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Mônica de Barros
Nova Lima
2010
Mônica de Barros
Nova Lima
2010
BARROS, Mônica de
B277 l Limitações ao poder de sancionar no direito tributário brasileiro./ Mônica de
Barros – Nova Lima: Faculdade de Direito Milton Campos / FDMC, 2010.
189 f. enc.
CDU 336.2(043)
Ficha catalográfica elaborada por Emilce Maria Diniz – CRB – 6 / 1206
Faculdade de Direito Milton Campos – Mestrado em Direito Empresarial
______________________________________
Prof. Dr. Sacha Calmon Navarro Coêlho
Orientador
______________________________________
Prof. Dr. Eduardo Maneira
______________________________________
Profa. Dra. Nanci de Melo e Silva
O Direito Tributário tem como objetivo o estudo das relações obrigacionais que
envolvem o Estado e os responsáveis (contribuintes ou não) pelo pagamento dos
tributos e pelo cumprimento das obrigações tidas como instrumentais ou acessórias.
Nesta relação obrigacional são postas as normas de conduta, fincadas em juízos
hipotéticos, as quais, ocorridas no mundo fenomênico, geram a dita obrigação
tributária. Pois bem, ainda na seara do Direito Tributário, o não cumprimento das
obrigações tributárias gera o surgimento da norma sancionante tributária, também
em juízo hipotético, mas que se diferencia da primeira (normas de conduta), porque
nesta última a hipótese parte de um ato ilícito (descumprimento da norma de
conduta). O que se pretende investigar no presente trabalho são os limites para
aplicação das sanções fiscais, exclusivamente no Direito Tributário, posto que se os
tributos sofrem profundas restrições ou limitações ao poder de tributar e o não
estabelecimento de limites ao poder de sancionar poderia, como hoje ocorre, levar
ao abuso ou ao desvio das funções essenciais das sanções. Diante do exposto,
mostra-se necessário que as sanções tributárias, que devem ser essencialmente
pecuniárias, tenham limitações ou atenuações quantitativas (vedação ao confisco) e
qualitativas (proporcionalidade e razoabilidade), mesmo mantendo a
responsabilidade objetiva consagrada no Código Tributário Nacional (art. 136, CTN).
Aliás, é o próprio Código Tributário Nacional que traz os elementos suficientes para
que as sanções tributárias retomem as suas reais e relevantes funções: punição,
educação e prevenção, cabendo, portanto, serem aplicadas.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8
4 O ILÍCITO TRIBUTÁRIO................................................................................... 55
4.1 O conceito de ilícito tributário ......................................................................... 55
4.2 O ilícito tributário resultante do descumprimento das obrigações principais
e acessórias ......................................................................................................... 61
4.3 O ilícito tributário e a responsabilidade objetiva do art. 136 do CTN.............. 63
4.4 Espécies de sanções no Direito Tributário ..................................................... 70
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 167
8
1 INTRODUÇÃO
1
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 53.
9
2
COÊLHO,Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 67.
10
3
“Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição
Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos
Municípios, para definir ou limitar competências tributárias”.
11
Em função disso, o sistema tributário deve estar voltado para incentivar esta
unidade empresarial geradora de riqueza para todos que a cercam, incluindo, mas
não se esgotando, o empresário, o fisco, os seus empregados, assim como a
sociedade como um todo.
4
DERZI, Misabel Abreu Machado. O princípio da preservação das empresas e o direito à economia
de imposto. In: ROCHA, Valdir de Oliveira (Coord.). Grandes questões atuais do direito tributário.
proteção da confiança, boa fé objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais no poder
judicial de tributar. São Paulo: Noeses, 2009. v. 1, p. 356.
12
Todos esses fatores contribuem para formação do que se tem hoje que é um
sistema inseguro, injusto e que convive com inúmeras sanções fiscais, muitas vezes
aplicadas em patamares ainda dos tempos inflacionários.
Desta feita, se a sanção tributária incide toda vez que no mundo real, ocorre
uma infração a um dever tributário estatuído em lei, portanto, é razoável concluir que
o cometimento da conduta definida como infração constitui um comportamento
típico.
estudado, jamais com a pretensão de esgotar o tema, mas sim com a ansiedade de
investigar e contribuir, valendo-se, aqui, das belas palavras de Renato Janine
Ribeiro:
[...] não vejo razão, para alguém fazer uma pesquisa de verdade, que não o
amor a pensar, a libido de conhecer. E, se é de amor ou desejo que se
trata, deve gerar tudo o que o intenso amor suscita, de tremedeira até suor
nas mãos. O equivalente disso na pesquisa é muito simples: o susto, o
pavor diante da novidade. Mas um pavor que desperte a vontade de inovar,
em vez de levar o estudante a procurar terra firme, terreno conhecido.5
5
RIBEIRO, Renato Janine. Tempo social. Revista Social da USP, São Paulo, n. 1, v. 2, p. 189-195,
maio 1999. p. 22.
6
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus,
1992. p. 176.
16
Michel Foucault, em sua obra Vigiar e Punir, retrata a posição dos cahiers de
doléances quanto aos suplícios e diz: “Que as penas sejam moderadas e
proporcionais aos delitos, que a de morte só seja imputada contra os culpados
assassinos, e sejam abolidos os suplícios que revoltem a humanidade”7.
[...] ela utiliza marcas rituais de vingança que aplica sobre o corpo do
condenado. No projeto dos juristas reformadores, a punição é um processo
para requalificar os indivíduos como sujeitos de direito; utiliza, não marcas,
mas sinais, conjuntos codificados de representações, cuja circulação deve
ser realizada o mais rapidamente possível pela cena do castigo, e a
aceitação deve ser a mais universal possível. Enfim, no projeto de
instituição carcerária que se elabora, a punição é uma técnica de coerção
dos indivíduos; ela utiliza processos de treinamento do corpo - não sinais -
com os traços que deixa, sob a forma de hábitos, no comportamento [...].8
7
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 37. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 126.
8
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, p. 126.
17
Por último, mas não menos importante, caberá verificar quais seriam os
limites quantitativos e qualitativos das sanções fiscais para que a atividade
empresarial não reste inviabilizada.
9
ATALIBA, Geraldo. Elementos de direito tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1978. (Aula
de abertura Propedêutica Jurídica). p. 21.
19
10
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008. p. 03.
11
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, apud COÊLHO, Curso de direito tributário brasileiro. 9. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 11
12
VILANOVA, Lourival. Sobre o conceito de direito, apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso
de direito tributário brasileiro, p. 12
20
uma nova relação entre o contribuinte e o Estado, ainda centrada numa relação
obrigacional, mas que se irriga da norma constitucional, de onde nascem as
competências e os limites ao poder de tributar.
13
LOBATO, Valter Souza. Os tributos destinados ao custeio da seguridade social: a busca do
equilíbrio de suas fontes. 2004. 394 f. Dissertação (Mestrado em Direito Tributário) - Faculdade de
Direito, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. p. 12.
21
[...]
O Direito Tributário cuida especificamente das receitas derivadas do
patrimônio particular transferidas para o tesouro público mediante
‘obrigações tributárias’ previstas em lei. A ênfase do Direito Tributário
centra-se na relação jurídica e não na atividade estatal de obtenção de
receitas. Não é o Direito do Estado, é a relação jurídica entre sujeitos de
direito sob os auspícios da legalidade e da igualdade.14
A base desta relação jurídica é a norma tributária, que tem seu porto seguro
no Texto Constitucional e se este Texto Constitucional determina que o Direito deve
buscar a Justiça e a Segurança, o Estado Democrático de Direito e a soberania da
Federação, a legalidade e a igualdade, a técnica da relação obrigacional não pode
se isolar, mas deve ser interpretado segundo tais valores/princípios previamente
ditados pela norma constitucional.
14
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 34.
22
15
MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida. 2002. 238 f. Tese (Doutorado em Direito
Tributário) - Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. p. 17.
16
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 37.
17
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 18.331. Rel. Min. Orozimbo Nonato, j. 21/09/1951.
apud FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. O devido processo legal substantivo e o Supremo
Tribunal Federal nos 15 anos da Constituição Federal. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_59/a rtigos/Art_Olavo.htm>. Acesso em: 26 maio 2010.
23
Usando, por comodidade didática, de uma analogia que é sempre feita por
Geraldo Ataliba e Celso Antonio Bandeira de Mello, podemos dizer que o
sistema jurídico ergue-se como um vasto edifício, onde tudo está disposto
em sábia arquitetura. Contemplando-o, o jurista não só encontra a ordem,
na aparente complicação, como identifica, imediatamente, alicerces e vigas
18
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI nº 293 MC-DF. Rel. Min. Celso de Mello, j. 06/06/1990.
DJU, Brasília, 16 abr. 1993. p. 6.429. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/list
arJurisprudencia.asp?s1=ADI-MC.SCLA.+E+293.NUME.& base=baseAcordaos>. Acesso em: 26
maio 2010.
24
[...] a relação tributária, por outro lado, aparece totalmente vinculada pelos
direitos fundamentais, declarados na Constituição. Nasce, por força de lei,
no espaço previamente aberto pela liberdade individual ao poder impositivo
estatal. É rigidamente controlada pelas garantias dos direitos e pelos
sistemas de princípios da segurança jurídica. Todas essas características
fazem com que se neutralize a superioridade do Estado, decorrentes dos
interesses gerais que representa, sem que, todavia, se prejudique a
publicidade do vínculo jurídico.20
19
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 14. ed. São Paulo:
Malheiros, 2000. p. 29.
20
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 9. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2002. p. 209.
21
Apud TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 209.
25
Não por outra razão que Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua
princípio como sendo:
Roque Antônio Carrazza traz ainda as lições de Jesús Gonzàles Perez para
quem os princípios jurídicos constituem a base do Ordenamento Jurídico “a parte
permanente e eterna do Direito e, também, o fator cambiante e mutável que
determina a evolução jurídica”23.
O mais correto seria dizer que o poder - e aqui lançando mão dos mais
diversos filósofos - tem que ser a todo custo cercado, não somente no domínio
tributário, mas em qualquer domínio.
22
Apud CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 30.
23
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 30.
26
24
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. São
Paulo: Saraiva, 2009. p. 05.
25
DERZI, Misabel Abreu Machado. Dos princípios gerais de direito tributário. Belo Horizonte, 2003.
(Texto distribuído durante as aulas ministradas no segundo semestre de 2003 - Disciplina Direito
Tributário Comparado Mestrado UFMG).
26
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 79.
27
ÁVILA, Humberto. Sistema constitucional tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 80.
27
28
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 280.
29
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 31.
30
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. 7. ed. atual. por Misabel
Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 1997. Nota 1 de Misabel Abreu Machado Derzi, p.
09-10.
28
Por tudo isso, deve ser repensado o Direito Tributário à luz de seus
alicerces, para que ele não se isole do fato social e se imponha como ciência do
dever-ser.
31
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota 1 de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 09-10.
29
32
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; LOBATO, Valter Souza. A norma tributária e a lei nº 11.638/07.
In: ROCHA, Sérgio André (Coord.). Societário e a reforma da lei das S/A: inovações da lei 11.638.
São Paulo: Quartier Latin, 2008. p. 547.
30
Pois bem, se a relação tributária deve ser pautada por tais valores, se a
norma tributária não pode ser apenas uma norma de comando, mas deve ter seu
caráter valorativo ou volitivo, cabe perquirir antes, a estrutura da norma tributária,
inclusive a estrutura da norma sancionante.
Hans Kelsen defendia que a ciência do Direito somente pode ser vista como
a ciência do Direito Positivo, dirigindo todo o estudo para as normas que possuíam
caráter de norma jurídica, ou seja, aquelas normas que conferem “a determinados
fatos o caráter de atos jurídicos”33.
33
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito
tributário brasileiro, p. 11.
32
É dizer, trazendo o tema para o ramo aqui estudado, que em nada importa
ao Direito, especialmente ao Direito Tributário, se fulano possui um comércio que
atua na informalidade ou dizer que determinada empresa sonega receitas. De nada
adianta que se constituam reportagens suspeitas, dossiês, enfim, qualquer
linguagem que não seja a jurídica, não terá validade. Somente se comprovados os
fatos, apurados por fiscalização lícita, que tais fatos ganham a linguagem jurídica e,
se comprovados, geram os efeitos jurídicos daí decorrentes. Não é o anúncio da
mercadoria como passível de venda em veículo de comunicação que gera o
eventual tributo incidente sobre a venda. Este anúncio não tem qualquer significado
ao Direito, mas sim, a efetiva realização da venda que pode ter um significado para o
Direito e dele desencadear os efeitos jurídicos decorrentes.
34
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 18.
35
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p.13-14.
33
36
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária. 2. ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 1999.
37
NINO, Carlos Santiago. La definición de derecho y de norma jurídica - notas de introducción al
derecho. Buenos Aires, Astrea, 1973, apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito
tributário brasileiro, p. 85.
38
VILANOVA, Lourival, apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro,
p. 26.
34
Nas lições trazidas no artigo escrito em conjunto por Sacha Calmon Navarro
Coêlho e Valter Souza Lobato, pode-se verificar que a insistência dos autores em
diferenciar a norma jurídica, a quem os autores denominam ente lógico, da lei,
denominada por eles como ente jurídico positivado, tem razão de ser.
Cabe-nos insistir na radical diferença entre norma jurídica (ente lógico) e lei
(ente jurídico positivado). Nesse compasso, a interpretação da norma,
especialmente da norma tributária, é feita por todos aqueles envolvidos no
seu programa. Para aplicar ou suportar uma norma é necessário
compreendê-la, surpreender o seu conteúdo. Como vimos de ver, a norma
tributária é uma norma- de-conduta. Como já disse Hensel, o destinatário
deve cumpri-la, isto é, pagar o tributo, desde que realize o fato jurígeno.
Volta-se a interpretação para o fato jurígeno descrito pelo legislador (o
descritor do fato jurígeno) e também para a estrutura do dever, que a
ocorrência do fato jurígeno desencadeia (o prescritor do dever). Por ser o
Direito um corpo feito de palavras, um ser lingüístico, é natural que
dissintam os justiçáveis e operadores jurídicos sobre as atribuições dos
fatos jurígenos em abstrato em cotejo com os fatos concretos (discute-se o
modelo conceitual do fato gerador e também sobre a subsunção a ele dos
fatos concretos, a similitude em relação ao modelo).
O processo de aplicação da norma geral, impessoal, obrigatória, aos casos
concretos (concreção) implica interpretação. Aplicar a norma implica a sua
compreensão (decorrente da interpretação). Para aplicá-la, o intérprete
formula uma proposição normativa (uma proposta) a seu respeito, dela, que
pode ser correta ou não. Ocorrendo divergências ao propósito das
proposições normativas, somente um pronunciamento jurisdicional definitivo
pode acertar os entendimentos conflitantes, assentando o significado da
norma (que será norma individual nos casos restritos a partes determinadas
ou tradução da norma geral legislativa, via afazer jurisdicional, na hipótese
de controle abstrato de normas, em tese).40
39
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito
tributário brasileiro, p. 27-28.
40
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; LOBATO, Valter Souza. A norma tributária e a lei nº 11.638/07,
p. 549-550.
36
interpretação pode ser ab-rogante, negando à lei ingresso no ordo juris. Por
ora, de assentar que o método gramatical marca o primeiro contato do
sujeito cognoscente com a lei (em cujo interior está o sentido da norma).
Consiste em ser o ponto de partida para o desvendamento do sentido da
norma, mormente em Direito Tributário, que é estrito como o Penal. O
método gramatical é fase obrigatória da exegese. Se a lei contém uma
mensagem normativa, é necessário que o contribuinte-receptor a conheça
exatamente. Queiramos ou não, as leis devem expressar seus direitos e
obrigações, como posto pela linguagem em que são vazadas. O ideal seria
que todo legislador fosse um esteta da linguagem e um jusfilósofo, pleno de
clareza. Mas os corpos legislativos são formados por todas as vertentes da
sociedade. São heterogêneos pela natureza da representação política,
aberta a todos os membros que convivem nas sociedades politicamente
organizadas. Daí o uso incorreto, desabrido, atécnico da linguagem no
corpo vivo das leis.
O método histórico procura situar a lei nova no tempo. A chamada mens
legislatoris é buscada levando-se em conta o ambiente em que ela se
formou confrontada com as normas anteriores. São relevantes, outrossim,
os motivos para a sua elaboração, o relacionamento com o Direito anterior,
com a jurisprudência, a crítica doutrinária e a percepção das pressões ou
tensões pré- jurídicas que determinaram a sua elaboração. Aqui ressumbra
a importância das discussões havidas nas comissões técnicas e relatorias
legislativas (a realidade viva, berço da lei).
Freqüentemente a doutrina lança-se sobre a lei no afã de interpretá- la, sem
sequer conhecer a sua ‘exposição de motivos’, ao argumento de que feita a
lei, doravante importa apenas examiná-la, desimportante a vontade dos
seus fautores. Nada é tão arrogante quanto essa prepotência interpretativa.
Desprezam-se os valores, interesses e objetivos que informaram a feitura
da lei. Sua genética não pode nem deve ser relegada pelo intérprete,
mormente nos Direitos Tributário e Penal. Não é com o evolver da história
que os valores e as normas se transmutam?
O chamado método histórico já prenuncia o que se lhe segue, o método lógico-
sistemático, a mergulhar a lei no sistema a que pertence. Pode ocorrer de a
interpretação, esgotada a etapa gramatical, acentuar as incongruências da lei,
omissões, ambigüidades. Pode bem acontecer de o método histórico não ter
aclarado o sentido da norma ou de parte dela. É a vez do método lógico-
sistemático. Para logo a lei é imersa no sistema a que pertence, para ver se
com ele é compatível. O homem comum freqüentemente pergunta: ‘Qual é a
lógica dessa lei?’ Por isso, além de buscar a razão ou a racionalidade da lei
nova, o intérprete a liga ao sistema e ao subsistema em que se insere pelo
método lógico-sistemático, que leva em conta a hierarquia das leis, a sintaxe
normativa e o elo sistêmico. Muita vez e até com regular freqüência, chega-se a
conclusões tarjantes. Assim, se a lei não foi feita de acordo com as regras
processuais prescritas, nega-se-lhe validade formal (lei natimorta por vício
legislativo de forma). Em que pese a regra de que a lei posterior revoga a
anterior de igual hierarquia, às vezes a lei nova acrescenta um novo preceito à
antiga que contém preceito antitético.41
41
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; LOBATO, Valter Souza. A norma tributária e a lei nº 11.638/07,
p. 550-552.
37
42
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; LOBATO, Valter Souza. A norma tributária e a lei nº 11.638/07,
p. 552-554.
43
Afirma Paulo Roberto Coimbra Silva: “Pode-se dizer, sem exageros, haver KELSEN cultuado a
sanção como conceito jurídico central, de supina importância, ao sustentar que somente há dever
jurídico quando a conduta que lhe seja oposta e seja normatizada como pressuposto de um ato
coercitivo dirigido aos seus protagonistas” (SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário
sancionador. São Paulo: Quartier Latin, 2007. p. 18).
38
Se uma ordem jurídica ou uma lei feita pelo Parlamento contém uma norma
que prescreve determinada conduta e uma outra norma liga a não-
observância da primeira à sanção, aquela primeira não é autônoma mas
está essencialmente ligada à seguinte; ela apenas estabelece -
negativamente - o pressuposto a que a segunda liga a sanção. E, quando a
segunda norma determina positivamente o pressuposto a que liga a sanção,
a primeira torna-se supérflua sob o ponto de vista de técnica legislativa.44
De fato, Hans Kelsen afirmava em sua obra que a norma sancionante seria
uma norma primária, autônoma, sendo secundária a norma indutora dos
comportamentos, que caso fosse desrespeitada implicaria na aplicação da sanção,
como um elemento intrínseco constante da norma sancionante. Assim, quando o
ordenamento jurídico estabelece uma pena a quem cometer homicídio, haveria uma
norma secundária, de conduta e não autônoma a dizer para a Sociedade: não
matarás!
Ao que parece, anos mais tarde, o mesmo autor, apesar de manter seu
posicionamento de que toda norma tem uma sanção equivalente, inverte seu
raciocínio e passa a entender que a norma primária é a indutora de conduta e a
secundária a que estabelece a sanção.45
44
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Coimbra, 1962, p. 14, apud COÊLHO, Sacha Calmon
Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, p. 57-58.
45
“Se se admite que a distinção de uma norma que prescreve uma conduta determinada e de uma
norma que prescreve uma sanção para fato de violação da primeira seja essencial para o Direito,
então precisa-se qualificar a primeira como norma primária e a segunda côo secundária - e não o
contrario como o foi por mim anteriormente formulado” (KELSEN, Hans. Teoria geral das normas.
Tradução Jose Florentino Duarte. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editora, 1986. p. 181).
46
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1990. p. 39.
39
Por sua vez, o jurista argentino Augustin Gordilho47, demonstra que a sanção
tem algo mais do que o castigo (e por isso as vezes ele não necessita estar presente
para que haja a norma sancionante), posto que a sanção, antes de tudo, visa o
cumprimento da obrigação originalmente descumprida.
A critica a tal linhagem doutrinária reside no fato de que nem toda norma de
conduta gera uma sanção (v.g. a norma que determina o pagamento de um tributo
tem que ter, necessariamente, em sua hipótese um ato licito; as normas
organizatórias, as normas processuais, entre outras, não visam a sanção, mas
podem ter uma sanção como conseqüência).
47
GORDILHO, Augustin. Introduccion al derecho administrativo, apud ATALIBA, Geraldo. Hipótese
de incidência tributária, p. 41.
40
• Normas organizatórias
• Normas de competência
• Normas técnicas
• Normas de conduta
• Normas sancionantes
48
CARVALHO, Paulo de Barros apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da
exoneração tributária, p. 71.
49
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, p 77.
41
50
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, p. 79.
42
(ainda em abstrato):
São as normas que estatuem sanções para certas condutas. Toda ação não
punível é livre. Vale dizer, o que não é punível pode ser praticado
facultativamente. Tanto faz, de um ponto de vista sancionante, praticar ou
não a ação impunível. Ela não é obrigatória nem proibida. Se fosse proibida,
sua prática acarretaria uma punição. E, se fosse obrigatória, a omissão em
praticá-la acarretaria, igualmente, uma punição. Conseqüentemente, se uma
ação, ou melhor, um comportamento humano é punível, é porque a sua
prática é vedada; é porque não praticá-lo é obrigatório. Isto de não praticar
um comportamento tem dois sinais: positivo e negativo. Quando um
comportamento é punível, é porque seu contrário é obrigatório. Se se age
quando o dever é uma omissão (por exemplo: não matar), a ação de matar
é que é a hipótese da punição. Se não se age quando o dever é agir (por
exemplo: pagar tributo), o comportamento consistente em não pagar -
comportamento omissivo - é que é a hipótese da punição.51
51
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, p. 79.
52
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 432.
43
NORMA TRIBUTÁRIA
Hipótese de incidência - Fato previsto Conseqüência jurídica - Dever tributário
como jurígeno decorrente
* Aspecto material - o fato em si * A quem pagar (sujeito ativo)
* Aspecto temporal - condições de * Quem deve pagar (sujeito passivo)
tempo * Quanto pagar (base de cálculo e
* Aspecto espacial - condições de lugar alíquotas ou valor fixo, adições e
* Aspecto pessoal - condições e subtrações)
qualificações relativas às pessoas * Como pagar
envolvidas com o fato * Quando pagar
* Onde pagar
Quadro 1 - Estrutura da Norma Tributária
Fonte: COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, p. 117.
A norma tributária, como qualquer outra norma jurídica, tem sua incidência
condicionada ao acontecimento de um fato previsto na hipótese legal, fato
este cuja verificação acarreta automaticamente a incidência do
mandamento.55
53
BORGES, José Souto Maior. Isenções tributárias. São Paulo: Sugestões Literárias, 1969. p. 176.
54
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 43.
55
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 43.
56
HENSEL, Albert. Diritto tributario. Tradução Dino Jarach. Milão: Ed. Giuffrè, 1956. p. 148.
45
estatuída de maneira abstraia. Diz-se então que a norma incidiu, que houve
incidência. De um ponto de vista tributário, a parte da norma que abriga a
previsão hipotética do fato jurígeno, que alguns chamam de gerador,
podemos denominar de hipótese de incidência. Já a parte da norma que
aloja as conseqüências jurídicas decorrentes, podemos chamá-la comando,
estatuição, ordem, imperativo, relação jurídica decorrente, mandamento,
etc. Note-se que as conseqüências das normas jurídicas que criam deveres
têm recebido as mais diversas denominações na doutrina. Inexiste, na
Teoria Geral do Direito, rigor terminológico. A seu turno, a hipótese destas
normas jurídicas é denominada de hipótese de incidência, suposto,
pressuposto, suporte fáctico, fato jurígeno, fato gerador, fato tipo, etc. É
indubitável que desse rico e variado rol terminológico emerge a imprecisão.
A grande dificuldade dos autores reside em achar a forma de expressão que
diferencie, com claridade, o fato previsto na norma em abstraio (v.g. alguém
ter renda acima de ‘y’ em dado exercício) do fato real que acontece
(alguém, realmente, ter tido renda). No Brasil, a expressão fato gerador, por
exemplo, é usada nos dois sentidos, inclusive pelo Código Tributário
Nacional. De igual forma, a conseqüência hipotética que a ordem jurídica
enlaça ou imputa à hipótese da norma é, comumente, confundida com a
conseqüência jurídica que se instaura quando da realização da hipótese de
incidência. Com efeito o pagar imposto de renda previsto abstratamente na
norma, como conseqüência do fato hipotético ter renda, é diferente do dever
que se instaura no mundo jurídico como conseqüência de alguém ter tido,
realmente, renda.57
57
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência, p. 33.
46
Muito pouco precisa ser dito face à clareza impar do citado artigo. Apenas
duas formas de obrigação surgem das normas de conduta tributária, a obrigação
chamada de principal ou nuclear que se dá quando a hipótese (auferir renda, prestar
serviços e etc) ocorre no mundo real e a obrigação acessória ou instrumental, que se
trata de obrigações de fazer ou não fazer, visam quase sempre a melhoria ou a
facilitação da fiscalização.
[...] a finalidade de economizar tributos pode ser atingida tanto por atos
legítimos como por atitudes ilícitas (evasão ou elusão) do contribuinte. Por
esse motivo, somente quando constituídos os atos jurídicos pretendidos
pelo sujeito, ou verificada a sua omissão na constituição dos fatos, por meio
da linguagem competente, é que poderá o Fisco controlar a operação para
determinar sua liceidade (legítima economia de tributos) ou ilicitude e
precisar se houve evasão, elusão de tributos ou negócio indireto legítimo e
válido que atenda a uma lícita economia de tributos. De nenhum ilícito se
pode cogitar antes que se ponha em prática os atos planejados.58
Outro exemplo que foge um pouco do tema do estudo proposto, mas mostra
de forma clara a importância de bem dimensionar o estudo da estrutura da norma
58
TÔRRES, Heleno. Direito tributário internacional: planejamento tributário e operações trans-
nacionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 37.
48
Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao
financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles
concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa
decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até
cinqüenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser
o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva
atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a
partir dos índices de freqüência, gravidade e custo, calculados segundo
metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.
59
LOBATO, Valter Souza O custeio da Seguridade Social e os benefícios de risco. Princípios
aplicáveis ao poder de tributar. In: DERZI, Misabel Abreu Machado (Coord.) Separação de
poderes e efetividade do sistema tributário. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 431- 453.
49
60
Como defende Marcus de Freitas Gouvêa, a extrafiscalidade não é algo pontual no Direito
Tributário, mas se apresenta de forma indissociável - embora com limitações - em todo esse ramo
do direito (GOUVÊA, Marcus de Freitas. A extrafiscalidade no direito tributário. Belo Horizonte: Del
Rey, 2006).
50
61
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1972. p.
554.
62
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário, p. 556.
51
Toda vez que se depare o jurista com uma situação em que alguém esteja
colocado na contingência de ter o comportamento específico de dar dinheiro
ao estado (ou a entidade dele delegada por lei), deverá inicialmente verificar
se se trata de:
a) multa;
b) obrigação convencional;
c) indenização por dano;
d) tributo;
Nestes quatro casos pode alguém ser devedor de dinheiro ao estado (ou,
excepcionalmente a outra pessoa - em geral pública - designada pela lei e
por esta colocada na situação de sujeito ativo da prestação).
A multa se reconhece por caracterizar-se como sanção por ato ilícito. Para
que alguém seja devedor de multa, é necessário que algum comportamento
anterior seu tenha sido qualificado como ato ilícito ao qual a lei atribuiu a
conseqüência de dar nascimento à obrigação de pagamento de dinheiro ao
estado, como punição, ou conseqüência desfavorável daquele
comportamento.
63
Este grau de risco é estabelecido para o setor econômico, conforme o grau de risco de cada um,
classificados pelo Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE).
52
[...]
O fulcro do critério do discrímen está primeiramente no modo de nascimento
da obrigação. Se se tratar de vinculo nascido da vontade das partes, estar-
se-á diante da figura convencional (obligatio ex volluntate), mutuo, aluguel,
compra e venda, etc. Isso permite discernir a obrigação tributária das
obrigações convencionais.
Se, pelo contrário, o vinculo obrigacional nascer independentemente da
vontade das partes - ou até mesmo contra essa vontade - por força de lei,
mediante a ocorrência de um fato jurídico lícito, então estar-se-á diante de
um tributo, que se define como obrigação jurídica legal, pecuniária, que não
se constitui em sanção de ato ilícito, em favor de uma pessoa pública. Ter-
se-á obrigação de indenização por dano se o fato de que nascer a
obrigação for ilícito.
Será tributo, pois, a obrigação pecuniária, legal, não emergente de fatos
ilícitos, em princípio. Esses fatos ilícitos podem ser geradores de multa ou
obrigação de indenizar.
A multa caracteriza-se por constituir-se em sanção aflitiva, de um preceito
que impõe um comportamento determinado. A indenização é mera
reparação patrimonial, a título de composição de dano, segundo o princípio
geral de direito, de acordo com o qual quem causar prejuízo a outrem é
obrigado a indenizar.64
64
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 33-34.
65
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Infrações e sanções tributárias. São Paulo: Dialética, 2003. No
mesmo sentido, Mauricio Benevides Filho utiliza-se do termo sanção premial (BENEVIDES FILHO,
Mauricio. A sanção premial no direito. Brasília: Brasília Jurídica, 1999).
53
66
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, apud SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário
sancionador, p. 41.
67
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 19.
54
68
MACHADO, Hugo de Brito. Teoria das sanções tributárias. In: MACHADO, Hugo de Brito (Coord.).
Sanções administrativas tributárias. São Paulo: Dialética, 2004. p. 161.
69
SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Sanções tributárias no âmbito da competência estadual. A
imputação das penalidades, por infrações praticadas por terceiros, e a personalidade das sanções
tributárias. In: DERZI, Misabel Abreu Machado (Coord.) Separação de poderes e efetividade do
sistema tributário. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 284.
55
4 O ILÍCITO TRIBUTÁRIO
Desta feita, o ilícito, seja ele tributário ou não, decorre da violação de uma
norma que protege um bem jurídico, seja ele individual ou coletivo.
70
MACHADO, Hugo de Brito. Sanções tributárias. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva (Coord.).
Sanções tributárias. São Paulo: Resenha Tributária, 1979. p. 245.
56
Aliás, esta se mostra uma das justificativas para a regra posta no artigo 112
do CTN:
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou
extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
Desta feita, se a sanção tributária incide toda vez que ocorre uma infração a
57
um dever tributário estatuído em lei, é possível afirmar que a dita infração constitui
um comportamento típico.71
O ilícito está em matar alguém, cometer furto, mas também está em não
pagar o aluguel, em não cumprir o contrato ou em não pagar o tributo. O ilícito, como
dito, é a hipótese que - se ocorrida - deve gerar a sanção. Nada mais, nada menos.
71
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 21.
72
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 34.
73
Pelos motivos em realce, para os adeptos dessa corrente, dominante na Europa, os ilícitos
tributários, mesmo os não-delituosos, encontram-se insertos no universo de investigação do
Direito Penal, sendo, para eles, indisputável a prevalência dos princípios gerais do Direito Penal
sobre as infrações exclusivamente tributárias (SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário
sancionador, p. 135).
58
Assim, partindo dessa premissa, é possível afirmar que uma mesma conduta
ou um mesmo ilícito pode ter reflexos tributários e, ao mesmo tempo, pela sua
gravidade, também ter uma previsão legal no âmbito do Direito Penal. Isso não retira
a autonomia da primeira norma, pelo contrário, é possível ter um ilícito tributário,
mas sem reflexo no Direito Penal, mas o inverso não corresponde a verdade, ou
seja, uma conduta não reprimida pelo Direito Tributário, jamais poderá ser punível
pelo Direito Penal Tributário.
Como visto, a tipificação das condutas como delituosas está prevista nas
normas penais sendo que é nela também que estão previstas as sanções
penais para tais condutas. A Lei nº 8.137/90, em seus artigos 1º e 2º assim
estabelece:
59
Vê-se, portanto que a prática do ilícito pode, pelo menos a priori, implicar
como conseqüência, a imposição de penalidade pecuniária, mas pode, da mesma
maneira, provocar a perda de algum direito, seja ele a restrição à liberdade, por
exemplo.
74
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Sanções administrativas tributárias. In: MACHADO, Hugo de
Brito (Coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: Dialética, 2004. p. 422.
62
Por sua vez, as infrações tributárias podem ser dividias ainda em duas
espécies e tal classificação não deve servir apenas para diferenciar condutas, mas
também para que haja gradação no momento da aplicação da penalidade.
Paulo de Barros Carvalho ensina que na a infração subjetiva, exige a lei que o
autor do ilícito tenha agido com dolo ou culpa, exemplificando com o comportamento do
contribuinte do imposto de renda (IR), que ao declarar, omite, deliberadamente,
algumas receitas, com o objetivo de recolher quantia menor do que a devida.75 Já na
infração objetiva, nos termos do art. 136 do CTN, não é necessária a apuração da
vontade do infrator, sendo que ocorrendo o previsto na hipótese normativa, qualquer
que seja a intenção do agente, estará por configurado o ilícito.
Contudo, o mesmo autor adverte que tal interpretação dada ao art. 136,
merece temperamentos, principalmente, em razão do que estabelece o artigo. 112
do CTN, anteriormente transcrito.
75
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 546-
547.
76
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 446.
77
No mesmo sentido Hugo de Brito Machado para quem: “o art. 136 do CTN não estabelece
responsabilidade objetiva em matéria de penalidades tributárias, mas a responsabilidade por culpa
presumida [...] o interessado pode excluir a responsabilidade fazendo prova de que, alem de não
ter a intenção de infringir a norma, teve a intenção de obedecer a ela, o que não lhe foi possível
fazer por causas superiores à sua vontade” (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 165).
64
78
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional, p. 286.
79
Quanto à anistia, importante considerar que a sua característica essencial é retroagir, assim como
as decisões judiciais, quando cancelam as penalidades. “Ementa: I. A característica da anistia é
justamente a de dispor para o passado, excluindo o crédito decorrente da imposição de
penalidades ao contribuinte (art. 180 do CTN). [...]” (BRASIL. Tribunal Regional Federal (4.
Região). AC nº 1998.04.01.054266-0/RS. 3. T. Rel. Des. Fed. Paulo Afonso Brum Vaz, j.
30/03/2000. DJ, Porto Alegre, 31 maio 2000. p. 177. Disponível em: <http://www.trf4.jus.br/trf4/proc
essos/acompanhamento/resultado_pesquisa.php?selForma=NU&txtValor=199804010542660&chk
MostrarBaixados=&todasfases=&todosvalores=&todaspartes=&txtDataFase=&selOrigem=TRF&sis
tema=&hdnRefId=&txtPalavraGerada=>. Acesso em: 02 jul. 2010).
65
80
TEIXEIRA, Alessandra Machado Brandão. O artigo 136 do CTN e a possibilidade de redução das
multas tributárias. In: NEDER, Marcos Vinicius; DE SANTI, Eurico Marcos Diniz; FERRAGUT,
Maria Rita (Coord.). A prova no processo tributário. São Paulo: Dialética, 2010. p. 96.
81
Parece seguir no mesmo compasso Aliomar Baleeiro: “A cláusula ‘seja qual for o motivo
determinante da falta’ [o Autor está a referir-se ao art. 136 do CTN] deve ser atendida em termos,
num sistema jurídico que autoriza a eqüidade na interpretação das leis (CTN, art. 108, IV). Os
tribunais brasileiros, inclusive o Supremo Tribunal Federal, têm excluído multas em casos
especiais. (Ver STF, RE nº 55.906, Gallotti, 27. 5.65, Pleno, RTJ, 33/647; RE nº 57.904, Lins,
25.4.66, 1° Turma, RTJ, 37/296; 2ª Turma: Ag. nº 40.319, 22.8.67; RE nº 60.413; Nogueira,
17.10.67; RE nº 60.476, Lins, 28.11.67; RE nº 60.972, Baleeiro, 7.3.67; RE nº 61.160, Lins,
19.3.68, RTJ, 44.661; RE nº 60.964, Baleeiro, 7.3.67, RTJ, 41/55)” (BALEEIRO, Aliomar. Direito
tributário brasileiro. 11. ed. atual. por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense,
1999. p. 547).
82
BATISTA JUNIOR, Onofre Alves. As sanções adminitrativo-fiscais heterodoxas e sua cuidadosa
possibilidade de aplicação no direito tributário. In: SILVA, Paulo Roberto Coimbra (Coord.).
Grandes temas do direito tributário sancionador. São Paulo: Quartier Latin, 2010. p. 434.
66
Veja-se que de forma diversa, quando quis o CTN agiu para determinar o
tipo de responsabilidade, conforme preceitua o art. 137 que trata da
“responsabilidade pessoal do agente”.
83
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Multas fiscais. O art. 136 do CTN, a responsabilidade objetiva
e suas atenuações no sistema tributário pátrio. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo,
n. 138, p. 123-131, 2007. p.126-128.
67
De fato, o tipo detém tais subjetividades, mas que - nas lições do Mestre
Sacha - devem ser tomadas e integradas à norma pelo respiradouro da
interpretação.
84
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Multas fiscais. O art. 136 do CTN, a responsabilidade objetiva
e suas atenuações no sistema tributário pátrio. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo,
n. 138, p. 123-131, 2007.
85
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Infrações e sanções tributárias. 1ed. São Paulo: Dialética. p.
117.
68
a) Primeiro pelo artigo 10086, pelo qual se determina que se o contribuinte age
segundo a orientação do Fisco, fica totalmente livre de multas, juros e correção
monetária.
b) Segundo pelo art. 106 do CTN87 que deixa evidente que a retroatividade benigna
deve ser aplicada sob as seguintes premissas: (i) A lei somente retroage se for
para beneficiar o contribuinte, jamais o Estado. (ii) A lei interpretativa traduz e
esclarece a lei interpretada, mas dessa interpretação fica excluída a aplicação de
penalidade às supostas infrações dos dispositivos interpretados. Assim, o
contribuinte se beneficia com a retroatividade e não pode ser penalizado pela
surpresa da lei interpretativa.
d) Também pelo que consta no art. 112 do CTN88 que consagra, de vez, a fala de
Edmar Oliveira Andrade Filho, anteriomente transcrita, pois nele há a efetiva
relativização da responsabilidade objetiva do ilícito. Não deixa ela de ser objetiva
(a responsabilidade), mas no momento de apenar deve se considerar o elemento
subjetivo do ilícito (a culpabilidade), as circunstâncias da infração e sua
86
“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e
dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões
dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia
normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os
convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo
do tributo”.
87
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II -
tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b)
quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe
comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática”.
88
“Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira
mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à
natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à
autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua
graduação”.
69
gravidade, bem como os efeitos desta infração. Tudo isso dirigido aos julgadores
administrativos e judiciais para amenização das sanções fiscais.
e) Por fim, pode-se citar o art. 138 que permite o perdão daqueles contribuintes que
comparecem espontaneamente ao Fisco para quitarem seus débitos89. Além
disso, o art. 161 determina a incidência dos juros de mora sem verificação dos
motivos da falta de pagamento do tributo, assim como o art. 151 que suspende a
exigibilidade do crédito tributário e, portanto, afasta qualquer possibilidade de
punição.
89
Recentemente passou a entender o STJ (Súmula nº 360) que nos tributos lançados por
homologação, quando declarado e não pago o tributo não seria aplicável o art. 138 do CTN, ao
argumento de que a declaração prévia do contribuinte torna desnecessário qualquer procedimento
de fiscalização, sendo o ato do contribuinte substituto deste último, enquadrando na ressalva do
parágrafo único do referido art. 138, CTN.
90
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Multas fiscais. O art. 136 do CTN, a responsabilidade objetiva
e suas atenuações no sistema tributário pátrio. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo,
n. 138, p. 121-131, 2007. p. 128.
70
Dito isso, passa-se ao estudo das espécies de sanções fiscais, que serão
aplicadas sempre que ocorrer as infrações acima tipificadas.
91
MACHADO, Hugo de Brito. Sanções políticas no Direito Tributário. Revista Dialética de Direito
Tributário, São Paulo, n. 30, p. 46-49, 1998. p. 46-47.
92
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 70, de 13 de dezembro de 1963. In: SÚMULA da
jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Imprensa Nacional, 1964. p.
56. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=70.NUM
E. NAO S.FLSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 26 maio 2010.
93
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 323, de 13 de dezembro de 1963. In: SÚMULA da
jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Imprensa Nacional, 1964. p.
143. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=323.N
UME. NAO S.FLSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 26 maio 2010.
72
atividades profissionais”94.
94
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 547, de 13 de dezembro de 1969. DJ, Brasília, 10
dez. 1969. p. 5.935. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.
asp?s1=547.NUME. NAO S.FLSV.&base=baseSumulas >. Acesso em: 26 maio 2010.
73
95
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 535.053/RS. Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
28/03/2005. DJ, Brasília, 31 jan. 2008. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/li
starJurisprudencia.asp?s1=(RE$.SCLA.E374981.NUME.)&base=baseMonocraticas>. Acesso em:
26 maio 2010.
96
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 207.946/MG. 1. T. Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio,
j. 20/05/2008. DJe, Brasília 04 jun. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia
/listarJurisprudencia.asp?s1=(207946.NUME. OU 207946.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso
em: 26 maio 2010.
74
97
A conjugar com o art. 138 do CTN esta multa somente seria devida quando não configurados os
pressupostos da denúncia espontânea, ou seja, quando tratar-se de tributo declarado e não pago
(Súmula nº 360, STJ) ou quando a fiscalização já deu início aos trabalhos de revisão e
fiscalização.
75
98
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. Campinas: Bookseller, 2003. t. 24, p. 46-50.
99
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça. Revista dos Tribunais, São Paulo, ano 92, v. 811, p. 99-114, maio 2003.
76
100
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 1.037.452/SC. 2. T. Rel. Min. Eliana Calmon, j.
06/11/2008. DJe, Brasília, 26 nov. 2008. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Just
ica/detalhe.asp?numreg=200800500318&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
77
101
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 244.296/RJ. 4. T. Rel. Min. César Ásfor Rocha, j.
27/06/2000. DJ, Brasília, 05 ago. 2002. p. 345. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/proces
so/Justica/detalhe.asp?numreg=200000000175&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio
2010.
78
Toda vez que, pelo simples inadimplemento, e não mais com o caráter de
indenização, se cobrar alguma coisa do credor, este algo que se cobra a
mais dele, e que não se capitula estritamente como indenização, isso será
uma pena [...] e as multas ditas moratórias [...] não se impõem para
indenizar a mora do devedor, mas para apená-lo.103
Portanto, não se pode dizer que o art. 138 do CTN não abarca as multas de
mora. Isso porque, inegavelmente, o art. 138 do CTN determina que a denúncia
espontânea do contribuinte afasta a responsabilidade pelo pagamento de alguma
penalidade.
102
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; SANTIAGO, Igor Mauler; MANEIRA, Eduardo. Exclusão da
multa moratória em caso de pagamento espontâneo de tributo atrasado (CTN, art. 138). Forma de
recuperação de indébito. Belo Horizonte, [s.d.]. p. 1. Disponível em: <http://www.sachacalmon.com
.br/admin/arq_publica/77c67132097f9b1ff028aed0eca8d21b.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2010.
103
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro; SANTIAGO, Igor Mauler; MANEIRA, Eduardo. Exclusão da
multa moratória em caso de pagamento espontâneo de tributo atrasado (CTN, art. 138). Forma de
recuperação de indébito, p. 1.
79
104
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 105-106.
105
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 161.
106
NARAHASHI, Mitsuo. Multa de mora em obrigação tributária. Revista Dialética de Direito
Tributário, São Paulo, n. 13, p. 55-63, out. 1996.
80
Ocorre que não existe a mais mínima incompatibilidade entre os artigos 138
e 161. O art. 161 fixa a regra geral de que a inadimplência acarreta o
pagamento agravado de juros de mora, correção monetária e multas pela
mora, e o art. 138 define a exceção a esta regra. Assim, ocorrendo denúncia
espontânea, acompanhada do recolhimento do tributo, com juros e correção
monetária, nenhuma penalidade poderá ser imposta nem tampouco exigida
do contribuinte, anteriormente inadimplente.108
107
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro, p. 454-455.
108
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 111.
109
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. EREsp. nº 531.249/RS. 2. T. Rel. Min. Castro Meira, j.
23/06/2004. DJ, Brasília, 09 ago. 2004. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
ca/detalhe.asp?numreg=200400288861&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26. maio. 2010.
81
110
SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário sancionador, p. 61-76.
111
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 766.004/SE. 1. T. Rel. Min. Francisco Falcão, j.
25/10/2005. DJ, Brasília, 19 dez. 2005. p. 263. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/proces
so/Justica/detalhe.asp?numreg=200501129732&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio
2010.
112
BRASIL. Tribunal Regional Federal (1. Região). AC nº 1997.01.00.045483-6/MG. 4. 1. T. Rel.
Juiza Conv. Vera Carla Cruz, j. 08/10/1999. DJ, Brasília, 17 mar. 2000. p. 276. Disponível em:
<http://www.trf1.jus.br/Processos/ProcessosTRF/>. Acesso em: 26 maio 2010.
82
113
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 1.096.712/MG. 1. T. Rel. Min. Denise Arruda, j.
02/04/2009. DJ, Brasília, 06 maio 2009. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Jus
tica/detalhe.asp?numreg=200802349433&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
83
Por mais repetitivo que se possa parecer, num primeiro enfoque do que seja
Estado Democrático de Direito, pode-se afirmar que deve esse Estado primar para
relação jurídica, ou seja, não pode mais prevalecer o poder, mas a segurança de
uma relação jurídica, banhada pela igualdade e pela Justiça. As relações devem ser,
portanto, reguladas pelo Direito, inexistindo a lei do mais forte.
114
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, p. 61.
115
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota 1 de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 09-10.
85
[...] entretanto, apesar das várias revisões por que passou a teoria, fica
sempre a idéia principal de que, através da separação dos poderes ou, na
versão mais moderna, das funções estatais, se assegura a liberdade. Por
meio do equilíbrio e controle recíproco entre as funções estatais, no sistema
de pesos e contrapesos, se obtém ‘uma garantia concreta da liberdade e
uma afirmativa de que a soberania não será usurpada por qualquer um dos
órgãos. [...] Lato sensu, todo Estado é de Direito, vez que a todo Estado
corresponde uma ordem jurídica. Não obstante, a expressão é reservada,
como lembra Hans Kelsen, para designar aquele, onde certas condições
mínimas de democracia e garantias individuais são respeitadas. Na
república democrática, a liberdade é compreendida como autodeterminação,
ou seja, o indivíduo é submetido a um ordenamento jurídico que ele quer,
porque partilha de sua criação. [...] A noção fundamental que decorre da
democracia não é propriamente a separação entre as funções estatais, mas
a idéia de que todo poder deve decorrer do povo e ser por ele exercido e
‘onde não é possível a democracia direta mas apenas a indireta, todo poder
tem que ser exercido por um órgão colegiado cujos membros tenham sido
eleitos pelo povo e sejam juridicamente responsáveis perante este’ [...] A
116
ATALIBA, Geraldo. A república e constituição. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 36.
117
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 4. ed. Coimbra:
Almedina, 2000. p. 1.137.
118
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. Tradução Márcio Pugliesi.
São Paulo: Ícone, 1995.
86
Pois bem, nesta primeira face do Estado Democrático, deseja ele conter o
abuso, separar as funções para que Executivo, Legislativo e Judiciário possam
conter as forças de cada qual e encontrar o equilíbrio.
119
DERZI, Misabel Abreu Machado. Direito tributário, direito penal e tipo. 2. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2007. p. 85-86.
87
120
STEIN, Torstein. A segurança jurídica na ordem legal da República Federal da Alemanha. In:
LAGUARDIA, Jorge Mario García et al. Acesso à justiça e cidadania. São Paulo: Konrad-
Adenauer-Stiftung, 2000. Cadernos Adenauer n. 3, p. 93.
88
121
LOBATO, Valter Souza. Os tributos destinados ao custeio da seguridade social: a busca do
equilíbrio de suas fontes, p. 38-39.
122
ATALIBA, Geraldo. Princípios constitucionais tributários. São Paulo: EDUC, 1976. v. II, p. 08-09.
90
[...] A relação tributária, por outro lado, aparece totalmente vinculada pelos
direitos fundamentais, declarados na Constituição. Nasce, por força de lei,
no espaço previamente aberto pela liberdade individual ao poder impositivo
estatal. É rigidamente controlada pelas garantias dos direitos e pelos
sistemas de princípios da segurança jurídica. Todas essas características
fazem com que se neutralize a superioridade do Estado, decorrentes dos
interesses gerais que representa, sem que, todavia, se prejudique a
publicidade do vínculo jurídico.125
123
“Sendo o Direito um sistema, torna-se mais fácil apreender o conteúdo, sentido e alcance de seus
institutos e normas em função das exigências postuladas por esses princípios. Olvidar o cunho
sistemático do Direito é admitir que suas formas de expressão mais salientes, as normas, formam
um amontoado caótico, sem nexo, nem harmonia, em que cada preceito ou instituto pode ser
arbitrária e aleatoriamente entendido e aplicado, grosseiramente indiferente aos valores jurídicos
básicos resultantes da decisão popular” (ATALIBA, Geraldo. A república e constituição, p. 15).
124
ÁVILA, Humberto. Sistema constitucional tributário, p. 74.
125
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 209.
91
Humberto Ávila afirma, ainda, que as limitações são uma espécie das várias
limitações que o sistema constitucional estabelece: regras de competência,
princípios, garantias e direitos fundamentais.126
Colegas de mesa, o tema que nos foi oferecido diz respeito aos “Princípios
Constitucionais de Proteção aos Contribuintes”. Seria desnecessário vincar,
neste momento, a importância dos princípios jurídicos na trama da
realização do Direito. O prof. Geraldo Ataliba não tem se cansado de dizer,
na sua incansável tarefa de espargir sabedoria a respeito da aplicação do
Direito Tributário, que ferir um princípio é muito mais grave do que lecionar
uma norma em particular, porque o ferimento ao princípio vulnera a própria
ordem jurídica e ataca os fundamentos dessa mesma ordem jurídica. Daí
que os princípios jurídicos são fundantes, são estruturais, eles comandam e
imantam a Ordem Jurídica, as normas se agrupam e se submetem aos
princípios. Portanto, o respeito ao princípio, o conhecimento de sua
mecânica assume relevo ímpar nesta trama da realização do Direito a que
me referi há pouco...”.127
princípio é uma norma, mas, muito mais do que uma norma, é uma pedra
angular do sistema porque, embora contendo uma norma, ele é também a
fonte que serve para suportar outras normas. Muito mais do que um
comando, o princípio é uma diretriz, é um norte do sistema. O princípio,
além de estabelecer e prescrever comportamentos dá sentido, direção a um
grupo de normas jurídicas. [...] Princípio - foi dito - é mais do que norma, é
126
ÁVILA, Humberto. Sistema constitucional tributário, p. 71.
127
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Princípios constitucionais tributários, conferência e debates.
Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 48, p. 65-71, mar. 1989. p. 65.
92
128
ATALIBA, Geraldo. Princípios constitucionais tributários, p. 12-13.
129
A Professora Misabel Abreu Machado Derzi, nas anotações à obra de BALEEIRO, Aliomar.
Limitações constitucionais ao poder de tributar, 1999, arrola mais de 36 princípios, incluindo as
imunidades ditas como “[...] meras especializações ou explicações dos direitos e garantias
individuais”, lembrando que nem mesmo o art. 5º do Texto Constitucional que arrola os princípios
é taxativo: “Os direitos e garantias expressos nessa Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte”.
130
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 45.
93
moderno. ou nas palavras da Professora Misabel Abreu Machado Derzi “[...] para
captar as fluidas transições da vida [...]”131.
131
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 152.
132
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1.159.
133
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 174.
94
Ainda nos ensinamentos de Humberto Ávila, não se pode dizer que os princípios
são mais importantes que as regras ou vice-versa, mas que ambos os institutos são
complementares. O autor ainda menciona uma terceira categoria, os postulados, que
seriam princípios que auxiliam na aplicação, na dosagem e no processo de arbitragem
ou sopesamento quando dois ou mais princípios entram em conflito.
134
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 10. ed.
São Paulo: Malheiros, 2009. p. 120-121.
95
135
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 10.
136
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 77.
137
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 78.
138
Para tanto o autor classifica os valores jurídicos como “[...] idéias inteiramente abstratas,
supraconstitucionais, que informam todo o ordenamento jurídico e que jamais se traduzem em
linguagem normativa. A justiça e a segurança ou paz jurídica são as idéias básicas do Direito. De
nada adiantaria a Constituição proclamar que a República Federativa do Brasil é justa e segura,
posto que tais valores só se concretizam pelos princípios, subprincípios e normas que se afirmam
na prática constitucional” (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 79).
139
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, p. 79.
96
Quanto à primeira crítica, o sistema atual é lido de baixo para cima, ou seja,
primeiro interessa o que a autoridade fazendária pensa sobre o assunto, depois o
que consta na instrução normativa e, se ela contraria o Texto Constitucional, que se
altere, então, a CF/88. O excesso de emendas constitucionais demonstra o que aqui
se expõe.
140
CARVALHO NETTO, Menelick de. A contribuição do direito administrativo enfocado da ótica do
administrado: para uma reflexão acerca dos fundamentos do controle de constitucionalidade das
Leis no Brasil. Um pequeno exercício de Teoria da Constituição. Fórum Administrativo, Belo
Horizonte, v. 1, n. 1, p. 11-20, mar. 2001, apud LOBATO, Valter Souza. Os tributos destinados ao
custeio da seguridade social: a busca do equilíbrio de suas fontes, p. 13-14.
97
141
MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida, p. 30.
142
ÁVILA, Humberto. Princípios e regras e a segurança jurídica. In: BARRETO, Aires Fernandino et
al. Segurança jurídica na tributação e estado de direito. São Paulo: Noeses, 2005. p. 259.
98
em restrição excessiva aos demais princípios que não estão sendo aplicados ou que
estão sendo restringidos no fato concreto.
Cabe dizer, ainda, que diversos autores buscam trazer ao Direito Tributário,
no que tange as sanções fiscais, princípios aplicáveis ao Direito Penal. A iniciativa é
válida, mas não conta a priori com a adesão do presente estudo, isto porque, o
próprio CTN (art. 108) admite o uso dos princípios gerais de direito público, na
aplicação das sanções. Contudo, é o mesmo artigo que determina a aplicação
primeira dos princípios gerais de Direito Tributário e estes, ao sentir deste trabalho,
basta pata solucionar a questão da dosimetria das sanções fiscais.
143
SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário sancionador, p. 144.
144
SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário sancionador, p. 144.
101
Dúvidas não existem que a legalidade sofreu duras criticas ao longo dos
últimos anos. Uma corrente crítica nomeia os legalistas de dinossauros, ao
argumento de que a legalidade atrofia a evolução do direito, impede a evolução dos
conceitos, cria desigualdade e favores na medida em que - potencialmente - pode
deixar de fora da relação obrigacional situações existentes, mas não previstas ou
situações que ainda surgirão decorrentes da velocidade cada vez mais instantânea
do mundo moderno.
Não há como concordar com tal corrente, posto que a instabilidade sem o
princípio da legalidade tornaria ainda mais sem controles o poder outorgado e, neste
caso, sem as devidas amarras. É certo que a sociedade é muito mais complexa e
esta complexidade, muitas vezes, não se resolve pela simples construção de uma
norma abstrata, mas não se pode atribuir ao princípio da legalidade - pelo menos no
145
Neste sentido ver: BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, 1999;
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, 2008; CARRAZZA, Roque
Antônio. Curso de direito constitucional tributário, 2000.
102
Direito Tributário - o momento de crise que vive o Direito, não somente no Brasil,
mas em vários países do primeiro mundo.
Não há nos dias atuais, outra metodologia ou técnica que permita (aliás, o
princípio da legalidade é de tamanha dimensão no Texto Constitucional que deve
ser visto como um princípio-regra) dar segurança às regras a serem impostas, em
especial, nas sanções ficais.
146
Cf. MANEIRA, Eduardo. Direito tributário: o princípio da não-surpresa. Belo Horizonte, Del Rey,
1994. p. 18.
147
XAVIER, Alberto. Os princípios da legalidade e da tipicidade da tributação. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1978. p. 11. A atividade tributária, por se tratar de uma intervenção no direito de
propriedade dos particulares, deve fundar-se num ato normativo originário do órgão com
competência legislativa normal e revestido da forma externa e legalmente prescrita (lex escripta e
stricta), isto é, lei não só escrita, mas estrita, que discipline os atos do Executivo na cobrança do
tributo de forma completa. Em outras palavras, “a lei deve conter em si mesma todos os elementos
da decisão no caso concreto, de tal modo que não apenas o fim, mas também o conteúdo daquela
decisão sejam por ela diretamente fornecidos [...], limitando-se o órgão de aplicação a subsumir o
fato na norma, independentemente de qualquer livre valoração pessoal” (XAVIER, Alberto. Os
princípios da legalidade e da tipicidade da tributação, p. 36-38).
103
148
“Com efeito, não cabe ao Príncipe criar o tributo, impô-lo e, ainda, decidir sobre a legalidade de
seu ato. Aqui, mais do que em qualquer outro setor da vida coletiva, impõe-se a estrutura de freios
e contrapesos implícita no sistema da divisão dos Poderes e funções do Estado, em favor de uma
eficaz proteção ao cidadão/contribuinte” (COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito
tributário brasileiro, p. 44).
149
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota 14 de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 72.
150
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 202.
104
151
MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1995. v. 2, p. 94.
152
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 39.
153
Importante as lições de Carrazza:
“Concordamos, pois, com Pietro Virga, quando leciona que a tributação encontra três limites, a saber:
I - a reserva de lei: O tributo só pode ser cobrado por meio de lei. É o princípio fundamental que
nenhuma exação pode ser exigida sem a autorização do Poder Legislativo (no taxation without
representation);
II - a disciplina da lei: não basta que uma lei preveja a existência de um tributo, mas, pelo
contrário, deve determinar seus elementos fundamentais, vinculando a atuação da Fazenda
Pública e circunscrevendo, ao máximo, o âmbito de discricionariedade do agente administrativo;
III - os direitos que a Constituição garante: a tributação, ainda que se perfaça com supedâneo na
lei, não pode contrastar com os direitos constitucionalmente assegurados” (CARRAZZA, Roque
Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 165-166).
105
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
[...]
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
154
MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida, p. 42.
155
DERZI, Misabel Abreu Machado apud MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida, p. 42.
156
Esgotando a matéria: DERZI, Misabel Abreu Machado. Tipo ou conceito no Direito Tributário?
Revista da Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte, v. 31, p. 213-260, 1988; DERZI,
Misabel Abreu Machado. Direito tributário, direito penal e tipo, 2007.
107
157
MARINS, James. Elisão tributária e sua regulação. São Paulo: Dialética, 2002. p. 13-14.
158
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 117-118.
108
159
“Praticidade é o nome que designa a totalidade das condições que garantem uma execução
eficiente e econômica das leis (Cf. Isensse, op. cit, pp. 162-3)” (BALEEIRO, Aliomar. Limitações
constitucionais ao poder de tributar, p. 789-790).
109
abruptas mudanças (renda é renda. Não há como tributar algo que parece com
renda. Traçadas as características irrenunciáveis do conceito de renda, qualquer
outra coisa que for criada sem uma dessas características não poderá mais ser
considerada como tal e não há subsunção!).
160
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 122.
161
DERZI, Misabel Abreu Machado. Tipo ou conceito no Direito Tributário? Revista da Faculdade de
Direito da UFMG, p. 232. A respeito de eventuais formas em Direito Tributário que possuem
características de tipos, a Professora Misabel Abreu Machado Derzi descreve como resíduos
tipológicos e não consagração de tal modelo (exemplo: as exceções constitucionais aos princípios
da legalidade e anterioridade.
110
162
XAVIER, Alberto. Tipicidade da tributação, simulação e norma antielisiva. São Paulo: Dialética,
2001. p. 17-19, apud MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida, p. 48.
111
163
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 662.882/RJ. 1. T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 06/12/2005.
DJ, Brasília, 13 fev. 2006. p. 672. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justica/det
alhe.asp?numreg=200400729225&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
164
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 1.035.244/PR. 1. T. Rel. Min. José Delgado, j.
20/05/2008. DJe, Brasília, 23 jun. 2008. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
ca/detalhe.asp?numreg=200800448001&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
165
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 281.345/RS. 1. T. Rel. Min. José Delgado, j.
12/06/2001. DJ, Brasília, 10 ago. 2001. p. 276. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/proces
so/Justica/detalhe.asp?numreg=200001022113&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio
2010.
114
166
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 1.015.421/RS. 1. T. Rel. Min. José Delgado, j.
20/05/2008. DJe, Brasília, 23 jun. 2008. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
ca/detalhe.asp?numreg=200702847322&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
167
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 958.013/SC. 1. T. Rel. Min. José Delgado, j.
18/03/2008. DJe, Brasília, 14 maio 2008. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Jus
tica/detalhe.asp?numreg=200701282404&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
115
168
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. EDcl nos EDcl no AgRg no REsp nº 507.467/PR. 1. T. Rel.
Min. Luiz Fux, j. 05/05/2005. DJ, Brasília, 20 jun. 2005. p. 126. Disponível em: http://www.stj.jus.b
r/webstj/processo/Justica/detalhe.asp?numreg=200300377465&pv=010000000000&tp=51 Acesso
em: 26 maio 2010.
169
Considerando que as decisões sempre se pautam na razoabilidade e na proporcionalidade para
realizar o cancelamento ou redução das multas, tais julgados serão objeto de análise quando do
estudo de tais princípios ou postulados, na linguagem de Humberto Ávila.
116
170
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 728.999/PR. 1. T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/09/2006.
DJ, Brasília, 26 jun. 2006. p. 229. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justica/det
alhe.asp?numreg=200500331148&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
117
Ademais sustentou-se que não houve cobrança indevida de tributo, mas tão
somente de multa.
2. A questão posta a desate cinge-se ao reconhecimento da
possibilidade ou não de o delito de excesso de exação ser praticado
quando há cobrança de multa por meio de auto de infração.
3. O tipo do art. 316, § 1º, do Código Penal incrimina a conduta de
funcionário público que exige tributo ou contribuição social que sabe ou
deveria saber indevido, ou quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
4. Nos termos da definição dada pelo art. 3º do Código Tributário Nacional,
“tributo é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se posse exprimir, que não constitua sanção de ilícito, instituída em lei
e cobrada mediante atividade administrativa.” Portanto, é consabido que a
multa, em vista de sua natureza sancionatória, não constitui tributo.
5. O princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva
para ampliar o objeto descrito na lei penal. Na medida em que as
multas não se inserem no conceito de tributo é defeso considerar que
sua cobrança, ainda que eventualmente indevida - quer pelo meio
empregado quer pela sua não incidência - tenha o condão de configurar
o delito de excesso de exação, sob pena de violação do princípio da
legalidade, consagrado no art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e art. 1º
do Código Penal.
6. Recurso especial ao qual se nega provimento.171 (Grifo nosso).
171
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 476.315/DF. 1. T. Rel. Min. Celso Limongi
(Desemb. Conv. do TJ/SP), j. 17/12/2009. DJe, Brasília, 22 fev. 2010. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br/webstj/processo/Justica/detalhe.asp?numreg=200201434547&pv=010000000000&tp=51
>. Acesso em: 26 maio 2010.
118
Isto posto, fica claro que o princípio da legalidade formal e material se aplica
às sanções tributárias, restando agora analisá-lo em conjunto com os demais
princípios constitucionais, para verificar sua adequação - se cabível - ao caso
concreto.
172
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI nº 541361 AgR/PR. 1. T. Rel. Min. Eros Grau, j.
06/12/2005. DJ, Brasília, 04 fev. 2006. p. 18. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprude
ncia/listarJurisprudencia.asp?s1=(541361.NUME.OU541361.ACMS.)&base=baseAcordaos>.
Acesso em: 26 maio 2010.
173
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais do poder judicial de tributar. Belo
Horizonte, 2008. (Tese apresentada no Concurso para Professor Titular da UFMG, inédita).
174
SARLET, Ingo Wolfgang. O estado social de direito, a proibição de retrocesso e a garantia
fundamental da propriedade, apud DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da
jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé objetiva e irretroatividade como limitações
constitucionais do poder judicial de tributar, 2008.
119
Pois bem, muito já foi dito e estudado acerca do tamanho da carga tributária
brasileira e a sua má distribuição, ou seja, hoje há uma grande concentração de
tributos incidentes sobre as remunerações e sobre o consumo, tornando tal carga
regressiva e perversa ao crescimento do país.
Neste custo tributário direto verifica-se que a média da carga tributária dos
países industrializados (média levando em consideração 21 países) é da ordem
aproximada de 38,80% do PIB (2003/2004), sendo que a média da carga tributária
direta nos países com nível de desenvolvimento similar ao do Brasil é de 27,44% do
PIB.176 Mesmo assim, o Brasil fica em 6º lugar no ranking das maiores cargas
175
LUHMANN, Niklas. Confianza. Tradução Amada Flores. Barcelona: Anthropos, 1996. p. 14. E o
autor, na p. 109, afirma: “Na confiança no sistema, está-se continuamente consciente de que tudo
o que se realiza é um produto, que cada ação foi decidida depois de ser comparada com outras
possibilidades. A confiança no sistema conta com processos explícitos para a redução da
complexidade, quer dizer, com pessoas, não com a natureza. Os grandes processos civilizadores
de transição, até a confiança no sistema, dão à humanidade uma atitude estável em direção ao
que é contingente em um mundo complexo, faz possível viver com a consciência de que tudo
poderia ser de outra maneira. Esses processos fazem com que o homem possa ter consciência da
contingência social do mundo. Esse pensamento dá origem ao problema da consciência
transcendental na constituição significativa do mundo”.
176
Cf. GOBETTI, Sérgio. Inferno tributário carga de impostos bate recorde e chega a 38,9% do PIB.
O Estado de S. Paulo, São Paulo, 02 abr. 2006. p. B1 e B3. - com base no FMI.
120
tributárias do mundo.177
177
Suécia (50,7%), Noruega (44,9%), França (43,7%), Itália (42,2%), Reino Unido (36,1%), Brasil
(35,88%), Nova Zelândia (35,4%), Espanha (35,1%), Alemanha (34,6%) e Canadá (33,0%). Cf.
SOFIA, Julianna. Carga tributária bate recorde em 2005. Folha de S. Paulo, São Paulo, 25 ago.
2006. p. B4.
178
Cf. CARGA tributária brasileira supera a do Japão, México, Turquia e EUA. Agência Brasil,
Brasília, 02 set. 2010. Disponível em: <http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/09/02/not
icia_economia,i=177715/CARGA+TRIBUTARIA+BRASILEIRA+SUPERA+A+DO+JAPAO+MEXIC
O+TURQUIA+E+EUA.shtml>. Acesso em: 08 out. 2010.
179
BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal do Brasil. Carga tributária no Brasil 2009: análise
por tributos e bases de incidência. Brasília: RFB, ago. 2010. Disponível em: <http://www.receita.fa
zenda.gov.br/Publico/estudoTributarios/estatisticas/CTB2009.pdf>. Acesso em: 02 set. 2010.
121
Figura 1 - Quadro demonstrativo da Carga Tributária por Base de Incidência - 2008 - Brasil x Países
OCDE
Fonte: BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal do Brasil. Carga tributária no Brasil 2009:
análise por tributos e bases de incidência. Brasília: RFB, ago. 2010. p. 06.
Muitos outros dados ainda poderiam ser levantados, mas parece ser um
consenso que a carga tributária nacional possui patamar elevado, não sendo
necessário adentrar em tal seara para atestar se carga tributária é ou não
proporcional aos serviços e à estrutura social e econômica que o Estado Nacional
propicia a sociedade180, sendo certo, que trata-se de uma carga elevada, mal
distribuída e com a contrapartida do Estado um tanto quanto contestável.
Importante ressaltar que todos esses fatores, constituem não só uma afronta
ao princípio da confiança ora em análise, mas também fere, por si só o princípio da
preservação da empresa, consagrado pela legislação falimentar vigente e que tem
como premissa a preservação dessa unidade econômica denominada empresa.
Com a carga tributária em patamares tão altos, fica difícil exercer a atividade
180
“Dire que l’impot est Le prix des services rendus par l’Etat, cela n’est pás toujours exact; l’impot est
Le prix des services que rend ou qu’a rendu l’Etat: Il represente en outre part que chaque citoyen,
par l’application du principe de la solidarieté nationale, doit supporter dans lês charges de toute
origine qui présent sur l’État” (LEROY-BEAULIEU apud BOUVIER, Michel. Introduction au droit
fiscal general er à La théorie de l’impôt. 7. ed. Paris: LGDJ - Montchrestien, 2005. p. 218).
123
181
Cf. SOFIA, Julianna. Carga tributária bate recorde em 2005. Folha de S. Paulo, p. B4.
182
A concentração aqui mencionada não diz respeito ao ônus tributário final, mas ao ônus de
interpretar, calcular e recolher os tributos, uma vez que o estudo se volta às penalidades pelo não
cumprimento da norma tributária principal ou acessória.
183
É bom lembrar que na concentração dos tributos lançados por homologação não se trata de
simplesmente pagamento de tributos, mas todo um arsenal para interpretar a intensa legislação
tributária, verificar as bases imponíveis e recolher tais tributos.
124
De fato, o Brasil tem forte tradição burocrática e com uma carga excessiva
de deveres materiais e formais (ou instrumentais), mas que geram pouca eficiência
administrativa ou mesmo efetividade para os fins que foram criados, por isso,
diversas são as propostas apresentadas que visam a redução da burocracia.
Para o presente trabalho basta apenas dizer que, em (552 h), Chile (432 h),
Estados Unidos (325 h), Dinamarca (135 h), Suécia (122 h), Reino Unido (105 h),
Alemanha (105 h), Nova Zelândia (70 h), Suíça (68 h).
Por incrível que pareça, 7,6% do tempo administrativo das empresas é gasto
com a apuração dos tributos185, enquanto a média na América Latina é algo em torno
de 4%; o custo de conformidade (ou custo tributário indireto) representa cerca de 1%
do faturamento para a maioria das empresas nacionais (55%), sendo que alguns
estudos estimam que este custo pode chegar a 5,82% do PIB nacional.
No entanto, mesmo com tal custo - custo este que eleva o gasto tributário
184
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência no direito tributário: proteção da
confiança, boa fé objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais no poder judicial de
tributar. São Paulo: Noeses, 2009. v. 1, p. 336.
185
Gazeta Mercantil, São Paulo, 29 maio 2006. p. A-8, pesquisa encomendada pela Federação do
Comércio do Estado de São Paulo (FECOMÉRCIO-SP) e realizada pela Fundação Instituto e
Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE-USP).
125
para próximo dos 40% do PIB186, fruto não somente de uma história de burocracia
intensa, mas também de uma perene desconfiança na relação tributária - as
pendências entre contribuintes e fisco permanecem elevadas187.
186
Se somada a carga tributária divulgada como de arrecadação, acrescendo o custo de
conformidade.
187
Uuma pesquisa feita a 250 empresas paulistanas, com faturamento acima de R$ 100 milhões/ano,
96% das empresas operavam com alguma pendência tributária.
188
“Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua
ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da
atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento
antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da
ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos
anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total
ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados
na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua
graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação” (CTN).
126
189
DERZI, Misabel Abreu Machado. Pós-modernismo e tributos: complexidade, descrença e
corporativismo. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, v. 100, p. 65-80, 2004. p. 68.
190
LOBATO, Valter Souza. Os tributos destinados ao custeio da seguridade social: a busca do
equilíbrio de suas fontes, p. 36.
127
Idéia de Justiça
Estado de
Direito
Segurança Jurídica
Proteção da Confiança
em:
191
Cf. KREIBICH, Roland. Der grundsatz von treu und glauben im steuerrecht. Heildelberg: Muller,
1992. p. 59.
128
O art. 37, caput determina um Estado deve ser pautado pela legalidade,
moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. Ora, como vimos, a confiança
sistêmica está baseada exatamente em comportamentos previamente definidos
(legalidade), igualitários e impessoais e que sejam de conhecimento dos
jurisdicionados.
192
Um valor nada mais é do que um princípio ainda mais relevante, com maior grau de fluidez,
também denominado por parte da doutrina como sobreprincípio.
129
193
DERZI, Misabel Abreu Machado. O princípio da igualdade no direito tributário. Revista da
Faculdade de Direito Milton Campos, Belo Horizonte, v. 1, p. 195-222, 1993. p. 215.
194
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência no direito tributário: proteção da
confiança, boa fé objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais no poder judicial de
tributar, 2009. v. 1.
130
195
TORRES, Ricardo Lobo. A interpretação do Direito Tributário pela Administração. Trabalho para
as XVIII Jornadas Latinoamericanas de Derecho Tributario. Revista da ABDF, Brasília, p. 7-25, 2.
trim. 1996. (Separata).
131
Numa primeira leitura parece que o art. 146 do CTN somente estaria se
referindo ao lançamento propriamente dito, ou seja, pressupondo a existência de
dois lançamentos distintos. Assim o é com os tributos lançados de ofício, contudo,
nos tributos lançados por homologação, em que o contribuinte precisa fazer toda a
atividade de interpretação, subsunção, cálculo do tributo o dispositivo deve ter uma
interpretação mais ampla, ou seja, se na atividade desenvolvida pelo contribuinte ele
se deparar com uma orientação da Administração Pública estará também protegido
pela irreversibilidade do lançamento.
196
Cf. TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005. v. II, p. 570-571, grifo nosso.
197
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 282.
132
198
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro, p. 351-352.
199
XAVIER, Alberto. Do lançamento no direito tributário brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005. p. 333.
200
CANTO, Gilberto de Ulhôa. Temas de direito tributário. Rio de Janeiro: [s.n.], 1964. v. 1, p. 370.
201
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Teoria do lançamento tributário. São Paulo: Resenha Tributária, 1964.
p. 133.
133
[...] não se confunde erro de fato nem mesmo com erro de direito, embora a
distinção relativamente a este último seja sutil. [...] Há mudança de critério
jurídico quando a autoridade administrativa simplesmente muda de
interpretação, substitui uma interpretação por outra, sem que se possa dizer
que qualquer das duas seja incorreta. Também há mudança de critério
jurídico quando a autoridade administrativa, tendo adotado uma entre várias
alternativas expressamente administras pela lei, na feitura do lançamento,
depois pretende alterar esse lançamento, mediante a escolha de outra das
alternativas admitidas e que enseja a determinação de um crédito tributário
em valor diverso, geralmente mais elevado.205
202
BORGES, José Souto Maior. Lançamento tributário. In: TRATADO de direito tributário brasileiro.
Rio de Janeiro: Forense, 1981. v. IV, p. 322.
203
PAULSEN, Leandro. Direito tributário: constituição e código tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência. 10. ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 991.
204
TORRES, Ricardo Lobo. O princípio da proteção da confiança do contribuinte. Revista Fórum de
Direito Tributário, Belo Horizonte, v. 6, p. 9-20, nov./dez. 2003. p. 9.
205
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 123.
134
206
BRASIL. Tribunal Federal de Recursos. Súmula nº 227, de 18 de novembro 1986. DJ, Brasília, 24
nov. 1986. Disponível em: <http://www.dji.com.br/normas_inferiores/sumula_tfr/tfr__211a240.htm#
TFR - Súmula nº 227>. Acesso em: 26 maio 2010.
207
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 412.904/SC. 1. T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 07/05/2002.
DJ, Brasília, 27 maio 2002. p. 142. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justica/d
etalhe.asp?numreg=200200141027&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
208
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 171.119/SP. 2. T. Rel. Min. Eliana Calmon, j.
07/08/2001. DJ, Brasília, 24 set. 2001. p. 263. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/process
o/Justica/detalhe.asp?numreg=199800257799&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio
2010.
135
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das
convenções internacionais e dos decretos:
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a
imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do
valor monetário da base de cálculo do tributo.
209
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 100.481/SP. 2. T. Rel. Min. Carlos Madeira, j.
04/04/1986. DJ, Brasília, 02 maio 1986. p. 6.912. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisp
rudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(100481.NUME. OU 100481.ACMS.)&base=baseAcordaos>.
Acesso em: 26 maio 2010.
136
Aliás, mesmo quando há uma lei interpretativa (art. 106, CTN) não se
permite que esta interpretação nova cause qualquer sanção ao contribuinte pelos
atos do passado.211
210
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar, nota de Misabel Abreu
Machado Derzi, p. 812.
211
Os Professores Sacha Calmon Navarro Coêlho e Valter Souza Lobato defendem que as leis
interpretativas são de duvidosa constitucionalidade em matéria tributária, tendo em vista o reforço
principiológico da CF/88 em torno da segurança jurídica (COÊLHO, Sacha Calmon Navarro;
LOBATO, Valter Souza. Reflexões sobre o art. 3º da lei complementar 118. Segurança jurídica e a
boa-fé como valores constitucionais. As leis interpretativas no Direito Tributário brasileiro. Revista
Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 117, p. 108-123, jun. 2005).
137
212
Neste sentido, alerta Humberto Ávila que a questão parece trivial, mas negligenciada nos
julgamentos em que tal dualidade do princípio é posta a prova: “É preciso, conjuntamente, que a
própria lei, cuja aplicação se guarde uniforme, seja isonômica no se conteúdo, sendo assim
considerada aquela lei que não diferencie contribuintes senão por meio de fundadas e conjugadas
medidas de comparação atreladas a finalidades constitucionalmente postas” (ÁVILA, Humberto.
Teoria da igualdade tributária. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 76077).
138
213
DERZI, Misabel Abreu Machado. Notas de atualização à obra de BALEEIRO, Aliomar. Limitações
constitucionais ao poder de tributar, 1999.
214
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004. p. 23.
215
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade, p. 39.
139
216
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade, p. 55-60.
217
DERZI, Misabel Abreu Machado. Notas de atualização à obra de BALEEIRO, Aliomar. Limitações
constitucionais ao poder de tributar, p. 536 e segs.
218
Questão de alta controvérsia na doutrina é saber se o princípio da capacidade contributiva tem
aplicação a todos os tributos ou não. No nosso entender a questão é de fácil solução. A
capacidade econômica se aplica de maneira mais perfeita aos impostos pessoais, pois nestes
tributos a percepção da capacidade econômica é de mais fácil aferição. Contudo, sendo ela um
critério de realização de um valor constitucional (princípio da igualdade), deve ser aplicada sempre
e na medida do possível a qualquer tributo. Disso não temos dúvidas, em que pese a controvérsia
doutrinária. O que vale é o signo presuntivo de riqueza (Becker) que se escolhe, caso contrário
chegaria à estranha conclusão de que no imposto de renda da pessoa jurídica a capacidade
econômica é levada em consideração, mas na CSLL, que é um espelho do IRPJ, não seria
necessária a aplicação do princípio da capacidade contributiva.
140
219
DERZI, Misabel Abreu Machado. Notas de atualização à obra de BALEEIRO, Aliomar. Limitações
constitucionais ao poder de tributar, p. 546.
220
Isso ocorre, por exemplo, quando se concede incentivos fiscais para que a empresa faça
determinado investimentos em tecnologia ou para que se instaure em determinado local do
território nacional.
141
Assim, a tributação para ser justa, deve guardar coerência entre o objeto a
ser tributado e a riqueza que este pode gerar; a capacidade do sujeito de contribuir
e, ao inverso, a sua impossibilidade de pagar tributos.
221
MANEIRA, Eduardo. Base de cálculo presumida, p. 65.
222
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 91-92.
142
Significa dizer que perante a lei todos devem ser tratados de forma igual, se
possuem a mesma capacidade econômica (princípio da igualdade), mas mesmo na
lei é preciso dosar a tributação, graduá-la para que seja justa (não confisco).
223
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários à constituição de 1988: sistema tributário. Rio de
Janeiro: Forense, 2006. p. 96-97.
224
DERZI, Misabel Abreu Machado. Notas de atualização à obra de BALEEIRO, Aliomar. Limitações
constitucionais ao poder de tributar, p. 537.
143
225
IBRAIM, Marco Túlio Fernandes. A conformação das sanções fiscais pela observância da
capacidade econômica dos contribuintes: análise segundo o princípio da capacidade contributiva.
In: SILVA, Paulo Roberto Coimbra (Coord.). Grandes temas do direito tributário sancionador. São
Paulo: Quartier Latin, 2010. p. 355-375.
144
Por outro lado, as sanções fiscais também devem ter as lentes da igualdade,
do não confisco e da proporcionalidade, mas o critério da dosimetria será a
gravidade da infração.
226
IBRAIM, Marco Túlio Fernandes. A conformação das sanções fiscais pela observância da
capacidade econômica dos contribuintes: análise segundo o princípio da capacidade contributiva,
p. 371.
145
227
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, p. 250-253, grifo nosso.
146
Com efeito, o Texto Constitucional em seu artigo 150, inciso IV, veda o
estado utilizar tributo com efeito de confisco. Apesar de referir-se a tributo, o
dispositivo aplica-se igualmente às multas pelo descumprimento das obrigações
tributárias principais e acessórias, as quais - em caso de excesso - devem ser
reduzidas a valores razoáveis pelo julgador administrativo ou pelo Judiciário.
Não duvidamos que a multa e o tributo [...] são entes distintos. [...] Ora, o
que seria a imposição de multas com conteúdo confiscatório se não
expediente de amesquinhamento, por via oblíqua, da propriedade privada
do contribuinte? [...] Por terem a mesma ratio, qual seja, a proteção da
228
HORVATH, Estevão. O princípio do não-confisco no direito tributário. São Paulo: Dialética, 2002.
p. 32-33.
229
Carlos Cezar Souza Cintra e Hugo de Brito Machado Segundo entendem que o princípio da
vedação ao confisco não se aplicaria às sanções fiscais (CINTRA, Carlos Cezar Souza. Reflexões
em torno das sanções administrativas tributárias. In: MACHADO, Hugo de Brito (Coord.). Sanções
administrativas tributárias. São Paulo: Dialética, 2004. p. 54-98).
147
Humberto Ávila, numa interessante visão, liga o não confisco não como um
moderador da capacidade contributiva, mas ligado diretamente aos postulados da
proporcionalidade e razoabilidade, o que parece ser o mais adequado:
Desde muito Sacha Calmon Navarro Coêlho já fazia tal defesa, mas ligando
o não confisco não somente à razoabilidade e à proporcionalidade, mas também as
funções das multas, ou seja, se a penalidade ultrapassa (não a capacidade
econômica) o parâmetro que poderia punir e prevenir novos incidentes, passa a ser
confiscatória.
230
FREITAS, Leonardo e Silva de Almendra. Da estendibilidade do princípio do não-confisco às
multas tributárias pecuniárias. Revista Tributária e de Finanças Públicas, São Paulo, v. 12, n. 54,
p. 212-232, jan./fev. 2004. p. 211.
231
ÁVILA, Humberto. Multa de mora. Exames de razoabilidade, proporcionalidade e excessividade.
ÁVILA, Humberto (Org.). Fundamentos do estado de direito: estudos em homenagem ao professor
Almiro do Couto e Silva. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 162.
232
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 67-68.
148
233
ARZUA, Heron; GALDINO, Dirceu. As multas fiscais e o Poder Judiciário. Revista Dialética de
Direito Tributário, São Paulo, v. 20, p. 34-40, maio 1997. p. 37-38.
234
CRETTON, Ricardo Aziz. Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e sua aplicação
no direito tributário. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p. 127.
235
FARÁG, Cláudio Renato do Canto. Multas fiscais: regime jurídico e limites de gradação. São
Paulo: Juarez de Oliveira, 2001. p. 148.
149
que o patamar máximo das multas - a bem da vedação ao confisco - já foi 30% e
atualmente entende que não pode passar de 30%:
236
PAULSEN, Leandro. Direito tributário: constituição e código tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência, p. 1.070.
237
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 81.550/MG. 2. T. Rel. Min. Xavier de Albuquerque, j.
20/05/1975. DJ, Brasília, 13 jun. 1975. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/li
starJurisprudencia.asp?s1=(81550.NUME. OU 81550.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso em:
26 maio 2010.
238
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 82.510/SP. 2. T. Rel. Min. Leitão de Abreu, j.
11/05/1976. DJ, Brasília, 06 ago. 1976. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/li
starJurisprudencia.asp?s1=(82510.NUME. OU 82510.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso em:
26 maio 2010.
239
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 91.707/MG. 2. T. Rel. Min. Moreira Alves, j. 11/12/1979.
DJ, Brasília, 29 ago. 1980. p. 975. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listar
Jurisprudencia.asp?s1=(91707.NUME. OU 91707.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso em: 26
maio 2010.
150
valor do imposto devido, sob o fundamento de que ela, por si mesma, tem
caráter confiscatório. Recurso extraordinário não conhecido.240
IPI. Multa moratória. Art. 59. Lei 8.383/91. Razoabilidade. A multa moratória
de 20% do valor do imposto devido, não se mostra abusiva ou
desarrazoada, inexistindo ofensa aos princípios da capacidade contributiva
e da vedação ao confisco. Recurso extraordinário não conhecido.241
E mais recentemente:
240
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 220.284-6/SP. 2. T. Rel. Min. Moreira Alves, j.
16/05/2000. DJ, Brasília, 10 ago. 2000. p. 11. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprud
encia/listarJurisprudencia.asp?s1=(220284.NUME. OU 220284.ACMS.)&base=baseAcordaos>.
Acesso em: 26 maio 2010.
241
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 239.964/RS. 1. T. Rel. Min. Ellen Gracie, j. 15/04/2003.
DJ, Brasília, 09 maio 2003. p. 61. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJ
urisprudencia.asp?s1=(239964.NUME. OU 239964.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso em:
26 maio 2010.
242
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADIn nº 551-1/RJ. T. Pleno. Rel. Min. Ilmar Galvão, j.
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152
246
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 66-67.
247
ÁVILA, Humberto. Multa de mora. Exames de razoabilidade, proporcionalidade e excessividade, p.
149-168.
153
248
GODOI, Marciano Seabra de (Coord.). Sistema Tributário Nacional na jurisprudência do STF. São
Paulo: Dialética, 2002. p. 326.
249
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Acórdão: Min. Gilmar Mendes, j. 03/02/2003. DJ, Brasília, 14 nov. 2003. p. 14. Disponível em:
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oClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M>. Acesso em: 26 maio 2010.
154
‘a) a necessidade material, pois o meio deve ser o mais ‘poupado’ possível
quanto à limitação dos direitos fundamentais; b) a exigibilidade espacial
aponta para a necessidade de limitar o âmbito da intervenção; c) a
exigibilidade temporal pressupõe a rigorosa delimitação no tempo da
medida coactiva do poder público; d) a exigibilidade pessoal significa que a
medida se deve limitar à pessoa ou pessoas, cujos interesses devem ser
sacrificados.’
Quanto ao terceiro elemento ou subprincípio, o da proporcionalidade em
sentido estrito, que pondera meios e fins, avaliando se aqueles são
proporcionais a estes e sopesando se as desvantagens coativas dos meios
se justificam em relação às vantagens dos fins, sua aplicação envolve ao
mesmo tempo uma obrigação e uma interdição: obrigação de fazer uso de
meios adequados e interdição quanto ao uso de meios desproporcionais.250
250
LOBATO, Valter Souza. Os tributos destinados ao custeio da seguridade social: a busca do
equilíbrio de suas fontes, p. 58-59.
156
[...]
Quatro seriam os standards de razoabilidade a pautar o controle
jurisdicional: (1) rule of expediency (perquirição da necessidade e
oportunidade do ato legislativo); (2) balance of convenience (ponderação da
proporção eqüitativa entre as restrições da lei e a vantagem coletiva
superveniente); (3) rule of reasonableness (investigação da racionalidade e
razoabilidade dos fins da lei, dos meios empregados e da proporção entre
uns e outros diante das cláusulas de liberdade); e (4) rule of certainty
(certeza e clareza do que proscrevem as leis de política social e respectivas
sanções; tipicidade, em suma).
[...]
Liberdade, propriedade, igualdade e justiça - estes os valores (e a
principiologia, afinal) que se instrumentalizam por intermédio da cláusula do
devido processo legal, cuja versão substantiva implica no recurso aos testes
de racionalidade e razoabilidade-proporcionalidade, em seus variados
coloridos e matizes.251
251
CRETTON, Ricardo Aziz. Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e sua aplicação
no direito tributário, p. 50-56.
252
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 80-81.
157
253
Seja igualando aqueles que cometem as mesmas infrações, seja desigualando aqueles que estão
acometidos da mesma penalidade, mas com infrações absolutamente distintas.
254
PAULSEN, Leandro. Direito tributário: constituição e código tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência, p. 224.
158
Nota-se que mesmo quando o STJ manteve uma multa de 100%, só o fez,
pois constatou que no caso específico (cobrança de débito de Imposto sobre a
propriedade de veículos automotores - IPVA), a base de cálculo do imposto era
inexpressiva e, portanto, o percentual fixado não poderia ser considerado ofensa ao
princípio do não confisco. Em que pese mantida a penalidade, note-se nitidamente
que o critério utilizado se deu com base na proporcionalidade e razoabilidade:
255
BRASIL. Tribunal Regional Federal (2. Região). AC nº 2004.51.01.502167-4. 4. T. Des. Rel. Luiz
Antonio Soares. DJU, Rio de Janeiro, 16 out. 2008. Disponível em: <http://www.trf2.jus.br/Paginas/
Resultado.aspx?Content=4CA46B7382EE606F13660929B39F965E?proc=200451015021674&an
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256
BRASIL. Tribunal Regional Federal (4. Região). AC nº 2000.04.01.032749-6. 1. T. Rel. Juiz
Leandro Paulsen. DJU, Porto Alegre, 15 out. 2001. Disponível em: <http://www.trf4.jus.br/trf4/proce
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tema=&hdnRefId=&txtPalavraGerada=>. Acesso em: 26 maio 2010.
159
257
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RMS nº 29.302/GO. 1. T. Rel. Min. Francisco Falcão, j.
16/06/2009. DJe, Brasília, 25 jun. 2009. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
ca/detalhe.asp?numreg=200900669655&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
160
Pois bem, o grande desafio que fica é saber se quando o Judiciário reduz a
multa tributária (e não simplesmente a julga inconstitucional, retirando-a do mundo
jurídico) estará atuando como legislador positivo ou não:
258
BRASIL. Tribunal Regional Federal (3. Região). AC nº 98030392786. 6. T. Des. Rel. Antonio
Henrique C. da Silva. DJF3, São Paulo, 24 jul. 2008. Disponível em: <http://www.trf3.jus.br/trf3r/ind
ex.php?id=26>. Acesso em: 26 maio 2010.
162
259
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 728.999/PR. 1. T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/09/2006.
DJ, Brasília, 26 out. 2006. p. 229. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justica/det
alhe.asp?numreg=200500331148&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
260
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp. nº 653.263/PR. 1. T. Rel. Min. Denise
Arruda, j. 22/05/2007. DJ, Brasília, 18 jun. 2007. p. 245. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/web
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26 maio 2010.
261
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 660.682/PE. 2. T. Rel. Min. Eliana Calmon, j.
21/03/2006. DJ, Brasília, 10 maio 2006. p. 174. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/proces
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2010.
164
conduta não seguida não é razoável, ela nao pode ensejar qualquer apenamento:
262
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp. nº 1.096.712/MG. 1. T. Rel. Min. Denise Arruda, j.
02/04/2009. DJe, Brasília, 06 maio 2009. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Jus
tica/detalhe.asp?numreg=200802349433&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
263
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp nº 47.147/RS. 2. T. Rel. Min. Castro Meira, j.
05/08/2003. DJ, Brasília, 08 set. 2003. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
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264
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 184.576/SP. 2. T. Rel. Min. Franciulli Netto, j.
05/09/2002. DJ, Brasília, 31 mar. 2003. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justi
ca/detalhe.asp?numreg=199800574921&pv=010000000000&tp=51>. Acesso em: 26 maio 2010.
165
265
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro, p. 440.
266
Alessandra Machado Brandão Teixeira entende que quando o Judiciário reduz as multas o faz
como se concedesse uma anistia, sendo que lei não seria necessária para tanto, posto que a
previsão já estaria constante do CTN, além de se basear também nos art.s 112 e 108, ambos do
CTN (TEIXEIRA, Alessandra Machado Brandão. O artigo 136 do CTN e a possibilidade de
redução das multas tributárias, p. 79-109). Onofre Alves Batista Junior entende que - com base no
art. 111 do CTN nao seria possível dar amplitude a equidade, sendo esta uma norma de
integração, portanto, nao se prestando ao perdão ou a moderação dos efeitos e valores das
multas fiscais (BATISTA JUNIOR, Onofre Alves. O poder de polícia fiscal. Belo Horizonte:
Mandamentos, 2001).
267
TORRES, Ricardo Lobo. A eqüidade no direito tributário. In: PEIXOTO, Marcelo Magalhães;
FERNANDES, Edison Carlos (Coord.). Tributação, justiça e liberdade: homenagem a Ives Gandra
da Silva Martins. Curitiba: Juruá, 2005. p. 602-603.
166
268
ARZUA, Heron; GALDINO, Dirceu. As multas fiscais e o Poder Judiciário. Revista Dialética de
Direito Tributário, p. 38.
167
7 CONCLUSÃO
269
Exemplo de tais multas consta do art. 55 da Lei nº 6.763 do Estado de Minas Gerais. Em que pese
o dispositivo consagrar a possibilidade de redução da multa pelo Julgador administrativo a
depender dos fatos apurados (não reincidência, ausência de fraude, recolhimento do tributo, etc.),
o valor de per si já consagra o excesso, pois a sanção seria o dobro do tributo e se a este somar
com as multas pelo não recolhimento chegaríamos a um percentual maior do que 80%.
169
270
Trata-se do extrato da situação do contribuinte naquele momento, constando os débitos
existentes, os que possuem exigibilidade suspensa e os que impedem a certidão com efeito de
negativa, mesmo que tais débitos ainda não sejam do conhecimento dos contribuintes.
170
Esta última função cabe aos juros de mora, de caráter indenizatório e que
não podem ultrapassar o exato montante arbitrado do dano causado (custo do
dinheiro).
- multas de mora: de caráter punitivo e objetivo, mas que visa ser cobrada
quando ainda não há o lançamento de ofício do tributo não pago no vencimento. É
cabível quando há o recolhimento espontâneo, porém intempestivo. A conjugar com
o art. 138 do CTN esta multa somente seria devida quando não configurados os
pressupostos da denúncia espontânea, ou seja, quando tratar-se de tributo
declarado e não pago (Súmula 360, STJ) ou quando a fiscalização já deu início aos
trabalhos de revisão e fiscalização.
desenvolve atividade plenamente vinculada (art. 3o e 142 do CTN) ter que aplicar a
norma, o julgador administrativo ou judicial pode e deve dosar o valor da multa, a
bem da proibição do excesso (vedação ao confisco), sendo que a jurisprudência
atual fixou o montante de 30% (trinta por cento)271 de multa pelo não pagamento do
tributo como sendo não confiscatório, o que pode se presumir que porcentuais acima
de tal patamar estarão dentro do confisco e devem ser expurgados.
Assim como o trabalho começou, ele se encerra, tendo como seu marco
teórico, as lições do Professor Sacha Calmon Navarro Coêlho para quem: Do ponto
de vista jurídico-positivo duas fórmulas existem para o evitamento de multas
escorchantes: a fórmula legislativa, mediante a qual através de uma norma geral de
potestade a competência dos legisladores ordinários para estatuir multas tributárias
restaria restringida quantitativamente; e a fórmula jurisprudencial mercê da qual, os
juízes através da fixação de standards - súmulas no caso brasileiro - construiriam os
princípios de restrição norteadores da ação do legislador na espécie. A República
271
O percentual que efetivamente poderia se estabelecer como limite ao não confisco depende -
como visto - também da comparação do tributo com o valor principal. O certo é que a multa num
patamar de 30% (trinta por cento), aliada a cobrança dos juros de mora - que remuneram o capital
- já resultam num valor bem elevado da obrigação não cumprida.
174
Argentina decidiu-se pela fórmula jurisprudencial. Entre eles, multa tributária que
ultrapasse um determinado percentual em relação ao valor do tributo ao qual se liga
já é confisco.272
272
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias: infrações tributárias,
sanções tributárias, p. 68-69.
273
Ainda nesta primeira hipótese, interessante Projeto de Lei nº 7.544/10 do Deputado Júlio Delgado
(PSB-MG) que prevê uma limitação a R$ 200 mil para a sanção imposta as empresas que atrasam
para enviar dados eletrônicos ao Fisco ou erram informações na hora de preencher formulários.
Em que pese a tímida iniciativa, é um bom sinal.
175
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