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FACULDADE DE MEDICINA

Fichamento do texto
PIGNATI, Wanderlei Antonio e MACAHDO, Jorge Mesquita Huet. O
Agronegócio e seus Impactos na Saúde dos Trabalhadores e da
População do Estado de Mato Grosso. In: Minayo Gomez, Carlos (Org.)
Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea./
organizado por Carlos Minayo Gomez, Jorge Mesquita Huet Machado e
Paulo Gilvane Lopes Pena. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2011. 540
p.

Unidade Curricular: 7
Docente: Profa Dra Haya Del Bel
Discente: Paloma de Abreu
29/03/2023
Resumo sobre o texto 3: “O Agronegócio e seus Impactos na
Saúde dos Trabalhadores e da População do Estado de Mato
Grosso”
O texto em forma de artigo, trata sobre os impactos do agronegócio na saúde dos trabalhadores e
da população do Estado de Mato Grosso, em que o agronegócio é entendido como a salvação do
país. Dessa forma, sendo entendido como o motor do país, sem prejuízos e essencial para o
funcionamento do país e necessidades da população. No entanto, a exploração maciça da mão de
obra dos trabalhadores aliado a utilização de produtos prejudiciais, corrobora com prejuízos de
grande importância para os trabalhadores , moradores da região e meio ambiente. Prejuízos estes
que variam desde uma saúde prejudicada, sem direitos respeitados a uma situação econômica
precária e em situações exploratórias tanto de força de trabalho como do meio ambiente por meio
da ocupação e extração de matérias primas.

Todavia, é exposto sobre o excesso da utilização de insumos e alta tecnologia ajuda no aumento
da produção, consequentemente, mais lucro para os grandes donos. Porém, a utilização de
insumos está associada ao desenvolvimento de patologias e acidentes, desde reação alérgica a
neoplasias ou óbitos e a alta tecnologia, funde-se com a mão de obra dos trabalhadores que são
os responsáveis pela boa colheita. Com isso, a vigilância da saúde-ambiente está consoante a
persistência do agronegócio, perdendo o seu verdadeiro viés de assegurar a saúde-ambiente.
Assim, o forma como o agronegócio funciona, debilita o funcionamento biológico e mental do
indivíduos, sendo por utilização de agrotóxicos, situação de trabalho precária, agrotóxicos na
água e/ou alimentos, expulsão de suas terras, óbitos devido a doença aliada a ação do
agrotóxicos, acidentes no trabalho ou ao não querer deixar sua terra e organizações sindicais
reduzidas. Acarretando no desequilíbrio da vigilância, produção e controle social.

Principais argumentos
Os principais argumentos do autor a serem destacados são:

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“as revisões bibliográficas de Cocco (2002), Grisólia (2005), Meyer et al. (2003) e Peres e
Moreira (2003), que evidenciaram as correlações das poluições ambientais por agrotóxicos com
casos de intoxicações agudas, de neoplasias, de teratogêneses e de distúrbios endócrinos e
neurológicos” pág 247

“Há ainda o estudo das madeireiras, em que se verificou o aumento do grau de precarização das
condições de trabalho, de salário e de saúde quanto mais elas se distanciavam do centro das
cidades (Pignati & Machado, 2005)" pág 247

“Esse tipo de manejo, aliado ao uso e ‘abuso’ de insumos e alta tecnologia agropecuária,
contribuiu para aumentar a produtividade por hectare e a produção anual ao longo dos anos
analisados. Entretanto, os responsáveis pela ‘boa colheita agrícola’ foram os trabalhadores que
venderam e despenderam suas forças de trabalho e que, em conjunto com suas famílias e
população do ‘interior’, realizaram um ‘esforço produtivo’ crescente nesse período.” pág 253

“Tal situação sanitária indica a presença de situações específicas de riscos vinculados ao


processo produtivo agropecuário dependente de agrotóxicos, dos quais parte deles é cancerígena,
teratogênica ou mutagênica” pág 257

“Quanto à média das incidências dos ATs, notou-se que a agropecuária ocupa o 15º lugar entre os
41 setores analisados, porém a maior incidência foi no setor de beneficiamento de algodão…
Porém, os maiores números em relação a uso/gastos com serviços de saúde/previdência e
prejuízos na economia local/regional estão localizados naqueles setores que mais induzem casos
de ATs, de incapacidades e de acidentes com óbitos, ou seja, os ligados ao agronegócio” pág 261

“, o Estado, que deveria mediar/regular ou controlar os conflitos e riscos para conformar uma
sociedade que busca o desenvolvimento sustentável (democrático, igualitário, eficiente e
saudável), como não é neutro, vem atuando a favor da classe patronal há décadas (Oliveira,
2005; Picoli, 2005; Breilh, 2003; Miranda et al., 2007)” pág 262

“Além disso, Mato Grosso ocupa o segundo lugar brasileiro em conflitos agrários e em práticas
de trabalho semelhante a escravo nas grandes fazendas de seu interior (Brasil, 2007c); também
fazem parte do seu cotidiano o movimento popular dos ‘sem-terras’ e as prisões ou expulsões de
posseiros e quilombolas (Picoli, 2005)” pág 263

“Quanto ao sistema público responsável pela vigilância sanitária (no sentido amplo de saúde),
este vem privilegiando a saúde agropecuária em detrimento da saúde humana. Em Mato Grosso,
por exemplo, a vigilância sanitária animal/vegetal, coordenada e executada pelo Indea, possuía

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em 2006 1.238 funcionários, 242 veículos e escritórios de apoio técnico aos agropecuaristas em
todos os municípios do estado, além das secretarias municipais de Agricultura” pág 263

“ quanto mais as madeireiras se afastavam das sedes dos municípios ‘em direção ao mato’, mais
esse índice se reduzia, enquanto aumentava o nível de precarização das condições de trabalho e
saúde dos trabalhadores” pág 265

Novos aprendizados
Com o que foi exposto no texto, foi entendido que o agronegócio, pelo menos na forma o qual
funciona atualmente, não é somente a riqueza do país, mas a riqueza para os detentores deste
negócio. Em que a riqueza do país, deveria ser algo que benéfico para a população e não algo
que coloca em risco a sua saúde e o ambiente em que se vive. Nesse contexto, vale citar o slogan
disseminado na rede Globo desde 2016 “agro é tech, agro é pop, agro é tudo”, aliado a ideia do
agronegócio ser o motor do país, a "indústria riqueza” como se não houvesse prejuízos. Afinal,
para os grandes detentores dos lucros, realmente, não há prejuízos em suas visões, mas a
exploração maciça da mão de obra dos trabalhadores aliado a utilização de produtos prejudiciais,
corrobora com prejuízos de grande importância para os trabalhadores, moradores da região e
meio ambiente.

Além de ser visto que a mão de obra do trabalhador, fundiu-se com a produção associada a alta
tecnologia e insumo, mas as condições de trabalho e o seu salário não serão diretamente
proporcionais a esse aumento de produção, podendo até ser reduzido por ter o "auxílio das altas
tecnologias”. Sendo que nem os seus direitos básicos, não são tão assegurados assim, pois o
Estado não funciona de forma neutra e age em favor do agronegócio, da produção e do lucro. Em
que o dinheiro virou o centro das atenções, o real poderoso, em que quando se tem ocorre a
necessidade de ter mais e mais em grande parte dos ditos “poderosos e donos do lucro”, sendo
que esses donos do lucro, também são reféns do dinheiro e não donos do dinheiro. Com essa
busca incansável pelo dinheiro, os trabalhadores se tornam peças da engrenagem de uma grande
máquina, sendo essenciais para o seu funcionamento e assim, para que os donos dos negócios,
possuam a sua riqueza. Porém, serem “essenciais” não é tão reconhecido e provavelmente, não
haverá essa ideia de reconhecer, pois assim, haverá maior controle dos donos sobre os
trabalhadores.

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Dessa forma, os trabalhadores e população próxima do agronegócio, vive em risco constante de
desenvolver alguma patologia que pode iniciar “simples ou comum” até o seu agravamento
propriamente dito ou no caso dos indígenas, que também estarão suscetíveis à invasão de suas
terras. Com isso, a vigilância saúde-ambiente deveria de fato vigiar e cumprir o seu papel, porém
como foi mencionado, tal vigilância segue a ideia de do Estado não neutro de assegurar o
funcionamento pleno do agronegócio e seu lucro. Assim, a vigilância torna-se vigilância da
saúde do agronegócio e não do indivíduo ou do meio ambiente que estão sendo lesados, podendo
estarem em situação de trabalho escravo, o qual é comum nas grandes fazendas e dentre outros
locais. Além da população indigena ter suas terras constantemente invadidas, sendo brutalmente
agredidos e expulsos de suas terras, para que o produtor tenha mais terras para produção. Sendo
que os que buscarem tornar visível tais situações, serão ameaçados, em detrimento da ameaça
que o agronegócio sente ao ter algo que possa interferir na sua produção e assim, na margem
crescente de lucro.

Questionamentos
Alguns questionamentos que podem ser feitos: Como os seres humanos colocaram um papel ter
mais importância que o próprio ser?; Quais caminhos os trabalhadores podem seguir para terem
os seus direitos de fato?; A luta por direitos ou espaços precisa ser algo tão brutal?; Qual a
necessidade de se ter cada vez mais e não apenas o necessário para viver bem? Para que tanto
poder?; Qual o problema de outras pessoas também possuírem o “poder” sobre a sua vida? Qual
o medo de existir equidade, como se ela fosse diminuir o seu poder?;

Pontos para se aprofundar


Alguns pontos dos pontos que podem ser aprofundados são: O sentido do lucro ter tanta
importância para dizer que há poder; Medidas podem ser tomadas para que tais assuntos ganhem
visibilidade; O sentido de poder não estar associado apenas ao dinheiro;

4
Referência bibliográfica:
● PIGNATI, Wanderlei Antonio e MACHADO, Jorge Mesquita Huet. O Agronegócio e
seus Impactos na Saúde dos Trabalhadores e da População do Estado de Mato Grosso. In:
Minayo Gomez, Carlos (Org.) Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira
Contemporânea./ organizado por Carlos Minayo Gomez, Jorge Mesquita Huet Machado e
Paulo Gilvane Lopes Pena. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2011. 540 p..

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