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A influência da inteligência espiritual na

satisfação intrínseca do trabalho.


Antonio Fernandes Barreto adm.barreto@hotmail.com FIPEN
Marcia Della Monica Tabone marciatabone@uol.com.br UNIP

Resumo
Nos dias de hoje, encontramos dilemas que remetem a vida humana a uma falta
de proposito de sua existência individual, não se pode ficar indiferente à postura
das pessoas, em especial aos jovens, frente às dificuldades da vida. Os assuntos
sobre depressão, drogas e suicídio se tornaram recorrentes na sociedade, ceifando
vidas e causando tragédias às famílias e organizações. O objetivo deste trabalho é
verificar por um estudo, se a inteligência espiritual pode influenciar na satisfação
intrínseca do trabalho. Por meio de análise quantitativa e qualitativa, foi aplicado
um instrumento adaptado, composto por dois estudos: o primeiro de Wolman
(2001), relativo à inteligência espiritual; e Meliá e Peiró (1989), relativo à satis-
fação no trabalho, a 170 usuários do Facebook® e Whatsapp®. Verificou-se que,
além da validação do instrumento pelo coeficiente alpha de chonbach com o ín-
dice 0,79, 48% dos usuários que apresentaram insatisfação intrínseca do trabalho,
também discordaram do fator inteligência espiritual, portanto o fator inteligência
espiritual pode influenciar na satisfação intrínseca do trabalho.
Palavras chaves
Problemas organizacionais, Espiritualidade, Inteligência espiritual, Satisfação no
trabalho, Psicologia transpessoal.

1 Introdução
Nos dias de hoje, encontramos dilemas que remetem a vida humana a uma falta de
proposito de sua existência individual, não se pode ficar indiferente à postura das pessoas, em
especial dos jovens, frente às dificuldades da vida. Os assuntos sobre depressão, drogas e sui-
cídio se tornaram recorrentes na sociedade, ceifando vidas e causando tragédias às famílias e
organizações. “A sociedade atravessa igualmente uma fase difícil, bastando abrir um jornal ou
ligar a televisão para se constatar esse facto, mais desemprego, mais desespero, mais suicí-
dios” (TEIXEIRA, 2015, p.1).

Algo se modificou na evolução das pessoas, por aproximação de novos fatores ou por
distanciamento ou substituição de alguma crença ou comportamento anterior. As empresas
passam por um desafio constante com dificuldade de encontrar substitutos aos seus cargos

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 1 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
gerenciais ou de responsabilidade; famílias a todo o momento são desestruturadas por aban-
dono de seus provedores ou perda de filhos para caminhos tortuosos.

“Embora durante séculos ciência e religião tenham trilhado caminhos distintos e por
vezes divergentes, as últimas duas décadas têm demonstrado uma clara tendência de aproxi-
mação entre essas duas áreas do conhecimento humano”. (PINHEIRO ET AL. 2018, p.19)

Será que a confiança das pessoas no futuro está abalada? Será que as pessoas perderam
a razão do viver? O que devemos ensinar para nossos jovens? A que valores devemos nos
prender neste novo século? Existe relação com a espiritualidade? Estamos perdendo o sentido
da vida?

Silva, Silva e Nelson (2016, p.410) revelam:


Que essas psicopatologias estão ganhando cada vez mais espaço dentro do meio
acadêmico, onde há a procura não apenas em conceituar, compreender e diagnosticar
o problema, mas sim em desenvolver estratégias de gestão para evitar que esse tipo
de sofrimento ocorra dentro do ambiente de trabalho.

O Objetivo deste trabalho é estudar por meio bibliográfico e pesquisa exploratória a


relação entre a inteligência espiritual e a satisfação intrínseca do trabalho, como elas podem
ser identificadas e desenvolvidas nas pessoas, em especial dentro das organizações, buscando
responder as seguintes perguntas:

Os trabalhadores (as) com Inteligência Espiritual são mais satisfeitos no trabalho que
realizam? A inteligência espiritual influencia na satisfação intrínseca do trabalho?

“A possibilidade de pensar sobre os nossos próprios pensamentos e crer em instâncias


espirituais; são habilidades inatas do ser humano que permitiram grandes descobertas e fo-
mentaram os pilares da religiosidade contemporânea ocidental, [...]” (GRENDENE, 2009,
p.10).

O trabalho inclui compor um questionário baseado em questões colocadas na literatura


que indique a relação existente entre os temas estudados, compreendidos pela inteligência es-
piritual e a satisfação intrínseca do trabalho.

A inteligência espiritual é definida por Wolman (2001, p.111) como “a capacidade


humana de fazer as perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar si-
multaneamente a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos”. Ban-
deira (2001, p.75) complementa: “A inteligência espiritual é a faculdade ou possibilidade de
alterar a história pessoal”.

Bezerra e Oliveira (2007, p.12) relatam que:


A espiritualidade é, hoje, considerado um assunto bastante atual e sua migração na-
tural para o local de trabalho significa que os indivíduos interessam-se pelo tema e
que algumas organizações já começam a considerar a ideia de que não é mais possí-
vel tratar o homem apenas como um ser material, intelectual ou emocional.

Por outro lado, a satisfação no trabalho possui diversos fatores, dentre eles a satisfação
intrínseca, que em particular, não considera fatores como a satisfação física, coordenação,

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 2 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
remuneração, dentre outras faces. Hora, Ribas e Souza (2018, p.972) definem “A satisfação
no trabalho pode ser entendida como a extensão do quanto um trabalhador gosta da sua ativi-
dade laboral”.

A satisfação no trabalho de uma forma particular, relacionada à satisfação de forma


intrínseca, revela se o trabalhador gosta do que faz. As condições internas geradas pelo em-
pregador no ambiente de trabalho, dificilmente aumentará a satisfação no trabalho, caso o
trabalhador não goste do que realiza em seu cotidiano.

Espera-se que a aplicação deste instrumento nas empresas, escolas, e sociedade em


geral, possa identificar pontos falhos na percepção das pessoas em relação à inteligência espi-
ritual, e abra a oportunidade de discutir os temas relacionados. Silva, Silva e Nelson (2016,
p.410) concluem: “[...] a presença da dor e do sofrimento humano nas organizações serve
como mecanismo de controle institucional, político e econômico no seio da sociedade disci-
plinar”.

2 Referencial teórico
A partir do novo século (XXI), diversos estudos remetem as dificuldades que as orga-
nizações enfrentam em busca da satisfação no trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores,
visando alcançar maior motivação e consequentemente alavancar a produtividade e criativi-
dade no ambiente de trabalho em prol da longevidade da empresa. O estudo português de
Salgado e Pinto (2016, p.54) sobre a espiritualidade no ambiente organizacional revela “que
gestores e colaboradores valorizam o amor, a verdade, o respeito, a honestidade e a equidade
nas organizações” permitindo que estas organizações melhorem sua competitividade, desem-
penho e produtividade.

Silva, Silva e Nelson (2016, p.410) revelam a ligação entre “o sofrimento psíquico e
um ambiente de trabalho onde se destaca um clima inapropriado de convivência e a insegu-
rança organizacional, provocado por expectativas sociais e institucionais de subsistência, re-
conhecimento e mudanças.” Os estudos organizacionais focados apenas na razão, sem consi-
derar o lado emocional e espiritual, despreza a complexidade do ser humano (REGO,
CUNHA E SOUTO, 2007).

Este capítulo traz na visão da literatura acadêmica, alguns aspectos que visam explicar
dificuldades vividas dentro das organizações, além dos significados da inteligência espiritual
e satisfação no trabalho.

2.1 Problemas organizacionais


As organizações encontram em seus quadros, pessoas desmotivadas, sem propósito
profissional e de vida, dificultando a geração de novos lideres e desenvolvimento de novos
serviços e produtos, afetando sua performance e consequentemente sua longevidade.

“Quando o trabalho não tem significado para a vida, a criatividade não flui” afeta o
comprometimento, a motivação e a lealdade do trabalhador, reduz o espírito de equipe, eleva
o estresse, o risco de acidentes e a reputação da empresa, reduzindo o potencial atrativo de
retenção e seleção de novos profissionais, as organizações que não consideram a totalidade do
ser humano serão penalizadas. (REGO, CUNHA E SOUTO, 2007, p.19).

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 3 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
“A ampliação do conhecimento sobre as relações entre indivíduo, trabalho e organi-
zação em muito se deve ao refinamento de teorias e contribuições de diferentes áreas, especi-
almente das abordagens do stress no trabalho e da psicopatologia do trabalho.” (LADEIRA,
1996, p.73). A “pressão laboral, acometem funcionários de todas as classes e hierarquias, que
podem sofrer desde ansiedade até depressão e, em casos extremos – que estão se tornando
mais comuns –, o suicídio dentro do próprio local de trabalho.” (SILVA, SILVA E NELSON,
2016, p.410).

“A força espiritual que emana do ser humano permite superar barreiras e dificuldades
que não são possíveis cruzar apenas com a inteligência corporal” (ROSELLÓ, 2013, p.64).

As pessoas quando percebem um grau de espiritualidade na organização, tendem a


gostar da organização, sentem-se seguros, valorizados, criativos, desenvolvem comprometi-
mento e senso de cooperação. (BEZERRA E OLIVEIRA, 2007; REGO, CUNHA E SOUTO,
2007; JULIÃO, SANTOS E PAIVA, 2017).

2.2 Psicologia transpessoal


A psicologia transpessoal pode fornecer uma maneira completamente naturalista e ci-
entífica de lidar com extrema interconectividade que evita especulações metafísicas indevidas,
isso é especialmente útil quando se trata de tópicos de fronteira, como maior consciência e
significado mais profundo, e oferece maneiras de integrar muitas abordagens psicológicas
convencionais sob estruturas mais inclusivas que permanecem científicas. (FRIEDMAN,
2018).

A Psicologia transpessoal, “traz em si um caminho real em uma abordagem espiritual


na Psicologia neste novo milênio. Possibilita novos conhecimentos e perspectivas sobre a
consciência e o seu pleno despertar na educação, na saúde, na vida pessoal e profissional.”
(SALDANHA, 2008, p.315).

O estudo da espiritualidade surge em um momento de entender o ser humano de forma


integral, que inclui a espiritualidade em complemento à vida mundana, assim o conceito da
Psicologia Transpessoal se faz necessário neste entendimento. Wilber (2008) relata que pes-
soas com o desenvolvimento lógico avançado pode se apresentar subdesenvolvidas emocio-
nalmente.

“A Psicologia Transpessoal reconhece o homem como um todo biopsicossocial e


cósmico capaz de transcender os limites biológicos do corpo.” (NUNES, 2017 p.43).

Saldanha (2008, p.245) afirma que “o estudo da psicologia transpessoal revela que o
desenvolvimento de personalidade humana ocorre a partir de uma necessidade, um motivo ou
um impulso soberano, com uma tendência inerente ao crescimento e auto perfeição.”

A utilização de novas abordagens para resolver antigos problemas da sociedade é uma


prática que nos remete ao estudo de outras áreas do conhecimento. Julião, Santos e Paiva
(2017, p.351) relatam que “[...] a espiritualidade tem adentrado as organizações com o objeti-
vo de humanizar os ambientes laborais e reduzir as mazelas ocasionadas pela racionalidade
exacerbada imposta pela industrialização através do trabalho rotineiro, fragmentado e repeti-
tivo.”

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 4 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
A seguir apresenta-se a inteligência espiritual como uma experiência importante para
evolução humana para as organizações e principalmente para vida.

2.3 Inteligência espiritual


No início do século passado (XX) conhecia-se a inteligência intelectual ou racional
utilizada para resolver problemas importantes ou lógicos, psicólogos desenvolveram um meio
de classificar o grau de inteligência, chamado de QI – quociente de inteligência; 90 anos de-
pois Daniel Goleman, popularizou uma nova abordagem sobre a inteligência chamada inteli-
gência emocional, chamada de QE – quociente emocional, fornecendo conceitos sobre empa-
tia, compaixão, motivação, capacidade apropriada de reagir à dor e prazer; ao final do século
XX estudos indicaram a existência da inteligência espiritual, indicada pela sigla QS – quoci-
ente espiritual, trazendo temas como sentido e valor. (ZOHAR E MARSHALL, 2016).

A inteligência espiritual capacita o ser humano na formulação de questões que funda-


mentam e fornecem sentido à sua própria existência, conduzindo-o ao autoconhecimento.
(ROSELLÓ, 2013).

Cunha (2002, p.12), relata que a “inteligência espiritual envolve todas as formas de
inteligência do ser humano, as suas estruturas mental e emocional, mas tem um algo mais – a
possibilidade de vivenciar a transcendência”. Roselló (2013, p.71) complementa: “por mais
que alguém procure ter uma vida emocional plena e satisfatória, sentir-se bem consigo mesmo
e com os outros, isso não será possível se não enfrentar a questão do sentido e se não tratar de
ver a existência como algo dotado de significado.”

A inteligência espiritual não está relacionada a práticas religiosas, tampouco a religião,


e sim ao conhecimento advindo por meio das tradições que remontam mais de cinco mil anos.
Roselló (2013, p.57) complementa que “a espiritualidade, seja laica ou religiosa, ateia ou te-
ísta, panteísta ou politeísta, horizontal ou vertical, é uma riqueza do ser humano que não se
pode subestimar.”

“O indivíduo com alto teor de inteligência espiritual pode praticar qualquer religião,
mas sem estreiteza, exclusividade, fanatismo ou preconceito” (ZOHAR E, MARSHALL,
2016, p.27). “Da mesma forma que no Renascimento, a renovação se produziu através do ra-
cionalismo e da liberdade artística, no século XXI ela ocorrerá, apoiada na convergência entre
a Ciência mais avançada e a espiritualidade milenar.” (CASTILLO, 2004, p.8)

O ser humano é mais do que as conexões neurais que lhe permitem raciocinar questões
lógicas, sua adaptação bem-sucedida à vida também implica a capacidade de usar conexões
neuronais para resolver problemas emocionais e espirituais. (ARIAS E LEMOS, 2015).

Zohar e Marsall (2016, p.17) revelam: com a inteligência espiritual “podemos inserir
nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de significado;
a inteligência com a qual podemos avaliar que um curso de ação ou caminho na vida faz mais
sentido do que outro.” e concluem que os possuidores de altos níveis de QS apresentam:

Capacidade de ser flexível; grau elevado de auto percepção; capacidade de enfrentar


e usar o sofrimento; qualidade de enfrentar e transcender a dor; qualidade de ser ins-
pirado por visão e valores; relutância em causar dano desnecessário; tendência para
ver as conexões entre coisas diversas; tendência acentuada para fazer perguntas do

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tipo “Por que?” ou “O que aconteceria se...” e procurar respostas “fundamentais”;
capacidade de trabalhar contra as convenções (ZOHAR E MARSALL, 2016, p.29).

A inteligência espiritual nos ajuda a enfrentar situações não planejadas ou imaginadas,


exigindo medidas que superam a própria lógica, permitindo a adaptação aos recursos dispo-
níveis e relacionados aos verdadeiros valores existenciais. (ROSSELLÓ, 2013). Bandeira
(2001, p.68) afirma: “o homem não sabe qual é o seu verdadeiro sentido existencial e isto lhe
subtrai o real prazer de existir, rouba-lhe a plenitude da vida, a prosperidade e a saúde total.”

2.4 Fatores da inteligência espiritual


Wolman (2001) desenvolveu em sua pesquisa sobre a natureza da espiritualidade um
instrumento chamado “PsychoMatrix Spirituality Inventory” ou PSI, composto por oitenta
itens com o objetivo de ajudar as pessoas a avaliarem o foco e o padrão de sua própria espiri-
tualidade, incluindo sete fatores que juntos compreendem o espectro do comportamento e da
experiência espirituais, sendo: divindade, diligencia, intelectualidade, comunidade, percepção
extra-sensorial, espiritualidade na infância e trauma.

O quadro 1, descreve e resume os fatores descobertos na pesquisa de Wolman (2001),


estes fatores abrangem toda a gama de experiências espirituais relatadas em uma amostragem
com mais de seis mil homens e mulheres.

Quadro 1 - Descrição dos fatores do comportamento e da experiência espirituais


Fator Descrição
Divindade A noção de conexão a uma figura de Deus ou uma Fonte de Energia Di-
vina.
Diligencia Consciência da interconexão entre a mente e o corpo, com ênfase em
práticas que aperfeiçoam esse relacionamento,
Intelectualidade Uma abordagem inquisitiva, cognitiva, à espiritualidade, com foco na
leitura e discussão de textos sagrados.
Comunidade A qualidade de a espiritualidade estabelecer conexão com a comunidade
em geral, através da caridade ou da política.
Percepção Extra-Sensorial Sentimentos e percepções espirituais associados a forma irracionais de
conhecimento, inclusive sonhos proféticos e experiências de qua-
se-morte.
Espiritualidade na Infância Uma associação histórica e pessoal à espiritualidade através das ações e
das tradições familiares.
Trauma Um estímulo à consciência espiritual através da doença ou do trauma,
físico ou emocional, vivido pela própria pessoa ou por ente queridos.
Fonte: adaptado de Wolman (2001, p.16-17).

Roselló (2013, p.105) afirma que “a inteligência espiritual capacita a tomar distancia
do mundo, e também em relação a si mesmo, dá poder para repensar o passado e antever o
futuro, mas também capacita para avaliar e emitir juízos de valor sobre decisões, atos e omis-
sões”. Wolman (2001, p. 23) declara que “em um mundo cada vez mais complexo e materia-
lista, compreender a espiritualidade também pode nos fornecer um novo tipo de instrumento
para lidarmos melhor com os desafios de nossa vida prática.”

O quadro 2, traz as descrições dos sete fatores encontrados na pesquisa de Wolman e


sintetiza o significado de cada fator e as explicações dos diferentes resultados encontrados.
Wolman (2001, p.169) explica que os termos alto, moderado e baixo são apenas descritivos, e
não significa por exemplo que alto significa bom nem ruim, às vezes alto pode ser positivo ou
negativo. “os fatores alto, moderado e baixo são meramente uma conveniência estatística.”

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 6 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
Quadro 2: Características e significados dos fatores do comportamento e das experiências espirituais
Fator Característica Resultado Alto Resultado Baixo
Associado à noção, ou conhe- Demonstram uma abor-
cimento intuitivo de uma fonte dagem pragmática da
Demonstram uma forte
de energia divina, ser superior vida, com pouca neces-
Divindade consciência e conexão
ou de sentimento de temeroso sidade de confiar em
com um Ser superior
assombro na presença de fe- qualquer forma de Ser
nômenos naturais. superior.
Atividades associadas a aten-
ção a processos corporais co-
Dedicam tempo à con-
mo alimentação consciente, a Não se dedicam a tais
Diligência templação e à autorre-
meditação regular com a res- atividades.
flexão regularmente.
piração controlada e exercícios
como yoga ou tai chi chuan.
Demostram um leque de
Percepção ao “sexto-sentido” consciência psíquica que
Percepção Ex- Raramente demonstram
ou eventos psíquicos paranor- engloba conhecimento
tra-sensorial esta consciência.
mais. fora das formas conven-
cionais.
Raramente se envolve
Desenvolve uma ampla
nestas atividades. Sen-
Realiza atividades sociais que variedade de atividades
tem-se à vontade com
Comunidade incluem os pares, ou ativida- sociais que incluem ou-
um circulo menor e mais
des voluntárias e beneficentes. tras pessoas, como ami-
intimo de amigos ou fa-
gos e mentores.
miliares.
Despendem muito tempo
Concentram suas ativi-
Desejo e compromisso de ler e e energia lendo, discu-
dades intelectuais em
Intelectualidade estudar e/ou discutir textos tindo e estudando di-
questões que não a espi-
sagrados ou material espiritual. mensões da espirituali-
ritualidade.
dade.
Estimulo a espiritualidade em Encontros pessoais com Encontros pessoais sin-
Trauma função de uma crise, e si o sofrimento e dor física gulares com a dor e o
mesmo ou em pessoa querida. ou emocional. sofrimento.
Experiências espirituais que
ocorreram durante a infância, Atividades significativas
Espiritualidade na Ausência relativa de ati-
como frequentar cerimônias e frequentes no inicio da
infância vidade religiosa.
religiosas, ou ouvir histórias vida.
sagradas por pais ou avós.
Fonte: adaptado de Wolman (2001, p.169-178).

Wolman (2001, p.170) destaca que “uma pessoa que possa ter um resultado baixo em
todos os fatores não tem uma inteligência espiritual baixa e, portanto, não é necessariamente
não-espiritual ou a espiritual.”

Então, deve-se tratar o baixo resultado no fator inteligência espiritual como uma baixa
experiência no tema. Wolman (2001, p.178) relata que “com esses sete fatores espirituais é
possível descrever a experiência espiritual de indivíduos independentemente de idade, gênero,
ou formação religiosa, étnica ou cultural.”

Um estudo de Staudt, Dillenburg e Bitarello (2016, p.43) indica “que gestores revelam
ser espiritualizados porque se preocupam com as pessoas, aceitam a condição do próximo,
tem visão positiva do mundo e dos acontecimentos.”

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 7 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
2.5 Satisfação no trabalho
A satisfação no trabalho pode revelar um leque de possibilidades desde as condições
físicas do ambiente, passando pelo relacionamento entre líder – liderado e grupo de trabalho,
até chegar à satisfação intrínseca, que o trabalho representa ao ser humano. Carlotto e Câmara
(2008, p.203) define a satisfação no trabalho “como um conjunto de sentimentos favoráveis
ou desfavoráveis com os quais os trabalhadores percebem seu trabalho.”

Muito tem se estudado com o objetivo de medir a satisfação no trabalho. Carlotto e


Câmara (2008, p.204) em seu estudo utilizou o questionário de satisfação no trabalho, “fun-
damentado no modelo teórico de Locke (1984) por esse instrumento possuir um adequado
modelo teórico de sustentação é de fácil entendimento e aplicação.”

Devido à complexidade de compreender e medir a satisfação no trabalho, Meliá e Pei-


ró (1989) criou o instrumento “S20 / 23” que foi concebido para obter uma avaliação útil,
confortável e rica de satisfação no trabalho levando em conta as importantes restrições moti-
vacionais e temporário o trabalho pode ser exposto ao pesquisador ou consultor em contextos
organizacionais.

Hora, Ribas e Souza (2018, p.982) revelam que:


No contexto latino-americano, o S20/23 é o instrumento mais usado em pesquisas
com 10 estudos usando-o. Os resultados mostram que a escala contempla 4 países:
Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, o que mostra seu caráter amplo e de boa adesão
nos países sul-americanos. Isso o torna uma medida que facilita a promoção de es-
tudos de colaboração internacional, principalmente entre nações da América do Sul.

Meliá e Peiró (1989) complementam que o instrumento “S20 / 23” apresenta cinco fa-
tores que permitem avaliar: Satisfação com a supervisão, com o ambiente de trabalho físico,
com os benefícios recebidos, a satisfação intrínseca do trabalho e satisfação com participação.
Carlotto e Câmara (2008, p.203) relatam que “À medida que o trabalho passou a ocupar um
maior espaço de vida das pessoas, a satisfação obtida com ele tem sido considerada um im-
portante aspecto relacionado à saúde mental.” O quadro 3, revela os fatores pesquisados e su-
as características encontradas no estudo de campo de Meliá e Peiró (1989).
Quadro 3 – Composição de fatores da satisfação no trabalho.
Fator Descrição
Refere-se à maneira pela qual os superiores julgam a tarefa, a supervi-
são recebida, a proximidade e a frequência de supervisão, apoio rece-
Satisfação com a supervisão
bido de superiores, relações pessoais com superiores e igualdade e tra-
tamento justo da empresa,
Satisfação com o Ambiente Físico de Refere-se ao ambiente físico e espaço no local de trabalho, limpeza,
trabalho higiene e saneamento, temperatura, ventilação e iluminação.
Refere-se ao grau em que empresa cumpre com o acordo, a maneira
Satisfação com Benefícios recebidos pela qual a negociação é realizada, a salário recebido, oportunidades de
promoção e oportunidades de treinamento.
Refere-se à satisfação do próprio trabalho realizado, as oportunidades
Satisfação Intrínseca do trabalho. oferecidas pela realização do trabalho, o que você gosta ou não e que
se destaca e nos objetivos e metas.
Refere-se à satisfação com a participação nas decisões do trabalho,
Satisfação com a participação.
departamento ou seção ou a tarefa em si.
Fonte: adaptado de Meliá e Peiró (1989).

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Frazão (2016, p.35) relata que “O Questionário de Satisfação no trabalho S20/23 utili-
zado nesta pesquisa é uma versão reduzida do Questionário de Satisfação no trabalho S4/82,
de autoria de Meliá, Peiró e Calatayud (1986), adaptado e validado à realidade brasileira por
Carlotto e Câmara (2008), que possui 20 itens distribuídos em três fatores: relação intrínseca,
ambiente físico e relações hierárquicas.”

Uma outra característica importante observada, como fator motivador nas organiza-
ções, é a participação dos trabalhadores em ações sociais promovidas pela empresa. O estudo
realizado por Penha et al. (2016, p.314), sobre a percepção da responsabilidade social corpo-
rativa – RSC, revelou: “que a percepção de RSC afeta positivamente a satisfação no trabalho.
Logo, as empresas que querem manter seus funcionários satisfeitos devem investir na adesão
e manutenção de práticas de RSC, bem como na disseminação de tais práticas entre seus fun-
cionários.”

Machado e Silva (2014, p.123) relatam que “Os trabalhadores insatisfeitos na ocupa-
ção são provavelmente os que mais contribuem para o aumento da rotatividade no mercado de
trabalho, sendo mais vulneráveis ao desemprego, à inatividade ou à inserção de forma autô-
noma.”

3 Metodologia
A presente pesquisa é de natureza descritiva e exploratória, considerada por Cervo e
Bervian (1996) como o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e auxilio que
traz na formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas.

O estudo exploratório foi direcionado a dois constructos, o primeiro vem da bibliogra-


fia encontrada na psicologia transpessoal que é a Inteligência espiritual; e o outro constructo
se refere ao comportamento organizacional que é: a satisfação no trabalho, objetivando des-
crever os fatores que as caracterizam. Utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica na realização
da revisão da literatura por meio de livros e artigos eletrônicos de acesso público.

O estudo descritivo contou com a aplicação de um questionário direcionado aos usuá-


rios da internet, em especial o Facebook® e o Whatsapp®, direcionado principalmente aos
usuários que trabalham ou já exerceram atividades organizacionais incluindo estágio ou
aprendiz dentre as outras funções.

Esta pesquisa pode ser classificada como qualitativa, porque prevê a aplicação de um
questionário estruturado com escala de concordância do tipo likert, e algumas questões relati-
vas à satisfação no trabalho e da inteligência espiritual, além da qualificação dos respondentes
como gênero, nível de escolaridade, nível hierárquico e tempo na função, o resultado da esca-
la likert de 1 a 5 será tratada a partir da análise das medianas, Kmeteuk filho (2005, p.72) es-
clarece que “mediana é o valor que divide a amostra, ou população, em duas partes iguais”.

E também pode ser considerada como quantitativa por utilizar como indicador o coefi-
ciente Alpha (α) de Cronbach que avalia a confiabilidade do questionário aplicado a partir dos
itens.

Silva et al. (2018, p.309) explica que o coeficiente “α de Cronbach é uma medida da
confiabilidade de consistência interna de uma escala de medição e avalia em que medida os

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 9 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
itens dentro de uma determinada dimensão estão inter-relacionados. O critério mínimo para
confiabilidade aceitável é um α ≥ 0,70.”

3.1 Instrumento de coleta de Dados


Foi utilizado um questionário adaptado de dois instrumentos: algumas afirmativas uti-
lizadas por Wolman (2001) e acrescido de parte do questionário desenvolvido por Meliá e
Peiró (1989).

O questionário adaptado é composto por 10 afirmativas, sendo três sobre a satisfação


intrínseca do trabalho e sete sobre inteligência espiritual, com escala de concordância do tipo
likert de 5 pontos, onde 1 representará a total discordância e 5 a total concordância sobre as
afirmações indicadas.

O foco da pesquisa foi conhecer a opinião dos respondentes trabalhadores, necessi-


tando assim algumas adaptações, e inclusão de questões indicativas de características pessoais
utilizadas na tabulação e estratificação dos dados coletados. As orientações para preenchi-
mento da pesquisa bem como seu objetivo foram incluídas em um documento que acompa-
nhou o questionário.

No questionário utilizou apenas um dos cinco fatores estudados por Meliá e Peiró
(1989), sendo o fator satisfação intrínseca do trabalho, e quatro dos sete fatores estudados por
Wolman (2001), sendo divindade, diligencia, percepção extra sensorial e comunidade. A
pesquisa será tabulada correlacionando os dois constructos por meio dos fatores escolhidos.

3.2 Universo da pesquisa


O questionário adaptado de Wolman (2001) e Meliá e Peiró (1989), juntamente com o
texto de apresentação, foi enviado dor um link do Google docs®, postado em 23 de dezembro
de 2018, de forma aberta no Facebook® e Whatsapp® do autor, permitindo ser compartilhado
pela comunidade.

4 Análise e resultados
A seguir serão apresentados os dados conseguidos na pesquisa realizada por meio de
questionário disponibilizado nas redes sociais.

A pesquisa foi composta por uma amostra de 170 respondentes internautas colhidas
em cinco dias no período de 23 a 27 de dezembro de 2018. A aplicação do questionário se deu
de forma clara, simples e objetiva, pois, obteve-se os questionários respondidos em cinco dias
de aplicação.

O questionário foi composto em duas partes: a primeira parte, que correspondente às


perguntas de 1 a 4, objetivou caracterizar o respondente em relação ao gênero, grau de escola-
ridade, nível hierárquico e tempo na função; e a segunda parte apresentada em dois blocos de
afirmativas relacionadas com a satisfação intrínseca do trabalho e a inteligência espiritual,
onde foi aplicada a escala likert de 5 pontos.

O quadro 4, revela as afirmativas submetidas para indicação do grau de concordância


dos respondentes, as afirmativas trazem os fatores a quais estão relacionadas e o item corres-
pondente.

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 10 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
Quadro 4 - Afirmativas relacionadas à satisfação intrínseca do trabalho e a inteligência espiritual
Item Fator Afirmativa
ST1 Satisfação intrínseca do trabalho
Sinto-me realizado com o meu trabalho profissional.
Meu trabalho oferece oportunidades para realizar coisas nas quais
ST2 Satisfação intrínseca do trabalho
me destaco.
Meu trabalho oferece oportunidades para realizar coisas que eu gos-
ST3 Satisfação intrínseca do trabalho
to.
DL1 Diligência Eu reservo um tempo para contemplação e autorreflexão.
DL2 Diligência Presto uma atenção especial aos alimentos que consumo.
Lembro a mim mesmo que os seres humanos estão na Terra por um
DV Divindade
propósito maior.
P1 Percepção Extra-sensorial Pressinto que alguma coisa vai acontecer antes que aconteça.
Participo de atividades comunitárias. (associações, política, religio-
C1 Comunidade
sa, etc.)
Recebo um contato de pessoas exatamente quando estava pensando
P2 Percepção Extra-sensorial
nelas ou logo depois.
C2 Comunidade Faço trabalho voluntário de assistência social.
Fonte: adaptado de Wolman (2001) e Meliá e Peiró (1989).

4.1 Caracterização da amostra pesquisada


A amostra pesquisada está representada por 170 respondentes, onde se verifica: a)
quanto ao gênero estão distribuídos na seguinte proporção: 54,7% feminino; 45,3% masculi-
no; 0% outros; b) quanto ao tempo na função 37,6% com menos de 5 anos na função; 62,4%
com mais de 5 anos na função; c) quanto ao nível hierárquico: 31% Coordenação ou Gerenci-
al; 23% Administrativo; 14% Operacional; d) quanto ao nível hierárquico exercido: 31% co-
ordenação/gerencial; 23% administrativo; 14% operacional; 13% diretoria/empresarial; 9%
técnico; dentre outros. e) quanto ao nível de escolaridade completo ou cursando: 51% ensino
superior; 37% pós-graduação; 12% ensino fundamental ou médio.

4.2 Análise e resultados do fator satisfação intrínseca do trabalho


O fator qualidade intrínseca do trabalho obteve concordância em suas três afirmativas
pesquisadas. O resultado apresentado pelo Gráfico 1, a seguir, resume as respostas fornecidas
pelos internautas às três perguntas relacionadas este fator.

Gráfico 1 – Resumo do fator satisfação intrínseca do trabalho


Resumo ST
8%
11%
36%
10%

35%
Discordo totalmente Discordo em parte Nem concordo Nem discordo
Concordo em parte Concordo totalmente

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que os dados apresentados pelo resumo, que 71% dos respondentes con-
cordam com a satisfação intrínseca do trabalho.

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 11 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
4.3 Análise e resultados do fator inteligência espiritual
A seguir será demonstrado graficamente o resumo das respostas das sete afirmativas
relacionadas ao fator inteligência espiritual compostas por duas questões relativas a diligen-
cia; uma questão relativa à divindade; duas questões relativas à percepção extra-sensorial; e
duas questões relativas a comunidade; todas representadas pelo resultado percentual relativo a
escala likert de 5 pontos.

O fator inteligência espiritual obteve concordância em suas sete afirmativas pesquisa-


das. O resultado apresentado pelo Gráfico 2, a seguir, resume as respostas fornecidas pelos
internautas às sete perguntas relacionadas este fator.

Gráfico 2 - Resumo do fator inteligência espiritual


Resumo IE
11%
27%
15%

15%
32%

Discordo totalmente Discordo em parte Nem concordo Nem discordo


Concordo em parte Concordo totalmente

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que os dados apresentados pelo resumo itens, que 59% dos respondentes
concordam com o fator inteligência espiritual.

4.4 Análise das medianas


Analisando a amostra geral da população pesquisada, sem considerar a característica
gênero. Verificou-se que os fatores satisfação intrínseca do trabalho e inteligência espiritual,
indica a mediana 4 para os dois fatores em todos os qualificadores observados, com exceção
do qualificador “Técnicos”, que apontou um grau equivalente para satisfação intrínseca do
trabalho com um grau menor na concordância do fator inteligência espiritual, a frente será
demonstrado à divisão por gênero que trará mais detalhamento sobre a população estudada.

Observando a população do gênero feminino, que a satisfação intrínseca do trabalho é


menor para a função administrativa e para o tempo na função menor que 5 anos. As mulheres
na função de coordenação ou gerencial, com mais de 5 anos na função, demonstraram o grau
máximo de satisfação intrínseca do trabalho.

Observando a população do gênero masculino, que o fator inteligência espiritual é


discordante para a população de técnicos do gênero masculino. Os homens na função de dire-
toria ou empresarial (e) demonstraram o grau máximo de satisfação intrínseca do trabalho. Os
itens relacionados à percepção extra sensorial, com exceção dos operacionais discordam ou
são neutros no público masculino.

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 12 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
4.5 Análise percentual da relação entre a inteligência espiritual e a satisfação intrínseca
do trabalho
O quadro 5, a seguir compara os graus de concordâncias dos fatores estudados de for-
ma independente, visando observar se os respondentes que concordam com a inteligência es-
piritual, concordam ou discordam da satisfação intrínseca do trabalho, ou os respondentes que
concordam com a satisfação intrínseca do trabalho concordam ou discordam da inteligência
espiritual. Contudo, busca a existência de uma relação entre os fatores estudados.

Quadro 5 – Relação entre a satisfação intrínseca do trabalho e a inteligência espiritual


Inteligência Espiritual
% Respondentes
Discordância Concordância
Concordância
Satisfação Intrínseca do trabalho

82% 17% 83%


Discordância

18% 48% 52%

% Desconsiderado os dados de neutralidade


Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que dos 82% dos respondentes que concordam com a satisfação intrínseca
do trabalho, também concordam em 83% com a inteligência espiritual. E os 18% dos respon-
dentes que discordam da satisfação intrínseca do trabalho: 48% discordam da inteligência es-
piritual e 52% concordam com a inteligência espiritual, apontando assim que praticamente a
metade dos respondentes que discordam da satisfação intrínseca do trabalho é afetada pela
discordância na inteligência espiritual.

Os participantes da pesquisa que possuem um baixo grau de inteligência espiritual,


tendem estar insatisfeitos com o trabalho, enquanto quem possui alto índice de inteligência
espiritual possuem a satisfação intrínseca do trabalho.

4.6 Análise quantitativa com Alpha de Cronbach


A análise, por meio do coeficiente Alpha (α) de Cronbach visa mostrar a consistência
das variáveis para satisfação intrínseca do trabalho e inteligência espiritual. O calculo do valor
α foi realizado com o software IBM®SPSS®. O quadro 6 apresenta o resumo estatístico das
variáveis.

Quadro 6 – Resumo estatístico dos itens


Estatísticas de item de resumo
Máximo /
Média Mínimo Máximo Intervalo Mínimo Variância N de itens
Correlações entre itens ,279 ,011 ,831 ,820 73,472 ,038 10
Fonte: Dados da pesquisa com aplicação do software SPSS®

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 13 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
O quadro 7 apresenta o resultado para o índice Alpha de Cronbach.

Quadro 7 – Índice de α de Cronbach


Estatísticas de confiabilidade
Alfa de Cronbach Alfa de Cronbach com base em itens padronizados N de itens
,790 ,795 10
Fonte: Dados da pesquisa com aplicação do software SPSS®

O resultado α de Cronbach 0,790, considerado confiável conforme literatura.

Avaliando a escala média se o item é excluído, verifica-se a média de 35,72 com des-
vio padrão de 7,56 conforme demonstrado no quadro 8.
Quadro 8 – Estatística da Escala
Estatísticas de escala
Média Variância Erro Desvio N de itens
35,7294 57,264 7,56727 10
Fonte: Dados da pesquisa com aplicação do software SPSS®

O quadro 9 demonstra o α de Cronbach se o item for excluído, mostra o impacto que


teria com a retirada do item para elevar o α, consequentemente elevando a confiabilidade do
instrumento. O valor do α para os 10 itens é 0,790, indicando que todos os itens estão ade-
quadamente correlacionados. Já, Alves (2007, p.301) obteve o resultado α = 0,776 e revelou:
“apesar de não poderem ser considerados elevados são adequados para esta fase da construção
da escala, devendo-se na apreciação da sua magnitude levar em consideração o pequeno nú-
mero de itens por fator”.

Quadro 9 – Estatística da Escala – Item


Estatísticas de item-total
Média de escala se Variância de es- Correlação de Alfa de Cronbach
o item for excluí- cala se o item for item total corrigi- Correlação múlti- se o item for ex-
do excluído da pla ao quadrado cluído
ST1 31,9000 48,209 ,439 ,572 ,775
ST2 31,9235 47,917 ,464 ,713 ,772
ST3 31,9412 47,689 ,443 ,762 ,774
DL1 32,0412 47,424 ,496 ,355 ,768
DL2 32,2882 49,248 ,414 ,277 ,777
DV 31,7588 46,894 ,524 ,401 ,765
P1 32,2765 46,426 ,536 ,426 ,763
P2 32,3765 46,911 ,531 ,416 ,764
C1 32,3235 47,143 ,406 ,516 ,780
C2 32,7353 46,788 ,388 ,529 ,784
Fonte: Dados da pesquisa com aplicação do software SPSS®

A coluna “correlação de item total corrigida” demonstra o coeficiente de Pearson (r)


entre o item e o indicador total depurado de sua própria contribuição. Pereira e Amaral (2007)
considera a correlação item-total satisfatórias por ser maior que 0,4.

5 Considerações finais
A pesquisa revelou que o nível de inteligência espiritual influencia a satisfação intrín-
seca do trabalho, demonstrada pela elevação da insatisfação no trabalho por parte significativa
dos respondentes discordantes da inteligência espiritual.

Águas de Lindóia - São Paulo, maio de 2019 14 II SENGI - Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação
A promoção de políticas internas nas empresas que visem gerar significado ao ser hu-
mano como, conexão com algo maior, atividades associadas aos cuidados pessoais incluindo a
autorreflexão, bem como práticas de atividades sociais voluntárias, podem melhorar a criati-
vidade, a produtividade e consequentemente aumentar a longevidade das organizações e gerar
profissionais satisfeitos com o trabalho.

As organizações na constante busca por competividade por meio de motivação, me-


lhoria nos benefícios, desenvolvimento da liderança, não podem desconsiderar a satisfação
intrínseca do trabalho dos seus trabalhadores, sob risco de obter insucesso nas técnicas apli-
cadas, por não atender necessidades elementares do ser humano.

A busca pela experiência da inteligência espiritual pode elevar o grau de satisfação in-
trínseca do trabalho, que é fator principal para recepção de outras técnicas que visão a moti-
vação, criatividade, produtividade e bem estar no trabalho.

A pesquisa revelou, por meio das respostas dos participantes das redes sociais, sua
concordância com o modelo de inteligência espiritual adicionado o fator de satisfação intrín-
seca do trabalho.

Quando avaliado particularmente os itens relativos à comunidade, representou os me-


nores índices de concordância ou discordância, em especial na função técnica, indicando a
existência de um espaço a ser preenchido nos trabalhos relativos à comunidade, como traba-
lhos sociais, embora a população possua índice elevado de inteligência espiritual.

Observou-se que mulheres que ocupam funções de coordenação ou gerencia a mais de


cinco anos e os homens que ocupam função de diretoria ou gerencial estão altamente satisfei-
tos em relação à satisfação intrínseca do trabalho. As mulheres concordam com os itens rela-
tivos à percepção extra-sensorial e os homens discordam ou se mantem neutros. Apesar de a
amostra pesquisada concordar com o fator divindade, ela se apresenta mais elevada entre as
mulheres em comparação com os homens.

Quanto às limitações desta pesquisa entende-se que os resultados não podem ser ge-
neralizados a toda a população, por conter uma pequena amostra que não representa a popu-
lação de internautas. Recomenda-se para o aprofundamento e conclusões mais significativas
uma observação com uma população ampliada e em outros meios de pesquisa.

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