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CENTRO UNIVERSITARIO FACULDADE GUANAMBI – UniFG

Colegiado do Curso de Medicina Veterinária


Estágio Supervisionado Obrigatório

HILDO ANICETO PEREIRA JUNIOR

Relato de caso

GUANAMBI-BA
2020
Relato de caso

No dia 24 de outubro de 2018 foi realizada uma aula pratica da disciplina de


clínica de pequenos animais na clínica Espaço Pet, foi atendida uma fêmea canina,
SRD, com 5 anos, de nome nina, pesando 32,700 Kg, a queixa principal foi apatia,
corrimento vaginal sanguinolento. Na anamnese o proprietário relatou que o animal
fugiu de sua residência há dois meses e teria cruzado com cachorros nas ruas, porem
o mesmo relatou que animal fazia uso de medicamento “anti cio”.

No exame físico foram observados os seguintes parâmetros, F.C.= 107 bpm,


F.R. = 88 mrpm, T.P.C. = <2, mucosas normocoradas, ausculta cardiopulmonar sem
alterações, temperatura corporal 40°C, apresentou alterações nos linfonodos
submandibulares e pré-escapulares, e foi observado apatia do animal, aumento de
volume abdominal e sensibilidade ao toque, a secreção vaginal se encontrava com
odor fétido e coloração escura.

Foram realizados exames laboratoriais (hemograma foi realizado, mas não tive
acesso ao resultado) e de imagem (ultrassonografia). Após os resultados dos exames
o animal foi diagnosticado com Piometra aberta. Assim, o animal foi encaminhado
para a cirurgia, o procedimento cirúrgico indicado foi a ovário-salpingo-histerectomia
(OSH), na qual foi observado o aumento de volume com a presença de líquido em
cornos uterinos que também se encontravam friáveis, caracterizando um processo
crônico, no procedimento cirúrgico foi removido o útero e trompas de forma que não
extravase liquido na cavidade abdominal.

Após a realização da cirurgia, a cadela foi encaminhada para internação na


clínica Espaço Pet e o tratamento foi iniciado . Passados cinco dias da realização da
OSH, a paciente foi avaliada e recebeu alta, com prescrição de Amoxicilina com
Clavulanato de Potássio, na dose de 20mg/Kg a cada 12 horas, por via oral, como
antibioticoterapia preventiva.
Piometra

A piometra é uma das enfermidades mais comuns na rotina das clinicas


veterinárias, sendo caracterizada por uma infecção uterina bacteriana, com presença
de exsudato muco purulento sanguinolento na maioria das vezes no interior do útero,
essa patologia ocorre no endométrio que sofreu hiperplasia em decorrência de uma
estimulação prolongada de hormônios ( estrógeno e progesterona), essa quantidade
de hormônios aumenta a atividade de secreção das glândulas endometriais, e inibe a
atividade contrátil do miométrio e diminui a resposta leucocitária, levando há um
acumulo de liquido na cavidade o que favorece o acumulo e proliferação de bactérias.
Pode apresentar-se de duas formas: com a cérvix aberta (piometra aberta), ou com a
cérvix fechada (piometra fechada), (SILVA, 2009).

Os principais sinais clínicos são: febre, letargia, inapetência, poliúria e


polidipsia, secreção vaginal no caso de piometra aberta. Em alguns casos, também
pode ocorrer diarreia e alargamento abdominal. Em casos bastante avançados, ou
naqueles que não receberam um tratamento veterinário correto, pode chagar a surgir
septicemia, toxemia, peritonite e insuficiência renal.

A associação entre o histórico, sinais clínicos e exame físico apresentados


auxiliam no diagnóstico. Os recursos de imagens, como exames radiográficos e
ultrassonográficos, e os exames laboratoriais são fundamentais para concluir o
diagnóstico em casos de piometra de cérvix fechada, a citologia vaginal tem se
tornado um instrumento importante para detecção do estágio do ciclo estral e histórico
do animal (OLIVEIRA,2007).

A fluido terapia intravenosa é administrada para correção dos déficits existentes


e para melhorar a função renal e a antibioticoterapia também deve ser iniciada
imediatamente, utilizando um antibiótico bactericida de amplo espectro e eficaz contra
E. coli. Os antibióticos mais utilizados são: trimetropin sulfonamidas, ampicilina,
amoxicilina mais clavulanato, cefazolina ou cefozolina, o antibiótico pode ser mudado
quando houver os resultados de cultura e antibiograma.

Caso o proprietário não dê preferência em manter a vida reprodutiva do animal,


o tratamento preferencial é a ovário-salpingo-histerectomia (OSH), sendo bem
sucedida em 83% a 100% dos casos.
Do ponto de vista da saúde do paciente, o prognóstico é bom quando
diagnosticada precocemente, tanto para piometras de cérvix fechada como aberta. Já
do ponto de vista comercial é ruim, pois uma vez acometida o paciente terá
complicações ao longo da vida de ordem reprodutiva. Em casos de animais que se
encontram em endotoxemia, ocorrem alterações metabólicas e renais severas que
podem colocar em risco a vida do paciente (SILVA, 2009).
Referências bibliográficas

FOSSUM Theresa. Cirurgia de Pequenos Animais.4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014. p. 818 –823. Acesso em: 05/04/2020 . Disponível em :
https://issuu.com/elsevier_saude/docs/fossum_-_sample/3
OLIVEIRA, N.G.; KOSHIYAMA, M. H.; SCANDURA, S.C.;
BARROS,M.A.;LEME,F.F.;TORRES, M.L.M.; LOURENÇO,M.L.G.; OLIVERIA,P.C.
Uso de Aglepristone e cloprostenol no tratamento de
piometra em cadela-Relato de Caso. São João da Boa Vista-SP. Unifeob, 2007.
Disponível em: http://www.vitaldog.com.br/artigos/piometraemcadelas.pdf. Acesso
em: 29 de Abril de 2016.

SILVA, Efrayn Elizeu Pereira da. PIOMETRA CANINA. 2009. 23 f. Tese (Doutorado)
- Curso de Medicina Veterinaria, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade “júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2009. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/121190/silva_eep_tcc_bot.pdf?se
quence=1. Acesso em: 05 abr. 2020.

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