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Resumo
Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico sobre o que existe na litera-
tura científica referente à relação entre a ergonomia e os trabalhadores rurais. Para tanto, foi rea-
lizada pesquisa em livros, em bases de dados científicos na internet e documentos de inspeções.
Foi identificado que já existem alguns trabalhos nesta área, porém ainda há muito a ser feito por
essa classe trabalhadora, vinculada a um setor econômico essencial à sociedade, tão importante
e desassistida no Brasil.
Palavras-chave
Segurança do trabalho. Ergonomia. Trabalhador rural.
A agricultura, que pode ser definida como um Vale ressaltar que, apesar do intenso processo de
conjunto de técnicas utilizadas para o cultivo de industrialização que ocorreu no início dos anos
plantas visando à obtenção de alimentos, fibras, 40 e, sobretudo, a aceleração do êxodo rural, a
energia, matéria-prima para roupas, construções, produção e as atividades agrícolas continuaram
medicamentos, ferramentas, ou apenas para con- contribuindo com uma fatia expressiva do Pro-
templação estética, ainda é a base da economia duto Interno Bruto (PIB) brasileiro (DIAS, 2006).
brasileira, devido ao potencial natural do Brasil. Esse autor afirma ainda que o processo de rees-
Diante disso, a atividade no campo — mais es- truturação produtiva, que tem avançado acele-
radamente em todo o País, em consequência da Nessas culturas, é absorvida uma relativa quanti-
globalização da economia, repercute sobre a ati- dade de mão de obra. Esses trabalhadores desem-
vidade rural, agravando, em muitos casos, situa- penham diversificada gama de atividades: desde o
ções de exploração e desigualdade historicamente preparo do solo para plantio até a colheita, passan-
construídas. do pelo transporte e armazenagem de produtos e
insumos agrícolas, além de inúmeras atividades es-
Os interesses do grande latifúndio, iniciado com
pecíficas desenvolvidas paralelamente, como aber-
o modelo de ocupação adotado pelos portugue-
tura de canais de irrigação e drenagem; construção
ses, de concessão das capitanias hereditárias e
e manutenção de estradas, silos, armazéns, estábu-
perpetuado por políticas públicas de “desenvolvi-
los, cercas; controle de pragas e doenças; aplicação
mento”, convivem em conflito permanente com os
de agrotóxicos e fertilizantes, etc.
pequenos produtores e um contingente crescente
de trabalhadores rurais excluídos do acesso a terra A atividade agrícola é extremamente importante
(DIAS, 2006). e também bastante complexa, podendo implicar
uma diversidade de riscos de acidente e de doença
De acordo com a Revista Terra Brasil (2009), o País,
ao trabalhador rural. Esses riscos estão presentes
apelidado de “celeiro do mundo” por especialistas,
em todo o processo produtivo.
bateu recorde nas exportações do agronegócio, em
2008, e a balança comercial do setor registrou su- A Organização Internacional do Trabalho (OIT)
perávit de U$ 60 bilhões. Ainda sim, segundo da- afirma que o trabalho rural é significativamente
dos do site de notícias Agrolink, o agronegócio res- mais perigoso que outras atividades e estima que
pondeu por 22% do Produto Interno Bruto (PIB), milhões de agricultores sofram sérios proble-
desempenhando papel fundamental no crescimen- mas de saúde (TEIXEIRA, 2003). Ainda segun-
to nacional (MALVESTIO; MORAES, 2014). do a OIT, as atividades laborais que mais matam
são: agricultura, mineração, construção e pesca
Azenha (2009) traz que o Brasil, atualmente, em
comercial. Por isso, foi criada, em 2005, a Nor-
função da demanda mundial por alimentos, pela
ma Regulamentadora de Segurança e Saúde do
disponibilidade de área e capacitação técnica, é um
Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,
dos países que apresentam maior oportunidade e
Exploração Florestal e Aquicultura — NR-31,
possibilidade de crescimento no setor agrícola.
do Ministério do Trabalho e Emprego (COUTO,
Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, 2007). O desenvolvimento tecnológico do campo
a utilização de terras por lavouras passa de 6 mi- resultou não só na utilização de novas técnicas
lhões de hectare (ha) na Bahia e o pessoal ocupa- agrícolas, como também em novos tipos de aci-
do passou de 1 milhão de pessoas envolvidas com dentes de trabalho.
agricultura.
De acordo com Buainain e Dedecca, em 2006, o
Na Bahia, segundo dados do IBGE (2011), as prin- trabalho na agricultura absorvia um contingente
cipais culturas, em quantidade de produção, nos estimado em 13 milhões de pessoas e a população
26 territórios de identidade, são abacaxi, algodão economicamente ativa ocupada na agricultura era
herbáceo (em caroço), arroz, batata inglesa, ba- de, aproximadamente, 17 milhões. Segundo os ci-
nana, cacau, café, cana-de-açúcar, cebola, coco- tados autores, boa parte dessa população simples-
da-baía, dendê, feijão (em grão), laranja, mamão, mente não encontraria qualquer possibilidade de
mamona (baga), mandioca, manga, melancia, mi- inserção produtiva sustentável nas cidades, nem
lho (em grão), palmito, sisal (fibra), soja (em grão), nas grandes nem nas pequenas. Alguns trabalhos
tomate e uva. não qualificados, que antes absorviam a popula-
ção rural, hoje exigem um nível de qualificação e vibração provenientes dos maquinários, radiações
educação formal que já exclui as pessoas que estão não ionizantes que podem levar ao desenvolvi-
atualmente trabalhando na agricultura. Portanto, é mento de câncer de pele, variações de tempera-
estratégico preservar e melhorar as condições de tura devido às condições climáticas, frio, calor;
trabalho no campo. químicos — exposição a agrotóxicos, a adubos
químicos, fertilizantes, solventes, combustíveis, a
Estudos realizados destacam a importância da
gases emanados da combustão de motores; bioló-
Ergonomia e da Segurança do Trabalho nas mais
gicos — exposição aos agentes biológicos (fungos,
diversas atividades, inclusive na agricultura. No
bactérias, protozoários etc.) existentes na terra,
Brasil, diversos estudos têm sido feitos nessa área,
em adubos orgânicos e na água, promovendo um
porém poucos na agricultura, menos ainda sobre aumento de probabilidade na ocorrência de enfer-
a produção de cana-de-açúcar, evidenciando mais midades infecciosas e verminoses; agentes ergo-
a necessidade da realização de um detalhado dire- nômicos — causados por posturas inadequadas
cionamento de informações a serem aplicadas no e carregamento de peso, posturas forçadas, repe-
setor canavieiro, buscando avaliar as condições de titividade, flexão/rotação de tronco; psicológicos
trabalho e produtividade dos obreiros na produção — devido à pressão no trabalho e pressão por pro-
da cana-de-açúcar e, se necessário, propor melho- dutividade; acidentes — cortes e amputações de-
rias (LEITE et al., 2007). correntes do uso de ferramentas e de máquinas em
Com a intenção de aumentar a produtividade com condições precárias de segurança; quedas, ataques
menor utilização de mão de obra, ampliaram-se a de animais peçonhentos e domésticos; e acidentes
força mecânica (máquinas) e a utilização de agro- de trajetos; ambientais — contaminação hídrica,
tóxicos, situação para a qual diversos trabalhadores chuva ácida, pulverização aérea; sociais — preca-
rurais não estavam preparados para utilizá-las de riedade de vínculos, subemprego, baixos salários,
forma adequada, desencadeando sérios acidentes. entre outros.
A atividade agrícola também utiliza variado nú- Diante de tais fatores, faz-se necessária uma maior
mero de ferramentas, máquinas, implementos, atenção a esses trabalhadores e aos riscos a que es-
produtos químicos danosos à saúde humana, entre tão expostos.
outras substâncias que também implicam risco a
seus usuários. 1.3 Objetivo
Os trabalhadores necessitam realizar grande es- O objetivo deste artigo é destacar os riscos ergo-
nômicos a que os trabalhadores rurais estão ex-
forço físico para desempenhar suas atividades, a
postos, diante da sua grande importância para o
exemplo de levantamento manual de cargas, que
País, além de citar algumas soluções que as pes-
os expõe a problemas lombares, pois eles utiliza o
quisas têm apontado e o que ainda pode ser feito
próprio corpo para realizar essa atividade, com fle-
para melhorar as condições de trabalho dessa cate-
xões e rotações de tronco feitas de forma repetiti-
goria, pois, mesmo em um ambiente de estagnação
va. Decerto, em cada uma dessas atividades podem
na economia brasileira, o setor do agronegócio é
ocorrer acidentes leves ou graves, comprometendo
o que mais responde positivamente na composi-
a saúde do trabalhador (MTB, 1981).
ção do Produto Interno Bruto (PIB) e no saldo
da balança comercial. O mercado agrícola ainda
1.2 Riscos do trabalho rural é líder em produtividade e competitividade no
Os agentes de risco a que os trabalhadores rurais comparativo com outros segmentos da economia
estão expostos se dividem em: físicos — ruído e (TANGARI, 2015).
relacionado ao conteúdo e ao tempo em que uma ergonômicos. Neste projeto, foi observado que os
tarefa é realizada. trabalhadores rurais, da cultura do abacaxi, estão
expostos a riscos em todo o processo produti-
Riscos ergonômicos são aqueles introduzidos
vo, principalmente nas atividades de plantio, que
no processo de trabalho por agentes (máquinas,
envolvem: preparo do solo, abertura de covas e
métodos, etc.) inadequados às limitações de seus plantio propriamente dito — trabalho em pé, com
usuários (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Como deslocamento; posturas forçadas mantidas como:
exemplo, tem o levantamento manual de cargas flexões de tronco; extensão de MMSS realizando
com as “costas curvadas”, podendo provocar dores esforço devido ao uso de ferramentas (enxadas,
lombares. Esses riscos, em geral, provocam lesões picaretas etc); aplicação de agrotóxicos envolven-
crônicas que podem ter origem psicofisiológica. do: preparação da calda, a aplicação do agrotóxico
Ergonomia na agricultura e na mineração: execu- propriamente dita — movimentos repetitivos de
ta projetos de melhorias em máquinas agrícolas flexão e extensão de MMSS e movimento de pinça;
e colheita, onde são divididos em algumas funções
e de mineração, atuando no período de colheita,
específicas, tais como: Quebrador — flexões e ex-
armazenagem e transporte de produtos agrícolas,
tensões de tronco e membros superiores; elevação
além de estudos sobre os efeitos danosos do uso
de MMSS acima do ombro; pronosupinação de pu-
de agrotóxicos.
nho. Balaieiro — MMSS elevados acima dos om-
Como exemplos de riscos ergonômicos, podem-se bros; sobrecarga na coluna, especificamente na re-
citar: posturas viciosas, devido a não projeção de gião cervical; esforço físico. Carregador — flexão
equipamentos levando em conta os dados antropo- e rotação de tronco; levantamento de peso. Conta-
métricos da população usuária, dimensionamento dor — flexão e rotação de tronco; extensão e flexão
e arranjo inadequados das estações de trabalho, de MMSS. Anotador — postura sentada mantida.
conteúdo mental de trabalho inadequado às carac-
As atividades de campo exigem dos trabalhadores
terísticas do trabalhador, por sobrecarga (estresse)
deslocamentos constantes em extensas áreas, reali-
ou desprovido de conteúdo (monotonia).
zando agachamentos, rotações e flexões de tronco.
As que envolvem o uso de ferramentas agrícolas
3.1. Riscos ergonômicos (enxadas, foices, facões, picaretas, etc) exigem tam-
nas atividades agrícolas bém esforço físico para elevar ferramentas pesadas,
O trabalho agrícola é uma atividade que requer es- com os MMSS posicionados acima dos ombros,
forço físico e que demanda alto consumo de energia além de emprego de força para perfurar e revol-
humana. A literatura aponta a agricultura como ver a terra. Os trabalhadores que exercem as fun-
um dos ramos produtivos onde o trabalhador ções de quebradores, carregadores e arrumadores
enfrenta problemas ergonômicos que geram alto realizam flexão e rotação de tronco e elevação de
risco para o desenvolvimento de distúrbios mus- membros superiores. Além disso, os carregadores
culoesqueléticos e incapacidade (DAVIS; KOTO- permanecem o tempo todo de pé e em movimento,
WSKI, 2007; DRISCOLL et al., 2014). com levantamento de peso. Esses movimentos são
repetitivos, realizados de forma rápida e constante,
Como exemplo de riscos ergonômicos, tem-se sem pausas, durante toda a jornada de trabalho. Os
uma experiência de vigilância a ambientes e pro- balaieiros permanecem na postura em pé e em mo-
cessos de trabalho em plantações de abacaxi, no vimento com peso, esforço físico intenso e postura
município de Itaberaba-BA, onde a equipe técnica em movimento, com os membros superiores cons-
da Sesab/Divast identificou atividades que expõem tantemente elevados acima do nível dos ombros,
os trabalhadores rurais a diversos riscos, entre eles, além de carregamento de peso. O contador perma-
nece em postura sentada mantida, na carroceria do lhadores (ou essa categoria de trabalhadores), no
caminhão, sem conforto. O assento é improvisado sentido de tentar minimizar tal exposição.
e sem encosto para a coluna.
3.2 Atuação ergonômica
De acordo com Costa et al. (2010), o trabalhador
rural, ao realizar a atividade de capinar — lançar e Do ponto de vista da Saúde Pública, o Ministé-
arrastar a enxada — assume a postura de flexão de rio da Saúde criou a Lei Orgânica da Saúde — nº
braços e pescoço exacerbada e flexo-extensão de 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre
punhos. Essa postura, dotada de pouca mobilidade as condições para a promoção, proteção e recupe-
corporal, pode ser mais fatigante que os esforços ração da saúde de todos os cidadãos brasileiros, a
dinâmicos moderados, pois o conforto postural organização e o funcionamento dos serviços cor-
está mais relacionado com as possibilidades de se respondentes a essas ações. Somado a isso, a Por-
taria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, que institui
alterar a postura.
a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Os operadores de tratores agrícolas estão expostos Trabalhadora, torna clara a importância de que as
a uma determinada carga física e, neste caso, tam- situações reais de cada ambiente e local de trabalho
bém mental, pois a operação de um trator exige o sejam conhecidas e observadas, para que ações de
controle simultâneo de diversas variáveis referen- vigilância em saúde sejam implementadas em pro-
tes ao trabalho. O esforço físico e mental leva à cessos e ambientes de trabalho, com a atuação/mo-
fadiga, o que diminui a capacidade de concentra- nitoração de gestores e dos próprios trabalhadores.
ção do operador, aumentando, em consequência,
O Ministério do Trabalho e Emprego, através da
a ocorrência de acidentes de trabalho, que podem
Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, criou e
resultar em erros (MÁRQUEZ, 1990). vem constantemente revisando as normas regu-
A divisão e o ritmo intenso de trabalho, com co- lamentadoras (NR), que disciplinam e fornecem
brança de produtividade, jornada de trabalho orientações sobre procedimentos obrigatórios re-
prolongada, ausência de pausas, entre outros as- lacionados à segurança e medicina do trabalho.
Entre elas, encontra-se a NR 17 — Ergonomia,
pectos da organização do trabalho, condição par-
que visa a estabelecer parâmetros que permitam
ticularmente observada em trabalhadores rurais
a adaptação das condições de trabalho às carac-
assalariados (como, por exemplo, colheita de cana,
terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de
flores, café etc.), têm ocasionado o surgimento de
modo a proporcionar um máximo de conforto, se-
uma patologia típica dos trabalhadores urbanos
gurança e desempenho eficiente. Somada a isso, a
assalariados: as LER/DORT – Lesões por Esforços
já citada NR 31 — Segurança e Saúde no Trabalho
Repetitivos / Doenças Osteomusculares Relacio-
na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração
nadas com o Trabalho (SILVA, 2005).
Florestal e Aquicultura — estabelece os preceitos
Mais exemplos de riscos ergonômicos comuns nas a serem observados na organização e no ambiente
atividades dos trabalhadores agrícolas são no plan- de trabalho, de forma a tornar compatíveis o pla-
tio, ordenha, colheita e capina — problemas postu- nejamento e o desenvolvimento das atividades da
rais; na poda, representam um importante grupo agricultura, pecuária, silvicultura, exploração flo-
de consequências chamadas de Lesões por Esfor- restal e aquicultura, com segurança e saúde e meio
ambiente do trabalho. Segundo essa NR, os empre-
ços Repetitivos – LER.
gadores rurais ou equiparados devem programar
Diante de tais fatos e informações, faz-se necessá- ações de segurança e saúde que visem à prevenção
ria uma maior atenção voltada para esses traba- de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na
unidade de produção rural, atendendo à seguinte tivo (TTC), bem como para aumentar a produtivi-
ordem de prioridade: a) eliminação de riscos atra- dade, a qualidade e a eficiência dos trabalhadores
vés da substituição ou adequação dos processos rurais. Os cabos de ferramentas feitos com madei-
produtivos, máquinas e equipamentos; b) adoção ra envernizada fornecem uma superfície de susten-
de medidas de proteção coletiva para controle dos tação melhor do que os de metal ou plástico. Os
riscos na fonte; c) adoção de medidas de prote- cabos de borracha podem se tornar pegajosos. Os
ção pessoal. Ainda assim, cita a necessidade de o cabos condutores de frio reduzem a temperatura
empregador adotar princípios ergonômicos para da mão e aumentam o risco de lesões cumulativas.
melhorar as condições de conforto e segurança no Para evitar o esgotamento gradual dos músculos, a
trabalho para seus funcionários. chamada carga estática (sustentar uma ferramen-
ta ou manter dada postura) não deve exceder 10%
De acordo com Fernandes et al. (2009), têm sido da capacidade da força muscular máxima do tra-
uma preocupação da ergonomia a adequação e as balhador. Já as cargas dinâmicas (ex.: operar um
melhorias no posto de trabalho do operador de motosserra), que empregam grupos musculares
tratores agrícolas. Atualmente, há uma tendência maiores, não devem exceder 40% da capacidade
no Brasil à conformidade do posto de trabalho em máxima do indivíduo.
tratores agrícolas e florestais, buscando, dessa for-
ma, minimizar a fadiga corporal geral e visual, le- A mecanização das atividades pode ser feita com o
sões por esforços repetitivos e o risco de acidentes emprego de: polias, transportadores de correia, ta-
causados, principalmente, pelo posicionamento lhas empilhadeiras, carrinhos de transporte, eleva-
incorreto do operador. dores, guindastes, pontes-rolantes, além de trato-
res e máquinas agrícolas com cabines climatizadas.
De acordo com informações obtidas nos sites da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro De acordo com Paschoarelli e Menezes (2009),
(UFRRJ) e de Estudos e Inovações em Educação a uma simples modificação, por meio do design ergo-
Distância (Inova Ead), a indústria pode colaborar nômico em rótulos de embalagens de agrotóxicos,
com a Ergonomia, produzindo ferramentas ma- facilita a visibilidade, a compreensão e o manuseio.
Após pesquisa realizada pelos autores, constatou-
nuais com cabos ergonômicos, que diluem o esfor-
se que, com os rótulos convencionais, há uma des-
ço por toda a palma da mão e fazem com que o
motivação para ler os procedimentos, graças ao
punho trabalhe reto: o rendimento do trabalho é
excessivo conteúdo informativo e ao tamanho de
maior e o cansaço é menor. Elas devem, portanto,
letra. No entanto, quando a leitura torna-se fácil
estar adequadas ao agricultor. Aquelas que exigem
e agradável, o usuário mobiliza-se positivamente
a aplicação de esforço muscular excessivo (pesam
a aprender. A diagramação, associada à edição de
entre 4 e 8 kg e requerem muito dos músculos, se
texto, torna-se uma ferramenta essencial para ele-
estão sujeitas à posição horizontal por mais de três
var a comunicação de determinado veículo.
minutos) e/ou posturas incômodas, podem oca-
sionar tensão na mão, braço e ombros, de forma Além de conferir credibilidade ao fabricante e dar
acumulativa ou gradual. maior segurança ao usuário da embalagem, os pic-
togramas possuem a força extraordinária de trans-
Ainda segundo os sites referidos acima, o desvio
cender a mensagem, principalmente quando o
do punho em mais de 30 graus afeta diretamen-
grau de alfabetismo é variável e existem condições
te a quantidade de força transferida da mão para
de perigo a serem ressaltadas.
a ferramenta. Assim, o formato e a seleção apro-
priada das ferramentas manuais são fundamentais Ainda em relação aos riscos dos agrotóxicos, Me-
para se evitar os Transtornos por Trauma Cumula- negucci (2012), em sua dissertação, afirma que o
desconforto térmico e sensorial-tátil pode condu- sando formas de minimizar os riscos a que esses
zir ao não uso do vestuário por parte dos traba- trabalhadores estão expostos ao desenvolverem
lhadores, por impor-lhes problemas, como alergias suas atividades.
por contato com materiais grosseiros, exposição ao
Devido à modernização agrícola, à grande utiliza-
calor extremo e a substâncias tóxicas, que podem
ção de ferramentas e implementos e ao uso, cada
ficar depositadas nos Equipamentos de Proteção
vez maior, de agrotóxicos, aumentam os riscos de
Individual (EPI). No desenvolvimento de ves-
acidentes e, por isso, é preciso estar atento às for-
tuários de proteção, devem ser levados em conta
mas de eliminar/minimizar esses fatores de risco,
proteção, conforto, mobilidade, compatibilidade e
utilizando as análises ergonômicas, que deverão
facilidade de uso.
ser realizadas previamente, se possível. Outra for-
ma de melhorar é pela organização do trabalho,
4. Conclusão definindo as tarefas e o tempo gasto em cada uma.
Diante da importância dos trabalhadores rurais, Importante salientar que já existem algumas evo-
principalmente em um país como o Brasil, onde luções nesse sentido, porém ainda há muito a ser
a agricultura é um setor importante da economia, realizado em prol desta classe de trabalhadores
é notória a necessidade de se continuar pesqui- tão sofrida.
Abstract
This article aims at making a bibliographical survey about what exists in the scientific literature
on the relationship between ergonomics and rural workers. For this, a research was carried out
in books, scientific databases on the Internet and inspections of documents. It was identified that
there are already some work in this area, but much remains to be done by this working class, lin-
ked to a key economic sector to society, so important and unassisted in Brazil.
Keywords
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