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Parece um homem, não fosse a longa cauda. Até onde a vista alcança
está tudo morto. O fotógrafo Lalo de Almeida, autor de uma série de
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imagens impressionantes durante e depois dos incêndios de 2020-2021 que
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queimaram mais de 20% do Pantanal, lembra bem desse dia. O parceiro das
reportagens da “Folha de S.Paulo”, jornalista Fabiano Maisonnave, ficara
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Fundos
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escrevendo na sede da fazenda na Serra do Amolar, Mato Grosso do Sul.
Química
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Lalo saiuecom
Petroquímica
Rafael Galvão, gerente da fazenda Santa Tereza, “um
pantaneiro
Mercado
Saneamento que só de olhar o aspecto da vegetação sabia onde o fogo tinha
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passado com mais intensidade”. Foi então que viram a família de bugios.
Siderurgia Sustentável
Mobilidade
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Negócios
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Transformando o amanhã
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A Constituição de 1988 diz que o bioma tem que ter uma legislação federal
que o resguarde e defina sua utilização. Foi assim com a Mata Atlântica. Mas
o Pantanal, até agora, não teve o mesmo destino. “Deveríamos ter uma lei
federal, mas ela não existe”, diz Alexandre Bossi, presidente do instituto SOS
Pantanal, que há 14 anos luta pela sua preservação. A lacuna da lei federal
foi preenchida pelas legislações dos dois Estados e a assimetria é flagrante.
“A lei de Mato Grosso, a nosso ver, não é perfeita, mas é satisfatória”,
continua Bossi. Em Mato Grosso é proibido plantar soja na planície
pantaneira; em Mato Grosso do Sul, é permitido.
“A lei federal não existe. E as legislações dos Estados não garantem proteção
adequada”, diz Ana Luiza Peterlini, promotora de Justiça da área ambiental
de Mato Grosso. Em congresso ontem da Abrampa, entidade que reúne
promotores e procuradores de Justiça, ela apresentou uma comparação
entre as normas dos dois estados. As do Mato Grosso do Sul são bem mais
frágeis que as de Mato Grosso. Em Mato Grosso, usinas de álcool e açúcar,
carvoarias e mineração são proibidas no Pantanal, mas Mato Grosso do Sul
só faz restrições para as destilarias. Pecuária e agricultura intensivas e
assentamentos são proibidos em Mato Grosso, mas não é assim em Mato
Grosso do Sul. O transporte fluvial de produtos perigosos é proibido em
Mato Grosso e liberado em Mato Grosso do Sul. Proprietários rurais só
podem fazer supressão vegetal em 40% dos imóveis em Mato Grosso e a
obrigatoriedade de Reserva Legal é de 35% para áreas de Cerrado e 80% de
florestas; em Mato Grosso do Sul é possível suprimir 50% da vegetação
arbórea, 60% da restante e a Reserva Legal é de 20% do imóvel. As 4 mil
nascentes que alimentam o Pantanal estão fora da planície. O bioma recebe
água dos rios do Planalto e da chuva. Bossi, no mesmo evento da Abrampa,
deixou claro que a legislação não unificada e diferente para o mesmo bioma
é o grande problema da região. “Hoje é uma bagunça”, resume.
Muita gente, por sorte, é apaixonada pelo bioma mais preservado do Brasil,
com 81% de vegetação nativa e, ao mesmo tempo, tão frágil. “Tem que ser
mesmo muito preservado, porque é um bioma com dinâmica hidrológica
própria. Não é qualquer atividade que dá para ser desenvolvida ali, a não ser
que se drene, o que é proibido. Deve-se respeitar o pulso de inundação,
como se fala por aqui”, registra Ana Luiza Peterlini.
Almir Sater
O encantamento com o Pantanal produziu histórias dramáticas. Em
novembro de 2005, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros
estendeu dois colchonetes em forma de cruz na calçada, no centro de
Campo Grande. Usou dois galões de gasolina para encharcá-los, e ateou
fogo. As 150 pessoas reunidas no protesto contra a instalação de usinas de
álcool e açúcar na bacia do rio Paraguai, foram surpreendidas pelas chamas.
Franselmo, como era conhecido o homem de 65 anos, teve 100% do corpo
queimado e morreu no dia seguinte. Deixou 17 cartas a amigos e familiares.
“Foi difícil tomar essa decisão de sã consciência”, disse em uma delas. “A
minha vida sempre foi um sacerdócio em defesa da natureza.” Era
presidente da Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do
Sul, primeira ONG ambiental do Estado.