícios, pois são personalidades limítrofes, que vivem sempre entre os
extremos, ou seja, 8 ou 80. talvez, isso explique o seu alcoolismo. Vou te medicar com alguns
psicotrópicos, mas me prometa! Não beba durante este tempo, ok?”
Se este médico, assim como milhares de outros, também tivesse interesse em obter noções
básicas sobre a doença da adicção, verdadeira doença de Layla, a teria dado outra explicação. E
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aqui está ela: “Layla, pelo que percebo de sua história, você parece ter vindo de uma família
bastante disfuncional. Seu pai, controlador , possessivo e agressivo, não escutou os anseios de
sua alma. Impôs a sua vontade, invalidando o que realmente era importante e vital para você: O
seu dom! Sua mãe, talvez, seja dependente emocional e não conseguiu se impor, mesmo
percebendo os destroços emocionais causados a você, quando ainda muito jovem. O que você
chama de depressão é uma imensa, antiga e enraizada frustração, pois aprendeu desde cedo a
ser infeliz na profissão. Isso explica a canalização de energia para seus relacionamentos sexo
afetivos, a fazendo colocar os homens em primeiro lugar de importância em sua vida. Seu
alcoolismo é a doença da adição, que instalou-se devido a motivos não só genéticos, mas como
escape à frustração. Recomendo-lhe 2 remédios, mas peço para levá-los bem a sério: sei que você
está sóbria a um bom tempo em Alcoólicos Anônimos, e agora recomendo-lhe entrar em
Procrastinadores Anônimos, pois talvez você tenha se viciado em esquivar-se de si mesma.
Trabalhe lá a realização de seus sonhos. Ah, e se quer saber qual o segundo remédio, fico feliz em
lhe contar: aqui neste prédio comercial, há um excelente curso de contador de histórias. Não sei se
tem muito a ver com poesia, mas o que você acha?”
Layla levantou a sobrancelha, e com um sincero sorriso no rosto, respondeu: “Acho que me
servirá muito bem. O que não me faltam são histórias para contar. Mas antes me diga: aonde fica
esse tal de PA?”
Finalmente, ela entendeu a grande receita para felicidade plena: todo ser humano merece
acordar todos os dias de sua vida para realizar sua verdadeira missão. Não viemos ao mundo
apenas para cuidar de filhos, esposas ou maridos. Também não viemos apenas para juntar dinheiro
para assegurar nossa velhice. É provável que uma prostituta junte dinheiro para pagar sua doença
posteriormente, pois nenhum corpo aguenta se doar por uma vida inteira ao desamor. Mas trabalhar
por dinheiro, ainda que sem sexo, também não seria uma forma de prostituição da alma? Como
poderemos ser verdadeiramente felizes sacrificando diariamente os nossos sonhos? Bill Wilson,
co- fundador de AA, já dizia: "o material deve sempre seguir o espiritual, e nunca o contrário!” E o
que dizer dos que mal sabem para o que vieram, e encontram-se mortos em vida, dedicando-se
cada vez mais à dependência de pessoas?
Pensando em todas essas respostas, o escritor Scott Dinesmore, que teve uma breve
existência, porem bastante profunda, modificou a vida de milhares de pessoas, com apenas 27
perguntas sobre propósito de vida. Se você se encontra com dificuldade de descobrir sua missão,
talvez essas perguntas possam lhe ajudar, assim como nos ajudaram. Não há um só ser humano
que tenha vindo para este mundo sem um propósito. A descrença e a falta de vontade de desvendá-
lo, são apenas máscaras do ego, em forma de orgulho. Que estas perguntas o ajudem a removê-
lo agora, pois afinal de contas, TUDO O QUE LEVAMOS DA VIDA É O QUE VIVEMOS! NÃO
PERMITA QUE A SUA PASSE EM BRANCO!

As 27 perguntas de Scott Dinesmore

Sugerimos que as respostas escritas e lidas para seu padrinho de PA, para que haja grandes
resultados! E não desista antes do milagre acontecer!).
1. O que faz você mais feliz na sua vida? O que te anima?
2. O que voce faz que faz com que você se sinta invencível?
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3. O que faz outras pessoas serem gratas a você?


4. O que você é absurdamente bom em fazer? Quais são seus dons mais valiosos?
5. Quem é uma referencia para você? Quem são seus mentores? Quem te inspira? Porque?
6. Quando foi a última vez que você entregou muito mais do que você prometeu alguma coisa? O
que foi isso e porque você deu duro de verdade trabalhando nisso?
7. Quando foi a última vez em que você se sentiu em total sintonia com uma atividade a ponto de
perder completamente a noção do tempo? O que você estava fazendo?
8. Imagine que você ganhou R$127 milhões na loteria. Já se passaram 3 meses após você pegar
o seu prêmio. O que voce faria amanhã?
9. O que você faria se soubesse que não existe a possibilidade de falha?
10. Se você pudesse ter ou fazer qualquer coisa que quisesse, o que você teria? O que você faria?
11. Que assuntos você se vê constantemente discutindo ou defendendo seu ponto de vista com
outras pessoas? Que pensamentos internos esse seus posicionamento representam?
12. O que te deixa mais revoltado em relacão ao mundo em que vivemos e as pessoas? Com
recursos ilimitados, de que forma você resolveria isso?
13. O que te deixa mais preocupado ou com pena sobre as futuras geracões, tenha voce filhos ou
não?
14. Em que voce gosta de ajudar outras pessoas? De que forma você normalmente mais ajuda os
outros?
15. Qual a sua sessão favorita em uma livraria? Qual a primeira revista que você pega em uma
banca de jornal?
16. Quando foi a última vez que você não conseguia dormir por causa da sua empolgacão a respeito
de uma trabalho? Que trabalho foi esse?
17. Se você confiasse que a sua arte (sua criatividade) fosse capaz de te sustentar, como voce iria
viver?
18. Fora das suas atuais obrigacões no trabalho, o que você amaria fazer de graça?
19. Se você pudesse participar do seu próprio funeral (daqui a mais ou menos uns 100 anos) o que
você gostaria de ouvir os outros falando? Obs.: Não vale: “Olha, ele esta respirando!”
20. Por o que voce gostaria de ser lembrado? Qual a marca que voce quer deixar no mundo?
21. O que os seus amigos sempre falam que você faria bem, que você deveria trabalhar com isso
(ex.: “Ele seria um excelente…”)? Se você não se lembra, então vá perguntar a pelo menos 5 deles.
22. O que desperta em você uma curiosidade natural?
23. Se você tivesse agora uma hora livre para navegar na internet, o que voce exploraria?
24. Lembre-se de quando você tinha 5 ou 10 anos de idade. O que você queria ser quando
crescesse? Vale tudo. Que habilidades e comparacões/metáforas isso pode representar?
Ex.: Ser um piloto poderia simbolizar liberdade.
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25. Se você pudesse escrever um livro para ajudar ao mundo que viraria garantidamente um best
seller/recordista de vendas, qual seria o título dele? Sobre o que seria esse livro?
26. Sobre que carreiras você se pega constantemente sonhando acordado? Que trabalho que
outros têm que você deseja que fosse o seu trabalho?
27. Quais os 3 a 5 trabalhos ou negócios dos sonhos que você imagina que iriam se encaixar como
uma luva com seus mais íntimos pensamentos a respeito do mundo? O céu é o limite!

O COLECIONADOR DE ANGÚSTIAS

A história de Jorge

Jorge era um virtuoso. Desde pequeno, tinha facilidade para aprender as coisas e sua
inteligência acima da média, era visível aos olhos de todos. Tornou-se um adulto muito interessante,
pois gostava de ler, e se interessava bastante por história, arqueologia, comportamento humano e
política. Dono de uma vasta cultura e raciocínio veloz, era acima de tudo, um grande orador. Com
tantos dons, porém, Jorge era na verdade, um sobrevivente de uma infância muito dolorosa e
disfuncional, devido à morte de sua mãe quando ainda era muito novo, e a consequente convivência
com madrastas que apenas visavam o dinheiro de seu pai, um alcoólatra inveterado.
Nada como dinheiro, poder e alcoolismo para tornar a vida de um homem miserável. E foi o
que aconteceu com o pai de Jorge.Desde que perdeu sua primeira esposa, entregou-se às garras
de um Poder Inferior, transformando-se em um homem insensível, cruel, egoísta e tirano. Aquele
bom pai, que tanto o amou e amparou durante a sua infância sofrida, foi obedecendo aos poucos,
às leis do Rei Álcool, que o impunha: “Não ames mais! A você, irei conceder toda a fortuna e poder
que desejares, porém, nunca mais irás poder sentir o verdadeiro amor compassivo e incondicional
por seus filhos.” E assim foi. Jorge, tornou-se enlutado também de seu pai, que passou a vagar
pela vida, proferindo palavras de ódio, ressentimento e poder, entre os soluços de sua embriaguez.
Como consequência, aos 40 anos, Jorge encontrava-se um desempregado crônico. Todos
os dias acordava, e todos os dias não sabia para onde ir. Com tantos atributos e dons, ele
simplesmente havia perdido a gana pela vida, e por mais que pensasse e repensasse, não
conseguia descobrir seu propósito de vida. Voltar ao mercado de trabalho lhe parecia inviável. Na
verdade, ele fora atacado pelo Grande Nada da doença da procrastinação compulsiva.

O Grande Nada

Talvez, a maior e mais perigosa característica da doença da procrastinação compulsiva seja


a vontade de NADA SER. Antes de ingressar em PA, quando sentíamos o impulso violento do
NADA SER, éramos impelidos ao NADA FAZER. Assim, muitas vezes, infernizados pela
insatisfação e/ou fracasso profissional e financeiro, tentávamos recomeçar. Mas uma Voz Interna
nos avisava: "Você sabe que em algum momento irá desistir!” "Comece e pare, comece e pare!”
Tentávamos não dar ouvidos a esta Voz. Porem, mais tarde, nas primeiras dificuldades,
acabávamos por desistir mais uma vez, aumentando nossa coleção de derrotas e angústias.
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As angústias causadas pelo NÃO SER nos trouxeram as angústias do NÃO FAZER. Essas
por sua vez, nos trouxeram as angústias da desistência, responsáveis pela nossa crença de que
jamais seríamos capazes de chegar ao pódium final, e sentir o real prazer da vitória, e das bênçãos
de realização e verdadeira felicidade. Assim, acabamos por nos tornar grandes colecionadores de
angústias. Destruídos em nossa auto-estima, fomos nos acostumando a atrasar pagamentos,
afazeres e deveres. Fomos nos acostumando a entrar em débito com nossas almas. Havíamos
sido engolidos definitivamente pelo Grande Nada. Nada era o que sentíamos. Em Nada
acreditávamos. "Qual seria o nosso futuro?” “O que gostávamos de fazer? Quais eram os nossos
verdadeiros sonhos e missões? "Nada" era a nossa resposta!

O Perfeccionismo de Jorge

- Jorge, você é um perfeccionista, não me restam dúvidas.


-Como ousas falar assim comigo? Quem te deu esse direito?
-Ora bolas, você mesmo me deu! Afinal de contas, para que sirvo, senão para te falar toda
a verdade? Você é perfeccionista e orgulhoso.
- Mas que abuso! Te pago para me ajudar a melhorar e não para me invalidar. Que tipo de
psicólogo é você, afinal?
-Sou um psicólogo pago por você para invalidar o seu orgulho, ou então ele irá de vez te
matar.
-Boa resposta. Gosto de pessoas com inteligentes tiradas. Me explique então porque sou
tão orgulhoso e o que o perfeccionismo tem a ver com o orgulho?
- Seu orgulho está tão engrandecido, que mal consegue confessar a si mesmos seus
verdadeiros sonhos. Se sonhas secretamente em ser um cantor, no fundo, julga-se velho demais,
com uma voz insatisfatória demais, ou se dá desculpas de que as músicas que gostaria de cantar
já não são mais valorizadas por ninguém. Se sonhas em ser um escritor, no fundo julga-se sem
cultura suficiente, sem imaginação suficiente para obter sucesso. E se sonhas em ser um grande
palestrante, julga-se tímido demais para conquistar as pessoas. Assim, preferes apenas sonhar
acordado, confundindo seus desejos mais profundos com meros devaneios. Seu orgulho o engana,
ao lhe fazer pensar que deveria ter atributos muito maiores para conseguir realizar sua missão. Seu
grau de exigência para consigo mesmo é tão alto, que preferes apenas fantasiar, pois fantasia
nenhuma impõe limites, vez que não ameaça a realidade.
-Você está coberto de razão. Mas como posso abandonar esse padrão?
-Tome aqui este endereço. Acho que essas reuniões te farão bem. Nos veremos na próxima
sessão e anseio por suas considerações sobre este lugar.

Olhos de tigres

Durante anos, absorvido pela doença da procrastinação compulsiva, Jorge aceitou


passivamente o assassinato de seus dias. Sentindo-se no fundo do poço, chegou a
Procrastinadores Anônimos, endereço dado por seu psicólogo. Ao assistir a primeira reunião, sentiu
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uma sensação de pertencimento. Nunca poderia imaginar que havia tantas pessoas com
dificuldades tão semelhantes às suas. Identificou-se com um companheiro, o qual mais tarde veio
a se tornar seu padrinho, pois muito se afinaram espiritualmente. Em umas de suas primeiras
conversas, o padrinho lhe perguntou:
- Jorge, o que é foco?
- Não sei, mas penso que seja persistir em algo que você esteja querendo fazer.
- Errado, disse o padrinho.
- E o que é então?
- Foco é abandonar tudo aquilo que você gosta muito, mas que não ama verdadeiramente.
Estarrecido, Jorge perguntou-lhe:
- Pensei que o certo seria as pessoas irem tentando fazer várias coisas, isto é, atirarem para todos
os lados, até acertarem um. Conheço pessoas que fazem duas faculdades até. Sempre achei
isto muito admirável. Eu realmente pensei que eu era o único errado, por nem saber por onde
começar.
- Preste atenção nesta frase, Jorge: ”quando não sabemos para onde ir, qualquer caminho nos
serve." Temos que saber onde estamos, e onde queremos chegar. Este é o primeiro passo para
vencermos a doença da procrastinação. Pois definindo claramente nosso objetivo com nossos
padrinhos, nos faltará apenas traçar a direção, ou seja, os passos que deveremos dar daqui pra
frente, até chegarmos onde queremos.
- Eu realmente sempre pensei que era possível ter mais de um trabalho.
- Possível é, mas não espere muito sucesso de uma pessoa que vive assim.
- E quanto a mim, que não sei ainda o que amo?
- Você precisa continuar partilhando nas reuniões sobre isso, até encontrar sua missão. Estou
convencido de que as pessoas que desistem de seus objetivos, o fazem por não ama-los,
verdadeiramente. Isto porque, até vencermos em uma profissão, iremos enfrentar diversos e
grandes obstáculos, e é humano desistir daquilo que não amamos para valer. Quem irá, em sã
consciência, enfrentar chuva e sol, para ficar ao lado de quem não ama? Um dia acabará indo
embora, o que é muito compreensível. Assim, percebo que a maioria das pessoas consideradas
bem sucedidas, são aquelas que encontraram algo que realmente amam fazer. São elas as
únicas que conseguem trabalhar felizes nos finais de semana, que não anseiam por férias, que
não torcem para a a sexta-feira chegar mais rápido. Quem em sã consciência deseja se afastar
do seu amor? Apenas quando amamos, enfrentamos com garra os mares revoltos do caminho
para a vitória. Poderemos errar, poderemos nos confundir, mas jamais desistiremos. Pois
caminhar na direção de nossos sonhos, é como andar em ruas cujas placas estão cravadas com
o nosso nome.
- Padrinho, e o que fazer quando descobrimos nosso propósito de vida, tardiamente, devido à
doença da procrastinação? O que fazer para resgatar o tempo perdido?
- Jorge, devemos agir como os tigres. Ele costumam avançar com coragem, destreza e velocidade.
Para isso, deveremos delegar aos outros, todos os afazeres que nos afastem do nosso objetivo,
e nos concentrar apenas naquilo que desejamos construir, apenas naquilo em que somos bons.
Quando estivermos em dúvida, sempre poderemos nos perguntar: esta atividade que estou
fazendo me afasta ou me aproxima do meu objetivo? Estando claro o caminho, precisamos seguir
agregando valores e mais valores ao nosso talento. Não temos tempo a perder. Devemos
também, identificar todos os ladrões do nosso tempo, e deles nos livrar o mais rápido possível.
Quando um tigre decide devorar sua presa, ele procura o melhor lugar para se esconder e o
melhor momento para atacar. Passa horas observando-a, e não se distrai com absolutamente
nada. Não para contemplar a alegria dos veados saltitantes na floresta, ou resolve ir beber água.
Nem o sol e nem a lua o distraem. Ele apenas se concentra em sua presa. Ela é tudo o que ele
quer.
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Assim, ponha limite no tempo gasto em redes sociais e seriados de tv, e evite se perder em
discussões e ressentimentos que não levam a nada. Também evite relacionamentos destrutivos,
isto é, amores preocupantes que absorvam seus pensamentos, e que te retirem do foco. Remova
todos os vícios internos, como ciúmes, medo de rejeição ou necessidade de aprovação. Tudo isso
é lixo, apenas lixo!
- Entendo. Então preciso procurar o que amo, ter cuidado com quem amo, e me livrar de tudo que
me leve ao desamor. E para descobrir meu propósito de vida, apenas preciso falar disso nas
reuniões?
- Sim, apenas isso. Ou se esqueceu de que nossas reuniões de tratamento da procrastinação
compulsiva são 100% espirituais? Quem irá te trazer de volta para a sanidade, ou seja, para a
sua verdade espiritual, será o seu Poder Superior, e não sua inteligência. Se fosse assim, você
já teria as cartas claras sobre a mesa, de tanto pensar e repensar. E pelo que percebo, você é
um homem bastante inteligente.

Jorge respirou aliviado, e disse, sorrindo:


- Padrinho, quando Deus me devolver à sanidade e revelar a minha missão, ninguém me segurará.
Meu pai sempre disse que sou um gênio.
- Jorge, um pouco de humildade lhe cairia bem, disse o padrinho, às gargalhadas. Quanto ao seu
pai, não guarde mágoas, meu querido. Sua alma não mudou. Ele apenas está muito doente, o
que merece toda nossa compaixão. Mas somos filhos de Alcoólicos anônimos, pois foi de lá que
nasceram os nossos 12 passos e 12 tradições, não é mesmo? Então porque não pede pro AA
envia-lo uma cartinha anônima? Enquanto ele estiver vivo, sempre haverá uma chance! Faça a
sua parte, e deixe Deus fazer o resto.
- Devo dizer-lhe que o amo, meu padrinho! Você me devolveu a esperança de vencer!
- Eu também te amo, Jorge! Você me devolveu o direito de ser útil! Estou ansioso para saber o
que o Poder Superior revelará sobre você e sua verdadeira missão de vida. E lembre-se de que
nossa doença não tem cura. Ela sempre dirá para você desistir. Sempre dirá que você não é bom
o suficiente e que não irá conseguir. Mas juntos, diremos a ela: Só por hoje, avançaremos como
verdadeiros tigres até o podium que, claramente, nos é de direito!

OS 6 PASSOS PARA CRIAR UM MILAGRE

Antes de entrar em recuperação, poucos são os procrastinadores que acreditam


verdadeiramente que milagres existam. E quando acreditam, pensam que somente o Poder
Superior seria capaz concedê-los. Porem, nós que estamos a um pouco mais de 24h em PA,
garantimos que com a ajuda de Deus, também somos capazes de criar milagres. E iremos neste
texto, revelar os 6 passos que temos dado para obtê-los em nossas vidas.

Acreditamos haver pelo menos 3 tipos de milagres:

1. Visível aos olhos de todos. Estes são acontecimentos extraordinários, onde uma graça é
concedida a alguém que indiscutivelmente teria outro destino, se não fosse o novo fato. Ex: Há
muitos anos atrás, uma reportagem que chocou o Brasil, ao mostrar um garoto que caiu da
janela, mas disse ter sido amparado por um homem de "vestido marron", e por isso, sobreviveu
ao acidente sem sofrer qualquer fratura.
2. Aparentemente invisível aos olhos de todos- muitas vezes, nosso carro quebra, as filasse
supermercado ou banco parecem demorar mais do que o comum, ou esquecemos algo em casa
e temos que voltar todo o caminho. Irritados, atribuímos tais acontecimentos, que chegam a
arriscar nossos empregos, à falta de sorte, pois este é o pequeno cenário que conseguimos
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enxergar. Por detrás desses infortúnios, há verdadeiros milagres enviados por nosso Poder
Superior para nos salvar a vida. Ex: Cristina, brasileira, filha de chineses, recebeu uma
oportunidade única da vida. Trabalhar em um grande banco em Nova York, pois sua prima já
morava lá a alguns anos e conseguiu esta vaga. Certo dia, ainda em seu primeiro mês de
trabalho, colocou o despertador para chegar bem cedo a uma reunião com seus superiores.
Porém, o despertador não tocou, e ela acabou perdendo a hora consideravelmente. Arrasada,
saiu correndo pela rua, xingando-se chicoteando-se, e pensando no que sua família diria,
quando ela fosse demitida. Porem, quando chegou no endereço, chocou-se ao ver tanto fogo e
milhões de pessoas desesperadas pelas ruas. Dia do seu atraso: 11 de setembro. Local de
trabalho: World Trade Center. ( história verídica).
3. Criado por nós, com a ajuda de Deus- este tipo de milagre pode ser criado todos os dias por
nós mesmos, e não é menos poderoso do que os anteriores, pois nos trazem felicidade, saúde
e prosperidade. Somos filhos de Deus e temos todo o poder e apoio divino para isso. Agora,
iremos revelar em 6 passos, a nossa fórmula para criar milagres. Preste bem atenção, pois este
novo caminho modificou para sempre as nossas vidas e poderá trazer muita transformação para
a sua também.

PASSO 1- Se assumir a responsabilidade por um milagre, respeite-o e o mantenha-o.

Para criarmos um milagre é preciso entendermos primeiramente, o que são valores. Valores
são conceitos e posturas que nos são extremamente importantes, e que representam a nossa
verdadeira essência. Não estamos aqui falando de valores morais, pois este não é o ponto crucial
deste texto. Valores representam tudo aquilo que nos é mais valioso e indispensável para nosso
bem estar. Muitos de nós, valoramos a honestidade, a dignidade, a felicidade. Outros, valoram o
amor, fidelidade e segurança. Há também os valores de liberdade, equilíbrio, paz e a independência
emocional, poder, prestígio, romance, fama, discrição, etc. Para identificarmos nossos principais
valores, não deveremos primeiramente, julga-los de positivos ou negativos, bons ou maus. Valores
são aquilo que intimamente damos real importância. Porem, depois desta identificação, poderemos
sim, avalia-los, para saber se estamos caminhando bem, já que todas as nossas atitudes são
comandadas por nossos valores.
Durante uma guerra, um soldado que aprisionou um velho pai e seu filho adolescente, disse
para o ancião:
-Irei estuprar seu filho na sua frente, velho maldito!
-Pois fique sabendo que se assim tentares, terei de matá-lo! ( disse o pai).
- Estou armando, velho estúpido! Não tens a menos chance de me vencer! Preferes morrer e
deixar seu jovem filho desamparado em meio a esta guerra?”
- Não há como optar, soldado! Minha dignidade e hombridade são o que fazem de mim quem sou.
Não conseguirei ver, inerte, meu filho ser violentado. Terei que lutar até a morte para impedi-lo
de fazer isto!
E assim, o soldado acabou sendo morto pelo ancião, que transformou-se em uma enorme
fera par proteger sua cria. Mas o que queremos revelar aqui, é que em nenhum momento o ancião
conseguiu pensar em proteger seu filho durante a guerra, se para isto tivesse que vê-lo ser
violentado sem nada fazer. Seus valores de dignidade, amor e hombridade o iriam fazer lutar até a
morte, pois assim era ele: fiel, digno e destemido! Certo ou errado, para ele, não havia duas opções.
O grande problema atual da humanidade, parece ser a perda e o enfraquecimento dos
valores saudáveis. Por motivos como dependência emocional ou financeira, falta de fé, ganância
financeira patológica, poder, depressão, sexo livre, entre outros, temos violentado nossos valores.
E toda vez que os deturpamos, sentimos imensa dor na alma, sem saber o porquê. Por que será
que muitos de nós, mesmo românticos, traímos? Mesmo sonhadores, nos deixamos levar pelos
falsos encantos do dinheiro, e esquecemos do que realmente nos traz felicidade. Mesmo idealistas,
cedemos a esposos castradores, e aceitamos fazer papeis secundários nas vidas dos outros,
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esquecendo-nos de que poderíamos ter sido os verdadeiros protagonistas de nossas vidas.


Ajudamos os outros a realizarem seus sonhos, assim que eles perceberam que não iríamos nos
impor para realizar os nossos. Trocamos nossos sonhos por prazeres idiotas e não quisemos
acreditar que a vida passaria tão rápido.Mas por que fizemos isto?

O ponto de troca

Esta troca, aparentemente razoável, devido a tantas justificativas ardilosas, é


completamente ilusória. A ela, daremos o nome de PONTO DE TROCA: Este ponto significa o
exato momento em que aceitamos trocar nossos valores por algo que parece ser melhor, mais
vantajoso. Mas o que seria melhor do que nós mesmos, vez que somos feitos de nossos próprios
valores? Assim, esta troca parece ser real, mas é 100% ilusória. Um bom exemplo disso, é
sobre a pessoa que aceita o conselho dos pais para seguir uma profissão aparentemente mais
segura financeiramente, e deixa de se tornar uma incrível profissional naquilo em que já nasceu
com talento e que sempre amou fazer. Outro exemplo é a ganância patológica. Sempre atrás de
mais dinheiro, a pessoa desvia-se de seu sonho, e conclui que este, na verdade, pode se
transformar num mero hobbie. Quem sabe depois de conquistar considerável fortuna, sobrará
tempo para vivencia-lo? Essa grande ilusão mata em vida, este pobre aspirante a milionário, que
aceita trocar seus desejos mais genuínos pelo lixo luxuoso de uma vida inútil e infeliz.
Assim, devemos entender a imensa importância de identificarmos e mantermos nossos
valores saudáveis, custe o que nos custar. Se existe um valor de perseverança em nós, deveremos
lutar até o fim pelo que aspiramos. Se existe honestidade, jamais deveremos nos vender. Não
poderemos desejar milagres, se não estivermos dispostos a lutar para mantê-los em nossas vidas.
Deveremos respeitar nossos dons, sonhos, e projetos de vida. Deveremos respeitar a nossa
verdadeira essência e manter com todas as nossas forças, o milagre concedido. Não poderemos
vendê-lo no ponto de troca mais barato e tentador.

PASSO 2- Quando pedimos a deus por milagres, deveremos reivindicar o processo, nunca
o resultado.

Quando oramos a Deus para que certos milagres aconteçam em nossas vidas, ou seja,
situações que desejamos, mas que não vemos muita facilidade em conquista-las, primeiramente
deveremos pergunta-Lo, se elas nos serão realmente benéficas. A resposta estará na paz que
sentiremos, ao decidirmos seguir por um determinado caminho.
Porem, não deveremos desejar apenas receber o resultado, ou seja, o milagre em si, mas
poderemos pedir para vivenciar todo o processo. A vitória física é sempre resultado da vitória
espiritual, portanto é de suma importância, aprendermos ser para ter. Há vários exemplos de
pessoas que ganharam grandes fortunas por meio de heranças, ou mesmo, na mega sena e anos
depois, voltaram a viver na pobreza. Quando não há um processo de modificação interna, não
conseguimos sustentar as bençãos concedidas. Quando não há esforço e perseverança, não há
valoração. Então o processo, com todas as suas fases, ainda que dolorosas, é indispensável para
nós, pois só assim nos fortificaremos e principalmente, lutaremos para mante-lo.

PASSO 3- O milagre é a manifestação de nossa consciência

Para termos prosperidade em nossas vidas, deveremos falar e pensar sobre ela, quase que
em tempo integral. O que é prosperidade? Quais os seus requisitos e atributos? Quem prosperou
na área que nos interessa e como esta pessoa fez para conseguir êxito?
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Se aprendermos a trocar nossas crenças pessimistas e limitantes por pensamentos


positivos, dotados de foco, começaremos a enxergar o mundo de uma forma completamente
diferente, e passaremos a acreditar em possibilidades que antes nos pareciam inviáveis. Não há
idade para isto. Também não há raça, credo, posição social ou aparência que impeça nossas
chances de lutar por nossos ideais.
Um vendedor de 67 anos foi despedido de uma empresa, por considerarem sua idade
avançada para o emprego. Mas ele optou por não compartilhar da mesma opinião. Ao contrário,
ele se achava muito bem disposto, capaz e extremamente preparado para trabalhar. Deixemos que
ele mesmo revele sua forma de pensar:
-“Ora, se sou filho de Deus, Ele se utiliza de mim para fazer Suas obras. Assim, como poderei
considerar-me outra coisa, senão Seu instrumento? Para Ele, enquanto eu estiver vivo, poderei ser
bastante útil. Tenho certeza absoluta de que meu Poder Superior me fez ser demitido deste
emprego, porque outro trabalho irá me trazer maiores oportunidades de ajudar o próximo e ser
ainda mais útil a Deus. Possuo uma fé inabalável nisso. Acredito na prosperidade, na saúde, no
amor ao próximo, e perdôo a pessoa que me demitiu. Ela foi apenas guiada espiritualmente para
fazer isso, pois eu mesmo não teria pedido demissão."
E assim, alguns meses depois, ele foi contratado como diretor de uma empresa, que
possuía um grande setor beneficiente, e devido a sua experiência e habilidade de se relacionar
com pessoas, conseguiu fazer um ótimo trabalho. (história verídica).
Acreditamos piamente, que ao destruirmos nossas crenças limites, conseguiremos acabar
também nossos velhos padrões prejudiciais, que nunca nos levaram a um bom lugar.

PASSO 4 - Zona de conforto é sinonimo de inferno

Com o perdão da única palavra negativa deste texto, nossa intenção é apenas uma: alerta-
los para uma verdade absoluta: a zona de conforto é o único lugar por onde um PA em recuperação
nÃo deve caminhar. Ela é a única responsável por todo o caos, doenças físicas, insucessos,
frustração e depressão, ansiedade e falta de fé, em nossas vidas. Como termos muita fé e auto -
estima, depois de décadas de derrota pessoal? Em PA, observamos que a fé é como um músculo
que deve ser desenvolvido diariamente, mas não apenas em forma de oração, como pensamos
durante anos. A ação e o foco na prosperidade estão diretamente ligados ao aumento da fé. Se
não agirmos e não colocarmos toda a nossa energia em construir nossos sonhos, não haverá
oração que nos remova a frustração e o sentimento de vazio. Somos responsáveis pelo esforço e
Deus, pelo resultado. E nosso esforço é um conjunto de ações proativas. Não há problema em
sentirmos medo e desesperança, se decidirmos um dia de cada vez, colocarmos estas emoções
debaixo de nossos braços e continuarmos a seguir em frente.

PASSO 5- Ter certeza é a grande "obrigação" do processo

Sem certeza no processo, não conseguiremos caminhar muito adiante. A este tipo de
certeza, chamaremos “certeza além da fé.” Deveremos ter certeza em nosso Poder Superior,
certeza de que nossos sonhos, e ideais irão se realizar. Certeza de que a prosperidade nos
pertence totalmente. Certeza de que temos e de que sempre teremos imensa saúde física, mental
e espiritual. Jamais deveremos deixar que qualquer pessoa nos invalide ou diminua a nossa
certeza. Nada e ninguém poderá nos fazer pensar que nossos sonhos são impossíveis de se
realizar, pois não somos sonhadores abobalhados sem os pés no chão. Somos P.A em
recuperação.
A dúvida de si mesmo representa o ego de perfeccionismo, por não nos acharmos bons o
suficiente. A dúvida sobre si mesmo representa a idolatria a nossa incapacidade. Quem somos nós
para julgar os feitos de Deus insuficientes? Se Ele desejou que fossemos médicos, por que invalidar
nossa capacidade de cura, concedida por Ele, para ajudar os humanos? Se desejou que fôssemos
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palestrantes espirituais, por que subestimar Sua oratória que se expressa através de nossas bocas,
para acalentar os humanos? Quem somos nós para invalida-Lo? Se nosso Poder Superior
determinou a vontade sexual para fazer os seres vivos se multiplicarem, da mesma forma,
determinou o sonho, o amor a algo, para fazer-nos realizar Suas obras.
Assim, é nossa "obrigação" espiritual, termos certeza de que iremos conseguir desvendar e
realizar nossos sonhos, verdadeiras missões que nos foram designadas, ainda que pareçam elas
impossíveis, fúteis, ou árduas.

PASSO 6 - Contemple a apreciação

Quem não pratica a gratidão, não vivencia os próprios milagres, pois não consegue enxergar
as bençãos concedidas. Quando ingratos, só conseguimos nos conectar com a falta, ou seja, com
aquilo que ainda não temos.
Passar pela vida sem apreciar o que recebemos, é não vivenciar os 3 tipos de milagres
existentes. Neste caso, quando o ingrato ler uma reportagem como a do menino que caiu do prédio
sem se machucar, dirá: "Mas que grande mentira eles estão contando! O menino deve ter sido
amparado por alguém que já estava preparado para segura-lo!” E o que dirá o ingrato em relação
à moça que não acordou para a reunião no World Trade Center, no dia 11 de setembro? Podemos
imaginar que suas palavras sejam algo como: "Porque este milagre não foi estendido aos demais,
já que o Poder Superior de vocês é "tão Poderoso"?” Assim, poderemos responde-lo:”Não nos cabe
desvendar ou tentar interpretar os desígnios de Deus, mas o que sabemos, é que aquele
certamente, não era o dia programado para a passagem de Cristina para um "outro plano". Mas
não mesmo!!

ORAÇÃO DA GRATIDÃO

Senhor, muito obrigado, pelo que me deste, pelo que me dás, pelo ar, pelo pão, pela paz!
Muito obrigado, pela beleza que meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que contemplam o céu cor de anil, e se detém na terra verde, salpicada de flores em
tonalidades mil!
Pela minha faculdade de ver, pelos cegos eu quero interceder, por aqueles que vivem na escuridão
e tropeçam na multidão, por eles eu oro e a Ti imploro comiseração, pois eu sei que depois dessa
lida, numa outra vida, eles enxergarão!
Senhor, muito obrigado pelos ouvidos meus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro,
a dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo, que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não se esquece nunca mais.
Diante de minha capacidade de ouvir, pelos surdos eu te quero pedir, pois eu sei, que depois desta
dor, no teu reino de amor, eles voltarão a ouvir!
Muito obrigado Senhor, pela minha voz!
Mas também pela voz que canta, que ensina, que consola.
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Pela voz que com emoção, profere uma sentida oração!


Pela minha capacidade de falar, pelos mudos eu te quero rogar, pois eu sei que depois desta dor,
no teu reino de amor, eles também cantarão!
Muito obrigado Senhor, pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam,
que agasalham.
Mãos de caridade, de solidariedade. Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesias, de cirurgias, de sinfonias, mãos que numa noite fria, cuida ou lava louça numa
pia.
Mãos que a beira de uma sepultura, abraça alguém com ternura, num momento de amargura.
Mãos que no seio, agasalham o filho de um corpo alheio, sem receio.
E meus pés que me levam a caminhar, sem reclamar.
Porque eu vejo na Terra amputados, deformados, aleijados...e eu posso bailar!!...
Por eles eu oro, e a ti imploro, porque eu sei que depois dessa expiação, numa outra situação,
eles também bailarão.
Por fim Senhor, muito obrigado pelo meu lar!
Pois é tão maravilhoso ter um lar...
Não importa se este lar é uma mansão, um ninho, uma casa no caminho, um bangalô, seja lá o que
for!
O importante é que dentro dele exista a presença da harmonia e do amor!
O amor de mãe, de pai, de irmão, de uma companheira...
De alguém que nos dê a mão, nem que seja a presença de um cão, porque é tão doloroso viver na
solidão!
Mas se eu ninguém tiver, nem um teto para me agasalhar, uma cama para eu deitar, um ombro
para eu chorar, ou alguém para desabafar..., não reclamarei, não lastimarei, nem blasfemarei.
Porque eu tenho a Ti!
Então muito obrigado porque eu nasci!
E pelo teu amor, teu sacrifício, tua paixão por nós,
Muito obrigado Senhor!

UM ESTUDO SOBRE A AUTO-ESTIMA:

A baixa auto-estima:
A baixa auto-estima tem sua origem em uma família disfuncional, em uma relação de
dependência doentia, em falhas pessoais, ou em um ou mais relacionamentos desastrosos. As
pessoas com baixa auto-estima sofrem de padrões de comportamentos autodestrutivos,
pensamentos irracionais e dificuldade em desenvolver e manter relacionamentos saudáveis e
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satisfatórios. São aquelas que perderam o foco de seu propósito e direção na vida. São impotentes
perante as conseqüências comportamentais de sua baixa auto-estima.

A baixa auto-estima está na raiz dos comportamentos que fazem nossa vida se tornar
improdutiva ou incontrolável. Desejamos com a literatura desenvolvida por C.A. sobre este tema,
reavermos o autocontrole para nos sentirmos mais produtivos e bem sucedidos.

Desenvolver baixa auto-estima crônica leva tempo. É preciso uma série de eventos e uma
cadeia de comportamentos habituais para amortecer o sentido do valor pessoal. Levou-se muitos
anos para que a nossa auto-estima fosse trazida ao atual nível em que se encontra, e agora, o
processo de recuperação para aumentá-la também será lento, mas nos trará resultados
inimagináveis.. Desenvolvemos velhos hábitos difíceis de quebrar. Temos sonhos fantasiosos
sobre a maneira como as coisas deveriam ser, e por esta razão, o nosso primeiro passo rumo à
prosperidade, será identificar as causas, características e efeitos de nossa baixa auto-estima, que
pode ter surgido da convivência em nossa casa, escola, trabalho e vida social. Aqui, tentaremos
também, identificar as crenças irracionais, sentimentos reprimidos e relacionamentos doentios que
contribuíram para sua regressão. O importante é conseguirmos enxergar o seu impacto negativo,
que resultou em nossa perda de controle, gerando sentimentos e comportamentos improdutivos e
derrotistas perante à vida. O que se segue é a descrição do impacto negativo da baixa auto-estima.

A Baixa auto-estima tem suas raízes em uma série de circunstâncias da vida e exporemos
aqui,as principais causas:

1. Se viemos de uma família de origem, onde nossa mãe e / ou pai tiveram problemas com:
álcool, drogas, ciúmes patológico, doença mental, incapacidade de demonstrar carinho e afeto,
padrão de críticas destrutivas; rigidez de crenças religiosas; padrão workaholic, violência física,
então, com toda a probabilidade , isto afetou negativamente a nossa auto-estima.

2. Se fomos física, emocional, verbal ou sexualmente abusados ou negligenciados por: um


pai; um irmão ou irmã; um “cuidador” adulto; seu cônjuge, amante, ou amigo, isto afetou
negativamente a nossa auto-estima.

3. Se, em um relacionamento com um dos pais, um membro da família ou cônjuge,


trabalhamos duro para superar a irresponsabilidade da outra pessoa e não importa o que fizemos,
"nunca éramos bons o suficiente" para corrigir os problemas da outra pessoa, isto afetou
negativamente a nossa auto-estima.

4. Se, por outro lado, fomos dependentes de outra pessoa para fazer as coisas certas para
nós, isto afetou negativamente a nossa auto-estima.

5.Se já estivemos em um relacionamento em casa, na escola, no trabalho ou amoroso, que


foi desastroso e marcado por maus sentimentos, nossa auto-estima foi afetada negativamente.

6. Se nós ou um familiar próximo, formos portadores de uma deficiência de desenvolvimento


ou doença crônica, nossa auto-estima sofreu e poderá ter sido reduzida.

7. Se já experimentamos uma falha pessoal, como repetir um ano, abandonar a escola,


perder um emprego, falência ou divórcio, nossa auto-estima sofreu e pode ter sido reduzida.

Estas fontes ajudaram a distorcer o nossas emoções e podem ter alterado o nosso auto-
valor (valor que damos a nós mesmos). Talvez, nossos pensamentos tenham sido afetados por
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crenças irracionais não fundamentadas na realidade, mas motivados pela falta de aceitação em
relação ao ocorrido, e pela necessidade de arranjarmos um responsável por tudo isso: nós mesmos!
Em algum momento, abrimos as portas para a culpa, medo, desconfiança, insegurança e
manipulação. Estes pensamentos nos levaram a acreditar que não importa o que fizéssemos na
vida, "nunca seríamos bons o suficiente." Também nos levaram a acreditar que seríamos filhos do
nada, a menos que realmente "fizéssemos alguma coisa realmente muito importante." Estes
pensamentos não nos permitiram nos amar incondicionalmente, por sermos exatamente quem
somos. O pensamento irracional nos levou a desenvolver auto-scripts negativos que mantêm nossa
auto-estima presa num calabouço, reduzida, e nos fazendo sentir muito mal conosco.

Nossas emoções e sentimentos foram distorcidos pelas fontes de baixa auto-estima, porque
não estávamos autorizados a expressar nossos sentimentos de uma maneira "normal" e saudável.
Esperávamos sempre "ficar bem" aos olhos do público e não expressar nada negativo perante ele.
Não fomos encorajados a ser expressivos o suficiente, caso tivéssemos sentimentos felizes ou
positivos. Muitos de nós aprendemos a tentar logo a manter a paz e evitar o conflito, mantendo os
sentimentos reprimidos e isto nos dificultou a habilidade de identificar os verdadeiros sentimentos.
Outros, só conseguem expressar os sentimentos de forma exagerada ou explosiva.

Os sentimentos distorcidos,sejam eles reprimidos, negados, exagerados ou explosivos,


resultam em depressão, uma doença / sentimento comum experimentada por pessoas com baixa
auto-estima.

Exemplos de comportamentos distorcidos: necessidade de aprovação, o medo da rejeição,


a prevenção de conflitos, a falta de assertividade, a fraca resolução de problemas, a incapacidade
de desenvolver a intimidade e o uso excessivo de poder e controle.

O resultado final de pensamentos, sentimentos e comportamentos distorcidos é a baixa auto-


estima, que resulta no desenvolvimento de um padrão de comportamento pessoal, o qual
chamaremos aqui de “antigos traços de personalidade doentia”. Esses representam formas
compulsivas de agir aprendidas na família de origem, escola, trabalho, etc. Podemos ter apenas
um desses nove padrões ou uma mistura deles. São eles:

1. Boa aparência- Aparência de bom comportamento aos olhos do mundo; preocupação


excessiva com o olhar do outro.

2. Encenação – falsa aparência, máscaras.

3. Vitimização – sentimento de abandono exagerado.

4. Padrão de diversão - Aparência em forma de papel do comportamento divertido

5. Conturbação - Papel de comportamento problemático

6. Padrão agradador:.- Aparência ao mundo, no papel do comportamento facilitador

7. Resgate; Aparência ao mundo, no papel de resgate

8. Insensibilidade: Aparência ao mundo no papel de comportamento não sentimental.


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Estes traços de personalidade doentia são a base para a nossa falsa personalidade.
Infelizmente, eles contribuem para a nossa auto-estima reduzida. Na recuperação, o objetivo é
aprender um padrão comportamental positivo e saudável e eliminar o negativos e doentios.

Diretamente relacionadas a esses nove traços de personalidade que emanam de baixa auto-
estima, estão as sete conseqüências comportamentais negativas a seguir:

1) Perdas não resolvidas e questões de luto;

2) Comportamentos autodestrutivos;

3) Problemas com controle;

4) Raiva não resolvida;

5) Comunicações defeituosas;

6) Problemas de ajuste pessoal

7) Problemas de relacionamento interpessoal.

Cada uma dessas sete áreas problemáticas não só resulta de baixa auto-estima, mas também
contribui para piorá-la, e aumentar seus traços compulsivos e doentios de personalidade.

1.Perda não resolvida e questões de luto- ocorrem quando reprimimos ou negamos nossos
sentimentos. Por causa da baixa auto-estima e da necessidade de "parecer bem" aos olhos dos
outros, podemos nunca ter passado pela resposta emocional adequada para enfrentar: a morte de
um ente querido, uma relação perdida, uma experiência de fracasso, a maneira inadequada pela
qual fomos tratados pelos outros, ou mesmo, questionar dúvidas pertinentes à qualidade e o
sucesso na vida.O vazio criado por nossa falta de aceitação em relação às perdas, pode ter criado
respostas emocionais que afetaram nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos
resultando em mais baixa auto-estima.

2. Comportamentos auto-destrutivos - contribuem e são o resultado da baixa auto-estima.


Muitos comportamentos autodestrutivos como o uso excessivo de álcool, drogas, comida, jogos de
azar ou sexo precisam de ajuda específica e direta para superar o vício. Esses comportamentos
podem causar um impacto devastador em nossa casa, no trabalho e na vida social.

3. Problemas no controle e manipulação - este é um resultado direto da baixa auto-estima. Para


tentar manter nossa sanidade, podemos ter tentado controlar as pessoas, eventos e circunstâncias.
Por outro lado, podemos ter nos tornado dependentes dos outros. Em ambos os casos, esses
comportamentos de controle eram doentios e afetaram negativamente nossa auto-estima. O
caminho para a recuperação enfatiza o abandono destes padrões, através do desenvolvimento do
auto-controle sobre o nossos pensamentos, que controlarão nossos sentimentos, que por sua vez,
resultarão em comportamentos saudáveis. O auto- controle é o antídoto para o controle dos outros
e das situações. Assim, conseguiremos assumir a responsabilidade pessoal e melhorar a nossa
auto-estima.

4. Raiva não resolvida - A raiva é uma emoção saudável, mas pode se tornar distorcida, como
resultado de baixa auto-estima. Poderemos ter crenças que bloqueiam a expressão de raiva,
levando-nos a ficar deprimidos. Ou nossa raiva poderá ser tão hostil e explosiva que poderá não
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apenas magoar, mas destroçar os outros. Podemos ter negado tanto a raiva, que apenas o
pensamento de ficar irritado já nos assuste. A raiva não resolvida contribui para um sistema de
crenças defeituoso, vida emocional inadequada e comportamentos doentios, diminuindo em
muito,a nossa auto-estima. Livrar-se da raiva doentia é uma maneira de se recuperar o equilíbrio
emocional, ganhar energia e libertar-se para amar e se divertir. Nosso tratamento começa com a
aplicação séria dos evites da raiva, que devem ser seguidos rigorosamente, pois meias medidas
jamais irão nos adiantar.o que no início poderá ser extremamente difícil e desconfortável, irá nos
levar a um lugar de paz, felicidade e luz, jamais imaginado por nós. Primeiramente, precisamos
retirar as atitudes raivosas, pois podemos sentir raiva, mas jamais atuar nela. Ao retirar o seu
aspecto físico, ou seja, seu comportamento, poderemos então tratar seus aspectos emocionais e
espirituais. Evitaremos a primeira briga e a primeira humilhação. Evitaremos o primeiro grito ou alto
tom de voz. Serenemos nossas expressões faciais. Não entraremos em controvérsia e sempre,
sempre, tentaremos presentear os outros com a razão, se dela fizerem questão, pois para nós, ela
é a verdadeira antítese da felicidade. Estas sugestões nos valem mais do que pérolas, e sentiremos
uma enorme mudança em nossa qualidade de vida, se a levarmos a sério.

5. Comunicações defeituosas - surgem como resultado de termos recebido um modelo errado de


comunicação no passado. Nossa incapacidade de expressar os sentimentos abertamente
influenciou nossa baixa auto-estima. A capacidade de ouvir os outros e refletir sobre seus
sentimentos também nos foi uma habilidade perdida. Estas comunicações defeituosas resultaram
em sentimentos de fracasso e auto-estima reduzida. Para ganhar novas habilidades na
comunicação, precisamos de novos modelos de interação saudável. Precisaremos aprender a
concentrar nos sentimentos e não no conteúdo que está sendo dito por outra pessoa.

6. Problemas de ajuste pessoal - afetados pela baixa auto-estima, não desenvolvemos a auto-
confiança para acreditar em nossas próprias habilidades e valor. Como resultado, trabalhamos mais
duro, durante todo esse tempo, para provar a nós mesmos que conseguiríamos as coisas boas da
vida, como paz, realização profissional, amorosa, familiar, etc, mas o sentimento de fracasso,
apesar de toda luta, sempre esteve, de alguma maneira, ao nosso lado. Por causa de nossa baixa
auto-estima, sabotamos nossos próprios esforços para sermos bem sucedidos na vida. A maioria
de nós, possuía dificuldades em lidar com o estresse e parecia sofrer de uma espécie de” burnout”,
por não saber como relaxar ou se divertir. A insegurança severa e falta de confiança no eu, inibiram
nossa capacidade de assumir riscos. Encontramo-nos caminhando em círculos, com auto-scripts
negativos gerando auto-aversão. Mas em recuperação, entendemos a importância da auto -
afirmação e mudança destes antigos scripts comportamentais, que não só levará a uma maior auto-
estima, mas também à capacidade de aceitar a responsabilidade pessoal por um “eu saudável”.

7.Problemas de relacionamento - resultam de baixa auto-estima. Estas relações improdutivas e


doentias contribuem para a diminuição da auto-estima. Baixa auto-estima é muitas vezes a causa,
a raiz do fracasso da maioria dos relacionamentos. É preciso duas pessoas para se arruinar um
relacionamento, pois ambas as partes precisam ter uma auto-estima saudável para ele seja
saudável. Se assim não for, a relação terá barreiras ao seu crescimento e produtividade. As
pessoas com baixa auto-estima parecem procurar outras iguais, para estabelecer suas relações
pessoais, profissionais ou sociais. Esses relacionamentos começam com uma base frágil, que
muitas vezes, resulta em conseqüências desastrosas. Ao trabalharmos no caminho de nos amar
incondicionalmente, e construirmos confiança em nossa capacidade de manter relacionamentos
saudáveis, começaremos a atrair parceiros mais saudáveis para nossa vida pessoal, profissional e
social.
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A alta auto-estima:
Iremos apresentar agora, as características da auto- estima saudável, para que fique-nos muito
claro o que é o bem viver : As pessoas que possuem uma auto-estima saudável sentem-se sempre
dignas:

a) de serem amadas e de amar os outros;

b) de serem cuidadas e cuidar dos outros;

c) De serem nutridas e nutrir os outros;

d) de serem apoiadas e de apoiar os outros;

e) de serem ouvidas e ouvir os outros;

f) de serem reconhecidas e reconhecer os outros;

g) de serem encorajadas e encorajar os outros;

h) de serem reforçadas como "boas" e de reconhecer os outros como "bons".

i) Pessoas com auto-estima saudável têm uma personalidade produtiva; Conseguem o


sucesso por um melhor desempenho de sua capacidade no trabalho e na sociedade. São
capazes de ser criativas, imaginativas solucionadoras de problemas, assumindo riscos. São
otimistas em sua abordagem à vida e à execução de seus objetivos pessoais.

j) Pessoas com auto-estima saudável são líderes e habilidosas em lidar com as pessoas. Elas
não são nem muito independentes, nem muito dependentes dos outros. Possuem a
capacidade de dimensionar um relacionamento e ajustar-se às demandas da interação.

k) Pessoas com auto-estima elevada têm auto-conceitos saudáveis e elevada auto-imagem.


Sua percepção de si mesmas está em sincronia com a imagem que projeta para os outros.
Elas são capazes de afirmar claramente quem são, qual é o seu potencial futuro, e para o
que vieram na vida (propósito). São capazes de declarar o que merecem receber em sua
vida.Têm um senso de merecimento que lhes permite colher coisas boas.

l) Pessoas com alta auto-estima são capazes de aceitar a responsabilidade e as


consequências de suas ações. Não recorrem a colocar a culpa nos outros ou usá-lo como
bodes expiatórios para ações originaram um resultado negativo. Elas são altruístas. Têm
uma legítima preocupação com o bem-estar dos outros. Não são egocêntricas ou egoístas
em sua visão da vida. Não assumem a responsabilidade pelos outros de forma excessiva.
Elas ajudam os outros a aceitarem a responsabilidade por suas próprias ações. Estão, no
entanto, sempre prontas para ajudar qualquer pessoa que necessite de ajuda ou orientação.

m) Pessoas com auto-estima elevada têm habilidades de enfrentamentos saudáveis. Elas são
capazes de lidar com o estresse em suas vidas de forma produtiva. São capazes de colocar
os problemas, preocupações, questões e conflitos que surgem de uma maneira a gerar boa
perspectiva. São capazes de manter suas vidas em perspectiva sem se tornar
demasiadamente idealistas. Elas têm um bom senso de humor e são capazes de manter um
equilíbrio entre o trabalho e diversão em suas vidas.
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n) Pessoas com auto-estima saudável costumam olhar para o futuro com emoção, um senso
de aventura e otimismo. Elas reconhecem seu potencial de sucesso e visualizam seu
sucesso no futuro. Possuem sonhos, aspirações e esperanças para o futuro. Possuem um
senso de equilíbrio no trabalho em direção a seus objetivos. Sabem de onde vieram, onde
estão agora e para onde irão.

o) A auto-estima das pessoas saudáveis é apoiada na família, no grupo de amigos, no local de


trabalho e na comunidade. Para sustentar a auto-estima saudável, as pessoas precisam
receber nutrição das outras pessoas em seu ambiente, incluindo:

a) Apoio, amor e carinho incondicionais: perceber que outras pessoas os reconhecem como
merecedores de serem nutridos, reforçados, recompensados e ligados. O ambiente
transmite mensagens de carinho, pelo toque físico, atendendo às necessidades de
sobrevivência de alimentos, roupas e abrigo, e proporcionando um senso de estabilidade e
ordem na vida.

b) Aceitação de quem eles são: elas sentem que outras pessoas conseguem vê-los como
indivíduos dignos e capazes, que têm um conjunto único de características de
personalidade, habilidades e competências tornando-os especiais. Aceitação ajuda as
pessoas a reconhecerem que as diferenças entre elas e as outras pessoas está ok. Isso
estimula o desenvolvimento de um senso de domínio pessoal e autonomia. Aceitação
permite que as pessoas venham a desenvolver relações com os outros, mas manter limites
saudáveis da individualidade dentro de si.

c) Boa comunicação: ser ouvido e respondido de forma saudável, para que a resolução de
problemas saudáveis seja possível. Recomenda-se a doação e recebimento de feedback
apropriados. Comunicar-se pela expressão de sentimentos é uma atitude padrão para essas
pessoas, permitindo que elas entrem em contato com suas emoções de maneira produtiva.

Para o desenvolvimento da auto-estima saudável, deve haver:

1.Reconhecimento e aceitação das pessoas por quem elas são. Condicionar tal reconhecimento
e aceitação na condição de que elas primeiro devam se conformar a um padrão prescrito de
comportamento ou conduta é doentio. O reconhecimento e a aceitação incondicionais dados sob a
forma de apoio permitem que os indivíduos alcancem seu potencial máximo.

2. Limites claramente definidos e aplicados conhecidos pelos indivíduos sem truques ocultos ou
manipulação. Os limites estabelecem a estrutura para a vida das pessoas, permitindo padrões
claros de comportamento apropriado e adequado. Os limites permitem que os indivíduos
reconheçam suas responsabilidades e tracem seu curso de comportamento de forma racional.

3.Respeito para a ação individual dentro dos limites definidos do ambiente. Isso encoraja os
indivíduos a usar sua criatividade, engenhosidade e imaginação para serem produtivos dentro da
estrutura estabelecida. Restrições que suprimem a individualidade podem levar a um foco estreito,
e faz as pessoas ficando atrofiadas e deficientes no uso de suas habilidades pessoais, habilidades
e recursos.

4. Liberdade estabelecida dentro da estrutura. Isso permite que os indivíduos desenvolvam um


senso de autonomia pessoal. Se eles ficarem muito amarrados e inibidos, poderão ficar ressentidos
e, finalmente, rebeldes contra as estruturas impostas em seu ambiente. Ser dada a liberdade de
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auto-expressão dentro das regras e normas estabelecidas permite aos indivíduos explorar seu
potencial ao máximo; Assim, há uma maior possibilidade de obterem sucesso, e serem
empreendedores saudáveis.

A auto-estima das pessoas saudáveis é uma das grandes metas da nossa recuperação.
Alcançar e sustentar a auto-estima saudável e plena é um projeto para toda a vida, que implica em
vigilância, esforço e energia.

Os quatro pilares da auto-estima:

1.Senso e Pertencimento – Todo ser humano pertence a um ou mais grupos sociais, por suas
características intrínsecas de gregariedade e sociabilidade. Todos nós pertencemos a um núcleo
familiar, a uma escola, faculdade, círculos de amigos, trabalho, etc. mas a pergunta é: a quais
grupos deveríamos realmente pertencer? Muitas vezes, não nos sentimos fazendo parte de um
grupo, por exemplo, familiar e acabamos por nos envolver com pessoas que não nos fazem bem.
O senso de pertencimento é um dos pilares da auto-estima, quando entendemos quem somos,
quais as nossas qualidade se valores, e passamos a procurar os nossos semelhantes, para com
eles, podermos nos sentirmos realmente em casa, em paz, e em estado de contínua felicidade.
Nada é mais satisfatório do que encontrarmos amigos que tenham uma enorme afinidade espiritual
conosco. Descobrirmos qual é o nosso sonho, nos leva a conviver com nossos iguais, em um
ambiente que nos complete o vazio da alma. Fazer cursos, encontrar caminhos espirituais, podem
muitas pessoas que pensam como nós. Para elas, tudo o que dissermos terá imenso valor, e isto
só pode contribuir para que nos sintamos bem conosco.

2.Senso de Identidade – há um ditado que diz que “99% do nosso livre arbítrio depende das
pessoas que estão ao nosso redor”. Então quem somos nós? Como nos definimos? Estamos
pertencendo aos grupos certos? O senso de identidade começa na filosofia. Ex: Raquel era
bailarina, acreditava no espiritismo, gostava pintar aquarela,era esposa e mãe de dois filhos e vivia
o veganismo, e amava antropologia. Mas quem era Raquel e a que grupos pertencia? Para termos
um senso de identidade correto, devemos saber quem somos em primeiro lugar. Raquel era casada
ou era vegana? Era mãe ou bailarina? Em primeiro lugar, Raquel era espírita, pois sabia que sem
esta conexão com o Divino, não faria bem, então nada seria. Sem segundo lugar, era bailarina,
pois sem o encontro espiritual com seu dom, não seria boa mãe, e muito menos, uma boa esposa.
Em terceiro lugar, ela era vegana, pois aquela era sua filosofia de vida, parte importantíssima de
sua identidade. Não importava onde fosse, ela não comia leite, carne e seus derivados, pois não
encontrava dilemas em relação a isto. Seguindo a ordem, era mãe e esposa, amante de
antropologia e fazia aulas de aquarela. Pertencia a grupos de espiritismo, dava aulas de ballet e
participava de um corpo de baile, trabalhando com grandes amigos de longa data. Também era
envolvida com movimentos veganos, e ali também era querida e respeitada. Amava seus filhos e
marido, e tinha bons momentos com os grupos de pintura e antropologia. Com este exemplo,
podemos nos inspirar em descobrimos quem somos, fazendo uma lista de nosso senso de
identidade, tentando descobrir quem somos em primeiro lugar, para depois seguir uma ordem.
Quando esta lista estiver pronta, deveremos investigar se estamos pertencendo aos grupos certos.
Só enfrenta dilemas, aquele que ainda não se conhece.
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3.Senso de merecimento – muitas vezes, abrigamos em nosso inconsciente, crenças de não-


merecimento, e acabamos por sabotar as bênçãos da vida. somos filhos de Deus e precisamos
acreditar que não viemos aqui só para sentir dor, mesmo que com um pensamento de que isto nos
traga crescimento espiritual. Temos direito de sermos felizes, se sentirmos alegrias, de
encontrarmos grandes amores, amizades, e de principalmente, ser bem sucedidos na vida. a vida
também é feita de diversões e regozijos.ex: Marcelo, ao fazer um inventário escrito das várias áreas
de sua vida, constatou que as áreas de relacionamento e profissional não estavam prosperando.
Foi então que percebeu, que possuía uma crença irracional de decisão negativa, que poderia ser
traduzida na seguinte expressão: “eu decidi que não mereço ser feliz no amor e nem prosperar em
minha profissão.” Foi ali que ele percebeu que seu consciente estava apenas obedecendo uma
ordem sua.Sugerimos então, que se faça uma lista de todas as áreas da vida, colocando ao lado
uma nota de prosperidade, de 0 a 10. Assim, poderemos identificar as decisões negativas, e trazê-
las de nosso inconsciente para o consciente, e então, poder trabalhá-las. O nosso propósito aqui,
é sair da inércia. Precisamos emergir nos nossos sonhos e propósitos.

4.Senso de eficácia- tendo identificado os 3 primeiros sensos, presumimos que você já saiba um
pouco mais sobre quem é, os grupos aos quais deva pertencer, conheça um pouco mais sobre as
regras que atrapalhavam seu desenvolvimento em uma ou mais áreas, e agora, possa talvez,
entender o que seja senso de eficácia. Este se traduz na certeza de ser capaz. Precisamos agora,
nos assegurar se de fato estamos fazendo todo o esforço possível para alcançar nossos objetivos.
Ex: Luana queria ser juíza. Passou a acordar o mias cedo possível, fazia uma atividade física, e
partia para uma biblioteca para estudar até a noite. Mesmo com tantas pessoas lutando pelo mesmo
objetivo, ela não desanimava. Seu senso de eficácia tinha a ver com o fato de saber que ela estava
em um bom lugar: não interessava se os outros sabiam mais, ou se os concursos ofereciam poucas
vagas. Ela estava no caminho certo, e isto era o suficiente.

Com auto-estima, chegamos a um lugar de luz, de onde nenhum ser humano será capaz de
nos retirar.

Afinal de contas, não há nada que nos complete mais do que nossa própria essência.

O SEDENTARISMO COMPULSIVO

O sedentarismo significa um estilo de vida onde a pessoa pratique muito pouco ou nenhum
exercício fisico. Em outras palavras, sedentário para Procrastinadores Anônimos, é todo aquele
indivíduo que pratique menos de 90 minutos por semana de atividade física
Muitos sedentários, além de não se considerarem como tal, acreditam que seus problemas
de saúde os impeçam de praticar exercícios físicos, porem, não querem ou não conseguem
perceber que tais problemas apenas existem por causa de seu sedentarismo. É uma verdade
bastante dolorida de se encarar, o fato de que sua saúde seria fabulosa, se não fossem acometidos
do sedentarismo. Um bom exemplo do que estamos falando é a obesidade, que nunca é apenas
genética, pois sempre anda lado a lado com a inação.
Poderíamos, porem, continuar esse texto colocando verdadeiro terror psicológico em nossos
leitores, como fazem a maioria dos artigos que discorrem sobre o tema. Assim, poderíamos
assusta-los ao relatar algumas das terríveis consequências do sedentarismo. Tal lista seria
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interminável, mas sabemos que apenas os deixaria ainda mais prostrados do que já se encontram,
pois do contrário, não teriam buscado ler sobre este assunto.
Há dois tipos de pessoas sedentárias. As que ainda não se decidiram por praticar
constantemente a atividade física e as que já se decidiram, porem, não conseguem faze-lo de
maneira alguma, devido a impedimentos espirituais e mentais. A este último caso, chamaremos de
Sedentarismo Compulsivo.

A história de Helena

Todo dia era o mesmo desespero. Ela acordava, e imediatamente era assaltada pela boa e
velha angústia de sempre. "Mais um dia em que acordo e me dou conta de que preciso me exercitar.
Já estou com colesterol alto, excesso de peso, desgastes dos ossos, e todos os médicos do mundo
parecem ter decorado apenas um único texto. “faça exercícios físicos ou irá piorar”. Mas que tortura
ter que fazer algo sem vontade nenhuma!”
Este era o discurso interno matinal de Helena, que com os porretes da culpa na mão,
chicoteava-se por não conseguir sequer sair de casa rumo à academia de ginástica. Um duelo
interno tão cruel, que parecia retirar-lhe as últimas forças que possuía. Quando muito, conseguia
vestir uma roupa apropriada para se exercitar, mas em instantes arranjava uma boa desculpa para
não prosseguir. A desistência havia se tornado sua "infiel" companheira de todas as horas.
Como penitencia, Helena entregava-se ainda mais ao comer compulsivo. Chafurdava-se nos
doces para sentir-se menos amarga, e tornava-se cada vez mais refém de um pó tão branco, e
mortal quanto a cocaína, porem ainda mais sorrateiro, pois disfarçava-se em lindos confeitos
coloridos. Poderosíssimo era mesmo o tal ciclo vicioso no qual estava imersa, pois o comer
compulsivo a proibia espiritualmente de se exercitar, e o decorrente sedentarismo a impelia a comer
ainda mais.
Helena era uma vítima do sedentarismo compulsivo, um dos vários tentáculos da doença da
procrastinação compulsiva. Nem todos os procrastinadores têm os mesmos padrões, e há alguns,
que apesar de cultivarem uma excelente disciplina no que tange à atividade física, "sedentarizam"
a a própria vida, sem dar-lhe o devido andamento. Outros porem, são acometidos pelo total
esvaziamento de forças para se exercitar. Indicações ou sugestões médicas não conseguem
amedronta-los por muito tempo, e com a progressão desta adicção evitativa, ou seja, não
conseguem sequer se imaginar fazendo atividades que um dia os dera tanto prazer, como danças,
lutas, etc.
Ninguém melhor para entender da doença de adicção do que o próprio adicto. Por muitos
anos, a medicina considerou que os vícios eram apenas químicos, restritos praticamente a álcool
e drogas, e os chamados "adictos internos" sofreram os horrores da ignorância psiquiátrica, pois
eram medicados com equivocados psicotrópicos, receitados devido a diagnósticos absurdos. O
raivoso crônico, viciado nas varias expressões da raiva, era considerado transtorno bipolar. O
ciumento compulsivo, viciado em desconfiança, era diagnosticado com personalidade bordeline. O
procrastinador, viciado em frustração, era diagnosticado com depressão. Poucos não foram os
remédios com os quais nos dopamos.
Pensando bem, se há algo que possa nos fazer rir em meio a todo esse desconhecimento
técnico e espiritual, é mesmo essa compulsão pelo sendetarismo. Ficamos atordoados quando até
mesmo outros procrastinadores nos diziam que nossa “falta de força de vontade para praticar
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exercícios”era preguiça, falta de boa vontade, ou mesmo, desleixo com a própria aparência. No
inicio desse texto, fizemos questão de distinguir os dois tipos de sendentarismo. O voluntário e o
compulsivo. A diferença entre os dois, é que no primeiro há uma opção de se exercitar ou não. E o
sedentário escolhe por continuar inerte. O sedentarismo compulsivo é uma doença de adicção, ou
seja, uma violenta compulsão de não praticar esportes, que transforma em inativa, uma pessoa
que em sua natureza, seria ativa, responsável com a própria saúde e vaidosa o suficiente para não
se abandonar ou relaxar na própria aparência.
Apenas uma pessoa que jamais se abandonaria se não estivesse doente do sedentarismo
compulsivo, pode vir a sofrer amargamente, por não conseguir dominar sua mente, para fazer
aquilo que julga ser de suma importância para seu bem estar. Ela tem total consciência da
imprescindibilidade da atividade física para sua saúde, sente medo e culpa avassaladores por não
pratica-la, mas com tudo isso, não consegue agir. Casos há de diabetes, problemas de coração,
obesidade, entre outros com recomendações médicas para o urgente exercício físico, mas esses
adictos à procrastinação sedentária simplesmente não conseguem mover uma palha em prol de si
mesmos. Mas será que não a mesmo saída?

A saída

Em Procrastinadores Anônimos, percebemos alguns comportamentos comuns destrutivos


entre aqueles de nós que sofriam do sedentarismo compulsivo, e decidimos escrever algumas
sugestões especiais que contra-atacam tais comportamentos, a fim de conseguirmos abrir uma
porta espiritual a muito tempo trancada em nossas vidas. Chamaremos estas sugestões de EVITES
E PROCURES DO SEDENTARISMO COMPULSIVO.

OS 12 EVITES E PROCURES DO SEDENTARISMO:

a) Evite dormir tarde. Procure se exercitar se possível pela manhã, evitando transformar este
objetivo novamente em um engodo. Um bom mantra seria: "Acorde e vá, acorde e vá!

b) Evite permanecer na cama quando acordar. Os primeiros minutos do seu acordar poderão
definir todo o seu dia. Procure fazer sua cama e colocar uma "roupa de atividade física.” Deitar-
se ao longo do dia é extremamente perigoso para o procrastinador sedentário. Lembre-se: cama
é lama para a maioria de nós.

c) Evite comer compulsivamente. Muitas vezes, o tratamento do comer compulsivo deve andar
lado a lado com o tratamento do sedentarismo compulsivo. Há pessoas, que ao atuarem no
comer compulsivo, sentem-se impedidas espiritualmente de praticar exercícios.

d) Evite conviver com pessoas invalidadoras- descobrimos que se convivermos ativamente


com pessoas que nos anulam, diminuem, abusam ou invalidam, em qualquer área de nossas
vidas, somos automaticamente esvaziados de qualquer força interior para nos cuidar.
Acabamos nos abandonando sem entender o porquê, mas a explicação é simples: somos
sugamos espiritualmente, perdendo justamente a força espiritual necessária para combater uma
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doença como a compulsão. Procure cercar-se de pessoas que o admiram, validam e que o
possibilitem ter senso de merecimento e pertencimento.

e) Procure fazer exercícios físicos por 21 dias, 21 reuniões de PA. 21 dias é o tempo
necessário para conseguirmos modificar um padrão. Durante 21 dias, muitos de nós fomos
sedentários pela primeira vez na vida, e assim permanecemos até chegar em PA. Você poderá
começar a se exercitar com uma volta no quarteirão, ou andar e voltar até a esquina. O que
importa aqui, não é a quantidade de exercícios ou resultados corporais, mas a quebra da
compulsão evitativa da atividade física. Surpreendentemente, o treino ideal jamais surgiu para
a maioria de nós pela ajuda de profissionais, metas ou listas de exercícios. A vontade de
alcançar o treino ideal virá com o tempo e trabalho deste programa espiritual. Feriados, dias
religiosos, provas ou trabalhos não podem ser desculpas para quebrar nosso tratamento dos 21
dias. Lembre-se: estamos lidando com uma doença progressiva e mortal, e ela precisa ser
tratada diariamente. Faltar apenas um dia, poderá ser fatal para o sedentário compulsivo, pois
há chances de ele nunca mais conseguir retornar à sobriedade desta evitação.

f) Evite fazer uma atividade que lhe cause repulsa. Aprenda a receber prazeres construtivos
em sua vida. Eles são de extrema importância para nós. Se amar dançar, dance! "Dance quando
sempre houver canção”, e não adie mais se presentear com este prazer! Mas se amar nadar,
vá longe! Agora, se você nos disser que "odeia" qualquer atividade física, não estará revelando
nada que não saibamos. Durante anos, muitos de nós sentimos verdadeira repulsa por atividade
física, mas em recuperação, descobrimos que esta era mais uma armadilha da doença da
procrastinação. Saúde é uma benção divina que nos é de direito. E se a atividade física nos dá
saúde, ela é uma vontade de Deus para nós. E Ele jamais nos permitiria odiar Seus presentes.
Assim, faça uma lista de possíveis lugares que possa vir a visitar e faça uma aula experimental.
Sua atividade física irá aparecer! Não desista antes do milagre acontecer!

g) Evite o desleixo pessoal. Sugerimos às sedentárias em recuperação que cuidem de sua


aparecia nestes 21 dias, deixando-a "em dia!" Isto significa fazer as unhas semanalmente, pintar
as raizes do cabelo, caso estes necessitem. Costumamos observar as novatas deixando suas
raizes brancas por muito tempo, e as unhas mal cuidadas. A não ser que desejem deixar os
cabelos branquinhos por gosto pessoal, não deixem de pinta-los por motivos de desleixo. Este
é a maior característica da procrastinação compulsiva e influencia diretamente a falta de
vontade de se exercitar. Quanto aos rapazes, evitem o desleixo facial, deixando a barba por
fazer por preguiça compulsiva ou desânimo. Sugerimos que ambos os sexos procurem por 21
dias, sair de casa com suas melhores roupas, para se conectem com o empoderamento da
auto-imagem. Ela faz parte da boa auto-estima.

Desculpas auto- sabotadoras X Afirmações positivas de recuperação:

1. Eu não tenho tempo para me exercitar X Vou abrir espaço na minha vida para o exercício, pois
decido a partir de agora, cuidar de mim.
2. Eu não gosto de aulas coletivas X Vou me exercitar sozinho.
3. Eu não quero usar roupas desconfortáveis. X Vou usar a roupa que eu bem entender para me
exercitar.
4. Eu não quero me machucar. X Terei maior resistência à dor e a problemas físicos, exercitando-
me de maneira sã e saudável.
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5. Eu "odeiooo" malhar. X Preciso me exercitar para viver e só farei as atividades que gosto de
fazer.
6. Eu não quero ficar todo suado e nojento. X Vou me permitir suar enquanto me exercito e gosto
de fazer isso porque é bom para mim.
7. É tão difícil e cansativo me exercitar… X usarei de toda a minha boa vontade e mente aberta
para tornar o meu programa de exercícios interessante e agradável para mim.
Eu só farei um programa de exercícios que goste de fazer.
8. Se exercitar é tão chato! X Eu só farei um programa de exercícios que goste de fazer.
9. É tão caro para mim uma academia ou aulas de dança! X Irei pesquisar e implementar um
programa de atividades físicas para mim que seja barato e de custo razoável.
10. Estou preocupado com o que os outros irão dizer de mim. X Eu só preciso da minha aprovação
para me exercitar.
11. Eu não consigo me exercitar sozinho. X. Eu posso me exercitar sozinho porque é necessário
que eu viva bem. Eu uso ar, água e comida por conta própria, e posso fazer o mesmo com
exercícios.
12. Praticar exercícios diariamente é muito esforço para mim. X Eu faço exercícios diariamente
porque é saudável para mim.
13. Exercício físico é uma perda de tempo. X O exercício é o melhor investimento de tempo que
posso dar a mim mesmo.
14. O exercício é algo secundário em minha vida. X Vou fazer da atividade física, um componente
essencial na minha vida.
15. Acho pessoas que malham fúteis e vaidosas. X Penso que as pessoas que se exercitam
possuem o direito de ter uma elevada auto-estima, assim como eu.
16. Exercícios = gerenciamento de peso. X Eu faço exercícios porque preciso que tenha uma vida
saudável.
17. Exercícios = programa de dieta. Eu faço exercício porque mereço uma boa saúde e um corpo
bacana.

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