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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE AULA PARA EAD


(MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO)

CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Apoio Multicritério à Decisão

CONTINUÍSTA: Luís Alberto Duncan Rangel.

CAPÍTULO 1 – TÍTULO Introdução ao Auxílio Multicritério à Decisão

META
Entender os problemas abordados pelo Auxílio Multicritério à Decisão (AMD). O
histórico do AMD. Conhecer exemplos de aplicação do AMD, e problemas de
decisão visando ordenar, classificar, selecionar as alternativas que se apresentam
como solução do problema de decisão, além de suas etapas.

OBJETIVOS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. Conhecer a área de Auxílio Multicritério à Decisão,
2. Histórico do AMD;
3. Entender as diferenças entre o AMD e a Pesquisa Operacional;
4. Identificar a aplicação do AMD em problemas de decisão;
5. Identificar as etapas de problemas abordados pelo Auxílio Multicritério à
Decisão.

PRÉ-REQUISITOS

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Para ter um bom aproveitamento nesta disciplina é importante você estudar
periodicamente, fazer os exercícios, tirar as suas dúvidas e relembrar os conceitos
de pesquisa operacional.

1. INTRODUÇÃO

1.1 Conhecendo um pouco sobre o Auxílio Multicritério à Decisão . . .

Os Métodos de Auxílio Multicritério à Decisão (AMD) tiveram como precursores as


técnicas de Pesquisa Operacional, entre outras disciplinas. O AMD busca em sua
implementação: selecionar, classificar e ordenar alternativas que se apresentam
como solução do problema de decisão, ou ainda elaborar possíveis alternativas de
solução do problema de decisão, que ainda não estão completamente definidas ou
elaboradas.

A Programação Linear, uma das técnicas da Pesquisa Operacional busca


determinar uma ou várias soluções ótimas para um problema de decisão,
diferentemente dos objetivos dos problemas abordado pelo Auxílio Multicritério à
Decisão, que visa uma solução de consenso, uma melhor solução, uma boa
solução, sem que esta solução seja uma solução ótima, pois na análise
multicritério buscam-se as melhores alternativas em cada critério presentes na
análise, que é difícil em presença de critérios conflitantes entre si.

Em um problema de decisão considerando o AMD, múltiplos critérios são


utilizados para avaliar as diferentes alternativas que se apresentam como solução
do problema. Na abordagem de problemas pelo AMD opiniões de especialistas
podem ser incorporadas no modelo matemático, e suas opiniões podem carregar
imprecisão e incerteza.

Desta forma, no emprego do AMD em problemas de decisão, não se pode falar


em solução ótima, como na área de Programação Linear da Pesquisa
Operacional, e sim em uma boa solução, uma solução de consenso, uma melhor
solução.

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INÍCIO DO BOXE DE CURIOSIDADE

A Programação Linear é uma área da Pesquisa Operacional que tem como


objetivo a resolução de problemas escritos através de equações lineares. Se o
problema abordado só utiliza duas dimensões, este problema pode ser resolvido
pelo método gráfico. A Pesquisa Operacional engloba outras técnicas tais como:
Simulação, Programação Não-Linear, Programação Dinâmica, Programação Por
Metas, entre outras técnicas.

FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE

1.2 Um pouco de história sobre o AMD

Segundo Barba-Romero e Pomerol (1997), os economistas no fim do século XIX e


princípio do século XX podem ser considerados como os percussores da análise
multicritério, assim como algumas reflexões sobre eleições feitas na França no
século XVIII. Na França na segunda metade do século XVIII, o Marquês de
Condorcet abordou em seu livro em 1785 a problemática de escolha social, isto é,
problemas envolvendo n eleitores que devem escolher, com seus próprios critérios
ou motivações, um único candidato dentre m candidatos.

Assim, ao longo do tempo, muitos pesquisadores propuseram métodos que


contribuíram para o que hoje denominamos de Auxílio Multicritério à Decisão.
Dentre estes pesquisadores podemos citar: Vilfredo Pareto (1848-1923) estudou
situações econômicas em que agentes realizam escolha diferentes em presença
de conflitos; von Neumann e Morgenstern (1944) abordou em suas pesquisas a
área de teoria de utilidade e teoria dos jogos, Charnes e Cooper (1961) abordou a
programação por metas, Benayon e Tergny (1969) abordou a programação linear
multiobjetivo, Roy (1968) abordou o conceito da relação de sobreclassificação no
método ELECTRE, que ele propôs.

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Segundo Gomes, Araya e Carignano (2004) nos anos 70 do século passado
começam a serem propostos os primeiros métodos com terminologias próprias
visando abordar problemas de decisão através do Auxílio Multicritério à Decisão,
isto é, um ou vários decisores deveriam avaliar alternativas de solução do
problema, considerando diversos critérios de avaliação das alternativas buscando
maximizá-los ao mesmo tempo.

A primeira reunião inteiramente dedicada ao tema Multicritério à Decisão foi


organizado em 1972 pela Universidade da Columbia, no estado da Carolina do Sul
(EUA). Outro método proposto naquela época foi o método MAUT – “Multi-
Attribute Utilily Theory” (Teoria de Utilidade Multiatributo) de Keeney e Raïffa
(1976).

Nos anos 70 do século passado muitos métodos são propostos e aplicados em


diferentes situações, um grupo de métodos explorando as relações de
sobreclassificação e as preferências do decisor, denominados Métodos da Escola
Francesa; e outros grupos de métodos que se apoiam na utilidade aditiva,
denominados Métodos da Escola Americana.

A partir destas correntes iniciais, muitos métodos são propostos e elaborados


visando atender as diferentes problemáticas do AMD, de seleção, classificação e
ordenação as alternativas que se apresentam como solução de um problema de
decisão. Assim, por volta dos anos 70 do século passado muitos métodos são
propostos, o Método ELECTRE I por Roy (1968), o Método ELECTRE II por Roy e
Bertier (1973), e o Método AHP por Saaty (1980), entre outros métodos.

INÍCIO DO BOXE DE CURIOSIDADE

Existem diversas classificações dos métodos de Auxílio Multicritério à Decisão


(AMD), como por exemplo, Métodos da Escola Francesa ou Métodos da Escola
Americana, ou ainda, outra classificação dos métodos de AMD (Pardalos, Siskos e
Zopounides, 1995) que considera tanto as características dos modelos

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desenvolvidos como o processo de desenvolvimento do modelo, e sugerem a
seguintes classificação: Programação Matemática Multiobjetivo; Teoria de
Utilidade Multiatributo; Relação de Sobreclassificação e Análise de Preferência de
desagregação. Existem ainda outras classificações dos métodos de AMD
propostos por outros autores.

FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE

Posteriormente, outros métodos foram propostos, PROMETHEE (Brans,


Mareschal e Vincke, 1984), UTA (Jacquet-Lagrèze e Siskos, 1982), MACBETH
(Bana e Costa, e Vansnick, 1994), TODIM (Gomes e Lima, 1991), Nos anos 80 do
século passado houve aumento do interesse dos pesquisadores de Auxílio
Multicritério à Decisão no desenvolvimento e utilização das ferramentas de
informática.

Desta forma, novos métodos e variantes de outros existentes continuaram sendo


propostos possuindo axiomas e características diversas, visando abordar
diferentes problemas de decisão, dentre estes podemos citar, UTA-CR (Rangel,
2002), TODIM-FSE (Passos et al., 2014), entre outros.

INÍCIO DO BOXE DE CURIOSIDADE

Os significados de alguns dos nomes dos métodos de AMD:

ELECTRE - ELimination Et Choix Traduisant la REalité (Roy, 1968);

PROMETHEE - Preference Ranking Organization METHod for Enrichment of


Evaluations (Brans, Mareschal e Vincke, 1984);

UTA - Utilité Additive (Jacquet-Lagrèze e Siskos, 1982);

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MACBETH - Measuring Attractiveness by a Category Based Evaluation Technique
(Bana e Costa, e Vánsnick, 1994);

TODIM - TOmada de Decisão Interativa e Multicritério (Gomes e Lima, 1991).

UTA-CR – Utilité Additive – Criteria (Rangel, 2002).

TODIM-FSE - TOmada de Decisão Interativa e Multicritério - Fuzzy Synthetic


Evaluation (Passos et al., 2014).

FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE

2. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO

O Auxílio Multicritério à Decisão como metodologia para a resolução de problemas


de decisão, como vimos nas considerações iniciais deste capítulo, possui
determinadas características, como por exemplo, considerar em sua proposição a
análise do problema sob diversos pontos de vista. Com a finalidade de verificar
como é o emprego do AMD na abordagem de problemas de decisão, dois
exemplos simples são apresentados e discutidos.

2.1 DESCRIÇÃO DO EXEMPLO 1: TRAÇADO DE UMA ESTRADA

Considere o seguinte exemplo, uma rodovia tem que ser construída entre duas
importantes cidades. Sabe-se que o fluxo de cargas entre estas cidades vem
aumentando e que nos próximos anos, a movimentação de carga, de comércio e
de pessoas vai mais que triplicar. Desta forma, o governo estadual começa a fazer
estudos de diferentes traçados desta futura rodovia visando a sua construção.
Assim, a seleção do traçado desta rodovia será feita por uma empresa do ramo de
construção de rodovia, contratada pelo governo estadual.

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Estas duas importantes cidades, identificadas aqui por cidades “A” e “Z”, estão
localizadas numa área de relevo irregular. Entre estas cidades, existem outras
cidades menores identificadas aqui por cidades “B” “C” “D” e “E”, com grande
potencial de crescimento. Além disso, nesta região existe também uma importante
reserva ambiental. A Figura 1.1 apresenta um esquema deste problema.

Figura 1.1 – Opção de traçado de uma estrada.

Depois de muitos estudos, pesquisas e reuniões com especialistas e diversos


setores da sociedade, três traçados possíveis para a construção da rodovia foram
considerados nesta análise:

i. O Traçado “1” da rodovia: este traçado proposto será feito


aproximadamente em linha reta, será o de menor trajetória entre
as cidades “A” e “Z”, terá como consequência: maior custo, pois
muitos tuneis terão que ser construídos, as outras cidades
menores “B”, “C”, “D” e “E” que se situam entre estas duas cidades

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não serão beneficiadas, a estrada passará no meio de uma
reserva ambiental e terá muitas curvas em aclives e declives,
podendo provocar inúmeros acidentes;

ii. Outro traçado possível considerado na análise, o Traçado “2” para


a rodovia, que fica a esquerda de “A” e “Z”, terá um custo um
pouco maior do que o primeiro traçado proposto, somente uma
cidade será beneficiada, a cidade “C”, a estrada passará no
extremo da importante reserva ambiental, terá curvas mais
agradáveis para os motoristas do que a primeira estrada, o que
tornará a rodovia mais segura para os motoristas;

iii. Um terceiro traçado da rodovia, o Traçado “3” que fica a direita de


“A” e “Z”, foi considerado. Este novo traçado “3” terá um custo
ainda maior que os dois traçados anteriores, um número maior de
cidades serão beneficiadas “B”, “D” e “E”, este traçado da rodovia
não passará no meio da reserva ambiental e apresentará um
traçado ainda mais agradável para os motoristas, porém haverá
um aumento um pouco maior no tempo de viagem entre os
municípios “A” e “Z”.

Neste problema do traçado da rodovia, a decisão a ser tomada é qual o tipo de


traçado da rodovia deve ser selecionado para a sua construção. Os diferentes
traçados da rodovia vão ter diferentes consequências, custos diferentes de
construção da rodovia, preservação da reserva florestal, segurança para os
motoristas, tempo de construção da estrada, diferentes cidades vão poder usufruir
da construção da rodovia, um maior desenvolvimento regionalmente, tempo de
viagem entre os dois municípios “A” e “Z” será diferente, entre outras
consequências.

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INÍCIO DO BOXE DE CURIOSIDADE

Quando um problema de decisão possui uma única alternativa de solução, o


problema de decisão já esta resolvido, pois somente uma ação foi identificada
como solução para este problema. Neste caso, não há decisão a ser tomada. A
solução é a alternativa disponível.

FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE

Desta forma, sobre este problema de decisão, que traçado da rodovia escolher,
podemos fazer os seguintes questionamentos:

- No exemplo considerado quem vai tomar a decisão?

- Quais as pessoas envolvidas neste processo?

- Quais são as soluções, ou a solução deste problema?

- Cada solução apresenta diferentes consequências?

- Quais os critérios de julgamentos as alternativas?

- Que metodologia empregar?

Diferentemente dos problemas tratados pela Programação Linear, que buscam


uma solução ótima, este problema de decisão da escolha do traçado da rodovia,
não apresenta uma solução ótima, pois o traçado da rodovia “1” de menor
percurso poderá provocar inúmeros acidentes, provocará danos a reserva
ambiental, diferentes cidades não irão se beneficiar da construção da rodovia,
entre outras considerações.

Assim, verifica-se que este problema tem que ser analisado sob diferentes
critérios, quais sejam, por exemplo: a de menor custo, danos a reserva ambiental,
segurança da rodovia pelos motoristas, número de cidades beneficiadas, tempo

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de construção, tempo de viagem entre os municípios “A” e “Z”. Portanto, este
problema tem que ser analisado considerando múltiplos critérios.

Para entendermos um problema de decisão multicritério temos que responder aos


seguintes questionamentos:

- No exemplo apresentado quem vai tomar a decisão?

Resposta: O governo estadual. Este governo que esta propondo a


construção da rodovia estadual irá escolher o traçado da rodovia
considerando diferentes critérios de análise das opções de construção da
rodovia.

- Quais as pessoas ou empresas envolvidas neste processo?

Resposta: Além do governo estadual, a empresa especializada na


construção de rodovias contratada, o agente de decisão (conhecedora da
técnica de decisão), os especialistas (engenheiros, biólogos,
ambientalistas), e as pessoas atingidas pela decisão, entre outras pessoas.

- Quais são as soluções, ou a solução deste problema?

Resposta: Os três diferentes traçados da rodovia proposta inicialmente


são as soluções deste problema.

- Cada solução apresenta diferentes consequências?

Resposta: Sim. Cada alternativa é avaliada por diferentes critérios


apresentando diferentes consequências em cada uma delas.

- Quais os critérios de julgamentos as alternativas?

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Resposta: Verifica-se na descrição este problema que os critérios são:
custo da estrada, tempo de construção da rodovia, tempo de viajem, bem
estar social das populações, a preservação da reserva ambiental e o
traçado da estrada, número de cidades atendidas pela rodovia.

- Que metodologia empregar?

Resposta: A metodologia a ser empregada vai depender do objetivo do


problema de decisão, o que se quer resolver. Neste exemplo, podem-se
ordenar as alternativas, classificá-las, ou ainda selecioná-las.

Verifica-se que este problema de decisão possui determinadas características que


para ser abordado, e para melhor entendimento do problema, sua análise será
melhor realizada se for feita através de múltiplos critérios.

2.2 DESCRIÇÃO DO EXEMPLO 2: ESCOLHA DE AERONAVES PARA UMA


EMPRESA DE AVIAÇÃO

Considere agora outro exemplo, uma empresa de avaliação esta querendo


selecionar aeronaves para o transporte de passageiros. Em pesquisas realizadas
com seus clientes pela empresa de aviação, verificou-se que ela esta perdendo
clientes em função de diversos fatores. Após estudos e levantamentos, verificou-
se que duas empresas do mercado fabricam aeronaves de acordo com as
necessidades desta empresa de aviação.

Estas duas empresas fabricantes de aeronaves com características bem


diferentes uma da outra foram consideradas neste problema. As características
levantadas foram: custo da aeronave, custo de manutenção, poluição do ar, nível
de ruído, número de passageiros transportados, carga a ser transportada, e
autonomia da aeronave. Sabe-se que as aeronaves possuem outras

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características importantes, mas somente aquelas descritas é que foram
consideradas nesta avaliação das duas empresas fornecedoras de aeronaves.

Depois de consulta junto aos fabricantes das aeronaves, as seguintes informações


foram consideradas nesta análise:

a. A aeronave “A” possui as seguintes características: preço maior,


menor custo de manutenção, provoca menor poluição do ar,
menor nível de ruído, transporta menor número de passageiros, o
compartimento de carga é maior, e apresenta pequena autonomia.

b. A aeronave “B” possui as seguintes características: preço menor,


maior custo de manutenção, provoca maior poluição do ar, maior
nível de ruído, transporta mais passageiros que a aeronave “A”,
possui compartimento de carga com as mesmas dimensões da
outra aeronave, e apresenta maior autonomia que a outra
aeronave.

Neste problema de escolha de aeronave, a decisão a ser tomada é: Qual


aeronave escolher? As duas empresas fabricantes forneceram aos compradores
as características de suas aeronaves. Em função deste problema de decisão de
escolha de aeronaves com diversas características podemos fazer os seguintes
questionamentos:

- No exemplo considerado quem vai tomar a decisão?

- Quais as pessoas envolvidas neste processo?

- Quais são as soluções, ou a solução deste problema?

- Cada solução apresenta diferentes consequências?

- Quais os critérios de julgamentos as alternativas?

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- Que metodologia empregar?

Assim, verifica-se que este problema tem que ser analisado sob diferentes
critérios, quais sejam, por exemplo: custo de aquisição, custo de manutenção,
poluição do ar, nível de ruído, menor número de passageiros, carga transportada,
e autonomia da aeronave. Portanto, este problema tem que ser analisado
considerando múltiplos critérios.

Para entendermos um problema de decisão multicritério temos que


responder aos seguintes questionamentos:

- No exemplo apresentado quem vai tomar a decisão?

Resposta: Os gestores da empresa que vão comprar as aeronaves.

- Quais as pessoas ou empresas envolvidas neste processo?

Resposta: Grupo de gestores que vão tomar a decisão de comprar a


aeronave, o agente de decisão (conhecedora da técnica de decisão), os
especialistas (engenheiros, biólogos, ambientalistas), e as pessoas
atingidas pela decisão (consultar os clientes), entre outras pessoas.

- Quais são as soluções, ou a solução deste problema?

Resposta: Os dois diferentes tipos de aeronaves disponíveis no mercado


de aviação.

- Cada solução apresenta diferentes consequências?

Resposta: Sim. Cada alternativa de solução de problema possui


diferentes características, em cada uma delas. Cada aeronave possui as
suas características em relação aos critérios presentes na análise.

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- Quais os critérios de julgamentos as alternativas?

Resposta: custo de aquisição, custo de manutenção, poluição do ar, nível


de ruído, número de passageiros transportados, carga transportada, e
autonomia da aeronave.

- Que metodologia empregar?

Resposta: A metodologia a ser empregada vai depender do objetivo do


problema de decisão, que neste caso é o da escolha de uma das duas
alternativas de aeronaves disponíveis no mercado.

Verificam-se com os dois problemas apresentados que o AMD pode ser


empregado na abordagem de problemas de decisão que consideram opiniões de
especialistas e empregam-se muitos critérios para avaliar as alternativas que se
apresentam como solução de um problema. Verifica-se também que os critérios
são geralmente conflitantes entre si, como por exemplo: viagem mais rápida e
preservação ambiental na seleção do traçado da rodovia, e preço menor com
menor poluição provocada pela aeronave, na escolha das aeronaves.

3. Ideias Gerais do AMD

O AMD oferece um conjunto de métodos formais para tomada de decisão nas


indústrias, em alocação de recursos e em várias áreas governamentais, tanto no
nível pessoal, como no nível de uma organização ou de um grupo de pessoas
(Keeney e Raiffa, 1976).

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O AMD é um processo tecnológico desenvolvido para trabalhar na análise de
problemas decisórios, quando estes exigem pelo menos dois critérios para
analisar muitas alternativas, que são as soluções do problema abordado.

Os resultados obtidos com o emprego do AMD em problemas complexos


justificam a sua utilização, apresentando-se como ferramenta poderosa a um
custo acessível na busca da melhor solução.

O AMD não busca dirimir o conflito entre os critérios igualmente desejáveis, busca
sim, empregar um método para fazer uma análise sistemática do problema de
decisão, elegendo desta forma a melhor alternativa de acordo com o objetivo do
problema.

Desta forma, a decisão será tomada pelo decisor de maneira mais consciente, em
função das informações, do conjunto de critérios, e das alternativas presentes,
pois estes são os elementos essenciais na análise de um problema de decisão.

A qualidade da informação e dos dados coletados ao longo do processo decisório


complexo é muito importante, pois decisões serão tomadas com base nestas
informações.

Portanto, o emprego destes métodos em processo decisório faz com que o


problema abordado seja estruturado de modo a torná-lo o mais claro possível,
buscando elementos para as questões levantadas.

Vê-se que esta metodologia possui diversas etapas e exige grande empenho das
pessoas envolvidas, demandando recursos que muitas vezes são questionados.
Em geral, quando o problema envolve recursos financeiros elevados, o custo da
montagem de um grupo de trabalho para analisá-lo, faz-se necessário, em que
qualquer erro na tomada de decisão pode ser extremamente oneroso. Por outro
lado, não faz sentido contratar um analista de decisão para analisar problemas
onde os ganhos monetários não são suficientes para pagar o custo do consultor.

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A abordagem sistemática da análise decisória tem suas vantagens e suas
desvantagens, e muitas opiniões têm sido emitidas de ambos os lados. O que é
mérito para alguns é demérito para outros.

Pode-se dizer: "A análise decisória é ótima porque leva à introdução de


julgamentos e preferências subjetivas na análise formal", (Keeney e Raiffa, 1976).
Mas outros poderiam dizer: “Isso é uma desvantagem do meu ponto de vista”.
Muitos pontos podem ser identificados como sendo favoráveis à análise decisória,
tais como;

- A metodologia da análise decisória leva o decisor a examinar seu problema


como um todo, e a abordagem sistemática, forçam-o a tratar quantitativamente as
interações entre as várias facetas do problema;

- A abordagem sistemática ajuda as comunicações, permitindo a cada especialista


dar testemunho sobre sua área de especialização, de maneira quantitativa e sem
ambiguidades, testemunho esse que pode ser incluído na análise completa;

- Exame sistemático do valor da informação em um contexto decisório ajuda a


sugerir a coleta, compilação e organização de dados originários de novas fontes;

- A análise distingue as preferências do decisor pelas consequências;

- A análise serve de estímulo para que o decisor e sua equipe pensem sobre
novas e viáveis alternativas de ação;

- Uma boa análise ajuda o decisor a dar ênfase ao fato de que a decisão não foi
tomada sem considerar dados e opiniões de especialistas, podendo ser usada
para conduzir o raciocínio e a estratégia a ser adotada, reunindo apoio em seu
favor. A análise ajuda a pôr em perspectivas adequados argumentos de pontos de
vista opostos;

- A metodologia da análise decisória é útil como um instrumento de medição, em


situação em que os decisores estão em desacordo sobre a prioridade de um curso
de ação. Decompondo o problema em suas partes elementares, eles podem

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rapidamente focalizar aquelas que estão em desacordo. Mesmo que esses
especialistas não cheguem a um acordo sobre o curso de ação, eles podem
concordar na estrutura qualitativa do problema, ou talvez na avaliação das
consequências. Esta discussão certamente irá aguçar a especificidade e
sofisticação dos argumentos de cada um, auxiliando os decisores a entenderem
melhor o problema abordado;

- Análise sistemática cria um esquema para o entendimento do problema e para a


avaliação continua de novos fatos, que se torna necessário à medida que se
desenvolve a dinâmica de um problema. Não sugere simplesmente que alternativa
de ação deve ser escolhida, mas clarifica o problema, para que a escolha desta
alternativa seja feita considerando os diversos pontos de vista, qualitativas e
quantitativas, empregadas na análise.

Mesmo se não analisar seu problema de decisão pela metodologia descrita, ainda
assim tem que agir. O que poderia ser feito? Uma parte da justificativa para a
adoção da metodologia da análise decisória é que as suposições básicas sobre o
comportamento são aceitáveis. Uma segunda justificativa é que essa metodologia
é um modo operacional de análise (pelo menos para muitos problemas, e essa
classe está se tornando maior). Outra justificativa é “O que é que se faria como
alternativa para analisar um problema decisório?" (Keeney e Raiffa, 1976).

Finalmente, o que determina se os decisores chegarão ou não a implementar uma


análise feita é a qualidade do envolvimento dos mesmos no processo analítico.

4. Etapas de um Problema Abordado pelo AMD

Análise de um problema de decisão através do AMD permite tratar o


processo decisório de uma forma mais transparente, aumentando assim a sua
credibilidade. Porém, há que se notar a abordagem do problema de decisão, sob a

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ótica do AMD, não visa apresentar pelo agente de uma solução definitiva ao seu
problema, elegendo uma única verdade representada pela alternativa selecionada.

Esta abordagem visa sim, apoiar o processo decisório com a


recomendação de ações que estejam em sintonia com as preferências expressas
pelas pessoas que vão tomar a decisão.

Verificam-se assim algumas etapas necessárias para abordar um problema


de decisão:

1. Na primeira etapa, se detecta a existência de um problema e decide-


se atuar para resolvê-lo;

2. Determinar as pessoas envolvidas neste processo de decisão;

3. O tipo de problema a ser abordado pelo AMD;

4. Escolha do Método de AMD, de acordo com a problemática;

5. Determinar as alternativas de solução do problema;

6. Identificar os critérios de avaliação;

7. Verificar os desempenhos das alternativas em relação aos critérios,


isto é as consequências em se adotar uma determinada ação, ou
alternativas. A matriz de avaliação;

8. As preferências inter-critérios;

9. Relações de preferência;

10. Implementação do método;

11. Análise dos Resultados;

12. Implementar a ação.

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INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO

Sabe-se quem nem todas estas etapas são realizadas em todos os processos
decisórios, a ausência de uma etapa pode depender de diversos fatores, tais
como, considerar a mesma constante de escala para todos os critérios, empregar
um método em algumas etapas e empregar outro método em outras etapas do
problema de decisão, ou o problema pode não estar completamente definido.
Além disso, a ordenação de realização das etapas podem não serem feitas
naquela ordem propostas. Os agentes de decisão podem alterar a ordenação das
etapas com que o problema vai ser tratado.

FIM DO BOXE EXPLICATIVO

Na abordagem de problemas de decisão, não necessariamente todas as etapas


citadas acima estão presentes. Podem algumas destas etapas serem suprimidas
ou não serem necessárias em função do método empregado no processo
decisório. Assim como, outras etapas não descritas podem ser necessárias,
visando a busca por melhor entendimento do problema. Na implementação das
doze etapas as seguintes atividades são realizadas em cada uma delas:

- Na primeira etapa, identifica-se o problema de decisão a ser resolvido. O


tomador de decisão, ou os decisores tem um problema e resolve abordá-lo para a
sua superação.

- Na segunda etapa, verificam-se as pessoas envolvidas neste processo de


decisão. Quem vai tomar a decisão, o gerente de uma empresa, o conselho diretor
da empresa, ou um grupo de indivíduos, ou mesmo uma única pessoa. Quem vai
implementar um método de apoio à decisão, isto é, um agente de decisão. As
pessoas especialistas que vão ser consultadas, caso haja a necessidade de um
assunto muito específico, como por exemplo, despoluição de um rio, tecnologia de

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um alto-forno de uma siderúrgica, traçado de uma rodovia, entre outros. Além
destas pessoas existe ainda, as pessoas atingidas pela decisão, que em muitos
casos devem ser consideradas num processo decisório. Outra consideração em
relação aos papeis desempenhados pelas pessoas envolvidas num processo
decisório, é que o decisor pode ser o agente de decisão, e ainda um especialista.
Em cada processo decisório é necessário identificar o papel de cada participante.

- A terceira etapa, diz respeito ao tipo de problema a ser resolvido pelo AMD. Se o
problema é de escolha de uma alternativa, de classificação de alternativas, de
ordenação de todas as alternativas, ou um procedimento cognitivo de decisão.

- A quarta etapa deste processo visa a escolhe do Método de AMD, para a


implementação e determinação de solução do problema de decisão. Nesta etapa
de escolha do método pode ser necessário, por exemplo, verificar se a abordagem
do problema pelos decisores permite “trade-off” entre as constantes de escala dos
critérios, ou consideram as constantes de escala como um fator indicativo de
superação entre os critérios. Ou verificar ainda se o método permite o emprego de
critérios qualitativos e quantitativos na avaliação das performances das
alternativas, entre outras características do problema de decisão.

- A quinta etapa diz respeito a determinação das alternativas viáveis de solução do


problema. Este conjunto de alternativas devem ter determinadas propriedades
para que sejam empregadas num problema de decisão, devem ser: exaustivas,
não redundantes, e excludentes.

- A sexta etapa visa identificar os critérios de avaliação das alternativas, isto é, a


avaliação das alternativas será realizada sob quais pontos de vista. Este conjunto
de critérios de avaliação das alternativas tem que possuir também determinadas
propriedades, devem ser exaustivas, coesão e não redundantes. Na abordagem
do problema de decisão o conjunto de alternativas pode sugerir um novo critério, e
o conjunto de critérios pode sugerir uma nova alternativa.

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- A sétima etapa visa determinar as preferências inter-critérios expressas pelos
decisores, isto é, as constantes de escala de cada critério. Alguns métodos não
utilizam esta etapa, pois não diferenciam as preferências inter-critérios.

- A oitava etapa visa determinar as relações de preferência de cada alternativa em


relação a cada critério empregado no processo decisório, se o critério visa a
maximização das performances das alternativas ou a sua minimização. Cada
método pode solicitar novas informações, como por exemplo, a definição de
limites de indiferença, de preferência e de veto entre outras informações.

- A nona etapa visa determinar os desempenhos das alternativas em relação aos


critérios, isto é as consequências em se adotar uma determinada ação, ou
alternativas. Estas informações podem ser tabuladas em uma matriz, geralmente
denominada, matriz de avaliação.

- A décima etapa é a implementação do método de AMD.

- A décima primeira etapa visa analisar os resultados obtidos, e caso necessário,


retornar a etapa dois deste processo de decisão.

- A décima segunda etapa visa implementar a ação escolhida para o processo de


decisão.

Assim, estas dose etapas compõem a abordagem de uma problema de decisão


pelo Auxílio Multicritério à Decisão. Alguns autores mesclam algumas etapas
descritas aqui. Outros autores utilizam outras denominações, mas em geral todas
as etapas descritas neste item estão presentes na aplicação de AMD em um
problema de decisão.

5. CONCLUSÃO

Após essa apresentação inicial sobre o Auxílio Multicritério à Decisão, verificam-se


a diferença de problemas abordados pela Programação Linear e pelo AMD. As

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etapas envolvendo problemas de decisão através do AMD são bem definidas.
Muitos métodos de AMD foram elaborados visando atender os diferentes tipos de
problemas de decisão, escolha, classificação, ordenação ou um procedimento
cognitivo. Atualmente muitos métodos de AMD possuem plataformas de aplicação
de suas metodologias, visando facilitar o seu emprego, rapidez e confiabilidade de
utilização em processos decisórios.

6. ATIVIDADE FINAL

Início ATIVIDADE FINAL

Atividade Final – Atende aos Objetivos Propostos neste Item

6.1) Faça uma pesquisa na internet sobre os problemas que podem ser
abordados através do AMD.

6.2) Relate com as suas palavras a diferença de objetivo no emprego da


Programação Linear (PL) e o Auxílio Multicritério à Decisão (AMD).

6.3) Por exemplo, na compra de um imóvel quais são os critérios que podem ser
empregado na avaliação deste imóvel.

Ilustração: favor inserir 30 linhas para resposta.

RESPOSTA COMENTADA

6.1)
Realizando a pesquisa na internet comente com os seus colegas, seu tutor e seu
professor, os problemas que você identificou que podem ser abordados AMD.

22
6.2)
A Programação Linear (PL) busca uma solução ótima para um problema decisão,
já o AMD busca uma solução de consenso, uma melhor solução.

6.3)
Por exemplo, na compra de um imóvel quais são os critérios que podem ser
empregado na avaliação deste imóvel.
- a dimensão do imóvel;
- tempo que o imóvel possui;
- proximidade do centro;
- proximidade de acesso ao transporte público;
- qualidade da construção,
- segurança;
- área de confraternização,
- custo, entre outros critérios.
[FIM DA ATIVIDADE FINAL]

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA


Na próxima aula veremos os Conceitos Básicos do AMD. Até lá!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LEITURAS RECOMENDADAS

Almeida, A. T. de. O Conhecimento e o Uso de Métodos Multicritério de Apoio a


Decisão, 2ª. Edição, Editora Universitária, Recife, 2011.

Belton, V. & Stewart, T. (2002). Multiple Criteria Decision Analysis: An Integrated


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Alternativas. 1. ed. Insular, Florianópolis.

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Gerencial - Enfoque Multicritério. Atlas, São Paulo.

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