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FAEMGISENAR

ANO 2 - NÚMERO 13- AGOSTO 2015

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais 7 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG
Foto: Rafael Motta

LATICÍNIOS NOSSO AMBIENTE CACHAÇA SOJA


Domínio Proteção de Formação de Vitória
mineiro Nascentes degustadores surpreendente
Flávio Amaral

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira


Unger, em debate na FGV sobre estratégia de desenvolvimento brasileiro, reconheceu a necessidade
de um movimento nacional para a eliminação de travas:

O clima foi tão desfavorável no fim de 2014


e começo deste ano, afetando a produção
Em relação aos agentes privados, temos a trava de café, que levou Arthur Mascofian Jr.,
do não direito, que exemplifico com a área proprietário da fazenda do Café Santa
ambiental. Delegam-se poderes Mônica, em Machado, a revelar ao Valor
discricionários às autoridades administrativas, mas não se Econômico:
estabelecem regras. Por exemplo, regras que distinguem o
tratamento das áreas antropizadas das áreas virgens. E aí o “Produtor de café é o cara
licenciamento ambiental vira um pesadelo para o produtor”. que mais fala com Deus”.
O certo é que, apesar dos problemas, a
“Estamos acostumados à ideia As crises política e econômica, além das variáveis
empresa, que já exporta para os Estados
equivocada de abundância que podem afetar as receitas dos produtores,
como o preço das commodities, custo dos Unidos e a União Europeia, recebeu
hídrica no Brasil. Essa só existe consultas da China, deixando Arthur
insumos com a nova variação cambial, crédito,
na região amazônica, que detém formam um cenário confuso e instável. Por isso, o entusiasmado:
81% da disponibilidade de água. diretor-executivo da Abag (Associação Brasileira
A região Sudeste, que concentra do Agronegócio), Luiz Cornacchioni, avisa: “Pretendemos exportar
a produção industrial do país,
detém menos de 10%”.
mais, porque o mercado
“Quem não controlar direito
despesas e receitas vai ter
está pedindo”.
Gesner OIiveira , presidente da consultoria GO problemas. Se ele der uma
Associados, à revista Conjuntura Econômica.
pequena bobeada, sai quebrado. “É preciso um compromisso
Uma das saídas para o produtor é público com a defesa
olhar bem o ‘caixa’”. agropecuária. Se o orçamento
do Ministério tivesse apenas
Em artigo na Folha de S. Paulo, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, diz que enquanto o R$ 1, ele iria para a defesa
governo estuda o que fazer, “os produtores rurais vão encontrando novos caminhos para vencer a agropecuária”.
acirrada competição internacional.
Da ministra da Agricultura, Pecuária e
“E, uma vez mais, a tecnologia depois dos planos de estabilização Abastecimento, Kátia Abreu, ao comentar
ganha seu merecido destaque. A econômica (Collor e Real) o ajuste
experiência tem mostrado que não feito pelo campo foi baseado em
as iniciativas do governo para ampliar as
dá para competir sem produtividade tecnologia. E quem não o fez foi exportações do setor, na abertura do Salão
elevada. (...) excluído. Um duro ajuste, que outros Internacional de Avicultura e Suinocultura,
setores ainda não fizeram e pelo qual em São Paulo. Ela disse também que
Talvez seja uma segunda revolução pagamos um pesado custo social. Mas não adianta uma boa logística se não há
tecnológica, como foi a dos anos 1990: chegamos até aqui!” garantia de saúde animal.

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Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG
FAEMG PRESIDENTE Roberto Simões VICE-PRESIDENTES Afonso Luiz Bretas, Alberto Adhemar SENAR MINAS PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Roberto Simões
do Valle Júnior, Délio Prado Lopes, Domingos Frederico Neto, Eduardo de Carvalho Pena, José SUPERINTENDENTE Antônio do Carmo Neves
Éder Leite, Leonardo dos Reis Medeiros, Lino da Costa e Silva, Políbio Esteves Guedes Júnior, Revista FAEMG|SENAR Editado pela Assessoria de Comunicação
Renato José Laguardia de Oliveira, Ricardo Quadros Laughton, Rivaldo Machado Borges ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO: Lauro Diniz
Júnior, Salviano Junqueira Ferraz Júnior, Thiago Soares Fonseca, Weber Bernardes de Andrade Jornalistas: Ciara Albernaz, Flávio Amaral, Janaína Rochido, Ludymila Marques, Maria Teresa
DIRETORES SECRETÁRIOS Rodrigo Sant’Anna Alvim, Antônio Pitangui de Salvo DIRETORES Leal, Rodrigo Moinhos e Silvana Matos
TESOUREIROS Breno Pereira de Mesquita, Jerônimo Giacchetta CONSELHO FISCAL Geraldo projeto gráfico e Edição de arte: BravaDesign IMPressão: EGL Editores Gráficos LTDA
Ferreira Porto, Jadir Maurício Lanza Rabelo, José Alfredo Quintão Furtado Os artigos assinados e declarações são de inteira responsabilidade dos autores.

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Carta do
Presidente
Áurea Andrade

4 
ENTREVISTA | O 26 
NOSSO AMBIENTE
engenheiro agrônomo SENAR lança curso de
Eliseu Alves fala sobre os Recuperação e Proteção de
caminhos do agronegócio Nascentes

6 PANORAMA | Lideranças 28 SOB MEDIDA | Inovação


rurais fazem relatos no campo demanda cursos
sobre o aumento da para treinar mão de obra
criminalidade em suas cada vez mais específica
regiões
30 
AVICULTURA
Roberto Simões
Capacitação na Avivar
Alimentos valoriza Presidente do Sistema FAEMG
funcionários e aumenta
O agronegócio mineiro tem
produtividade motivos para comemorações, com
numerosas e frequentes conquistas.
32 
CAFÉ DE PRIMEIRA Começa pela importância alcançada

8
Curso de barista estreia na pelo setor na economia do estado:
Semana do Fazendeiro e responde por 42% do PIB mineiro,
abre boas perspectivas de por 27% das exportações e 20% dos
8 
PRODUTOS PARA O negócios empregos.
No 41º Concurso Nacional de
CAMPO | Fábrica de
chocadeiras, em BH, vende 36 
DEDICAÇÃO | Produtora
Produtos Lácteos, na categoria
de queijos, os laticínios mineiros
para o Brasil e a América de Monte Sião expande venceram seis das oito disputas.
do Sul negócio e investe mais na Também ficaram com o título do
educação das filhas melhor doce de leite e da melhor
10 
DESTAQUES | Laticínios manteiga. Confirmamos nossa
mineiros dominam o 37 
SAÚDE E ALEGRIA competência. E honramos nossa
tradição.
Concurso Nacional de Curso Saúde na 3ª Idade
Produtos Lácteos em instituição para Quando se fala de soja, poucos
citam Minas Gerais. Mas, na produção,
idosos anima a rotina de já estamos em sétimo lugar e um
14 
INOVAÇÃO | Granja em residentes mineiro ganhou o título nacional na
Sete Lagoas é exemplo de categoria “área irrigada”, mostrando
sustentabilidade 38 
SUCESSO | Mineiro que temos potencial tecnológico de
é destaque no Desafio crescimento da produção deste grão
16 
CURTAS Nacional de Máxima de grande importância econômica.
Outra forma de avaliar vencedores
Produtividade de Soja
14 
BRUCELOSE é a observação do seu dia a dia.
Como cada um contribuiu para o
Coordenadora do PNCEBT Fotos: Maria Teresa Leal desenvolvimento do agronegócio. O
em Minas avalia o combate que fizeram na produção, na pesquisa,
à zoonose no estado na comunicação, na política. Os que
se destacaram foram homenageados
18 
CACHACIER | Curso com a Medalha do Mérito Rural da
forma especialistas em FAEMG.
degustação de cachaça A solenidade foi também uma
ocasião para lembrar aos governantes
20 
CAPA | FAEMG
que o campo espera providências
rápidas para manter seu crescimento:
homenageia 19 destaques combate à criminalidade, melhoria
do agronegócio mineiro das estradas, securitização da dívida,
com a Medalha do Mérito
Rural 18 segurança sanitária, dentre outras.
Esperamos comemorar também a
concretização dessas medidas.

FAEMG | SENAR 3
Rafael Motta

Temos que entender


com profundidade
os obstáculos que
impedem a pequena
produção de progredir
e crescer, para poder
removê-los. Culpar a
extensão rural é erro
lamentável”

Entrevista | Eliseu Alves

Os caminhos do
Agronegócio
O pesquisador Eliseu Alves, agraciado este ano com a tam evitar. Infelizmente, com muito
pouco sucesso até aqui
Grande Medalha do Mérito Rural, analisa o agronegócio
Em que precisamos avançar?
brasileiro e aponta ações para o seu avanço Temos que entender com profun-
didade os obstáculos que impedem
a pequena produção de progredir e
Qual sua avaliação sobre a política transferem para os consumidores crescer, para poder removê-los. Cul-
agrícola brasileira? brasileiros e do mundo todo. Ou seja, par a extensão rural é erro lamentá-
A política agrícola brasileira tem a lógica é a mesma aqui, na União Eu- vel. São as imperfeições de mercado
de necessariamente alinhar-se com a ropeia, Estados Unidos, Japão, China, que impedem os produtores peque-
do resto do mundo, pois somos uma Canadá e Índia. nos de vender bem sua produção e
economia aberta e um país produtor Entre nós predomina o apoio via ainda de comprar bem os insumos.
de grande importância no merca- crédito rural, e em outras regiões, via Sendo assim, a tecnologia que se ba-
do internacional. Por isso, devemos preço. Esses subsídios colaboraram seia em insumos modernos, a que
respeitar os acordos internacionais para que a tecnologia fizesse a produ- pode tirá-los da pobreza, fica inviável
e cooperar para o desenvolvimento ção se concentrar em poucos estabe- e não é adotada.
da agricultura de outros países e seu lecimentos, tanto no Brasil como em A capacidade de produção de nos-
abastecimento. Sendo assim, segui- outros países de tecnologia agrícola sa agricultura excede em muito a de-
mos o mesmo rumo. Procuramos moderna. E a tendência é aumentar manda interna por produtos, por isto
compensar os produtores com subsí- essa concentração, a ponto de, em ex- exportar é crucial para evitar o enfra-
dios, embora bem menos que outras tremo, termos uma agricultura com quecimento dos nossos agricultores.
nações. Em vista da nossa incapacida- muito poucos agricultores. É essa ten- A nossa infraestrutura ainda é caren-
de de controlar os preços, os ganhos dência que as políticas que querem te, a despeito do grande esforço do
de produtividade da agricultura se fortalecer a agricultura familiar ten- governo. Há muito que investir nesse

4 www.sistemafaemg.org.br
sentido. É fundamental também eli- Sobre investimentos em pesquisa da produção de 2006. Não se pode
minar entraves do comércio interna- e tecnologia no Brasil e a própria esquecer o enorme potencial da agri-
cional e conquistar novos clientes. educação ofertada no país: o senhor cultura irrigada do norte de Minas, e
acredita que mesmo diante de a parte já muito visível em Janaúba e
Como podemos fazer isso?
tantos obstáculos temos instituições Jaíba, a pobreza do Vale do Jequitinho-
Tecnologia e agricultores treina-
fortes o suficiente para o contínuo nha e as regiões prósperas do estado,
dos são o fundamento principal do
progresso da nossa agropecuária? com seus cinturões verdes, o café, o
enorme avanço conquistado. A tec-
Nossas inovações têm o ritmo gado de leite e de corte, os cerrados, o
nologia, que vem de investimentos
necessário para manter o país trigo, o milho, a soja, as florestas plan-
do governo, tem tido e continuará a
entre os principais produtores de tadas, por exemplo.
ter um papel fundamental, ao lado
alimento do mundo?
daquela de origem em investimentos
Como o senhor vê o futuro da
privados. O papel do governo federal Instituições do ponto de vista for-
agricultura? O que podemos esperar
continuará sendo ainda decisivo e mal existem, sim, e com capacidade
em termos de inovações científicas?
precisa ser complementado pelos go- de atender às demandas da agricul-
vernos estaduais, de forma comparti- tura. Embora no âmbito do governo Será cada vez mais baseada na ci-
lhada, e pela iniciativa privada. federal tenha havido avanços subs- ência e na tecnologia. Somente elas
tanciais, a administração dessas ins- e agricultores competentes propicia-
Qual o papel da tecnologia na
tituições geralmente é deficiente nos rão uma agricultura sem agressões
produção agrícola?
seguintes aspectos: ao meio ambiente, segura e à altura
Terra e trabalho têm limites físicos
1. Investimentos insuficientes dos da demanda interna e internacio-
estreitos. O crescimento da produção
governos; nal. Para viabilizar isso, também
esbarra nesses limites, e eles são ain-
2. Cientistas mal remunerados, sem deverão ser ampliadas as políticas
da muito mais severos no que se re-
carreira adequada e estímulos; públicas que estimulem e financiem
fere aos estabelecimentos agrícolas.
3. Critérios políticos para a promoção, a inovação, e permitam a remoção
O papel da tecnologia é, desse modo,
burocracia e visão sindical. Embora das imperfeições de mercado, sem o
fazer cada hectare e cada trabalhador
o sindicato seja importante, perce- que a agricultura se fará com apenas
produzir mais. Ou seja, remover limi-
be-se uma visão inadequada a uma alguns agricultores. Essas políticas
tes físicos. Acresce-se a eliminação
instituição de pesquisa; precisam ajudar o Brasil a exportar
dos desperdícios, dentro da porteira e
4. Organização das unidades de pes- mais, com preços internos estáveis
entre esta e o consumidor, e a prote-
quisa de modo que favorece a dis- e garantir uma renda que permita a
ção do meio ambiente.
persão de esforços e não leva em qualidade de vida para quem mora
conta a especialização da nossa no campo.
agricultura;
5. Visão de pesquisa que pouco leva
em conta o fato de que o país faz
Perfil
parte de uma economia de merca- Eliseu Roberto de Andrade Alves
Terra e trabalho têm do e acaba desconectada de crité-
rios de eficiência;
é engenheiro agrônomo pela
Universidade Federal de Viçosa, e mestre
limites físicos estreitos. 6. Administração de pessoal que fa- e doutor pela Universidade de Purdue,
O crescimento da vorece a injustiça e não estimula o Indiana, Estados Unidos. Trabalhou
na Emater durante 17 anos (1955 –
talento, por ser paternalista;
produção esbarra 7. Desconhecimento da evolução de 1973). Fez parte do grupo que criou a
nesses limites, e eles nossa agricultura, de nossa socieda- Embrapa, tendo atuado como diretor e
presidente da instituição (1973 – 1985),
de, e de que somos uma economia
são ainda muito de mercado aberta à competição
contribuindo ativamente para o seu
mais severos no internacional.
desenvolvimento. Pesquisador da área
de economia rural, é autor de inúmeros
que se refere aos Qual avaliação o senhor faz do
trabalhos sobre política agrícola,
construção de instituições e pobreza
estabelecimentos agronegócio mineiro? Onde estão rural. Foi presidente da Codevasf (1985 –
agrícolas. O papel nossos gargalos? Há algum setor
que mereça maior volume de
1990), secretário Nacional de Irrigação,
professor de estatística, microeconomia
da tecnologia é, investimentos, ou mais atenção? e política agrícola do Cedeplar/UFMG e
desse modo, fazer Vai muito bem. Tem concentração
professor do curso de pós-graduação da
FGV e da USP. Atualmente, é pesquisador
cada hectare e cada da produção em poucos estabeleci-
mentos, como acontece com o Brasil:
da Embrapa e assessor da ministra da
trabalhador produzir 14,4% dos estabelecimentos, apro-
Agricultura, Kátia Abreu e do presidente
da Embrapa.
mais” ximadamente, produziram 85,6%

FAEMG | SENAR 5
Panorama do campo

Aumenta a
insegurança
As ocorrências policiais são preocupantes. Em todo o Tarcizo de Melo Mendes,
produtor de leite em Pará de Minas
estado, os roubos passaram de 46,3 mil no primeiro “Perdi a conta das vezes em que fui
semestre de 2014 para 54,2 mil no mesmo período vítima de criminosos. Na primeira
vez, estacionaram um caminhão
deste ano, cerca de 300 por dia. Somente na área rural, na minha propriedade e levaram 31
furtos e roubos de animais, arrombamentos e furtos cabeças de gado. Também levaram
um trator e encheram um caminhão
de residências ultrapassaram, em apenas cinco meses, com bezerras. Por sorte, o veículo
metade das ocorrências registradas em todo o ano de atolou e os bandidos deixaram a
carga pra trás. Agora, recentemente,
2013. Assustados, produtores rurais relatam casos e me levaram 33 vacas, uma novilha e
um touro. A polícia diz que há muita
sugerem ações preventivas. demanda e não tem como investigar.
Estou desanimado”.

Ignácio Costa Fotos: Arquivo FAEMG


Eugênio Diniz, presidente do Sindicato
dos Produtores Rurais de Pará de Minas
“A má qualidade da telefonia celular
ajuda o bandido. Se o celular dele
ficar sem sinal – o que ocorre em
muitas áreas rurais – é a “deixa”
para ele agir. Se houver telefone
fixo, ele corta o fio e pronto. Outro
problema é a falta de respostas sobre
o andamento das investigações, o
que nos desestimula fazer o boletim
de ocorrências, enfraquecendo
as estatísticas e a elaboração de
políticas públicas para o setor”.
Romeu Borges de Araújo
Divulgação Júnior, presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Uberaba
“A situação é péssima. Na nossa
região, há grupos que fazem
apologia ao crime nas redes sociais
Juvenal Braga, presidente do Sindicato e praticam assaltos, furtos e outras
dos Produtores Rurais de Ouro Fino
atrocidades. Temos boa relação
“A fronteira de outros estados facilita com a polícia local mas o efetivo é
a atuação dos bandidos porque, uma insuficiente e o tempo que leva para
vez foragidos de Minas, fica mais prender um bandido é dez vezes
difícil localizá-los. Os criminosos ora maior do que aquele que o sujeito
levam rebanhos vivos, ora abatem os leva para ser solto. Não deveria
animais no próprio pasto, deixando ser assim. A punição tinha que ser
pra trás os vestígios do crime”. exemplar”.

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Rafael Motta

Walter Tomaz Correa, diretor do Dalton Canabrava Filho, José Aparecido Mendes,
Sindicato dos Produtores Rurais de Unaí presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de presidente do Sindicato dos Produtores Rurais
Curvelo e da Asprocem (Associação dos Sindicatos de Janaúba e da Aspronorte (Associação dos
“Participamos das reuniões do de Produtores Rurais do Centro de Minas) Sindicatos de Produtores Rurais do Norte de
Consep (Conselho de Segurança Minas e do Vale do Jequitinhonha)
Pública) para troca de ideias e “Estamos agindo. Em parceria com
informações. Estabelecer parcerias as polícias civil e militar formamos “Aqui acontece tudo o que se
com a PM e investir em comunicação a Rede de Proteção Rural, que entre possa imaginar e mais um pouco.
são formas de prevenir a violência. outras medidas instala placas Os bandidos furtam de gado a
A Patrulha Rural atua em Unaí indicando que a propriedade faz bombas d‘água, fios de cobre e
e nos distritos de Bonfinópolis, parte da rede e elabora um cadastro eletrodomésticos nas propriedades
Natalândia e Cabeceira Grande, com com informações de como chegar rurais. Agora, estão assaltando
bons resultados. Também fazemos ao local. Por meio da Asprocem caminhões de bois na BR 365,
campanhas educativas, palestras acompanhamos votações no entre Montes Claros e Pirapora
em escolas e divulgamos bastante o Congresso sobre questões de até o Trevão da BR 040, e levando
telefone do posto-sede da PM”. segurança, como desarrmamento para frigoríficos clandestinos.
Ignácio Costa
e antecipação da maioridade. Temos a Patrulha Rural, mas não
O Sindicato prepara ainda uma tem adiantado porque reina a
cartilha com dicas de segurança impunidade. Meu sentimento é de
para os produtores”. indignação e de desesperança”.

O QUE DIZ A SEDS


A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que está em andamento
o projeto de reformulação da Patrulha Rural para ampliar e aprimorar sua
capacidade de atuação.

Balanço | Minas Gerais


Furto, roubo e extravio de rebanhos suínos, bovinos e equídeos
2013 868
Isaac Malta Júnior, presidente 2014 1.093
do Sindicato dos Produtores Rurais de 2015* 625
Manhumirim
Arrombamento e furto de residências rurais
“Cada dia temos mais ocorrências.
Virou rotina o furto nas
2013 (agosto a dezembro) 1.800
propriedades. Levam televisores, 2014 5.634
motos, roçadeiras e até fiação 2015* 2.938
elétrica. Nas conversas com a
polícia, parece que somos culpados Material recolhido, apreendido e recuperado
porque, eventualmente, deixamos de rebanhos suínos, bovinos e equídeos
nossas casas sozinhas. Não
há rondas policiais e o sinal de 2013 174
telefonia é ruim. Estou preocupado. 2014 165
Precisamos de estratégias de
defesa”. 2015* 66
*(janeiro a maio) Fonte: Armazém de dados Reds/Seds

FAEMG | SENAR 7
Produtos para o campo

Chocadeiras
Fábrica de BH vende para mercado nacional e sul-americano
Fotos: Maria Teresa Leal
O empresário Cláudio Carvalho Val-
le, 51 anos, proprietário da Premium
Ecológica, uma das maiores fábricas
de chocadeiras do país, é daqueles que
não deixam escapar uma oportunida-
de. Aos 19 anos, ouviu do porteiro do
prédio onde morava, em BH, que um
morador precisava consertar uns “apa-
relhos importados”. Técnico em ele-
trônica, recém-formado, Cláudio quis
ajudar e procurou o vizinho.
Era Álvaro Luiz Macedo de Andra-
de, grande criador de aves ornamen-
tais. O empresário tinha várias cho-
cadeiras “encostadas” em casa por-
que não havia peças para reposição.
Curioso, bem disposto, Cláudio levou
um dos aparelhos, adaptou peças e
colocou a chocadeira para funcionar.
Álvaro tinha outros conhecidos que Cláudio Carvalho mostra uma das chocadeiras produzidas em sua fábrica
também criavam pavões e faisões
e que, logo, se tornaram clientes do
jovem técnico. Dois anos depois ele tilador e um motor de assadeira gira- cesso. Um diretor da extinta revista
tinha vários fregueses no Paraná, no tória. Fez a base usando fibra de vidro Manchete Rural, encantado com seu
Rio de Janeiro e em São Paulo. e, em pouco tempo, uma chocadeira produto, sugeriu que ele fizesse um
para ovos de faisões estava pronta. anúncio. Cláudio esquivou-se: não ti-
A Virada Não parou mais. nha verba. Mas o outro insistiu, argu-
Indagado se tinha alguma choca- mentou que havia uma lacuna naque-
deira para vender, respondeu: “Só A sorte numa exposição le segmento e que o primeiro anúncio
conserto”. Mas o resto do dia aquela Convidado a participar de uma Ex- seria uma “cortesia” da casa.
pergunta martelou. Como não tinha posição Agropecuária, em Ribeirão Com a propaganda, Cláudio con-
pensado nisso? Reuniu peças, como Preto (SP), levou algumas chocadei- quistou novos clientes, publicou
um antigo termostato, um miniven- ras para demonstração. Foi um su- outros anúncios e pôde, finalmente,

Ovos de cerâmica (para demonstração)


num dos equipamentos da Premium

8 www.sistemafaemg.org.br
deixar a área de serviço da casa de sua
mãe, mudando-se para um barracão
no bairro de Santa Efigênia. Foi tam-
bém nessa época que contratou Be- Chocadeira digital para
noir Gomes Monteiro, o primeiro fun- aves de pequeno porte

Fotos: Divulgação
cionário, que está com ele até hoje. “Já
Base de poliestireno de 4 mm e tampa
trabalhamos muito, varamos madru-
de PETG cristal transparente de 3 mm
gadas para dar conta das encomen- (materiais recicláveis), o que possibilita
das. Hoje, estamos tranquilos”, diz. melhor limpeza, desinfecção e
durabilidade do produto.
Diferencial
A Premium produz a média de 5
mil chocadeiras por ano – vendidas
para várias partes do país e também
para Argentina, Bolívia, Paraguai, Pe-
ru e Venezuela. Além dos criadores
de aves há, entre seus clientes, insti-
tuições de pesquisa, universidades,
zoológicos e ONGs.
A empresa oferece modelos de
chocadeiras para galinhas, aves or-
namentais (faisão, pavão, cisne, aves-
truz) e psitacídeos (arara, papagaio,
calopsita, periquito, rosela e outros). Chocadeiras verticais UTA (Unidade de tratamento de aves)
O funcionamento da máquina é au-
Controle digital de temperatura e umidade, com Utilizada para criação de filhotes e aves
tomático, com controle digital de enfermas. Possui ventilação interna, portas de
valores pré-determinados pelo usuário. Giro
temperatura, mas é importante ler o automático dos ovos de duas em duas horas. acesso deslizantes de PETG cristal transparente e
manual de instruções. Sem este cui- Sistema de bandejas somente para galinhas estrutura em PS de 5 mm.
dado, pode-se perder toda a ninhada. e faisões. Os ovos são chocados na posição
vertical, fazendo o tombamento de 90 graus.
Mercado de Aves
A bióloga responsável pela Seção
de Aves da Fundação Zoobotânica
(Zoológico de BH), Ângela Faggioli,
explica que o mercado de aves exóti-
cas abrange aves ornamentais como
pavões, faisões, cisnes, gansos, mar-
recos e aves silvestres brasileiras,
desde que os criadores sejam devida-
mente registrados no Ibama como Chocadeiras com controle Nascedouros
criadores comerciais. digital de temperatura e Indicado para criadores que trabalham com
O valor de mercado dessas aves
é elevado, o que torna sua criação
umidade cargas múltiplas ou diferentes tipos de aves,
Controle digital de temperatura, termômetro com nascimentos em datas diferentes. Utilizam
um negócio lucrativo. Dependen- o nascedouro para não infectar a chocadeira. A
de precisão, giro automático dos ovos de duas
do da espécie, do porte e da origem, máquina possui as mesmas características de
em duas horas. Grade de roletes com sistema
uma ave ornamental pode custar de engrenagens, o que possibilita o uso para uma chocadeira, com exceção do sistema de
até R$ 4.000,00, como é o caso do diferentes tamanhos de ovos de uma só vez. giro de ovos.
pavão-verde-java.
Os criadores utilizam as choca-
deiras para aumentar a produção de
ovos e filhotes. Quando os ovos são
retirados do ninho e colocados no
equipamento, a fêmea faz outra pos- Criadeiras
tura. Um bom exemplo é a fêmea de Utilizadas para abrigar os filhotes nos primeiros dias de
pavão-azul, que fica 28 dias incuban- vida. Aquecimento elétrico com bandejas e pisos removíveis
do a média de 5 ovos. Se o criador, os que possibilitam uma perfeita assepsia.
retira do ninho, ela fará outra postu-
ra de 5 ou 6 ovos.

FAEMG | SENAR 9
Concurso Minas Láctea

Os melhores
Todo ano, produtores de queijos, iogurtes,
Fotos: Erasmo Reis/Epamig

doces de leite, requeijões cremosos e


manteiga selecionam seus melhores
produtos para exibi-los no Concurso
Nacional de Produtos Lácteos, realizado,
em Juiz de Fora, pelo Instituto Cândido
Tostes, vinculado à Epamig. Chegam
de todas as partes do país com visuais
caprichados; receitas exclusivas; fermentos
próprios e outros segredos. Os vencedores
ganham prestígio e aumento do valor
de seus produtos. A seguir, um pouco
mais da história e das características dos
ganhadores da 41ª edição.

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Fotos: Divulgação

Prato
1º lugar: Frimesa – Para Erivelto
Costa, gerente industrial, este queijo
se destaca devido aos altos padrões
de fabricação. Sabor e aroma suaves,
textura fechada, superfície lisa e
excelente fatiabilidade. Há 37 anos no
mercado, a Frimesa é uma central de
Gouda cinco cooperativas com mais de seis
mil produtores. São quatro fábricas:
1º lugar: Laticínios Vitória – Foi e os fermentos próprios como
três no Paraná e uma em Santa
o terroir da região de Campo das diferenciais. O queijo pesa três
Catarina. Em 2º lugar ficou Laticínios
Vertentes que mais contribuiu quilos, sabor ligeiramente adocicado,
PJ (Ingaí), e em 3º a Cooperativa Mista
para o prêmio. O termo de origem apresenta olhaduras e cor brilhante.
dos Produtores Rurais de Conselheiro
francesa refere-se às interações O laticínio, em São João del-Rei, foi
Pena (Conselheiro Pena).
entre o ambiente físico e o biológico, fundado em 1968 e fabrica 12 tipos
proporcionando características de produtos lácteos. O 2º lugar ficou
distintas aos produtos. O sócio com a Usina de Beneficiamento Reino
administrativo da empresa, Wilson Paiolzinho (Cruzília), e o 3º com
Leite, também cita a tecnologia Laticínios Dois Irmãos (Ipanema). 1º lugar: Terceira conquista da
Tirolez. Tem sabor picante e textura
macia. O aroma é caramelado e
frutado. “Estas características o
Gorgonzola tornam único e é por isso que somos
1º lugar: Tirolez – A gerente de heptacampões nesta categoria”,
marketing, Gabriela Colombo, diz Gabriela Colombo. Pode ser
atribui o prêmio ao sabor degustado puro, em sanduíches
marcante, levemente salgado ou combinado com carnes. A
e picante. Possui quantidade empresa, fundada em 1980, possui
de mofo equilibrada. seis unidades produtoras em: Tiros,
O tempo correto de Carmo do Paranaíba e Arapuá
maturação proporciona (MG); Monte Aprazível e Lins (SP)
consistência cremosa e e Caxambu do Sul (SC). Em 2º lugar
torna o sabor intenso. ficou a Cooperativa de Laticínios
Harmoniza bem com Selita (Cachoeiro do Itapemirim (ES),
sopas, risotos, molhos para e em 3º o Laticínio Curral de Minas
massas e patês. Em 2º lugar, ficou (Oliveira).
Laticínios Cruzília (Cruzília), e em 3º
o D’Annita (Lavras).

Provolone
1º lugar: Outra vitória da Tirolez.
Queijo de sabor levemente salgado e
textura firme. O tempo de maturação
e a defumação natural o diferenciam.
Acompanha bem carnes e batata,
e também pode ser degustado
como aperitivo. Em 2º lugar ficou
o Laticínio PJ (Ingaí), e em 3º a
Agroindústria Passa Cinco (Guarani).

FAEMG | SENAR 11
concurso minas láctea
Fotos: Luiz Carlos Costa Júnior

Destaque Especial
1º lugar: Laticínios Cruzília – O ser saboreado com vinho tinto
segredo do Queijo Silvestre é o encorpado. O segundo lugar, nesta
fermento, uma mistura de bactérias categoria, também foi conquistado
selvagens, testada durante meses. pela Queijos Cruzília, com o queijo
A iguaria, que consumiu 200 litros Santo Antônio Casamenteiro: uma
de leite, foi maturada por 120 dias mistura de mofos branco e azul,
e, ao final, defumada. O resultado, com recheio de berinjela, alcaparra,
de acordo com o diretor industrial, nozes e damasco. Harmoniza com
Luiz Sérgio Medeiros, é uma mistura vinho branco. O 3º lugar ficou com o
dos queijos gruyère e gouda. Deve Laticínio Paiolzinho (Cruzília).

“Santo Antônio Casamenteiro”, também da Cruzília, “O Encantado”, do Laticínio Paiolzinho, ficou em terceiro lugar
ficou em segundo lugar como “Destaque Especial”, sobressaindo-se pela apresentação

Fotos: Divulgação
Parmesão Minas Padrão
1º lugar: Piracanjuba – O 1º lugar: Boreal – O presidente e
coordenador de produção, Rômulo fundador da empresa, Bartolomeo
Carvalho, credita a vitória ao tempo Soares Vieira, diz que o “segredo”
de maturação de, no mínimo, seis deste queijo é ser um legítimo
Manteiga
meses. O resultado é um queijo Minas Padrão. De acordo com ele, 1º lugar: Laticínios Re Mar – O
saboroso, com sal na medida, textura muitos produtores têm desvirtuado coordenador técnico da empresa,
quebradiça e bastante aromático. a receita, aquecendo a massa. O Leandro de Almeida Calzolari,
É ideal no preparo de massas ou resultado é um queijo mais duro, informa que eles valorizam
risotos. A empresa foi fundada em próximo do meia-cura. A empresa, as características naturais
1955, tem sede na cidade de Bela estabelecida em Rio Pomba, fornece do produto. “A qualidade das
Vista de Goiás e produz, além de queijos para o Mercado Central, pastagens do sul de Minas
queijos, leite (integral, desnatado em Belo Horizonte, e para a região favorecem a conquista de sabor
ou zero lactose), leite em pó, creme dos Lagos no Rio de Janeiro. Além e aroma diferenciados, sem
de leite, leite condensado, doce de do Minas Padrão, fabrica os queijos a necessidade de fermento”,
leite e bebidas lácteas. Em 2º lugar prato e mussarela, requeijão explica. A empresa, de origem
ficou a Cooperativa Agropecuária cremoso e em barra. O 2º lugar ficou paulista, fundada em 1997,
Vale do Paracatu (Paracatu), e em 3º com Laticínios Tirolez, de (Tiros), e transferiu-se para Cabo Verde,
a Frimesa Cooperativa Central, da o 3º com José Geraldo Peixoto (Bom sul de Minas, há um ano. A
Cidade Medianeira (PR). Jardim de Minas). meta, agora, é expandir a
produção, que inclui os queijos
minas frescal, padrão, ricota,
mussarela, prato e provolone.
Em 2º lugar ficou o Laticínio
Curral de Minas (Oliveira), e em
3º José Geraldo Peixoto (Bom
Jardim de Minas).

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Erasmo Reis/Epamig

concurso estadual
A vitória da persistência
Outra disputa
acirrada aconteceu “Quero passar
no 8º Concurso de 30 para
Estadual do Queijo
Minas Artesanal,
40 queijos
em Uberaba. O por dia, para
produtor Nereu
Ramos Martins,
não perder
de Tapiraí, região a qualidade.
da Canastra, levou a
melhor. Fabricante há 20
E montar uma
anos, ele tentava o título há seis. estante para guardar
Atribui a conquista à adoção das os troféus, que
regras básicas de fabricação do
queijo artesanal: higiene, bons passam de vinte”.
fermentos, respeito ao tempo de Nereu Ramos Martins
Divulgação

Requeijão maturação e cuidado extremo


com a saúde dos animais.
Cremoso Animado, planeja expandir “um O segundo lugar ficou com
pouco” a produção. “Quero passar Lázaro Francisco dos Reis, de
1º lugar: Paladar de Minas – O de 30 para 40 queijos por dia, para Patrocínio; seguido por Vanderlino
produto não contém aditivos. não perder a qualidade. E montar dos Reis Moreira, da Serra do
O diretor Geraldo Maciel Júnior uma estante para guardar os Salitre, e José Maria de Oliveira
acrescenta a qualidade das matérias- troféus, que passam de vinte”. e Maurício Alves de Oliveira,
primas, o comprometimento dos Luzia Martins, esposa e parceira ambos de Rio Paranaíba. Todos
funcionários e o fato de a maioria na fábrica, conta que, quando os os produtores são cadastrados
das fazendas fornecedoras de leite queijos estão curando, ela passa no IMA e foram selecionados nas
ser atendida pelo programa Balde a mão, carinhosamente, em um etapas regionais do concurso.
Cheio (desenvolvido pela Embrapa e por um. “As pessoas comentam Os jurados observaram os
coordenado em Minas pela FAEMG). que nosso queijo tem um sabor seguintes quesitos: apresentação,
A fábrica foi fundada em 1990. Há único. Acredito mesmo que seja acabamento, cor (que evidencia
quatro anos eles montaram uma por causa do amor”. A produção o tempo de maturação), textura,
estrutura moderna em Presidente atende ao oeste mineiro e aroma e sabor. O concurso
Bernardes, Zona da Mata. Produzem também ao Rio de Janeiro e São é promovido pela Seapa,
também queijos minas padrão, Paulo. O preço médio do produto, anualmente, em parceria com
provolone, ricota e minas frescal, que recebe o rótulo de “Fazenda a Emater-MG, IMA, Associação
que abastecem lojas especializadas, São Geraldo”, é de R$ 25 o quilo Brasileira dos Criadores de
padarias e supermercados de Minas (curado) e R$ 18 (fresco). Girolando e Sistema Ocemg.
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
O 2º lugar ficou com a Cooperativa
Mista Agropecuária (Patos de
Minas), e o 3º com o Laticínio Curral
de Minas (Oliveira).

Doce de Leite
1º lugar: Fundação Artur Bernardes
(Viçosa)
2º lugar: Laticínios Imbaúba, (Campo
Grande, MS)
3º lugar: Cooperativa Agropecuária
do Vale do Paracatu (Paracatu)
FAEMG | SENAR 13
Inovação
Suinocultura sustentável
Produtor de Sete Lagoas aplica tecnologia para melhorar produtividade e reduzir custos
Fotos: Rodrigo Moinhos
Em 1969 o engenheiro agrônomo
José Arnaldo Cardoso Penna saiu da
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
pensando em montar seu próprio
negócio. Trabalhou por cinco anos
na Agroceres e, em uma viagem a
Patos de Minas, em 1974, conheceu a
suinocultura. Juntou-se com o pai e
o irmão e montaram uma granja em
Sete Lagoas, sua cidade natal, na qual
permaneceu até 1986. Nesse mesmo
ano ele criou a Granja Barreirinho.
Começou o trabalho com 400
matrizes que, logo em seguida,
aumentou para 500: “Com o tempo
passei a expandir os negócios
e investir na agroindústria.
Inicialmente, trabalhávamos apenas
com embutidos. Hoje processamos
algo entre 12 e 15 toneladas por mês,
de cortes, embutidos e defumados”.
Quase 30 anos depois, a
Barreirinho trabalha com uma
suinocultura sustentável e investe
para manter a qualidade e a
produtividade na unidade, sempre
pensando em integrar o trabalho
com o cuidado ao meio-ambiente.
Para dar suporte ao trabalho, ele
conta com a ajuda de 65 funcionários.
O empresário, representante ativo
da suinocultura mineira, atualmente
ocupa assentos em conselhos
estaduais e federais do setor, é o vice-
presidente da Asemg (Associação
dos Suinocultores de Minas Gerais)
e presidente da Comissão Técnica de
Suinocultura da FAEMG.
José Arnaldo conheceu mais
a fundo as dificuldades deste
segmento quando foi secretário-
adjunto de Agricultura, em 1998.
Desde então, uma das metas do
empresário é utilizar a tecnologia
em favor de uma suinocultura
sustentável ambientalmente e
financeiramente, para valorizar o
produtor rural e gerar emprego e
renda.

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Principais inovações

Automatização da fábrica de ração: “Agora o processo fica mais rápido e Saindo da fábrica, a ração é transportada até os silos para chegar aos
eficiente, sobrando tempo para outras atividades”. galpões de alimentação dos animais: “Compramos um vagão graneleiro
para trazer ração da fábrica até os silos”.

Alimentação eficiente: “Instalamos sete silos para armazenar a ração, de Redução no consumo de água. Foram instaladas piscinas por baixo das
onde o alimento parte até as baias dos animais”. baias para lavação e limpeza nos galpões de creche e recria dos suínos: “Até
julho do ano passado gastávamos cerca de 100 mil litros de água por dia.
Com a adaptação chegamos ao consumo de 80 mil litros e pretendemos
reduzir para 60 mil até o final do ano”.

Sistema de biodigestor. O dejeto que ia para um tanque aberto vai para Captação de chuva. José Arnaldo também investiu na construção de
uma unidade isolada onde é produzido gás metano: “Aproveitamos este caixas que captam a água da chuva para ser utilizada na propriedade:
gás para aquecimento da sala de creche dos leitões, o que reduz a zero “Nosso objetivo é aproveitar a água da melhor forma possível na Granja
o gasto de energia para esta ambientação”. Como subproduto, o adubo Barreirinho”.
orgânico é de maior qualidade e amplamente utilizado na fertirrigação de
pastagens.

FAEMG | SENAR 15
Curtas Divulgação

5º Seminário
Nacional Soja Plus
O 5º Seminário Nacional Soja
Plus 2015 será em 31 de agosto, em
Campo Grande (MS), no Centro
de Convenções Arquiteto Rubens
Gil de Camilo, durante a Bienal
da Agricultura. O Soja Plus foi
implementado em quatro estados:
Minas Gerais, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Bahia. O Seminário
apresentará os resultados de
cinco anos de atividade, desafios e
Congresso Mundial sobre Sistemas de oportunidades, promovendo a boa
gestão das propriedades, cursos, dias
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta de campo e ferramentas de gestão e
assistência técnica.
A coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente Integração Lavoura-Pecuária (ICLS3), realizados
da FAEMG, Ana Paula Mello, ministrou palestra em julho, em Brasília. De acordo com Ana Paula,
sobre requisitos relativos à sustentabilidade, participar deste congresso foi a oportunidade Promoções dos
durante o Congresso Mundial sobre Sistemas de de conhecer os avanços das pesquisas em
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (WCCLF) preservação, impactos, resultados econômicos e Sindicatos
e 3º Simpósio Internacional sobre Sistemas de inovações tecnológicas. n XII Exposição Agropecuária
13 a 16/8 , em São João del-Rei
n 249º Leilão Misto
Dia Estadual do Leite 18/8 , em Patrocínio
n 250º Leilão Misto
Divulgação
Minas agora tem o Dia Estadual do Leite, 25 a 28/8 , em Patrocínio
comemorado na mesma data do Dia Mundial n 42ª Expocláudio
do Leite, 1º de junho. O projeto de lei foi 26 a 30/8 , em Cláudio
apresentado pelo deputado Bosco (PTdoB) n Exposição Agropecuária
e promulgado pelo governador Fernando 28/8 a 6/9, em Uberlândia
Pimentel. Para o deputado, a data vai incentivar
a cadeia produtiva do leite: “O leite está entre os n 55º Expoagro
seis produtos mais importantes do agronegócio 31/8 a 7/9, em Unaí
brasileiro e este é o setor que mais ajuda a n Festa do Fazendeiro
superar a crise econômica que o país vem 1 a 10/9, em Lagamar
enfrentando”. n 251º Leilão Misto
12/9, em Patrocínio
n 24º Expoper
4 a 7/9, em Perdizes
Cultivar resistente à ferrugem n 11ª Grande Vaquejada
4 a 6/9, em Umburatiba
O Programa de Melhoramento Genético no Campo Experimental da Epamig em São n 8º Leilão Fenicoopa
do Cafeeiro da Epamig, em parceria com Sebastião do Paraíso. Além de ser resistente 6/9, em Patrocínio
instituições integrantes do Consórcio de à ferrugem a Aranãs destaca-se pela alta
Pesquisa Café, registrou a 15ª Cultivar MGS produtividade, pelo tamanho dos grãos e n 252º Leilão Misto
Aranãs. Ela é resultante do cruzamento entre pela qualidade da bebida. Os testes foram 8/9, em Patrocínio
as cultivares Icatu Vermelho IAC 3851-2 e feitos nas regiões sul de Minas e Vale do n 253º Leilão Misto
Catimor UFV 1602-215, iniciado em 1985, Jequitinhonha 15/9, em Patrocínio

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Brucelose
Erradicação depende de vacina
A brucelose bovina é Quais são os sintomas e as humano ocorre pelo contato com
consequências da doença em animais infectados, seus produtos e
uma doença com grande rebanhos bovino e bubalino? derivados crus ou não pasteurizados
impacto econômico para A brucelose é uma zoonose de e aerossóis. No Brasil é considerada
caráter crônico, disseminada mun- uma doença de caráter ocupacional,
a bovinocultura mundial. dialmente. Os principais sinais clíni- uma vez que há maior risco de infec-
No Brasil, estimou-se em cos observados estão relacionados ção para os grupos que lidam direta-
quase R$ 900 milhões o seu a problemas reprodutivos, sendo o mente com animais, como vaqueiros,
mais característico deles o aborto no tratadores, trabalhadores de frigorífi-
custo aos pecuaristas, em terço final da gestação. Em fêmeas e cos, médicos-veterinários e laborato-
2013. A coordenadora do seus produtos também pode causar ristas. Os principais sinais da doença
PNCEBT (Programa Nacional natimortalidade, nascimento de be- no homem são febre intermitente, ce-
zerros fracos, retenção placentária, faleia, astenia, mialgia, sudorese, do-
de Controle e Erradicação infertilidade temporária ou perma- res articulares, prostração e anorexia,
da Brucelose e Tuberculose nente, mortalidade perinatal, mastite sendo geralmente confundida com
Animal), do IMA (Instituto intersticial crônica ou difusa, entre uma virose recorrente.
outros problemas. Nos machos tam-
Mineiro de Agropecuária), bém acomete o sistema reprodutivo, Qual a situação de Minas?
A vacinação contra brucelose é
Luciana Faria de Oliveira, acarretando orquite, epididimite, di-
obrigatória no estado desde 1989,
minuição de qualidade espermática e
fala sobre a doença, suas subfertilidade ou esterilidade. Lesões tendo começado 12 anos antes do lan-
consequências e o avanço do articulares podem ocorrer em ambos çamento do PNCEBT. Os resultados
desse esforço são inquestionáveis.
combate em Minas. os sexos, caracterizadas principal-
Em 2002 um estudo do IMA apontou
mente por artrites e bursites.
Arquivo pessoal a prevalência de 1,09% de animais
E os impactos econômicos? sororreagentes e 6,04% de proprie-
Estudos realizados em diferentes dades-foco. Entre 2010 e 2012, um
países indicam diminuição na pro- novo estudo encontrou prevalência
dução de carne de 5 a 15% e de leite de de 0,81% de animais sororreagentes
10 a 25%; aumento do intervalo entre e 3,60% de propriedades-foco. A re-
partos de 11,5 para 20 meses; redução dução é estatisticamente significativa
de 15% na produção de bezerros, e au- quando os valores são comparados ao
mento da taxa de reposição de fême- resultado de 2002. Portanto, é possí-
as em 15%. Os prejuízos ainda devem vel relacionar a queda na prevalência
considerar os gastos com medica- de brucelose em Minas Gerais à eficá-
mentos, médicos-veterinários, depre- cia da aplicação sistemática da vacina-
ciação do valor de animais, além de ção em todo o território mineiro.
riscos com causas trabalhistas rela-
cionadas à mão de obra que venha a O que é necessário para erradicar a
contrair a doença. doença no estado?
Um levantamento econômico re- É importante manter um progra-
alizado no Brasil em 2013 avaliou que ma consistente de vacinação, com
os custos da doença para a pecuária cobertura acima de 80%. Além disso,
é necessário garantir a viabilidade
Perfil brasileira foram de R$ 420,12 para ca-
econômica e retorno financeiro/in-
da fêmea bovina especializada em lei-
Médica-veterinária e mestre em ciência te, infectada com idade superior a 24 vestimento do processo aos produ-
animal, na área de obstetrícia de grandes meses, e de R$ 226,47 para as fêmeas tores por meio de ações como aporte
animais. É coordenadora do PNCEBT no IMA de corte, contabilizando o total nacio- financeiro de um fundo indenizató-
desde 2008 e cursa doutorado em ciência nal de R$ 892 milhões. rio, subsídios para realização de tes-
animal no Departamento de Medicina tes de diagnóstico e pagamento de
Veterinária Preventiva, da Escola de É transmissível a humanos? adicional na produção leiteira pelas
Veterinária da UFMG. Sim. A transmissão para o ser agroindústrias.

FAEMG | SENAR 17
Fotos: Maria Teresa Leal

Na sala de aula da Fazenda-Escola Taverna Real, em


Itaverava, próximo a BH, um grupo de 15 pessoas – 14
homens e uma mulher – está compenetrado. Erguem
minitaças de cristal, observam o líquido, sentem
o aroma várias vezes e, só então, degustam. São
aspirantes a cachaciers.

cachaça

Como provar
O
termo surgiu de uma
corruptela do sommelier
dos vinhos. O cachacier é
o profissional especiali-
zado em cachaças. Ele co-
nhece profundamente as
etapas de produção da bebida, do plan-
tio da cana de açúcar, passando pelo fa-
brico, engarrafamento, embalagem até
a distribuição, sem se esquecer de estar
em dia com a legislação pertinente.
Também promove palestras e degusta-
ção para aficionados e presta consulto-
ria a produtores e distribuidores.
Entre os alunos do curso, alguns pla-
nejam trabalhar em restaurantes ou
hotéis de luxo, orientando clientes so-
bre as melhores cachaças, suas caracte-
rísticas, teor de álcool, aromas e madei-
ras usadas no envelhecimento. Outros
são donos de alambique ou querem
montar um negócio, com conhecimen-
to aprofundado sobre a bebida.
Caso do engenheiro químico Omil- Professor explica aos alunos como usar a Roda de Aromas

Passo-a-passo
O professor do curso, Maurício Maia, publicitário, chefe de cozinha e um
dos mais respeitados cachaciers do país, explica que uma boa cachaça tem
1º  Análise visual: observa-se a cor, a limpidez
e o brilho da bebida;

que ser suave, com aroma levemente adocicado. “Não desce ‘queimando’
a garganta. Deve oferecer conforto e aconchego”. A avaliação tem quatro 2º  Análise olfativa: observa-se a intensidade
do álcool e identificam-se os aromas. É a
hora de perceber se a cachaça é suave, se
etapas: tem odor agradável e se é doce ou floral...;

18 www.sistemafaemg.org.br
ton Quaresma, de 27 anos, de Abaete-
tuba, Pará. Pecuarista de gado de corte,
organiza-se para entrar no mercado da
cachaça de qualidade. Enquanto sete
hectares de cana se desenvolvem em
sua propriedade, ele busca conheci-
mento: “Vim a Minas por ser a principal
referência do país, onde estão as melho-
res marcas”. Atento, Omilton percebeu
que a análise sensorial, aliada ao marke-
ting, farão seu produto se destacar.
O carioca José Neto, de 30 anos, pro-
prietário da fábrica de cachaça Água da
Mata, em sociedade com o pai, também
tem consciência da importância do do-
“Vim a Minas por ser De publicitário
mínio sensorial. Tanto que eles fizeram a principal referência a cachacier
o curso pela segunda vez. “A primeira foi
em 2005. Agora viemos nos atualizar e
do país, onde estão as Antes de enveredar por este uni-
verso, Maurício trabalhava em uma
ainda trouxemos três funcionários”. melhores marcas”. agência de publicidade. A cachaça e
a gastronomia eram hobbies. Para
A roda de aromas Omilton Quaresma
se expressar e compartilhar suas
A sorte de Omilton e dos outros alu-
pesquisas, iniciou um blog. Em
nos mineiros, paulistas, catarinenses,
pouco tempo surgiram convites
gaúchos, maranhenses e cearenses, é
para palestras e consultorias. Hoje,
que eles escolheram estudar o univer-
vinte anos depois, ele é jurado de
so da cachaça no momento em que a
um concurso mundial de bebidas
função de cachacier passa por um divi-
destiladas em Bruxelas, na Bélgica,
sor de águas: o lançamento de uma ro-
e está com a agenda cheia de convi-
da de aromas, mapa desenvolvido pela
tes para palestras e cursos.
Esalq (Escola Superior de Agronomia
Luiz de Queiroz, da USP, de Piracicaba).
A roda, a exemplo das que já exis-
Atribuições de
tem para cervejas e vinhos, é uma um cachacier
ferramenta que facilita a vida dos es- n Comprar, armazenar, fazer rotação de
pecialistas em bebidas. A quantidade adegas e elaborar carta de cachaças;
e a variedade de aromas da cachaça é n Harmonizar a bebida com os pratos da
grande. A universidade classificou, na casa;
roda, os aromas identificados da bebi-
da, tomando como referência as ma-
“A profissão de n Fazer o produto circular nos
deiras utilizadas no envelhecimento. cachacier tende a estabelecimentos de acordo com o
tempo de armazenamento;
Com esse critério, fica mais fácil
saber se a cachaça tem notas aromáti-
crescer porque a n Orientar o cliente;
cas de frutados, adocicados, vegetais, cachaça está na moda, n Orientar o produtor na hora de fazer o
“acabamento” da bebida;
florais, acastanhados, medicinais, tor- o que é bom porque n Fazer o treinamento de equipes na
rados ou até se os aromas indicam al-
guma falha produtiva. “A roda deixou valoriza a cultura ocasião do lançamento de um produto;
palpável o que era abstrato”, disse Ré- brasileira” n A profissão deve ser baseada na relação
de confiança entre o profissional e o
gis Nakandakari, aluno e dono de um
José Neto cliente.
alambique em Fernandópolis (SP). Fonte: Maurício Maia

n dica
3º Análise degustativa: bebe-se um gole de
cachaça, deixando-o passar por toda a
boca. Deve-se observar se o sabor é ácido
Para treinar o olfato, o CTC (Centro
Tecnológico da Cachaça) – Cana Brasil lançou
cravo, canela, gengibre, cana, banana,
baunilha, caramelo, café, fumaça, tabaco,
dois kits de aromas (com 26 ou 13 frascos) chocolate, amêndoas, nozes, coco, mel,
ou adocicado; e seis amostras de cachaças envelhecidas manteiga, queijo e vinagre. Outra forma de
em madeiras diferentes. Tem essências treinar o olfato é ir à feira e exercitar-se com o
4º  Por último, o cachacier avalia o conjunto
da obra: aromas, sabor e a apresentação.
de gerânio, rosas, flor de laranjeira, flores
brancas, limão, cereja, anis, cardamomo,
perfume de mangas, temperos, flores e, claro,
de cachaças.

FAEMG | SENAR 19
Destaques de 2015

O Dia do Produtor Rural Mineiro, 7 de julho, foi comemorado


pela FAEMG com homenagens a 19 lideranças e instituições que
se destacaram no agronegócio mineiro, contribuindo para que o
setor, que responde por 42% das riquezas geradas no estado, 27%
das exportações e mais de 20% dos empregos, se tornasse o mais
dinâmico da economia.

20 www.sistemafaemg.org.br
Fotos: Rafael Motta

presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões


“Este é um setor que cumpre seus objetivos, que trabalha, que compete e que
vence. Estamos aqui para homenagear esses produtores, esses sindicatos e
tantas outras pessoas que estão empenhadas em fazer um trabalho sério,
honrado, honesto. Por isso queremos, nesta noite de congraçamento, mostrar
à sociedade urbana, mostrar a todos, quem somos nós”.

FAEMG | SENAR 21
Fotos: Rafael Motta

Política agrícola imagina-


se que é feita pelo governo.
De fato, uma parte do
dinheiro investido vem
do governo, mas a maior
parte vem dos próprios
agricultores, das empresas,
a montante e a jusante da
agricultura. Vale salientar
que sem a participação dos
agricultores, sem a luta da
FAEMG, sem a luta da CNA e
da Comissão de Agricultura
da Câmara dos Deputados
– que é poderosa defensora
dos interesses do campo – a
política agrícola não teria
a força de transformar o

Grande Brasil em um dos maiores


produtores de alimentos do

Medalha
mundo”.

“Vocês me desculpem a
Concedida ao engenheiro agrônomo Eliseu emoção, apesar dos meus
Alves, nascido em São João del-Rei, um 84 anos, sou capaz de
dos fundadores da Embrapa e um de seus chorar ainda. Então, eu
quero, Roberto Simões,
dirigentes. Pesquisador, professor, consultor.
lhe agradecer. Agradecer
Atualmente, é assessor da presidência
à FAEMG e dizer que
da Embrapa. Emocionou-se ao receber a realmente a nossa luta tem
comenda, por ser esta a primeira homenagem de continuar, por um campo
recebida de produtores rurais em seu próprio que seja capaz de levar a
estado. Agradeceu e aproveitou, como todos os seus filhos o grande
professor experiente com carreira na UFMG prazer e a grande alegria
e FGV, para apontar alguns caminhos para o que é viver da agricultura
agronegócio mineiro. moderna”.

22 www.sistemafaemg.org.br
Agraciados
2007 Antonio Ernesto de Salvo Produtores
2008 Kátia Abreu
2009 Reinhold Stephanes
2010 Alysson Paulinelli
2011 Aldo Rebelo
2012 Gilman Viana Rodrigues
2013 Robério Silva

Comunicação “É uma honra muito grande receber essa medalha.


Fortalece ainda mais o produtor rural”.
Clésio Azevedo Vilela (Carmo do Rio Claro)

“Para uma revista de leite, receber uma homenagem no


estado mais importante da pecuária é uma honra”.
Editor-geral da revista Balde Branco, Nelson Rentero “Dedico essa medalha a toda a agricultura e agropecuária
brasileira. Temos mais responsabilidades ainda, faremos
muito mais e outros irão seguir o exemplo”.
Técnico-científica Décio Bruxel (Patos de Minas)

“É a coroação de um trabalho. A gente se sente muito “Estou muito feliz porque esta instituição valoriza
honrado por receber este reconhecimento da FAEMG pelo também o trabalho dos pequenos produtores rurais, que
trabalho desenvolvido”. é o meu caso”.
José Edgar Pinto Paiva, engenheiro agrônomo Edvaldo Lopo (Manga)

FAEMG | SENAR 23
Agraciados
Produtores

Rafael Motta
Rodrigo Lima

“É o reconhecimento pelo trabalho que a gente vem “Trabalhamos com um grupo de produtores realmente
fazendo desde menino. Tenho 67 anos e, desde os 8, muito unido, então este Mérito Rural é dedicado a todas
trabalho de sol a sol na roça”. essas pessoas”.
Getúlio Wolf (São Roque de Minas) Makoto Edison Sekita, Grupo Sekita (Rio Paranaíba)
Rodrigo Lima

Rodrigo Lima

“Além de reconhecimento, essa homenagem é um estímulo “Foi muito bom receber uma homenagem dessas, muito
para as novas gerações, para que continuem lutando para obrigado”.
a melhoria do agronegócio”. Massato Hatsuia (Nova Ponte)
Henrique Dias Cambraia (Santo Antônio do Amparo)
Rafael Motta

Rafael Motta

“Recebi um reconhecimento que foi o que de melhor “Me sinto honrado por ser escolhido pelo SISTEMA FAEMG,
podia acontecer. Ele resume uma trajetória, esses anos dentre tantas outras pessoas”.
de muito trabalho, muito esforço. Valoriza muito a nós, Odair Antônio Cenci (Iraí de Minas)
pecuaristas e agricultores”.
Sônia Maria de Paula Rezende (Curvelo)

24 www.sistemafaemg.org.br
Rodrigo Lima
Rafael Motta

“Minha família vem de produtores rurais, me sinto no céu “É uma honra. A gente só tem que agradecer, agradecer a Deus,
com essa homenagem”. à turma que trabalha no Sindicato, à sua diretoria, à Faemg,
Wilson Pires (Teófilo Otoni) que nos dá suporte para fazer alguma coisa pelo associado”.
Sindicato de Produtores Rurais de Pompéu
sindicatos Presidente Antônio Carlos Barbosa Álvares
Rodrigo Lima
Rodrigo Lima

“Estamos à frente do Sindicato há 11 anos, e ser reconhecido “Esta homenagem é fundamental para o setor. Não
este ano foi uma honraria. Acho que não só os sindicatos, precisamos ficar escondidos, temos mesmo que mostrar a
como todos os produtores rurais merecem uma medalha cara. Nós estamos segurando a economia nacional”.
por colocar o alimento na mesa de todos os consumidores”. Sindicato dos Produtores Rurais do Serro
Sindicato dos Produtores Rurais de Passos Presidente Roberto de Castro Teixeira
Presidente Leonardo Medeiros
Rodrigo Lima

Rodrigo Lima

“A medalha é o reconhecimento ao nosso trabalho. “É a maior honra que um presidente de sindicato pode
Divido-a com toda a diretoria, colaboradores e receber. Um grande orgulho. Isso deixa lisonjeadas as
mobilizadores do Sindicato. Esta premiação motiva as pessoas que estão à frente desse trabalho de levantar o
pessoas a trabalharem mais e melhor”. espirito do produtor rural”.
Sindicato dos Produtores Rurais de Araxá Sindicato dos Produtores Rurais de Monte Alegre de Minas
Presidente Alberto do Valle Júnior Presidente Luiz Humberto Gonçalves Reis

FAEMG | SENAR 25
Proteção desde a origem
Curso piloto de Recuperação e Proteção de Nascentes do SENAR MINAS capacita
produtor a gerir a própria água, protegendo o meio ambiente
Em meio à mobilização em torno técnicas corretas. “Quase toda pro- está localizado, como melhorar a
da preservação e gestão da água, o SE- priedade já tem captação de água que infiltração de água e seu armazena-
NAR MINAS dá um passo importante abastece a residência, mas normal- mento no solo e adotar práticas agrí-
e disponibiliza, a partir de julho, o mente ela está contaminada, tratada colas que previnam a ocorrência de
curso de Recuperação e Proteção de da forma errada. Nesse trabalho, va- erosão e assoreamento. Todos esses
Nascentes, cujo piloto foi realizado mos ensinar a forma correta de pro- assuntos são abordados no curso.
no município de Reduto, na Zona teger a nascente da contaminação”, O resultado do trabalho, acrescen-
da Mata. O treinamento é parte das diz. Outra vantagem é que ao me- ta, aparece em curto prazo, fato que
ações do Programa Nosso Ambiente, lhorar a qualidade da água melhora agrada os produtores que buscam as
lançado pelo SISTEMA FAEMG. também a quantidade, já que a capa- capacitações do SENAR.
O curso tem carga horária de 24 citação abrange o desassoreamento

Início
Fotos: Wander Moreira

horas, dividida em três dias. Wander da nascente.


Magalhães Moreira Júnior, analista Mas Wander adianta que não bas-
técnico de Formação Profissional Ru- ta recuperar a nascente, é preciso tra- A região de Manhuaçu foi esco-
ral do SENAR, explica que os alunos balhar o terreno onde o olho d’água lhida para o curso piloto por possuir
já fazem este trabalho, mas sem as (ponto em que a água verte do solo) pequenos produtores de café que
precisavam melhorar a gestão da
água. Além disso, o Sindicato dos
Produtores Rurais da cidade já faz
um trabalho de recuperação de nas-
centes por meio do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Manhuaçu. Essas
entidades, junto com a Polícia Militar
Ambiental, são parceiras do SENAR
na realização do curso.
Antes da parte prática, os produ-
tores recebem informações sobre a
legislação ambiental.
O analista técnico do SENAR tam-
bém conta que, mesmo antes do cur-
so piloto, a capacitação já tinha des-
pertado o interesse e está tendo uma
boa procura. Ele estima que 90%
dos beneficiados serão os pequenos
produtores, “que não têm condições
de captar e tratar grande volume
de água na propriedade”. Posterior-
mente, o SENAR pretende sugerir
como complementos do curso de
Recuperação e Proteção de Nascen-
tes os cursos de Reflorestamento,
Cerqueiro e Práticas de Conservação
A partir da esquerda, os instrutores Másio Sérvulo Magalhães e Rosilene de Solo e Água, para que a área da
Aparecida Ferreira, o analista do SENAR Wander Moreira e o instrutor do nascente possa ser completamente
curso em Reduto, Ulysses Costa Freire protegida.

26 www.sistemafaemg.org.br
Participantes limpam o local onde está o olho d’água da nascente

Satisfação
O resultado do curso piloto não ro florestal e instrutor do curso, diz tentáveis. Este trabalho é fundamen-
poderia ser melhor, como compro- que o treinamento é transformador, tal para o bem-estar das famílias e
vam as opiniões dos participantes. “pois dá pra ver nos olhos de cada da propriedade. É emocionante ver
Cira Maria Ferreira, uma das alunas participante a alegria do dever cum- a empolgação dos alunos, pois eles
e proprietária do sítio Reino Encan- prido. Transformamos um poço de se conscientizam da importância da
tado, que sediou a capacitação, disse lama, em água limpa e própria para água e do seu papel de multiplicador
que se surpreendeu com o traba- uso na propriedade”. nessa empreitada”, avalia a instruto-
lho: “Valeu a pena! O curso é muito “O treinamento de Recuperação e ra Rosilene Aparecida Ferreira, geó-
bom”. Proteção de Nascentes mostra a im- grafa e especialista em Gestão Am-
Ulysses Costa Freire, engenhei- portância de se adotar medidas sus- biental e Educação Ambiental.
Bárbara Gonçalves

Nosso Ambiente
O objetivo do programa é fazer com
que a produção de alimentos, fibras e
energia, priorize também a conservação
dos recursos naturais: água, ar, solo e
biodiversidade. Seu desenvolvimento
se dará por quatro eixos básicos de
atuação: gestão, representatividade,
monitoramento e difusão.
Dentro dos eixos propostos, o programa
vai trabalhar a sustentabilidade das
propriedades rurais, envolvendo
projetos para recuperação e
preservação ambiental; capacitação de
técnicos, produtores e lideranças para
disseminar e representar os interesses
do setor; Criação de mecanismos para
acompanhar e avaliar a implantação
e evolução de práticas sustentáveis;
e Implantação e intensificação de O agricultor Pedro Diesel, conhecido como o “Salvador das Nascentes”, foi o responsável
ações de comunicação para difundir pelo treinamento dos instrutores que hoje dão o curso do SENAR. Em julho, durante o 1º
Seminário de Meio Ambiente, realizado em Iraí de Minas, cerca de 300 pessoas reuniram-
à sociedade a relevância e a atuação se para assisti-lo falar sobre formas de recuperar e proteger nascentes. Após a exposição
dos produtores rurais na preservação teórica, os produtores rurais puderam assistir à prática, em uma comunidade próxima
ambiental. do município. O seminário foi realizado pelo Sindicato Rural de Iraí, em parceria com o
SENAR.

FAEMG | SENAR 27
Fotos: Viviane Santana

Inovação

Quem já atuava na função percebeu melhorias no desempenho após a capacitação para operar a retroescavadeira

Parceria sob medida


Com inovação crescente no meio rural, vem a necessidade de mão de obra cada vez
mais específica - e o Senar já está pronto para atender esta realidade
A Delta Sucroenergia, empresa loca- nas são capacitações que o SENAR já substituição aos tratores. A inovação
lizada no Triângulo Mineiro, percebeu oferecia, porém, customizados para é constante, mas o SENAR busca estar
que aplicar agrotóxicos da forma con- atender a necessidades específicas da sempre pronto a atender: “O SENAR foi
vencional – ou seja, com o trabalhador empresa. Segundo o gerente regional pioneiro nos treinamentos em colhe-
carregando a bomba com o produto de Uberaba, Flávio Henrique Silveira, a dora de cana e no plantio mecanizado
nas costas – não estava sendo tão efi- demanda por esse tipo de treinamento de cana-de-açúcar, por exemplo”, re-
ciente e resolveu inovar: começou a é grande, pois as empresas estão inves- lembra Flávio.
utilizar quadriciclos para a atividade tindo muito e agregando ao trabalho
e, dois anos depois, chamou o SENAR no campo caminhões e máquinas da Processo
MINAS para capacitar os funcionários. linha amarela – patrol (ou motonive- Tudo começa com a identificação
A medida mostrou-se eficaz, reduzindo ladora), retroescavadeira e outras – em da demanda, seja via supervisão em
o trabalho braçal e aumentando a quali-
dade e o alcance da aplicação.
A mesma empresa também con-
tou com o SENAR para capacitar seus
funcionários no uso da retroescava-
deira para atividades rurais. Comu-
mente empregada no meio urbano e
na construção civil, o equipamento é
usado pela Usina Delta na abertura de
adutoras e outros serviços ligados à
irrigação, e ainda na conservação das
estradas de terra. Da mesma forma, a
empresa solicitou ao SENAR que desse
um curso aos operadores, para otimi-
zar o uso da máquina.
Os cursos para operar essas máqui- Uso do quadriciclo trouxe melhorias em segurança, eficiência e ergonomia para o trabalhador

28 www.sistemafaemg.org.br
Viviane Santana
corporado à grade do SENAR, ficando o tuitos, cabendo ao demandante so-
curso disponível para qualquer pessoa mente ceder os equipamentos e o local
que deseje fazê-lo no estado. O proces- para as aulas.
so de participação, a partir daí, é o de O coordenador da FPR prevê um
rotina e o curso fica no portfólio do fortalecimento dos pedidos por cur-
SENAR mesmo quando sua especifici- sos customizados, já que o mercado
dade não gera muita demanda. busca um trabalhador cada vez mais
competente em suas tarefas, com for-
Demanda vai continuar mação de maior carga horária e maior
Luiz Ronilson pontua que há maior conteúdo técnico, e que tenha conhe-
demanda por cursos customizados cimentos com maior amplitude. Nesse
nas regiões onde o sistema de produ- sentido, a entidade adequou todos os
ção é mais intensivo, com proprieda- cursos às áreas da Classificação Brasi-
des e empresas de médio e grande por- leira de Ocupações (CBO) e pretende
te. “Isso se deve à necessidade de mão consolidar programas com maior car-
de obra especializada para determina- ga horária e formação específica em
dos equipamentos ou serviços”, expli- cada área.
“A inovação no campo ca. Ressalta, ainda, que essas empresas
são contribuintes do SENAR.
é constante e o SENAR
busca estar sempre
O coordenador relembra que esse
processo se intensificou há cerca de
Legislação
pronto a atender. três anos - antes, o SENAR atendia aos atendida
pedidos com o que havia no portfólio.
Fomos pioneiros “Percebemos que muitas vezes a rea-
Outra vantagem da custo-
mização dos cursos é o pleno
nos treinamentos de lidade da empresa ou da propriedade
atendimento da NR-31 (Norma
era diferente, necessitando um ajuste
colhedora de cana e no mais alinhado do conteúdo”. Mesmo
Regulamentadora de Seguran-
ça e Saúde no Trabalho na Agri-
plantio mecanizado assim, frisa, os cursos são sempre gra-
cultura, Pecuária, Silvicultura,
de cana-de-açúcar, por Rafael Motta Exploração Florestal e Aqui-
exemplo” cultura), que determina que o
trabalhador seja treinado no
Flávio Henrique da Silveira equipamento que vai utilizar no
trabalho.
“Com o curso, eles aprendem
a fazer o trabalho com qualida-
campo dos gerentes, ou solicitação de, segurança, além de diminuir
dos mobilizadores, instrutores ou os impactos ao meio ambiente.
empresas, conforme explica Luiz Ro- Desta forma, atendemos à NR-
nilson Araújo Paiva, coordenador da 31 sem abrir mão da produção e
Formação Profissional Rural (FPR). A qualidade, e é isso que as empre-
partir daí, as partes são ouvidas para, sas precisam para se manterem
junto com a Assessoria Pedagógica, no mercado”, explica José Carlos
fazerem a adequação da documenta- da Silva, coordenador agrícola
ção pedagógica do curso, partindo de de trabalhos culturais da Delta
uma raiz original na qual é incluída a Sucroenergia – a empresa que
parte de manuseio e manutenção das solicitou os cursos para ope-
máquinas. “Percebemos que ração da retroescavadeira e do
Também é feito um levantamento quadriciclo. Para ele, a parceria
dos instrutores com o perfil apropria- muitas vezes a SENAR e usina é a união dos pi-
do ou conhecimento na área do curso realidade da empresa lares de que o agronegócio pre-
em questão – “no caso do curso com os ou da propriedade era cisa. “O segmento de tecnologias
agrárias veio para ficar e o SENAR
quadriciclos, por exemplo, o instrutor
já era aplicador de agrotóxicos e, como diferente, necessitando tem ampliado o potencial de
hobby, pratica motocross, o que lhe dá um ajuste mais nossos funcionários neste setor”,
conhecimento do veículo”, contou o elogia.
gerente Flávio Silveira.
alinhado do conteúdo”
O novo conteúdo então é testado Luiz Ronilson Araújo Paiva Veja outro exemplo deste tipo de parceria na
em campo e, se der tudo certo, ele é in- página 30

FAEMG | SENAR 29
Avicultura
Educação
transformadora programa do SENAR, o GQC (Gestão transformaram em embarcadores de
Como a mudança no com Qualidade em Campo). aves - mas a mudança não aconteceu
nome de uma função e A Avivar Alimentos foi criada há apenas no nome da atividade. Os pro-
a capacitação mexeram 16 anos. Em meados dos anos 2000 fissionais conheceram todo o proces-
enfrentava uma série de dificuldades so de produção e se conscientizaram
com a autoestima de com a equipe responsável por colo- de que a função dos embarcadores de
funcionários e com a car os frangos vivos nos caminhões.
Naquele período, os trabalhadores
aves era tão importante como qual-
quer uma das demais no processo do
produtividade da Avivar eram conhecidos como “pegadores abate de frangos. “O nosso trabalho
Alimentos de frangos”, e a atividade exercida por começou com a conscientização da
estes trabalhadores era desprestigia- equipe. Ao saberem que a produção
da. Além do problema, que reduzia a era parcialmente perdida quando co-
Denise Bueno, de Passos equipe dos prestadores de serviços, o locavam as aves no caminhão e que
Em 2008, uma capacitação de- manejo inadequado das aves gerava isso poderia ser evitado, o trabalho
senvolvida pelo SENAR MINAS para perdas. A alternativa encontrada pela foi tomando outra dimensão. Mu-
a empresa Avivar Alimentos, que empresa para a mudança desse cená- danças nos processos e na organiza-
abate de aves, em São Sebastião do rio foi a capacitação do SENAR - esse ção dos trabalhos foram implantadas
Oeste, transformou uma das ativida- trabalho mudou a história da Avivar com bons resultados”, disse o ins-
des da empresa, valorizou a equipe e e dos seus prestadores de serviços. trutor que iniciou o projeto, Carlos
influenciou outros frigoríficos a ado- Para implantar o curso, o geren- Roberto.
tarem o mesmo procedimento para te do SENAR em Passos, Rodrigo de Ao conhecerem todo o procedi-
o embarque de frangos. Neste ano, a Castro Diniz, e o instrutor Carlos Ro- mento, que resulta em um frango de
Avivar espera percorrer um caminho berto Raposo de Souza, estruturaram qualidade na gôndola do supermer-
semelhante ao programar a capacita- o conteúdo para atender à demanda cado, os profissionais entenderam
ção gerencial de seus fornecedores, da Avivar. O processo começou com que deveriam embarcar aves sadias,
projeto a ser deslanchado no segun- a valorização dos prestadores de ser- sem condenação de carcaças, para o
do semestre deste ano através do viços. De “pegadores de frango”, se frigorífico.
Fotos: Denise Bueno

Com a capacitação do SENAR, os frangos passaram a ser acondicionados em caixas pelo dorso, o que diminuiu as perdas na produção

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O instrutor Carlos Roberto Raposo e os funcionários durante a aula Claudiano Monteiro, gerente de
integração da Avivar

Quebrando resistências gerenciamento da atividade através com maior eficiência, pois o criador
do programa GQC (Gestão com Qua- precisa ver o seu negócio como um
A mudança dos processos e opera- lidade em Campo). empreendimento. No negócio do
ções de embarque foi primordial para Segundo Claudiano, com a ca- frango ganha-se por volume, então o
que os frangos chegassem íntegros pacitação espera-se mais eficiência custo de produção é uma ferramenta
ao frigorífico. “No processo antigo, os administrativa dos produtores para essencial”.
frangos eram pegos pelos pés e leva- que eles possam, desta forma, con-
dos dessa forma para o caminhão, o seguir os lucros almejados com a Avicultura forte
que muitas vezes ocasionava lesões. atividade. “Nós temos um padrão de A avicultura é uma das bases eco-
Com o curso do SENAR, os frangos pagamento para os nossos integra- nômicas de São Sebastião do Oeste.
passaram a ser pegos pelo dorso e dos (criadores de aves que atuam em Hoje a produção é de aproximada-
acondicionados em caixas, dentro do parceria com a Avivar). O que torna mente 5,5 milhões de aves em ciclo de
barracão de criação, e desta forma le- o processo complicado são os custos 63 dias, o que estimula novos criató-
vados para o caminhão. Essa mudan- de produção. Quem tem o custo mais rios nos municípios vizinhos. Somen-
ça modernizou o manejo, facilitou o alto, vai lucrar menos. Esperamos, te a Avivar abate 175 mil aves por dia.
trabalho dos prestadores de serviços, com esse treinamento, que os produ- O grande movimento motivou a
garantiu maior eficiência e a sanidade tores tenham um maior controle das criação da Avicom (Associação dos
das aves”, disse o gerente de integra- despesas e que possam administrar Avicultores do Centro-Oeste de Mi-
ção da Avivar, Claudiano Monteiro, nas), que representa a classe produ-
que também afirma que os índices de tora. A nova diretoria assumiu os
perdas caíram drasticamente e que o trabalhos em junho e o presidente,
trabalho desenvolvido pelo SENAR foi Douglas Teixeira Moraes, ressalta
excepcional. que depois de passar por momentos
Claudiano ressalta a importância difíceis, vê um cenário mais promis-
da capacitação e o crescimento da sor a partir de julho. “Com isso, acho
equipe de prestadores de serviços, que podemos recuperar os meses de
que de 40 profissionais passou pa- crise”.
ra 110. “Com a profissão valorizada e
conscientes da sua importância, os re- Custos
sultados chegaram com a diminuição A preocupação do presidente recai
do índice de perdas”. também sobre os custos de produção.
Ele acredita que somente com a capa-
Nova capacitação citação é possível enfrentar com efi-
Para dar uma nova guinada, agora ciência o mercado, que se torna cada
com foco na eficiência administrati- vez mais competitivo. “Tecnologias
va, a Avivar, em parceria com o SENAR para o setor existem, faltam a sua apli-
e o Sindicato Rural de Divinópolis, cação e o gerenciamento dos custos
organiza nova capacitação para os Douglas Teixeira Moraes, presidente da de produção. Ficará na atividade só
avicultores. Desta vez o foco está no Avicom quem é competente”.

FAEMG | SENAR 31
Fotos: Nathalie Guimarães

Semana do Fazendeiro

Café de primeira
Apresentado pela primeira vez na 86ª Semana do Fazendeiro de Viçosa, curso de barista
pretende aproximar o produtor do resultado final de seu trabalho: o café na xícara
Nathalie Guimarães, de Viçosa preparar cafés especiais, utilizando que eles entendam como o produto
os parâmetros internacionais de resulta na xícara e o que é possível
Da lavoura à xícara, o café atrai qualidade. “Com esse curso eu vou fazer para melhorar a remuneração”,
interessados em qualidade. Dentro conseguir dar mais informações pa- explicou a instrutora e barista certi-
dessa perspectiva, o produtor Edu- ra quem compra meu café, além de ficada pela Associação Brasileira de
ardo Duarte deseja aprimorar a pro- poder orientar sobre como potencia- Café e Barista (ACBB), Helga Cristina
dução, passando por todas as áreas lizar o sabor e ajudar na implantação Carvalho de Andrade.
que possam agregar valor. Ele tra- de cafeterias”, explicou. Ao entrar em contato com a técni-
balha com plantação de café arábica Os participantes do curso viven- ca do barista, o aluno conhece méto-
há 26 anos. Após cursos, ele passou ciam o trabalho do barista, profissio- dos de preparo, as filtragens, regras
a comercializar o café torrado e mo- nal que é especialista no preparo de para torra, para moagem, proporções
ído na região de Belo Horizonte e cafés de alta qualidade, os chamados e outros parâmetros técnicos que fa-
Viçosa há cerca de oito meses como cafés especiais. Os alunos entendem zem o café ser diferenciado. “A gente
Café Montueira. Eduardo participou como o café se transforma e como aprende a receita básica em casa, mas
do novo curso de barista, oferecido sofisticar o preparo. “Nosso obje- há uma série de cuidados que, se fo-
pelo SENAR MINAS na Semana do tivo é aproximar os produtores do rem tomados, potencializa a qualida-
Fazendeiro em Viçosa. O objetivo é preparo e do consumo do café para de da bebida”, explicou Helga.

32 www.sistemafaemg.org.br
“A gente aprende a
receita básica em casa,
mas há uma série de
cuidados que, se forem
tomados, potencializa
a qualidade da bebida”
Helga de Andrade

Melhor café,
melhores negócios Saboreando
A ideia de oferecer o curso surgiu teste, passa por análise para inclusão a trajetória
após um encontro com compradores no catálogo de capacitações ofereci-
Os consumidores estão
internacionais de café. É o barista que das pela instituição. “O SENAR pode
mais exigentes e começando
experimenta e aponta o melhor lote ter cursos e treinamentos em toda a
a visitar as origens produto-
para compra. “O produtor precisa co- cadeia produtiva do café. Pode ensi-
ras. O mercado passa por um
nhecer como um café de boa qualida- nar ao produtor detalhes de produção
momento em que o consumi-
de tem mais chance de ser negociado que o ajudem a atender ao que o mer-
dor busca experiências agre-
no mercado. Ele tem um papel essen- cado internacional quer. O café movi-
gadas aos produtos. “Não é só
cial na cadeia, que é o de oferecer um menta grande parte do PIB mineiro,
do café de alta qualidade que
produto melhor”, ressaltou a gerente o que precisamos fazer é ter a maior
ele precisa. Ele quer saber a
regional do SENAR MINAS em Viçosa, quantidade possível de café de quali-
história do produto, como foi
Silvana Novais. dade para conseguir melhor preço no
a produção, o motivo daquilo
O curso, realizado em caráter de mercado”, destacou Silvana.
ter mais valor”, expõe Helga

Novas possibilidades de Andrade. Diante disso, é


interessante para o produtor
oferecer esse tipo de serviço
Aposentado, Luiz Paulo Ribeiro pelo menos vamos fazer um bom
ao visitante.
tem um sítio de 42 hectares em Nova café coado”, contou.
“Estamos vivendo no Bra-
Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. A sogra de Roseli Oliveira Guedes
sil, com um pouco de atraso,
Lá, ele trabalha com produção orgâ- Martins produz café em Piatã, na
o mesmo que ocorreu com o
nica e comercializa os produtos, for- Bahia e a família pretende montar
vinho. A sofisticação do con-
necendo inclusive para uma rede no uma cafeteria. “Quero conhecer a
sumo, de beber com um dife-
Rio. Ele é pós-doutor e atuava como pós-produção do que é feito na fa-
rencial. A estatística nos mos-
professor de bioquímica. Hoje, ele e a zenda para levar a ideia à frente. No
tra que o consumo de café
esposa administram a propriedade, curso aprendi o ‘mistério’ do expres-
comum está quase estagnado,
que conta com nove funcionários. so, os diferentes métodos de preparo
enquanto o de cafés especiais
É na Semana do Fazendeiro, que que fogem das receitas tradicionais.”
está crescendo 20% ao ano.
frequenta há cerca de 20 anos, que Já Misael Magalhães, de Miradou-
Oferecer café na xícara agrega
Luiz Paulo busca conhecimento ro (MG), presta assistência técnica
novo valor. O Brasil é o maior
para aprimorar a produção. “Re- em lavouras na região e faz prova de
produtor mundial e quase
cebemos muita gente no sítio. São classificação e degustação de cafés.
50% do café produzido no pa-
excursões de crianças, adultos e alu- Para ele, o curso foi a oportunidade
ís são de Minas Gerais, então
nos de faculdade. Eu estava pensan- de ampliar o conhecimento. “Queria
isso impacta muito a nossa
do em aprender a fazer um café de avançar mais um pouco. Esse curso
economia e o nosso modo de
qualidade para oferecer para os vi- complementou o que já conheço e
vida”, destacou a barista.
sitantes. Não sei se vamos chegar a aplico no trabalho. Agora preciso fa-
usar as máquinas de expresso, mas zer outros cursos sobre torra.”

FAEMG | SENAR 33
Fotos: Nathalie Guimarães
Semana do Fazendeiro

Atentos, alunos aprendem operação e manutenção da motosserra

Diversidade de cursos atrai alunos


O SENAR MINAS promoveu 15 Cursos oferecidos: Administração de
cursos durante a 86ª edição do Propriedades Rurais; Barismo; Classificação
evento na Universidade Federal de e Degustação de Café; Derivados do Café;
Viçosa (UFV). A professora de Paraíba Derivados do Leite; Saneamento Básico no
do Sul (RJ), Marta Lúcia Vizeu está em Meio Rural; Casqueamento e Ferrageamento
busca de conhecimento para ajudar de Equídeo; Doma Racional de Equídeos; Trator
o pai na fazenda. “Optei pelo curso Agrícola; Roçadora; Motosserra; Fabricação de
de Administração Rural porque Compotas, Frutos Cristalizados, Geleias e Doce
acredito que tudo que é feito com em Pasta; Embutidos e Defumados; Saúde Bucal;
planejamento tem grandes chances e Saúde Reprodutiva.
de dar certo. Eu me espelho nas Workshops: Licenciamento Ambiental
realidades de sucesso apresentadas e Cadastro Ambiental Rural de Atividades Curso de Doces e Compotas sempre atrai
Agrossilvipastoris e Legislação Trabalhista. bom público
durante as aulas”, destacou.
O produtor Adenilson Rodrigues
da Silva espera colocar em prática os
aprendizados do curso de Derivados
do Leite e diversificar a produção.
Esta é a segunda vez que participa
da Semana do Fazendeiro. Em 2014,
aprendeu a fazer queijo frescal e
começou a produzir na propriedade
de 10 alqueires em Nova Venécia,
no Espírito Santo. “Fiz e meus filhos
aprovaram. Aí comecei a fazer mais”,
contou.
Agora o comerciante quer
valorizar o negócio por meio da
capacitação. “Quero levar novidades
para a minha cidade. O pessoal gosta
de produtos artesanais, feitos pelas
nossas mãos”. Estande do Sistema FAEMG também promoveu dois workshops durante o evento

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Artesanato
Mãos de fadas
Artesãs da zona rural de Divinópolis organizaram o grupo Variarte, que vai
conquistando espaço com um acervo de peças feitas com diversas técnicas
Denise Bueno, de Passos Denise Bueno

Moradoras do bairro rural Córrego


Falso, em Divinópolis, aprenderam
a produzir doces e derivados do lei-
te nos cursos do SENAR MINAS, mas
optaram por uma nova atividade: o
artesanato. O SENAR foi novamente
o canal de capacitação e o trabalho or-
ganizado pelo mobilizador Henrique
Barbosa trouxe bons frutos.
Dois anos depois do primeiro cur-
so, as moradoras formaram o grupo
Variarte, criaram logomarca, partici-
pam de feiras e continuam a sonhar.
O grupo nasceu organizado, com
objetivos específicos e regimento
interno, entre eles a disseminação Da esquerda para a direita: Maria José, Maria Isabete, Marlene, Maria Zélia (atrás),
das técnicas para outras pessoas da Maria Nazaré e Odaísa
comunidade.
A primeira peça publicitária do
grupo foi um cartão de visita e na é uma grande vitória, considerando Mazilte Ferreira Figueiredo. Elas des-
sequência criaram a página Variarte que cada membro do grupo man- tacam o trabalho da instrutora, que
Divinópolis no Facebook. Panos de tém a comercialização de suas peças sempre as apoiou, como também do
prato, bordados, trabalhos em crochê, individualmente. mobilizador, Henrique Barbosa. “A
pinturas, tricô e fuxico, entre outras Ivanete foi nossa motivadora e orien-
peças, formam o acervo. No momen- Fuxico tadora para que pudéssemos formar
to, a preocupação das 17 artesãs que “As reuniões mensais do grupo fi- o nosso grupo. Ela é muito didática e
formam a Variarte está na especializa- caram insuficientes. Criamos o grupo está sempre nos assessorando”.
ção e na qualidade dos produtos. do fuxico, com encontro semanal às Ivanete frisa que o trabalho com os
quartas-feiras”, diz Maria José Ferrei- alunos mudou nos últimos dois anos,
Feiras ra, única que reside em Divinópolis. com o foco do SENAR sobre o resgate
A divulgação do trabalho nas feiras Uma das propostas das artesãs é a da cultura popular e a sustentabili-
ocorreu gradativamente. No início especialização em fuxico, que exi- dade. “Eu acredito muito no Variarte,
contaram com o apoio do mobiliza- ge mais tempo para a produção de pois acompanhei todo o processo de
dor. A primeira oportunidade surgiu colchas, por exemplo. “A nossa preo- criação das artesãs. Conheço a comu-
na Feira da Esplanada, aos sábados. cupação no momento é a qualidade nidade, tenho familiares que moram
Como era destinada à alimentação, e a quantidade. Temos diversidade lá, e destaco como uma de suas carac-
venderam poucas peças nos dois de produtos, mas não temos quanti- terísticas positivas a abertura para re-
meses que estiveram por lá. Depois dade para vendas maiores de peças ceberem o novo. Isso facilita muito o
conquistaram espaço na feira de ar- específicas”. nosso trabalho”.
tesanato, realizada aos domingos, na A instrutora salienta o potencial
praça da Catedral. Mais arte das artesãs e o novo caminho que
As vendas foram chegando de Em julho as integrantes do Variar- devem traçar também com o apoio
mansinho. Em maio de 2014 vende- te - Maria José, Marlene, Maria Nazaré, do Sebrae. “O grupo tem muita chan-
ram apenas um pano de prato, mas Maria Zélia, Maria Isabete e Odaísa ce de crescer e se destacar. Eu afirmo
não desistiram. Um ano depois, em - participaram de nova capacitação sempre que o artesanato é a nossa
maio de 2015, contabilizaram mais do SENAR com foco na produção de alma, a nossa criação. As vendas são o
de mil reais em vendas. Para elas essa embalagens, com a instrutora Ivanete resultado desse trabalho de criação”.

FAEMG | SENAR 35
Lisa Fávaro

Empreendedorismo
Produtora de derivados de leite
em Monte Sião fornece para a
merenda escolar e investe na
educação das três filhas

Com pouco mais de um ano na atividade, Geneci já melhorou as condições de produção e planeja expandir ainda mais

Dedicação recompensada
Lisa Fávaro, de Lavras vez com o objetivo de aperfeiçoar as o produto do marido, assim, a renda
técnicas, tirar dúvidas e adquirir mais da família acabou aumentando. “É
Geneci Feliz Ribeiro Ferreira sem- conhecimento. engraçado, mas o valor que eu pago é
pre morou no Bairro dos Ferreira, zo- Após o treinamento, foram surgindo muito melhor, dessa forma um ajuda
na rural, a 20 quilômetros de Monte oportunidades. Por meio de uma parce- o outro”, conta a produtora, que diz
Sião e é um exemplo de realização de ria firmada com a prefeitura de Monte ainda que com esse aumento na renda
sonhos. Ela confessa que sempre teve Sião, ela passou a oferecer iogurte para a eles conseguiram comprar mais gado,
muita vontade de estudar, mas que merenda escolar do município. “Houve uma ordenhadeira mecânica, além de
“naquela época” não era muito fácil bastante divulgação por parte da prefei- utensílios e equipamentos de cozinha,
onde morava, por isso desistiu - mas tura e vem muita gente comprar aqui embalagens e um depósito para arma-
resolveu investir nas atividades do no sitio também”, diz Geneci. zenar a água. “GFeliz” é a marca dos
campo. Casou-se com Antônio Ferrei- produtos que também levam o selo do
ra, que também morava no bairro. O Derivados do leite SIM – Serviço de Inspeção Municipal.
agricultor trabalhava com milho, arroz Para fabricar os produtos derivados
e feijão, e também criava alguns ani- do leite, Geneci investiu também em Investimentos
mais no quintal. infraestrutura. Com o dinheiro que O próximo passo é comprar um car-
Em 2006 a vida de Geneci come- recebeu até agora, ela construiu uma ro novo. Hoje, a produtora utiliza um
çou a mudar, quando ela fez o curso cozinha só para a produção. É neste es- veículo menor para fazer as entregas
do SENAR MINAS de Derivados do paço, com ajuda de uma prima, que ela nas escolas, mas, com o crescimento
Leite: “Foi muito bom, aprendi muito produz iogurte de vários sabores, quei- do negócio, ela pretende adquirir um
e comecei a fazer algumas coisas para jo frescal e minas padrão, doce de leite maior e melhor. Mesmo com algumas
o consumo da família e para vender”. pastoso e em barra. Para fazer isso, são limitações de transporte, Geneci está
A produtora não sabia ainda como utilizados 150 litros de leite por dia. feliz com o seu trabalho: “tenho pla-
poderia comercializar os alimentos, A matéria-prima vem do próprio nos de investir mais nos estudos das
mas continuou a produzi-los. Em 2014 sítio. Com o aumento da produção dos minhas três filhas, porque tudo que
ela fez novamente o curso, mas desta derivados, Geneci passou a comprar faço aqui é pensando nelas.”

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Satisfação
Saúde e alegria na 3ª idade
Curso do SENAR em instituição de Ibiá leva alegria e novidades para a rotina
de idosos, que consideraram as atividades uma “revolução” em suas vidas
Viviane Santana
Viviane Santana, de Uberaba
Estima-se que em 2050 jovens e ido-
sos dividam a mesma porcentagem
nos indicadores mundiais. As últimas
constatações do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e do Ins-
tituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) dizem que a população cresce
em uma taxa abaixo de 2,5%, enquanto
o crescimento dos idosos é perto de 5%.
Para que a idade chegue com qua-
lidade, é preciso pensar em como di-
minuir os impactos que ela causa e o
SENAR MINAS tem propostas para isso.
Durante os três dias do curso de Saú- A instrutora Maria Ana (ao centro, de pé) coordenou atividades físicas para os idosos
de na 3ª Idade são trabalhados temas
como saúde física, psíquica e social. tes de que os três dias de curso foram “Não dá para mensurar quem se be-
São ensinamentos sobre novas atitu- uma ‘revolução’ em suas vidas. Como neficiou mais com esse curso. Foi uma
des que influenciam na qualidade de permanecem num mundinho mui- construção coletiva onde trouxemos e
vida dos participantes em relação ao to particular, a nossa presença, com vamos levar novos conhecimentos pa-
envelhecimento. conteúdo e atividades práticas, foi um ra vida de todo mundo. No final, todos
grande incentivo para essas senhoras e os participantes aprenderam e ganha-
Melhorias e emoção senhores. Descobri que posso ajudar o ram com isso.” explica Maria Ana Faria,
Por meio de uma parceria entre próximo com a assistência do SENAR, a instrutora responsável.
SENAR e Sindicato Rural de Ibiá, os elevar a autoestima e trazer felicidade
moradores do Lar Vicentino Padre ao ser humano”, declara, emocionada. Promoção Social
Agostinho Klinger participaram do O curso oferecido em Ibiá já fun-
curso. Segundo a instrutora Maria Ana Mudança na rotina ciona de acordo com um trabalho da
Knychala Faria, a novidade é que o tra- A presença de novas pessoas no Lar Coordenaria de Promoção Social (PS)
balho foi desenvolvido com pessoas de Vicentino mudou o dia dos residentes. do SENAR MINAS assim de deixar o
uma instituição de longa permanên- Cassio Antônio Duarte, presidente da conteúdo das capacitações mais atraen-
cia. “Fiquei surpresa com o interesse e a instituição, explica que, como o dia a te para o público alvo. “O que estamos
participação deles. O entusiasmo com dia dos idosos é muito constante, com fazendo é atualizar todos os conteúdos
que vivenciaram as experiências possi- as atividades programadas eles pude- para os cursos se tornarem ainda mais
bilitou melhorias para esses residentes. ram escrever, ver slides e contar suas úteis, mais atraentes, pois antes eles
Mesmo os que têm maiores dificulda- histórias. Para os dirigentes do Lar, o eram muito teóricos”, explica José Belas
des quiseram participar e demostra- curso foi surpreendente. Gonçalves, coordenador da PS.
ram interesse e desenvolvimento com “A gente sempre tenta trazer as pes-
o curso.” soas de fora para conhecerem o Lar e
A inciativa partiu da mobilizadora promoverem atividades diferenciadas
Lorena Fernanda Martins para atender para os residentes. Achamos muito Lar Vicentino Padre
aos residentes da instituição filantrópi- interessante essa capacitação para ti- Agostinho Klinger
ca. Para ela, mobilizar este curso para rá-los da ociosidade. Foi uma ótima
É uma instituição sem fins lucrativos,
terceira idade teve um toque especial oportunidade com o pessoal do SENAR que vive de doações da comunidade. O
e foi uma grata surpresa. “Cerca de 15 e levar o curso para dentro do Lar supe- Lar Vicentino Padre Agostinho Klinger foi
pessoas conseguiram participar. Ver rou nossas expectativas. Foi muito ba- fundado em 1977 e, atualmente, tem 26
a alegria deles foi muito gratificante. cana!”, elogiou. residentes.
Recebemos declarações dos residen- E quem ganhou com tudo isso?

FAEMG | SENAR 37
Soja
Surpresa mineira
Embora Minas Gerais não tenha De acordo com o bicampeão na- tadual em área não irrigada. Ele alcan-
tradição na cultura da soja, um pro- cional, o manejo foi o mesmo do ano çou 73,56 sacas por hectare, enquanto
dutor do estado foi campeão na edi- anterior, porém com alguns “ajustes a média nacional é de 48 sacas.
ção 2014/15 do Desafio Nacional de finos”: “Utilizamos adubo nitrogena- James diz que não existe segredo
Máxima Produtividade de Soja, pro- do à base de sulfato e deu resultado. para obter uma boa produtividade
movido pelo CESB (Comitê Estratégi- Foi uma satisfação ganhar novamen- na lavoura: “É preciso muito cuidado,
co Soja Brasil). te. O segredo é ter muita dedicação, muita dedicação, como se fosse uma
De Brasilândia de Minas saiu o cam- pois afinal, o olho do dono é que en- criança. E ainda contar com a ajuda
peão nacional de produtividade na gorda o gado”. do clima”.
categoria área irrigada, Leonardo Lata- O concurso também avaliou a pro- O prêmio para ambos é uma via-
lisa França. Ele conseguiu 113,32 sacas dutividade nos níveis regional e esta- gem técnica aos Estados Unidos,
por hectare. Ano passado, estreante dual, e Minas teve mais um campeão: com visitas a culturas de soja de alta
no concurso, havia sido campeão na James Juliano Marchese, com proprie- produtividade, centros de pesquisa e
categoria, com 102,5 sacas por hectare. dade em Formoso, foi o vencedor es- universidades.
Josi Botelho Fotografias
Local Produção (t)
Brasil 96.442.521
Mato Grosso 27.627.757
Paraná 17.145.020
Rio Grande do Sul 15.595.618
Goiás 8.670.735
Mato Grosso do Sul 7.304.606
Bahia 4.503.577
Minas Gerais 3.506.487
São Paulo 2.196.768
Tocantins 2.118.983
Maranhão 2.075.859

Região Produção (t)


Noroeste 1.354.945
Triângulo 1.112.744
Leonardo Latalisa França Alto Paranaíba 713.463
Sul de Minas 137.047
Aline Veloso, Coordenadora da Norte de Minas 96.706
Assessoria Técnica da FAEMG Centro Oeste 46.047
Central 44.856
“Nos últimos anos, os produtores Zona da Mata 672
vêm investindo em tecnologia Rio Doce 7
e na utilização das variedades
mais precoces, o que tem refletido Município Participação (%)
em aumento de produtividade e Unaí 9,55
volume da safra em Minas Gerais. Buritis 6,36
Além disso, o emprego de melhores Paracatu 6,27
práticas de cultivo e capacitação Uberaba 5,37
profissional tem auxiliado o homem Uberlândia 4,25
do campo na sustentabilidade Coromandel 4,20
de seu negócio. Com preços mais Monte Alegre de Minas 4,12
competitivos no momento do Guarda-Mor 3,92
plantio, a soja tem avançado pelas Capinópolis 2,94
áreas de milho e cana-de-açúcar Tupaciguara 2,67
nas regiões produtoras”. James Juliano Marchese Formoso 2,62

38 www.sistemafaemg.org.br
MINAS GERAIS
A POTÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
O AGRONEGÓCIO MINEIRO É DESTAQUE NACIONAL. MINAS ESTÁ
NO TOPO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA E PECUÁRIA DO BRASIL.

n 1º lugar em produção de café – 23,3 milhões de sacas


n 1º lugar em produção de leite – 9,3 bilhões de litros
n 1º lugar em produção de batata – 1,17 milhão de toneladas
n 1º lugar em área de florestas plantadas – 1,53 milhão de hectares
n 1º lugar em criação de equinos – 760 mil cabeças
n 2º maior rebanho bovino – 24,2 milhões de cabeças
n 2º lugar em produção de feijão – 529 mil toneladas A UNIÃO E A FORÇA DO CAMPO

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de qualidade até a sua mesa.

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